(Linnaeus, 1973) no município de Santarém Novo, Pará

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Caracterização socioeconômica da atividade
pesqueira do Caranguejo-uçá Ucides cordatus
(Linnaeus, 1973) no município de Santarém
Novo, Pará
O município de Santarém Novo/PA abrange grande diversidade
ecológica de diferentes espécies e uma delas que se destaca é o
caranguejo-uçá Ucides Cordatus (Linnaeus, 1973), que tem grande
relevância e valor socioeconômico para os moradores do município
Santaréno, o município de Santarém Novo está localizado na região
Nordeste do estado do Pará latitude “00º55'44" sul, longitude
"47º23'49" oeste, estando a uma altitude de 30 metros.
Figura 1: Mapa do Município de Santarém Novo/PA, Brasil
Fonte: IBGE
O município de Santarém Novo possui grandes áreas de manguezais
que são utilizados pelos moradores do município de varias formas de
subsídios e uma delas é adquirida através da extração e
comercialização do mesmo. Os manguezais são monitorados pelo
(ICMBIO) e pela reserva extrativista (Marinha Chóacare Mato grosso).
No estado do Pará, a comercialização e a captura do caranguejo-uçá,
vem beneficiando varias famílias, sua carne representa fonte de
renda para uma parcela de famílias que necessitam desta para sua
fonte de renda. No município de Santarém Novo, muitos catadores de
caranguejo utilizam a captura do Ucides Cordatus para aumentar sua
renda ou sua renda depende da extração do caranguejo-uçá, mas sua
captura vem ocasionando um desequilíbrio na espécie devido a varias
formas de captura que são feitas por catadores desinformados na
região.
Os manguezais são ecossistemas costeiros situados em zonas
tropicais que apresentam uma combinação complexa de aspectos
bioecológicos (Nascimento Et. al; 2011).
Devido à grande importância socioeconômica do caranguejo-uçá,
associada ao aumento do esforço de pesca sobre o recurso, é
crescente o interesse de vários segmentos da sociedade na proteção,
no gerenciamento pesqueiro e no extrativismo sustentável que possa
promover um ciclo de reprodução da espécie sem que haja danos ao
mesmo, possibilitando homem x natureza entrar em equilíbrio
harmonioso.
O manguezal é considerado no Brasil, como área de preservação
permanente incluído em diversos dispositivos constitucionais
(constituição
federal
e
constituição
dos
estados)
e
Infraconstitucionais
(leis,
decretos,
resoluções,
convenções)
(schaeffer-novelli,1994).
De acordo com Nordhaus Et. AL; (2006) a espécie atua no
processamento da serrapilheira.
Os manguezais são considerados áreas sob pressão pelo constante
aumento da exploração de seus recursos, e, nesse contexto, a criação
de Unidades de Conservação aparece como uma estratégia que visa a
minimizar este impacto (MENEZES; MEHLIG, 2009).
Figura 2: Exemplar de Ucides Cordatus (Linnaeus, 1973)
Fonte: Arquivo pessoal de Caranguejo-uçá
Conforme Farias (2012), esta espécie desempenha importante papel
ecológico na cadeia alimentar, na oxigenação e drenagem dos
sedimentos e nos ciclos biogeoquímicos de diferentes elementos.
O caranguejo-uçá Ucides cordatus (Linnaeus, 1763), é típico do
ecossistema manguezal, onde habita tocas cavadas no sedimento da
zona entre marés (Schmidti, 2012).
Jablonski
(2010),
a
captura
do
caranguejo-uçá
consiste
provavelmente em uma atividade antiga de extrativismo em
manguezais, ocorrendo em grandes escalas no Pará, Maranhão, Piauí,
Rio Grande do Norte, Sergipe, Bahia e também em volumes menores
nos estados do espírito santo, Rio de janeiro, são Paulo, Paraná e
Santa Catarina.
O caranguejo Ucides cordatus vem proporcionar grande fonte de
alimento e renda para as famílias que utilizam o mesmo como
importância socioeconômica para gerar renda nas comunidades que
utilizam o caranguejo-uçá para sua extração.
Conforme IBAMA (1994), Glaser e Diele (2004), Passos e Di Benedito
(2005), este recurso pesqueiro serve como fonte de alimento e renda
para um grande contingente humano que se ocupa de sua extração e
comercio.
Segundo Santos e Coelho (2000), dentre as espécies bentônicas que
vivem nos manguezais, os crustáceos estão bem representados,
sendo o grupo animal mais abundante nos ambientes estuários,
podendo ser encontrados em bancos de ostras, associados às raízes,
em alagadiços de água salobra e em superfícies sombreadas ou
ensolaradas. São importantes não só por abundancia, como por
outras funções ecológicas que desempenham, a fauna do caranguejo
é mais notável nos manguezais e estuários e as formas cavadoras
proporcionam a oxigenação e a drenagem do solo.
Segundo Melo (1996), Ucides cordatus distribui-se no litoral da
America ocidental na Florida, Golfo do México, America Central,
Antilhas, Norte da America do Pará ate o estado de Santa Catarina.
Conhecido popularmente como caranguejo-uçá, castanhal ou
caranguejo verdadeiro, a espécie constrói tocas largas e
relativamente rasas em ambientes pantanosos de água salobra, entre
as raízes de arvores de mangue (Melo, 1996).
O caranguejo-uçá é um importante alimento apreciado e utilizado na
culinária de varias famílias. Sua carne apresenta elevador valor
protéico (72%), bem como reduzido teor de gordura (1%)
(Blankensteyn Et aL; 1997).
Os manguezais são identificados como uma unidade ecológica da qual
desempenham dois terços da população pesqueira do mundo, alem
de contribuir para a geração de empregos e renda nas comunidades
pesqueiras que vivem nessas áreas de preservação permanente,
ocorrem predominante mente, nas zonas litorais das regiões tropicais
e subtropicais, caracterizando-se como um dos ambientes mais
produtivos do mundo, beneficiando direta ou indiretamente os
ecossistemas adjacentes, bem como as comunidades a que eles
utilizam, pois eles fornecem recursos (como por exemplo, madeiras,
fármacos, tinturas peixes, crustáceos, moluscos entre outros e
serviços ambientais ao homem). (Canestri; Riuz, 1973)
A espécie Ucides cordatus (Linnaeus, 1973), é um caranguejo semiterrestre pertencente a família ocypodidade conhecido como
caranguejo-uçá, ou caranguejo verdadeiro; que vivem entocado em
galerias individuais onde aproximadamente 1m de profundidade
construídas sobre áreas de mangue, pois ao fazer suas tocas revolver
os solos mais profundos e oxigenando e distribuindo nutrientes, que
depois serão levados para o mar com as cheias e vazantes das
marés. Esta espécie se alimenta das folhas que caem das arvores dos
mangues, que são ricas em compostos fenóticos de baixa
degrabilidade, ao final de sua digestão devolver para o ambiente
matéria orgânica rica em nutrientes que sustentam uma intrigada
teia trófica, além disso, ao estocar suas folhas em suas galerias,
mantém a matéria orgânica retida no manguezal, evitando sua
deportação imediata através do ciclo das mares, espécimes adultas
possuem poucos predadores naturais, tais como, macacos, guaxinins,
garças e falcões (Koch, 1999), a captura para o consumo é, sem
duvida a mais importante forma de pressão e predação sobre a
espécie (Diele, 2000).
No Brasil, captura do caranguejo-uçá é uma das atividades
extrativista mais antiga de manguezais, (Pinheiro e Fiscareli, 2001).
Informações sobre a biologia do caranguejo-uçá sobre aos
componentes bióticos e abióticos que integram o ecossistema nos
quais vivem associadas aos conhecimentos empíricos das populações
ribeirinhas poderão fornecer subsídios para o aprimoramento da
regulamentação da captura da espécie, permitindo a elaboração de
planos de gerenciamento de seus estoques naturais. De acordo com
Nordi (1994) e Poizat e Barau (1997), este tipo de conhecimento
Pode ser usado como um estágio preliminar da investigação
ecológica, o saber popular (tradicional) pode de esta forma subsidiar
planos de manejo, visando uma exploração sustentável, sobre tudo
daqueles recursos mais fortemente explorados.
Os manguezais do município de Santarém Novo, ocupa uma área de
aproximadamente ------- são formados por espécies de plantas do
gênero, Lagunculia, Rhizofhora e Avicenia. As maiores áreas de
manguezais estão situadas nas comunidades que fazem parte do
município de Santarém Novo que pertencem a reserva (Resex)
Marinha Choacaré Mato Grosso as margens do rio maracanã que
deságua no oceano Atlântico.
As reservas extrativistas são áreas de domínio público e sendo assim,
dependem de uma Concessão Real de Uso do Território destinado à
reserva que é outorgada à comunidade, tendo em vista o agir
coletivamente na busca dos interesses da coletividade. A comunidade
outorgada passa a ser responsável pelo gerenciamento do território
em conjunto com o IBAMA.
De acordo com o conselho nacional das populações extrativista (CRS)
foram criadas até o ano de 2009, cinqüenta e três Resex federais na
Amazônia, sendo vinte delas só no estado do Pará, das quais, nove
são reservas marinhas, ou seja, espaço onde as atividades estão
voltadas predominantemente para a pesca (Meireles, 2011), com
destaque para os catadores de caranguejos.
Apesar da atividade extrativista do caranguejo ser uma das mais
antigas na costa do Brasil, os coletores de caranguejo geralmente
ficam à margem na participação em organizações e associações de
produtores e pescadores. A maioria dos coletores não possui registro
e documentação (IBAMA, 1995; IVO et al., 1999; ALVES; NISHIDA
2002). São pessoas simples, de baixo poder aquisitivo. Grande parte
sobrevive dessa atividade, por tradição, por serem filhos e netos de
coletores, por falta de opção, de oportunidade, e outra parte, em
período temporário, atua nessa área quando estão desempregados,
abandonando-a
quando
encontram
outras
atividades
(VASCONCELOS; COUTO 2001).
A captura do Caranguejo-uçá, sobre sai através de meios que são
prejudiciais e não prejudiciais. Muitos utilizam os mesmo locais para
captura e os materiais utilizados para sua extração são o (gancho,
laços e captura na época da reprodução).
Devido à extração do caranguejo-uçá ser explorada de forma
inapropriada prejudicando o ecossistema dos manguezais do
Município de Santarém Novo. Pensando nisso a Reserva Extrativista
Chocoaré-Mato Grosso que é constituída de terras de propriedades do
Governo Federal. Foi criada pelo decreto S/N, de 13.12.2002, para
assegurar o uso sustentável e a conservação dos recursos naturais da
unidade, protegendo os meios de vida e a cultura da população
extrativista local, de aproximadamente 4.500 pessoas.
Para a conservação da biodiversidade, principalmente em unidades
de conservação, são necessários objetivos básicos de manejo, entre
os quais: preservar e/ou restaurar amostras dos diversos
ecossistemas naturais; proteger espécies raras, endêmicas,
vulneráveis ou em perigo de extinção; propiciar o fluxo genético entre
áreas protegidas; preservar e manejar recursos de flora/fauna;
proteger paisagens e belezas cênicas notáveis; proporcionar a
educação ambiental; incentivar a pesquisa cientifica e estudos;
preservar provisoriamente áreas para uso futuro (MILANO, 2007).
Essa forma de captura pode influenciar no tamanho ideal da espécie
no município de Santarém Novo propiciando uma diminuição no seu
estoque, e sendo cada vez mais comercializado e provocando a
inclusão de coletores que aparecem sem conhecer os aspectos ideais
para a captura da espécie, provocando grandes danos ao ecossistema
daquele lugar.
Ostrensk, (2001), relatou que o tamanho comercial do caranguejo
(largura da carapaça superior a 05 cm) é atingido após o quinto ano
de vida, segundo Nascimento (1993), para que o caranguejo-uçá
alcance um bom tamanho comercial ele deve demora em torno de
dez anos, que inviabilizar em alguns anos a comunidade da captura
deste individuo.
De acordo com Pinheiro e Fiscareli (2001), “andada” ocorre nos
meses de maior foto período, temperatura e precipitação
manifestando-se poucos dias após a mudança na fase da lua. De
acordo com os mesmo autores a “andada” pode ocorrer de dezembro
a abril, com uma maior intensidade nas luas cheias a captura do
caranguejo-uçá durante a “andada” é uma pratica fácil e proibida, já
que esta fase é uma das mais importantes do ciclo de vida da
espécie.
De acordo com Pinheiro e Fiscarelli (2001), o caranguejo Ucides.
Cordatus apresenta reprodução sazonal, pois as fêmeas ovígeras
ocorrem em apenas cinco meses do ano (novembro a março).
Pinheiro (2001), relatou que o desenvolvimento embrionário pode
levar em média 18 dias quando mantida a uma temperatura
constante de 27°C.
Objetivo do presente trabalho foi realizar o levantamento do perfil
socioeconômico das atividades pesqueira na extração do caranguejouçá Ucides Cordatus (Linnaeus, 1973) no município de Santarém
Novo. Bem como as ações do meio antrópicos, verificando o processo
de coleta (catação) dos caranguejos, pelos catadores da região junto
a RESEX Marinha Choacaré Mato Grosso, além disso, foi feito um
diagnostico de amostra de famílias de caranguejeiros para verificar se
os mesmo extraem os crustáceos dentro das normas previstas pelo
IBAMA.
Foram feitos questionários referentes às famílias dos catadores do
caranguejo-uçá Ucides Cordatus, com critérios de que as famílias
residissem na área na área da reserva. Esse procedimento foi
adotado para evitar qualquer insegurança ou desconfiança para que
não houvesse ocultação dos dados dos catadores de caranguejos, a
qual era referido ao seu trabalho com perguntas semi estruturadas,
contendo questões abertas e fechadas.
Esse fenômeno teve como conotação pelas comunidades litorâneas,
devido em determinadas épocas do ano os machos e fêmeas saírem
de suas tocas e se deslocarem no manguezal com um único intuito de
deslocamento e reprodução (Nascimento, 1993). O crescimento dos
indivíduos ocorre com a ecdise (troca de carapaça), quando os
caranguejos se aprofundam nas tocas, tornado sua disponibilidade
bastante reduzida.
Segundo Ramos (2002) existe uma relação direta entre produtividade
de pesca e conservação dos manguezais, sendo 2/3 das espécies
peixes economicamente explorados dependem desse ecossistema,
pois grande quantidade de matéria é levada pela maré até as águas
costeiras adjacentes, transformando-se em nutrientes para essa
fauna extrativista e marinha.
Existem catadores que vivem da captura do caranguejo para o
sustento da família, a venda a pequenos comerciantes, restaurantes,
feiras livres e também a atravessadores, que comercializam o
produto nos grandes centros, sendo estes últimos os que mais lucram
com o processo. Essa pressão, sobre sai através da pesca uma
(captura acima do nível de produção), que ao longo dos anos, pode
interferir no tamanho máximo alcançado pela espécie na região
durante sua época de reprodução quando são prédados, além da
diminuição no estoque natural, levando ao aumento do esforço de
pesca, para manter a média de produção. Que pode provocar uma
redução, estar pode sendo ser causada tanto pelos coletores locais
considerados como “tradicionais”, como também através da inclusão
de coletores novos vindos de outras localidades. Grande parte destes
fixa residência no local, competindo pelo recurso, há ainda os
coletores temporários, ou quando estão desempregados. Estes
últimos são chamados “caranguejeiros oportunistas”, uma vez que
entram no manguezal quando precisam complementar sua renda e
por não terem conhecimento da área de captura e dos ciclos locais
enfrentam dificuldades na captura e causam ainda mais danos ao
ecossistema.
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