Botulismo com megaesôfago em cão: relato de caso

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Acta Scientiae Veterinariae, 2012. 40(Supl 1): s1-s60.
ISSN 1679-9216 (Online)
Botulismo com megaesôfago em cão: relato de caso
Anacleto de Souza Rosa Junior¹, Tiago Zim da Silva1, Camila Machado1, Rafael Müller da Costa2 & Marlete Brum
Cleff³
RESUMO
Introdução: Botulismo é uma toxinfecção que ocorre pela ingestão de uma toxina produzida pelo Clostridium botulinum,
sendo caracterizada principalmente pela paralisia flácida da musculatura esquelética. A doença é observada principalmente
em ruminantes, equinos e aves, e sua ocorrência no cão é considerada rara, sendo que os casos naturais nessa espécie têm
sido atribuídos à ingestão de carne deteriorada ou crua. Os sinais clínicos incluem paralisia progressiva e ascendente do
neurônio motor inferior, fraqueza, perda tônus muscular e reflexos espinhais, podendo ocorrer diminuição dos reflexos
de deglutição, salivação excessiva, constipação intestinal e megaesôfago. A morte pode resultar da paralisia respiratória,
quando envolve musculatura intercostal e diafragmática. Assim, o objetivo deste trabalho é relatar um caso de botulismo
em cão, evidenciando a correlação de megaesôfago como sinal secundário à toxinfecção.
Caso: Um cão SRD, de quatro anos, com 4 kg, foi encaminhado a uma clínica em Pelotas-RS, devido aos sinais de fraqueza
muscular - não deambulava, apresentava anorexia e dispneia. Na anamnese, o foi relatado que o cão havia fugido, sendo
encontrado caído no chão, consciente e movimentando a cauda. No exame clínico, observou-se frequência cardíaca de 110
bpm, frequência respiratória de 11mrm com dispneia, verificando-se quadriplegia, paresia e paralisia flácida e midríase. A
percepção de dor estava intacta, não ocorrendo atrofia muscular, nem hiperestesia. Em vista do quadro emergencial devido
à dispneia, iniciou-se administração de fluidoterapia e oxigenioterapia. Coletou-se sangue para hemograma e efetuou-se
radiografia torácica. No hemograma observou-se valores dentro dos padrões fisiológicos, e no RX evidenciou-se dilatação
esofágica no plano lateral. Em vista desse sinal radiológico, suspeitou-se de miastenia ou de botulismo. Administrou-se
então atropina (2mg) e 10 minutos após neostigmina na dose de 0,03mg/kg/IM, verificando-se resultado negativo para
miastenia, diagnosticando-se o botulismo. Iniciou-se o uso de penicilina G Potássica (18.000UI/Kg/IM), polivitamínico
com minerais (Clusivol), além de cuidados de suporte e higiênicos com o animal. Passadas 72 horas, o paciente apresentou
melhora, ficando mais três dias em observação, sendo então liberado para domicilio, com a indicação de retorno e orientações relacionadas á ingestão de alimentos devido ao megaesôfago.
Discussão: O diagnóstico confirmatório do botulismo baseia-se na identificação da toxina no soro, fezes, vômito ou
amostras de comida ingeridas. Contudo, em vista da rápida progressão da toxinfecção, optou-se pelo diagnóstico nosológico. Importante ressaltar que o paciente não possuía histórico de regurgitação ou de dificuldade de deglutição antes da
toxinfecção, apresentando provavelmente o desenvolvimento do megaesôfago em vista da flacidez muscular, como cita a
literatura que correlaciona o megaesôfago secundário ao botulismo. Contudo, como megaesôfago pode ter outras etiologias, descarta-se a mais comum que é a miastenia, através do teste de administração de anticolinesterásico (neostigmina),
que permite nova contração muscular, retirando o paciente do quadro de paralisia. O tratamento indicado é o de suporte,
sendo que antibiótico de amplo espectro pode ajudar a reduzir a população intestinal de clostrídios, sendo a penicilina o
mais indicado. Em vista do abordado e do que cita a literatura, ressalta-se a importância da observação de megaesôfago
como sinal secundário ao botulismo, descartando outras possíveis etiologias, para que o clinico possa prosseguir com o
tratamento adequado ao botulismo.
Descritores: toxinfecção, megaesôfago, radiografia, anticolinesterásico.
1
Hospital de Clínicas Veterinária (HCV), Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pelotas, RS, Brasil. 2Médico Veterinário Autônomo, ³Profa. Dra. Dpto
de Clínicas Veterinária – UFPel. CORRESPONDÊNCIA: A.S.Rosa Junior [[email protected]].
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