UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS – MODALIDADE À DISTÂNCIA PLANO DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Caracterização socioeconômica da atividade pesqueira do Caranguejo-uçá Ucides cordatus no município de Santarém Novo, Pará Rubens Dias Paragominas, PA 2016 RUBENS DIAS Caracterização socioeconômica da atividade pesqueira do Caranguejo-uçá Ucides cordatus no município de Santarém Novo, Pará Plano de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Colegiado do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, Modalidade à Distância, da Universidade Federal do Pará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Licenciado Pleno em Ciências Biológicas. Orientadora: Profa Dra Danielly Brito de Oliveira, Instituto de Ciências Biológicas - ICB/UFPA. Paragominas, PA 2016 1. INTRODUÇÃO Manguezal é um ecossistema costeiro, estabelecido na transição entre o ambiente terrestre e marinho, característico de regiões tropicais e subtropicais que estão sujeitos ao regime das marés (SCHAEFFER, NOVELLI,1999). Os manguezais são ambientes importantes para a manutenção de diversos tipos de organismos que vivem nesses locais ou que os usam durante algum período do seu ciclo de vida, quer seja para reprodução, refúgio ou alimentação. Alguns representantes da fauna são residentes permanentes, desenvolvendo seu ciclo de vida exclusivamente em áreas estuarinas e entrando com freqüência nos manguezais. Outros procuram essas áreas para o desenvolvimento das primeiras fases do seu ciclo de vida, motivo pelo qual são consideradas como criadouros naturais de um grande número de espécies marinhas ou dulceaqüícolas (NASCIMENTO, 1999). Segundo Perreira-Filho & Alves (1999), o manguezal desempenha diversas funções naturais de grande importância ecológica e econômica, dentre as quais destacam-se: a proteção da linha de costa, a vegetação desempenha a função de uma barreira, atuando contra a ação erosiva das ondas e marés, assim como em relação aos ventos; renovação da biomassa costeira, como áreas de águas calmas rasas e ricas em alimentos, os manguezais apresentam condições ideais para reprodução e desenvolvimento de formas jovens de várias espécies inclusive de interesse econômico, principalmente crustáceos e peixes, funcionam, portanto como verdadeiros berçários naturais. Além disso, são importantes áreas de alimentação, abrigo, nidificação e repouso das aves, as espécies que ocorrem neste ambiente podem ser endêmicas, estreitamente ligadas do sistema visitantes e migratórias, onde os manguezais atuam como importantes mantenedoras da diversidade biológicas. Uma grande diversidade de espécies utiliza esses ambientes como áreas de alimentação e reprodução, sendo essenciais em seu ciclo de vida, por exemplo, crustáceos e peixes (RONNBACK et al., 1999). Estima-se que aproximadamente dois terços da população pesqueira do mundo ocupem áreas de manguezais, que contribuem para a geração de empregos e renda dessas comunidades (CANESTRI e RIUZ, 1973). Estes ecossistemas estão entre os ambientes mais produtivos do mundo, beneficiando direta ou indiretamente os habitats adjacentes, bem como as comunidades a que eles utilizam, fornecendo recursos (como por exemplo, madeiras, fármacos, tinturas; além de fonte proteica, como peixes, crustáceos e moluscos; entre outros serviços ambientais ao homem) (CANESTRI e RIUZ, 1973). Em virtude da intensa pressão antrópica pelo constante aumento da exploração de seus recursos, a criação de Unidades de Conservação aparece como uma estratégia que visa a minimizar os diversos impactos decorrentes dessa exploração (MENEZES; MEHLIG, 2009). No Brasil, os manguezais são categorizados como áreas de preservação permanente, incluído em diversos dispositivos constitucionais (Federal e Estadual) e infraconstitucionais (leis, decretos, resoluções, convenções) (SCHAEFFERNOVELLI,1994). O município de Santarém Novo possui grandes áreas de manguezais que são utilizados pelos moradores de várias formas, sobretudo pela extração e comercialização de seus recursos. Os manguezais são monitorados pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO), através da criação da Reserva Extrativista Marinha Chocoaré Mato Grosso, constituída a partir do Decreto publicado em 13 de dezembro de 2002 (BRASIL, 2002). De acordo com Santos e Coelho (2000), dentre as espécies bentônicas que vivem nos manguezais, os crustáceos estão bem representados, sendo o grupo animal mais abundante nos ambientes estuarinos, podendo ser encontrados em bancos de ostras, associados às raízes, em alagadiços de água salobra e em superfícies sombreadas ou ensolaradas. Os caranguejos destacam-se pela elevada abundância e importantes funções ecológicas desempenhadas nesses ambientes, como a oxigenação e drenagem do solo (SANTOS e COELHO, 2000). Ucides cordatus (Linnaeus,1763) é um caranguejo semi-terrestre pertencente à família Ocypodidae, conhecido popularmente como caranguejo-uçá, castanhal ou caranguejo verdadeiro, que vivem entocados em galerias individuais com aproximadamente 1m de profundidade em ambientes pantanosos de água salobra, entre as raízes de mangue (MELO, 1996). Esta espécie desempenha importante papel ecológico na cadeia alimentar, na oxigenação e drenagem dos sedimentos e nos ciclos biogeoquímicos de diferentes elementos (FARIAS, 2012), além de atuar no processamento da serrapilheira (NORDHAUS et al., 2006). Ao construírem as suas galerias, contribuem para o revolvimento e oxigenação dos sedimentos, além da distribuição dos nutrientes, que serão posteriormente levados para o mar com as cheias e vazantes das marés (DIELE, 2000). Esta espécie se alimenta das folhas que caem das árvores dos mangues, ricas em compostos fenólicos, ao final de sua digestão, devolvem para o ambiente matéria orgânica rica em nutrientes, sustentando uma intricada teia trófica. Além disso, ao estocar as folhas nas galerias, mantêm a matéria orgânica retida no manguezal, evitando a sua deportação imediata pelo ciclo de marés (KOCH, 1999). Os espécimes adultos possuem poucos predadores naturais, tais como macacos, guaxinins, garças e falcões (KOCH, 1999), sendo a captura para o consumo sem dúvida a mais importante forma de pressão e predação sobre a espécie (DIELE, 2000). A captura do caranguejo-uçá provavelmente consiste em uma das atividades extrativistas mais antigas realizadas em manguezais do Brasil (JABLONSKI, 2010; PINHEIRO e FISCARELI, 2001), ocorrendo em grandes escalas no Pará, Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe, Bahia e também em volumes menores nos estados do Espírito Santo, Rio de janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina; proporcionando importante fonte de alimento e renda para uma grande parcela da população que se ocupa da sua extração e comercialização (IBAMA, 1994; GLASER e DIELE, 2004; PASSOS e Di BENEDITO, 2005). A distribuição dos manguezais brasileiros, segundo Cintrön & Schaeffer– Novelli (1981), ocorre desde o extremo norte, no Amapá (04º20’N) até Laguna, litoral Catarinense (28º30’S), cobrindo 1,4 milhões de hectares (10% do total mundial), dos quais, cerca de 270.000 ha (19,3% do total brasileiro) ocupam as costas do Pará (SENNA; MELLO 1993)..Os maiores manguezais do litoral brasileiro, incomparáveis a qualquer outro, são os localizados em uma faixa contínua de 50 a 60 km de largura, ao longo de todo o litoral dos Estados do Maranhão, Pará e Amapá (FERREIRA, 1989). Segundo Prost e Rabelo (1996) o Nordeste Paraense abriga um dos maiores conjuntos de manguezais do Brasil, a maioria deles desenvolvidos atrás de restingas, praias e dunas, nas margens das baías e dos estuários. Estes autores afirmam ainda que a extensão dos mesmos é favorecida por um clima tropical úmido (precipitação média anual >2000 mm) com curto período seco (3 a 4 meses), ventos regulares, calor constante (temperaturas médias anuais > 20°C), ausência de tempestades e nenhuma ou moderada deficiência hídrica. Na região o clima é influenciado pela umidade, o calor, a penetração profunda das marés nas terras baixas costeiras, assim como a abundância da água doce que favorecem ao desenvolvimento dos manguezais (citação?). No Estado do Pará, o caranguejo-uçá (U.cordatus) destaca-se principalmente como fonte de alimento, compondo a culinária de habitantes de vilas e cidades próximo ou distantes da região litorânea (MACHADO, 2007). Os municípios de Bragança, Viseu, Quatipuru, São Caetano de Odivelas, Soure e Maracanã estão entre as áreas de maior produção paraense de caranguejo, segundo o Estudo Socioeconômico do Centro Nacional de Desenvolvimento Sustentado das Populações Tradicionais - CNPT (2000). No Brasil, apesar dos últimos anos ter ocorrido um significativo aumento nos estudos sobre o Ucides cordatus, entretanto é possível considerar ainda como pouco o número de trabalhos sobre essa espécie, sendo que, a maior parte deles foi executada nos estados do Nordeste, onde é enfocada principalmente a bio ecologia desta espécie. Em relação à reprodução e ao cultivo, as regiões Sul e Sudeste são as que mais têm produzido trabalhos. Na região Norte, especificamente no Estado do Pará, principalmente na Região Bragantina, tem ocorrido um avanço nas pesquisas sobre a biologia, ecologia e comercialização dessa espécie, porém no geral podemos considerar ainda como escassos (SILVA, 2008). O município de Santarém Novo/PA abrange grande diversidade ecológica de diferentes espécies, com destaque para o caranguejo-uçá, que tem grande relevância e valor socioeconômico para a população local. No município, a captura do caranguejo representa a fonte principal ou complementar da renda de muitas famílias (Observação pessoal). No entanto, durante o seu ciclo de vida, a sua captura pode ocasionar grande desequilíbrio no tamanho da sua espécie, proporcionando um valor comercial muito abaixo do esperado, podendo provocar uma reprodução cada vez mais precoce desses espécimes. Devido à grande importância socioeconômica do caranguejo-uçá, associada ao aumento do esforço de pesca sobre o recurso, é crescente o interesse de vários segmentos da sociedade na proteção, no gerenciamento pesqueiro e no extrativismo sustentável que possa promover um ciclo de reprodução da espécie sem que haja danos ao mesmo, possibilitando homem x natureza coexistirem em equilíbrio harmonioso. Figura 1: Exemplar de U.Cordatus (Linnaeus, 1763). Foto: Rubens Dias, 2015. Informações sobre a biologia do caranguejo-uçá quanto aos componentes bióticos e abióticos que integram o ecossistema nos quais vivem associadas aos conhecimentos empíricos das populações ribeirinhas, poderão fornecer subsídios para o aprimoramento da regulamentação da captura da espécie, permitindo a elaboração de planos de gerenciamento de seus estoques naturais. De acordo com o Plano de Gestão para o Uso Sustentável do Caranguejouçá, Guaiamum e do Siri Azul, 11 espécies de invertebrados aquáticos estão inclusas (IBAMA, 2011). Dentre os objetivos propostos no referido plano, está incluso promover a recuperação e a manutenção dos estoques naturais de caranguejos e siris constantes na instrução normativa MMA Nº 05, de 22 de Maio de 2004 de seus habitats na costa brasileira (IBAMA, 2011). De acordo com Nordi (1994) e Poizat e Barau (1997), este tipo de conhecimento pode ser usado como um estágio preliminar da investigação ecológica, o saber popular (tradicional) pode, desta forma, subsidiar planos de manejo, visando a uma exploração sustentável, sobretudo daqueles recursos mais fortemente explorados. Os manguezais do município de Santarém Novo ocupam uma área de aproximadamente 2.783.16 hectares, partindo do ponto 01, de coordenadas geográficas aproximadas 47°22.52” WGr e 0º49’55.68”, localizado no Rio Maracanã, onde converge as fronteiras dos municípios de São João de Pirabas e Maracanã, com base na carta Topográfica MI 338 (IBGE, 2002), sendo constituídos por espécies vegetais de Laguncularia, Rhizophora e Avicennia. As maiores áreas de manguezais estão situadas nas comunidades que fazem parte da Reserva Extrativista Marinha Chocoaré Mato Grosso, (Decreto nº 4.340, artigo 01, de 22 de agosto de 2002) ás margens do Rio Maracanã, que deságua no Oceano Atlântico. As Reservas Extrativistas são áreas de domínio público e dependem de uma Concessão Real de Uso do Território destinado à reserva que é outorgada à comunidade, tendo em vista os interesses da coletividade. A comunidade outorgada passa a ser responsável pelo gerenciamento do território em conjunto com o IBAMA/ ICMBIO (IBAMA, 2001). De acordo com o Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CRS), foram criadas até o ano de 2009 cinqüenta e três RESEX federais na Amazônia, sendo vinte delas só no estado do Pará, das quais, nove são reservas marinhas, ou seja, espaço onde as atividades estão voltadas predominantemente para a pesca (MEIRELES, 2011), com destaque para os catadores de caranguejos. Apesar da atividade extrativista do caranguejo ser uma das mais antigas na costa do Brasil, os coletores de caranguejo geralmente ficam à margem na participação em organizações e associações de produtores e pescadores, sendo que a maioria dos coletores não possui registro e documentação (IBAMA, 1995; IVO et al., 1999; ALVES e NISHIDA, 2002). Os catadores são caracteristicamente pessoas simples, de baixo poder aquisitivo, cuja sobrevivência depende majoritariamente dessa atividade; seja por tradição, por serem filhos e netos de coletores; ou por falta de oportunidade, atuando temporariamente nessa área, até conseguirem empregar-se em outras atividades (VASCONCELOS e COUTO 2001). A captura do caranguejo-uçá pode ser realizada de diversas maneiras, sendo algumas delas prejudiciais ao meio ambiente. Muitos catadores utilizam os mesmos locais para captura, e os principais materiais utilizados para sua extração são o gancho, o laço e a captura manual (braceamento) (Observação Pessoal). A exploração do caranguejo-uçá de forma inapropriada prejudica os manguezais do Município de Santarém Novo. Na tentativa de minimizar os impactos, foi criada a Reserva Extrativista Chocoaré Mato Grosso, que é constituída de terras de propriedades do Governo Federal, através do decreto S/N, de 13.12.2002, para assegurar o uso sustentável e a conservação dos recursos naturais da unidade, protegendo os meios de vida e a cultura da população extrativista local, de aproximadamente 6.500 pessoas (Resex, 2008). Para a conservação da biodiversidade, principalmente em unidades de conservação, são necessários objetivos básicos de manejo, entre os quais: preservar e/ou restaurar amostras dos diversos ecossistemas naturais; proteger espécies raras, endêmicas, vulneráveis ou em perigo de extinção; propiciar o fluxo genético entre áreas protegidas; preservar e manejar recursos de flora/fauna; proteger paisagens e belezas cênicas notáveis; proporcionar a educação ambiental; incentivar a pesquisa cientifica e estudos e preservar provisoriamente áreas para uso futuro (MILANO, 2007). A ausência de regulamentação da captura de caranguejo pode influenciar no tamanho ideal da espécie no município de Santarém Novo, propiciando uma diminuição no seu estoque, e sendo cada vez mais comercializado, e atraindo para a região coletores que desconhecem os aspectos ideais para a captura da espécie, provocando grandes danos ao ecossistema daquele lugar. Segundo Ostrensk (2001), o tamanho comercial do caranguejo (largura da carapaça superior a 05 cm) é atingido após o quinto ano de vida. Para que o caranguejo-uçá alcance um bom tamanho comercial ele demora em torno de dez anos, o que pode inviabilizar em alguns anos a captura destes indivíduos (NASCIMENTO, 1993). Dependendo da região, nos meses de janeiro a maio podem ser observadas fêmeas carregando em média 200.000 ovos. Este número pode variar amplamente conforme o tamanho da fêmea. Desse modo, se espera que fêmeas maiores tenham maior potencial reprodutivo do que as menores, o que colaboraria significativamente para a liberação no ambiente natural de um maior número de larvas (citação?). Estudos desenvolvidos por Nascimento (1982) apud Nascimento (1993), indicam que o fenômeno definido como andada tem a finalidade de acasalamento da espécie e que a trovoada em si não tem influência no comportamento da espécie e sim as chuvas que caem reduzindo a salinidade da água. Este fenômeno induz o indivíduo a produzir o hormônio que o levaria a procurar um companheiro para acasalar. Segundo Andrade (1983) apud Nordi (1994), os machos do caranguejo-uçá andam em grande número, durante os meses de dezembro a março, enquanto as fêmeas o fazem apenas em abril. Levando em consideração a importância do caranguejo-uçá para a sobrevivência das populações tradicionais do município de Santarém Novo e a relevância da espécie para o equilíbrio do ecossistema, o objetivo do presente trabalho foi realizar o levantamento do perfil socioeconômico da atividade pesqueira na extração do caranguejo-uçá U. Cordatus (Linnaeus, 1763) no município de Santarém Novo, bem como identificar os possíveis efeitos das atividades antrópicas na espécie. Para tanto, será verificado o processo de coleta (catação) dos caranguejos pelos catadores da região que atuam na Reserva extrativista Marinha Chocoaré Mato Grosso, analisando se um percentual significativo das famílias de caranguejeiros extraem os crustáceos dentro das normas previstas pelo IBAMA/ ICMBIO. 2. OBJETIVOS 2.1. Geral: Analisar as principais características sócio-econômicas da atividade de coleta dos caranguejos Ucides cordatus pelos pescadores que atuam na Reserva Reserva extrativista Marinha Chocoaré Mato Grosso, no município de Santarém Novo, a partir das informações fornecidas pelos próprios pescadores. 2.2. Específicos: - Analisar o perfil sócio-econômico predominante entre os catadores, em relação à renda média familiar, idade, grau de organização em comunidades; - Identificar as principais demandas e deficiências da atividade coletora no município de Santarém-Novo, relatadas pelos pescadores; - Analisar o nível de conhecimento dos pescadores em relação ao tamanho médio ideal de captura do caranguejo, período de reprodução das fêmeas e melhor método de captura; 3. MATERIAL e MÉTODOS O município de Santarém Novo está localizado na região Nordeste do estado do Pará latitude “00º55'44" sul, longitude "47º23'49" oeste, estando a uma altitude de 30 metros (Fonte:IBGE, 2010). Figura 2: Localização do Município de Santarém Novo/PA, Brasil (Fonte: IBGE, 2010). Os dados serão levantados através de questionários semi-estruturados, que serão aplicados aos caranguejeiros e também às suas famílias, adotando o critério de entrevistar as famílias residentes no interior da reserva. No estado do Pará, a captura do caranguejo-uçá e o beneficiamento de sua carne representam importante fonte de renda para uma parcela significativa da população menos favorecida. A produção da carne popularmente conhecida como “massa de caranguejo” é uma atividade bastante explorada em muitos municípios do estado e representa a sustentação econômica de várias comunidades (SILVA, 2011). Há catadores que vivem da captura do caranguejo para o sustento das suas famílias e que vendem a produção para pequenos comerciantes locais, além de restaurantes e feiras livres (Observação Pessoal). Os coletores que vivem da extração do caranguejo-uçá buscam uma renda através da venda a pequenos comerciantes, restaurantes, feiras livres e também a atravessadores, que comercializam o produto nos grandes centros, sendo estes últimos os que mais lucram com o processo. Essa captura desordenada pode contribuir ao desequilíbrio da espécie acima do nível de produção, que ao longo dos anos, pode interferir no tamanho máximo alcançado pela espécie na região durante sua época de reprodução quando são mais predados, além de uma futura diminuição no estoque natural, levando ao aumento da captura do caranguejo-uçá para manter a média de produção. Esta pode ser causada tanto pelos coletores locais considerados como “tradicionais”, como também através da inclusão de novos coletores vindos de outras localidades. Grande parte destes possui residência no município de Santarém Novo, competindo pelo recurso, há ainda os coletores temporários, ou quando estão desempregados. Estes últimos são chamados “caranguejeiros oportunistas”, uma vez que entram no manguezal quando precisam complementar sua renda e provocando um desequilíbrio da espécie. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS