Guirlandas – A Força da Natureza O costume de colher flores no campo e fazer guirlandas para pendurar nas portas ou janelas de suas casas no dia 1º de maio é uma tradição antiga, pagã, que chega aos nossos dias, buscando furar o cerco de concreto das grandes cidades. Hoje esta tradição é mais visível nas pequenas cidades e aldeias gregas, onde o contato com a Natureza persiste. As flores colhidas são as que estão à mão no campo: margaridas brancas e amarelas, frágeis papoulas vermelhas, pequenas flores de camomila, entre outras. Normalmente, as famílias vão para o campo e confeccionam suas guirlandas coletivamente, com o objetivo de trazer para suas casas a Força da Natureza. Para pendurar em suas janelas ou portas costumam amarrar com uma fita vermelha, cuja cor simboliza Saúde e Vida. Bibliografia - ΠΑΣΧΑΛΙΝΑ ΚΑΙ ΤΗΣ ΑΝΟΙΞΗΣ - Δνμ. Σ. Λουκατος (1995) Protomagiá Protomagia Rituais de Renovação Ovos de Páscoa É entre os meses de março a maio, quando são comemoradas a Páscoa e o 1º de Maio (a Protomagiá), que mais facilmente se percebe a integração e o amor dos gregos pela Natureza. Se dentro das igrejas celebram os rituais da Quaresma, com rezas e cantos litúrgicos, é ao ar livre que comemoram a Ressurreição de Cristo, com fogos, sinos, ovos vermelhos, velas e carneiro assado. O símbolo do ovo, nas festividades da Páscoa cristã, representa a Fonte da Vida e Renovação periódica. Na tradição grega, as donas de casa tingem os ovos na Semana Santa de diversas cores e desenhos, embora o vermelho predomine, representando a cor da Vida e o sangue de Cristo. Conta a lenda que “Ninguém acreditou quando contaram que Cristo havia ressuscitado, então uma mulher, que segurava um cesto com ovos brancos, gritou: Podem os brancos se tornar vermelhos? E como por milagre os ovos tingiram-se de vermelho.” É também desse período primaveril do hemisfério norte, que os gregos trazem a tradição de no dia 1º de Maio “pegarem o maio”, isto é, ir ao campo colher flores e fazer guirlandas, para enfeitar as portas e janelas de suas casas, trazendo a força da Natureza para seus lares. A manifestação de pegar literalmente a Primavera vem desde os tempos antigos e simboliza a alegria humana frente ao florescer e o brotar das plantas e a renovação constante da natureza. Na antiguidade, durante o mês de maio, ocorriam as solenidades em homenagem a deusa Maia, que na mitologia grega era a mãe de Hermes, o mensageiro dos deuses. Maria Nazareth Ferreira, em seu estudo sobre as festas populares, afirma que na Roma antiga, entre os dias 28 de abril e 3 de maio, era realizado a Floralia, um festival dedicado a Flora, deusa das plantas e das árvores. Na tradição celta, durante o mês de maio, era realizada uma festa dedicada a Belenos, o deus solar que anuncia o calor e o renascimento da vegetação. Durante a Idade Média, a tradição romana se une à celta e dá origem ao Calendimaggio, um torneio que reúne cavaleiros e os camponeses. Na passagem da noite de 30 de abril para 1º de maio era costume se cantar maggio, ou seja, fazer uma espécie de serenata para as mulheres. Estes eventos eram bastante populares e têm reflexos até os dias de hoje. Muitas das festas populares da antiguidade e da Idade Média foram apropriadas pela igreja católica que, por exemplo, transformou maio no mês de Maria; a mãe de Deus. Assim a data passou a representar a pureza, eliminando o caráter profano da festa pagã da antiguidade grega. As técnicas para pintura de ovos são muitas e na nossa oficina a orientadora será Marguerite Tuunelis, Tsureki – O Pão da Páscoa O pão cultuado no templo de Eleusis, consagrado à Demeter (por volta do final do século VI início do século V a.C) atravessou o tempo representando o renascer da semente e a ressurreição. O pão sagrado presente nas festividades de Natal, Ano Novo, Festa de Reis e Páscoa representa a devoção através das mãos que sovam a massa de trigo para preparar o pão. Cada uma dessas festas tem sua receita própria, transformando o pão em alimento da alma. O tsureki, uma espécie de pão doce, na maioria das vezes trançado ou espiralado, enfeitado com ovo vermelho ou não, é ofertado no Dia da Páscoa, para que traga força ao lar. A receita foi elaborada pelas orientadoras Kiki Petridis, Alexandra Matheopoulou e Eleni Daris.