XXV Encontro Anual da ANPOCS Empresariado, Reformas Econômicas, Custo Brasil e Política Social Ignacio Godinho Delgado Professor Adjunto do Departamento de História da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Doutor em Sociologia e Política pela UFMG Seminário Temático 14 PARA ONDE VAI O CAPITALISMO NO BRASIL? DILEMAS E PERSPECTIVAS DAS EMPRESAS E DOS EMPRESÁRIOS Organizadoras Ana Maria Kirshner (IFCS/UFRJ) e Maria Antonieta P. Leopoldi (ICHF/UFF) (3a sessão : Organizações empresariais e políticas públicas: continuidades e mudanças) 1 O Empresariado, Reformas Econômicas, Custo Brasil e Política Social Ignacio Godinho Delgado 1) Apresentação No texto que se segue, delineamos algumas características fundamentais do Estado Desenvolvimentista brasileiro, indicando as circunstâncias em que se verifica sua crise. Descrevemos, em seguida, as posições desenvolvidas pelo empresariado industrial brasileiro, nos anos 90 do último século, diante da política de abertura comercial e das "reformas estruturais" levadas adiante por diversos países latino-americanos, em meio à afirmação da Nova Política Econômica, que tende a substituir os postulados desenvolvimentistas. Salientamos, por fim, como a abertura da economia e a redução do poder dos trabalhadores assalariados na cena brasileira favorecem a afirmação de um discurso empresarial contrário ao padrão de custeio das políticas sociais ancorado em tributos que incidem sobre a folha de pagamentos das empresas, típico do modelo públicocorporativo de política social, até os anos 80 aceito pelos empresários - ao lado da defesa do predomínio dos impostos indiretos na estrutura tributária - em virtude da possibilidade de transferir seus custos ao conjunto dos consumidores nos marcos de uma economia fechada 1. 2) O Desenvolvimentismo brasileiro e sua crise O “desenvolvimentismo” surge como alternativa, em países de capitalismo tardio, à eventual expansão do “campo socialista", nas brechas do sistema de regulação da economia internacional definido ao final da Segunda Guerra Mundial, em meio à “hegemonia benevolente” dos EUA, condicionada pela competição com a URSS. Basicamente ele envolvia o recurso ao Estado na promoção da industrialização, através da proteção à produção doméstica, da mobilização de fontes de financiamento para a indústria, da criação da infra-estrutura básica para o desenvolvimento, da atuação como produtor em determinados casos e do controle sobre o movimento operário (FIORI, 1994). No caso brasileiro, a opção pela industrialização se fez sem um deslocamento significativo das oligarquias tradicionais do bloco no poder do Estado Desenvolvimentista e sem a transformação radical dos procedimentos clientelísticos de recrutamento para a burocracia de Estado, originários dos elementos patrimonialistas presentes em sua estrutura 1 Este texto é uma versão simplificada das seções iniciais do Capítulo 4 , "Empresariado e Políticas Sociais nos anos 90", do livro Previdência Social e Mercado no Brasil (DELGADO, 2001) 2 (FIORI, 1994; EVANS, 1993; DINIZ, 1978). Por seu turno, a imposição do corporativismo estatal para incorporação dos atores sociais ligados ao desenvolvimento industrial se fez nos termos de uma formato bipartite e setorializado, cujas características fundamentais foram a ausência de organizações abrangentes que representassem empresários e trabalhadores nos órgãos de formulação das políticas de apoio à industrialização, nos quais as elites burocráticas desenvolvimentistas associavam-se a empresários recrutados em caráter individual e/ou como representantes de setores econômicos específicos, excluída a participação dos trabalhadores (DINIZ e BOSCHI, 1991). Diversas são as implicações do arranjo descrito acima que, de modo diferenciado, atravessou diversos regimes políticos no Brasil. Em primeiro lugar, o peso do corporativismo estatal e setorial para intermediação de interesses, associado a um sistema presidencialista imperial, mitigaria a capacidade dos partidos políticos atuarem como instrumentos para canalização e racionalização das demandas dos atores fundamentais da sociedade capitalista, ensejando, em boa parte dos casos, um comportamento irresponsável do Legislativo, destituído de funções governativas (DINIZ, 1997). Em segundo lugar, a prática do “insulamento burocrático” - para constituição de “ilhas de excelência” que dotassem o Estado de capacidade de formulação, imunizada das influências clientelistas acabaria por reduzir a capacidade estatal de implementação das políticas propostas, já que estas não dispunham de sustentação política para sua efetivação, ou tal sustentação tinha que ser buscada por via dos expedientes clientelísticos que se procurava evitar (DINIZ, 1997; NUNES, 1997). Em terceiro lugar, a prevalência das formas de intermediação de interesses que combinavam corporativismo setorial e clientelismo conduziriam a uma significativa balcanização do Estado brasileiro, com o controle de áreas diversas do setor público por grupos privados e a presença de uma grande vulnerabilidade diante de clientelas específicas (FIORI, 1994 ; DINIZ, 1997). Por fim, o padrão compósito de dominação em que se sustentava o Estado Desenvolvimentista brasileiro inibia a possibilidade de imposição de perdas a qualquer grupo que participasse das coalizões que lhe deram sustentação ao longo dos diferentes regime políticos que o encimaram, o que se evidenciava em suas frágeis bases fiscais e na dificuldade em reverter a coalizão de veto, sempre presente quando eram sinalizadas reformas que visassem reverter a profunda regressividade da estrutura tributária brasileira (FIORI, 1994). 3 No âmbito do processo de substituição de importações, premido pela debilidade de sua base fiscal, o Estado brasileiro valer-se-ia recorrentemente do recurso aos empréstimos externos e à inflação, como instrumentos para financiamento do desenvolvimento industrial, o que determinou a ocorrência de crises cambiais sucessivas e a presença de um processo inflacionário crônico (FIORI, 1994). Combinada à presença de um sistema tributário extremamente regressivo, à intocabilidade da grande propriedade fundiária, à absorção limitada da população urbana no mercado de trabalho formal, a trajetória do Brasil rumo a uma moderna economia industrial far-se-ia, pois, associada a uma das mais perversas estruturas de distribuição de renda existentes no mundo capitalista (FIORI, 1994). O desenvolvimentismo brasileiro revelou-se limitado também na criação de um sistema nacional de inovação maduro no país (ALBUQUERQUE, 1995; SILVEIRA, 1999). O processo de industrialização por substituição de importações, marcado pela presença de mecanismos diversos de proteção e de subsídios às empresas, sem a exigência de contrapartidas do ponto de vista do desenvolvimento tecnológico, combinava-se a uma dinâmica do mercado mundial de tecnologia caracterizada pela facilidade na aquisição de bens de capital e na obtenção de licenças de fabricação de bens com conteúdo tecnológico, que vinham, entretanto, acompanhadas de restrições para a realização de pesquisas a partir da tecnologia transferida. Assim, as empresas brasileiras não desenvolveram capacidade inovativa endógena, ao passo que as empresas multinacionais - que concentram boa parte das empresas “de ponta” no Brasil - mantiveram fora do país as atividades de pesquisa e desenvolvimento. Nos anos 80, a ampliação do endividamento externo, reforçado pelo processo de estatização das dívidas contraídas pelas empresas privadas na década de 1970 e ao desenvolvimento da “ciranda financeira”, levaria a capacidade de financiamento da industrialização pelo Estado à exaustão, ao lado da redução progressiva da sua já pequena condição de governança. Mais que uma década perdida, os anos 80 vêm a economia, a sociedade e o Estado no Brasil dentro do que Eli Diniz chamou uma crise de refundação (DINIZ, 1997). Mantida em “marcha forçada” em seu desenvolvimento, desde a irrupção da crise dos anos 70, a economia defrontava-se, ao final dos anos 80, com os desafios da estabilização monetária, além da exigência de redefinição dos mecanismos de financiamento do desenvolvimento, em meio à emergência de um novo paradigma tecnológico e à acentuação das pressões de agências reguladoras internacionais para uma integração mais 4 intensa ao mercado mundial. Por seu turno, o incremento do poder dos trabalhadores industriais - que acompanhava a complementação do processo de industrialização fordista e a definição de um novo marco institucional, em 1988, no qual eram acentuados os direitos sociais, acenavam para, finalmente, a criação de um mercado de massas em que, caso fosse redefinido o sistema tributário, pudesse se sustentar algum tipo de compromisso socialdemocrata no Brasil. Por fim, a diversificação das formas de articulação de interesses e a emergência de demandas de participação, associadas à defesa de elementos de democracia direta nos movimentos sociais, sinalizavam para a necessária reforma de um Estado impermeável às mudanças em curso (BOSCHI, 1987). Ajuste macroeconômico, reforma do Estado, redefinição do padrão de desenvolvimento, alteração nas formas particularísticas e inorgânicas de relação do Estado com o empresariado, apareciam como elementos de um largo consenso que, ao final dos anos 80, envolvia praticamente todas as forças políticas e as elites empresariais e intelectuais no reconhecimento do caráter estrutural da crise vivida pelo país (FIORI, 1993). Naturalmente que tal convergência, não alcançava, para os diversos atores, medidas específicas a serem tomadas, mas criava um ambiente favorável à aceitação, em áreas diversas do espectro político e intelectual do país e na quase totalidade dos meios de comunicação, do programa completo de estabilização, ajuste e reformas institucionais, patrocinado pelos governos dos países credores e pelas principais agências internacionais públicas e privadas. Tais medidas incluíam-se dentro do que Cláudio Salvadori Dedecca denominou a Nova Política Econômica, em oposição às orientações prevalecentes no período desenvolvimentista (DEDECCA, 1997). Seus elementos centrais seriam a abertura comercial, a privatização de empresas e atividades exercidas pelo Estado, a imposição de rígida austeridade fiscal, a desregulamentação das relações econômicas e de trabalho, a focalização das políticas públicas, a vinculação das moedas nacionais ao dólar e a realização de " reformas estruturais" - tais como a administrativa, a previdenciária e a tributária -, como parte do esforço de efetivação de um ajuste fiscal que debelasse as raízes do processo inflacionário, identificadas no déficit público, associado à presença, nos países periféricos, de um renitente “populismo macroeconômico"(DORNRSUCH e EDWARDS, 1991). A derrota da esquerda nas eleições de 1989 consolidou a opção pela Nova Política Econômica no Brasil, sob a égide de uma saída política bonapartista, através da candidatura 5 Collor de Mello, evidenciando, mais uma vez, as dificuldades para uma presença hegemônica da burguesia na sociedade brasileira. Na impossibilidade de se forjar um pacto que assegurasse a recuperação da capacidade de financiamento da industrialização pelo Estado, combinada à efetiva implementação dos direitos sociais definidos em 1988 e à introdução de políticas redistributivas que conduzissem à incorporação de toda a população brasileira num moderno mercado de massas, as proposições de redução do Estado, de abertura e desregulamentação da economia - às quais se acrescentariam, ao longo dos anos 90, as sugestões de flexibilização do mercado de trabalho e de redução dos direitos sociais, agrupados na rubrica do “Custo Brasil” - apareciam como vitais à atração de um novo fluxo de capitais externos, com os quais se imaginava superar os dilemas do financiamento e da reestruturação produtiva da economia brasileira. O alcance tardio do fordismo e do Estado de Bem Estar no Brasil era minado, pois, pela resistência interna à redefinição das bases fiscais do Estado Brasileiro, num sentido progressivo, que se somava às pressões advindas de um novo sistema de regulação no plano internacional, cujo processo de definição iniciara-se na crise dos anos 70, dentro de um quadro marcado pelo desmoronamento do equilíbrio mundial gestado em 1945 e pela emergência de um novo paradigma tecnológico. Soldava-se, pois, a aliança que pretendia impulsionar uma nova “fuga para frente”, desta vez conducente não a uma transfiguração do Estado desenvolvimentista, mas à sua liquidação, numa perspectiva em que a busca da redução do tamanho do Estado é acompanhada de esforços no sentido da retração dos direitos sociais. 3) Abertura Econômica e Configuração de Mercado nos Anos 90 Apesar dos ensaios no sentido da adoção da Nova Política Econômica pelo governo Sarney, esta entrou em cena no Brasil, de forma estridente, ao início do governo Collor, tendo continuidade nos governo Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso. Para seus formuladores, a ela associava-se a pretensão de expor as empresas brasileiras à competição externa, de modo a que buscassem a elevação de sua competitividade, supostamente inibida nos marcos de uma economia fechada (MENDONÇA DE BARROS e GOLDSTEIN, 1997). Os anos 90, de fato, assistem a uma expressiva acentuação da produtividade do setor industrial, ao mesmo tempo em que se verifica uma significativa redução do emprego. As estratégias utilizadas para o aumento da produtividade envolveram o rebaixamento de custos, a ampliação e/ou relocalização da capacidade e redefinições patrimoniais e 6 empresariais. Elas implicavam a dispensa em massa de trabalhadores, em virtude de mudanças organizacionais e gerenciais; a ampliação e/ou relocalização da capacidade, com a incorporação seletiva de novos equipamentos e o aproveitamento industrial das oportunidades abertas pelas políticas de atração de investimentos levadas adiante por estados e municípios, além da realização de transferências, fusões e parcerias. Permanecia ausente, entretanto, a estratégia de aumento da capacidade inovativa das empresas, o que redundaria, conforme Castro, num aumento da produtividade de ímpeto curto, a ser contido no momento em que fosse “amplamente difundido o uso de novos insumos e equipamentos” (CASTRO, 1997, 117). O caráter marcadamente defensivo das estratégias empresariais no processo de restruturação aparece nos levantamentos efetuados pela CNI de 1991 a 1995, orientado para a identificação da perspectiva desenvolvida por líderes industriais das maiores empresas brasileiras diante da abertura comercial (CNI, 1991a, 1992a, 1993a, 1994a, 1995a). Segundo balanço dos levantamentos efetuados pela entidade predominou, desde o início do processo de abertura, a “mesma estratégia de reação”, “com ênfase na racionalização da produção e em programas de qualidade e produtividade” (CNI, 1995 b, 13) (Pressão para cima). Em todas as rodadas da pesquisa da CNI o “aumento do investimento em tecnologia” aparece atrás de iniciativas para a “ampliação dos programas de controle de qualidade”, “racionalização das linhas de produção” e “ampliação do treinamento em recursos humanos”, dentre as “opções de ajuste [que] têm sido ou deverão ser mais freqüentes”, “em razão da abertura comercial”. Do mesmo modo, as empresas consultadas não atribuíam muita importância à “capacidade de pesquisa”, colocada atrás das “qualificação da mão de obra”, "sistema de comercialização”, “investimento em novas máquinas e equipamentos”, “capacidade de engenharia de processos” e “adaptação dos produtos”, permanecendo à frente apenas do “custo da mão de obra”, até 1994, na identificação dos fatores importantes para a competitividade das indústrias “no mercado internacional”, “nos próximos anos”. A abertura da economia, apesar da confiança depositadas pelos formuladores macroeconômicos em seus impactos para a modernização da economia brasileira, não resultou, pois, em uma nova postura, orientada para a ampliação da capacidade inovativa das empresas brasileiras. Por seu turno, as políticas de apoio ao desenvolvimento tecnológico, definidas ao início da década, têm padecido das dificuldades decorrentes do predomínio das medidas de ajuste macroeconômico, com impactos nos gastos públicos, que atingem, em seu 7 conjunto, todo o sistema de ciência e tecnologia brasileiro (SILVEIRA, 1999). Ademais, não parece que tenham conseguido atrair de forma efetiva grande parte das empresas (HIGOBASI, 1998). Se a abertura comercial e as estratégias de reestruturação postas em prática nos anos 90 não foram capazes de gerar um comportamento inovativo nas empresas do País, combinadas à redução do ritmo de crescimento econômico determinaram alterações significativas na configuração do mercado de trabalho brasileiro (MATOSO, 1995; MATTOSO e BALTAR, 1996)2 .Conforme estimativa da CNI, entre 1989 e 1996 o nível de emprego no setor industrial teria se reduzido em 33,9%, “sendo que uma parcela expressiva após o Plano Real, em que pese o crescimento da atividade industrial verificado desde então”. As perdas na capacidade de geração de empregos na indústria acompanham a diminuição do peso relativo do setor no conjunto da economia. Entre 1989 e 1997, o crescimento do PIB agrícola alcançava 19,95%, contra 19,55% do setor de serviços e 12,25% da indústria (CNI, 1997 a). Assiste-se, por outro lado, a uma deterioração crescente das ocupações, com a acentuação do emprego sem carteira assinada, a expansão das atividades por conta própria, a ampliação do desemprego, a elevação do nível de inatividade da força de trabalho nas áreas metropolitanas e o crescimento da ocupação no terciário ou em atividades industriais de baixa produtividade, atuando à margem de diferentes regulamentações (trabalhista, sanitária, tributária etc). Tais circunstâncias afetam negativamente a dimensão estrutural do poder dos trabalhadores assalariados, com reflexos em sua capacidade de organização e de mobilização. É neste quadro que as entidades empresariais brasileiras, diante das pressões decorrentes da redução da proteção à indústria doméstica, desenvolvem iniciativas para buscar a redução do Custo Brasil, nele incluídos os direitos sociais definidos em 1988 e as contribuições sobre a folha de pagamentos das empresas que dão sustentação ao sistema previdenciário brasileiro. 2 Sobre o mercado de trabalho no Brasil dos anos 90, ver também os artigos de Mattoso, J., "Emprego e Concorrência Desregulada" e Baltar, P., DEDECCA, C., HENRIQUES, S. "Mercado de Trabalho e Exclusão Social no Brasil", in OLIVEIRA, C e MATTOSO, J (orgs) (1996) bem como BRANDÃO, S. "Estabilização e 8 4) Entidades da Indústria, Reformas Estruturais e Abertura Econômica As entidades empresariais brasileiras têm apoiado a maior parte dos itens que compõem a agenda da Nova Política Econômica dos anos 90. É possível identificar um largo consenso sobre a política de privatizações, sobre as disposições de desregulamentação da economia e de efetivação das “reformas estruturais”, vistas como fundamentais à atração de capitais externos, à modernização da estrutura econômica brasileira, ao enfrentamento do déficit público e - especialmente as mudanças propostas na estrutura tributária, na previdência social e na legislação trabalhista - ao aumento da competitividade das empresas brasileiras num quadro de redução da proteção dispensada à produção doméstica. No que se refere à abertura da economia, apesar de manifestações genericamente favoráveis, as entidades empresariais desenvolveram, ao longo da década de 90, diversas objeções quanto à sua condução, ao seu timing e aos limites das políticas de apoio às atividades internas, no sentido de dotá-las de condições para suportar o aumento da exposição das empresas às importações e/ou participar competitivamente no mercado externo3. A expectativa de efetivação das “reformas estruturais” conduziu os empresários brasileiros à busca de uma interferência mais efetiva na revisão constitucional prevista para 1993, de modo a impedir a reedição dos reveses sofridos em 1988 (DELGADO, 2000). Para tanto, além das iniciativas efetuadas pelas entidades tradicionais da indústria, foi constituída a Ação Empresarial, articulação liderada por Jorge Gerdau Joahannpeter, do grupo Gerdau, com o propósito de exercer influência junto ao Congresso na defesa das postulações Mercado de Trabalho – Os Limites da Recuperação" e CACCIAMALI, M. "A Globalização e suas Relações com o Mercado de Trabalho" in MARQUES, R. MARQUES, R. M. (org) (1997). 3 Um outro aspecto que sofre a objeção dos empresários é a não substituição dos mecanismos de intermediação típicos do período desenvolvimentista por outros que lhes permitam participar de algum modo da formulação das políticas públicas. Noutros termos, opõem-se à condução da Nova Política Econômica através dos procedimentos típicos do insulamento burocrático. A propósito, ver CNI, 1994b. A resistência dos governos empenhados nas reformas de mercado a tais mecanismos de intermediação, especialmente o governo Fernando Henrique Cardoso, evidencia-se no tratamento dado às câmaras setoriais. Criadas, inicialmente, para harmonização do processo de saída do congelamento de preços no governo Collor, quando este já se encontrava em declínio, foram adquirindo, em maior ou menor escala, a condição de locus para discussão de políticas industriais setoriais. Demonizadas pelos condutores da política econômica do governo Fernando Henrique Cardoso, as câmaras setoriais, em que pese seus limites - e os riscos que envolviam de fragmentação na representação de interesses e na constituição de coalizões distributivas -, desenvolveram-se de modo a configurar um arranjo potencialmente neocorporativo, distinto do modelo bipartite do desenvolvimentismo, por incorporar os trabalhadores e, em alguns casos, consumidores e clientelas de setores de atividade. Se as formulações de Eli Diniz e Peter Evans estão corretas - isto é, além de uma sólida burocracia estatal, a eficiência da ação do Estado exige canais de articulação com a sociedade e os agentes econômicos - as câmaras setoriais poderiam ser um primeiro passo para arranjos que se colocassem à distância das práticas de insulamento burocrático e da penetração privatista no Estado. Ver DINIZ, E. “Câmaras Setoriais e governança econômica” in DINIZ, E. Crise, Reforma do Estado e Governabilidade, Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas, 1997. 9 empresariais (SCHNEIDER, 1997-1998). Com o malogro da revisão, as expectativas empresariais relativas à aprovação das “reformas estruturais” foram reavivadas com a eleição de Fernando Henrique Cardoso, cujo programa de governo era apontado como afinado com as perspectivas desenvolvidas pelos empresários (WAHL, 1994a). Após a vitória de Fernando Henrique Cardoso no pleito de 1994, a CNI divulgava o documento Rumo ao Crescimento - A Visão da Indústria, dirigido “ao novo Governo, ao novo Congresso e à sociedade”. Nele era salientado que "o processo de liberalização comercial desenvolvido desde 1989 foi inevitável e necessário para a geração de uma nova estratégia industrial para o país" . Ponderava-se, entretanto, que chegara o momento "de se construir uma agenda positiva para o setor industrial. A indústria já vive com forte pressão competitiva. O objetivo central desta nova fase deve se localizar na implementação das reformas estruturais que reduzam o ‘Custo Brasil” (CNI, 1994b, 11). Na “nova estratégia de crescimento da economia brasileira” prevista, apontavam-se como seus principais “fundamentos” a “economia de mercado e livre competição”, a “estabilidade macroeconômica”, a “integração à economia internacional”, a manutenção de “regras estáveis”, o “respeito aos contratos”, os “investimentos em educação” e a “integração social e regional”. A superação dos entraves que impediam a obtenção do “crescimento e desenvolvimento sustentável” envolviam a realização das “reformas dos sistemas tributário e previdenciário”, o “fim das restrições à participação do capital estrangeiro”, a criação de um “sistema de relações de trabalho mais centrado na negociação”, a definição de “instituições capazes de gerar responsabilidade fiscal e monetária” e de uma “administração pública profissional e eficiente”, assim como a “eliminação dos monopólios constitucionais e a privatização”. O objetivo de tais mudanças era a criação de um “sistema econômico que estimule a concorrência, a competição, custos baixos de transação e um sistema de preços conectado à economia internacional”. Dentre as “opções estratégicas” estabelecidas figuravam o “aprofundamento da liberalização comercial condicionada à modernização doméstica”, a “prioridade às políticas horizontais (infra-estrutura, educação, informação, metrologia)”, as “políticas setoriais voltadas para a competitividade”, as “exportações como indução à eficiência e à competitividade”, a “capacitação tecnológica” e a introdução de “políticas pró competição” (CNI, 1994b, 8). 10 Em maio de 1995, a CNI e outras entidades de industriais realizavam, em Brasília, o Seminário Custo Brasil - Diálogo com o Congresso Nacional. Seu objetivo, segundo Mário Amato, era “transmitir para a sociedade, para o Congresso Nacional e para os formuladores de políticas que o País perde empregos e investimentos por conta das ineficiências que cercam o ambiente em que as empresas operam”. Conforme Amato, “se este é um problema mesmo em uma economia fechada, ele se multiplica e se agrava numa economia aberta”. Em seguida, alertava que “a primeira mensagem que a Indústria deseja transmitir é a de que parcela expressiva de nossas leis e instituições foram construídas para um regime de economia fechada, ultrapassado no tempo” (CNI, 1995c, 7). O Custo Brasil era, então, apresentado como “um conjunto de ineficiências e distorções que prejudica a competitividade” do setor produtivo brasileiro, “expressas basicamente em uma legislação inadequada e em graves deficiências no provimento de bens públicos”. Dentre os seus principais componentes indicavam-se as “distorções de nosso sistema tributário”, que impunha “sobretaxação ao setor industrial”, redundando em “uma inaceitável tributação sobre as exportações”, e a “legislação trabalhista, dado o excesso e a rigidez de nossos encargos trabalhistas”, que eram acompanhados “da precariedade de nossos sistemas de educação e saúde”. A “obsolescência da infra-estrutura de transportes”, os “custos portuários”, a “deterioração das telecomunicações”, o “estrangulamento do sistema energético” e o “elevado custo de financiamento que caracteriza a economia brasileira” completavam a relação dos componentes centrais do Custo Brasil. Sua redução e a realização das reformas constitucionais, segundo o documento, encontravam “um grau de superposição elevado”, uma vez que “uma parcela do Custo Brasil advém dos monopólios estatais estabelecidos na Carta Magna, onde estão expressas, em parte, as legislações tributária e trabalhista que precisam ser modificadas” (CNI, 1995c, 13-14). Em 1996, acentuavam-se as pressões das entidades da indústria em favor das “reformas estruturais” e da redução do Custo Brasil. Em 25 de maio, “Dia da Indústria”, a CNI e as federações industriais realizaram a “Marcha sobre Brasília” e o “Encontro Nacional da Indústria”, reunindo 3.000 empresários (SCHNEIDER, 1997-1998). Foram divulgados os documentos Custo Brasil, reiterando as formulações do ano anterior, e Brasil Industrial - Competitividade para Crescer, onde assinalava-se que "lentidão com que as reformas previdenciária e administrativa estão sendo tratadas no Congresso e os sucessivos recuos na sua profundidade e abrangência são inaceitáveis e devem ser imediatamente 11 revertidos" . Só desta maneira era possível " superar os obstáculos hoje existentes à obtenção do equilíbrio estrutural das contas públicas, indispensável à estabilidade de longo prazo" À frente, depois de deplorar a “lenta redução do Custo Brasil”, o documento ponderava que a ampliação do déficit público levara o Executivo brasileiro a uma "falsa armadilha", dada a relutância na redução de despesas, que o conduzia a " maximizar a arrecadação, e, para tanto, resiste a toda e qualquer mudança que possa implicar uma perda de arrecadação, mesmo que transitória". Daí, "o medo de perder receita [que] explica o comportamento vacilante em relação ao projeto de reforma tributária", "tímido e aquém da expectativa dos empresários", embora representasse "algum avanço na direção da desoneração das exportações e do investimento" (CNI, 1996, 3-5). Nos anos seguintes, permaneceriam as críticas à lenta tramitação das “reformas estruturais”. Nesta perspectiva, a FIESP realizaria o “Fórum das Reformas - A Nação Tem Pressa”, em 1997, no qual apresenta o estudo da FIPE: “Quanto Custa para o País a não realização das reformas tributária, da Previdência e administrativa”, que reitera propostas enunciadas pela entidade desde 1992 e pela CNI em 1994(FIESP, 1992; CNI, 1994b, FIESP/FIPE, 1997). Na reforma tributária, sugeria-se a acentuação dos impostos diretos basicamente o imposto de renda - na arrecadação e a redução do número de impostos indiretos - limitados a um tributo incidente sobre o varejo e a impostos seletivos -, além de impostos sobre o patrimônio e sobre o comércio exterior. A reforma administrativa consistia basicamente na “flexibilização da estabilidade” do servidor público e na redução dos gastos com pessoal. A reforma da previdência envolvia a substituição do sistema de repartição simples por um sistema básico obrigatório, organizado segundo o sistema de capitalização, custeado exclusivamente pela contribuição dos trabalhadores, bem como planos complementares, privados, de caráter facultativo. Por fim, seria criado um programa público assistencial para combate à pobreza, financiado com recursos orçamentários, "provenientes de base distinta da folha de salários”. O apoio às “reformas estruturais" não conduzia as entidades empresariais, entretanto, à plena aceitação da política de abertura comercial desenvolvida nos anos 90. Logo ao início do governo Collor, a CNI assinalava que esta deveria ser acompanhada de "medidas de estímulo aos setores tecnológicos emergentes", e pedia esclarecimentos sobre "a política oficial para o complexo eletrônico, os parâmetros para revisão da estrutura portuária do 12 país”, sugerindo a criação de “um fórum global para discutir a política industrial” (MANOEL, 1990). No documento Rumo ao Crescimento - A Visão da Indústria, de 1994, a CNI considerava “bem sucedido” o processo de abertura comercial, destacando “sua previsibilidade e constância de propósitos”, mas deplorava a “indesejável ausência de sincronia entre liberalização e reformas estruturais”. Apontava ainda as debilidades na operacionalização do combate às práticas desleais de comércio, a não utilização do Código de Salvaguardas da OMC para proteger a produção doméstica de importações que criassem desequilíbrio para alguns setores e alertava para os riscos da sobrevalorização cambial e da utilização da redução de tarifas para controle da inflação (CNI, 1994b, 52-55). Do mesmo modo, no documento Brasil Industrial - Competitividade para Crescer, de 1996, a CNI observava, reclamando mais rapidez na efetivação das “reformas estruturais” e no ajuste do setor público, que "o Plano Real é um divisor de águas na história recente do País, cujo sucesso no combate à inflação decorre de sua concepção engenhosa e implementação cuidadosa". Entretanto, " o mesmo não se pode dizer da construção de sua sustentação macroeconômica" . Deplorava-se "a excessiva ênfase colocada na âncora cambial-monetária, [que] tem imposto elevados custos à operação normal da economia, [que] que se materializam na perda de produção e emprego", ameaçando "a sobrevivência de muitas empresas do setor produtivo". Mais à frente assinalava que “a política de abertura comercial sofreu um corte importante em 1994”, quando as tarifas de importação, utilizadas “como instrumento auxiliar do governo no combate à inflação”, somaram-se “ao processo de valorização real da taxa de câmbio e ao elevado diferencial de taxas de juros praticadas no mercado externo e interno” na determinação de “um forte crescimento das importações, que culminou com a geração de significativos déficits comerciais ao final de 1994”. Nesta medida, o documento sugeria a correção “de distorções introduzidas na política tarifária”, reivindicando que, “nos próximos passos”, fosse levado “em consideração o estágio das reformas estruturais e do programa de estabilização”, além do aparelhamento do governo para o “combate às práticas desleais de comércio”. Sugeria ainda “reestruturar com racionalidade”, salientando que os “reflexos da abertura comercial e das mudanças tecnológicas se fazem sentir de maneira assimétrica nos diferentes ramos industriais”, o que tornava necessário a adoção de “políticas de reestruturação setoriais coordenadas" (CNI, 1996, 3-9). 13 Manifestações diversas da FIESP seguiriam o mesmo tom dos documentos apontados acima. Assim, em julho de 1994, Luiz Fernando Furlan, diretor do Departamento de Comércio Exterior da FIESP, alertava para a “overdose em defasagem cambial” que estaria caracterizando o Real . Matéria publicada na revista da entidade, por seu turno, assinalava que os exportadores “compreendem que se queira usar o câmbio para, agitando o fantasma das importações, melhor controlar os preços no mercado interno”. Entretanto, “o que os exportadores não entendem é a demora do governo em lhe dar uma compensação por este sacrifício” (FIESP, 1994a) . Além disto, o ritmo no processo de redução das tarifas de importação motivava reações de insatisfação. Em setembro de 1994, medidas nesta direção tomadas por Ciro Gomes foram recebidas com matéria de capa na revista da FIESP, onde pontificava a chamada “Alíquota Mortal: Abertura Indiscriminada das Importações Ameaça a Indústria”. No texto da matéria principal da publicação observava-se que os industriais paulistas, “que manifestamente não se opõem à abertura do mercado”, consideravam “imprudente alterar abruptamente alíquotas sem que as reformas fiscal, tributária e da previdência tenham sido implementadas” (FIESP, 1994b, 4). Já em 1996, a revista da FIESP aplaudia as portarias que elevaram as alíquotas de importação de produtos como automóveis, brinquedos, calçados e têxteis, assinalando que “quatro anos de abertura irrestrita às importações levaram ao equívoco de que o uso de qualquer medida de proteção à indústria nacional colocaria o país na contramão da economia mundial” (FIESP, 1996, 7). No limite, embora a defesa das “reformas estruturais” aparecesse como o tema central das publicações da FIESP, as críticas às políticas cambial e de juros e as objeções à condução do processo de liberalização comercial ganhavam também destaque, refletindo as inquietações de diversos setores industriais. As restrições à condução do processo de liberalização comercial e à política de câmbio e juros, posta em prática a partir de 1994 apareciam também, com maior ou menor intensidade, nos pronunciamentos e publicações das entidades paralelas da indústria. A Associação Brasileira da Indústria Têxtil (ABIT) chegou a falar em “chacina industrial”, referindo-se à situação do setor (ABIT/SINDITÊXTIL, 1996). Documento da Associação Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM) assinalava, referindo-se a período anterior ao Real, que “no intervalo de três anos e meio o Brasil abriu a sua economia (...) sem que se tenha observado a indispensável preparação prévia da infra-estrutura operacional do 14 governo” Por seu turno, “durante a primeira fase do Plano Real, a indústria teve que conviver com a manipulação das tarifas aduaneiras como instrumento acessório de combate à inflação” (ABIQUIM, 1996). Já o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (ABIMAQ), Sérgio Magalhães, no início de 1997, assinalava que a participação crescente dos importados no consumo interno de máquinas e equipamentos mecânicos estava “deprimindo cada vez mais a produção interna” e indicava como um dos fatores responsáveis por este quadro a “supervalorização do real” (TORRICO, 1997). Documento da ABINEE observava, em relação ao Real, que a queda dos preços e a explosão do consumo - “pontos favoráveis do programa”- foram acompanhados pelo desequilíbrio das contas externas e das contas do setor público”. Por seu turno, o “eqüacionamento de tais desequilíbrios vem ou vinha sendo protelado: o primeiro pelas condições internacionais de liquidez, e o segundo pela espera do melhor momento político”. O resultado é que “na situação atual [dezembro de 1997] estamos muito ou totalmente dependentes da situação financeira internacional, por mais que equacionemos os problemas internos” (ABINEE, 1997). Um dos mais contundentes diagnósticos da política de abertura comercial, e da política cambial que a aprofunda a partir de 1994, viria do IEDI. Ao final de 1998, já sob o impacto das crises asiática de 1997 e da Rússia de 1998 , que sinalizaram para a mudança da política cambial estabelecida no início do Plano Real, a entidade perfilava dentro do que Gustavo Franco definiu como uma “coalizão de poderosas opiniões [que] sustentava, já de algum tempo, que uma alteração na política cambial permitiria uma redução mais agressiva dos juros e mais crescimento” (FRANCO, 1999). Segundo o IEDI, a política cambial praticada desde 1994 “concedeu um incentivo ímpar às importações e correspondente desestímulo às exportações [enquanto que] os juros altos restringiram a competitividade das empresas brasileiras devido ao encarecimento da produção interna dos bens destinados aos mercado externo e interno”. Tal política somava-se à rapidez do processo de abertura comercial inaugurado no início dos anos 90 na determinação de uma “substituição de importações às avessas”, em que "setores inteiros, dentre os menos preparados para enfrentar a concorrência internacional e para os quais não foram concedidas as mínimas condições necessárias para competir no mercado aberto, foram rapidamente destruídos". Conforme o documento em tela, "a abertura econômica era um processo inexorável, ao qual o país não teria como evitar e nem poderia fazê-lo, em função das profundas alterações da 15 economia mundial e do atraso que a ‘proteção forçada’ da década de 1980 fizera à indústria". Realizada com rapidez “excessiva”, entretanto, a abertura comercial no início dos anos 90 foi conduzida com “mudanças de regras e dos cronogramas [que] desnortearam os processos de adaptação das empresas”, ao passo que não se definiram “políticas que permitissem criar condições de restruturação e de aumento de competitividade”. Assim, as empresas estrangeiras tenderam a “ampliar seu diferencial competitivo” em relação às brasileiras, por disporem de “possibilidade de captação elástica e a baixo custo de recursos no mercado internacional e de complementar sua linha de produção com importações da própria matriz". Por seu turno, “na segunda metade da década de 90 prevaleceu a postura de que o desenvolvimento viria por si só, bastando a estabilidade macroeconômica, que se tornou a preocupação básica do governo". Desta forma, “apesar do processo de abertura comercial, a economia brasileira está hoje menos inserida na economia mundial do que na década passada” e os “produtos primários têm aumentado sua participação na pauta de exportações. Acentuou-se, da mesma forma, a desnacionalização da indústria brasileira e "no campo da atividade de P&D realizada nas empresas - em que o atraso da indústria brasileira já era acentuado - o retrocesso observado foi significativo com a destruição de unidades inteiras de P&D e dispensa em massa de profissionais e técnicos da área". Postulava-se, portanto, " que a Política de Desenvolvimento Industrial seja novamente colocada como prioritária no nosso Projeto de País" (IEDI, 1998, 6-16). Os pronunciamentos em favor de políticas industriais que fossem contrapostas à “prioridade financeira predominante na orientação das políticas econômicas adotadas, em detrimento da economia real”, como assinalava o IEDI, e que permitissem a adaptação das empresas a um processo de crescente abertura comercial, estiveram também presentes em publicações da CNI e da FIESP (CNI, 1994b; FIESP, 1994c). Não eram contrapostas, entretanto, à estratégia defensiva desencadeada pelas empresas diante da abertura comercial. Em consonância com estas, as entidades empresariais desenvolveriam de forma crescente, à medida que se reduzia a proteção à produção doméstica, a crítica às disposições legais que, no Brasil, estariam, desde 1988, elevando o “custo do trabalho”, entendido como fator crucial para a competitividade das empresas brasileiras, nos marcos de uma economia aberta. 16 5) O Custo do Trabalho A formulação que aponta os encargos sociais como um fator prejudicial à competitividade das empresas brasileiras numa economia aberta à concorrência externa apareceu em documentos das entidades empresariais já nos primeiros anos do processo de liberalização comercial inaugurado no governo Collor. No entanto, em face da recessão que se prolongou até 1992, restringindo as importações, tal formulação não parece ter estado vinculada à atribuição de papel significativo ao “custo da mão de obra” na determinação da capacidade competitiva das maiores empresas brasileiras (CNI, 1991a, 1992,a, 1993a) . Ao final de 1993, entretanto, evidenciam-se sinais de que a percepção empresarial sobre o impacto do “custo do trabalho” na competitividade das empresas estava se alterando. Salientando que o crescimento no “estoque de desempregados” refletia a “grave situação social” brasileira, Mário Amato atribuía este quadro a “uma legislação trabalhista já nem tão adequada à realidade e agravada pelo peso dos encargos sobre a folha de salários” (CNI, 1993b). Em setembro de 1994, já sob a vigência da política cambial que dava sustentação ao Plano Real, Antônio Lanzana, diretor da FIESP, assinalava que "se as empresas exportadoras não estivessem em situação desvantajosa por causa, entre outros motivos, dos encargos sociais, teriam condições de suportar por mais tempo o uso da política cambial como arma de combate à inflação" (Apud WAHL, 1994b). Em dezembro de 1995, levantamento da CNI indicava a ocorrência de um “aumento significativo da importância atribuída ao custo da mão de obra” entre os fatores considerados, para as maiores empresas brasileiras, “nos próximos anos”, determinantes da “capacidade competitiva” “no mercado internacional”. Posicionado em último lugar em levantamentos anteriores, o “custo da mão-de-obra” agora aparecia em terceiro lugar, atrás, pela ordem, da “qualificação da mão de obra” e “investimento em novas máquinas”, e à frente do “sistema de comercialização”, “engenharia de processos”, “adaptação dos produtos”, “capacidade de pesquisa” e “capacidade de design”. Por seu turno, tal como nas rodadas anteriores conduzidas pela CNI, a “estrutura tributária doméstica” era apresentada como “o principal entrave apontado pelas empresas para adaptarem-se ao processo de abertura comercial”. Dentro da estrutura tributária, “as empresas identificaram os tributos sobre a folha salarial (contribuições para o INSS, FGTS) como o principal problema” (CNI, 1995 a, 10). No início de 1996, do mesmo modo, a FIESP divulgava sondagem em que 86% 17 das indústrias paulistas consideravam os encargos sociais como o “primeiro fator que afeta a competitividade das empresas" (WAHL, 1996, 12). A percepção mais acentuada, entre os industriais, do peso do “custo do trabalho” na competitividade das empresas, à medida que se aprofundava a abertura da economia, vem associada à presença mais intensa de formulações com este conteúdo nos documentos e publicações da entidades empresariais. No documento Rumo ao Crescimento - a Visão da Indústria, de dezembro de 1994, faz-se referência, entre as “distorções do sistema tributário brasileiro”, à “elevada taxação incidente sobre a folha de pagamentos, onerando o custo do trabalho e incentivando a informalização e o desemprego (CNI, 1994b). Já em 1995, no documento apresentado ao Congresso Nacional, entre os principais componentes do Custo Brasil figuravam, como vimos, “o excesso e a rigidez de nossos encargos trabalhistas". Neste documento aparecia, pela primeira vez com destaque, a formulação de José Pastore, vinda a público em 1994, que apontava o Brasil como um dos países em que eram mais elevados os encargos sociais incidentes sobre a folha de pagamentos, apesar do baixo custo do trabalho (CNI, 1995c; PASTORE, 1994)4. Formalizava-se assim um entendimento sobre o peso dos encargos sociais para a competitividade das empresas brasileiras que, doravante, acompanharia a maior parte das formulações das entidades empresariais sobre a questão5. A redução dos encargos sociais foi apresentada pelas entidades empresariais como fundamental principalmente para o incremento da competitividade das empresas brasileiras, num quadro de acentuação da concorrência em face da política de abertura comercial. À medida em que o ritmo lento de expansão da economia e a reestruturação das empresas 4 Nas formulações de Pastore, os encargos sociais acresceriam 102% sobre os salários no custo do trabalho. Tal valor é muito mais elevado que o previsto pelo DIEESE, que calcula em 25% o acréscimo dos encargos sobre os salários. Ver DIEESE, S.D. Sobre as diferentes metodologias que informam cálculos tão discrepantes ver SANTOS e POCHMAN, 1998. 5 O abandono, em 1999, da política cambial baseada na paridade entre o real e dólar acentuou a proteção à indústria doméstica e reduziu os pronunciamentos empresariais a respeito do peso dos encargos sociais. Ainda assim, em julho de 1999 a FIESP divulgava nova proposta de reforma tributária, em que, pragmaticamente, buscava destacar aspectos favoráveis aos empresários dos textos em tramitação no Congresso Nacional.. A ênfase é, de novo, a “desoneração da produção, dos investimentos e das exportações”. O destaque é a aceitação do Imposto sobre Movimentação Financeira, desde que operando como mecanismo para adiantamento do pagamento de impostos federais, portanto restituível, e a criação do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), que substituiria o ICMS, IPI, ISS, além do COFINS, PIS e Contribuição Sobre o Lucro Líquido (CSLL). Segundo publicação da FIESP “a proposta procurou evitar, neste momento, a supressão das contribuições dos empregadores e trabalhadores e demais segurados da previdência social, bem como do salário-educação e demais encargos incidentes sobre a folha de salários, mas imprimiu-lhe caráter não cumulativo, de modo que não comprometam a competitividade de nossa economia”. Conforme Horácio Lafer Piva, presidente da FIESP desde o final de 1998, “entendemos que essas contribuições somente poderão ser adequada e consistentemente revistas no âmbito de uma necessária e profunda reforma da previdência social, que não deve tardar”. PAIVA (1999, 5). 18 evidenciavam as dificuldades da indústria para repor os postos de trabalho perdidos ao longo dos anos 90, ela passaria a ser também associada às demandas de flexibilização do mercado de trabalho. No discurso das entidades empresariais esta era apresentada como uma das principais medidas a serem tomadas nas políticas de combate ao desemprego, ao lado dos programas de qualificação dos trabalhadores. No documento Rumo ao Crescimento- a Visão da Indústria, indicado acima, a CNI assinalava que "a criação de empregos requer ações em várias frentes, além da retomada do crescimento nos marcos de uma economia estabilizada. A primeira é a flexibilização do mercado de trabalho brasileiro, criando, ao contrário do que existe hoje, incentivos para a contratação de mão de obra". Além de diminuir a rigidez no mercado de trabalho, "a flexibilização permitirá reduzir o custo da mão de obra, eliminando parte da carga tributária que hoje incide sobre a folha de pagamentos das empresas" (CNI, 1994b, 36). Em 1995, a CNI divulgava o documento Modernização das Relações de Trabalho Princípios e Objetivos. O “roteiro de mudanças” previsto exigia “tratamentos diferenciados para a micro e pequena empresas”, a “reformulação da Seguridade Social”, a “potencialização da educação, da formação e da qualificação profissional e empresarial” e a “extinção do Poder Normativo da Justiça do Trabalho”. O Novo Modelo de Relações de Trabalho buscaria substituir um padrão que favorecia comportamentos antinegociais, em face, principalmente, da facilidade para instalação de dissídios coletivos no direito do trabalho brasileiro. Em relação à geração de empregos, permitiria a redução “dos altos custos referentes ao emprego, que desestimulam a contratação de novos trabalhadores e encorajem o aumento do mercado formal”, embora fosse admitido que a “causas do desemprego e do subemprego no Brasil”, estejam também ligadas "aos fluxos migratórios do campo para a cidade, ao crescimento demográfico e à estagnação da economia; à insuficiência de investimentos nos setores produtivos; às mudanças tecnológicas [e] à desqualificação da mão de obra" (CNI, 1995 d, 7-25). Em 1997, a proposta de flexibilização aparecia com destaque em documento da CNI destinado a avaliar o impacto da abertura comercial e da reestruturação das empresas no emprego industrial. Era assinalado que o “foco principal” dos debates sobre a flexibilização estava vinculado à “cunha interposta por contribuições sociais e impostos entre o salário recebido pelo trabalhador e o custo efetivo do trabalho para o empregador”, muito embora “a flexibilização das regras de contratação e demissão, das jornadas de trabalho e mesmo de 19 alguns direitos dos trabalhadores” apareçam entre os temas que têm sido “objeto de intensa discussão”. Segundo o documento, “esta questão ganhou maior atenção após a redemocratização do país”, quando a “legislação trabalhista foi alterada no sentido de aumentar a proteção e os benefícios aos trabalhadores”, sendo que “o ápice deste processo se deu com a Constituição de 1988”. Postulava, então, uma mudança no sistema de relações de trabalho no Brasil, “que deve deixar de ser estatutário para ser negocial”. Entretanto, "a contratação coletiva não pode funcionar como uma outra forma de engessamento da economia, tal como ocorre nos países que optaram por um nível mais centralizado de negociação", sugerindo-se o predomínio da "negociação descentralizada, em nível de empresa" (CNI, 1997, 22-25). Ao lado da flexibilização do mercado de trabalho, as entidades empresariais destacariam a qualificação profissional como medida importante no combate ao desemprego. Apontada desde o início do processo de reestruturação como uma deficiência significativa que afetava a competitividade das empresas brasileiras, a qualificação requerida dos trabalhadores, dentro das novas formas de organização da produção e em meio à utilização seletiva de equipamentos vinculados ao novo paradigma tecnológico, afastava-se do “sistema da especialização excessiva do passado”, exigindo do trabalhador, “na maioria das vezes, o desempenho de tarefas múltiplas e diversidade de qualificação”. Desta forma, segundo a CNI, " somente é possível atingir este grau de ‘especialização flexível’ através de um sistema educacional básico que dê prioridade à qualidade". Em face disto, a CNI observava que o “sistema educacional brasileiro explicita uma das maiores deficiências brasileiras na capacidade de competir”. Apontava, então, como “linhas de ação” fundamentais a serem observadas pelo poder público, a “universalização do ensino fundamental”, “valorização da atividade de ensino e treinamento”, a “melhoria nos padrões de qualificação dos professores, através de melhores níveis de remuneração e programas de reciclagem”, o reforço do sistema complementar profissionalizante, especialmente através do SENAI, e a criação de programas de reciclagem para adultos. O retreinamento dos trabalhadores era apontado ainda como fundamental no combate ao desemprego, uma vez que "o grau de flexibilidade no mercado de trabalho é função também do nível de qualificação da mão de obra, na medida em que facilita a transferência de trabalhadores entre ocupações, ajudando a reduzir o componente estrutural do desemprego"(CNI, 1994b, 36-38). 20 No documento sobre o Custo Brasil, a CNI observava a necessidade de uma “ênfase absoluta no fortalecimento do ensino básico”, já que “a ausência de uma oferta adequada de serviços de educação e saúde vem transferindo crescentemente para as empresas a responsabilidade de treinar e garantir assistência médica para seus funcionários”, o que acabava “por representar uma parcela expressiva de seus custos” (CNI, 1995c, 24). Já no documento Emprego na Indústria - Evolução Recente e uma Agenda de Mudanças, assinalase que o “treinamento dos desempregados, visando sua recolocação no mercado de trabalho em postos de maior qualificação, é uma das principais políticas destinadas a reduzir o desemprego”, na medida em que acentua a empregabilidade dos “segmentos mais vulneráveis da população”. Entretanto, o documento concluía, de forma pessimista, que "apesar da quase unanimidade que cerca a idéia de educação e treinamento, é preciso não esquecer que as experiências de programas de treinamento têm se mostrado pouco efetivas para reduzir as taxas de desemprego, notadamente na Europa" (CNI, 1997, 29). A referência à empregabilidade no documento da CNI salienta os limites das formulações que incluem a formação profissional - mesmo que modificada para atender aos requisitos determinados pela absorção, ainda que parcial, do novo paradigma tecnológico nas políticas de combate ao desemprego. Como por si só a formação não é capaz de gerar vagas que substituam aquelas que foram perdidas no processo de reestruturação, ela é importante apenas para melhorar a posição dos indivíduos na fila do trabalho, dotando-os de um diferencial competitivo em relação aos indivíduos não qualificados (THUROW, 1975). Para os empresários, a ênfase na formação profissional associava-se à necessidade de disseminar um fator escasso que o fordismo tardio brasileiro não havia exigido dos trabalhadores: a educação básica. Com isto, podiam reduzir um elemento importante do custo do trabalho, mas não assegurar a expansão do emprego. A flexibilização do mercado de trabalho, do modo como é sugerida pelas entidades empresariais, tampouco parece capaz de influir nas taxas de emprego, embora talvez afete os níveis de formalização daquele - num quadro de erosão de direitos - mesmo que não alterada a pequena condição de governança do Estado brasileiro. Em diversos momentos, as entidades da indústria alertaram para a pequena capacidade de geração de empregos que acompanha os novos investimentos, ainda que assimilem apenas parcialmente o novo paradigma tecnológico. Nesta medida, a flexibilização acabaria por operar como instrumento para o 21 aumento das horas trabalhadas e para a acentuação da rotatividade do trabalho. A segunda especialmente é contraditória com os requisitos de envolvimento, identificação com a empresa, exercício de funções diretivas que são, com freqüência, associados às características exigidas no “novo perfil” dos trabalhadores. Tais características seriam alcançadas com a adoção de formas funcionais de flexibilidade e não numéricas, como as que derivam das disposições do empresariado6. Nesta medida, a demanda pela flexibilização parece corresponder muito mais à preocupação de ver-se livre do passivo trabalhista, que decorre da acentuação das demissões que acompanham o processo de reestruturação do que ao apoio a alguma medida capaz de gerar empregos. 6) Conclusão No Brasil, o empresariado esteve sempre distante dos postulados do liberalismo, seja quando postulava políticas de proteção à indústria, seja na proposição de papel supletivo para o Estado no processo de industrialização, seja na aceitação de uma estrutura pública e corporativa de proteção social. A crise do desenvolvimentismo, a acentuação do poder de classe dos trabalhadores nos anos 80 e a ampliação dos direitos sociais na Carta de 1988 fizeram com que o empresariado brasileiro absorvesse, ainda que parcialmente, as proposições das agências reguladoras internacionais, em rápida conversão aos postulados neoliberais, aceitando a condição de sócio menor numa coalizão liderada pelos segmentos financeiros do capital e soldada pelas prescrições das agências internacionais que divulgam os postulados da Nova Política Econômica. A política de abertura da economia sem constituição de um efetivo sistema nacional de inovações, torna as empresas brasileiras extremamente vulneráveis à concorrência externa e propensas a buscar nas linhas de menor resistência – o custo do trabalho – a elevação de sua competitividade. Tal disposição tem conduzido o empresariado ao rechaço do modelo público-corporativo que aceitou no período desenvolvimentista e à defesa da privatização da política social brasileira. Proclamações de fé no potencial de empregabilidade da educação e uma marota confiança na capacidade de inclusão do crescimento econômico e do mercado também aparecem no discurso das entidades empresariais, embora, com freqüência, estas salientem os limites para a ampliação 6 Sobre a distinção entre flexibilidade funcional e flexibilidade numérica ver BALTAR, P. E. A e PRONI, M. W. “Sobre o regime de trabalho no Brasil : rotatividade da mão-de-obra, emprego formal e estrutura salarial” in OLIVEIRA e MATTOSO, 1996. 22 da ocupação na indústria, mesmo com a desregulamentação do mercado de trabalho, dada a absorção seletiva do novo paradigma tecnológico. A instituição de um modelo público-universalista de política social ocorreu em países de economias abertas na presença de um forte movimento operário (DELGADO, 2001). Com base numa estrutura tributária assentada primordialmente em impostos gerais e diretos, envolveu, também, formas variadas de concertação entre os agentes econômicos, a ação reguladora do Estado Nacional e a busca de capacidade endógena de inovação, que asseguravam competitividade às empresas domésticas. No Brasil, a redução da incidência dos tributos que recaem sobre a folha de pagamentos das empresas, em favor da ampliação da presença de tributos gerais e diretos no custeio das políticas sociais, poderia pavimentar a orquestração de um novo concerto nacional, com a minoração do peso de que dispõem os tributos indiretos na economia, tal como advogado pelas entidades empresariais. Num quadro marcado pela redução do peso dos trabalhadores na cena política do país, esta é uma janela de oportunidade que dificilmente se abrirá e uma alternativa que tende a ficar longe das opções de escolha do empresariado. Referências Bibliográficas ALBUQUERQUE, E. (1995) Sistemas de Inovação, Acumulação Científica Nacional e o Aproveitamento de "Janelas de Oportunidade": notas sobre o caso brasileiro, UFMG/CEDEPLAR, ( Dissertação de Mestrado). BOSCHI, R e DINIZ, E. (1991) “O Corporativismo na Construção do Espaço Público” in BOSCHI, R. (org) Corporativismo e Desigualdade - A Construção do Espaço Público no Brasil, Rio de Janeiro, Rio Fundo/IUPERJ. BOSCHI, R. (1987) A Arte da Associação - Política de Base e Democracia no Brasil, São Paulo/Rio de Janeiro, Vértice/IUPERJ. CASTRO, A. B. (1997) “O Plano Real e o reposicionamento das empresas”, todos in VELLOSO, J. P. (Coordenador) Brasil: Desafios de um País em Transformação, Rio de Janeiro, José Olympio Editora. DEDECCA. C. S. (1997) “Brasil e México : racionalização econômica e emprego”, Cadernos do CESIT, Campinas, UNICAMP, Março. DINIZ, Crise, Reforma do Estado e Governabilidade, Rio de Janeiro, Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1997. DELGADO, I. G. (2000) "Empresariado e Direitos Sociais na Constituição de 1988", in Locus, 10, Juiz de Fora, EDUFJF. DELGADO, I. G. Previdência Social e Mercado no Brasil, São Paulo, LTr, 2001. DIEESE,“O Polêmico Peso dos Encargos Sociais no Brasil”, http://www.dieese.org.br. DINIZ, E., (1978) Empresário, Estado e capitalismo no Brasil. Rio de Janeiro, Paz e Terra. 23 DORNSBUSCH, R. e EDWARDS, S. (eds) (1991) The Macroeconomics of Populism in Latin America, Chicago, University of Chicago Press. EVANS, P. (1993) “O Estado como Problema e como Solução” in Lua Nova, São Paulo, Número 28/29. FIORI, J. L, (1997)“Globalização, hegemonia e império” in FIORI, J. L. TAVARES, M. C. e FIORI, J. L., Poder e Dinheiro - uma economia política da globalização, Petrópolis, Vozes. FIORI, J. L. (1994)“O Nó Cego do Desenvolvimentismo Brasileiro” in CEBRAP, Novos Estudos, Número 40, Novembro. FRANCO, G. (1999)“O Governo segue seu rumo, e eu, o meu” , Folha de São Paulo, 09/03/1999, pp 9-10 (Discurso pronunciado na transmissão do cargo de presidente de Banco Central para Armírio Fraga). MARQUES, R. M. (org) (1997) Mercado de Trabalho e Estabilização, Cadernos PUC de Economia, Número 4, São Paulo, EDUC. MATTOSO, J. E. e BALTAR, P. E. (1996)“Transformações estruturais e emprego nos anos 90” in UNICAMP/Instituto de Economia, Cadernos CESIT, Número 21, Campinas, Outubro. MATTOSO, J. (1995) A Desordem do Trabalho, São Paulo, Scritta. NUNES, E. (1997) A Gramática Política do Brasil, Rio de Janeiro/Brasília, ZAHAR/ENAP. MENDONÇA DE BARROS, J. R. E GOLDSTEIN, L. (1997) “Avaliação do processo de reestruturação industrial brasileiro” in Revista de Economia Política, V. 17, Número 2. OLIVEIRA, C. A. B., e MATTOSO, J. E. L. (orgs) (1996) Crise e Trabalho no Brasil, São Paulo, Scritta. PASTORE, J. (1994) Encargos Sociais no Brasil e no Exterior – U|(ma avaliação Crítica,Brasília, Edições SEBRAE. SANTOS, A. L. e POCHMAN, M. (1998)“Encargos Sociais no Brasil : uma nova abordagem metodológica e seus resultados” in Cadernos CESIT, Número 26, CESIT/UNICAMP. SCHNEIDER, B. R. (1997-98) “Organized Business Politics in Democratic Brazil.” Journal of Interamerican Studies and World Affairs 39, no. 4, Winter. SILVEIRA, C. E. F. (1999) “Tecnologia e Competitividade na Economia Brasileira” in COSTA, C. A e ARRUDA, C. A. (orgs) Em Busca do Futuro - A Competitividade no Brasil, Rio de Janeiro, Campus. THUROW, L. C. (1975) Generating Inequality, New York, Basic Books. Documentos Empresariais ABIQUIM (1996) A Competitividade da Indústria Química Brasileira, São Paulo. ABIT/SINDITÊXTIL (1996) Carta Têxtil, Número 1657, abril. CNI (1991a, 1992a, 1993a, 1994a, 1995a) Abertura Comercial e Estratégia Tecnológica: a visão dos líderes industriais brasileiros, Rio de Janeiro. CNI, (1993b)“Carga Pesada” in CNI, Indústria e Produtividade, Número 280, Dezembro. CNI (1994b)Rumo ao Crescimento - A Visão da Indústria, Rio de Janeiro, CNI . 24 CNI, (1995b)“Pressão para cima”, Indústria e Produtividade, Número 295, Dezembro. CNI, (1995c) Seminário Custo Brasil - Diálogo com o Congresso Nacional, Rio de Janeiro, CNI. CNI, (1995d) Modernização das Relações de Trabalho - Princípios e Objetivos . CNI, (1996) Brasil Industrial - Competitividade para Crescer. CNI (1997) Emprego na Indústria - Evolução Recente e uma Agenda de Mudanças, Rio de Janeiro. FIESP (1992) “Uma Proposta de Reforma Tributária e de Seguridade Social” in Revista da Indústria, Número 4, Outubro/Dezembro. FIESP (1994a) “Câmbio fixo e tributos são ameaça às exportações” in FIESP, Notícias, Número 68, Julho. FIESP, (1994b)“Erro de Método” in FIESP, Notícias, Número 72, Setembro. FIESP (1994c) Inserção do Brasil na Economia Mundial e Abertura de Mercado. FIESP (1996) “O que é bom para os EUA é bom para o Brasil”, in FIESP, Revista da Indústria, Número 2, Julho de 1996. FIESP/FIPE (1997) ”Quanto Custa para o País a não realização das reformas tributária, da Previdência e administrativa” in FIESP/CIESP Fórum das Reformas A Nação tem Pressa : o Custo do Atraso, São Paulo, FIESP/CIESP, junho. HIGOBASI, D. (1998) “As Barreiras contra o desenvolvimento tecnológico” in FIESP, Revista da Indústria, Número 97, Agosto. IEDI, Trajetória Recente da Indústria Brasileira, 1998. MANOEL, A. (1990) “Empresários querem melhor definição da política industrial” in CNI, Indústria e Produtividade, Número 257, Setembro. PAIVA . P (1999). “Chega de exportar impostos” in FIESP, Notícias, Número 15, Julho. TORRICO, R. (1997) “Um Corte Fundo na Carne” in Revista Abimaq, Número 41, Janeiro/Fevereiro. WAHL, J (1994a) “Pontos em Comum, FIESP-Notícias, Número 80, outubro. WAHL, J. (1994b) “Carga Sufocante” in FIESP, Notícias, Número 75, Setembro. WAHL, J. (1996) “O Emprego Mudou. Falta Mudar a Lei” in FIESP, Notícias, Número 142, Março.