Pragas da uva Niágara no Brasil

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Pragas da uva
Niágara no Brasil
Marcos Botton
João Oimas Garcia Maia
Alexandre Specht
Ruben Machota Jr,
Maurício Moraes Zenker
Capítll o ' -
Praga::, Jd lI/a "'120ar 1 r F'r
Introdução
Neste capítulo, serão apresentadas
as principais
associados ao cultivo da videira que também
estratégias
de manejo que podem
espécies de insetos e ácaros
incidem na cultivar Niágara, abordando
ser adotadas
pelos produtores
(BOTTON et al.,
2003a, 2005; HAJI et al., 2009; HICKEL et al., 201 O), Também serão incluídos os sintomas
de danos
causados
perfuradoras
por outros
animais
de frutos, que podem
auxiliar os produtores
a identificar
parreirais, permitindo-Ihes
como
danificar
pássaros, morcegos
e mariposas
os bagos, Estas informações
os diferentes
podem
agentes que causam prejuízos aos
definir as melhores estratégias de manejo.
Formigas-cortadeiras
Tanto as saúvas quanto
Formicidae)
O ataque
as quenquéns
Hymenoptera:
causam prejuízos à videira devido ao corte de folhas, brotos e cachos.
de formigas
maior no período
temporariamente
é prejudicial
de formação
em qualquer
fase do ciclo, porém,
das plantas e início da brotação,
quando
o dano é
paralisa
o crescimento.
As formigas-cortadeiras
são facilmente
ninho, o que favorece a aplicação de formicidas.
quenquéns
(Atta e Acromyrmex
têm o hábito de forragear
controladas
quando
No entanto,
à noite, não deixando
se localiza
o
algumas espécies de
trilha que indique
a
localização dos ninhos, como as saúvas.
Entre os principais métodos de controle das formigas cortadeiras, destacam-se
as iscas formicidas
e os inseticidas aplicados diretamente
cidas (Tabela 1) devem ser utilizadas diretamente
nos ninhos. As iscas formi-
da embalagem,
distribuindo-se
os
grânulos ao lado dos carreiros, próximo aos olheiros. Algumas espécies de quenquéns,
por serem pequenas, não conseguem
carregar satisfatoriamente
que se utiliza para as saúvas. Por esse motivo, ao se adquirir
observar o tamanho
A aplicação
degradação
dos grânulos, quando direcionados
com outros produtos
químicos,
de perda de atratividade
porta-iscas
a isca tóxica, deve-se
ao controle dessas espécies.
da isca tóxica deve ser feita com tempo
dos grânulos devido
as iscas do tamanho
seco para se evitar a
à umidade. As iscas não devem ser armazenadas
nem tocadas diretamente
para a formiga.
(Figura 1), que protegem
Recomenda-se,
com as mãos, sob o risco
alternativamente,
os grânulos da ação da umidade,
o uso de
mantendo
a
o cultivo da videira Niágara no Brasil
232
Tabela 1. Inseticidas empregados no controle de formigas cortadeiras.
Ingrediente ativo
Dose
Formulação
S = 6 - 1O g/m2 formigueiro
Sulfluramida
Isca
00 = 10 - 30 gl formigueiro
S = 5 - 10 g/m2 formigueiro
Isca
Clorpirifós
00 = 8 - 1O gl formigueiro
Pó
S e 00 = 1O gl m2 formigueiro
Deltametrina
S = Saúva; 00 = Ouenquém.
Figura 1. Exemplo de porta-isca para depósito da isca granulada, visando o controle de formigas cortadeiras em
parreirais.
atratividade
por mais tempo. Os inseticidas
diretamente
nos ninhos.
Em algumas situações, guando
que está ocorrendo,
em pó (Tabela 1) devem ser aplicados
não é possível localizar os ninhos e o ataque
pode ser-utilizado
gel repelente,
em faixas de 2 mm de largura, visando impedir
as folhas. Esse método
não elimina o formigueiro,
que o ninho seja localizado
possibilidade
que permitam
de uso de caminhos
às formigas continuar
Outra estratégia
inseticida
e controlado.
fipronil
aplicado
que as formigas
ao redor do tronco,
subam para cortar
apenas evita o dano às plantas até
Ao se aplicar o gel, deve-se atentar para a
alternativos,
como postes e fios de sustentação
atacando as plantas.
que tem sido empregada
- muitas vezes, junto
é a pulverização
do solo com o
com a aplicação de herbicidas.
Essa prática
Capítulo 11
Pragas da uva Nágara no 13ras,1
deve ser evitada,
negativamente
altamente
pois o inseticida
os inimigos
persistente
se contaminar
233
apresenta
amplo
espectro
de ação, afetando
naturais das pragas na cultura. Além disso, o produto
no ambiente
é
e letal para abelhas (Apis me/lifera), que podem
ao forragear em áreas tratadas.
Filoxera
A filoxera Daktu/osphaira
vitifo/iae (Fitch) (Hemiptera: Phylloxeridae)
similar a um pulgão que suga a seiva da videira. Seu ciclo biológico
é um inseto
é complexo,
com
infestações tanto nas raízes quanto nas estruturas aéreas das plantas. Na primavera,
as ninfas deslocam-se
para as folhas, onde se alimentam,
causando galhas (Figura 2).
Figura 2. Galhas causadas pela filoxera
em folhas de videira.
r
Elas completam
o desenvolvimento
fêmeas que se reproduzem
Os ovos são, então, depositados
que completam
A filoxera
provocando
nodosidades
também
j
11 " ,
f'}
r
dessas galhas, originando
(sem a necessidade dos machos).
no interior das galhas, resultando
várias gerações
de galícola.
no interior
partenogeneticamente
J
nas folhas durante
em novas fêmeas
o ano, forma
pode se desenvolver
essa chamada
nas raízes (forma
(Figura 3) nas radicelas, principalmente
radícola),
quando a cultivar
Niágara é cultivada como pé-franco. Quando o ataque ocorre nas raízes, o dano pode
ser confundido
com a presença de nematoides.
Nas raízes, são observadas
inseto, resultando
nodosidades
em uma menor capacidade
causadas pela sucção contínua
de absorção de nutrientes,
servindo
ainda como porta de entrada para fungos causadores de podridões-de-raízes.
consequência,
a planta reduz o desenvolvimento,
culminando
do
Como
em sua morte.
Figura3. Nodosidades em raizes causadas
pela presença da filoxera.
Os danos da filoxera são observados
porta-enxertos
principalmente
nas folhas de cultivares de
sensíveis à form:a galícola. Esseataque impede o desenvolvimento
brotações, e reduz a atividade fotossintética,
das
chegando a paralisar o desenvolvimento
da planta. Em infestações severas, o inseto ataca as gavinhas e ramos tenros. Muitas
vezes, porta-enxertos
infestados
não se desenvolvem
o suficiente
para a enxertia.
A maneira mais eficiente para se evitar os danos do filoxera é através do uso de portaenxertos resistentes ao ataque de sua forma radícola. O controle da filoxera, nas raízes
das mudas plantadas
como pé-franco,
grupo dos neonicotinoides,
antieconômica,
pode ser empreendido
com inseticidas
aplicados via solo. No entanto, essa prática geralmente
quando comparada
ao uso de porta-enxertos
resistentes.
do
é
A forma
controlada
galícola,
a partir
neonicotinoides
quando
ocorre
nas folhas
do aparecimento
(imidacloprid
dos porta-enxertos,
dos primeiros
ou thiametoxam)
sintomas,
ou piretroides
deve ser
com
inseticidas
(Iambda-cialotrina
e
zeta-cipermetrina).
Deve-se atentar
fitófagos,
função
para a possibilidade
principalmente
o ácaro-branco
do desequilíbrio
deletérios
causado
aos ácaros predadores.
de aumento
na população
(Polyphagotarsonemus
pela aplicação
de ácaros
latus Benks), em
desses inseticidas,
altamente
Em alguns casos, têm-se observado
galhas nas
folhas da cultivar Niágara. No entanto, nessas situações, a infestação geralmente
não
causa prejuízos devido à resistência da cultivar.
Cochonilha-do- tronco
A principal
cochonilha-do-tronco
é Hemiberlesia lataniae
tão disponíveis
dificulta
Signoret
um escudo protetor
danificando
Diaspididae).
dessa cochonilha
de medidas de controle
sensível à ação de inseticidas
originando
(Hemiptera:
sobre a bioecologia
o estabelecimento
encontrada
a cultivar
Niágara
Poucas informações
na cultura da videira, o que
no período em que estaria mais
(eclosão das ninfas). A cochonilha-do-tronco
(Figura 4), reproduzindo-se
es-
por partenogenese
possui
telítoca (fêmeas
apenas novas fêmeas, sem a presença do macho).
o ataque
de H.lataniae
ocorre de forma agregada nos ramos velhos da videira
(Figura 5). Ao se alimentar,
prejudica
o desenvolvimento
das plantas,
podendo
provocar a morte.
É importante
avaliar, logo após o plantio, a possível presença da cochonilha
nas plantas, eventualmente
caso, a identificação
transportada
junto
dos focos de infestação
com material
propagativo.
no início da implantação
Nesse
do vinhedo
permite o controle de forma localizada.
Nas situações
em que ocorrem
químico
é recomendado.
medidas
devem ser adotadas:
casca (ritidoma),
No entanto,
dificultando
infestações
elevadas do inseto, o controle
antes da aplicação
como a cochonilha
normalmente
couro utilizadas por pedreiros, preferencialmente
chamado
algumas
se localiza sob a
o contato com inseticidas, recomenda-se
prévia do tronco. Essaoperação pode ser feita manualmente,
por meio de um equipamento
dos inseticidas,
uma limpeza
com escovas ou luvas de
após uma chuva; mecanicamente,
limpa-caule,
que aplica água sob pressão
236
o cultivo da videira Niágara no Brasil
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Figura 4. Fêmea da cochonilha-do-tronco.
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Figura 5. Colônia da cochonilhado-tronco em videira.
2'37
Praga" oa u a N 3Jara [I +as I
Capítulo 11 -
nos troncos
da videira, eliminando,
com calda sulfocálcica
depois do tratamento
o contato
a 4 °Be, durante
com as cochonilhas.
lavar o equipamento
o ritidoma
plantas
infestadas,
cobrindo
se desprende, facilitando
é
de aplicação com uma solução de vinagre a 10%,
deve ser aplicado
Na ausência de controle
30 a 45 dias
Após o uso da calda sulfocálcica,
para retirar os resíduos da calda no pulverizador,
O inseticida
ou quimicamente,
o inverno. Aproximadamente
com a calda sulfocálcica,
dos produtos
importante
dessa maneira, o ritidoma;
toda
evitando-se
direcionando-se
a superfície
da cochonilha,
o tratamento
dos troncos
somente
às
e braços atacados.
com o passar dos anos, altas infestações
provocam
o definhamento
das plantas, podendo
o controle
das cochonilhas
durante
o inverno
durante a fase de repouso vegetativo,
a corrosão.
causar a morte.
Recomenda-se
nas regiões de clima temperado
nas de clima subtropical
e
e tropical, próximo ao
período da poda, seja de formação, produção ou mista. Durante a aplicação, pode-se
a 1%. É importante
associar o inseticida a um óleo emulsionável
sulfocálcica
e o óleo mineral
para o controle
ou vegetal
da cochonilha
não o são para o controle
aplicados
isoladamente
do tronco, assim como os inseticidas
não são eficazes
neonicotinoides
desse grupo.
Embora não existam levantamentos
nos parreirais,
ressaltar que a calda
é comum
encontrar
de inimigos
as carapaças
emergência
de parasitoides. Por esse motivo, é importante
cochonilha
seja direcionado
somente
naturais dessas cochonilhas
perfuradas
(Figura 6), devido
à
que o controle químico da
para as plantas infestadas, visando preservar
as espécies benéficas presentes no parreiral.
Pérola-da- terra
A pérola-da-terra
é uma cochonilha
Eurhizococcus brasiliensis (Hempel) (Hemiptera: Margarodidae)
subterrânea,
que ataca raízes de plantas cultivadas
(Figura 7). O inseto só é prejudicial
providos
facultativa,
de aparelho
bucal. A cochonilha
apresentando
e, consequentemente,
No caso de novos
normalmente.
a morte
por partenogênese
progressivo
pelo
morte das plantas.
plantios,
geralmente
resistem mais à infestação
telítoca
da videira, com redução da
no primeiro
ano, o vinhedo
desenvolve-se
A partir do segundo ano, a brotação é fraca e desuniforme,
das plantas
desenvolvido.
reproduz-se
uma geração por ano. A sucção da seiva, efetuada
inseto nas raízes, provoca um definhamento
produção
e silvestres
na fase jovem (ninfas), já que os adultos são des-
no terceiro
da cochonilha
ano. Plantas adultas,
por possuírem
ocorrendo
normalmente,
o sistema radicular
mais
eu t . L Da dr ra lag3r3 no Brasil
perfurada devido à emergência de parasitoide
Figura6. Carapaça da cochonilha-do-tronco
Pelas dificuldades
vinhedos
de controle
em áreas infestadas.
da cochonilha,
Ao se definir
sugere-se
não se implantar
o local para o plantio
do vinhedo,
antes do preparo do solo, deve-se arrancar espécies de plantas reconhecidamente
hospedeiras
da cochonilha
(BOTTON et aI., 2004), verificando
a presença do inseto
nas raízes.
Caso não haja disponibilidade
de área não infestada, as seguintes medidas são
recomendadas:
Analisar o solo, corrigindo
e adubando
a área de acordo com as recomen-
dações para a cultura, e utilizar adubação orgânica na fase de implantação
do vinhedo.
(]( IJI
rJ
n :j
I
1 .11,[,'
. 1
Figura7, Cistosdapérola-da-terra
emraizdevideira,
Fazer um preparo profundo
que as raízes tenham
do solo, com subsolagem,
um bom desenvolvimento
de modo a permitir
inicial. Deve-se evitar im-
plantar parreirais em áreas mal drenadas.
Cultivar, por pelo menos um ano antes do plantio, espécies não hospedeiras da pérola-da-terra.
Utilizar mudas de qualidade
desenvolvimento
e livres de vírus. A ausência de vírus auxilia no
das plantas, resultando
em maior tolerância
ao ataque da
praga.
Utilizar
cultivares
de porta-enxertos
mais resistentes
como o 39-16 e o 43-43. Mesmo com o emprego
trole químico
é necessário, principalmente
O uso desses porta-enxertos
drenagem
e histórico
do como "pé-preto".
cas de condução
et aI., 2004).
não é indicado
de ocorrência
à pérola-da-terra,
dessas cultivares,
nos primeiros
o con-
anos de plantio.
em áreas com problemas
do fungo Cy/indrocarpon
de
sp., conheci-
Para o manejo das plantas, deve-se observar as técni-
e enxertia
específicas para esse porta enxerto
(BOTTON
ü ,ulrivo da videira Niágara no Brasil
240
Controlar
as plantas invasoras hospedeiras
do inseto, como a língua-de-
vaca (Rumex sp.), presentes no parreiral. Essas plantas servem como hospedeiros alternativos
para o inseto na área, contribuindo
para a reposição da in-
festação nas plantas de videira. Recomenda-se também
manter a cobertura
vegetal no interior do vinhedo com plantas não hospedeiras da cochonilha.
Nos primeiros
aproveitar
anos, caso o produtor
o terreno
hospedeiras
no interior
da praga, como
do inseto e aumento
Os
espécies
culturas
para
anuais não
produtores
(lpomoea batatas) ou plantarem
cultivarem
figueiras ou roseiras
a multiplicação
da praga na área.
recomendados
o imidaclopride
e o thiamethoxam,
respectivamente.
Esses produtos
novembro,
outras
utilizar
o espaço, mas essas espécies permitem
da população
inseticidas
cultivar
deve-se
o alho e o feijão. É comum
espécies como a batata-doce
nas bordas, para aproveitar
queira
do parreiral,
para
o
que
controle
possuem
devem ser aplicados
da
pérola-da-terra
carência
são
de 60 e 45 dias,
no solo, durante
o mês de
período em que se inicia o ataque das ninfas primárias às raízes da videira.
Os produtos
devem ser reaplicados
em janeiro ou fevereiro, dependendo
da época
de colheita das uvas e da carência dos produtos.
aí nd ice de morta Iidade da praga red uz com o au mento da idade das plantas. Por
isso, é fundamental
estabelecer
a partir do primeiro
ano de plantio. O imidaclopride
na formulação
de grânulos
um programa
dispersíveis
solo, na região onde se encontra
calda por planta. A formulação
ao redor da planta, direcionada
o inseto encontra-se
atacando
gradual, devendo-se
controlar
Os produtos
evitando-se
próximas
reduzindo
do inseto na propriedade
(70%) e o thiamethoxan
em água, devem ser diluídos
o sistema radicular, aplicando-se
granulada
do thiamethoxan
e regados no
(1%) deve ser aplicada
às raízes, sendo incorporada
a cochonilha
(25%),
de 2 L a 4 L de
em seguida. Quando
plantas adultas, a redução na população
da praga é
por mais de uma safra.
devem ser aplicados quando as plantas estão em plena atividade,
períodos
de estiagem.
É importante
às plantas a serem tratadas
o controle.
de serragem
de controle
Deve-sé evitar o emprego
ou maravalha,
inseticidas, reduzindo
eliminar
as invasoras que estão
para evitar que elas absorvam
antes da aplicação
de cama-de-aviário,
dos produtos,
o inseticida,
com presença
pois ela adsorve os
o efeito do tratamento.
Caso o inseto não esteja presente na propriedade,
deve-se adotar as seguintes
medidas para impedir que a praga seja introduzida:
Evitar a utilização
hospedeiras,
infestadas.
de mudas com torrão, para uso doméstico,
como flores, fruteiras
e condimentos
de espécies
provenientes
de áreas
Capítulo 11
Pragas da uva Níágara no BrasH
241
Dar preferência às mudas de raiz nua, que devem ser lavadas para se verificar a presença da pérola-da-terra.
Em caso de dúvida quanto à presença do
inseto, as mudas podem ser tratadas com fosfina para eliminar o inseto, na
dosagem de uma pastilha de 3 g
É fundamental
providenciar
rn'. por 72 h.
a limpeza
tes de locais onde o inseto encontra-se
dos. equipamentos
provenien-
presente, antes de utilizá-Ios
na
propriedade.
Ácaro-branco
o
ácaro-branco
Potyphagotarsonemus
(Figura 8) é uma praga polífaga
aproximadamente
dificilmente
emergência.
e cosmopolita.
de carregar
ataque ocorre, principalmente,
a pupa dessa para acasalamento,
isoladamente
na face inferior
resulta em um encurtamento
videira, como resultado da alimentação
contínua
queda. O ataque é mais importante
das folhas. O
dos ramos da
podendo
atrasando
do parreiral. Em algumas situações, o dano do ácaro-branco
causada pela aplicação de herbicidas
é facilmente
presença
ocorrer sua
em plantas novas, tanto em mudas como nos
visto que a praga reduz o desenvolvimento,
O ácaro-branco
da
das folhas novas. Em situações de
as folhas ficam coriáceas e quebradiças,
com a fitotoxicidade
sendo
no momento
nas folhas novas da videira, não havendo
de teias. O ataque do ácaro-branco
elevada infestação,
respectivamente,
a olho nu. O macho, mesmo sendo menor que a fêmea,
Os ovos são depositados
porta-enxertos,
Os machos e as fêmeas medem
0,17 mm e 0,14 mm de comprimento,
visualizados
possui o hábito
tatus (Banks) (Acari: Tarsonemidae)
controlado
a formação
pode ser confundido
(Figura 9).
com a aplicação
de acaricidas, com
destaque para a abamectina.
Coleobrocas
Poucos trabalhos
bioecologia
foram
das coleobrocas
desenvolvidos
(Coleoptera:
visando
Bostrichidae
conhecer
as
e Scolytidae)
cultura da videira. Em São Paulo, as espécies Dolichobostrychus
especies e a
associadas à
augustas (Steinheil)
Micrapate brasiliensis Lesne e Xytopsocus capucinus (Fabricius) têm sido as principais
registradas sobre a cultivar Niágara.
o cultivo da videira Niágara no Brasil
242
Figura 8. Sintomas de ataque do ácaro-branco em folhas de videira.
Figura 9. Sintomas de fitotoxicidade causâda por deriva de herbicida.
Os adultos são pequenos
comprimento,
besouros
de, aproximadamente,
que são atraídos para a cultura, ovipositando
larvas são esbranquiçadas
e se transformam
3 mm a 5 mm de
no interior dos ramos. As
em pupa no interior das galerias que se
abrem nos ramos e troncos atacados. A presença desses insetos fica evidenciada
aparecimento
pelo
de goma (Figura 10), junto ao furo de entrada da galeria. As infestações
dessas espécies podem causar destruição total ou parcial das plantas atacadas, além
Capítulo 11 - Pragas da uva Niágara no l3rasil
243
Figura 10. Sintoma de ataque de brocas do tronco na videira.
de facilitarem
a entrada de microrganismos,
que causam o apodrecimento
de ramos
e tronco. Quando a infestação é alta, pode provocar a morte de ramos e até da planta,
devido à obstrução
da passagem de seiva.
Não existem medidas que isoladamente
Em áreas com histórico
plantas do vinhedo,
controlem
de ataque, recomenda-se
eliminando-se
as coleobrocas
verificar
o estado sanitário
as que estão em declínio;
poda do interior do parreiral, queimando-os;
identificar
na cultura.
das
retirar os restos de
o momento
de migração dos
adultos para o interior do vinhedo, caso seja possível; e aplicar inseticidas fosforados
de forma localizada.
Outras espécies que podem danificar
os bagos da cultivar Niágara
Os insetos
prejudicar
e outros
a produção,
do suco, e favorecendo
artrópodes
rompendo
que danificam
os bagos
a casca do bago, com posterior
a disseminação
da podridão-ácida.
da uva podem
extravasamento
o cultivo
244
oa videira Niágara no Brasil
Vespas e abelhas
Vespas e abelhas são insetos benéficos ao homem, porém, devido à escassez de
alimentos,
buscam-nos
em cachos de uva em maturação. As vespas ou marimbondos
possuem
mandíbulas
bem desenvolvidas
utilizar na construção
encontrada
as abelhas afugentam
grande quantidade
romper
uma espécie prejudicial
as vespas dos bagos rompidos,
dos bagos, para
Ao danificarem
os
de abelhas. A Apis me/lifera,
nos parreirais, não consegue
isso, não deve ser considerada
bagos, ampliando
a película
dos ninhos e/ou como fonte de alimento.
bagos, o suco extravasa, atraindo
comumente
e rompem
a casca íntegra, por
aos parreirais. No entanto,
levando-as
a danificar
novos
os prejuízos (Figura 11). As principais vespas que atacam a videira
são Polistes spp., Poiybia spp. e Synoeca syanea.
o ataque
de vespas e abelhas aos cachos de uva ocorre principalmente
à falta de alimento
são observados
(floradas) no período
de maturação
da uva. Os maiores danos
em parreirais isolados e com carência de alimento.
estiagem, os bagos atacados secam rapidamente,
é possível aproveitar
o cacho, eliminando-se
No período
rapidamente
esses bagos. Quando o ataque ocorre
a podridão-ácida
cachos atacados. A ocorrência
(produção
da podridão-ácida
da poda curta), em condições
método
as inflorescências
de controle,
(Drosophi/a),
na perda
é comum na produção
já que o período
pluviométricas.
das uvas Niágara tem levado os viticultores
produção, eliminando-se
Como
e resultando
tropicais,
coincide com a época de elevadas precipitações
perda de qualidade
de
quando o ataque é leve, e às vezes
no período chuvoso, ocorre a infestação associada da mosca-do-vinagre
disseminando
devido
total
dos
da safrinha
de colheita
Nessas condições, a
a dispensarem
essa
antes do florescimento.
observa-se
o cultivo,
nas áreas marginais
aos
parreirais, de plantas que florescem no mesmo período de maturação da videira, para
suprir as abelhas de alimento
no período crítico de ataque. Na região Sul do Brasil,
o trigo-mourisco
(po/ygonum
vulqare;
escalonadamente
a cada 15 dias, a partir
cultivadas
e o girassol
(He/ianthus annus), semeados
de dezembro,
são duas das espécies
para esse fim.
As áreas próximas aos parreirais devem ser reflorestadas
eucalipto,
angico, canela-Iageana
fedegoso,
carne-de-vaca,
essas espécies. Também
comedouros
coletivos.
e sassafrás, louro, pau-marfim,
palmeiras
pode
com espécies como
e butiás, ampliando
ser fornecido
alimento
cambuim,
maricá,
a fonte de alimento
artificial
às abelhas,
para
em
245
Capítulo 11 - Pragas da uva Niágara no Brasil
Figura 11. Vespas em bago de videira.
Para as vespas, a localização
e destruição
dos ninhos
podem ser utilizadas para se reduzir os prejuízos. Lembrando
ser criteriosa,
pois esses insetos são valiosos auxiliares
próximos
ao cultivo
que essa operação deve
como agentes de controle
biológico.
Como outra alternativa,
pode-se empregar
repelentes como o nim (Azadiracta
indica A. Juss). O extrato pirolenhoso,
como repelente de vespas e abelhas no período
de pré-colheita,
por conter substâncias tóxicas, como
não é recomendado
à alcatrão.
o cultivo da videira Niágara no Brasil
246
Gorgulho-do-milho
o gorgulho-do-milho
cosmopolita,
frequência
Sitophilus sp. (Coleoptera:
característica
atacando
de produtos
a videira.
armazenados,
A ocorrência
Curculionidae)
é uma praga
e tem sido relatada
do gorgulho-do-milho
(Figura
com
12),
geral mente, é próxi ma à col heita, na fase de matu ração dos frutos. Os ad u Itos perfu ram
os bagos, extravasando
o suco que serve de substrato
para o desenvolvimento
da
podridão-ácida.
O controle
localizados
deve ser dirigido
próximos
aos paióis de armazenagem
de milho, geralmente
aos parreirais. Em situações de elevada infestação, é possível
reduzir os danos, empregando-se
inseticidas e respeitando-se
As uvas da cultivar Niágara também
sua carência.
podem ser danificadas por outros animais,
com destaque para os pássaros e morcegos frugívoros. O ataque dos pássaros (Figura 13)
Figura12. Gorgulho do milho em cacho de videira.
Capítulo 11 - Pragas da uva Niágara no Brasil
?47
Figura 13. Ataque de pássaros em bagos de videíra da
CV.
Niágara Rosada.
aos bagos pode ocorrer ainda quando esses estão verdes, resultando em perdas
totais. No caso dos morcegos, o ataque geralmente ocorre quando os bagos estão
maduros (Figura 14).
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Figura 14. Ataque de morcegos em bagos de
videira da CV. Niágara Rosada.
o cultivo da videira Niágara no Brasil
248
É importante
o produtor
Tanto os pássaros quanto
podendo
ser eliminados.
identificar
qual espécie está danificando
os morcegos
frugívoros
Por esse motivo,
evitar os danos é a cobertura
são protegidos
a principal
total do vinhedo
estratégia
com tela, incluindo
o cultivo.
por Lei, não
utilizada
para se
as laterais. Essa
prática, apesar de ter um custo elevado, deve ser analisada, pois os bagos maduros
danificados
extravasam
o suco, servindo
besouros da família Nitidulidae,
auxiliam
na dispersão
como atrativo
que, embora
de podridões
para abelhas, mariposas
e
não atuem como agentes primários,
nos cachos, com destaque
para a podridão-
ácida. Os danos são mais expressivos em parreirais próximos de matas ciliares, onde
a presença de pássaros e morcegos que se alimentam
condição, a cobertura
de frutas é mais intensa. Nessa
com tela pode ser viável economicamente.
Informações complementares sobre o manejo
de insetos que danificam os bagos
Frequentemente,
os produtores
questionam
a presença de um número elevado
de insetos nos parreirais, no período da colheita, incluindo
(Figura 15) e nitidulídeos
o que está acontecendo
a presença de mariposas
(Figura 16). Nessas situações, é fundamental
no vinhedo
identificar
para se adotar a medida correta de controle.
A presença de uma grande quantidade
de mariposas
nos cachos, principalmente
Figura15. Mariposas em cachos de uva, alimentando-se do suco extravasado dos bagos previamente rompidos
Capítulo 11
249
Pragas da uva Niágara no Brasil
Figura 16. Nitidulídeos em videira, Carpophilus sp (A); Coleopterus sp (B); Lobiopa insularis (C); Epuraea sp (O);
Coleopterus sp (E); Cryptarcha sp (F) encontrados em cachos danificados de 'Niágara Rosada',
Traço = 1 mm.
à noite, não significa que elas sejam as responsáveis
mariposas e borboletas
constituem
pelos danos nos frutos. As
uma das maiores ordens de insetos cujo corpo
e asas são cobertos com escamas (Lepidoptera). Elas são extremamente
em determinadas
lagartas,
situações, podendo
fase em que causam
danos
abundantes
ocorrer aos milhares de indivíduos, quando
ao se alimentarem
das folhas ou demais
estruturas vegetais.
Na fase adulta, a maioria das mariposas não possui aparelho
bucal capaz de
perfurar os frutos. Em outras palavras, a forma como as mariposas se alimentam,
permite que elas rompam os bagos da uva, causando
não
prejuízos. São apenas atraídas
para o vinhedo em busca do suco que extravasa dos bagos já rompidos por outros
o cultivo da videira Niágara no Brasil
250
agentes em busca de alimento. O mesmo acontece com os nitidulídeos
da Niágara, não conseguem
que, no caso
perfurar os bagos.
Com relação às mariposas, existe um pequeno grupo chamado Calpinae, cujos
representantes
apresentam
(Figura 17), são conhecidas
capacidade
reduzido
de romper
o aparelho
como mariposas perfuradoras
em perfurar
os frutos
de frutos. Apesar de terem
o bago da uva, esses insetos ocorrem
em número
muito
nos vinhedos.
Assim, 99% das mariposas
outros grupos de Lepidoptera,
rompidos
bucal especializado
observadas
nos cachos
de uva pertencem
a
atraídas para o parreiral depois que os bagos foram
por causas diversas, sendo incapazes de ocasionar dano primário. Por isso,
é fundamental
identificar
os organismos
que estão causando
bagos de uva (causa primária) no vinhedo, resultando
o rompimento
dos
na atração dos demais insetos.
Figura 17. Aparelho bucal de mariposa, da subfamília Calpinae, com capacidade de perfurar frutos.
251
Capítulo 11 - Pragas da uva Niágara no Brasil
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