56º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 56º Congresso Brasileiro de Genética • 14 a 17 de setembro de 2010 Casa Grande Hotel Resort • Guarujá • SP • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 34 Os nativos sul-americanos vistos sob o olhar do DNA mitocondrial Bisso-Machado, R1; Bravi, CM2; Coble, MD3; Marrero, AR4; Salzano, FM1; Bortolini, MC1 Departamento de Genética, Instituto de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul Instituto Multidisciplinario de Biología Celular, CONICET, La Plata, Argentina 3 The Armed Forces DNA Identification Laboratory, Rockville, EUA 4 Departamento de Biologia Geral, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais [email protected] 1 2 Palavras-chave: mtDNA, HVS, ameríndios, origem, evolução. O desenvolvimento científico nos fez conhecer aspectos importantes sobre a colonização do continente americano. No entanto, estamos longe de entender detalhes a respeito desse evento e como se deram posteriormente as migrações internas. A dispersão dos ameríndios ao longo da América do Sul, bem como suas conseqüências, tem motivado alguns trabalhos envolvendo o DNA mitocondrial (mtDNA). Neste estudo foram investigados 160 indivíduos pertencentes a 10 tribos sul-americanas: Arara, n = 19; Cinta-Larga, n = 8; Gorotire, n = 11; Jamamadi, n = 13; Kuben-Kran-Kegn, n = 19; Mekranoti, n =24; Munduruku, n =14; Pacaás Novos, n = 30; Parakanã, n = 19; Xikrin, n =3), pertencentes a 5 grupos lingüísticos distintos (Arawa, Carib, Chapacura-Wanham, Ge, Tupi). O estudo envolveu o sequenciamento da região controladora do mtDNA (HVS-I: da posição 16.024 até 16.569, e HVS-II: da posição 001 até 576, bem como a região imediatamente 5’ à região controladora). Somente os 4 haplogrupos característicos de nativos sul-americanos (A, B, C e D) foram encontrados, o que denota que não há fluxo gênico mediado por mulheres não-indígenas para as aldeias. Ao analisar a distribuição desses haplogrupos ao longo da América do Sul foram adicionados dados anteriormente publicados de 55 outras populações nativas americanas. Certos padrões puderam ser evidenciados: baixa freqüência do haplogrupo A na América do Sul como um todo, presença preponderante dos haplogrupos D e C na Amazônia e extremo sul do continente, enquanto a presença do haplogrupo B é marcante somente na região andina e centro-brasileira. Partindo dessa análise buscou-se verificar como se dava as distribuições entre os grupos Ge e os Tupi, dois dos mais importantes troncos lingüísticos do continente americano. Os indígenas do tronco Ge mostram os haplogrupos B e A como sendo os mais freqüentes, enquanto que nos Tupi esses haplogrupos apresentam freqüências mais elevadas apenas em regiões bastante restritas. Entre os Tupi, o haplogrupo D é o mais freqüente. Cabe salientar que o haplogrupo C apresenta freqüência muito baixa tanto para os Ge quanto para os Tupi, sendo que freqüências um pouco mais elevadas estão quase que geograficamente opostas, ficando no sul do Brasil para os Ge e no norte para os Tupi. Esses resultados mostram padrões de diferenciação entre os sul-ameríndios, principalmente entre os Ge e Tupi, que até então não haviam sido evidenciados. Esse fato pode estar evidenciando diferentes padrões demográficos e evolutivos envolvendo as tribos pertencentes a ambos os estoques lingüísticos. Apoio financeiro: CAPES, CNPq