Índice Resumo pág. 2 Introdução pág. 2 e 3 Procedimento Experimental pág. 3 e 4 Resultados pág. 5 Discussão/Conclusão pág. 5 Questionário pág. 6 e 7 Bibliografia pág.7 1. Resumo: Este trabalho laboratorial teve como objectivo a sintetização do éter trifenilmetil metílico a partir do trifenilmetanol e de metanol. Para isso, utilizou-se meio ácido (H2SO4) para que a reacção SN1 ocorresse e se formasse o produto desejado. Por fim, determinou-se o ponto de fusão, de modo a estabelecer o grau de pureza do composto formado. Obteve-se então 1,2g de produto, tendo a reacção um rendimento de 61%. Relativamente ao ponto de fusão do composto sintetizado, este rondava o valor de 87ºC. 2. Introdução: Em termos reaccionais, a conversão do trifenilmetanol a éter trifenilmetil metílico corresponde a uma substituição nucleófila unimolecular (Sn1). Esta reacção dá-se sobretudo em dois passos fundamentais: Primeiro o ácido sulfúrico vai protonar o grupo funcional OH do trifenilmetanol formando um novo grupo O+H2.Como este novo grupo é um bom grupo de saída, tem muita tendência a abandonar a molécula formando-se então o respectivo carbocatião. Fig.1 - trifenilmetanol O segundo passo consiste em reagir o metanol com este carbocatião. O metanol, de fórmula molecular CH3OH, apresenta dois pares de electrões não ligantes no oxigénio desta espécie, que podem ser utilizados para estabelecer uma ligação com o carbocatião. Surge, então, uma nova molécula com os três grupos fenil e, em vez do grupo OH inicial, temos agora o radical HO+CH3. Por último, e através de uma reacção ácido – base, o oxigénio perde o hidrogénio que lhe está acoplado, obtendo-se assim o éter trifenilmetil metílico. A nível cinético, o segundo passo dá-se mais rapidamente e é mais estável a nível termodinâmico, porque contribui para a formação de um composto mais estável. Para se poder obter o éter trifenilmetil metílico purificado, pelo método especificado no protocolo experimental, recorre-se a uma recristalização dos cristais do éter. A recristalização é basicamente um processo que consiste em readquirir cristais mais purificados de um determinado composto já sólido. Para isso, o composto é dissolvido a quente e posteriormente arrefecido, de forma lenta e gradual, para perder algumas das impurezas que contém na sua matriz cristalina. A seguir a este arrefecimento procede-se a uma filtração a vácuo e recupera-se o sólido [3]. O processo de recristalização requer portanto, inicialmente, a escolha de um solvente adequado. O solvente ideal será aquele que dissolverá pouco o composto a frio e muito a quente. Após o aquecimento, como existem impurezas que são insolúveis no solvente, 2 podemos proceder a uma filtração a quente para separar da mistura as impurezas que não tenham solubilizado e ficar com o composto mais purificado [2]. A etapa seguinte da recristalização consiste em arrefecer a mistura do “solvente + composto inicial” para que se dê a solidificação desse mesmo soluto. Se este arrefecimento for suficientemente lento, ocorre a formação de cristais mais purificados. Se por outro lado, o arrefecimento for rápido ocorre uma precipitação e as impurezas são arrastadas juntamente com o precipitado, surgindo um composto impuro [2]. A presença de impurezas impede que o empacotamento das moléculas do composto seja perfeito, diminuindo algumas das interacções intermoleculares e alterando algumas das características desta substância, como por exemplo o seu ponto de fusão. De uma forma geral, um composto impuro apresenta um ponto de fusão mais baixo e um intervalo de fusão maior, comparativamente ao composto puro [3]. Por este motivo, o ponto de fusão de um sólido permite avaliar o seu grau de pureza. 3. Procedimento: Iniciar a experiência pesando 2,0g de trifenilmetanol num erlenmeyer de 50mL. Desfazer estes cristais a pó com a ajuda de uma vareta e em seguida adicionar, lentamente, 20mL de ácido sulfúrico sobre o trifenilmetanol. Ir-se-á formar uma solução acastanhada devido ao aparecimento do carbocatião derivado do trifenilmetanol. À parte, colocar 80mL de metanol dentro de um erlenmeyer de 250mL, introduzindo-o num recipiente com gelo até este arrefecer. Retirar do gelo o erlenmeyer com o metanol agora arrefecido e adicionar a este, lentamente, a solução com o carbocatião. A solução vai ficar com uma coloração esbranquiçada devido á formação do éter trifenilmetil metílico. Devolver o erlenmeyer para o recipiente com gelo, agitando periodicamente até que se dê a precipitação do éter. Assim que ele precipitar, transferir a solução para um funil de Buchner acoplado a um kitasato para se proceder a uma filtração a vácuo. Antes de verter a solução para o funil, colocar neste um papel absorvente humedecido com um pouco de água. No caso de existir ainda algum éter no erlenmeyer inicial após a transferência para o funil de Buchner, despejar o solvente que ficou no kitasato de novo para o erlenmeyer, e voltar a verter para dentro do funil. De referir que primeiro tem de se abrir a torneira da água para fazer vácuo e só depois encaixar a mangueira no kitasato. Contudo quando acaba Fig.2 - Filtração a vácuo 3 a filtração, faz-se o contrário, isto é, primeiro retira-se a mangueira e só depois se desliga a torneira da água. Diluir o filtrado que fica no kitasato com água e adicionar carbonato de sódio para haver neutralização do ácido sulfúrico ainda em solução. De seguida eliminar pelo esgoto normal de águas residuais. Obtêm-se assim cristais sólidos de éter trifenilmetil metílico. Para se proceder a uma recristalização deste composto colocar os cristais do éter num balão de vidro e acrescentar metanol até preencher totalmente o sólido. Ligar ao balão de vidro, um condensador de refluxo e aquecer a solução num banho de água quente. O condensador de refluxo vai impedir que os vapores de metanol escapem do sistema. Quando o éter estiver completamente dissolvido no metanol proceder a uma filtração a quente, tendo o cuidado de desligar todas as fontes próximas de calor já que existem vapores de metanol (que é muito inflamável) a sair do balão de vidro. Este tipo de filtração é utilizado de modo a evitar-se o arrefecimento da mistura aquando do contacto directo desta com as paredes do funil. O papel de filtro é geralmente dobrado em pregas a fim de aumentar a velocidade de reacção [4]. Seguidamente, transferir o filtrado para um novo erlenmeyer e arrefecer em gelo. Realizar de seguida uma nova filtração a vácuo assim que o éter precipitar. Fig.3 - Filtração a quente Recolher o metanol que ficou no kitasato para um recipiente de recolha de solventes não clorados e o éter trifenilmetil metílico para um frasco devidamente identificado. Passado uns dias e assim que os cristais de éter estejam suficientemente secos medir o ponto de fusão e retirar conclusões quanto á pureza do composto atingido. 4 4. Resultados: Éter trifenilmetil metílico Ponto de fusão tabelado 94ºC Ponto de fusão experimental 87ºC Massa do frasco vazio 21,6g Massa do frasco + composto 20,4g Massa inicial 2g Massa final 1,22g Rendimento 61% Massa do frasco vazio: 20,4g Peso do frasco + composto: 21,6g Massa do composto: 21,6 – 20,4 = 1,2g Rendimento: 5. Discussão/Conclusão: Ao longo desta actividade experimental são vários os passos necessários para a síntese do Éter trifenilmetil metílico. Em cada um desses passos há sempre perda de compostos intermédios, nomeadamente, no que diz respeito às filtrações à trompa e à transferência do produto para o processo de refluxo, uma vez que é difícil retirar todos os resíduos dos recipientes onde se encontravam, perdendo deste modo alguma da sua quantidade. É de registar que existe a possibilidade, dado que estamos na presença de uma reacção de substituição, de ocorrerem reacções paralelas (reacções de eliminação, por exemplo) que influenciam de forma negativa o produto obtido. O ponto de fusão, a uma dada pressão, por definição é um valor constante e característico de uma substância pura, não se observando, durante a medição do ponto de fusão, variações de temperatura significativas. No entanto, se a amostra for impura, a amplitude será maior, sendo que a presença de impurezas contribui também para a variação do ponto de fusão. Aquando da medição do ponto de fusão, verificou-se que este era de 87ºC, sendo o valor do mesmo da substância pura 94 ºC. Com estes dados, conclui-se que o éter trifenilmetil metílico apresentava muito provavelmente impurezas, dado o elevado valor obtido experimentalmente. 5 Relativamente ao rendimento obtido, este foi de 61%, concluindo-se que foi sintetizada uma quantidade apreciável de éter trifenilmetil metílico, o que é bastante bom, dado que se verificou a existência de perdas de produto aquando da realização da experiência. 6. Questionário: 1 - Mostre o mecanismo da reacção de formação do éter trifenilmetil metílico A síntese do éter trifenilmetil metílico tem como base a seguinte reacção (C6H5)3COH + H2SO4 + CH3OH (C6H5)3COCH3 Fig.4- Difenilmetanol 2 – O Difenilmetanol reagiria mais devagar que o trifenilmetanol? Porquê? O difenilmetanol tem menos um anel benzénico. Quando ficamos com o carbocatião desta espécie (quando a molécula perde o grupo funcional OH) vão existir menos híbridos de ressonância a estabilizar a carga positiva do composto, o que torna a molécula menos estável. Além disso, o carbono que fica com a carga positiva passa a ser menos substituído ao apresentar menos um grupo fenil, o que também reduz a estabilidade do carbocatião. Como tal, o primeiro passo da reacção do ácido sulfúrico com o difenilmetanol iria ser mais lento, pois seria menos reactivo. 6 Por sua vez, o ataque do metanol (nucleófilo) ao carbocatião (electrófilo) dar-se-ia com maior velocidade, já que este mesmo carbocatião é menos estável. Assim, formar-se-ia mais rapidamente éter difenilmetil metílico a partir do carbocatião comparativamente com o mesmo processo de formação do éter trifenilmetil metílico. 3 – É possível obter como produto secundário um alceno por eliminação E1? Porquê? O grupo OH ao ser protonado pelo ácido sulfúrico converte-se em O+H2 que é um bom grupo de saída. Ao sair este grupo, ficamos com um carbono com carga positiva que podemos denominar de carbono alfa. Se um carbono beta, ou seja, um dos carbonos ligados a este, apresentar um hidrogénio que possa ser removido por reacção ácido-base, perde-se esse mesmo H+ e esse carbono beta fica com um par de electrões disponível para estabelecer uma ligação dupla com o carbono alfa. Ficaríamos portanto assim com um alceno. No caso do carbocatião proveniente do trifenilmetanol, não seria de todo possível obter um alceno como produto secundário, pois nenhum dos carbonos beta apresenta um hidrogénio que possa ser captado. 7. Bibliografia: [1]-Protocolo – Química Orgânica Laboratório, Departamento de Engenharia Química e Biológica ,IST, 2008/2009 [2]-http://www.pucrs.br/quimica/professores/arigony/praticas/acetanilida/recristalizacao.htm [3]-http://www.dq.fct.unl.pt/cadeiras/tls/main/7%C2%AA%20Aula%20-%2014-11-2006%20%20Sublima%C3%A7%C3%A3o%20e%20Recristaliza%C3%A7%C3%A3o.pdf [4]- http://www.fc.up.pt/gisocb/pdfs/QBiol2001_2002secure.pdf 7