10. ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL EDUCAÇÃO INFANTIL: contexto histórico, funções, objetivos e alternativas curriculares adequadas à realidade sócio cultural e características das crianças e a formação de professores para esse nível de ensino. A Disciplina EOEEI - Estrutura e Organização da Escola de Educação Infantil tem como principal objetivo provocar a reflexão sobre: - a formação dos professores de educação infantil; - as relações existentes entre os períodos históricos e as funções assumidas pelas instituições de educação infantil; - as alternativas para a educação infantil adequadas aos diversos contextos sócio-culturais das crianças; - a importância e o significado da intervenção educacional nesse nível de ensino, desde os primeiros anos de vida, para a formação da cidadania; - o reconhecimento das áreas de conhecimento do currículo da educação infantil adequadas à ampliação da aprendizagem das crianças. Essa reflexão é indispensável à pessoa que pretende trabalhar com educação infantil, em função de toda trajetória desse nível de ensino, uma vez que, popularmente, o conceito é de que a criança entre o nascimento e os seis anos de vida vai à escola somente para brincar ou para se preparar para o ensino fundamental, considerado, muitas vezes, mais importante. Outra idéia, também equivocada, é a de que o professor de educação infantil é, de fato, um pajem, um tipo de “babá”, bastam-lhe conhecimentos referentes à troca de fraldas, banho e alimentação, além de ter paciência, brincar e contar histórias que entretenham a criança. De acordo com as pesquisas de diversas áreas, é grande o desenvolvimento das crianças até os seis anos de idade. Nesse período ocorrem avanços muito significativos na linguagem, no movimento, na socialização entre tantos e não se pode tratar de forma displicente o trabalho educativo com as crianças. Enfim, o trabalho pedagógico na escola de educação infantil tem objetivos sérios de aprendizagem. A criança não tem que crescer para ser valorizada como pessoa ou para considerar o seu trabalho escolar importante. Para refletir: Para que o professor de educação infantil exerça sua profissão com qualidade, basta que ele goste de crianças? O que é necessário? De acordo com OLIVEIRA, historicamente, a formação dos professores de educação infantil tem sido pobre ou praticamente inexistente. Apresenta pessoas sem qualificação profissional, pois trabalham a partir da vivência com os próprios filhos, mulheres, em sua maioria. Não se exige a valorização adequada ao trabalho nesse nível de ensino. Essa formação se deve à exigência de profissionais adequados ao tipo de função que a instituição possui. Muitos dos ambientes escolares, ainda priorizam o atendimento assistencialista, em que é dispensado um tratamento de cuidados físicos (alimentação, higiene e prevenção de doenças) ou a recreação, em que há animadores culturais e especialistas em lazer. O modelo escolar defende a formação de professores polivalentes, de acordo com a Lei 9394-96, artigo 13. Ser polivalente significa que um único professor desenvolve todos os tipos de atividades com as crianças, tanto as rotineiras, que envolvam os cuidados básicos destinados à criança, como as educacionais. A função do profissional de educação infantil, por isso, é mediar o conhecimento, já que hoje se aborda a construção de significações através da mediação de parceiros mais experientes. Embora haja certa polêmica, o correto em educação infantil é que os profissionais não variem muito, pois a criança pequena precisa criar vínculos afetivos para que confie nas pessoas. Se há um professor para música, outro para artes, outro de recreação fica difícil para ela estabelecer uma boa comunicação com todos. A criança sempre elege alguém com a qual se identifique e confie e este deve ser o professor fixo. Portanto, ser polivalente é desenvolver um trabalho pedagógico com as crianças de maneira integral, percebendo-a como um ser inteiro e não compartimentado por áreas de conhecimento, como a hora da matemática ou da música. Mediar conhecimento é proporcionar situações de aprendizagem em um ambiente acolhedor e estimulante, no qual a criança faz suas descobertas e o professor a incentiva a ser curiosa e procurar respostas aos seus questionamentos. Qualquer pessoa mais experiente pode mediar algum tipo de aprendizagem, como por exemplo, na figura abaixo, o pai ensinou o filho a pescar. Na escola de educação infantil, o professor faz a mediação em situações de aprendizagem de maneira sistematizada, procurando objetivos que sejam adequados à idade, ao desenvolvimento das crianças e ao contexto social, cultural, econômico do qual elas façam parte. Toda criança tem uma série de potencialidades que ainda não desenvolveram, mas sua aquisição se dá, realmente, na medida em que experimentarem, brincarem, explorarem num ambiente propício à investigação, no qual o professor problematizará situações, tanto dentro como fora da sala de aula, procedendo ao seu papel de mediador. Problematizar as situações de aprendizagem requer a habilidade de questionar determinados aspectos dentro das perguntas da criança, não oferecer a resposta pronta, mas incentivá-la a levantar hipóteses sobre o assunto e confirma-las ou não, através de pesquisas e entrevistas. Dessa forma, a criança realiza muitas descobertas que serão incorporadas ao seu conhecimento, o que torna a aprendizagem mais prazerosa. A emoção da descoberta é sempre mais gratificante, porque envolve a participação intensa da criança na busca de informações. Isso gera uma aprendizagem significativa, muito diferente de um ambiente escolar no qual a criança tenha que manter-se passiva e submissa às ordens do professor, ouvindo instruções e informações acerca dos fatos e elementos do mundo, conhecendo-o somente através do papel. A formação de professores para a educação infantil OLIVEIRA referenda que na formação de professores para a educação infantil nos países europeus, há a exigência de que ela se dê em nível superior, após a conclusão do ensino médio. A maioria desses países separa a formação do professor de Educação Infantil da formação de professores para o ensino fundamental. Quanto ao conteúdo dos cursos, há grande variedade nas habilidades que o professor de educação infantil precisa desenvolver, dependendo das exigências da comunidade e sua cultura. No Brasil, há uma discussão sobre a formação de professores em nível superior. Por um lado, acredita-se que essa formação melhore a atuação profissional, de outro lado, acredita-se que o atendimento a esse nível de ensino torne-se mais oneroso. Na prática, ainda não se vê melhorias quanto à qualidade do trabalho em creches e pré-escolas e uma causa importante é que os cursos, tanto em nível médio quanto em superior estão desatualizados. Não basta que os cursos de formação de professores, simplesmente, passem a ser ministrados no ensino superior, mas devese garantir que o profissional em formação consiga estabelecer relações entre a teoria estudada e o cotidiano da sala de aula. Ao contrário, continuará executando um trabalho automático, repetitivo, pois não há reflexão. A formação profissional, porém, não se dá apenas em cursos, mas no cotidiano, na pesquisa realizada pelo professor para solucionar os problemas específicos de sua clientela, no compromisso com a aprendizagem de seus alunos, enquanto parceiro e não oponente da família, afinal, todo o trabalho desenvolvido na escola de educação infantil deve ser centrado na criança. Tão importante quanto a valorização do profissional que organiza e se envolve na ação educativa, reflete sobre sua prática e formação, é entender que o contexto educativo torna-se mais rico ao contemplar pais, crianças e professores como protagonistas de processo respaldado pela solidariedade, respeito ao outro e inspirado pela paz e liberdade. A partir dessa perspectiva o termo “qualidade” passa a ser visto com maior criticidade, assume uma categoria histórica e social que abriga interesses e significações. Portanto, a formação do professor se dá nos cursos iniciais de formação; no cotidiano da sala de aula com a interação com as crianças; nos cursos de especialização, de maior ou menor duração; na troca de experiência com seus pares, colegas de profissão; com as famílias das crianças. No que se refere à formação do professor, toda experiência é válida, merece consideração, seja dentro ou fora do ambiente escola, seja teórica ou prática, já que as duas caminham sempre juntas. Importar-se com a contínua formação dos profissionais da educação é buscar melhora na qualidade do trabalho no ambiente educativo desse nível de ensino, uma vez que um professor reflexivo imprimirá intencionalidade ao seus trabalhos. Antes de toda proposta de atividade fará uma análise sobre sua clientela e os motivos pelos quais acredita que aquele conteúdo será importante para ela.