COMPENSADORES ESTÁTICOS André Reis Felipe Bastos Henrique Borges Reginaldo Miranda Thales Moran quantidade de potência reativa vinda do ramo do sistema com a intenção de manter a mesma constante. Resumo Compensação estática é o gerenciamento da potencia reativa para melhorar a qualidade de suprimento em sistemas de potencia em corrente alternada. Essa compensação é utilizada para compensar cargas desequilibradas. Palavras Chaves: Compensadores estáticos, CCT, RCT, MISTAS, RNS, qualidade de energia elétrica, Flutuações de tensão, Condicionamento de energia. Fig 1- CERNS conectado junto a carga para compensação de reativo A seguir, tem-se o arranjo básico de um RNS, observa-se que este é constituído de dois elementos básicos, um capacitor e um reator de núcleo saturado. Introdução Compensadores estáticos são amplamente usados para resolver diferentes problemas de transmissão e distribuição de energia elétrica, relacionados com ondulações grandes e rápidas da potência reativa. A importância da compensação da potencia reativa da carga reduz os gastos da energia elétrica dos centros da sua geração aos consumidores. A aplicação dos Compensadores de potencia reativa nos sistemas de energia permite aumentar a estabilidade e capacidade de passagem das linhas de transmissão, estabilizar a tensão nas barras da subestação, reduzir o nível das sobretensões internas, bem como reduzir as perdas de energia elétrica nas linhas de transmissão. Desta forma, igual com a preservação do meio ambiente, os Compensadores estático de reativos são de certa forma “sistemas de purificação” para o meio ambiente energético, restaurando a qualidade da energia elétrica, estragada pelos consumidores e baixando os danos ativos de transmissão de energia elétrica. Fig2-Arranjo básico de um CERNS A potência demandada pelo compensador é determinada pela tensão em seus terminais, ou seja, para um baixo nível de tensão o mesmo funciona como um gerador de potência reativa, prevalecendo o caráter capacitivo. Por outro lado, para um nível alto de tensão, este demanda potência reativa, funcionando como um reator, prevalecendo, neste caso, o caráter indutivo. A seguir, tem-se a figura que representa a operação do dispositivo. Compensador Estático a Reator a Núcleo Saturado (CERNS) Princípio de Funcionamento O Reator a Núcleo Saturado (RNS) funciona como um Regulador de Tensão, controlando a demanda de potência reativa. Conectado em paralelo com a carga, controla a Fig3- Caracterítica (VxI) do compensador estático a reator a núcleo saturado. 1 A característica do CE fica evidente com a figura 3. Percebe-se nesta, que as linhas pontilhadas representam o comportamento de cada elemento do CERNS, sendo que, a curva da direita representa o RNS enquanto a da esquerda a do capacitor paralelo. tensão do intervalo I 299,9kV(0,99pu) e respectivamente. e II, ou seja, 240,9kV(1,047pu) Aplicações Os CERNS são empregados em situações onde o controle de tensão não é extremamente rigoroso. Suas principais características são: a robustez, e consequentemente baixos níveis de manutenção, e o baixo custo comparado aos compesadores que utilizam da eletrônica de potência, tais como os Reatores Controlados a Tiristores (RCT). A seguir, tem-se um sistema de potência que será considerado para estudo. Fig6- Perfil de tensão fase-fase no barramento da SE-SINOP para uma variação brusca e repentina da carga com o CERNS Finalmente, a tensão atingida com o corte de carga permanece dentro dos limites estabelecidos pelas normas, portanto o uso do CERNS foi satisfatório. RCT - Reator Controlado por Tiristor Fig4-Sistema base considerado para estudo Para análise, simulou-se a perda de metade da carga do barramento da SE-SINOP em duas situações distintas. Uma, onde o uso do CERNS não é empregado e outra empregando o equipamento de compensação. A seguir, tem-se o perfil de tensão para a primeira situação. Com o desenvolvimento de dispositivos semicondutores controláveis para altas potências, mais especificamente as válvulas de tiristores, tornou-se possível obter virtualmente o controle contínuo e independente da susceptância em cada fase do compensador. Em função dessa tecnologia resultaram, entre outros, os Reatores Controlados por Tiristores (RCT). A inserção dos elementos reativos só ocorre quando os tiristores são disparados pelo sinal de controle. No RCT o controle do disparo pode variar continuamente na faixa de condução do par tiristor-reator, isto é, para ângulos entre 90º e 180º, relativos à onda de tensão. Durante o bloqueio do tiristor a corrente é nula resultando uma corrente descontínua no RCT, o que introduz um significativo conteúdo harmônico, que necessita ser filtrado. Quando o disparo do tiristor está entre 0 ≤ α ≤ π/2 a tensão e a corrente no tiristor pode ser escrita da seguinte forma. Fig5-Perfil de tensão fase-fase no barramento da SE-SINOP para uma variação brusca e repentina da carga Os valores das tensões nos intervalos I e II, ou seja, na condição normal e de perda de carga são respectivamente 235,1 kV (1,02pu) e 254,6kV (1,10pu). A situação de carga leve viola os limites de tensão estabelecidos pelos órgãos regulamentadores, portanto a compensação se faz necessária. Agora, verifica-se o perfil de tensão utilizando da CERNS, representado pela fig6. Percebe-se que o perfil de tensão não sofre tanto com a perda repentina de carga, para confirmar tal situação, mostram-se os valores de É evidente que a magnitude da corrente no reator pode variar continuamente controlando o ângulo de disparo do tiristor entre o seu valor máximo (α = 0) e zero (α = π/2). Assim, em virtude do fato do reator ser controlado continuamente, gera-se muitos harmônicos na rede em virtude desse chaveamento, logo é necessário a instalação de filtros harmônicos na rede, para mitigar esse problema. Segue a equação do comportamente da corrente harmônica no RCT. tensão nas fases, balanceando a tensão do sistema. 4. Redução de Flicker Variações rápidas da potência reativa do sistema causam flutuações de tensões, o que gera um incomodo aos olhos humanos. Assim, o TCR atua mitigando esse efeito. Aplicação: Abaixo se tem um esquema de como é feita a ligação entre a rede, os reatores e as válvulas de tiristores. A B C L/2 L/2 L/2 L/2 Fig7: TCR a 6 Pulsos Uma das principais funções do RCT é para a compensação de flicker devido a fornos elétricos a arco. Além dessa, pode aplicar para o equilíbrio da potência, estabilização da tensão nas barras da subestação, regularização da potência reativa e amortecimento de oscilações da potência ativa na linha. É importante ressaltar que cada sistema de potencia possui a sua própria necessidade para a compensação. Para sistemas de alta tensão, a compensação reativa pode ser o principal objetivo, já para sistemas de baixa tensão, os componentes harmônicos da rede e as flutuações de tensão são as principais aplicações. Aplicações: 1. Redução de Harmônicos As correntes harmônicas são geradas basicamente por cargas não lineares. Essas correntes levam as distorções na tensão da rede, o que leva a danificar equipamentos e distorcer processo que necessite de um alto controle da tensão. 2. Aumento da capacidade de Transmissão Os compensadores de reativos maximizam a capacidade de transmissão do sistema, aumentando assim a demanda de energia transmitida sem fazer investimentos na rede de transmissão. 3. Estabilização de Tensão Cargas em linhas não transpostas criam uma tensão desbalanceada, reduzindo a eficiência do sistema. O TCR pode controlar a Uma das principais aplicações da utilização do TCR é para mitigar problemas de flutuação de tensão devido a fornos elétricos a arco. A estratégia para a mitigação da cintilação luminosa causada por FEA baseia-se na compensação de toda a corrente de seqüência negativa e da parte imaginária da corrente de seqüência positiva geradas pelo forno. As susceptâncias de compensação desejadas são obtidas da admitância da carga (FEA), a qual pode ser encontrada a partir das correntes e tensões de linha medidas. Considerando que a compensação é composta pelo conjunto reator controlado mais filtros (considerando toda a compensação capacitiva constituída por filtros), subtraindo da susceptância do SVC a susceptância do filtro, obtem-se as susceptâncias fase-fase exigidas para o RCT. Usando a relação entre o ângulo de disparo α e a susceptância do, o valor adequado de α pode ser calculado, e então repassado ao circuito de disparo para efetivar a ação de controle. O valor de α deve ser obtido de forma iterativa, uma vez que não é possível estabelecer uma expressão analítica que permita seu cálculo diretamente. Fig8: Diagrama em Blocos dos Circuitos de Controle do SVC Fig 9: Diagrama unifilar do estudo Para o sistema não compensado o valor indicado pelo flickermerter, no ponto de acoplamento comum, é Pst(95%)=2,853. Com o uso da compensação o Pst calculado é reduzido para Pst(95%) = 1,652, indicando uma redução de 42% do nível de flicker em relação ao nível obtido com o sistema não compensado. Porém em sistemas com grande número de cargas dinâmicas e com demandas variáveis rápidas de potência reativa onde há operação das cargas de grande porte, não-lineares, variáveis e desequilibradas, o sistema de correção através de bancos fixos não é eficiente. Nestes sistemas, o alto número de manobras diárias necessárias e as variações dinâmicas de demanda de reativos impossibilitam a utilização dos sistemas convencionais, baseados em contatores e resistores de pré-inserção, ficando as indústrias sujeitas ao pagamento de altas multas por fator de potência, mesmo com a instalação de bancos de capacitores capazes de atender à máxima demanda de reativos da planta. Figura. 10. Detalhe da forma de onda da tensão (fase a – neutro), no PAC. – Não Compensado Fig12-Capacitor Controlado à Tiristor aplicado ao Sistema elétrico de potência Figura 11. Forma de onda da tensão e corrente da fase A, no PAC. – Compensado O modelo de forno a arco compensado implementado mostrou–se adequado para a simulação dos distúrbios causados por fornos elétricos a arco em sistemas de potência, bem como de seus efeitos sobre o ser humano (flicker). O modelo é suficientemente flexível para estudos do impacto de novas instalações de fornos a arco sobre o sistema, permitindo inclusive o dimensionamento (em nível de estudos de planejamento) da compensação necessária para mitigar o problema do flicker. Capacitor Chaveado à Tiristor - CCT A correção do fator de potência através de bancos de capacitores fixos tem sido amplamente utilizada em sistemas industriais. Nestes sistemas, as variações de demanda por compensação de reativos são, na maioria dos casos, lentas, o que implica em um pequeno número de manobras diárias dos bancos de capacitores, tipicamente realizadas através de contatores e resistores de pré-inserção. Entre as vantagens deste sistema podemos citar: • Possibilidade de um grande número de operações; • Eliminação das correntes de inrush; • Aumento da vida útil dos elementos do banco; • Conexão rápida, sem a necessidade de atraso para descarga dos capacitores; • Eliminação dos resistores de pré-carga e descarga do banco; • Tempo de manobra máximo inferior a 1 ciclo; • Menores custos de manutenção, embora com maiores custos de implantação; • Possibilidade de incorporação de funções de monitoração e proteção do banco, como proteção contra ressonância, detecção de falhas em elementos do banco (capacitância fora da faixa especificada); entre outros; • Utilização plena dos bancos de capacitores, maximizando os benefícios do investimento realizado. Podemos citar como principais aplicações dos CCTs, •fornos a arco, • pontes retificadoras, • conversores estáticos, • sistemas de acionamento por chaveamento Aplicação: Nesta etapa visamos ressaltar os efeitos causados pela utilização do compensador estático (CE) 500/17,5 [kV], -250/250 [MVAr] na subestação de Bom Jesus da Lapa II, na interligação das regiões sudeste e nordeste. O CE de Bom Jesus da Lapa II desempenha papel de regulação de tensão bem como atua em casos de rejeição de carga. No que se refere a transitórios eletromagnéticos, podemos representar o CE da referida subestação por um modelo simplificado (transformador + capacitor concentrado), ou por um modelo detalhado (transformador + filtros + TCRs + TSCs + sistema de controle e medição). Figura 15: Modelo Detalhado do CE de Bom Jesus da Lapa II (transformador + filtros + TCRs + TSCs + sistema de medição e controle) Utilizando o modelo detalhado do CE foi possível realizar uma simulação com ajuda do software ATP [1], autorizada pela empresa e certificado pelos fabricantes como modelo seguro de simulação de características de equipamentos frente a transitórios eletromagnéticos. Foi realizada a simulação de um curtocircuito, fase-terra (no caso, fase A) com abertura da linha Bom Jesus da Lapa II – Ibicoara 500[kV], com transfer trip para Ibicoara e abertura da LT Ibicoara – Sapeaçu 500[kV] (vide Figura 2), visando avaliar as características de compensação reativa e variações de tensões transitórias. Dos resultados (Gráficos 16 e 17) observa-se uma oscilação significativa de tensão, após a abertura da linha sob falta. Figura 13: Modelo detalhado do CE da SE de Bom Jesus da Lapa II A escolha do modelo depende unicamente da necessidade do estudo, podendo ser aplicado o modelo simplificado para estudos que não exijam características específicas do comportamento do CE em relação a outros sistemas. No estudo em questão a utilização do modelo simplificado descarta a característica dinâmica do CE (resposta rápida e mudança para o modo de operação indutivo), o que faz com que não haja absorção de reativos, aumentando assim a tensão do sistema. É possível observar a comparação dos modelos nas figuras 14 e 15. Figura 16: Variação de tensão transitória na SE Bom Jesus da Lapa II - Valores RMS no barramento 500[kV]. FIgura 17: Potencia Reativa fornecida/absorvida Figuras 14: Modelo Simplificado do CE de Bom Jesus da Lapa II (Transformador + Capacitor concentrado). Nomenclatura: TCRs – Reatores controlados por tiristores; TSCs – Capacitores comutados por tiristor SE – Subestação; CE – compensador estático. LT – Linha de transmissão. Conclusão Como apresentado neste trabalho, pode-se observar como a compensação estática atua para mitigar problemas relativos a qualidade da energia elétrica. Um dos problemas analisados foram as flutuações de tensões ocasionadas pelo forno elétrico a arco, que no caso, são um dos principais causadores desse efeito, onde o mesmo está instalado. Além disso, tem-se que a melhor opção para utilizar os compensadores estáticos, são soluções onde todos os objetos de estudos são utilizados em conjunto. Assim, os RCT, CCT e filtros têm que atuar em conjunto para se ter a melhor solução para o problema. Portando, foi possível desenvolver um trabalho que permitiu adquirir conhecimentos relativos a um sistema muito eficaz de condicionamento de energia elétrica, que são os compensadores estáticos. Referencias e bibliografia: [1] Leuven EMTP Center, ATP - Alternative Transient Program - Rule Book, Herverlee, Belgium, July 1987. [2] ANDESA Consultoria em Sistemas de Energia Elétrica, “Modelagem do CE Bom Jesus da Lapa para Simulação de Transitórios Eletromagnéticos com o ATP”, Relatório ANDESA - RT-05-05-06, Versão 02, Novembro de 2006. [3] ONS - Operador Nacional do Sistema Elétrico, “Estudo de Transitórios Eletromagnéticos: Rejeição de Carga e Manobras de Fechamento na Interligação Sudeste/Nordeste”, RE ONS 3/102/2007, Recife, PE, 2007.