RELATÓRIO VERSUS

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VIVÊNCIAS E ESTÁGIOS NA REALIDADE DO SISTEMA ÚNICO DE
SAÚDE (VER-SUS)
JÉSSICA BIANCA MACHADO DO NASCIMENTO
RELATÓRIO DAS VIVÊNCIAS DO DIA 16 AO 23 DE JULHO DE 2015 (SÃO
LUÍS - MA)
SÃO LUÍS - MA
2015
1º DIA(16/07/2015)
VER-SUS: Vivência e estágio na realidade do SUS.
MANHÃ:
Emaranhado de rede:
Momento de apresentação de cada integrante do VER-SUS, tanto os
viventes, facilitadores quanto a coordenação interna e externa do projeto. Um
dos muitos momentos de integralização do grupo, que se mostrou bastante
diversificado de cursos da área da saúde. Havia alunos da graduação de
psicologia, nutrição, medicina, serviço social, fonoaudiologia, ente outros, além
de profissionais formados. Cada pessoa se apresentou, falando o que a
diferenciava e qual atividade gostavam ou não gostavam de realizar. Nessa
apresentação foi possível verificar também que essa rede é o símbolo de como
os viventes estão ligados entre si por um único objetivo, o de conhecer o SUS
verdadeiramente, construindo conhecimento e desconstruindo os preconceitos.
Essa rede de barbante também simbolizou a multidisciplinariedade que o
SUS necessita para funcionar, que se um de nós soltasse uma parte do fio, a
rede ficaria frouxa prejudicando a atividade e assim também é no SUS.
Em um segundo momento dessa primeira manhã, onde os viventes
estavam se familiarizando com o ambiente e com as pessoas novas, que
passaríamos 8 dias de intensas atividades juntos, nós enfeitamos envelopes.
Esses envelopes seriam para que pudéssemos disseminar amor uns aos
outros através de bilhetes que só seriam abertos e lidos em nossas humildes
residências. Mas confesso que li assim que saí da sala no ultimo dia e fiquei
muito emocionada com tanto carinho, essas são cenas para os próximos
capítulos.
TARDE:
Fomos divididos em grupos para facilitar a didática de exposição e troca
de conhecimentos. São os núcleos de base, que trabalharam os assuntos
teóricos do SUS e os grupos de vivência, que trabalharam nos ambientes de
vivência como os hospitais fundações, asilos e etc. Nesse momento os NBs se
reuniram e confeccionaram uma bandeira e deram um nome que eram
relacionados ao SUS. São 6 NBs e 8 grupos de vivência.
O meu NB escolheu o nome “IterligaSUS” e confeccionamos uma
bandeira
que
representasse
esse
nome.
Esse nome foi escolhido, pois dentro do SUS todos os profissionais
precisam estar interligados com um único objetivo. Que é fazer o SUS
funcionar da maneira que foi idealizado e dessa forma promover um serviço
integral construindo sorrisos das pessoas que serão e são comtempladas com
esse atendimento. Além de representar o nosso grupo como pessoas que
através de um compartilhamento de conhecimentos, sede de aprender e da
nossa alegria de estar no VER-SUS contagiar outras pessoas.
Em um segundo momento, assistimos um documentário cujo título é
“Políticas de Saúde no Brasil: um século de luta pelo direito à saúde”. Que fala
sobre a história da saúde e a luta dos trabalhadores e da comunidade para
serem cuidados pelos médicos gratuitamente, pois a saúde foi, por muito
tempo, artigo de luxo da sociedade brasileira.
NOITE:
Na discussão do filme, falamos quais as partes que mais se destacaram e qual
marcos histórico se passou em cada ano/década. Essa discussão foi
problematizada pelo facilitador Joelson, do Piauí, que com muita maestria nos
conduziu nesse debate. Concluímos que no início do século XX existia uma
epidemia de doenças como a febre amarela, malária e outras nas principais
cidades brasileiras. Naquela época os ricos tinham acesso a médicos, mas a
população pobre dispunha apenas de hospitais filantrópicos mantidos pela
igreja.
Depois dessa epidemia a economia do Brasil ficou prejudicada, a notícia
sobre a epidemia no Brasil chegou a outros países e isso prejudicou a
economia, dessa forma Oswaldo Cruz que foi nomeado diretor e quis forçar
toda a população a tomar vacina e tratar a população pobre com estratégias de
guerra para sanear o problema do Rio de Janeiro. Então ocorre a revolta contra
a vacina obrigatória. Ao longo da décadas os trabalhadores brasileiros se
organizaram e fizeram greves pedindo atendimento a saúde e aposentadoria
com a criação na década de 30 da consolidação das leis trabalhistas. Em 1945,
depois que Vargas é deposto e Dutra assume, o governo começa a investir
diretamente em saúde criando hospitais de grande porte e bem equipados. Em
1953 é criado o Ministério da Saúde. Em 1986 acontece a 8ª Conferência
Nacional De Saúde em que lutava para a criação de um sistema único de
saúde e em 1980 o SUS nasce.
Passaram-se quase um século de luta por uma saúde para toda a
população, desde o obre ao rico e esse sistema ainda está em formação.
Precisamos de profissionais engajados em assuntos políticos e sociais ara
garantir esse direito que todo cidadão brasileiro possui.
2º DIA (17/07/2015)
MANHÃ:
Com o clarear de mais um dia lindo em São Luís do Maranhão, no Praia
Mar Hotel, os viventes do VER-SUS se deslocaram através das vans
disponibilizadas pelo CEUMA, para a sala dessa mesma instituição para mais
um dia de construção e desconstrução de conhecimentos sobre o Sistema
Único de saúde. Chegando ao CEUMA nos reunimos em NBs, uma parte dos
viventes se deleitaram sobre a Lei 8080 e outra parte sobre a Lei 8142 e os
processos começaram para que logo em seguida esse conhecimento fosse
dividido com os demais colegas durante um momento de discussões. Meu
grupo ficou com a Lei 8080.
Em um primeiro momento foi feita uma leitura panorâmica do texto da lei
8080 e destacado algumas partes que se achou necessária. No primeiro inciso
que fala que é dever do Estado a garantia a saúde e esse é um direito
fundamental do ser humano e mais a seguir no parágrafo único fala que a
população tem direito de cobrar seus direitos, então essa lei não exclui a
participação da sociedade na construção do SUS e da sua própria saúde. O
conceito de saúde mudou, passou do modelo biomédico para o modelo
biopsicossocial em que não é apenas a falta de doença que indica se o
indivíduo é saudável ou não, mas também outros fatores como a alimentação,
moradia, trabalho, meio ambiente, lazer. Dessa forma cabe aos profissionais da
saúde conscientizar os indivíduos desse conceito de saúde e dos direitos que
estes
tem
a
assistência
a
conhecimentos políticos e social.
saúde
e
precisamos
disseminar
esses
Dos princípios destacamos a Universalidade, que todas as pessoas tem
direito a todos os níveis de assistência, a Integralidade, há uma necessidade
de os serviços estarem articulados e por fim a Igualdade de assistência a
saúde, um atendimento sem preconceitos e nenhum privilégio a qualquer
pessoa na realização desses atendimentos.
TARDE:
Palestra e atividade sobre atenção básica de saúde
A palestra foi ministrada pela professora Paola Trindade. Ela explicou
que na atenção básica os profissionais precisam pensar não somente no
indivíduo, mas na família como um todo e nos locais onde essas pessoas estão
inseridas como na associação de moradores, nas escolas daquela região.
Então esses médicos, enfermeiros, nutricionistas não irão trabalhar o tempo
todo dentro de um escritório e sim sair para visitar as famílias e demais locais.
A atenção básica deve acontecer tanto no âmbito individual, quanto no âmbito
coletivo.
Precisam de uma estrutura boa para atender essa população no
ambulatório, mas principalmente, precisam de atividades coletivas, educativas,
atividades de promoção e prevenção da saúde. Quando se trabalha em
atenção básica deve-se lembrar dos grupos que devem ser atendidos, o grupo
das mulheres, idosos, crianças, escolares, adolescentes e o que vai ditar o que
deve priorizar na hora do atendimento vai ser o perfil epidemiológico da
unidade e então ter estratégias para atender essas situações sem deixar os
atendimentos do cotidiano de lado.
Existem inúmeros programas na atenção básica que visam melhorar o
atendimento. A rede cegonha, bolsa família, programa academia da saúde,
Brasil sorridente, Melhor em casa, e-SUS, Saúde na escola. O profissional
precisa conhecer todos os serviços oferecidos pelo SUS para saber para onde
encaminha o seu paciente, caso necessário.
Quando o profissional da saúde entra na atenção básica sem
compreender quais as funções da atenção básica, corre o risco de praticar um
serviço inadequado. Essa palestra foi muito importante pra podermos entender
que um profissional da atenção básica é aquele que deseja estar inserido
dentro da vida cotidiana dos indivíduos de uma determinada área. Como as
ESFR( equipe saúde da família ribeirinha), ESFF( equipe saúde da família
fluvial), ECR(equipe consultório na rua) esses são exemplos de equipes que
estão diretamente ligadas a comunidade. Esses profissionais devem ser muito
humanizados e conscientes do dever educativo, fazendo com que a saúde seja
um direito de cidadania.
Por fim fizemos uma atividade sobre uma situação problema. O caso era
uma escola que tinha casos de bulling e adolescentes grávidas, como nossa
UBS abordaria tais temas nessa escola. O nosso grupo falou que faria
palestras com a temática do bulling para os 140 alunos e palestras separadas
para as adolescentes grávidas. Além de encaminhas essas adolescentes para
um acompanhamento da rede cegonha com acompanhamento individualizado.
NOITE:
No primeiro momento lemos o texto HumanizaSUS em NB –
InterligaSUS. Discutimos sobre a postura humanizada que os profissionais da
saúde devem ter ao lidar com seus pacientes. E em seguida nos reunimos com
os outros viventes em uma roda de discussão e comentamos sobre este texto e
o que foi discutido em NB.
Concluímos que essa é uma política que não deve ser vista como mais
uma política a ser adotada, mas sim como uma ação transversal que deve ser
adotada por todo o sistema passando por gestores, profissionais da saúde e
usuário. Esses processos estão tratando de uma nova forma de interação entre
os sujeitos, isso s dá quando os profissionais e gestores se entendem e agem
de maneira ética em prol do usuário e também quando há um vínculo entre
esses profissionais e o usuário. Consequentemente todas as outras políticas
devem ter a política de humanização caminhando juntos, para que além de
laços de afeto, exista laços de cidadania em que os profissionais se importem
com seus pacientes e lhes informem quais os direitos e deveres que este
usuário tem dentro do sistema.
3ºDIA (18/07/2015)
MANHÃ:
Visita a UPA do Araçagi
Vivência na UPA localizada no bairro Araçagi em São Luís foi feita pelo
GV 1. Ao chegar nessa UPA pude perceber um espaço amplo com uma boa
estrutura, limpeza impecável e boa logística. A primeira sala de espera possuía
dois ar condicionados, lixeira e só quem podia passar para a segunda sala de
espera era as pessoas que realmente estavam enfermas, além de possuir o
número da ouvidoria em local de fácil visualização. Fomos bem recebidos pela
assistente social que é responsável por organizar os exames que não são
realizados naquele local e encaminhar os pacientes graves para os hospitais
que deveriam possuir leitos.
Essa UPA possui uma sala de raio x, sala de medicação que se
encontra bem equipada( adultos separados de crianças), um consultório
odontológico bem equipado, semi UTI, sala de gesso, sala de coleta de sangue
que resultados simples saem em até 3horas. O local é dividido em alas
segundo a gravidade do paciente que deverá ser atendido nesse ambiente: ala
amarela, ala verde e ala vermelha.
Em uma mesa pequena há uma enfermeira que fará os primeiros
exames, como a aferição da pressão, depois esse paciente é encaminhado
para a recepção, onde fará o cadastro do paciente, depois será encaminhado
para as enfermeiras que farão toda a anamnese e a triagem.
Possui também um pediatra, um médico ortopedista, 3 clínicos gerais.
Percebemos que essa é uma quantidade pequena de médicos comparada a
demanda que essa UPA, que é referência na região, possui. Os médicos
relataram que a maioria dos pacientes vão para a UPA e realmente precisam
do atendimento prestado e aqueles que deveriam ser atendidos em uma UBS
também são atendidos, mas devem ser encaminhados para sua UBS, quando
é um atendimento muito complexo eles fazem os primeiros procedimentos, mas
encaminham para os hospitais de urgência e emergência, como o Hospital
Socorrão I ou II. Quando é um paciente endocrinológico, renal, este é atendido
e é solicitada a marcação de consulta com especialista.
Conhecer a realidade dessa UPA me fez perceber que não é apenas de
profissionais bons e uma estrutura boa que se faz uma unidade de pronto
atendimento e sim de influências políticas. Com a mudança de gestão ouve
uma redução de funcionários e por isso hoje só há uma enfermeira para
supervisionar todos os 18 leitos, sendo que 10 leitos na área amarela, dois
leitos de isolamento e 6 leitos na semi UTI e há . Apesar de toda sobrecarga de
trabalho esta enfermeira se mostrou a mais humanizada de todos os
funcionários que nós entrevistamos, eu mesmo o paciente em seus últimos
momentos de vida continuava a respeitar, dar carinho e atenção a essas
pessoas. Um dos principais descontentamentos dessa profissional foi a falta de
leito em hospitais, a dificuldade de transferência. Uma fala da assistente social
sobre esse assunto de transferência de paciente que nos fez enxergar a
gravidade dessa gestão foi “as vezes é preciso ligar para a colega e pedir a ela
que aceite o paciente e quando uma aceita a gente aproveita e encaminha.” E
outra fala também foi, “vocês não sabem, mas o sistema não são só flores.” E
uma prova da humanização dessa assistente social foi ela pensar em fazer
esse sistema funcionar em prol da sociedade que realmente precisa do
atendimento de qualidade que o SUS tem condições de oferecer a sociedade.
Essa foi a realidade que encontramos naquele local. Uma unidade muito
bem equipada, que não tem nenhuma reclamação de falta de material, mas
que tem dificuldades na hora de encaminhar pacientes graves para os hospitais
pela falta de leitos ou a proibição das administrações de receber esses
pacientes.
Tarde:
Visita a Fundação Antônio Brunno
Essa visita foi a mais emocionante de todas. A fundação Antônio Brunno
acolhe pessoas que estão em tratamento de câncer aqui em São Luís. Lá elas
recebem todo auxílio de alimentação, transporte às consultas e até mesmo a
locais de lazer como a praia, shopping, igrejas. Além de possuírem um grupo
de jovens que visitam hospitais em que alegram nem que seja por alguns
minutos a vida de pessoas com enfermidades, que são chamados de Donnos
da Alegria.
Preparamo-nos com adereços bem coloridos para alegrar as pessoas
da fundação e ao chegarmos ao local da visita pudemos notar poucas pessoas
na sala, mas o motivo era que a maioria das pessoas estavam com vergonha
de aparecer. Mas todos nós timidamente começamos a conversar com as
pessoas que relataram suas experiências de vida e pareciam muito felizes com
nossa presença. Algumas pessoas cantaram, tiraram fotos e fizeram
brincadeiras divertidas durante a visita.
Ao fim da vivencia conhecemos a história da fundação. Essa fundação
foi criada após a morte do Antonio Brunno pelos seus pais e amigos, ela não
possui vínculo com o SUS e vivi de doações. Antonio Brunno era um jovem que
decidiu que levaria a alegria a pessoas que estivessem internadas em
hospitais, ele escolheu o hospital referência em tratamento do câncer o
Aldenorabelo, ala das crianças, para trabalhar como um palhaço da alegria e
dessa forma contagiou seus amigos para que o acompanhassem nessa missão
de vida.
Noite:
Roda de discussão, exposição e problematização das vivencias feitas.
4ºDIA(19/07/2015)
MANHÃ:
Primeiro momento de dinâmica criativa sobre as redes de atenção a
saúde nós nos reunimos para discutir sobre a rede cegonha. Essas redes são
formas de serviços de saúde que juntas buscam a integralidade do cuidado.
As redes são a rede psicossocial, rede cegonha, rede de urgência e
emergência e rede de cuidado à saúde da pessoa com deficiência.
A rede cegonha funciona de maneira a atender tanto o planejamento
reprodutivo da mulher até a garantir o direito da criança a nascer saudável e
permanecer saudável até os dois anos de idade. Os componentes dessa rede
são pré-natal, parto e nascimento, puerpério e atenção integral a saúde da
criança e transporte.
Para cumprir a atividade proposta nós montamos um teatro amador.
Exemplo de atendimento de uma jovem com suspeita de gravidez, cujo nome
era Maria do Carmo, que ao procurar a UBS mais próxima da sua casa
encontrou ali uma equipe multidisciplinar que acompanhou sua gestação,
informou-a de todos procedimentos que seriam realizados. Ela teve 6 consultas
pré-natal, onde foi informada o local onde provavelmente deveria ocorrer o
parto. Quando chegou a hora do parto seu esposo ligou para o SAMU e eles se
deslocaram até a “maternidade do Tibiri” onde nasceu Hyllary Laryssa e logo
após o parto houve a consulta do puerpério, e para finalizar esse ciclo da vida
de Maria do Carmo na rede cegonha, o agente de saúde levou informações
sobre o crescimento da criança e aos 2 anos de idade esta criança teve sua
uma consulta para garantir um crescimento saudável.
TARDE:
Estudo de caso: Uma adolescente foi atendida em um consultório de rua, ela
era usuária de crack e estava grávida. Para quais redes ela deve ser
encaminhada?
Ela deve ser encaminhada para a rede psicossocial e rede cegonha. Como
esta moça é menor de idade e amparada pelo estatuto da criança e do
adolescente ela deve passa pelo CRAS, CREAS e pelo CAPS, deve ser
encaminhada para o conselho tutelar e caso a família não consiga ser
contatada ela deve ser encaminhada para um abrigo para menores. E através
da rede cegonha esta jovem terá 6 consultas pré-natal e uma no puerpério
além do acompanhamento da criança até os dois anos de idade.
NOITE:
Houve uma dinâmica realizada por um dos NBs, espalhando carinho, amor e
um momento de descontração entre os viventes.
5º DIA (20/07/2015)
MANHÃ:
Visita a UBS João de Deus
Fomos bem recebidos pela enfermeira, que é responsável técnica da
unidade, pela gestora e pela assistência administrativa. A estrutura da UBS
era aparentemente boa, mas entrando na sala de atendimento odontológico
pude perceber um forte odor de mofo, na sala de imunização havia infiltrações
nas paredes e o gesso estava desgastado, além de a área de nebulização
estar em local inadequado, porém eles já enviaram ofício pedindo a reforma da
unidade. Nas paredes na recepção percebi que havia cartazes de incentivo ao
no acompanhamento do pré-natal e na vida da saúde da criança, prevenção de
doenças como a hepatite B, ao câncer de colo do útero, incentivo ao
aleitamento materno, ao uso da camisinha, entre outros.
Eles não tem uma quantidade de pacientes fixa, pois há pessoas que
saem de bairros que estão fora da área mapeada para que a UBS atendesse e
querem ser atendidas nesta pois no seu bairro não há, ou não funciona como
deveria. A UBS João de Deus está responsável pela área 35 e 36, seu
agentes de saúde estão divididos em dois grupos um que trabalha durante a
manhã (5 ASF) e um que trabalha durante a tarde (3 ASF), mas duas agentes
saíram dessa UBS e estão com um área descoberta. A questão da contratação
desses ASF é feita por seletivo, mas eles também solicitam na secretaria de
saúde um agente para cobrir esses buracos no quadro de funcionários.
Eles deixam as questões de palestras para a associação de moradores
com as enfermeiras da área e estas enfermeiras fazem reuniões com os ASF e
de acordo com a programação do calendário do mês são feitas atividades
educativas com os moradores.
Há dois tipos de demandas nessa UBS, a chamada demanda
espontânea e a demanda agendada. Essa unidade possui uma demanda muito
grande, logo a infraestrutura do local já são suporta a quantidade de pessoas
que devem e querem ser atendidas ali. Possui vacinação durante 40hrs
semanais, pela manhã e pela tarde. Fizeram uma estratégia de vacinação do
HPV para crianças de 9 a 13 anos na escola próxima a unidade. O atendimento
na unidade não para, vai das 7hrs até as 17hrs.
As maiores reclamação que eles recebem é em relação ao tempo de
espera, ao acolhimento de alguns profissionais( não está mais trabalhando na
unidade), reclama que o agente não está passando em sua área.
A enfermeira que nos deu a maioria das informações é uma pessoa
apaixonada pela atenção básica e sabe que essa porta de entrada é muito
importante para diminuir a demanda nos hospitais. Além de ser alguém
humanizada que busca sempre ouvir as reclamações dos pacientes que
chegam na unidade como uma reclamação construtiva, para melhorar o
atendimento. Se eles percebem que algum profissional chegou na unidade e
não conseguiu adaptar-se ao trabalho, eles tentam fazer algo para que ele
consiga melhorar o seu trabalho e se satisfaça.
Conselho municipal de saúde, toda unidade tem que ter o seu conselho
para que a comunidade possa participar e ele é formado por diretores,
funcionários da unidade e a própria comunidade e ocorre uma vez por mês.
TARDE:
Dinâmica realizada por um dos NBs que nos fez voltar a ser criança e
brincar de correr em fila um segurando no ombro do outro. Essa dinâmica
funcionava desta forma: uma pessoa ia puxando a outra e falando uma
qualidade daquela pessoa e assim sucessivamente até que todos estivessem
na fila. Ao final desta dinâmica estavam todos rindo e muito felizes por uma
brincadeira tão divertida.
Em um segundo momento houve a confecção da bandeira do VERSUS
2015.2. Cada vivente deixou sua marca especial na bandeira e desenhou
escreveu algo que lembrasse o a vivência. Escolhi escrever a palavra carinho,
pois tudo com um toque de amor e carinho é muito mais gratificante e especial
e assim foi o VERSUSS, uma overdose de carinho e amor.
NOITE:
Palestra do índio
O palestrante falou um pouco sobre questões históricas da relação do
homem não indígena com os indígenas. A FUNAI foi o primeiro órgão
responsável por prestar serviço de saúde para essas tribos, mas era vinculada
ao judiciário e depois ouve uma revolução para que esse atendimento fosse
totalmente vinculado ao Sistema Único de Saúde, criando assim o sasiSUS
para contemplar a universalidade do SUS e a FUNASA foi criada também.
FUNASA é uma autarquia que possui uma legislação interna diferenciada.
Há uma grande dificuldade hoje na população indígena que é a questão
da equidade. Ter equidade é o sistema de saúde ser coeso as crenças e
cultura daquele povo. A atenção primária de qualidade nas aldeias e ter uma
atenção de média e alta complexidade eu trabalhe a questão da equidade, de
maneira que tenha o mínimo de conhecimento de que a visão de mundo
daqueles indígenas é muito diferente da nossa visão.
O método que eles utilizam no caso de aldeias que nunca tiveram um
contato direto com não indígenas é só agir naquela aldeia se os indígenas
contatarem o serviço de saúde. Depois que esses indígenas forem tratados a
ideia é que eles voltem para sua tribo de origem.
6º DIA(21/07/2015)
MANHÃ:
Nos reunimos em GVs, com a facilitadora Rebeca, para a leitura do texto
vigilância ambiental e a atividade que foi passada foi para elaborarmos uma
disciplina de graduação multidisciplinar e interdisciplinar. O texto faz um
parâmetro entre o ambiente e a saúde, falando sobre os agentes causadores
de doenças e qual órgão que fiscaliza que é a FUNASA. Sobre a história dessa
vigilância ambiental, onde antigamente achava-se que os desmatamentos não
tinham nada haver com a saúde dos indivíduos, mas que com esse
desmatamento vários vetores de doenças como a malária atingiam essas
pessoas e é a vigilância ambiental que irá controlar essas situações.
A nossa disciplina se chama “Saúde ambiental”, possui carga horária de
40hrs, o título do marco histórico é “Vigilância ambiental, do nascer aos dias
atuais”, a importância dessa disciplina para os estudantes é informar sobre o a
importância socioecológica da vigilância ambiental em saúde, objetivo uma
relação informar, prevenir e intervir. Possuirá aulas teóricas e práticas.
TARDE:
Visita ao HEMOMAR :
Essa visita foi uma das preferidas minhas preferidas, fomos recepcionados por
uma assistente social experiente que possuía muito conhecimento sobre o
HEMOMAR. Ela começou explicando o que era o HEMOMAR, centro de
hematologia e hemoterapia do Maranhão. A hematologia trabalha com
pacientes portadores de doenças do sangue que são os hemofílicos, anemia
falciforme, entre outros. A hemoterapia trabalha com o sangue do doador que
se estiver em boas condições, então é distribuído para toda rede hospitalar do
estado do Maranhão. No interior do estado há 7 núcleos que coletam sangue,
ajudando no estoque no hemocentro, que são Imperatriz, Caxias, Santa Inês,
Balsas, Codó, Pedreiras e Timon.
O HEMOMAR possui parcerias com igrejas, empresas, universidades,
instituições militares que fazem campanhas em busca de doadores voluntários.
Depois da doação o homem pode retornar para doar novamente somente após
60 dias e pode doar 4 vezes no decorrer de um ano, já a mulher pode retornar
após 90 dias e pode doar 3 vezes no decorrer de um ano.
Pode fazer a
doação nominalmente a alguém ou não.
A doação é feita dos 16 aos 60 anos de idade, peso acima de 50 kg,
portando documento com foto. Eu doei sangue e pude passar por todo
processo de anamnese, pesagem, exame de anemia, aferição da pressão, até
o momento da coleta do sangue e depois o lanche. Confesso que quando vi o
tamanho da agulha fiquei com medo, mas logo após o início da coleta não senti
mais nada. Esse é um ato de cidadania que ajuda não somente um paciente,
mas pode atender a vários, pois uma bolsa de sangue é processada e os
componentes do sangue são divididos, então uma bolsa de sangue é
convertida em uma bolsa de hemácias, uma de plaquetas e uma de uma de
plasma.
O hemomar possui laboratórios que fazem exames para identificar
qualquer tipo de vírus, bactérias e fazer o tratamento desse sangue para ser
dividido em plasma, plaqueta e hemácia. Há um controle de qualidade que é
feito em 1% das bolsas coletadas. A plaqueta pode ser armazenada por até 5
dias, o plasma por um ano e as hemácias por 7 dias, em temperatura
adequada. Possui um laboratório de hematologia, laboratório de sorologia, um
ambulatório com uma equipe multidisciplinar.
NOITE:
DINÂMICA – Bruno Luís
Essa dinâmica foi muito impactante para todos os viventes. Começamos
respondendo um questionário intrigante, sobre nós mesmos e sobre nossa
percepção a cerca das pessoas ao nosso redor. Depois o facilitador Bruno Luís
pediu para ficarmos de pé e com os olhos fechados, ele e algumas pessoas da
equipe o ajudaram a colar com fita adesiva papéis na nossa testa com frases,
que deveríamos agir daquela forma, mas não podia contar para a outra pessoa
o que estava escrito. Ao fim da brincadeira contamos nossa experiência, pude
perceber que quando a maioria das pessoas não gostou da experiência por
terem se sentido excluídas, ridicularizadas, mas todos percebemos que quando
julgamos o outro pela sua aparência como chamar alguém muito magro de
palito, ou chamar alguém muito gordo de baleia, vai causar algum dano
emocional, como só em apenas alguns minutos pudemos sentir. Essa atividade
nos colocou no lugar de outra pessoa, que nem sabem o por que da sociedade
julgar tanto, se todos são imperfeitos. A lição que o facilitador deu a nós foi de
que não podemos agir de forma a ridicularizar as pessoas, colocando apelidos
que as atingisse negativamente.
Depois da dinâmica assistimos um documentário, est e é um breve
resumo. Uma vendedora de cosméticos precisa do dinheiro dos cosméticos
para comprar tomates do vendedor dos tomates, que precisa de dinheiro para
comprar tomates do produtor, que precisa do dinheiro para comprar pesticidas
para manter insetos indesejáveis longe da plantação de tomates, para que a
dona de casa compre tomates, mas ao chegar em casa ela percebe que um
dos tomates que comprou estava estragado, então jogará esse tomate no lixo.
Esse tomate vai parar na ilha das flores e será jogado para os porcos que se
não comerem tudo vai ser destinado aos moradores da ilha das flores. O que
cada personagem tem em comum? Um polegar opositor.
Esse documentário em sua essência afirma que todos somos iguais e
que estamos conectados uns aos outros de alguma forma. Como uma
vendedora de cosméticos estaria conectada ao pobre que cata lixo para se
alimentar junto aos porcos? Todas as nossas atitudes implicam no outro, o
nosso direito termina quando começa o direito do outro, temos que pensar
antes de agir. Precisamos ter empatia pelo próximo e até mesmo por aquela
pessoa que não sabemos que precisa de nós.
7ºDIA(22/07/2015)
MANHÃ:
Hospital nina rodrigues
Fomos recebidos pela enfermeira que nos conduziu durante a vivência.
Começamos
tendo
a
notícia
de
que
com
a
nova
política
de
desinstitucionalização dos hospitais psiquiátricos, dessa forma o Hospital Nina
Rodrigues está em processo de transição de um hospital psiquiátrico para um
hospital geral. A enfermeira nos apresentou gentilmente cada parte da
instituição e explicou o seu funcionamento.
O ponto de partida foi a administração, passamos pela área de
recreação( quadra de esportes, centro de cultura em que os pacientes tinham
palestras e oficinas), possui um salão de beleza que tem uma assistente social
atendendo. O paciente em surto é atendido no SPA( serviço de pronto
atendimento) onde será feita a triagem com a classificação de risco, este
espaço é dividido em ala masculina e feminina, infelizmente não possui ala
infantil mas as crianças que chegam a unidade são tratadas na ala feminina, o
paciente deve permanecer no SPA por até 72hrs. Possui também alas de
acolhimento e uma área para pacientes acusados de delitos. Ali possui um
ambulatório que antigamente pertencia ao Hospital Carlos Macieira, mas hoje
já é do HNR. Logo após o atendimento no ambulatório o paciente deve marcar
o retorno para que seu tratamento seja contínuo e ele possa receber a
medicação de forma gratuita, caso o paciente interrompa o tratamento não tem
como continuar o tratamento no HNR.
A enfermeira relatou que a melhoria que acha necessária no hospital é a
construção de um prédio único, pois hoje na área do HNR há vários pequenos
prédios que são construídos à medida que uma nova gestão entra no poder,
ela relatou que há uma obra parada, pois desistiram de construir.
TARDE:
Visita ao parque da vale
Essa foi uma visita cultural em que todos os viventes conheceram o
Parque da vale. Esse parque nos ensinou a importância da preservação
ambiental para uma vida saudável, em que nosso guia fez questão de nos
relembrar nossos conhecimentos sobre as plantas nativas da região tropical,
cerrado em eu o maranhão está inserido, nos lembrando de que invadimos
esse espaço e o modificamos. Nosso dever é cuidar do planeta, pois sem esse
cuidado os frutos do descaso com a natureza são desastres ambientais, falta
de água potável para as gerações futuras e entender que estamos todos
interligados.
NOITE:
Palestra sobre RAPS – Mae soares
A palestrante Mae Soares falou sobre a rede de atenção psicossocial a
saúde. Explicou sobre as portas de entrada desse indivíduo que está em surto
e de qualquer pessoa que precisa de tratamento psicossocial, teoricamente a
porta de entrada preferencial é a atenção básica de saúde, porém existem
outras portas abertas como os CAPS, que é média complexidade. Então existe
o serviço de acesso aberto, serviço de urgência e emergência, de atenção
primária e atenção psicossocial.
Prestar atenção psicossocial é garantir uma atenção digna, acolhedora,
singular, responsável, ou seja, humanizada. Esse atendimento é para todas as
pessoas que se encontram em sofrimento psíquico, toda doença física possui
um componente psíquico. Nessa atenção há o desafio de tratar sem segregar,
então é preciso que haja o envolvimento da família e da comunidade para que
seja possível a inserção/reinserção do indivíduo a sociedade.
O objetivo da RAPS é criar pontos de atenção que não existem, ampliar
as que já existem e articular todo o meio. É preciso que no momento do
atendimento levar em conta a cultura da família.
Existe uma política nacional de redução de danos, ou seja, mesmo que o
usuário de drogas não queira deixar o vício eles usem de estratégias para
reduzir os danos ao uso exacerbado de drogas e então reduzir o impacto que
esta tem no organismo do indivíduo.
A rede é composta de 7 componentes que são a atenção básica de
saúde (UBS, NASF, consultório de rua),
diferentes modalidades de
CAPS(CAPS-AD, CAPSi, CAPS I, II e III), Serviços de urgência e
emergência(UPAS,
emergência,
hospital
qualquer
de
hospital
referência
de
psiquiátrico
urgência
e
de
emergência,
urgência
e
salas
de
estabilização que deve existir em qualquer serviço, UBS pode atender e
encaminhar em seguida, SAMU), Atenção residencial de caráter transitório
(unidade de acolhimento adulto e infantil junto as unidades terapêuticas),
atenção hospitalar, reabilitação psicossocial(PVC- programa de volta pra casa).
A realidade de São Luís é a quantidade insuficiente de CAPS,
dificuldade. Além de nos hospitais gerais não atenderem como deveriam
pacientes em surto psicótico. A portaria de atenção psicossocial só foi baixada
aqui em 2015. Dessa forma precisamos mudar a forma como a sociedade e os
profissionais
8ºDIA (23/07/2015)
MANHÃ:
Ultima dinâmica
Nesse ultimo momento fizemos uma roda e ficamos todos um do lado do
outro, a essa altura da vivência todos já sabiam pelo menos o semblante do
rosto decorado, confesso que sou péssima para nomes, então o facilitador
Bruno Campelo coordenou essa ultima dinâmica. Ela se chama tudo eu vai
volta, então ele iniciou a corrente de carinho, um carinho que deve ser passado
para todos os nossos pacientes, colegas, amigos deve ser passado para nossa
vida inteira. Quando esse carinho de um beijo no rosto passou de pessoa a
pessoa até voltar ao Bruno, esse beijo cheio de significado voltou fazendo com
que a saudade batesse forte ao lembrar de cada dinâmica feita com tanto
carinho.
Eu nunca fui tão abraçada quanto nas dinâmicas feitas nesse VER-SUS
2015.2. Nunca fechei tanto os olhos sem saber o que esperar e sempre vinha
uma reflexão poética, um braço, uma cosquinha, um momento de meditação e
relaxamento. Esses foram dias intensos e de uma coisa tenho certeza, nunca
esquecerei.
Para finalizar a com chave de ouro fizemos um pacto de união e
propagação de conhecimento. Com anéis no centro do círculo que fizemos,
fomos orientados a pegar um anel e falar uma palavra eu nos lembrasse do
SUS e a minha palavra foi persistência. Pois mesmo diante qualquer
adversidade devemos persistir em fazer nosso melhor como profissionais,
éticos,
competentes,
humanizados
e
principalmente
profissionais
que
acreditam nesse sistema, apaixonados pela saúde coletiva, mas principalmente
apaixonados pelo ser humano.
Em um ultimo dia de muitas meditações sobre o significado da palavra
SUS, VER-SUS, me vem à cabeça uma frase que muito tem haver com nossos
dias enquanto moradores do planeta VER-SUS, que é “Para o trabalho que
gostamos levantamo-nos cedo e fazemo-lo com alegria” William Shakespeare.
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