Baixar - Fórum Social Mundial

Propaganda
Este documento faz parte do
Repositório Institucional do
Fórum Social Mundial
Memória FSM
memoriafsm.org
Cliente
FÓRUM SO C IA L MUNDIAL
Veículo
FOLHA DE S .P A U L O -S Ã O
Data
23/01/2003
Seçõo
B R A S IL
PAULO
Pógino
Rua Traipu,547 - CEP 01235 000 - São Pauto - SP - Fone/Fax: (11)3667 7532 - 3667 1843 - 3667 4208 - 3826 3713 - 3826 1048
PESQUISA Duzentos municípios têm índice considerado satisfatório, segundo estudo coordenado por professores da Unicamp
JOÂO BATISTA NATAÜ
D A .R E P O R T A G E M L O C A L
Dos 5.507 municípios presentes
no Censo de 2000, 42% registra­
vam um alto índice de Exclusão
Social. Mas eles só totalÍ2avam
21% da população brasileira.
No extremo oposto, apenas 200
municípios, que somam 25% da
população, possuíam um índice
) considerado satisfatório.
^Esses números flutuam num
quadro de extrema desigualdade
regional. Já que 86% dos municí­
pios com maior exclusão social
estão noNortee no Nordeste.
P índice de Exclusão Social é o
mais recente dos muitos indica­
dores que se propõem a medir o
grau de desenvolvimento huma1^0 da população. É mais comple­
xo que 0 IDH (índice de Desen­
volvimento Humano), modelo
elaborado pela ONU e que leva
em conta a educação, a renda e a
longevidade da população.
0 novo modelo foi apresentado
ontem em São Paulò por Ricardo
Amorim e Márcio Pochmann,
ambos da Unicamp, que coorde­
naram por dois anos uma equipe
de mais sete .pesquisadores da
USP è das PUCs de São Paulo e
Campinas. Pochmann é também
secretário mimidpal na adminis­
tração do PT paulistano.
0 trabalho, já impresso e intitu­
lado “Atlas da Exclusão Social no
Brasil” (Ed. Cortez, 221 págs.) será
reapresentado hoje, em Porto
Alegre, no Fórum Social Mundiál.
Sua vantagem está na incorpo­
ração de parâmetros“ até agora
não utilizados por outros medi­
dores, como a proporção de jo­
vens no município, a taxa de ho­
micídios por cada 100 mil habi­
tantes ou a proporção de traba­
lhadores com carteira assinada.
A desvantagem está na impossi­
bilidade de saber se o atual mdice
de Exclusão Social é melhor ou
pior que aquele que poderia ser
extraído dos resultados dos cen­
sos demográficos anteriores.
Outro índice recentemente
compilado, o IDH-M (índice de
Desenvolvimento Huníano Mu­
nicipal), elaborado, entre outros,
pelo Ipea (Instituto de Pesquisas
Econômicító Aplicadas), demons­
tra que, entre 19916 2000, caiu de
8,5% para 0,02% o número de
brasileiros em municípios sem
desenvolvimento satisifatório.
É um quadro bem mais otimista
que o obtido pelo índice de Exclu­
são SociaL Ao levar também em
conta o índice de pobreza, a infor­
malidade do emprego e a desi­
gualdade nos níveis de renda, am­
pliam-se as exigências para que
em determinado município a exdusão seja na média menor.
A exemplo do IDH, o índice de
Exclusão varia de 0 (exclusão ab­
soluta) a 1 (indusão total). São ex­
tremos apenas teóricos. O pior re­
sultado brasileiro é obtido por
Jordão (AC), com o índice 0,230.
E o melhor se encontra em São
Caetano do Sul (SP), com 0,864.
Uma coinddência: São Caetano
também lidera a Ksta do IDH-M,
anundada no final do ano passa­
do, enquanto Jordão, segundo
aquele mesmo estudo, é o terceiro
pior munidpio brasüeiro.
Segundo o “Atlas” ontem lança­
do, São Paulo registra a 30* me­
lhor posição entre todos os muni­
cípios, com índice de Exdusão
Sodal de 0,667.
Chega a esse patamar com o auxíUo de bons resultados em alfa­
betização (0,911), menor pobreza
(0,803) e t)oa parcela da popula­
ção jovem (0,792). Mas tèm ao
mesmo índices muito ruins de de­
sigualdade social (0,485) e empre­
go çom carteira assinada (0,368).
G Rio está mais bem colocado
que São Paulo, com 0,694. Tam­
bém vale para Belo Horizonte,
com 0710. Mas são piores que os
paulistanos os índices de Salvador
(0,597) e Recife (0,594).
■ /í
o que é o lES?
índice de Exclusão Social é um medidor que leva em conta, no
município, a pobreza, a quantidade de jovens, a alfabetização, a
escolaridade, 0 eniprego fortnal, a desigualdade e a violência
Como se mede?
A exemplo do IDH (índice de Desenvolvimento Humano), elaborado
* ™ pela ONU, 0 pior indicador está próximo de 0 e o melhor indicador
está próximo de 1
Não é possível concluir se o paí$ está melhor ou pior hoje. Este e o pnmetro levantamento da equipe, feito com
base no censo de 2000. A mesma metodologia não foi apiicada nos censos antenores
A situação
do país
índice de Exclusão Social
■ 1 0 .0 a 0.4
K 0.4 a 0.5
i J 0 5 a 0.6
> ■ 0.6a 1.0
/ V Limite estadual
A situação das cidades
M enores índices
Municípios
índices
São Caetano do Sui (SP)
Águas de São Pedro (SP)
Florianópolis (SC)
Santos(SP)
Niterói (RJ)
Porto Aleqre (RS)
Holambra (SP)
Vitória (ES)
Curitiba (PR)
Vinhedo(SP)
0,864
0,835
0,815
0,765
0,763
0,761
0,756
0,752
0,730
0,720
Dos municípios com
piõres indicadores...
1 6 ,1 %
estão...
na Bahia
t
Maiores índices
Jordão (AC)
Guajará(AM)
Belágua (MA)
Itamarati (AM)
Alto Alegre (RR)
Ipixuna (AM)
Manari (PE)
Envira (AM)
Mal.Thaumaturqo (AC)
Jutaí(AM)
0,230
0,242
0,243
0,248
0,249
0,249
0,250
0,250
0,254
0,255
nesse grupo
lüá de municípios...
Ainda
0%
está...
no Rio de Janeiro
Fonte: Márcio Pochmann e outros, "Atlas da Exclusão Social no Brasil", ed. C ortei 2003
)D. Mauro volta a criticar
estratégia do Fome Zero
LÉOGERCHMANN
D A A G Ê N C IA F O L H A , E M P O R T O A LEG R E
0 bispo de Duque de Caxias,
dom Mauro Morelli, criticou on­
tem, em Porto Alegre, a condução
do programa Fome Zero, o qual
chegou a ajudar na implantação.
Afirmou que o assimto não está
sendo tratado com “grandeza” e
que não se deve levar em conta a
proposta de distribuir restos de
comida de restaurantes.
“0 mais importante é discutir
qual é o critério da produção agrí­
cola brasileira, se é de lucro, ex­
portação e negódos. Qual o rumo
da economia no sentido de me­
lhorar a política agrária do país?
Há Um debate sobre aproveita­
mento de sobras dos restaurantes.
Está na hora de colocarmos esse
assunto na grandeza que ele me­
rece. Fiquei abismado com essa
sugestão”, disse ele.
“Está mais do que comprovado
que firequentemente os alimentos
que sobram nos restaurantes não
estão em condições. Falta intèrlo( cução com a sodedade. 0 gover­
no faz isso quase como uma conI cessão”, afirmou.
p. Mauro fez uma crítica direta
ao ministro José Graziano (Segu­
rança Alimentar); “Se formos nos
reduzir ao Graziano, estamos
mal. Deve haver planejamento.”
Críticas a Lula
O presidente Luiz Inádo Lula da
Silva, que chega hoje a Porto Ale^ e para partidpar do Fórum So­
dal Mundial, não énfirentará ape­
nas esse tipo de crítica
O ex-prefeito de Porto Alegre
Raul Pont (PT), um dos prindpais
representantes da esquerda petis­
ta, afirmou que Lula “está legiti­
mando” o Fónun Econômico
Mundial, de Davos, ao participar
dele. “Eu preferiria que ele ficasse
aqui [no Fórum Sodal], porque,
mesmo indo com uma posição
crítica, você reconhece naquele
lugar um espaço em que vale a pe­
na estar presente. Você o legitima.
Acho inoportuno. Ele deveria jo­
gar seus esforços em direção à or­
ganismos internacionais, e não
em simulacros desses organis­
mos”, disse Pont ,
Gisele Bündchen
vai doar cachê
ao programa
D A REU TE R S
A top model Gisele Bünddien deddiu doar ao pro­
grama Fome Zero, prindpal
bandeira social do govemo
Luiz Inádo Lula da Silva, o
cachê de US$ 150 mil que ga­
nhará por um desfile na São
Paulo Fashion Week, que
começa na próxima segunda-feira.
A moddo vai doar o cachê
que receberá por desfilar pa­
ra a grife de Ricardo Almei­
da, segundo informou a as­
sessoria de imprensa do estilistapaulista.
Almeida, que é famoso por
vestir celebridades com seus
temos, foi o responsável pe­
lo moddo que Lula vestia no
dia da cerimônia de sxia pos­
se como presidente da Repú­
blica, em 12de janeiro.
O estilista ainda não divul­
gou qual será o papel de Gi­
sele Bündchen no desfile,
mas, ao que tudo indica, a
modelo deve aparecer ves­
tindo um de seus conjuntos
masculinos.
“Lula tem todas as condições de
encabeçar um movimento com
outros presidentes, outros países,
no sentido de se constituir ^ or­
ganismo intemadonal de resis­
tência. O Fórum Econômico
Mundial sempre foi um instmmento de diájsão, de convenci­
mento de um projeto político.
Nunca se propôs a ser um. evetvto
plural, sempre defendeu um pro­
jeto que combatemos.”
A respeito das críticas feitas pelo
partido a ações do govemo de Lu­
la, Pont diz haver uma “tendênda” de o partido votar a favor dos
projetos do Executivo, pois Lula
se comprometeu a consultar o
partido antes de tomar decisões.
Download