Queremos propor com esse trabalho um uma reflexão a partir da

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A APROPRIAÇÃO DA IDEIA DE RESPONSABILIDADE AMBIENTAL PELAS
GRANDES EMPRESAS NA ECONOMIA GLOBALIZADA: estratégias da economia
global e responsabilidade ambiental
VIEIRA,Wesley Alves
Graduando em Geografia e bolsista PET do Instituto de Geografia da Universidade Federal de
Uberlândia
[email protected]
MARTINS, Marco Túlio
Graduando em Geografia e bolsista PET do Instituto de Geografia da Universidade Federal de
Uberlândia
[email protected]
1) INTRODUÇÃO
Queremos propor com esse trabalho uma reflexão a partir da ciência Geografia a qual
traga-nos um saber mais aprofundado sobre as estratégias econômicas globais e responsabilidade
ambiental. Com o processo de globalização, intensificado a partir da década de 1980, houve
alterações nos mercados internacionais o que provocou maior concorrência entre as empresas ou
indústrias no mundo todo, aderindo às estratégias e atitude “ecologicamente corretas” para
impulsionar as vendas e adaptarem ao mercado globalizado.
Coube com esse trabalho, o
desenvolvimento de uma pesquisa teórico-empirica a partir de uma hipótese levantada pelos autores
sobre a apropriação da idéia de responsabilidade ambiental pelas grandes empresas na economia
globalizada.
Hoje, a maioria das empresas adere à idéia de aquecimento global e de preservação do meio
ambiente, refletindo no “marketing verde” - processo de venda de produtos e serviços vinculada à
idéia de preservação, proteção e contribuição com a natureza, ou seja, aderindo uma melhoria na
qualidade de vida ligada a compra do produto “ecologicamente correto”.
Para o desenvolvimento desse trabalho, entre as maiores empresas que atuam no território e
na economia brasileira, foi utilizado e citado o exemplo de duas empresas as quais, em hipótese para
este trabalho, vendem a idéia de responsabilidade ambiental, divulgando esta idéia com o que ainda
resiste de nossa paisagem natural. São elas: a Coca-Cola Brasil e o Banco Bradesco S.A.
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2) RESPONSABILIDADE AMBIENTAL: APROPRIAÇÃO DA IDÉIA PELAS
GRANDES EMPRESAS
O aquecimento do Planeta Terra enquanto resultado da ação antrópica é um dos discursos
construído e disseminado no atual momento histórico da economia global. Ao pensarmos nos
interesses dos grandes grupos empresariais diante da responsabilidade ambiental, visto que, são eles
os verdadeiros exercedores do poder político e conseqüentemente os donos da produção,
precisa-se de uma reflexão mais profunda e crítica sobre ao atual sistema econômico globalizado
que para Santos (1999), tem como base o “fenômeno técnico” e a “inteligência planetária”. O
primeiro refere-se a um modo de produção a partir da técnica propiciado pela ciência objetiva e
racionalizada presente na aurora do século XXI, da produção global, do sistema técnico mundial
que torna possível o fluxo de informações e dos discursos, que em um momento convergem para
diversos lugares que se queira, possível, através da unicidade da técnica (sistema de técnica à escala
global) e universalização da mais-valia. A inteligência planetária caracteriza-se como resultado das
ligações dos fatores que tornam possível a atual globalização. Os dois fatores anteriores dão sua
contribuição para a alienação total do sistema produtivo de idéias, de mercadorias e de pessoas. A
sua não elucidação torna necessária para a continuação do sistema capitalista perverso e desigual.
Esse sistema permite que as grandes corporações, por meio das mediações tecnológicas e
dos acordos internacionais, produzam seus produtos em diversas partes do mundo e minimize em
alguns casos, custos através dos pactos corporativos entre as nações. Estas empresas, dentro de
uma economia global de mercado, vendem seus produtos para vários países, mantendo um
comércio ativo de grandes proporções, ou seja, caracterizando uma sociedade em redes. Os
sistemas informatizados possibilitam a circulação e transferência de valores em tempo real
viabilizando a produção, a circulação de produtos e conseqüentemente acelerando o consumo que é
hoje um dos fundamentalismos da sociedade (SANTOS,2000, p.38-39). Os industriais, donos do
capital internacional, continuam a lucrar dentro deste sistema, sendo os sistemas bancário e
financeiro os eixos de uma economia comandada pelo grande capital, difundindo no território um
planejamento capitalista capaz de compor nas cidades (lócus especifico do modo de vida na
sociedade capitalista) um arranjo desigual dos objetos e das pessoas.
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Entre os discursos obscuros existentes no momento atual, o aquecimento global é um dos
mais retomados e discutidos nas mídias e dentro das Universidades por pesquisadores de diversas
áreas. Hipóteses sobre a destruição das paisagens naturais diretamente e/ou indiretamente não
faltam, o que falta de fato, é sabermos ou tentarmos apreender qual seria o verdadeiro interesse de
grandes empresas que demonstram suas contradições divulgadas pela publicidade aplicadas a
mesma.
As empresas por meio de uma das ferramentas de dominação dispostas na sociedade atual –
a publicidade e o Marketing - difundem o discurso de que o Planeta está aquecendo e assim,
“devemos nos preocupar com a preservação e conservação do ambiente”. Como todo discurso tem
uma finalidade a ser alcançada e concretizada, sobretudo os discursos empresarias que visam um
retorno econômico maior do que a situação real anterior, o discurso ambientalista não escapa a
nenhum momento dos outros, e é por isso que se propagam os “selos verdes” os quais segundo as
corporações que o possuem, beneficiam o meio ambiente. O exame de propagandas ecológicas
mostra os esforços das organizações em satisfazer as expectativas dos consumidores que possui
acesso a estes produtos, os quais apresentam menores impactos ambientais ao longo do seu ciclo
de produção (extração de matérias primas, produção, embalagem, consumo, descarte, etc).
A propagação desses esforços deve ser feita de modo a gerar um maior consumo desses
produtos que possui um maior valor agregado. O “marketing verde” extrapola a mera publicidade
dos produtos ou serviços oferecidos. Também conhecido como Ecobusiness, os produtos vão
desde os destinados ao consumo, bens de capital e serviços sendo eles: ecoprodutos (produtos
ecologicamente corretos), equipamentos (controle de poluição, despoluição), empresas prestadoras
de serviços (reciclagem, controle de ruídos, recuperação de solos, consultoria ambiental, turismo
ecológico etc.), biotecnologia (melhoria genética, agricultura intensiva com menos agrotóxico,
transgênicos) (LUSTOSA, 2003, p.155-172).
A política destas empresas compreende, portanto, na disseminação do discurso ambientalista
e tendo este como o principal paradigma da sociedade do final do século XX e início do XXI. A
finalidade última da grande maioria das empresas, para não dizer em sua totalidade, prevê as
margens de lucro com a incorporação do discurso na matéria, ou seja, a inserção da idéia de que a
compra de algo pode favorecer ou minimizar os impactos sob o ambiente, dando em si a idéia de
uma proteção e/ou cuidado com as gerações que virão ulteriormente, tudo isso incorporado na
compra de produtos que possuem um maior valor agregado.
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Para Eduardo Galeano (2007), “Las empresas que más éxito tienen en el mundo son las
que más asesinan al mundo”. Hoje, nota-se através da mídia e do marketing que algumas
instituições empresariais apresentam preocupações em relação à preservação da natureza, contudo,
fazem de seu discurso a sua própria contradição, pois, as mesmas são uma parte do todo que
contribui para a degradação dos recursos naturais. São contraditórios, quando uma determinada
instituição e/ou empresa reforça a sua práxis preservacionista e conservacionista na reconstituição
ou na preservação de uma área natural destruída por forças antrópicas e posteriormente utilizam da
mesma matéria-prima para a confecção de seus produtos. Isto acontece, por exemplo, no ramo da
indústria madeireira, onde muita das vezes possui uma área de reserva e reflorestamento, porém, no
potencial de produção desmatam uma área muito maior do que reflorestaram.
Isso soa aos olhos dos críticos como uma maneira de se redimir diante do que ainda podemos
chamar de natureza não humanizada, sendo que a responsabilidade com o ambiente deve ser
constante, não separando teoria e práxis, dando assim, idéia inicial de sustentabilidade, mesmo
tendo como idéia principal que é quase impossível sustentabilidade numa sociedade capitalista, onde
o consumo direcionado pelo poder econômico é a base de tudo.
Alguns países economicamente mais poderosos apresentam escassez em relação às matérias
primas de que precisam para a produção, concentram as principais e maiores empresas do mundo,
sobretudo dos ramos da tecnologia e de finanças, para eles, a idéia de preservar os recursos
naturais, em países em crescimento econômico como o Brasil, escondem a intenção real de frear o
desenvolvimento do país fazendo com que limitem seu crescimento econômico, além disso, mantém
a fonte das matérias primas o que mais lhes interessam. Para Carlos Walter Porto-Gonçalves (2006,
p. 287), “O Controle do território coloca-se como fundamental para garantir o suprimento da
demanda sempre em ascensão por recursos naturais, apesar dos avanços assinalados dos novos
materiais”.
Além disso, estratégias industriais fortes, propagandas que induzem ao giro de mercadorias
com diferenciação através do marketing verde e vários níveis tecnológicos incorporados nos
produtos, cria-se para a sociedade a dependência de determinados produtos, antes sem uma
dependência para com eles na viabilização da vida social.
A verdade é que a lógica do sistema econômico atual é adaptar o seu discurso perante o
momento histórico de crise, ou seja, encaixar sua lógica mercadológica para o enfrentamento de
uma das partes do processo cíclico de crise e “progresso” característico do capitalismo. Diante de
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tudo supracitado alguns questionamentos são plausíveis. Será que a indústria de descartáveis ou de
eletrônicos, por exemplo, que aperfeiçoam dia após dia suas tecnologias, estão preocupadas com o
meio ambiente? Por que reduzem tanto o prazo de uso das mercadorias, induzindo
conseqüentemente o consumo? O que se nota por parte de algumas empresas é que,
A hora los gigantes de la industria química hacen su publicidad en color verde y el
Banco Mundial lava su imagen repitiendo la palabra ecología en cada página de sus
informes y tiñendo de verde sus préstamos […] El BM otorga generosos créditos
para la forestación. El Banco planta árboles y cosecha prestigio en un mundo
escandalizado por el arrasamiento de sus bosques. Conmovedora historia, digna
de ser llevada a la televisión: el destripador distribuye miembros ortopédicos entre
las víctimas de sus mutilaciones. (GALEANO, 2006, p.16-17).
Para a manutenção do sistema econômico globalizado, caracterizado por traços perversos e
excludentes, é necessário que a disparidade econômica entre os países do centro capitalista (EUA,
França, Alemanha, Japão, Inglaterra e outros) e semiperiféricos/periféricos (Brasil, Argentina, Chile,
Nigéria, Colômbia, e outros) se torne ainda maior (POCHMANN, 2001, p.11-40).
Isso, devido à necessária espoliação e produção de mais-valia para a manutenção do
sistema global, aumentando a riqueza de um pequeno grupo e excluindo a grande maioria da
população mundial tal qual vemos hoje através das análises estatísticas. Assim, através da grande
mídia capitalista sob o controle dos grupos hegemônicos, o consumo exagerado é estimulado; a alta
produtividade e a busca de matérias-primas das indústrias na natureza, a grande poluição oriunda da
cadeia produtiva, seja da atmosfera, das águas, lixo lançada no ambiente, entre outros, agravam os
problemas de saúde das populações.
O que é transmitido à maioria da humanidade é, de fato, uma informação manipulada
que, em lugar de esclarecer, confunde. Isso tanto é mais grave porque, nas condições
atuais da vida econômica e social, a informação constitui um dado essencial e
imprescindível. Mas na medida em que o que chega às pessoas, como também às
empresas e instituições hegemonizadas, é, já, o resultado de uma manipulação, tal
informação se apresenta com ideologia. (SANTOS, 2000, p.38-39)
Considera-se aqui que a idéia de aquecimento do planeta faz parte de uma nova estratégia
econômica mundial para o incentivo ao consumo de novos produtos agora com selo verde. Com a
crise financeira nos EUA e no mundo, alguns países como a França, Reino Unido e os EUA,
”anunciam uma revolução verde para combater as mudanças climáticas e ajudar na
recuperação financeira do mundo” (MANSUR 2008, p.96-99). Essa revolução,
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(...)faz parte de um movimento global para arrumar uma soluça única para os dois
problemas aparentemente desconexos: a crise financeira e o aquecimento planetário.
A idéia é que os países criem políticas para incentivar investimentos em energia limpa
e tecnologias para adaptação às mudanças climáticas. Em alguns casos, isso
envolveria injeção de dinheiro público, por meio de subsídios ou fundo. Como
conseqüência, esse projeto geraria empregos, estimularia os negócios e faria a
economia crescer de forma mais sustentável” (MANSUR, 2008, p.96-99).
A principal preocupação dos países ricos não é com uma sociedade mais justa com
possibilidades sociais igualitária para todos, não é também garantir os direitos básicos do ser
humano, muito menos com o planeta e a extinção de seus recursos, mas sim com suas economias,
com giro do dinheiro, com investimentos em seus países e com o consumo cada vez maior por parte
da população. O plano é, que com a idéia de aquecimento planetário, os governos invistam em
novas tecnologias para geração de energia limpa, mas que por detrás disso gere empregos para que
as pessoas tenham condições de consumo, as empresas ligadas à construção civil lucrem com seus
modelos ditos ecologicamente corretos principalmente no setor de calefação e sistema de
iluminação. Nesse projeto a França investirá US$ 250 milhões por ano até 2020, o Reino Unido
US$ 230 milhões até 2050 e os EUA US$ 150 milhões em dez anos. Segundo Alexandre Mansur
no último livro de Thomas Friedman “Por Que Precisamos de uma revolução Verde e Como Ela
Pode Salvar a América”, o autor sugere que os governos acabem “com os incentivos para
combustíveis fósseis em favor de alternativas energéticas e deixe o mercado decidir onde
investir”(MANSUR, 2008, p.96-99).
Bom seria se toda essa preocupação fosse mesmo com o planeta e com a melhoria da
qualidade de vida da sociedade em sua totalidade. Assim, considerando a apropriação da idéia de
responsabilidade ambiental pelas grandes empresas na economia globalizada, destacamos duas
empresas globais como exemplo: Coca-Cola Brasil e Banco Bradesco S.A. Caber-nos-á uma
breve apresentação das empresas, seus projetos, onde se localizam e quais suas intenções quando o
assunto é o meio ambiente.
2.1) COCA-COLA BRASIL
A Coca-Cola, com sede na Geórgia, surgiu em 1886 em Atlanta, nos Estados Unidos, pelo
farmacêutico John Pemberton e no ano de 1891 foi vendida para a empresa Asa Griggs Candler,
que impulsionou seu crescimento investindo em grandiosas campanhas de marketing e em 20 anos a
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mesma toma a liderança do mercado no segmento de refrigerantes tornando-se uma multinacional
do setor de bebidas, com uma das marcas mais valiosas do mercado.
Hoje, possui filiais em mais de 200 países e 230 marcas diferentes, sendo que o seu maior
mercado consumidor encontra-se nas Américas, totalizando 53% do volume de vendas mundial,
faturando em 2005 um valor de U$ 23,1 bilhões. Em 1942 a empresa chegou ao Brasil, expandiu
rapidamente pelo país e passou a produzir o próprio concentrado (matéria-prima), em 1957.
O Sistema Coca-Cola no Brasil abrange duas fábricas engarrafadoras próprias,
Coca-Cola Industrial Ltda. e a Recofarma Indústrias do Amazonas Ltda., que
produzem e distribuem concentrados e bases de bebidas para a fabricação de todos
os seus produtos. Além dessas, existem mais 42 fábricas engarrafadoras autorizadas
e operadas por 16 grupos empresariais independentes por meio de franquia. O Brasil
é o terceiro consumidor mundial de refrigerante, perdendo apenas para o México e os
Estados Unidos. Em 2005, a Coca-Cola Brasil faturou R$ 8,7 bilhões, 16% superior ao
faturamento de 2004. O crescimento no volume de vendas em 2005 foi de 10%,
chegando a 6,7 bilhões de litros comercializados, detendo participação de 55,4% no
mercado de refrigerantes nacional. (COCA-COLA BRASIL, 2008)
Segundo a própria multinacional, no Brasil o grupo é formado pela Coca-Cola (central) e 17
grupos fabricantes brasileiros, além da Leão Júnior, Del Valle e Minute Maid Mais, emprega
diretamente 34 mil funcionários e indiretamente cerca de 310 mil pessoas. Houve nos últimos cinco
anos um investimento no Brasil de R$ 4 bilhões, presentes em sete segmentos do setor de bebidas
não-alcoólicos – água, chás, refrigerantes, sucos, energéticos, isotônicos e lácteos, totalizando em
torno de 150 produtos diferentes.
A multinacional no Brasil divulga como sendo projetos sociais e ambientais, coordenados pelo
Instituto Coca-Cola Brasil: “Programa das Florestas Tropicais”, “Programa Água Limpa”,
“Programa de Conservação de Energia”, “Programa de Proteção da Camada de Ozônio”,
“Operação Qualidade do Ar”, “Tratamento de Resíduos Industriais”, “Programa Coca-Cola
Reciclou, Ganhou”.
Sobre a preocupação da Coca-Cola com o meio ambiente, considera-se que a principal
matéria-prima para a produção de suas bebidas é a água, que representa para a produção de
bebidas um consumo de 2,10 litros de água para cada litro de bebida produzido em 2007. Houve
uma redução desse consumo quando comparado há 11 anos que era de 5,4 litros de água para
cada litro de bebida. A Coca-Cola, segundo publicações, faz uso racional da água e adota a política
dessa conscientização na produção de bebidas, recicla esse “recurso”, reabastece as comunidades e
a natureza para não acabar com sua principal matéria-prima – a água.
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2.2) BANCO BRADESCO S.A
O Bradesco foi fundado na cidade de Marília/SP em 1943, oito anos depois o Banco
Brasileiro de Descontos S.A tornando-se o maior banco comercial privado do Brasil. Em 1946
expandiu e deslocou para o centro financeiro de São Paulo, e no início da década de 50, ergue sua
nova matriz na Cidade de Deus, em Osasco/SP. O processo de crescimento continuou e em 1988
recebe uma nova denominação Banco Bradesco S.A, por ter incorporado subsidiárias de
financiamento imobiliário, banco de investimento e financeira, oferecendo múltiplos produtos. A
Organização Bradesco opera em dois segmentos: bancário e seguros. Comercializa apólices de
seguros em âmbito internacional, planos de previdência complementar e títulos de capitalização.
O grupo diz ser o maior banco privado do Brasil, em 2007 apresentou um total de ativos R$
341.184 bilhões. É uma sociedade anônima de capital aberto e tem ações negociadas nas Bolsas de
Valores de São Paulo, Nova York e Madri. No segmento de crédito, as operações consolidadas
totalizaram R$ 161.407 bilhões, incluindo Adiantamentos de Contratos de Câmbio (ACCs) Avais e
Fianças, Créditos a Receber de Cartões de Créditos e Arrendamento Mercantil. O banco fechou o
ano de 2007 com administração de R$177.486 bilhões em fundo de investimentos e carteiras.
A idéia de responsabilidade socioambiental da empresa anunciada em 2007 manteve seus
compromissos sociais e ambientais, ampliou seus investimentos, seu Capital Social e lançou-se
como o Banco do Planeta, instituição que tem com lema o “Respeito à natureza, valorização da
vida” (Figura.1).
Fig.1 – Propaganda Ambiental - Banco do Planeta.
Fonte: www.bradesco.com.br/rsa
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Ao se tornar o Banco do Planeta, o Bradesco visou unificar as ações socioambientais, criar
novos produtos e serviços que atraem os interessados em preservar o planeta terra e difundir a idéia
de harmonia entre as pessoas e o meio ambiente. A instituição afirma avaliar permanentemente os
riscos inerentes às mudanças climáticas, bem como impactos financeiros destas, decompondo o
faturamento da Organização e avaliando a localização dos clientes e o posicionamento dos negócios
nas áreas de interesse.
Assim, apóia projetos como: Fundação Amazonas Sustentável (preservação ambiental de 31
unidades do Amazonas correspondente a 17 milhões de hectares);
Compromisso Coletivo
(medidas de controle de suas emissões de gases de efeito estufa); Tecnologia como Alicerce (com
base na tecnologia, visa diminuição do consumo de energia e outros impactos ambientais); Energia
Renovável (energia renovável de pequenas centrais hidrelétricas) e Fundo Sustentável (destinam-se
exclusivamente às empresas cujas atividades se associam a projetos com potencial de geração de
Reduções Certificadas de Emissões – RCEs, no âmbito de do Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo).
3) CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nossas reflexões quanto aos interesses do capitalismo diante da responsabilidade ambiental,
fez-nos de uma maneira mais crítica ampliar nossos conhecimentos quanto ao atual sistema
econômico globalizado e a apropriação da idéia de responsabilidade ambiental por algumas
empresas globais.
A Coca-Cola demonstra investir em projetos ambientais especificamente no projeto Programa Água das Florestas Tropicais, pois sua principal matéria-prima é a água, logo surge essa
necessidade de preservação e reflorestamento das matas ciliares com a finalidade de recuperar as
bacias hidrográficas conseguindo ainda, transmitir a falsa idéia de preocupação com ambiental. Na
verdade, essa preocupação por parte da empresa, mostra que sem água não há produção de suas
bebidas, pois percebemos o consumo duas vezes maior do volume de água para a produção de
apenas um litro de bebida.
Já o Banco Bradesco S.A busca com sua preocupação ambiental uma reordenação das
atividades econômicas, evitando migrações e diminuição dos clientes, o que levaria a uma queda da
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renda e diminuição dos fluxos financeiros, ou seja, redução do dinamismo econômico e
conseqüentemente uma diminuição da fidelização dos clientes.
O que se vê atualmente é a produção de um mal estar social no qual a sociedade é inserida
num contexto de manipulação e produção de inverdades, sobretudo pelo meio publicitário,
contribuindo para a construção de uma sociedade autodestrutiva, de mentiras e, de acordo com
Milton Santos, um mundo como fábula.
4) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Manoel Correia de. Geografia Econômica. São Paulo: Editora Atlas S.A, 1987. p.166-169.
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http://www.bradesco.com.br/rsa/. Acesso em 15/11/2009.
COCA-COLA, Instituto. Projetos desenvolvidos: meio ambiente. Site oficial do Instituto
Coca-Cola. Disponível em http://www.institutococacola.org.br/meio_ambiente.asp. Acesso em
15/11/2009.
GALEANO, Eduardo. No es suicidio, es genocidio y ecocidio. Osal Análisis. n.17.2005 p.15-19.
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MANSUR, Alexandre. A solução verde para a crise. Revista Época. Edição n. 549 (Sucesso),
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POCHMANN, Marcio. O curso atual da divisão internacional do trabalho. In: POCHMANN,
Marcio. O emprego na globalização: a nova divisão internacional do trabalho e os caminhos que
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PORTO-GOLÇALVES, Carlos Walter. A Globalização da Natureza e a Natureza da
Globalização. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.
SANTOS, Milton. A violência da informação. In: SANTOS, Milton. Por uma outra globalização:
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____. Modo de produção técnico-científico e diferenciação espacial. Revista Território. Edição
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