4º TRIMESTRE • 2014 • Nº 309 Você já conhece o aplicativo das Lições Bíblicas? Recursos interativos exclusivos da versão digital: apresentação da série em formato de vídeo, compartilhamento em redes sociais, podcast integral, leitura dos textos bíblicos no próprio aplicativo e navegação dinâmica. Veja como fazer o download do aplicativo Dispositivos com iOs – APPLE 1. Acesse a App Store em seu aparelho e faça uma busca por “Lições Bíblicas IAP” 2. Instale o aplicativo e em seguida faça o download das lições de seu interesse • A edição 305 é gratuita, para degustação. As demais edições são pagas, sendo necessário que o usuário possua uma conta habilitada para compras na Apple. 3. O aplicativo também pode ser acessado no endereço https://itunes.apple.com/us/app/licoes-biblicas-iap/id739151968 ou por meio do código QR ao lado. Dispositivos com Android – GOOGLE 1. Acesse o Google Play em seu smartphone ou tablet e busque por “Lições Bíblicas IAP” 2. Instale o aplicativo e em seguida faça o download das lições de seu interesse • A edição 304 é gratuita, para degustação. As demais edições são pagas, sendo necessário que o usuário possua uma conta habilitada para compras na Play Store do Google. 3. O aplicativo também pode ser acessado no endereço https://play.google.com/store/apps/details?id=com.farol.iap ou por meio do código QR ao lado. ATENÇÃO: O aplicativo é compatível com aparelhos com tela igual ou superior a 7 polegadas. Instale, conheça e divulgue para os seus amigos! Disponível para dispositivos com iOs e Android. Copyright © 2014 – Igreja Adventista da Promessa Revista para estudos na Escola Bíblica. É proibida a reprodução parcial ou total sem autorização da Igreja Adventista da Promessa. DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CRISTÃ Diretor Alan Pereira Rocha Conselho Editorial José Lima de Farias Filho Hermes Pereira Brito Magno Batista da Silva Osmar Pedro da Silva Otoniel Alves de Oliveira Gilberto Fernandes Coelho João Leonardo Jr. EXPEDIENTE Redação Rua Boa Vista, 314 – 6º andar – Conj. A – Centro Fone: (11) 3119-6457 – Fax: (11) 3119-2544 www.portaliap.com.br • [email protected] Jornalista responsável Pr. Elias Pitombeira de Toledo (MTb. 24.465) Redação e preparação de originais Alan Pereira Rocha Alexandro Jorge da Silva Andrei Sampaio Soares Eleilton William de Souza Freitas Ismael Braz Jailton Sousa Silva Kassio Passos Lopes Márcio Guimarães Silvio Gonçalves Eudoxiana Canto Melo Revisão de textos Seleção de hinos e ordem de culto Silvana A. de Matos Rocha Leituras diárias Andrei Sampaio Soares Projeto Gráfico Marcorélio Cordeiro Murta Editoração e capa Farol Editora Atendimento e tráfego Geni Ferreira Lima Fone: (11) 2955-5141 Assinaturas Informações na página 112 Impressão Gráfica Regente – Maringá, PR Modismos e heresias do meio evangélico SUMÁRIO Apresentação .....................................................5 1 A teologia da prosperidade ...................................7 2 O evangelho da saúde perfeita ...........................14 3 A quebra de maldições .......................................21 4 Demonologia enferma ........................................28 5 Apóstolos e profetas ...........................................35 6 A salvação pelas obras ........................................42 7 As práticas judaizantes........................................49 8 O louvor profético ..............................................56 9 Os cristãos sem igreja .........................................64 10 Ateísmo cristão ...................................................71 11 O homem como centro.......................................78 12 Cultos desordeiros ..............................................86 Projeto Proclamar – Sábado especial ..............94 13 Jesus e a missão integral .....................................95 Sugestão para programa de culto ................103 Confira, nas páginas centrais, o encarte com informações sobre a 50ª Assembleia Geral das Convenções da IAP ABREVIATURAS DE LIVROS DA BÍBLIA UTILIZADAS NAS LIÇÕES 4 ANTIGO TESTAMENTO NOVO TESTAMENTO Gênesis Êxodo Levítico Números Deuteronômio Josué Juízes Rute 1 Samuel 2 Samuel 1 Reis 2 Reis 1 Crônicas 2 Crônicas Esdras Neemias Ester Jó Salmos Provérbios Eclesiastes Cantares Isaías Jeremias Lamentações Ezequiel Daniel Oséias Joel Amós Obadias Jonas Miquéias Naum Habacuque Sofonias Ageu Zacarias Malaquias Mateus Marcos Lucas João Atos Romanos 1 Coríntios 2 Coríntios Gálatas Efésios Filipenses Colossenses 1 Tessalonicenses 2 Tessalonicenses 1 Timóteo 2 Timóteo Tito Filemon Hebreus Tiago 1 Pedro 2 Pedro 1 João 2 João 3 João Judas Apocalipse Gn Ex Lv Nm Dt Js Jz Rt 1 Sm 2 Sm 1 Rs 2 Rs 1 Cr 2 Cr Ed Ne Et Jó Sl Pv Ec Ct Is Jr Lm Ez Dn Os Jl Am Ob Jn Mq Na Hc Sf Ag Zc Ml Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 Mt Mc Lc Jo At Rm 1 Co 2 Co Gl Ef Fp Cl 1 Ts 2 Ts 1 Tm 2 Tm Tt Fm Hb Tg 1 Pe 2 Pe 1 Jo 2 Jo 3 Jo Jd Ap ABREVIATURAS DE TRADUÇÕES E VERSÕES BÍBLICAS UTILIZADAS NAS LIÇÕES AM ARA ARC AS21 ECA NVI KJA BV NBV BJ TEB NTLH A Mensagem Almeida Revista e Atualizada Almeida Revista e Corrigida Almeida Século 21 Edição Contemporânea de Almeida Nova Versão Internacional Tradução King James Atualizada Bíblia Viva Nova Bíblia Viva Bíblia de Jerusalém Tradução Ecumênica da Bíblia Nova Tradução na Ling. de Hoje Apresentação Pela graça de Deus, chegamos à última série de Lições Bíblicas de 2014. Esta, que é uma série doutrinária, tem como título Ventos de doutrinas: Modismos e heresias do meio evangélico. Cremos que se trata de um tema bastante oportuno e relevante para os dias atuais da igreja evangélica, dias marcados por “novidades espirituais” que surgem no mercado da fé, a toda hora. O que queremos dizer com a expressão “ventos de doutrinas”? Antes de responder a essa pergunta, precisamos explicar que a palavra doutrina é a tradução para o termo grego didaskalia e significa ensino ou instrução. Precisamos dizer também que a doutrina cristã pode ser definida como o conjunto das verdades fundamentais da Bíblia ou, simplesmente, o ensinamento que Jesus Cristo deixou para que seguíssemos. Então, vamos agora à resposta. A expressão “ventos de doutrinas” é usada, na Bíblia, para se referir às falsas doutrinas, aquelas que são contrárias ao evangelho de Cristo. As falsas doutrinas têm aparência de coisa boa, mas a realidade é bem diferente. São chamadas de “ventos” porque são modismos que vão e vêm. São heresias que se apresentam aos cristãos como se fossem remédio, quando, na verdade, são veneno. São tão impetuosas e ardilosas que, se não estivermos firmes na fé, podem até nos levar ao chão. Observe o que Paulo escreveu, na Carta aos Efésios, capítulo 4, versículos 13 e 14: ... até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo. O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro. www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 5 Segundo esse texto, os ventos de doutrinas são armadilhas para os incautos e ingênuos. Qual é o antídoto? Como podemos nos prevenir para não cairmos nessa arapuca? Não há outra solução: precisamos de conhecimento, mas não de qualquer conhecimento. Precisamos conhecer as Escrituras Sagradas; precisamos conhecer o Filho de Deus. É fundamental entendermos o evangelho. Esse é o único caminho para crescermos na fé e deixarmos de ser crianças. É claro que devemos ser semelhantes às crianças, na humildade e na autenticidade (cf. Mt 18:3-4), mas não em sua ignorância ou falta de discernimento, nem em sua instabilidade (Ef 4:14; 1 Co 14:20). As crianças acreditam em tudo que lhes é dito, e, neste sentido, não podemos imitá-las. Um cristão maduro não é jogado de um lado para o outro pelas novidades espirituais que surgem, a cada dia, no mercado da fé. Mas, infelizmente, há cristãos sinceros que embarcam em todas as novas ondas que assaltam a igreja e jamais se firmam na verdade. Vivem atrás de experiências e não têm discernimento para identificar os falsos ensinos. Só há uma solução. Paulo nos diz que, se quisermos crescer para que não mais sejamos meninos, inconstantes, levados ao redor por todo vento de doutrina, precisamos do conhecimento. É por isso que temos a satisfação de apresentar a você esta série de estudos, em que iremos combater, através da palavra de Deus, alguns ventos de doutrinas que, atualmente, estão soprando com muita força no meio evangélico, e querem nos levar consigo. Que Deus recompense todos os que colaboraram na pesquisa e na produção desta série. Que Deus use poderosamente os professores. Que Deus faça com que os estudantes destas lições bíblicas cresçam espiritualmente. Que Deus nos ajude a fugir de uma fé infantilizada e ser capazes de identificar os ventos de doutrinas de nosso tempo. A ele sejam dadas a honra, a glória e o louvor, pelos séculos dos séculos. Amém! Pr. Alan Pereira Rocha Diretor do Departamento de Educação Cristã 6 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 1 A teologia da prosperidade 4 DE OUTUBRO DE 2014 Hinos sugeridos – BJ 232 • BJ 128 OBJETIVO TEXTO BÁSICO Explicar ao estudante da palavra de Deus o que é a perniciosa teologia da prosperidade, à luz das Escrituras, de maneira que consiga discernir seus ensinos antibíblicos e rejeitá-los com firmeza. Por isso, tendo o que comer e com que vestir-nos, estejamos com isso satisfeitos. (1 Tm 6:8) LEITURA DIÁRIA D S T Q Q S S 28/09 29/09 30/09 01/10 02/10 03/10 04/10 1 Tm 6:7-10 2 Co 9:13-14 Jo 16:33 Hb 11:37 2 Co 11:16-33 At 14:22 Hb 13:5 Acesse os Comentários Adicionais e os Podcasts deste capítulo em www.portaliap.com.br INTRODUÇÃO Se você ligar sua televisão, agora mesmo, provavelmente encontrará, em determinado canal, um telepastor pregando uma telemensagem muito parecida com esta: “Deus quer que seus filhos tenham os melhores empregos, comam a melhor comida, vistam-se das melhores e mais caras roupas, dirijam os melhores automóveis e tenham o melhor que este mundo pode oferecer. Ora, você é filho do rei, que é Deus, o dono do ouro e da prata, então, por que passar por dificuldades? Aproprie-se agora de sua benção!”. Essa mensagem pertence a muitos bispos, apóstolos e pastores brasileiros, divulgadores da famigerada teologia da prosperidade. Eles alardeiam, pelos púlpitos, que você “nasceu para vencer”, que é “cabeça e não calda” e que precisa “tomar posse da sua benção”. Seria esse o evangelho de Cristo? Teria Jesus anunciado um “evangelho da prosperidade”? Visando responder a essas e outras questões, analisaremos, nesta lição, a teologia da prosperidade sob a ótica das Escrituras. Vamos ao estudo! www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 7 I CONHECENDO OS VENTOS DE DOUTRINA O que é a teologia da prosperidade? Basicamente, é o ensino que afirma ser a prosperidade financeira um direito do cristão, pois este é filho de Deus, o dono de toda a riqueza. Esse ensino é muito comum no Brasil, mas teve sua origem nos Estados Unidos, como um desdobramento da doutrina de “confissão positiva”, cujo originador foi o evangelista William Kenyon (1867-1948) e cujo principal divulgador foi o pregador norte-americano Kenneth Hagin (1917-2003). A teologia da prosperidade não é uma doutrina uniforme, o que dificulta nosso trabalho de estudá-la. Entretanto, ao analisá-la, percebemos que há três ensinos centrais que a definem muito bem. Estes ensinos são os seguintes. 1. Só recebe quem dá: Um dos ensinos centrais da teologia da prosperidade é a regra: Quanto mais dinheiro damos à igreja, mais recebemos de Deus. Com base em Ml 3:10, os líderes evangélicos dizem que, se devolvemos nosso dízimo a Deus, ele tem a obrigação de nos abençoar financeiramente. De igual forma, os arautos do evangelho da prosperidade fazem uso de 2 Co 9:6 para comprovar esse ensino equivocado. Nesse texto, Paulo diz: ... o que semeia pouco também ceifará pouco; e o que semeia em abundância em abundância também ceifará. Isso significa 8 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 que quem dá muito dinheiro à igreja, muito dinheiro recebe de Deus. Fica claro, portanto, que, nas igrejas que adotam a teologia da prosperidade, o relacionamento do fiel com Deus baseia-se na barganha. Você recebe, se, primeiro, doar; colhe, se plantar. No modo de entender dos defensores da Teologia da Prosperidade, se você deu o dízimo, pode exigir de Deus riquezas; se ofertou dinheiro, ele terá que lhe devolver em dobro. 2. Sinal de fidelidade: Outro ensino fundamental da teologia da prosperidade é o de que dinheiro, conquistas financeiras e bens são amostras de que o crente desfruta de um bom relacionamento com Deus. Crente fiel a Deus é crente saudável, com muito dinheiro no bolso, com casas e automóveis caros. Essas bênçãos financeiras são vistas como um sinal de uma vida cristã vitoriosa. Isso se comprovaria na vida de Abraão, Davi, Salomão e Jó, que eram riquíssimos, dizem os evangelistas da prosperidade. Seguindo essa lógica, se o crente não desfruta de todas essas benesses não está nada bem aos olhos de Deus: provavelmente, está contribuindo muito pouco, está “em pecado”, tem pouca fé ou tem dado lugar ao Diabo. No último caso, se o diabo estiver emperrando a prosperidade, é preciso “amarrá-lo” ou exigir: “Tire as mãos do meu dinhei- ro!”. Nessa teologia, portanto, pobreza é sinônimo de maldição, fracasso e mediocridade. 3. Direito do crente: O terceiro ensino central da teologia da prosperidade é o de que o crente tem o direito de desfrutar de muito dinheiro, bens e conquistas financeiras em abundância. Ora, se somos filhos do rei, dizem os adeptos do evangelho da prosperidade, então possuímos não apenas o privilégio, mas, sobretudo, o dever de sermos prósperos. Esse não é só um privilégio; é um direito do cristão, dizem. Por isso, o crente pode exigir isso de Deus. Essa é a razão pela qual é tão comum, em igrejas que assumem a teologia da prosperidade, ver crentes “tomando posse da benção”, “apropriando-se do que querem” e “exigindo de Deus suas bênçãos”. Em tais igrejas, Deus é visto como uma marionete que pode ser manobrada pelos crentes. Eles exigem, e ele tem que dar; eles o colocam “contra a parede”, e ele não tem alternativa, a não ser abençoá-los. Tudo isso porque entendem que o crente está destinado a ser próspero, saudável e feliz neste mundo. 01. Discuta em classe as seguintes questões: Como podemos definir a teologia da prosperidade? Qual a sua origem? Em sua opinião, há muitas igrejas, no Brasil, que a ensinam? 02. Há três ensinos centrais que definem a teologia da prosperidade. Quais são? Para responder, utilize o comentário anterior. II COMBATENDO OS VENTOS DE DOUTRINA Como acabamos de ver, a teologia da prosperidade poderia, grosso modo, ser definida por estes três ensinos centrais: 1) Quanto mais di- nheiro damos à igreja, mais recebemos de Deus, 2) prosperidade é sinônimo de bom relacionamento com o Senhor e 3) cristão tem o direito www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 9 de desfrutar de bênçãos financeiras em abundância. Será que, à luz da Bíblia, esses ensinos estão corretos? É o que veremos a seguir. 1. Barganha com Deus: Sobre o primeiro ensino da teologia da prosperidade, precisamos fazer algumas considerações. É claro que, em Ml 3:10, 2 Co 9:6 e em outros textos, há promessas de Deus para os que são fiéis nos dízimos e contribuem generosamente, mas isso não significa que podemos exigir bênção de Deus. Ele é soberano e nós, suas criaturas. A contribuição financeira não é uma barganha com Deus. O fato de darmos não o obriga a nos devolver; é o contrário: ele já nos deu, e, por isso, estamos devolvendo. A teologia da prosperidade distorce o conceito bíblico de contribuição. O dízimo é uma atitude de gratidão, não de interesse mesquinho. Não o devolvemos para ganhar em dobro, nem para ficar ricos, mas para agradecer a Deus por suas bênçãos. É interessante que 2 Co 9 trata de uma oferta destinada a ajudar cristãos pobres na Judeia. A motivação era ajudar o próximo, não enriquecer. O que Paulo estava ensinando é que “quando semeamos dinheiro, colhemos não apenas dinheiro, mas também, e, sobretudo, bênçãos espirituais”1 (cf. 2 Co 9:13-14). Sendo assim, a contribuição, na Bíblia, é 1. Lopes (2008a:208). 10 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 sempre uma expressão de gratidão, nunca um meio para extorquir riqueza de Deus. 2. Pobres, mas fiéis: Quanto ao segundo ensino da teologia da prosperidade (prosperidade é sinônimo de bom relacionamento com Deus), podemos afirmar que é antibíblico. Temos o exemplo dos crentes pobres da Judeia, para os quais foi necessário levantar uma oferta entre as igrejas da Macedônia, a fim de que não morressem de fome (cf. Gl 2:10; 2 Co 8 e 9). Será que todos esses irmãos não tinham fé o bastante ou estavam “em pecado”? E o que dizer do nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo filho de Deus, foi pobre? A Bíblia diz que ele nasceu em um estábulo sujo, em Belém (Lc 2:1-7), e cresceu em Nazaré, situada na periferia da Palestina (Mt 2:19-20, 23). Sendo assim, a fidelidade do crente a Deus não pode ser medida por sua situação financeira. Na galeria dos heróis da fé, em Hb 11, encontramos o relato de crentes que foram fiéis a Deus e, ainda assim, foram necessitados (Hb 11:37). O mesmo diríamos de Paulo, que, por amor a Cristo, passou fome, sede, frio e necessidades inúmeras, no decorrer de toda sua vida (2 Co 11:1633; Fp 4:11-13; 2 Tm 4:6-18). Sem dúvida, de acordo com a teologia da prosperidade, o apóstolo seria, hoje em dia, um tremendo exemplo de crente fracassado. 3. Não somos imunes: A Bíblia também contradiz o terceiro ensino da teologia da prosperidade, a ideia de que o cristão, por servir a Deus, tem o direito à riqueza material e à prosperidade financeira. Jesus disse que o Pai não promete atender nossas ambições, mas, sim, nossas necessidades (Mt 6:31-34); também não nos torna imunes ao sofrimento presente (cf. Mt 24:7-9; At 14:22). Os cristãos não estão isentos das condições econômicas e sociais do lugar em que vivem. Isso fica claro pelo exemplo dos cristãos pobres da Judeia, que sofreram com a fome que se abateu por todo o mundo, na época (At 11:27-30). O mal, o sofrimento e a escassez farão parte deste mundo, até que Jesus volte (Ap 21:1-4). Diante disso, a confiança do cristão deve estar em Deus, que o ajuda a enfrentar as adversidades. Não temos direito algum de exigir riquezas de Jesus, pois ele nunca nos prometeu isso (Jo 16:33). Nas igrejas que pregam a teologia da prosperidade, Deus está a serviço dos fiéis, como um capacho, debaixo de seus mandos e desmandos. Isso não é absurdo? Deus é soberano; lembre-se disso. 03. Responda às seguintes questões: É certo, com base em Ml 3:10, exigir bênçãos de Deus? Qual a motivação para contribuir? Qual o contexto de 2 Co 9:6 e o que Paulo estava realmente ensinando? Utilize 2 Co 9:13-14. 04. Leia Mt 8:20 e responda: Como conciliar a teologia da prosperidade com o fato de Jesus ter sido pobre? Leia Jo 16:33; 2 Co 11:16-33; Fp 4:11-13; Hb 11:37; At 11:27-30, e comente sobre a ideia absurda de dizer que crente não pode passar por necessidades. Jesus prometeu riquezas? www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 11 III CORRENDO DOS VENTOS DE DOUTRINA Como ficou comprovado, à luz das Escrituras, a teologia da prosperidade é completamente antibíblica. É mais um vento de doutrina falsa, que tem soprado pelas igrejas evangélicas no Brasil. Concentra-se em verdades bíblicas pela metade, fora do contexto.2 Não é, de forma alguma, o evangelho de Jesus Cristo, e, portanto, deve ser rejeitada por todos os cristãos. A seguir, vejamos como podemos correr para bem longe desse falso ensino. 1. Fuja da teologia da prosperidade: não seja insatisfeito: A teologia da prosperidade produz crentes egoístas e insatisfeitos. Influenciados por ela, muitos cristãos, como meninos malcriados, têm feito orações interesseiras, esperando que Deus realize suas vontades mesquinhas de adquirir bens, posição e riqueza. Nunca estão satisfeitos, sempre querem mais. Só sabem pedir e pedir. Contudo, a Bíblia nos diz: Não se deixem dominar pelo amor ao dinheiro e fiquem satisfeitos com o que vocês têm (Hb 13:5 – NTLH). Paulo vai além e diz que devemos sentirnos bem satisfeitos sem dinheiro, se tivermos alimento e roupa suficiente (1 Tm 6:8). A palavra prosperidade, do latim prospérus, significa “feliz, ditoso, florescente”.3 A verdadeira prosperidade bíblica é: estar feliz e satisfeito com o que Deus nos dá. 2. Fuja da teologia da prosperidade: não seja interesseiro: A teologia da prosperidade enfatiza o “aqui e agora”, em detrimento do “lá e então”. Prioriza o efêmero, não o eterno; o irrelevante, não o imprescindível; o supérfluo, não o essencial. Jesus disse: Cuidado! Fiquem de sobreaviso contra todo tipo de ganância; a vida de um homem não consiste na quantidade dos bens que possui (Lc 12:15 – NVI). Paulo, por sua vez, afirma que os querem ficar ricos caem em tentação, em muitos desejos loucos e nocivos que afundam os homens na ruína e na desgraça (1 Tm 6:9). Os ambiciosos são facilmente atraídos pela teologia da prosperidade. Eles vão a Deus, não pelo que ele é, mas pelo que ele pode fazer. Não querem a salvação, mas a riqueza; não querem o seu amor, mas as suas bênçãos. Fuja da teologia da prosperidade. Não seja interesseiro. 2. Zibordi (2006:69). 3.Idem, p.70. 12 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 05. Leia 1 Tm 6:8 e Hb 13:5 e fale sobre como a teologia da prosperidade produz crentes insatisfeitos e como a Bíblia a contradiz, nesse sentido. 06. Converse com os demais alunos sobre as seguintes questões: Qual a ênfase da teologia da prosperidade? O que a Bíblia diz a respeito? Para responder, leia Lc 12:15; 1 Tm 6:9. SEU DESAFIO SEMANAL Nesta semana, seu desafio será bem prático; afinal, Tiago nos advertiu quanto ao perigo de estudarmos a palavra de Deus, mas nunca a colocarmos em prática (Tg 1:22). Sendo assim, tente aplicar tudo o que você aprendeu, nesta lição. Aqui vão algumas dicas: Pegue seus CD’s ou DVD’s de música gospel e analise as letras das canções. Você sabia que muitas músicas e bandas evangélicas, no Brasil, são influenciadas pela teologia da prosperidade? Precisamos ficar atentos! Por isso, faça o mesmo com os livros que você possui. Aliás, a partir de agora, fique mais atento às mensagens que você vê no youtube, aos pregadores de renome que você escuta frequentemente. Infelizmente, muitos pastores de renome são adeptos da teologia da prosperidade e lucram muito com esse falso ensino. Seja crítico. Não seja enganado. Rejeite, com firmeza, a teologia da prosperidade. www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 13 2 O evangelho da saúde perfeita 11 DE OUTUBRO DE 2014 Hinos sugeridos – BJ 88 • BJ 25 OBJETIVO TEXTO BÁSICO Ensinar ao estudante da Bíblia que o cristão não é imune às enfermidades, como ensina o evangelho da saúde perfeita, e, com base nessa verdade, ajudá-lo a ser cuidadoso e submisso. Os seus discípulos perguntaram: — Mestre, por que este homem nasceu cego? Foi por causa dos pecados dele ou por causa dos pecados dos pais dele? Jesus respondeu: — Ele é cego, sim, mas não por causa dos pecados dele nem por causa dos pecados dos pais dele. É cego para que o poder de Deus se mostre nele. (Jo 9:2-3 – NTLH) LEITURA DIÁRIA D S T Q Q S S 05/10 06/10 07/10 08/10 09/10 10/10 11/10 Jo 9:1-3 2 Co 12:7-9 2 Cr 26:17-20 2 Rs 13:14 2 Tm 4:20 Mt 6:10 Jó 2:7-10 Acesse os Comentários Adicionais e os Podcasts deste capítulo em www.portaliap.com.br 14 INTRODUÇÃO É assustadora a quantidade de mortes a cada ano. De acordo com os dados da Organização Mundial da Saúde, divulgados no site da revista Super Interessante1, mais de 50 milhões de pessoas morrem, anualmente, no planeta. A maioria dessas mortes é provocada por doenças. As doenças vasculares cerebrais, por exemplo, estão entre as que mais matam no mundo. Não é à toa que, apesar dos avanços constatados, na medicina, nos últimos anos, a saúde ainda continua sendo uma de nossas principais preocupações. Ninguém quer ficar refém de uma doença, seja esta grave ou não. Dian1. Soares, Jessica. 9 doenças que mais matam no mundo. 7 de dezembro de 2012. Disponível em: <http://super. abril.com.br/blogs/superlistas/9-doencas-que-mais-matam-no-mundo/ >. Acesso em 16 de junho de 2014. Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 te de tudo isso, cabe uma pergunta: O crente em Jesus pode ficar doente? O evangelho da saúde perfeita I afirma que não. E a Bíblia, o que diz a respeito? É o que veremos no decorrer desse estudo. CONHECENDO OS VENTOS DE DOUTRINA Nos últimos anos, uma das doutrinas mais defendidas nos púlpitos de diversas igrejas cristãs é o chamado evangelho da saúde perfeita. Trata-se de um braço da Teologia da Prosperidade. Seus defensores não admitem, em hipótese alguma, que o cristão esteja enfermo e, ao mesmo tempo, em paz com Deus. Para melhor entendê-la, analisemos dois de seus aspectos. 1. A imunidade às doenças: A doença não faz parte do vocabulário do verdadeiro cristão. Pelo menos, é isso que prega o evangelho da saúde perfeita. Assim sendo, o cristão está imune a qualquer enfermidade. Ele não merece sofrer. Em que se baseia esse pensamento tão difundido e aceito por diversas denominações evangélicas de nossos dias? Uma das premissas desse ensino é que a doença é resultado de uma ação exclusiva do diabo.2 Uma simples gripe ou dor de cabeça pode indicar possessão maligna, e o verdadeiro cristão não pode ficar vul- 2. Andrade, Joaquim. A teologia da prosperidade. Disponível em: <http://www.solascriptura-tt.org/Seitas/Pentecostalismo/TeologiaProsperidade-JAndrade.htm>. Acesso em 11 de junho de 2014. nerável a ela, já que tem fé. Mateus 9:32-33 é um dos textos usados para defender essa ideia. Nele, é narrada a história de um homem mudo que foi curado por Jesus. Diz o texto que, quando o demônio foi expulso, o mudo começou a falar (v.33a). Outro ponto defendido pelo evangelho da saúde perfeita é que o cristão não deve adoecer porque a cura física lhe está totalmente garantida, na expiação de Cristo, de acordo com Isaías 53:4-5. O versículo 4a diz: Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e sobre si levou as nossas doenças. Mateus 8:14-17 é também utilizado para reforçar esse pensamento. 2. A culpabilidade frente às doenças: Já afirmamos que os defensores do evangelho da saúde perfeita argumentam que o verdadeiro cristão não pode ser portador de enfermidade. Contudo, “os hospitais e clínicas especializadas estão cheias de evangélicos de todas as denominações – tradicionais, pentecostais e neopentecostais –, sofrendo os mais diversos tipos de males”.3 3. Lopes (2011:32). www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 15 Obviamente, contestar essa afirmação é ir contra a lógica. Como é possível explicar o fato de que centenas de cristãos padecem nos leitos hospitalares todos os dias? O evangelho da saúde perfeita responde de duas maneiras. Em primeiro lugar, o cristão só adoece porque tem alguma culpa diante de Deus e está em pecado, o que o torna vulnerável aos demônios. Em segundo lugar, se o cristão caiu em enfermidade e continua a padecer por isso, é porque lhe falta fé suficiente para conseguir a cura. Portanto, o crente não pode aceitar a doença, mas deve determinar a cura, urgentemente, com a palavra de fé. Os verbos exigir, decretar, determinar, reivindicar são comumente proferidos nesse tipo de ação. 01. Com base em Is 53:4-5; Mt 9:32-33, e no item 1 da primeira parte deste estudo, responda: Por que o cristão não deve adoecer, segundo o evangelho da saúde perfeita? 02. Com base no item 2 da primeira parte deste estudo, responda: Como os defensores do evangelho da saúde perfeita explicam o fato de que muitos cristãos padecem nos leitos hospitalares? II COMBATENDO OS VENTOS DE DOUTRINA Assim como no passado, Deus pode curar os enfermos em nossos dias. Ele tem poder para trazer saúde a seu povo, pois cura todas as enfermidades (Sl 103:3). A teologia da saúde perfeita, porém, é um grave equívoco doutrinário. Dizer que o 16 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 cristão é imune às doenças e que, via de regra, está em pecado, quando adoece, é denegrir o texto bíblico. Refutemos, agora, esta heresia contemporânea. 1. A vulnerabilidade frente às doenças: Não há cristão imune à enfermidade. Todos nós somos vulneráveis a ela. Ao contrário do que faz a teologia da saúde perfeita, não podemos ignorar que as doenças, tal como a morte, são consequências da entrada do pecado no mundo. Desde que Adão e Eva pecaram, a humanidade inteira passou a conhecer o sofrimento (Gn 3:17-19). Somos pecadores, e, enquanto a natureza pecaminosa existir em nós, podemos adoecer física, emocional e espiritualmente. Nem sempre a pessoa adoece por causa de pecados pessoais (Jo 5:14) ou por falta de fé. Jó é um exemplo disso. Ele ficou gravemente enfermo, à beira da morte (Jó 2:7). Contudo, a Bíblia dá testemunho de sua integridade: Em tudo isto não pecou Jó com os seus lábios (Jó 2:10). Paulo também é um exemplo de que o cristão é vulnerável à doença. Apesar de ter orado três vezes pela cura, o fervoroso apóstolo não a recebeu (2Co 12:7-9). Será que ele não tinha fé? Quanto a Isaías 53:4-5, não se trata de garantia total de cura física. O que o texto quer dizer é que uma das atribuições do Messias seria curar os enfermos, como Jesus fez (cf. Mt 8:14-17). Ao curar muitas pessoas fisicamente, Jesus cumpria a profecia de Isaías, provando, assim, ser o Messias (Lc 7:19-23). Essas curas, porém, ocorreram antes da expiação de Cristo. Logo, usar essa passagem para dizer que a cura divina, total e perfeita, está garantida na expiação, é forçar o texto.4 2. A soberania frente às doenças: O diabo pode infringir doenças aos seres humanos? De acordo com a Escritura, dentro de sua soberania, Deus pode, sim, permitir que os demônios causem doenças nos seres humanos (cf. Mt 9:32-33, 12:22; Mc 9:17; Lc 13:10-13, etc.). Mas todas as doenças são causadas por demônios? De acordo com a Escritura, não! São vários os textos bíblicos em que doenças e ações demoníaca são tratadas distintamente (cf. Lc 13:32; Mt 17:15-18, 4:42, etc.). Nunca esqueçamos que Deus tem poder para curar, mas também para ferir. Isso porque a sua soberania atesta que ele é supremo em governo e autoridade sobre todas as coisas.5 Há quem diga que toda doença procede do diabo e que, para Deus dar uma doença, teria de pedi-la emprestada a ele, o que é uma ideia absurda.6 A Bíblia deixa claro que algumas doenças são uma provação divina. Além da provação, as doenças podem ser resultado de uma punição divina. Por isso, Uzias foi ferido pelo Senhor com lepra (2Cr 26:17-20), bem como Miriã (Nm 12:10). E, assim como pode ferir, Deus também pode curar. Po4. Romeiro (1998:27). 5. Idem, p.32. 6. Tadeu (1989:7). www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 17 rém, é importante lembrar que ele cura como e quando quer. Deus não curou Paulo, como também não curou Eliseu (2 Rs 13:14). Em contrapartida, curou Ezequias (2 Rs 20:5). Paulo orou e Deus curou o pai de Públio e alguns outros enfermos da ilha de Malta (At 28:7-9). Contudo, esse mesmo Deus não curou Trófimo, diante da oração do mesmo apóstolo Paulo (2 Tm 4:20). Por que Deus curou uns e outros, não? Porque é soberano. Ele não é obrigado a curar ninguém. Quem decreta a cura é Deus, não o homem; quem determina a bênção é Deus, não o homem; quem tem autoridade sobre as enfermidades é Deus, não o homem. A cura deve ser suplicada, não exigida por nós (cf. 1 Jo 5:14; Tg 1:17). Aliás, em nossas orações, sejam por cura ou por qualquer outro benefício, é preciso considerar o conselho de Cristo, face à soberania de Deus: ... faça-se a tua vontade (Mt 6:10). 03. De acordo com a Bíblia, o cristão é imune às doenças? Explique, com base em Gn 3:17-19; Jó 2:7,10; 2 Co 12:7-9. 04. Todas as doenças são procedentes do Diabo? Deus é obrigado a curar todas as pessoas? Temos autoridade para decretar ou exigir uma cura divina? Responda, com base Nm 12:10; 2 Rs 13:14, 20:5, Jó 2:3-7; 1 Jo 5:14. III CORRENDO DOS VENTOS DE DOUTRINA Podemos estar no leito de um hospital, sofrendo de uma grave enfermidade e, ainda assim, estar no centro da vontade de Deus. É isso 18 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 que a Bíblia ensina, contrariando todos os defensores da falsa doutrina do evangelho da saúde perfeita. Somos vulneráveis às doenças. O inte- gro Jó ficou doente; Paulo também. Por que seríamos diferentes? Duas lições devem ser levadas em consideração, diante do que aprendemos até aqui. 1. Cientes de nossa vulnerabilidade, sejamos cuidadosos: A doença causa dor, impotência, solidão, preconceito, morte; maltrata nosso corpo e mina nossas energias. O fato de sermos cristãos não impede que adoeçamos. Epafrodito, colaborador de Paulo, ficou doente e quase morreu, enquanto viajou em missão, para prover as necessidades do apóstolo Paulo (Fp 2:25-27). Timóteo, por sua vez, tinha problemas no estômago e sofria de várias enfermidades (1 Tm 5:23). Sabendo disso, cuidemos da nossa saúde. Evitemos ingerir alimentos que nos prejudiquem. Cultivemos hábitos saudáveis. Atividades físicas regulares ajudam, nesse sentido. Não menosprezemos os recursos da medicina, pois são bênçãos de Deus para nós. Timóteo foi aconselhado a tomar um pouco de vinho para não sucumbir na enfermidade (1 Tm 5:23). 2. Cientes de nossa vulnerabilidade, sejamos submissos: Deus é soberano. Ele pode ferir uma pessoa, por meio de uma enfermidade, como também pode curá-la de qualquer doença. O fato de ele ter poder para curar todas as doenças não significa que curará todas as pessoas. Nem sempre nossas orações serão atendidas. A vontade soberana de Deus é maior que a nossa. Portanto, quem somos nós para decretar, exigir ou determinar a cura divina e para usar da petulância de jogar Deus contra a parede? Jamais façamos isso. A nossa oração não tem poder em si mesma. Ela só será atendida se Deus assim o quiser (Fp 2:13). Em nossas orações por cura, sejamos submissos à vontade dele (Mt 6:10). Curando-nos ou não, Deus continua a ser soberano. 05. Por que precisamos ser cuidadosos em relação a nossa saúde? 06. Como podemos praticar a submissão em nossas orações por cura? www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 19 SEU DESAFIO SEMANAL Como vimos, na lição de hoje, não somos imunes às doenças. Nem sempre a enfermidade de uma pessoa indica que ela tenha culpa. Do mesmo modo, o fato de muitas pessoas não serem curadas de uma enfermidade não significa que não tenham fé. Se somos vulneráveis às doenças, cuidemos de nossa saúde e submetamo-nos à soberania de Deus. Apesar de estarmos sujeitos a sofrer de uma enfermidade, podemos contar com a graça e com a cura de Deus. Daí parte o nosso desafio para esta semana: Você conhece alguém que está enfermo? Seu desafio é orar por essa pessoa nesta semana, sempre enfatizando o princípio ensinado por Jesus: ... seja feita a tua vontade (Mt 6:10). 20 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 3 A quebra de maldições 18 DE OUTUBRO DE 2014 Hinos sugeridos – BJ 7 • BJ 130 OBJETIVO TEXTO BÁSICO Confrontar, à luz da Bíblia, a doutrina segundo a qual uma pessoa, quando crê em Jesus, precisa passar por uma seção de quebra de maldições. Que é que vocês querem dizer quando citam este provérbio sobre Israel: “Os pais comem uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotam”? Juro pela minha vida, palavra do Soberano Senhor, que vocês não citarão mais esse provérbio em Israel. Pois todos me pertencem. Tanto o pai como o filho me pertencem. Aquele que pecar é que morrerá. (Ez 18:2-4) LEITURA DIÁRIA D S T Q Q S S 12/10 13/10 14/10 15/10 16/10 17/10 18/10 Tg 3:1-12 Pv 15:1 Tt 2:8 Jo 9:1-3 Dt 24:16 Ez 18:1-4 Dt 9:6-24 Acesse os Comentários Adicionais e os Podcasts deste capítulo em www.portaliap.com.br INTRODUÇÃO Há, na sua família, casos de câncer, pobreza, alcoolismo, alergia, doenças do coração, diabetes, perturbações mentais e emocionais, abusos sexuais, obesidade, adultério, gravidez na adolescência, pornografia, depressão, divorcio? Segundo os defensores da doutrina da quebra de maldições, essas e outras situações são resultados dos pecados herdados de pais, avós, bisavós etc., ou de palavras malditas e até mesmo de um nome maldito. Nesta lição, analisaremos biblicamente essa doutrina divulgada fortemente nos meios de comunicação e presente em muitas igrejas, que se aproveitam da fragilidade de muitos crentes para impor-lhes pavor e confusão, ensinando-lhes que podem estar debaixo de maldições que precisam ser quebradas. www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 21 I CONHECENDO OS VENTOS DE DOUTRINA A doutrina da quebra de maldições faz parte do “pacote” da teologia da confissão positiva, que, entre outras coisas, além de ensinar sobre a herança maldita, conhecida também como “maldição de família” ou “pecado de geração”, também ensina que a maldição pode ser resultado das palavras recebidas ou até mesmo dos nomes adquiridos pelas pessoas crentes ou não. Veremos, resumidamente, esses três pontos principais dessa doutrina. 1. A herança maldita: Os defensores da “herança maldita” ensinam que todo tipo de sofrimento é herdado de pai para filho. Segundo eles, “a maldição é a autorização dada ao diabo por alguém que exerce autoridade sobre outrem, para causar dano à vida do amaldiçoado (...), levando-as a viver completamente fora dos propósitos de Deus”.1 Assim, faz-se necessário uma pessoa ou até uma equipe de especialistas para “quebrar” a maldição. O principal texto bíblico em que fundamentam essa doutrina é Êxodo 20:5-6, que afirma: Eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam. E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos 1. Linhares (1992:16). 22 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 que guardam os meus mandamentos. Outros textos também usados para defender essa ideia são: Lv 26:39; Nm 14:18; Dt 30:19. 2. As palavras malditas: Os mesmos que acreditam na doutrina da herança maldita também afirmam o poder das palavras, principalmente com base em Tiago 3:810. A interpretação dada por eles a esse texto é a de que as palavras podem desencadear a maldição sobre a vida de indivíduos, famílias e até nações. De acordo com essa crença, “as palavras de maldição são sentenças lançadas sobre uma pessoa ou sobre algo, que de forma intencional ou não, podem causar prejuízos em vários aspectos: sentimentais, profissionais, financeiros, entre tantos outros”.2 Isso acontece porque Deus deu ao homem autoridade nas suas palavras, que lhe permite abençoar ou amaldiçoar. Segundo os defensores dessa crença, isso funciona da seguinte maneira:3 as palavras que saem da nossa boca, boas ou más, acionam o mundo espiritual para a realização de algo físico ou natural. Sendo assim, tudo que falamos é 2. O poder de suas palavras. Disponível em: <http://www.boladenevechurch.com.br/mergulhando/aulaspdf/aula10.pdf >. Acesso em 05 de julho de 2014. 3. Idem. matéria-prima para o mundo espiritual e lhe concede legalidade para usar nossas palavras, que ficam registradas, à disposição dos demônios. Por isso, devem ser canceladas no mundo espiritual. E como isso pode ser feito? Por meios de orações que possam ser ouvidas pelo mundo espiritual, por meio de cura interior e libertação. Dessa forma, cancelamos toda a legalidade do diabo para agir contra nossas vidas ou contra a vida dos outros. 3. Os nomes malditos: Outro ensinamento que aflige e preocupa muitos crentes é o dos “nomes malditos”. Esse falso ensinamento diz que, dependendo do nome que a pessoa recebe, pode ser atingida por maldições, sendo que seu caráter e seu futuro não dependerão de suas escolhas pessoais, mas unicamente do seu nome. Segundo essa doutrina, existem nomes próprios carregados de maldição, que já trazem prognósticos negativos, “por isso não convém dar aos nossos filhos nomes que tenham conotação negativa, que expressem derrota, tristeza, dureza: ou de origem ou significado desconhecidos”.4 Para os que afirmam essa crença, os fracassos espirituais, financeiros, profissionais e tantos outros causados pelo nome maldito só podem ser interrompidos se a maldição do nome for quebrada. 4. Linhares (1992:34-35) 01. Foram apresentados os três principais pontos da doutrina da quebra de maldições. Discuta com a classe o primeiro desses ensinos: a “herança maldita”. O que é e como é transmitida? 02. O que ensinam aqueles que apresentam argumentos a favor das palavras malditas e dos nomes malditos? www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 23 II COMBATENDO OS VENTOS DE DOUTRINA Até aqui, verificamos um pouco do que pensam os defensores da quebra de maldições, seja por herança, palavras ou nomes malditos. Veremos que essa doutrina não possui consistência bíblica, pois se baseia em experiências humanas. Apresentaremos, a partir de agora, argumentos bíblicos que expõem a sua fragilidade. Vamos a eles: 1. O argumento bíblico contra a herança maldita: Os defensores da maldição hereditária erram, quando interpretam literalmente Êx 20:56, uma vez que, se o sentido desse texto fosse literal, implicaria uma contradição gravíssima em relação ao restante da Bíblia, em que temos a doutrina do livre arbítrio apresentada com clareza. Se Deus abençoa até a milésima geração, parece que a milésima primeira geração a existir já estaria condenada; assim, também, se a maldição alcança até a quarta geração, a quinta estará livre. O que esse texto realmente quer dizer? Pois bem, uma vez que os filhos demonstravam grande respeito por seus pais, seguindo seus exemplos, os pais que praticassem o pecado da idolatria, por exemplo, veriam a desgraça alcançar seus descendentes, que, provavelmente, enveredariam pelo mesmo caminho. Então, Deus visitaria com juízo os descendentes de homens ímpios, descen24 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 dentes esses que, à semelhança de seus pais, aborreciam a Deus.5 Não podemos negar essa influência dos pais nos filhos; cada pessoa, porém, usa o livre arbítrio que recebeu de Deus para decidir o que fazer. No Pentateuco, são muitas as passagens a partir das quais podemos entender que “a retribuição divina sobre os filhos dos que aborrecem a Deus é descontinuada a partir do momento em que estes filhos se arrependem de seus próprios pecados, e os confessam a Deus”6 (Lv 26:3942). Além disso, é clara a ideia da soberania de Deus nesse texto. É Deus quem abençoa e amaldiçoa. Na Escritura Sagrada, não existe um só versículo que apresente o diabo amaldiçoando alguém. Na Bíblia, o pecado é sempre pessoal, resultado de uma decisão consciente. O ser humano é livre para escolher entre o bem e o mal. Os pecadores são responsáveis por suas escolhas, atitudes e ações (cf. Dt 9:6-24; Jr 2;4-28; Ez 16:14-58; Am 2:6-8; 5:10-12; 8:4-6; Mq 2:1 e 2; 7:2-7; Is 59:1-8, Jr 7:9-11; 29:23). 2. O argumento bíblico contra as palavras malditas: Uma jovem 5. Lopes, Augustus Nicodemus. A quebra de maldições é bíblica?. Disponível em: <http:// www.monergismo.com/textos/seitas_heresias/quebra_maldicoes_nicodemus.htm> Acesso em: 11/07/2014. 6. Idem. pode repetir o mau caráter da mãe, só porque ouviu: “Quando você crescer, vai ser igual a sua mãe”? Um filho pode mesmo não dar em nada, só porque ouviu, várias vezes, da boca do pai: “Você não vai dar em nada!”? Se não forem “quebradas”, essas palavras de maldição se cumprirão plenamente? Se as palavras negativas se cumprem, as positivas não deveriam também se cumprir? Afinal, as palavras humanas têm poder em si mesmas? A resposta é não! As únicas palavras que têm poder criativo são as pronunciadas por Deus (Gn 1:1-20). É claro que o crente deve zelar pelo falar. A Bíblia não é a favor da linguagem intemperante e precipitada (Pv 15:1, 17:27, 25:11; Tt 2:8; Tg 3:2). Porém, afirmar que as palavras humanas podem, por si mesmas, determinar o sucesso ou o fracasso de alguém é ignorar o ensino bíblico. Em Tg 3:8-10, o público-alvo do escritor são os mestres (v.1), cuja principal ferramenta de trabalho é a língua. A ideia do apóstolo é alertá-los a ensinar a palavra de Deus de forma correta, a fim de que os ouvintes, ao praticarem o que aprendiam, fossem abençoados e não amaldiçoados. 3. O argumento bíblico contra os nomes malditos: Não há referência bíblica alguma sobre o ensino da maldição no nome. Se o nome é garantia de sucesso, porque personagens bíblicos com “bons nomes” fracassaram? Veja o caso de Abias (“Jeová é pai”), Absalão (“Pai da paz”), Judas (“Louvor”), Bar-Jesus (“Filho de Jesus”). Todos esses, apesar de seus bons nomes, se corromperam (1 Sm 8:3; 2 Sm 3:3; 13-19; Mt 26:48, 49; At 13). Por outro lado, personagens com nomes de significados ruins alcançaram aprovação de Deus: Paulo (“Pequeno”), Epafrodito (encantador), Apolo (“Destruidor”), Filipe (“Amigo de cavalos”), Tiago (forma moderna de Jacó – “Enganador”). Esses exemplos comprovam que o nome não faz o homem. Caso contrário, as penitenciárias não estariam lotadas de pessoas com nomes bíblicos, tais como Mateus, Marcos, Lucas, João, Davi, Samuel etc. 03. De que maneira a Bíblia combate o falso ensino da maldição hereditária? Explique Êxodo 20:5-6. www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 25 04. Quais os argumentos bíblicos contra o falso ensino da palavra e do nome malditos? III CORRENDO DOS VENTOS DE DOUTRINA Para que possamos caminhar ao lado da Escritura e do verdadeiro ensino, apresentamos, a seguir, duas aplicações para que outros não nos estraguem a fé e a alegria com suas filosofias, suas soluções erradas e superficiais baseadas em ideias e pensamentos humanos, em lugar daquilo que Cristo disse (Cl 2:8). 1. Não se engane! Na Bíblia, o pecado é sempre pessoal: Na Bíblia o pecado é sempre pessoal. O próprio Jesus descartou a ideia de que um filho fosse punido pelo pecado de seus pais (Jo 9:1-3). Cada um será punido pelas suas próprias obras. Não há nem maldade hereditária, nem bondade hereditária. Um pai bondoso não gera, necessariamente, um filho bondoso nem um pai maldoso gera um filho maldoso. Nos tempos do profeta Ezequiel, um ditado popular, que o povo vivia repetindo na terra de Israel, teve de ser combatido: ... os pais comeram uvas verdes, mas foram os dentes dos filhos que ficaram ásperos (Ez 18:2). Essa ideia da hereditariedade do pecado era e é algo irritante 26 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 a Deus (Ez 18:3). Por isso, acredite na Palavra do Senhor, que esclarece e afirma que a pessoa que pecar, essa morrerá. O filho não responde pelo pai. Cada um responde por si (Ez 18:4,20; Dt 24:16). A doutrina da maldição hereditária é uma falácia. 2. Não se engane! O arrependimento é a única forma de libertar-se: A doutrina da quebra de maldições mais parece uma tentativa de enfrentar os problemas causados pelo pecado de uma forma simplista, mística e ilusória. No final das contas, dentro dessa doutrina, o culpado sempre é o outro. Pense, por exemplo, em uma pessoa que adulterou e tem histórico na família: o avô adulterou. Se ela faz parte de uma igreja defensora da doutrina da quebra de maldições, será informada de que a maldição, vinda do avô, a atingiu e precisa ser quebrada. Nunca o pecador tem a culpa. E a decisão consciente por adulterar? A única maneira de libertar-se das consequências danosas do pecado é voltar-se para Deus. Não precisamos de pessoas especializadas para quebrar nossas possíveis maldições. Precisamos de arrependimento (Ez 18:21-23, 27-32). O arrependimento continua sendo a forma eficaz de alcançarmos libertação. Quando olhamos para a cruz de Cristo, nós o reconhecemos como salvador e nos arrependemos de nossos pecados, rompemos com o nosso passado e passamos a ser novas criaturas nele (2 Co 5:17). Diz o Senhor: Arrependam-se e vivam (Ez 18:32). 05. Com base na primeira aplicação e em Ezequiel 18:2-4, comente a afirmação: “Na Bíblia, o pecado é sempre pessoal”. 06. Com base na segunda aplicação, responda: Qual é a única maneira de libertar-se das consequências danosas do pecado? SEU DESAFIO SEMANAL Não estamos debaixo de nenhum “encantamento”. Creia nisso! A doutrina da maldição hereditária, da palavra maldita e do nome maldito é uma falácia. Ninguém peca ou se desvia da fé por culpa de uma vida amaldiçoada, mas as pessoas são tentadas quando são atraídas e enganadas pelos seus próprios maus desejos (Tg 1:14). Se você já recebeu Cristo Jesus como seu salvador pessoal, a obra feita por ele, na cruz, é suficiente para libertá-lo de toda maldição. Seu desafio é ser honesto para reconhecer seus próprios pecados e pedir perdão a Deus por eles. Assim, em obediência, certamente as bênçãos de Deus estarão sobre você. Viva como uma pessoa liberta por Jesus, sem culpas e pesos de supostas maldições passadas. www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 27 4 Demonologia enferma 25 DE OUTUBRO DE 2014 Hinos sugeridos – BJ 144 • BJ 74 OBJETIVO TEXTO BÁSICO Mostrar ao estudante da palavra os erros bíblicos contidos na demonologia de muitas igrejas evangélicas, a fim de que permaneça firme na palavra, sem se deixar influenciar ou amedrontar por tais ensinos. Ninguém que passou a fazer parte da família de Deus faz do pecado um hábito, pois Cristo, o Filho de Deus, resguarda-o com segurança, e o diabo não pode pôr as mãos nele. (1 Jo 5:18 - NVI) LEITURA DIÁRIA D S T Q Q S S 19/10 20/10 21/10 22/10 23/10 24/10 25/10 1 Cor 6:19-20 Jo 14:16-17 Jo 5:18 Cl 1:13 Jo 8:44 Cl 2:13-15 Jd 6 Acesse os Comentários Adicionais e os Podcasts deste capítulo em www.portaliap.com.br 28 INTRODUÇÃO Você já ouviu falar sobre demonologia? Se não, aqui vai uma simples definição: demonologia é uma área importante da Teologia Sistemática que se encarrega de estudar tudo sobre o que a Bíblia diz acerca dos demônios (sua natureza, atuação, propósitos etc.). É, sem dúvida, importante analisá-la, pois todo cristão que afirma ter a Bíblia como regra de fé e prática deve conhecer muito bem o que ela ensina, inclusive sobre os demônios. Além disso, este estudo torna-se ainda mais importante em nossos dias devido ao nosso contexto religioso. Para nossa tristeza, a demonologia de muitas igrejas evangélicas, em nosso país, é completamente antibíblica e herética. Sendo assim, precisamos, urgentemente, de um ensino bíblico sólido sobre esse assunto capaz de nos vacinar contra tais doutrinas e práticas errôneas. É justamente isso que esta lição se propõe a fazer. Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 I CONHECENDO OS VENTOS DE DOUTRINA Como temos feito, nesta série de lições, vamos dividir nosso estudo em três partes. Em primeiro lugar, vamos conhecer a doutrina antibíblica (que, neste caso, será a demonologia de algumas igrejas evangélicas); depois, em segundo lugar, iremos refutá-la, e, em terceiro, oferecer dois princípios para colocar em prática tudo o que aprendemos. Nesta primeira parte, para conhecermos essa doutrina herética, vamos tratar de algumas de suas principais características. Vejamos quais são. 1. Enfoque demasiado: Uma demonologia antibíblica dá demasiado enfoque ao diabo e seus demônios. Neste tipo de teologia, Satanás e seus liderados são considerados como os grandes agentes do mal e de todas as dificuldades humanas. Eles são responsáveis por tudo – até pelas coisas mais banais, como causar um furo no pneu do carro, fazer alguém tropeçar na escada etc. Nesse pensamento, os demônios são poderosíssimos. Acredita-se que há espíritos malignos atuando especificamente em cada área da vida, como se houvesse demônios especializados em destruir casamentos, embebedar o marido, produzir caroços no corpo, emperrar o sucesso financeiro, atrapalhar assuntos familiares, instigar vícios, colocar obstá- culos na vida profissional ou infligir doenças nas pessoas. Outro conhecido ensino é o de que o crente pode ficar possuído por demônios, caso não tenha uma vida consagrada. Devido a essa crença, mesmo após a conversão, os crentes são estimulados sempre a frequentar campanhas de libertação e reuniões do tipo. É por isso que, nestas reuniões, assuntos relacionados aos demônios e suas atuações são o centro das atenções, ao ponto de espíritos malignos serem entrevistados no “culto”. Sem dúvida alguma, podemos dizer que, em tais igrejas, a popularidade do diabo anda em alta. 2. Técnicas mirabolantes: Além do enfoque demasiado no Diabo, uma demonologia antibíblica é caracterizada por técnicas mirabolantes de exorcismo. Há sempre um ritual, uma expressão mágica, como: “Tá amarrado”, uma campanha de sete dias a ser feita, um objeto, uma peça de roupa ou uma foto a ser usada como estratégia para inibir ações malignas ou dar supostas soluções aos problemas que os demônios disseminam. Contudo, ver-se livre de tais moléstias não é tão fácil quanto parece, ensinam alguns líderes evangélicos. É preciso descobrir qual o nome do espírito maligno e em que área está atuando, para que, então, e somenwww.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 29 te então, através de inúmeras sessões e campanhas de libertação, tais demônio sejam “amarrados” e exorcizados da vida do fiel. Além disso, os métodos e técnicas usados para expulsar os demônios são recheados de elementos das religiões afro-brasileiras e de crendices populares, como amuletos, sal gros- so, rosa ungida, arruda para proteger do mau olhado, água consagrada, sabonetes e óleos ungidos. A crença é de que tais elementos trazem proteção ou solução de problemas causados pelos demônios – caso o crente tenha fé o bastante para crer nisso, é claro. Mas o que a Bíblia diz sobre tudo isto? É o que veremos a seguir. 01. Com base no item 1 da primeira parte deste estudo, converse com a classe sobre o enfoque demasiado que muitas igrejas evangélicas dão ao diabo e seus demônios. 02. Uma demonologia antibíblica é caracterizada por técnicas mirabolantes de exorcismo. Você concorda que é isso o que tem acontecido em muitas igrejas, em nosso país? Utilize o item 2 da primeira parte deste estudo. II COMBATENDO OS VENTOS DE DOUTRINA Estudamos que uma das características de uma demonologia antibíblica é o enfoque demasiado no diabo e seus demônios. Nela, Satanás é responsável por tudo, até pelos pecados dos crentes. Contudo, as Escrituras nos afirmam que nossos pecados são obras da carne, não do 30 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 diabo (cf. Gl 5:19-21), e que os desejos maus nascem de nossos próprios corações (cf. Mc 7:21-23; Tg 1:1415). Em suma, a Bíblia diz que somos os culpados por nossos pecados. A seguir, refutaremos, biblicamente, outros erros cometidos pelas igrejas evangélicas, quanto à demonologia. 1. Crédito demais: C. S. Lewis nos alertou sobre o perigo de conferir ao diabo mais poder do que ele realmente possui, e é justamente isso que tem acontecido. Os cristãos estão dando crédito demais a ele. Muitos crentes, por exemplo, vivem amedrontados, pois acreditam que espíritos malignos podem possuí-los, caso não vivam uma vida consagrada. Isso é um absurdo! O que a Bíblia nos mostra é que o cristão pode, sim, ser influenciado (Mt 16:21-23) e até mesmo atacado pelo diabo – somente se Deus permitir, que fique claro –, mas, de maneira alguma, possuído (Jó 1:6-16; 2:1-6; Lc 22:3132; 2 Co 12:7; 1 Jo 5:18). O crente é habitado pelo Espírito Santo e este não divide espaço com demônios (1 Co 6:19-20). Paulo diz que o cristão é propriedade de Deus (Ef 1:13-14) e o próprio Jesus nos garantiu que o Espírito Santo moraria em nosso interior para sempre, o que deixa claro que o diabo não teria mais espaço em nossos corações (Jo 14:16-17). Assim, todo verdadeiro cristão é livre, de uma vez por todas, das garras de Satanás (Cl 1:13; Hb 2:14; 1 Jo 3:8, 5:18), e não poderá ser habitado por ele, a não ser que, por decisão própria, rejeite a Cristo (Mt 12:35; Lc 15:4-23; Hb 6:4-6, 10:26-27). 2. Métodos antibíblicos: Vejamos, agora, o que a Bíblia tem a nos dizer sobre os métodos usados em muitas igrejas evangélicas para a ex- pulsão de espíritos malignos. Iniciemos com a prática muito comum, em nossos dias, de entrevistar demônios. Essa é, sem dúvida, uma verdadeira aberração; afinal, a Escritura diz que o diabo é o pai da mentira (Jo 8:44). Como esperar informações dignas de crédito? Além disso, tal prática é tão horripilante e demoníaca que se assemelha a uma sessão ocultista, em que espíritos malignos são consultados. Isso não é cristianismo! Podemos dizer o mesmo daqueles que tentam descobrir a área em que os demônios estão atuando. Tal prática não encontra respaldo bíblico (cf. Mc 16:17; Jo 14:13, 15:16, 16:23). Os apóstolos simplesmente os expulsavam, na autoridade do nome de Jesus (At 8:7; 16:18;). Não há registro de algum deles perguntando em que área da vida os demônios estavam agindo (cf. Mc 1:2326; Mt 8:28-32, 9:32-33). De igual forma, a ideia popular de demônios territoriais, é absurda. A Bíblia diz que do Senhor é a terra e a sua plenitude; o mundo e aqueles que nele habitam (Sl 24:1). Satanás não é dono de território algum! Somente Jesus tem autoridade sobre céu e terra (Mt 28:18). 3. Má interpretação: Mas qual a razão para tantos equívocos doutrinários como esses? É simples: a má interpretação da Bíblia. Um exemplo disso é a prática de perguntar o nome do demônio, antes de expulsá-lo. Os que fazem isso se baseiam em Mc www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 31 5:9. No entanto, essa é uma interpretação equivocada. Jesus não estava ensinando, nem autorizando os crentes a fazerem tal coisa. Essa é uma situação de caráter único. Cristo desejava “revelar ao endemoninhado a seriedade de sua terrível condição”.1 Jesus queria que aquele homem entendesse sua miséria, que soubesse que estava sobre o domínio não apenas de um espírito maligno, mas de inúmeros deles. Outro exemplo 1. Hendriksen (2003:249). de má interpretação bíblica é a prática de amarrar demônios baseada em Mc 3:27. Novamente, Jesus não estava ensinando que, para expulsar um demônio, é preciso amarrá-lo primeiramente. O texto está dizendo que Jesus é mais valente do que o valente do mundo, Satanás. Somente Jesus tem poder para amarrar o valente, e já o fez definitivamente, na cruz2 (Cl 2:13-15; Jd 6). 2. Lições Bíblicas: revista para estudos nas Escolas Bíblicas. São Paulo, n.285, out/dez de 2008, p.84. 03. De acordo com a Bíblia, o crente pode ser possuído por demônios? Leia o item 1 da segunda parte deste estudo e os seguintes textos: 1 Co 6:19-20; Cl 1:13; 1 Jo 3:8, 5:18. 04. De acordo com as Escrituras, é correto entrevistar demônios, perguntar seus nomes ou amarrá-los e descobrir a área em que atuam? O que a Bíblia diz sobre demônios territoriais? Para responder, leia os itens 2 e 3 da segunda parte deste estudo. III CORRENDO DOS VENTOS DE DOUTRINA Como temos aprendido, a demonologia de muitas igrejas evangélicas do Brasil é caracterizada por um enfoque demasiado em Satanás e seus demônios, bem como por técnicas de exorcismo estranhas e mira32 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 bolantes. Ao analisá-las, biblicamente, ficou claro que tal ênfase e tais técnicas não encontram respaldo algum nas Escrituras; logo, são antibíblicas. Agora, veremos dois princípios que, se aplicados, nos ajudarão a correr para bem longe desses ventos de doutrina. 1. Fique firme na palavra: Não seja influenciado! Constatar tantas heresias sendo acolhidas pelos evangélicos, em nosso país, é de deixar qualquer um de “queixo caído”. Qual a razão dessa proliferação de doutrinas antibíblicas? A principal causa é o lamentável fato de os crentes se deixarem facilmente influenciar por músicas e livros evangélicos, programas de televisão e mensagens de pregadores evangélicos, cujo conteúdo é absolutamente contrário ao que as Escrituras ensinam. Ao contrário dos Bereanos, que conferiam, na Bíblia, o que ouviam (At 17:11), a maioria dos evangélicos não costuma investigar, nas Escrituras, o que escuta e vê. Em consequência, muitos procuram falsos profetas, a fim de descobrir em qual área da vida o diabo está atuando, e alguns chegam ao ponto de participar de campanhas de libertação, buscando solução para problemas supostamente causados por demônios. Que trágico! Não caia nesse erro. Fique firme na palavra, não seja influenciado. 2. Fique firme na palavra: Não seja amedrontado! Infelizmente, não são poucos os cristãos, que, por ignorância bíblica, ainda têm medo de mau-olhado, macumba e espíritos malignos. Contudo, o apóstolo João nos tranquiliza a esse respeito, garantindo-nos que: Ninguém que passou a fazer parte da família de Deus faz do pecado um hábito, pois Cristo, o Filho de Deus, resguarda-o com segurança, e o diabo não pode pôr as mãos nele (1 Jo 5:18 – NVI). O que o apóstolo está nos ensinando é que, de fato, o maligno deseja pôr as mãos nos crentes, mas não pode tocá-los, por causa do poder protetor de Deus.3 Lembre que, para tocar em Jó, ele teve de pedir permissão para Deus, pois, do contrário, não poderia fazê-lo (Jó 1:6-16, 2:1-6). Dessa forma, não se deixe amedrontar por falsos líderes evangélicos. Fique firme na palavra; afinal, se Deus é por nós, quem será contra nós? (Rm 8:31). 3. Kistemaker (2006:491). 05. Qual a principal razão da proliferação de doutrinas antibíblicas, no Brasil? Comente em classe sobre a importância de não nos deixarmos influenciar por esses falsos ensinos. www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 33 06. Com base na segunda aplicação, responda: O crente precisa ter medo de mau-olhado, macumba ou espíritos malignos? Para responder, leia 1 Jo 5:18 e Rm 8:31. SEU DESAFIO SEMANAL Infelizmente, muitos crentes evangélicos, no Brasil, estão seguindo o mesmo caminho perigoso de alguns dos crentes da igreja de Sardes, no primeiro século, que foram denunciados pelo próprio Cristo. De acordo com Apocalipse, aqueles cristãos estavam se envolvendo com uma doutrina errônea que explorava e desejava conhecer as profundezas de Satanás (Ap 2:24). Infelizmente, muitos cristãos sabem nomes de demônios de cor, frequentam campanhas de libertação, assistem a entrevistas de demônios etc. Seu desafio é rejeitar, com firmeza, esse falso ensino e, se, porventura, conhecer alguém que está sendo enganado por esse vento de doutrina, convidá-lo a estudar esta lição, a fim de ajudá-lo a entender a palavra. 34 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 5 Apóstolos e profetas 1 DE NOVEMBRO DE 2014 Hinos sugeridos – BJ 203 • BJ 234 OBJETIVO TEXTO BÁSICO Ensinar ao estudante da palavra de Deus que os ministérios apostólico e profético foram extintos, não sendo, portanto, válidos para os dias de hoje, e que os atos proféticos são incoerentes com a Escritura. Na igreja, Deus colocou tudo no seu devido lugar: Em primeiro lugar, os apóstolos; em segundo lugar, os profetas. (1 Co 12:28 - NBV) LEITURA DIÁRIA D S T Q Q S S 26/10 27/10 28/10 29/10 30/10 31/10 01/11 Ef 2:20 1 Co 15:7-9 At 9:11-12 At 3:21 1 Co 12:28 Ef 4:11 Lc 16:16 Acesse os Comentários Adicionais e os Podcasts deste capítulo em www.portaliap.com.br INTRODUÇÃO As páginas da Escritura enfatizam a importância dos ministérios profético e apostólico. O profeta do Antigo Testamento era uma autoridade oficial, representante de Deus diante do povo. Tal autoridade lhe era concedida mediante o chamado específico e pessoal da parte do Senhor (Êx 3:1-4; Jr 1:4-19). Proclamação e predição eram características percebidas em todos os profetas.1 Os apóstolos, do mesmo modo, foram comissionados diretamente por Jesus. Isso ele fez a doze de seus seguidores. Matias substituiu Judas (Lc 6:13-16; At 1:23-26). Paulo e Barnabé também eram apóstolos (At 14:14; Rm 1:1). Eles serviam como embaixadores de Cristo, para proclamar, ensinar e registrar a boa-nova.2 Mas, nos dias de hoje, será que ainda estão vigentes os ministérios apostólico e profético? É o que estudaremos a seguir. 1. Douglas (1986:1318). 2. Kistemaker (2004a:612). www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 35 I CONHECENDO OS VENTOS DE DOUTRINA Os títulos de pastores, presbíteros, diáconos parecem estar ultrapassados, no contexto evangélico de nosso tempo. Muitas igrejas, se não os abandonaram completamente, ao menos, os menosprezam. A moda agora é ser apóstolo, paipóstolo, profeta, querubim etc. Não basta pregar, tem que “profetizar”, ainda que a profecia não tenha sentido lógico. Aliás, a profecia, por si só, também não adianta; precisa vir acompanhada dos chamados “atos proféticos”. Como assim? É o que veremos agora. 1. Restauração apostólica e profética: Os ministérios apostólico e profético estão em vigor. Assim acreditam os adeptos da chamada Nova Reforma Apostólica, que culminou no movimento apostólico moderno, adotado por várias denominações. Esse movimento acredita que Deus irá restaurar o mundo, antes da segunda vinda de Jesus, dando aos crentes prosperidade e curas, e promover essa restauração através das igrejas que estão sob o modelo apostólico de governo.3 3. Martins, Dan. Rev. Augustus Nicodemus faz crítica ao movimento apostólico brasileiro. Disponível em: <http:noticias.gospelmais. com.br/rev-augustus-nicodemus-critica-movimento-apostolico-brasileiro-66180.html>. Acesso em: 11 de junho de 2014. 36 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 Segundo os defensores da restauração apostólica e profética, os ministérios de apóstolo e profeta, citados em Ef 4:11, foram “perdidos”, durante a existência da igreja; portanto, Deus está restaurando, nestes últimos dias, esses ministérios, concedendo a algumas pessoas, na igreja, o ofício de apóstolo ou profeta.4 Atos 3:21 é usado para defender essa ideia. Eles afirmam que a restauração de todas as coisas, mencionada no texto, significa a restauração de apóstolos e profetas. Desse modo, essa passagem seria profética para o ressurgimento destes.5 Isso, porém, não é tudo. O texto de 1 Co 12:28 é utilizado para afirmar a vigência dos ministérios apostólico e profético. Ele diz que Deus estabeleceu, na igreja, primeiramente, apóstolos; em segundo lugar, profetas. De acordo com os defensores do movimento apostólico moderno, nesse texto, Paulo não distingue os apóstolos e os profetas dos demais ministérios, mas colo4. Marinho, Ruy. Refutação ao apostolado contemporâneo – Parte 1. Disponível em: <http://www.eismeaqui.com.br/cristao/ 218-apostolado-contemporaneo/6399-refutacao-ao-apostolado-contemporaneo-parte-01 >.Acesso em: 11 de junho de 2014. 5. Idem, parte 7. Disponível em: <http://bereianos.blogspot.com.br/2009/03/refutacao -ao-apostolado-contemporaneo_26.html>. Acesso em: 11 de junho de 2014. ca-os na mesma lista. Logo, esses ministérios não cessaram. 2. Atos proféticos: Os defensores dos ministérios apostólico e profético simpatizam, também, com o chamado “ato profético”. Trata-se de uma ação envolta em simbologia, que, supostamente, traria ao mundo físico as realidades espirituais,6 ou seja, tudo aquilo que o cristão diz ou faz, tem repercussão no mundo espiritual. Assim, demarcar territórios, ungir objetos com óleo, tomar posse de algo que Deus prometeu aos crentes por herança são atos proféticos. Os defensores dessa prática utilizam como base textos bíblicos em 6. Fernandes, Robson T. O que são atos proféticos. Disponível em: <http://www.pulpitocristao.com/2014/04/o-que-sao-os-atos -profeticos.html#.U8iRK5RdX-s>. Acesso em: 11 de junho de 2014. que Deus ordena aos profetas, no Antigo Testamento, utilizar símbolos para transmitir a sua mensagem. Os mais citados são o sangue aspergido nos umbrais das portas, na noite da décima praga do Egito (Êx 12), a pregação sem roupas de Isaías (Is 20:34), as sete voltas em torno de Jericó (Hb 11:30), a botija de barro quebrada diante do povo (Jr 19:1-11). No Novo Testamento, At 19:1112 é, também, segundo os defensores do ato profético, uma prova de que essa prática é permitida. Assim diz o texto: E Deus, pelas mãos de Paulo, fazia milagres extraordinários, a ponto de levarem aos enfermos lenços e aventais do seu uso pessoal, diante dos quais as enfermidades fugiam das suas vítimas, e os espíritos malignos se retiravam. Assim, a prática de utilizar lenços e aventais para a cura seria um ato profético. 01. Com base no item 1 da primeira parte deste estudo, responda: Como os defensores da restauração apostólica interpretam 1 Co 12:28? 02. O que é um ato profético? Que passagens bíblicas são usadas na defesa dessa prática? Baseie-se no item 2 da primeira parte deste estudo. www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 37 II COMBATENDO OS VENTOS DE DOUTRINA O intento de muitos líderes em exigirem ser chamados de apóstolos e profetas, em nossos dias, é igualarse aos profetas e apóstolos da Bíblia. Querem ser considerados dignos de autoridade espiritual tanto quanto estes. O anseio pelo poder fala mais alto em seus corações. Porém, a Bíblia não autoriza os ministérios apostólico e profético nos dias de hoje. Os atos proféticos, do mesmo modo, são heresias advindas de interpretações equivocadas das Escrituras. Estudemos a respeito. 1. A extinção dos ministérios apostólico e profético: Deus está restaurando os ministérios apostólico e profético em nossos dias? Claro que não! Isso porque, tal como os profetas, os apóstolos constituíram um grupo único e exclusivo na história da igreja, e, hoje, não existem mais.7 Esses homens ajudaram a lançar os alicerces da igreja (Ef 2:20), e, uma vez que estavam prontos, deixaram de ser necessários.8 Atos 3:21 não favorece a restauração apostólica, pois se refere exclusivamente à volta de Jesus. A restauração, aqui, diz respeito à consumação do reino, na segunda vinda de Cristo. Para ser apóstolo, é necessário ter visto Jesus ressurreto e ser por 7. Lopes (2001:16). 8. Wiersbe (2006:47). 38 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 ele comissionado (At 1:21-22).9 Logo, Paulo foi o último apóstolo, pois foi o último a ver Jesus (1 Co 15:8). João Batista, por sua vez, foi o último a exercer o ministério profético.10 Certamente, outros profetas são mencionados, após João Batista (At 11:27); contudo, não possuíam o mesmo ofício dos profetas do Antigo Testamento. Por isso, o texto diz que a Lei os Profetas vigoraram até João (Lc 16:16). Quanto aos textos de 1 Co 12:28 e Ef 4:11, os termos “apóstolos” e “profetas”, neles mencionados, não se referem aos ministérios apostólico e profético, mas aos dons de apóstolos e profetas. O dom de apóstolo (gr. apostello: enviar) é uma capacitação especial para implantar igrejas em solos virgens; o dom de profeta, por sua vez, é uma capacitação divina para expor a palavra de Deus à igreja, num grau incomum, mediante a atuação do Espírito Santo. Quem tem este dom, hoje, não deve ser consultado, assim como eram os profetas do Antigo Testamento.11 2. A incoerência dos atos proféticos: São os chamados “atos proféticos” práticas saudáveis para 9. Lopes (2001:19). 10. Douglas (1986:833). 11. O doutrinal: nossa crença ponto a ponto (2012:118-119). a espiritualidade da igreja? Têm eles poder para trazer ao mundo físico as realidades espirituais? Para ambas as perguntas a resposta é não. O ato profético é incoerente com a verdade revelada nas Escrituras. As ações praticadas pelos profetas bíblicos não traziam nada à existência. Alguns atos, como a aspersão de sangue nos umbrais das portas (Ex 12), a pregação sem roupas de Isaías (Is 20:3-4), as sete voltas em torno de Jericó (Hb 11:30) e a botija de barro quebrada diante do povo (Jr 19:1-11), de alguns personagens do Antigo Testamento, tinham um caráter didático de ensino para o povo de Deus. São textos descritivos que não implicam normas aos cristãos de hoje. Não devemos confundir um relato histórico com uma ordem direta. Esse princípio de interpretação vale também para o texto de Atos 19:1112. Aqui, não há menção de um ato profético. Em Éfeso, havia muitos novos convertidos ao evangelho, mas ainda imaturos na fé, que tomavam os pedaços das roupas de Paulo e colocavam sobre os enfermos. Mesmo assim, Deus curou várias pessoas.12 Todavia, o próprio Paulo jamais distribuiu, ungiu ou abençoou lenços e aventais ou outro objeto como ato profético de cura. O objetivo desse texto é mostrar o poder de Deus na vida de Paulo e atestar que sua mensagem vinha de Deus. 12. Dâmaso, Leonardo. Atos 19:11-12 apoia o ato profético. Disponível em: <http:// www.materiasteologia.com/2014/02/atos1911-12-apoia-o-ato-profético-por.html> Acesso em: 11 de junho de 2014. 03. De acordo com Lc 16:16 e At 1:21-22, os ministérios apostólico e profético ainda estão vigentes em nossos dias? Como podemos explicar 1 Co 12:28 e Ef 4:11? Justifique a sua resposta. 04. Por que os atos proféticos são incoerentes com a Escritura? Como podemos explicar At 19:11-12? www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 39 III CORRENDO DOS VENTOS DE DOUTRINA Mediante o que estudamos até aqui, entendemos que a afirmação dos adeptos da Nova Reforma Apostólica de que os ministérios apostólico e profético estão sendo restaurados por Deus, através da concessão do ofício de apóstolos e profetas, não passa de um vento de doutrina. O mesmo podemos dizer dos atos proféticos. Mas não podemos ficar quietos, diante da proliferação desses falsos ensinos. É importante observar duas atitudes. 1. Contentes, valorizemos a atualidade dos dons: Os ministérios apostólico e profético foram extintos, de acordo com a palavra de Deus (Lc 16:16; 1 Co 15:8). Portanto, é totalmente incoerente afirmar que haja, hoje em dia, apóstolos e profetas, como houve nos tempos bíblicos. De fato, não há ministério de apóstolo ou profeta, mas existem, hoje em dia, os dons de apóstolo e profeta (1Co 12:28) e devemos nos contentar com isso. Esses dons são atuais e devem ser desejados pela igreja. São úteis e importantes. Quem tem o dom de apóstolo muito contribui para a obra de Deus, através de implantação de igrejas, e quem tem o dom de profeta edifica a igreja, por meio de sua capacidade espiritual de entender o mundo contemporâneo e ler os sinais dos tempos, denunciando 40 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 os pecados sociais atuais e trazendo uma aplicação das Escrituras a eles.13 Esses dons, portanto, devem ser valorizados na igreja da atualidade. 2. Conscientes, desprezemos as práticas estranhas: Os chamados atos proféticos não eram práticas da igreja primitiva do primeiro século. Algumas ações realizadas pelos profetas do Antigo Testamento, como pregar sem roupas, no caso de Isaías (Is 20:3-4), tinham como propósito ensinar algo para o povo de Deus, não trazer ao mundo físico realidades espirituais. Deus ordenou tais práticas aos profetas da época. Para nós, porém, esses textos são apenas descritivos. Não devemos fazer as mesmas coisas. Por falta de conhecimento, não são poucos os cristãos que acabam aderindo a práticas estranhas nos cultos. O ato profético é uma delas. Quantos se rebaixam às bizarrices nos cultos! Quantos se ocupam em demarcar territórios, por meio da unção com urina de algum animal! Quantos profetizam o que Deus não mandou! Cuidado! De Deus, ninguém zomba. Se a Bíblia não autorizou determinadas ações, estas devem ser ignoradas. 13. O doutrinal: nossa crença ponto a ponto (2012:118-119). 05. Comente sobre a valorização dos dons, no combate aos ventos de doutrina. Baseie-se na primeira aplicação. 06. Comente sobre o desprezo às práticas estranhas, no combate aos ventos de doutrina. Baseie-se na segunda aplicação. SEU DESAFIO SEMANAL Chegamos ao final do estudo de hoje, no qual aprendemos que os ministérios apostólico e profético foram extintos, o que significa que não há, hoje em dia, apóstolos e profetas, tal como houve nos tempos bíblicos, e que a prática dos atos proféticos não tem respaldo bíblico, o que a torna um erro grave, que prejudica a vida espiritual do cristão. O que é válido para hoje são os dons de apóstolos e profetas, não os ministérios de apóstolo e profeta. Os dons, portanto, devem ser por nós valorizados, enquanto que as práticas estranhas aos mandamentos bíblicos devem ser rejeitadas. Como desafio para esta semana, sugerimos uma profunda reflexão acerca dessas questões. www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 41 6 A salvação pelas obras 8 DE NOVEMBRO DE 2014 Hinos sugeridos – BJ 339 • BJ 254 OBJETIVO TEXTO BÁSICO Mostrar ao estudante da Bíblia o erro daqueles que creem na salvação pelas obras, indicando-lhe os perigos desta crença e motivando-o a viver uma vida equilibrada, crendo na salvação pela fé e numa vida de amor, em consequência disso. Cremos que somos salvos pela graça de nosso Senhor Jesus. (At 15:11) LEITURA DIÁRIA D S T Q Q S S 02/11 03/11 04/11 05/11 06/11 07/11 08/11 Gl 5:6 Rm 3:24 Ef 2:8-9 At 15:6-29 1 Co 15:10 Hb 8:10 Rm 3:28 Acesse os Comentários Adicionais e os Podcasts deste capítulo em www.portaliap.com.br 42 INTRODUÇÃO Contam os livros de história da igreja cristã, que, antes da Reforma Protestante de 1517, quando para construção de uma bela catedral do papa em Roma, certo vendedor de indulgências dizia: “Tão logo a moeda no cofre soa, uma alma do purgatório voa!”.1 Na época, muitos acreditavam que o “arrependimento não era necessário para quem comprasse indulgência, por si mesma capaz de dar perdão completo de todo o pecado”.2 Essa crença era proferida pela igreja de Roma e contrariava totalmente a Escritura e a doutrina da salvação pela graça. Além de não haver purgatório, não é com base em contribuições ou obras que alguém é salvo ou perdoado por Deus. Este assunto foi uma das molas propulsoras da Reforma Protestante, que explodiu na Alemanha, onde aconteceu a redescoberta da doutrina bíblica que nos revela que somos salvos pela fé em Cristo. Ao longo deste estudo, vere1. Olson (2001:387). 2. Cairns (2008:260). Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 mos que a incompreensão da salvação pela graça vem desde a igreja primitiva. Buscaremos entender I biblicamente, também, qual o lugar das boas obras para aquele que crê em Jesus. CONHECENDO OS VENTOS DE DOUTRINA “Salvação pelas obras” é outro nome dado para legalismo. Mas o que é legalismo? É o ensino segundo o qual a posição “de retidão da pessoa diante de Deus e o recebimento da vida eterna são adquiridos totalmente ou em parte pela observância à lei por parte dessa pessoa”.3 Em outras palavras: o homem ganha sua salvação, total ou parcialmente, por suas obras. Esse legalismo pode manifestar-se de várias formas. Nesta primeira parte do nosso estudo, conheceremos algumas dessas manifestações e veremos que este pensamento não é algo novo na história. 1. Legalismo primitivo: Você sabia que a ideia de que as obras são necessárias, como fonte de justificação, é um erro antigo? Que é a primeira heresia registrada no Novo Testamento? Surgiu no meio dos Gálatas. A igreja cristã, já na década de 40 d. C., sofreu com o ataque desse falso ensino. Depois que Paulo terminou sua primeira viagem missionária, ficou sabendo que os judaizantes estavam no seu rastro e haviam visitado as igrejas recém-fundadas na região da Galácia, transtor3. Klister (2009:84). nando o evangelho (Gl 1:7). Paulo se assustou e disse: Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho (Gl 1:6). Eles colocaram como critério de salvação o rito da circuncisão, que, na Antiga Aliança, era símbolo de pertencimento ao povo de Deus. Isso foi algo tão sério que Paulo chegou a dizer: Os que acreditam na circuncisão como pré-requisito para a salvação caíram da graça (Gl 5:1-5). Além de viajar pela região da Galácia, os judaizantes chegaram também em Antioquia, cidade onde estava estabelecida a igreja que havia enviado Paulo em missão. Ele estava por lá, descansando da primeira viagem missionária, quando cristãos judaizantes apareceram afirmando: Se não vos circuncidardes segundo o costume de Moisés, não podeis ser salvos (At 15:1b); ainda diziam ser necessário que observassem a lei de Moisés (At 15:5b) para poderem adquirir a salvação. Os judaizantes estavam colocando os costumes judaicos como forma de salvação; o cerimonialismo da lei, como meio de justificação. É como se dissessem aos gentios: “Vocês precisam permitir que Moisés complete o www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 43 que Jesus começou, e permitir que a lei complete o evangelho”.4 Era um ataque ferrenho contra a doutrina da salvação pela graça. Foi por causa desse problema que a igreja precisou realizar sua primeira assembleia, em Jerusalém. 2. Legalismo histórico: Vimos, anteriormente, a forma como alguns judeus concebiam a salvação: colocavam a circuncisão como um sinal para conquistá-la. Contudo, como bem disse John Stott,5 essa ignorância quanto ao verdadeiro caminho para Deus e sua substituição por um caminho falso não são prerrogativas somente do povo judeu. Todas as religiões e crenças, inclusive algumas cristãs, creem ou que as pessoas se salvam ou que podem cooperar para adquirir a salvação. Durante a história do cristianismo, sempre houve deturpações doutrinarias em relação à salvação. O catolicismo romano, por exemplo, entende a salvação como algo conquistado pelo esforço humano somado à graça de Deus. Segundo a Igreja Católica, fé e obras juntas são “a base para a justificação diante de Deus”.6 O Concílio de Trento (1545-1563) con4. Stott (2008:273). 5. Idem, p. 340. 6. Klister (2009:91). siderou, de uma vez por todas, um anátema qualquer um que dissesse ser a justificação pela fé somente.7 Essa heresia é uma nova roupa para a antiga heresia judaizante primitiva e uma negação do evangelho. Infelizmente, tornou-se “ortodoxa” ou a crença correta, para muita gente. Mas não é só a Igreja Católica que tem conceitos equivocados sobre a salvação. Algumas seitas também a deturpam. Há aqueles que dizem: fora da caridade, não há salvação. Os adeptos desses grupos são chamados à prática do amor, geralmente tratado apenas como doações de alimentos e recursos financeiros, para, então, alcançarem uma vida mais evoluída em outra encarnação, sem que haja a necessidade de um salvador. Há, também, aqueles que associam a salvação a estar nos seus grupos religiosos, ir a lugares sagrados ou participar de seus rituais, seguir certo comportamento, usar determinados tipos de roupa, ouvir tipos específicos de música etc. Será que algumas dessas questões podem, realmente, ser consideradas como base da salvação? A seguir, veja por que esses religiosos estão errados. 7. MacArthur (2011:115). 01. Leia At 15:1-5 e Gl 5:1-5 e comente, junto à classe, sobre quais eram os tipos de legalismos enfrentados pela igreja primitiva? 44 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 02. Comente em classe a respeito de outros tipos de legalismos ou ensinos sobre “salvação por meio das obras”, ao longo da história. Para isso, utilize o item 2 da primeira parte deste estudo. II COMBATENDO OS VENTOS DE DOUTRINA Na primeira parte, vimos alguns legalismos que atingem a doutrina da salvação pela fé em Cristo. Em seguida, veremos como a Bíblia combate essas heresias, mostrando que a nossa salvação acontece unicamente pela fé em nosso Senhor Jesus Cristo. Vejamos como combater as doutrinas que afirmam ser a salvação pelas obras. 1. Circuncisão no coração: Como resolver a controvérsia da circuncisão, na igreja de Antioquia e na Galácia? Atos 15 informa-nos que foi reunido um concílio, uma espécie de assembleia geral, em Jerusalém, para resolver a questão. Lá, estavam reunidos os apóstolos e os presbíteros para examinar a questão (v.6). O apóstolo Pedro se levantou, dizendo que Deus concedeu a salvação também aos gentios de duas maneiras. Primeiro: Deus purificou o coração dos gentios pela fé (v.9); segundo: deu-lhes o Espírito (v.8). Em seguida, o apóstolo afirmou a crença da igreja primitiva: ... cremos que fomos salvos pela graça do Se- nhor Jesus, como também aqueles o foram (v.11). Declarando isso, Pedro estava libertando os gentios do jugo proposto pelos judeus cristãos. Estava dizendo que os gentios não precisavam tornar-se judeus para serem inclusos na família de Deus. O Concílio de Jerusalém ainda mostrou como um gentio salvo pela graça deve viver. Foi definido o seguinte: ... que vos abstenhais das coisas sacrificadas a ídolos, bem como do sangue, da carne de animais sufocados e das relações sexuais ilícitas; destas coisas fareis bem se vos guardardes (v.29) O mesmo aconteceu com os cristãos gálatas, que também sofriam com os judaizantes. Paulo lhes lembrou que, agora, em Cristo, a circuncisão não tem mais valor algum: Porque em Cristo Jesus nem circuncisão nem incircuncisão têm efeito algum, mas sim a fé que atua pelo amor (Gl 5:6). A salvação pela graça é algo inegociável. Como diria Paulo: Não! Judeu é quem o é interiormente, e circuncisão é a operada no coração, www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 45 pelo Espírito, e não pela lei escrita. Para estes o louvor não provém dos homens, mas de Deus (Rm 2:29). 2. Salvos para as boas obras: Com respeito ao legalismo histórico, temos repostas bíblicas também. Para sermos justificados, aceitos por Deus, precisamos unicamente crer em Jesus como Salvador e Senhor. É isso que o evangelho nos diz, em Rm 3:24: ... sendo justificados gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus (NVI – grifo nosso). Ainda na mesma carta aos Romanos, nós lemos: Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, sem as obras da lei (3:28 – grifo nosso). A palavra de Deus é enfática em dizer que somos salvos pela fé e não pelas obras, para que ninguém se glorie (Ef 2.9). A fonte da salvação é sempre a misericórdia de Deus, e, quando nos rendemos a Cristo, a consequência são as boas obras: Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas (v.10). Somos salvos para as boas obras e não por meio delas. Por isso, Paulo disse aos cristãos de Roma: ... anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma! Antes, estabelecemos a lei (Rm 3:31). A obediência a Deus faz parte da vida cristã, não como base da salvação, mas como evidência desta. Os que confiam na suficiência da graça de Cristo não praticam obras de caridade para conquistar a salvação ou o favor de Deus. Não há nada que façamos para ganhar o amor de Deus. As obras de caridade são provas de que fomos salvos. Seguir a lei de Deus é uma consequência de quem teve os mandamentos escritos em seu coração (Hb 8:10). A seguir, vejamos como aplicar esses ensinos em nossa vida. 03. Com base em At 15:6, 9, 11, 29; Gl 5:6; Rm 2:29, responda: Como foi quebrada a visão errada de alguns crentes primitivos, em relação à salvação? 04. Leia Rm 3:24, 28; Ef 2:9-10, e discuta em classe sobre os erros do “legalismo histórico”, falando sobre a base correta da justificação e sobre a consequência da salvação pela graça. 46 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 III CORRENDO DOS VENTOS DE DOUTRINA Nos itens explicativos, pudemos conferir como muitas pessoas têm crido na salvação pelas obras. Desde os tempos bíblicos, percebemos uma incompreensão quanto à obtenção da salvação. Precisamos, então, corrigir biblicamente esse equivoco, se o percebemos em nossa vida. Por isso, propomos dois itens aplicativos, para corrermos desse vento de doutrina. 1. Você foi salvo: louve a graça de Deus: Há muitos cristãos que condicionam a conquista da salvação à prática de boas obras. Quem serve a Deus não pode pensar que o que faz pode justificá-lo diante de Deus. Muitos guardam o sábado, são abstinentes, dão o dízimo, vão aos cultos, dão esmolas, evangelizam, pensando que estão cooperando em sua salvação; outros, equivocadamente, acreditam que, se pertencerem a algumas seitas ou até igrejas cristãs, podem ser salvos, simplesmente pelo fato de estarem nessas instituições. Não podemos crer que boas obras ajudam na conquista da salvação. Todo trabalho que fazemos é fruto da graça de Deus em nós, como diz Paulo, em 1 Co 15:10: ... pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus, que está comigo. Na verdade “quanto mais produzimos (...) mais devedores somos da graça de Deus”.8 Glória sempre a Deus! Fomos salvos pela graça e produzimos no reino de Deus por causa da graça. 2. Você foi salvo: viva uma vida de amor: Aprendemos, hoje, que nada que façamos pode nos tornar dignos da aceitação divina. Isso não quer dizer que podemos viver de qualquer forma. Pelo contrário, apesar de não sermos salvos por obras, somos salvos para as boas obras (Ef 2:10). A prova de que fomos salvos pela graça é o esforço para viver uma vida que agrada a Deus. Ele mesmo disse isso: Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, este é o que me ama (Jo 14:21); e ainda: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo (Mt 22:37-39). Demonstramos uma vida de amor a Deus prestando-lhe um culto exclusivo; não elegendo algo ou alguém como digno de nossa devoção, a não ser o próprio Deus; vivendo como gente que carrega o nome de Deus; desfrutando do descanso do sábado, tempo que temos sepa8. IAP em Ação: revista da 46ª Assembleia Geral. São Paulo, 2010, p.3. www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 47 rado, em nossa agenda, para glorificar o criador com mais intensidade e restaurar as nossas forças para uma nova semana. Demonstramos uma vida de amor ao próximo honrando pai e mãe, não só com palavras, mas com atitudes práticas; valorizando a vida humana; preservando os valores da família; respeitando aquilo que é do outro; cuidando para não difamar a reputação de ninguém, e não cobiçando o que é do outro (Êx 20:3-17). E mais: fazemos tudo sabendo que isso é fruto da graça (Êx 20:1-2) do Deus que nos libertou da escravidão do pecado. 05. Discuta em classe a frase: “Quanto mais produzimos, mais devedores somos da graça de Deus”. Qual a importância de louvarmos a graça de Deus por tudo que fazemos? 06. Recapitule com a classe os Dez Mandamentos, em Êx 20, e fale sobre a importância de praticar as boas obras como demonstração de que fomos salvos. SEU DESAFIO SEMANAL Nesta semana, nosso desafio é refletir, com base na palavra, em oração, sobre quais são as nossas reais motivações naquilo que fazemos para Deus: Será que estamos praticando boas obras para adquirirmos a salvação ou porque já fomos salvos? Estamos vivendo relaxadamente a salvação, por sabermos que ela é dada de graça? Sugerimos que você tire alguns minutos, ao longo dos próximos dias, e leia o texto de Ef 2:1-10. Medite nele e investigue seu coração, a partir dele; em seguida, ore para que sua fé seja equilibrada, para que você confie na graça de Cristo e pratique a lei de Cristo, para a glória de Deus. Procure viver uma vida de louvor a Deus pela salvação, demonstrando, no dia-a-dia, o que Deus fez por você. 48 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 7 As práticas judaizantes 15 DE NOVEMBRO DE 2014 Hinos sugeridos – BJ 27 • BJ 31 OBJETIVO TEXTO BÁSICO Identificar algumas práticas e conceitos judaizantes presentes em algumas igrejas evangélicas do nosso tempo e alertar o estudante da palavra de Deus quanto ao perigo deste vento de doutrina. Mas agora, conhecendo a Deus, ou melhor, sendo por ele conhecidos, como é que estão voltando àqueles mesmos princípios elementares, fracos e sem poder? Querem ser escravizados por eles outra vez? (Gl 4:9). LEITURA DIÁRIA D S T Q Q S S 09/11 10/11 11/11 12/11 13/11 14/11 15/11 Gl 2:21 Mt 21:43 Fp 3:20 Jo 4:21 Cl 2:8 Sl 31:6 Gl 4:9-11 Acesse os Comentários Adicionais e os Podcasts deste capítulo em www.portaliap.com.br INTRODUÇÃO O ensino dos judaizantes é, talvez, o mais antigo vento de doutrina que igreja precisou enfrentar (At 15:1-5). Quem eram os judaizantes? Eram judeus que, mesmo “convertidos” ao evangelho, não queriam deixar os costumes do judaísmo e da Antiga Aliança, tais como: os sacrifícios de animais, as festas judaicas e a tradição dos anciões, e, o que é pior, eles ensinavam que os cristãos gentios (os não judeus) precisavam tornar-se judeus para serem salvos.1 Entre os gálatas, por exemplo, os crentes em Cristo estavam sentindo-se obrigados a circuncidar-se e a adotar várias outras práticas do judaísmo. Isso foi fortemente combatido por Paulo2 (cf. Gl 1:6-10, 4:8-10, 5:1-8). Esse assunto parece-nos coisa do passado, mas não é. Estamos vendo, em nossos dias, o ressurgimento dessa heresia, como mostraremos nesta lição. 1. Halley (1970:537). 2. Stott (2007:23-27). www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 49 I CONHECENDO OS VENTOS DE DOUTRINA Assim como nos tempos bíblicos, atualmente, há vários tipos de judaizantes, com diversificados grupos: alguns mais moderados e outros mais radicais. Há, também, muitos cristãos que são influenciados por eles e nem se dão conta disso. Portanto, fique atento! O fato é que líderes evangélicos estão resgatando práticas e objetos judaicos e implantando-os nas igrejas. Como resultado desse modismo, temos visto crentes tocando shofar no culto ou usando o kipar (pequeno chapéu) e o talit (xale de orações), elementos que os judeus usam nas sinagogas. Esse movimento, com as suas ramificações, prega um retorno ao judaísmo. Veja suas principais alegações. 1. Um povo especial: Os novos judaizantes argumentam que os judeus são a raça eleita, o povo da aliança e que, portanto, devemos aprender com eles. Afirmam: “Os judeus, mesmo não acreditando no Messias, são os Filhos de Israel, e a igreja deve olhar por eles. Seguir suas tradições é o mesmo que seguir a Bíblia, pois elas estão na Palavra”.3 Por influência dessa falsa ideia, igrejas de diversas denominações, a cada 3. Influência judaica nos costumes evangélicos. Disponível em: <http://www.terrasantaviagens.com.br/whitepaper/costumes_judaicos/costumes_judaicos.php>. Acesso em: 23 de julho de 2014. 50 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 dia, fazem mais uso de objetos, festividades e muitos outros hábitos da cultura judaica. Por exemplo, há igrejas cristãs realizando festas como a Sucót (festa dos tabernáculos), a Pessach (páscoa judaica), o Yom Kipur (dia do perdão) e assim por diante. Há pessoas não-judias vivendo como se fossem judias. Evangélicos, hoje em dia, estão se circuncidando e indo a igrejas de judeus messiânicos ou mesmo a sinagogas para aprender a cultura judaica, a fim de praticá -la. Estão querendo tornar-se judeus, como se o judaísmo fosse superior ao cristianismo. Há quem diga que precisamos ouvir os rabinos, porque têm muito a nos ensinar sobre a fé e porque sua interpretação é bem mais próxima do original, pois são os líderes religiosos do povo da Bíblia. 2. Uma cidade santa: Além disso, assim como no judaísmo, há, no meio evangélico, uma veneração pela chamada Terra Santa. Também estamos vendo ser alimentanda uma fascinação por essa terra, principalmente pela cidade de Jerusalém e por tudo o que vem de lá. Inclusive, o lema de um dos grupos judaizantes é “Sai de Roma, e volta para Jerusalém!”.4 Judaizantes atuais dizem que 4. Coelho, Valnice Milhomens. História da INSEJEC. Disponível em: <http://insejeccampinas.com.br/site/historia/>. Acesso em: 23 de julho de 2014. todo cristão deve visitar Jerusalém, pelo menos, uma vez na vida, para experimentar a verdadeira conversão. Argumentam que, ali, a presença de Deus é mais forte e real e que aquele é o lugar mais espiritual da terra. Não há nenhum problema em visitar e admirar esses lugares em que as histórias bíblicas aconteceram. O problema é que está acontecendo uma espécie de idolatria dos crentes pelo povo de Israel e por Jerusalém. A onda, agora, é usar a bandeira ou outros símbolos de Israel, como a Estrela de Davi, nos cultos. Está na moda usar uma imitação da Arca da Aliança, como assessório, no púlpito, e o Menorá (candelabro judaico), como enfeite, na mesa da Ceia do Senhor. Além disso, usa-se o óleo de Israel, a água do rio Jordão e ensinase que a oração tem mais efeito se for feita no monte Sinai. 3. Uma língua sagrada: Outra questão importante é que, assim como os rabinos, os grupos de crentes judaizantes do século XXI consideram o hebraico um idioma sagrado. Expressões, como shamah, shekinah, shalon, El-Shaddai, são qualificadas como “cheias de poder” e recitadas, com frequência, em seus cultos, como se fossem palavras mágicas. Entre os judaizantes mais radicais, o costume é realizar parte da liturgia em hebraico. Assim, orações e leituras bíblicas são feitas na língua dos judeus, entre músicas e danças judaicas. Como se não bastasse, a novidade, agora, é não chamar mais Jesus de “Jesus”, pois, segundo alguns dos grupos judaizantes, este nome é falso. Dizem que o certo é chamá -lo de Yeshua ou Yeshôshua (nome em hebraico). Equivocadamente, ensinam que o nome “Jesus” é uma falsificação do verdadeiro nome do Filho de Deus e que esse engano se estabeleceu através das traduções bíblicas, feitas pelos católicos romanos e seguidas pelos evangélicos. Isso é uma tolice sem tamanho! Nas mais de 900 vezes em que os apóstolos citam o nome do Salvador, fazem sempre o traduzindo para o idioma grego (Iesous Cristos). Será que essas e as demais alegações dos judaizantes têm base bíblica? 01. Quem eram e o que ensinavam os cristãos judaizantes, no tempo em que foi escrito o Novo Testamento? Baseie-se em At 15:1-5; Gl 1:6-7, 4:8-11, 5:1-8, e na introdução. 02. Os judaizantes de hoje formam um movimento diversificado, que prega o retorno às raízes judaicas. Quais são as suas principais www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 51 alegações? Quais são os sinais da influência desse modismo, nas igrejas da atualidade? II COMBATENDO OS VENTOS DE DOUTRINA Esse teimoso retorno ao judaísmo, por parte de alguns cristãos, é, sem dúvida, resultado da falta de conhecimento da graça de Deus e do evangelho de Cristo. Basta um pouco de conhecimento do Novo Testamento para saber que há algo de errado nessas práticas. Por isso, vamos verificar, agora, o que a Bíblia tem a dizer sobre essas questões. 1. Antiga ou Nova Aliança? Esse vento de doutrina é gerado a partir de uma confusão entre a Antiga e a Nova Aliança. De acordo com a Bíblia, o sacrifício de Jesus, na cruz, representou a consumação e o fim da Antiga Aliança e a transição para a Nova Aliança (Hb 7:22; 8:6-7,13). A primeira consistia, basicamente, de tipos, sombras e símbolos, que se tornaram realidade, em Cristo (Hb 9:7-15, 10:1-4,11-18). Por isso, não precisam mais ser praticados por nós, na Nova Aliança. É caso das práticas apontadas neste estudo. Mas, quanto ao Antigo Testamento, a que devemos obedecer? A maneira mais didática para responder a isso é lembrar os três principais 52 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 aspectos da lei: civil, cerimonial e moral.5 Sabemos que o aspecto civil da lei cessou com o fim de Israel como nação teocrática. Já as leis cerimoniais cumpriram-se em Cristo, na cruz. Contudo, o aspecto moral da lei permanece em vigor, pois é eterno. Os dez mandamentos são a síntese da lei moral. O problema é que os judaizantes tentam impor, de forma seletiva, a observância de certas leis civis e cerimoniais do Antigo Testamento, até mesmo de alguns costumes judaicos que não estão na Bíblia, como parte do processo de salvação ou santificação dos crentes em Cristo. Isso é inaceitável! Voltar às velhas práticas judaicas é o mesmo que anular o sacrifício de Cristo (Gl 5:2); é rejeitar a graça (Gl 2:21); é submeter-se, novamente, à escravidão da qual Cristo já nos libertou (Gl 2:4, 4:9-11). 2. O povo, a cidade e a língua: Na Nova Aliança, o povo de Israel não tem mais nenhuma vantagem sobre os outros povos, com relação à 5. Meister (2003:41-59). salvação (cf. Gl 3:28; Rm 3:9-11,23). Jesus disse aos judeus: ... o Reino de Deus será tirado de vocês e será dado a um povo que dê os frutos do Reino (Mt 21:43). Caro estudante, saiba que Israel já nos deu tudo que tinha a nos dar. Quem disse que a interpretação do Antigo Testamento, feita pelos rabinos, é a mais correta? Se o tivessem interpretado corretamente, teriam crido em Jesus. Sobre a cidade, Paulo desmotiva toda a paixão por Jerusalém, dizendo: ... a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador (Fp 3:20). E Jesus usou a expressão “nem neste monte, nem em Jerusalém”, para falar sobre a forma certa de adorar (Jo 4:21). Sobre a língua, é preciso dizer também que o idioma hebraico não é um idioma sagrado ou celestial, como alguns afirmam. Os especialistas dizem que ele é, seguramente, uma língua humana e comum, que surgiu a partir de um idioma da terra dos cananeus.6 Devemos rejeitar essa idolatria praticada por alguns em relação a Israel e a sua cultura. Por que circuncidar-nos, se não somos judeus? Como diz Paulo: Se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará (Gl 5:2). Para que tocar shofar, no culto? Por que realizar festas e praticar costumes judaicos, que eram apenas “sombras” e já se cumpriram na cruz? Para que o uso da Arca da Aliança, se esta, já na Antiga Aliança, caiu no esquecimento? (Cf. Ez 3:16). A Bíblia condena isso e pergunta aos judaizantes: Como é que estão voltando àqueles mesmos princípios elementares, fracos e sem poder? Querem ser escravizados por eles outra vez? (Gl 4:9). Portanto, corramos dessa heresia. 6. O nome do Salvador: Yehoshua ou Jesus? (2005:26). 03. Qual é diferença entre a antiga e nova aliança? Quanto ao Antigo Testamento, a que devemos obedecer? Leia Hb 7:22, 9:7-15, 10:1-4,1118. Sendo assim, o que significa voltar às velhas práticas judaicas? 04. É certo defender o resgate de costumes e objetos judaicos, com base na alegação de que o povo, a cidade e a língua de Israel são sagrados? Baseie-se na segunda parte deste estudo e em Gl 4:9-10 e 5:2. www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 53 III CORRENDO DOS VENTOS DE DOUTRINA O que nos preocupa é que muitos cristãos têm olhado ingenuamente para este movimento de retorno às raízes judaicas, como se não oferecesse perigo. Basta lembrar que os apóstolos e os primeiros cristãos combateram e renegaram os judaizantes, vendo suas práticas como uma afronta à cruz de Cristo e um entrave à pregação do evangelho. Por isso, seguem-se dois conselhos a você, estudante da Escola Bíblica. 1. Não se deixe enganar com a beleza das práticas judaizantes: Não há como negar que o uso de objetos judaicos, no culto, como o menorá, a estrela de Davi, a réplica da Arca da Aliança etc., é algo que nos chama à atenção, por ser belo aos olhos. De igual modo, as festas judaicas, como a festa da Páscoa e do Tabernáculo, são lindas. Assim também, ver um pastor com vestes judaicas, como o kipar (solidéu) e o talit (xale), lá no púlpito, fazendo orações em hebraico, é, no mínimo, curioso. Há, nessas coisas, uma beleza paralisante. E isso faz com que cristãos ingênuos imaginem que tais coisas, sendo praticadas por crentes em Jesus, são edificantes e inofensivas. Caro estudante, abra os olhos! Não se deixe enganar (Pv 14:12-13). É bonito, mas nada bíblico. Segundo 54 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 Paulo, quando um cristão gentio pratica tais atos, como parte de sua salvação ou santificação, está rejeitando a graça de Cristo e voltando à escravidão (Gl 2:21, 4:9-11). 2. Não se deixe levar pelo misticismo das práticas judaizantes: Outro grande problema que esse vento de doutrina traz é a estranha espiritualidade ritualística, por meio de símbolos não-cristãos. Os objetos citados neste estudo, por serem considerados sagrados, são venerados e usados, tanto no momento do culto quanto no dia-a-dia, como espécies de amuletos. Em alguns cultos evangélicos, pessoas oram e cantam segurando ou vestindo tais objetos. Isso é, no mínimo, estranho ao ensino da palavra de Deus. Talvez o maior exemplo desse misticismo, na atualidade, seja a réplica do Templo de Salomão, construída em São Paulo. Que Deus nos livre dessa idolatria! Além disso, está na moda ver a mezuzá (caixinha contendo partes das Escrituras), pregada na porta das casas de cristãos, e é comum ver outros objetos judaicos em suas estantes. Se esses objetos estão sendo usados para proteção da casa, então isso é superstição e misticismo, e você deve correr disso (Cl 2:8; Sl 31:6). Tome cuidado! Não se deixe influenciar. 05. As práticas judaizantes têm uma beleza paralisante. Você concorda? Por que não devemos nos enganar com elas? Baseie-se no primeiro item da aplicação e em Pv 14:12-13; Gl 2:21. 06. Comete em classe sobre o “misticismo” ou a “estranha espiritualidade ritualística” que envolve as práticas judaizantes. Que cuidado devemos tomar? Leia Sl 31:6; Cl 2:8. SEU DESAFIO SEMANAL Jesus, que é superior à lei e ao templo (Mt 12:6) e maior que Moisés e os sacerdotes (Hb 3:2-5, 10:21), ofereceu-nos uma Nova Aliança, que é infinitamente superior à estabelecida com Israel (Hb 8:8-13). Então, por que voltar à Antiga Aliança? Voltar às práticas judaicas é “recosturar” o véu que se rasgou; é desprezar o sacrifício de Jesus; é submeter-se à escravidão da qual Cristo já nos libertou, por meio da cruz. Os gálatas estavam nesse caminho e Paulo lhes escreveu: Ó gálatas insensatos! Quem os enfeitiçou? Não foi diante dos seus olhos que Jesus Cristo foi exposto como crucificado? (Gl 3:1). Para o apóstolo, as práticas judaizantes eram insensatez. Portanto, não deixe que tais modismos invadam a sua igreja. Por isso, como exercício para esta próxima semana, faça uma análise das igrejas evangélicas que você conhece e verifique quais delas têm práticas judaizantes. Verifique também se você foi influenciado de algum modo. www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 55 8 O louvor profético 22 DE NOVEMBRO DE 2014 Hinos sugeridos – BJ 04 • BJ 33 OBJETIVO TEXTO BÁSICO Mostrar ao estudante da palavra que a doutrina do chamado louvor profético não pode sustentar-se, à luz da Escritura, e encorajá-lo a louvar a Deus de maneira consciente e bíblica. Perto da meia noite Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus (...). De repente sobreveio um terremoto tão grande que os alicerces do cárcere se moveram, abriram-se todas as portas. (At 16:25-26) LEITURA DIÁRIA D S T Q Q S 16/11 17/11 18/11 19/11 20/11 21/11 S 22/11 At 16:25-26 2 Cr 20 1 Pd 2:5,9; Ap 1:6, 5:10 Hb 10:19-21 Ef 5:19 Sl 99:3 Mt 21:16 Cl 3:16 Acesse os Comentários Adicionais e os Podcasts deste capítulo em www.portaliap.com.br 56 INTRODUÇÃO A Bíblia não fornece um modelo específico de liturgia, no qual possamos identificar exatamente os elementos que devem estar presentes, quando o povo de Deus se reúne para celebrá-lo. Contudo, à luz de algumas passagens bíblicas, percebemos que, ao menos, três deles sempre estiveram presentes: a instrução, a oração e o louvor. Nesta lição, trataremos sobre alguns ventos de doutrina envolvidos com o último dos elementos mencionados: o louvor. Nosso assunto principal será o “louvor profético” e os seus desdobramos. Antes de combatermos mais esse equívoco do mundo gospel, vamos primeiramente conhecê-lo. Na primeira parte desta lição, tentaremos conceituá-lo, com base em textos escritos - livros e artigos virtuais – pelos próprios defensores de tal prática. Depois, ao contrastar os conceitos com alguns princípios bíblicos, buscaremos provar que não podem sustentar-se, à luz da revelação da Escritura. Em seguida, vamos sugerir duas atitudes referentes ao verdadeiro louvor a Deus. Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 I CONHECENDO OS VENTOS DE DOUTRINA A maioria das ideias que apresentaremos nesta lição, de alguma maneira, também sofreu influência da doutrina da “Confissão Positiva”, que tem como pai Essek W. Kenyon (1867-1948) e como principal divulgador Kenneth Hagin (1917-2003). Esses dois personagens ensinavam que as nossas palavras (faladas, escritas ou cantadas) têm poder e criam realidades no mundo espiritual. O ministério do louvor profético tem suas raízes nessa doutrina. Vejamos. 1. O ministério do louvor profético: O que é o louvor profético? Segundo os defensores de tal prática, é aquele que traz a libertação do povo; quebra as cadeias espirituais que cativam as pessoas; traz cura, batismo no Espírito Santo, conversões de almas; enfim, traz o sobrenatural de Deus.1 É o louvor que atrai a atenção de Deus e libera suas bênçãos. O mover profético pode ser liberado só pelo toque dos instrumentos na igreja; através destes, pessoas são curadas e libertas.2 Observe que, por trás dessa definição, existe a premissa de que o louvor tem poder. Enquanto louvamos, Deus libera seu poder e todas as cadeias caem. 1. Adoração profética. Disponível em: <http:// www.casadosenhor.com.br/estudo/?id=59>. Acesso em 14 de julho de 2014. 2. Marione (2012:205). Segundo os defensores dessa crença, é esse louvor que devemos buscar. Quais são as bases bíblicas usadas para defender essas premissas? Os dois principais textos usados são At 16:19-40 e 2 Cr 20. O primeiro narra o episódio em que Paulo e Silas cantavam na prisão, em Filipos, e as cadeias caíram (At 16:25-26); o segundo narra a vitória do rei Josafá contra os seus inimigos, enquanto os cantores louvavam ao Senhor, na frente do exército (2 Cr 20:2122). Diante desses textos, ensinam os ministros do louvor profético: “... se há cadeias espirituais que estão atando tua vida, família, negócios, ministério ou igreja, entre em batalha, louvando a Deus com intensidade e elas cairão!”. Por que essa ideia foi tão bem aceita por muitos evangélicos, em nosso país? Há um livro, no Brasil, que contribuiu muito para isso, nos últimos anos. Não se trata de um livro sobre louvor profético, tampouco o seu autor fez ou faz parte desse ministério. Contudo, foi lançado na época em que a confissão positiva começou a ganhar espaço e contribuiu para que a ideia de que o “louvor tem poder” ganhasse espaço em nossa pátria. O livro intitula-se: “O Louvor que Liberta”, e foi escrito por um capelão da marinha, que ensina, em forma de testemuwww.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 57 nho, que, se você louvar, todos os seus problemas podem se resolver. Principalmente na parte final, o autor mostra que o louvor libera o poder de Deus; que, através do louvor, travamos batalhas espirituais; que, enquanto louvamos, Deus desbarata nossos inimigos etc. Esse ensino só é acentuado e aumentado, no ministério do “louvor profético”. 2. Multiplicam-se os modismos: Com o ministério do louvor profético, temos alguns outros conceitos esquisitos e estranhos à revelação bíblica, tais como “voz profética”, “unção profética”, “dança profética”, “dança espontânea”, “adoração profética”, “adoração extravagante”, “cânticos espontâneos” etc. São tantos termos que não é possível tratar de tudo numa única lição. Contudo, há uma distorção que acompanha esse movimento: “a adoração espontânea ou cântico espontâneo”. E não confunda “adoração espontânea” com “adoração profética/extravagante” (trataremos deste assunto na lição 12). A adoração ou cântico espontâneo é algo que acontece no momento do louvor, quando o adorador (geralmente o líder ou um componente do grupo que conduz o momento do louvor) sai da melodia e da letra preestabelecida de uma canção e começa a dizer coisas que não haviam sido ensaiadas ou preparadas.3 Os defensores desse movimento dizem que o cântico espontâneo vem na hora, pelo Espírito, “como se o Espírito Santo trouxesse à tona tudo aquilo que está dentro de você”.4 Usam como base a expressão “cânticos espirituais”, de Ef 5:19, para abonar tal prática. Os defensores do movimento da “adoração espontânea” chegam a dizer que é muito fácil cantar uma música que já existe, “uma letra que já está pronta, que veio do coração de outra pessoa”.5 Pois bem, será que todos esses modismos, refletem os princípios do puro e simples evangelho de Jesus? É o que veremos na próxima parte desta lição. 3. Idem, p.206 4. Adoração espontânea. Disponível em: <http://iban12.blogspot.com.br/2008/09/estudo-sobre-adoraoparte-3.html>. Acesso em 08 de julho de 2014. 5. Idem. 01. O que é louvor profético? Qual a premissa por trás desse conceito? Onde estão suas supostas bases bíblicas? Por que faz tanto sucesso? 58 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 02. Como podemos definir “cânticos espontâneos”? Qual o principal texto bíblico usado pelos defensores de tal prática? II COMBATENDO OS VENTOS DE DOUTRINA Como veremos, nesta parte de nossa lição, o movimento do louvor profético, com todo o pacote que o acompanha, foi construído sob conceitos “bíblicos” equivocados, contribuiu para uma supervalorização de uma parte do culto a Deus e desconsidera o significado bíblico e teológico do louvor. Entendamos essas distorções. 1. Textos fora do contexto: Os textos bíblicos utilizados para provar que o louvor tem poder foram interpretados fora do seu contexto. Em 2 Cr 20, o fato de Josafá pedir aos cantores que saíssem à frente do exército louvando ao Senhor (v.21) é um sinal de que confiava no Senhor, que já lhes havia garantido a vitória naquela batalha sem terem de pelejar (vv. 15-17). Deus derrotou os exércitos inimigos enquanto os cantores o louvavam (v. 21) porque já havia determinado fazê-lo, e inclusive já havia revelado isso ao rei e ao povo. Isso se confirma pelo fato de que nenhum outro rei do povo de Deus foi para uma guerra dessa maneira. Foi um caso único e isolado, não uma batalha comum. Esse é o mesmo caso relatado em At 16:19-40. Mesmo presos, Paulo e Silas cantavam em demonstração de confiança em Deus. Eles só estavam em Filipos porque Deus os mandara ir, através de uma visão (At 16:9-12). Tinham a certeza de que estavam cumprindo a vontade de Deus e que este estava com eles. Aproveitaram a prisão para testemunhar de Jesus. Veja o detalhe do texto: ... e os outros presos os escutavam (v. 25b). Por isso, não cantavam para que o terremoto acontecesse – na verdade, nem esperavam que acontecesse –; cantavam porque confiavam em Deus, sabiam que deveriam louvá-lo em todo tempo e queriam que outros o conhecessem. Deus quis agir, naquela ocasião, enquanto louvavam. O mesmo Paulo foi preso outras vezes (pelo menos, mais três), e não houve terremoto. Será que esquecera que podia louvar para que as paredes do cárcere fossem ao chão? 2. Realce fora de medida: Um problema grave gerado nas igrejas, por causa dessa ideia de que o louvor tem poder, foi a supervalorização do “momento do louvor” e do grupo www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 59 de louvor. Não há nada de errado em termos grupo de louvor e louvores em nossos cultos, mas precisamos considerar que a exacerbada importância a esse momento é preocupante e chega passar a impressão de que não teríamos culto a Deus sem ele. Há igrejas em que o grupo de louvor é tão ou mais importante que o próprio pastor e os dirigentes de louvor “adotam a postura de responsáveis diretos pela adoração que a igreja deve prestar a Deus”;6 às vezes, intitulam-se levitas, um grande equívoco. Considerar os integrantes do grupo de louvor como levitas é reintroduzir a ideia de uma classe especial. De acordo com a Nova Aliança, cada cristão, em particular, é um sacerdote (cf. 1 Pd 2:5,9; Ap 1:6, 5:10). O acesso a Deus não é prerrogativa de um grupo, mas de todo o povo de Deus (Hb 10:19-21). O grupo de louvor não é mediador entre Deus e a congregação. Seus componentes são membros da igreja, conduzem a parte da liturgia destinada aos cânticos e são tão adoradores quanto todo o restante da congregação. O que eles fazem no culto não é mais espiritual do que um hino cantado em uníssono por toda a igreja, acompanhado apenas de um piano ou um órgão. 3. Individualismo fora do comum: Precisamos lembrar que o objetivo primário do culto coletivo é “oferecer louvor e render graças a Deus por quem ele é e pelo que ele tem feito, reafirmando nosso amor e compromisso com Deus”.7 O centro da reunião deve ser sempre Deus. É por isso que julgamos perigosos os “cânticos espontâneos”, em que há uma demasiada ênfase na pessoa que faz o cântico. Culto não é show para exibições individuais. Durantes esses cânticos, todos ficam escutando uma pessoa, passivamente, por longos períodos. Isso é um equívoco: num culto coletivo, todos devem louvar. Além disso, o que vemos, na maioria das vezes, é que esses cânticos se constituem mantras (poucas frases repetidas à exaustão). São “cânticos” recheados de clichês, chavões e frases batidas que não dizem nada. O cântico espontâneo fascina tanto que virou estilo musical. Há cantores do mundo gospel especializados nisso e CDs inteiros só com esse tipo de louvor. Há até encontros para apresentação de cânticos espontâneos (que, convenhamos, não são tão espontâneos assim). Os “cânticos espirituais”, de Efésios 5:19, são composições de cristãos sobre temas espirituais. “Cânticos” é a tradução para a palavra grega odais, que diz respeito a uma composição poética para ser cantada. Não se trata de uma música feita no improviso, num momento do culto. O adjetivo “es- 6. Justino apud Basden (2000:175). 7. Basden (2000:142). 60 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 pirituais” serve para distinguir esses cânticos de cânticos comuns, que não tratam de temas religiosos, com- postos, em sua maioria, por nãocrentes, feitos para entretenimento, não para o culto. 03. Leia, 2 Cr 20:15-21; At 16:9-12 e comente se esses textos ensinam realmente que o louvor tem poder. Além disso, leia Ef 5:19 e explique se “cânticos espirituais” são músicas feitas no improviso, durante o culto. 04. Comente com a classe sobre os problemas gerados pela doutrina do louvor profético, tais como a supervalorização do momento do louvor e do grupo de louvor. O que a Bíblia ensina sobre o papel de cada cristão no culto a Deus? Leia Ap 1:6, 5:10; 1 Pd 2:5,9. III CORRENDO DOS VENTOS DE DOUTRINA Agora que já tratamos do vento de doutrina e das distorções bíblicas utilizadas para defendê-lo, gostaríamos de sugerir dois caminhos para corrermos para bem longe dele. São duas atitudes sobre o louvor a Deus. Se as adotarmos, dificilmente seremos levados pela força dos ventos de doutrina do mundo gospel, no que diz respeito ao louvor. 1. Louvemos a Deus de modo consciente: Louvar a Deus de modo consciente é louvá-lo com um correto entendimento do que é o louvor. Este não existe para nos inspirar ou para nos deleitar. Não é algo para “nos fazer bem”. O louvor é algo que oferecemos a Deus e é centrado nele. Devemos louvá-lo “pelo que ele é e pelo que ele faz. O puro louvor não é bajulação nem se presta a conseguir alguma graça da parte de Deus”.8 O verdadeiro louvor não precisa de instrumentos ou de gestos, “mas simplesmente de um coração sincero, afinal, Jesus disse que Deus pode tirar um perfeito louvor da boca de pequeninos e crianças de peito” (Mt 21:16).9 8. César (2014:49). 9. Lima (2006:538). www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 61 Na hora do louvor, Deus pode nos abençoar? Sim! Não vamos colocar Deus numa caixa. Mas não é por isso que louvamos a Deus. Esse não é o alvo. Ele pode abençoar alguém por meio da música ou dos sons de instrumentos? Pode, se ele quiser. Ele é Deus e faz o que lhe apraz. Mas essa não é a regra. A força do louvor está na admiração do caráter de Deus. Ele é “o supremo bem, o sumamente sábio, o todo suficiente, o completamente livre e absoluto”.10 Louvemos sempre a ele! Que todos o louvem por causa da sua grandeza e porque ele merece profundo respeito (Sl 99:3 – NTLH). 2. Louvemos a Deus de forma bíblica: Você sabia que a doutrina de muitas pessoas é mais formada pela música que cantam do que pela mensagem que ouvem? Não é o ideal, mas é real. Por isso, precisamos nos preocupar muito com as letras das músicas que cantamos nas igrejas, em nossos cultos, e que cantamos no dia-a-dia. A ideia de que o louvor tem poder contribuiu, também, para louvores com letras sofríveis biblicamente, com palavras de ordem para Deus, inclusive. Sejamos críticos, nesse sentido! Não podemos cantar qualquer coisa. Lembremo-nos do conselho paulino: Lembrem-se do que Cristo ensinou e que as suas palavras enriqueçam a vida de vocês e os tornem sábios; ensinem essas palavras uns aos outros e cantem-nas (Cl 3:16, grifo nosso – BV). Todo cântico sem fundamento na palavra de Deus pode ter arte, simetria, profissionalismo, mas não deve ter lugar no culto.11 10. César (2014:49). 11. Lima (2006:533). 05. O que significa louvar a Deus de maneira consciente? O que é necessário para o verdadeiro louvor? Leia Sl 99:3. 06. O que significa louvar a Deus de maneira bíblica? Realmente, é importante nos preocuparmos com as letras das músicas que cantamos? O que Cl 3:16 nos ensina nesse sentido? 62 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 SEU DESAFIO SEMANAL Seu desafio para esta semana será o de pensar na forma como tem louvado a Deus. Você faz isso com sinceridade? É um louvor só de lábios ou é do coração? (Mc 7:6). Você louva a Deus apenas para se sentir bem, para receber alguma coisa em troca, para “liberar o sobrenatural” ou porque realmente reconhece o que ele faz e quem ele é? Entende que ele é imensurável, imutável, infalível, imenso etc.? Quando você louva, presta atenção nas palavras que está dizendo a Deus ou simplesmente canta porque o instrumental é bonito? Diga-se de passagem: não há nenhum problema em se alegrar com o louvor, nem em se emocionar. O problema é fazer disso o alvo do louvor. Que tal você começar a analisar as letras de alguns louvores cantados nos cultos? Para esta semana, escolha, pelo menos, dois dos louvores cantados no culto do final de semana e experimente fazer esse exercício. Aceita o desafio? Se desejar, pode chamar alguém para realizarem com você essa atividade. www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 63 9 Os cristãos sem igreja 29 DE NOVEMBRO DE 2014 Hinos sugeridos – BJ 01 • BJ 303 OBJETIVO TEXTO BÁSICO Mostrar ao estudante da palavra de Deus, à luz do Novo Testamento, a importância de ser cristão e estar em uma igreja local, congregando com frequência e servindo com comprometimento. Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações, quanto mais vede que o dia se aproxima. (Hb 10:25) LEITURA DIÁRIA D S T Q Q S S 23/11 24/11 25/11 26/11 27/11 28/11 29/11 Hb 10:25 Mt 18:20 At 2:42-47 Cl 3:13 1 Jo 1:8,10 2 Pd 2:1 1 Pd 4:10 Acesse os Comentários Adicionais e os Podcasts deste capítulo em www.portaliap.com.br 64 INTRODUÇÃO De acordo com os dados do último senso do IBGE, cresceu, no Brasil, o número de pessoas que, até pouco tempo atrás, não tinham quase nenhuma expressão em nosso cenário social. Estamos nos referindo aos sem-igreja. Estes são os que se consideram evangélicos ou cristãos, mas que não possuem vínculo algum com a igreja institucional. Os dados mostram que, de 2003 a 2009, o número dos sem-igreja passou de 4% para 14 % no Brasil.1 Esse crescimento, que só tende a aumentar, mostra-nos uma nova tendência, não somente no Brasil, mas nos Estados Unidos e na Europa, de um cristianismo diferente, um cristianismo sem igreja. Há, em nossos dias, inúmeros autores cristãos que defendem esse posicionamento em seus livros e muitos líderes que apregoam essa nova era, em que podemos ser cristãos sem estarmos vinculados à igreja. Mas será possível? É biblicamente correto? É justamente sobre isso que estudaremos nesta lição. 1. Hunter (2012:9). Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 I CONHECENDO OS VENTOS DE DOUTRINA A igreja evangélica brasileira, por conta de seus inúmeros escândalos, tem produzido uma massa de desencantados com as instituições eclesiásticas em geral. Alguns simplesmente abandonaram a igreja e a fé, mas outros querem abandonar apenas a igreja e manter a fé; querem ser cristãos, mas sem a igreja.2 Muitos destes têm escrito livros e disseminado, através da internet, a ideia de que podemos ser cristãos sem a igreja. Eles, basicamente, defendem as seguintes posições: 1. A igreja como um movimento: Os defensores de um cristianismo sem igreja ensinam que Jesus não deixou qualquer forma de igreja organizada e institucional.3 O que Jesus desejava, afirmam eles, não era uma instituição religiosa, rígida, organizada, engessada, nem mesmo estruturada, com prédios próprios, placa denominacional, cultos oficiais, tesouraria, ofertas, departamentos, dízimos, escolas bíblicas, rol de membros ou mesmo faculdade de teologia. A igreja de Jesus deveria ser um movimento livre de pessoas que se reúnem esporadicamente, em ambientes sem nenhuma conotação religiosa, para conversar sobre Cristo 2.Lopes (2011:153) 3.Idem, p.154. e se ajudar mutuamente, sem estar presas a uma igreja local, sem ter seus nomes no rol de membros, sem ter um dia determinado para ir a um templo, uma lição bíblica para estudar semanalmente e uma liderança eclesiástica à qual submeter-se. A base bíblica para essa ideia, segundo os desigrejados, encontrase na passagem em que Jesus diz: Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles (Mt 18:20). Isso significa, dizem eles, que, se dois ou três cristãos que são amigos encontrarem-se na praça de alimentação de um shopping, sábado à noite, ou em uma cafeteria, domingo de manhã, para conversar sobre os últimos livros que leram ou sobre as lições espirituais que têm aprendido, ali eles são igreja de Jesus, e isso os isenta de participar de uma igreja local, frequentar com regularidade os cultos, servir em algum departamento da igreja etc. 2. Um ambiente doentio: Além de afirmarem que Jesus não deixou uma igreja organizada ou institucionalizada, os desigrejados acreditam e apregoam que a igreja, no formato que existe, está falida e ultrapassada. Essas pessoas consideram que ela está desvirtuada, em sua natureza, sua essência, sua proposta relacional comunitária e sua proposta www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 65 de missão e serviço.4 Afirmam que a igreja evangélica não promove um ambiente salutar, mas doentio; por isso, precisamos sair dela para encontrarmos com Deus. Pelo fato de inúmeros pastores haverem se envolvido em escândalos relacionados a dinheiro, muitos veem a igreja como uma máquina de extorquir fiéis. Para inúmeros outros, a igreja causa repulsa, pois sentem que ela está cheia de hipócritas,5 repleta de pessoas que não vivem o que pregam e condenam, 4. Bomilcar (2012:17). 5. Groeschel (2012:176). explicitamente, nas outras pessoas, os pecados que elas mesmas praticam em secreto. Muitos dos desigrejados são pessoas que foram muito feridas por denominações evangélicas (vítimas de calúnia, de divisões, de farisaísmo, de preconceito, de extorsão, de charlatanismo por parte de pastores e líderes) e, por isso, estão, hoje, desencantadas com a igreja. Outros tantos são pessoas extremamente críticas e exigentes, com uma mentalidade de consumidor, para as quais nada está bom (o sermão, o culto, a música, a lição bíblica, o prédio da igreja, o departamento infantil etc.). 01. Os defensores de um cristianismo sem igreja ensinam que Jesus não deixou qualquer forma de igreja organizada ou institucional. O que isso significa? Utilize o item 1 da primeira parte deste estudo. 02. De acordo com o item 2 da primeira parte deste estudo, o que os desigrejados pensam sobre a igreja? Quais as razões pelas quais não fazem parte de uma igreja local? II COMBATENDO OS VENTOS DE DOUTRINA Os argumentos usados pelos cristãos sem igreja são sutis, pois utilizam meias verdades. Por exemplo, é claro que a igreja de Jesus não preci66 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 sa de prédios para existir. De acordo com a história, somente no quarto século é que os cristãos construíram templos. Antes disso, reuniam-se em casas, cavernas, vales e em campos. No entanto, isso não significa que seja errado construir um templo ou ter propriedades; afinal, a Bíblia não condena isso. Esse mesmo princípio equivocado de meias verdades é utilizado nos outros posicionamentos dos desigrejados. 1. Igreja organizada: A afirmação dos desigrejados de que a igreja deve ser um movimento livre e desorganizado de pessoas, sem estrutura alguma, é inconsistente, à luz da Bíblia. Encontramos, no Novo Testamento, igrejas cristãs muito bem organizadas: com liturgia (1 Co 14:26; Cl 3:16), ministérios (Rm 12:6-8; Ef 4:11-12), assistência social (At 6:1-6; 1 Tm 5:310), líderes com suas responsabilidades definidas (1 Tm 3:1-13, 5:17;) e até com registro de processo disciplinar (Mt 18:15-20; 1 Co 5). Isso significa que a igreja, desde cedo, era organizada e estruturada, mas não rígida e engessada. E assim deve ser. Encontrar com um ou dois amigos cristãos em ambientes sem conotação religiosa para conversar e ajudar-se mutuamente é uma benção, mas não desobriga nenhum cristão de um compromisso sério com uma igreja local organizada. O autor da Carta aos Hebreus advertiu seus leitores a que não deixassem a congregação, como era costume de alguns, mas, pelo contrário, encorajassem uns aos outros e se submetesse aos líderes eclesiásticos (Hb 10:24-25, 13:7). É interessante notar que o contexto bíblico de Mt 18:20, texto favorito dos desigrejados, não se refere a um movimento livre de cristãos. O texto se refere à disciplina eclesiástica. Os dois ou três que Jesus menciona são os dois ou três que vão tentar ganhar o irmão faltoso e reconduzi-lo à comunhão da igreja6 (Mt 18:15-17). Em outras palavras, biblicamente, não há razão para toda essa aversão à igreja organizada. Nenhum cristão, portanto, está isento de comprometer-se com a igreja. Ela é a reunião dos salvos em Cristo, que, juntos, adoram a Deus, estudam sua palavra, edificam-se, proclamam a salvação, desenvolvem seus dons e manifestam amor ao próximo7 (At 2:42-47). 2. Igreja imperfeita: Outra afirmação dos cristãos sem igreja com a qual não podemos concordar é a de que a igreja está falida e ultrapassada. É fato que ela é imperfeita e continuará sendo, enquanto pessoas, como nós, imperfeitas, fizerem parte dela. É também verdade – e todos os cristãos sérios concordam – que muitas igrejas evangélicas promovem um ambiente doentio e nãosalutar, por causa do farisaísmo, do preconceito, das divisões, da calúnia etc. Contudo, a Bíblia nos ensina a perdoar e não a abandonar a igreja (Cl 3:13). 6. Lopes (2011:160). 7. Sayão (2012:106). www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 67 Igualmente, devemos concordar que muitos líderes evangélicos são, na verdade, charlatões. Entretanto, as Escrituras já nos advertem, há muito tempo, de que falsos mestres surgiriam no meio da igreja (2 Pd 2:1). Isso não é motivo para deixar a igreja; antes, é motivo para lutar por ela. Quanto àqueles que acham a igreja um local de hipócritas, entendemos que estão, de certa forma, corretos; afinal, todos os cristãos continuam pecadores, e a Bíblia não esconde isso (1 Jo 1:8, 10). A igreja de Jesus é um lugar de pecadores, não uma galeria de santos.8 A verdade, no entanto, é que muitos dos sem-igreja são pessoas 8. Ludovico (2007:149). muito críticas, que só não criticam a si mesmas.9 Acontece que seus ideais são tão elevados que seria impossível alguma igreja atingir esses padrões.10 Para eles, nada está bom. Os cultos são muito frios ou animados demais; a música é muito alta ou muito baixa; o pastor grita ou fala baixo demais etc. Por isso, devemos concordar que sempre, por trás de uma crítica feroz contra a igreja, escondem-se a avareza, a arrogância, o ódio, a insubmissão, a falta de perdão, o comodismo, a frieza espiritual ou algum pecado oculto.11 9. Sayão (2012:105). 10. Groeschel (2012:177). 11. Sayão (2012:106). 03. Em suas desculpas, os desigrejados utilizam meias verdades. Você concorda? O que os textos de Hb 10:24-25, 13:7 têm a dizer sobre os sem-igreja? Qual o contexto bíblico de Mt 18:20? 04. A Bíblia esconde a imperfeição da igreja? Para responder, use 1 Jo 1:8,10. Quando a igreja nos machuca, qual a atitude que devemos tomar? Leia Cl 3:13. Então, há desculpa plausível para sair da igreja? 68 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 III CORRENDO DOS VENTOS DE DOUTRINA Como comprovamos, os desigrejados acabam jogando o bebê junto com a água suja da bacia, ao abandonar a igreja por conta das falhas que ela apresenta. Ora, a igreja de Jesus é composta por pecadores salvos pela graça de Deus, não por santos infalíveis. Contudo, mesmo imperfeita, precisamos dela. Não podemos ser cristãos sem igreja, porque não podemos ter o noivo sem a noiva, nem o pastor sem seu rebanho. Precisamos uns dos outros; por isso, não podemos abandonar a igreja. A seguir, veremos dois princípios que, se aplicados, nos ajudarão a fugir para longe desse vento de doutrina dos desigrejados. 1. Não seja um desigrejado: congregue com regularidade: Depois de tudo que aprendemos, podemos afirmar, categoricamente, que não existe desculpa plausível para um cristão ficar sem igreja. Obviamente, existem situações em que muitos cristãos não podem se reunir com outros crentes para congregar – como, por exemplo, em contextos de perseguição religiosa, em locais longínquos, onde não existem outros cristãos por perto, ou em casos de doença. Contudo, essas são as exceções, não a regra. Como disse certo autor, ser membro de uma igreja local não salva, mas é reflexo de que somos salvos.12 É por isso que o autor da Carta aos Hebreus é tão enfático ao advertirnos: Não deixemos de congregarnos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações, quanto mais vede que o dia se aproxima (Hb 10:25). Este dia que se aproxima é o dia da volta de Jesus para o qual devemos estar sempre preparados. Sendo assim, não brinque de ser crente. Congregue regularmente. 2. Não seja um desigrejado: sirva com comprometimento: Infelizmente, por vivermos em uma sociedade consumista, muitos se enxergam como consumidores, e a igreja, como uma prestadora de serviços religiosos. Assim, muitos crentes passam a ir à igreja da mesma forma como vão a um shopping. “Assistem” a um culto da mesma forma que assistem a um filme no cinema. Pressupõem que tudo ao seu redor, inclusive a igreja, existe para o seu serviço.13 Quando esses crentes se desagradam da qualidade da música ou do sermão do pastor, deixam a igreja, assim como deixam de ir a um restaurante que não mais lhes agrada. Por isso, há tanta gente fora da igreja. No entanto, enquanto nos enxergarmos como consumidores, jamais estaremos contentes na igreja. Não 12. Dever (2012:166). 13. Silva (2007:46). www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 69 somos clientes; somos servos. Participamos de uma igreja, prioritariamente, para servi-la, não para sermos ser- vidos (1 Pd 4:10). Sendo assim, sirva com comprometimento. Não seja um desigrejado. 05. Você acha importante congregar? Podemos brincar de sermos crentes, sabendo que Cristo voltará logo? Leia Hb 10:24-25 e comente em classe sobre a importância de congregarmos com regularidade. 06. Você concorda que muitas pessoas estão fora da igreja por enxergarem a si mesmos como clientes e a igreja, como uma prestadora de serviços religiosos? De acordo com 1 Pd 4:10, podemos ter uma postura de clientes na igreja? SEU DESAFIO SEMANAL Os sem-igreja são, basicamente, pessoas machucadas, feridas, abusadas espiritualmente por líderes evangélicos, magoadas, ressentidas, traumatizadas por igrejas, enganadas teologicamente ou, simplesmente, críticas demais. O que fazer com elas? Já que não vão à igreja, precisamos envolvê-las em nossos círculos de amizade e nos aproximar delas com muito amor e carinho. Elas precisam saber que ainda existem cristãos acolhedores, misericordiosos, afetuosos e generosos, que as abracem e as aceitem como estão (machucadas e feridas) e como são (muitas vezes melindrosas e extremamente críticas). É muito provável que você conheça pessoas desigrejadas. Pois bem, seu desafio, nesta semana, será aproximar-se delas para lhes mostrar o amor de Jesus Cristo. 70 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 10 Ateísmo cristão 6 DE DEZEMBRO DE 2014 Hinos sugeridos – BJ 196 • BJ 130 OBJETIVO TEXTO BÁSICO Mostrar ao estudante o que caracteriza um cristão ateu, quais os conceitos que influenciam alguém a este modo de vida e refutá-los, à luz da palavra de Deus, desafiando-o a viver um cristianismo autêntico e bíblico. Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. (Mt 15.8 – NVI) LEITURA DIÁRIA D S T 30/11 01/12 02/12 Q Q S S 03/12 04/12 05/12 06/12 Mt 15.8 Sl 53.1 Fl 3:19 1 Tm 6:5 Lc 12:15-21 Ap 3:15-22 Rm 12:2 Mt 6:33 Acesse os Comentários Adicionais e os Podcasts deste capítulo em www.portaliap.com.br INTRODUÇÃO Na edição de 19 de dezembro de 2001, a revista Veja publicou uma matéria sobre a religiosidade brasileira. Os números mostravam que 99% da população afirmavam crer em Deus e 83% acreditavam na existência do paraíso e na vida eterna. Isso mostra que a maioria dos brasileiros não apenas crê em Deus, mas conta partilhar com ele a eternidade.1 Infelizmente, os altos índices de violência, corrupção e imoralidade da nossa sociedade apontam uma realidade diferente da que indicam os números. Na presente lição, vamos tratar de um tema bastante complexo. Como podemos conceber um cristão ateu? De início, podemos dizer que se trata de cristãos nominais, pessoas que creem em Deus, mas vivem como se ele não existisse. 1. Klintowitz, Jaime. Um povo que acredita. Disponível em: <Veja.abril.com.br/191201/p_124.html>. Acesso em: 17 de junho de 2014. www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 71 I CONHECENDO OS VENTOS DE DOUTRINA Ateus existem desde os tempos antigos. O salmista Davi já se referia à insensatez desse comportamento: Diz o tolo em seu coração: Deus não existe (Sl 53.1 – NVI). Alguém, acertadamente, disse que o ateísmo não é algo natural, mas o resultado da sufocação intencional da imagem de Deus, na mente e no coração humano.2 A tolice do ateísmo se manifesta em estilo de vida: A pessoa leva a vida sem ter de prestar contas a Deus, pois é dona do “seu próprio nariz”. Infelizmente, existem cristãos adotando esse estilo de vida. Vejamos algumas marcas do nosso tempo que levado alguns crentes em Cristo a viverem como se fossem ateus. 1. O materialismo: Vivemos em uma sociedade capitalista, em que as relações pessoais frequentemente se dão com base na troca de bens de consumo. Os valores de uma pessoa, muitas vezes, são medidos a partir da quantidade ou qualidade daquilo que possui. É mais importante ter do ser. Muitos se vendem e se corrompem para conseguir uns trocados a mais, enquanto outros fazem de tudo para superar o concorrente. Nesse ambiente, muitos cristãos se inclinam a um relacionamento 2. Lopes, Augustus Nicodemus. Ateísmo. Disponível em: <http://www.youtube.com/ watch?v=VQpz43GP8Os>. Acesso em: 21 de junho de 2014. 72 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 com Deus baseado apenas na troca. Deus é o fornecedor; eles, os clientes. As orações só funcionam a partir de necessidades específicas. Como telespectadores de um programa de televisão, desejam cultos que os entretenham. Buscam a Deus porque querem algo dele, mas nada com sua pessoa. É uma relação interesseira. Cristãos ateus são materialistas. O deus deles é o ventre, pois só pensam em coisas terrenas (Fl 3:19). Para esses, a piedade é apenas fonte de lucro (1 Tm 6:5). Amam mais os prazeres do que a Deus (1 Tm 3:4). O materialismo faz com que as pessoas tenham como prioridade de suas vidas a aquisição de bens materiais e riquezas e se esqueçam de Deus e de seus valores (Lc 12:15-21). Elas passam a ajuntar tesouro na terra, não no céu (Mt 6:19-24). Por isso, não é difícil vermos cristãos esfriarem na fé ou se afastem da igreja, após prosperarem financeiramente. Há gente que, por dinheiro, abandona a família, a igreja e a fé. 2. O indiferentismo: Embora a expressão “indiferentismo” não seja comum, o mesmo não pode ser dito de sua prática, pois se trata da “postura de indiferença”, bastante ligada ao egoísmo. O indiferente não demonstra nenhum tipo de preocupação por determinado assunto ou por alguém, a não ser por si mesmo. Mostra-se incapaz de responder a estímulos. Não se trata de ficar em cima do muro, mas de não importarse com o mundo, nem com o outro, muito menos com Deus. O lema dessa geração apática é: “‘Tô’ nem aí” ou “Tanto faz como tanto fez”. A atitude de indiferença é outra característica do cristão ateu. Assim como milhões, pelo mundo, que não se importam com Deus e com a salvação, cristãos ateus não estão preocupados com questões espirituais. Para eles, tanto faz ir à igreja ou não; tanto faz orar ou não; tanto faz ler a Bíblia ou não; tanto faz ser honesto ou não; tanto faz ser fiel ao cônjuge ou não; tanto faz fazer sexo com a(o) namorada(o) ou não; tanto faz traba- lhar ao sábado ou não; tanto faz pagar suborno ou não. Tanto faz! Mas se perguntarem a eles se são cristãos, a resposta será um sonoro “Sim!”. Contudo, cristãos ateus são como os crentes da igreja de Laodiceia: fazem Deus sentir náuseas. Não são quentes, nem frios; são mornos (Ap 3:15,16). Honram a Deus com sua boca, mas o coração está distante dele (Is 29:13). Isso acontece porque, assim como o materialismo, essa atitude faz o cristão se tornar mundano e carnal, ou seja, ela o afasta de Deus e o torna conformado com o mundo e, consequentemente, praticante das obras da carne (Rm 12:2; 2 Tm 2:10a; 1 João 2:15-17; Gl 5:16-21). 01. Com base na introdução, responda: O que é um “cristão ateu”? Comente também a frase: “O ateísmo não é algo natural, mas o resultado da sufocação intencional da imagem de Deus na mente e no coração humano”. 02. Após ler os itens 1 e 2 da primeira parte deste estudo, comente o significado de materialismo e indiferentismo. Como essas duas características estão presentes nos “cristãos ateus”? Leia também: Lc 12:15-21; Mt 6:19,24; Is 29:13 e 2 Tm 2:10a. www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 73 II COMBATENDO OS VENTOS DE DOUTRINA O cristão ateu é uma pessoa conformada com o mundo e seu sistema de valores (Rm 12:2). Precisa decidir renovar seu entendimento, romper seu romance com o mundo (1 Jo 2:15-17) e buscar alimento sólido na palavra de Deus, que semeia a fé (Rm 10:17). Submetendo-se às Escrituras Sagradas, alcançará uma fé vibrante e sólida, que agrada a Deus (Hb 11:6). 1. O reino em primeiro lugar: Jesus foi claro ao dizer: Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça (Mt 6:33). Ele ensinou aos discípulos que não deveriam viver ansiosos pelas coisas materiais. Deus sabe de tudo que precisamos e cuidará de nós, assim como cuida de toda a criação. Portanto, os cristãos devem ter como prioridade cuidar de seu relacionamento com o Criador. O apóstolo Paulo explicou que a essência do reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo (Rm 14:17). Em João 6:26-27, Jesus repreende a multidão que o buscava apenas pelo pão e ensinou-lhe que deveria trabalhar pela comida que permanece para a vida eterna. A vida cristã autêntica celebra a vida com Deus e os valores do seu reino. Além disso, Jesus nos ensinou a não acumular na terra, mas juntar tesouros no céu, 74 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 porque, segundo ele: ... onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração (Mt 6:21). Jesus também disse: Portanto, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? (Mc 8:36). 2. Cooperação, sim; competição, não: O espírito materialista de nossa época sugere rivalidade, competição e anseio de ser o melhor. Os discípulos do Senhor viviam às voltas com o desejo de ocupar um lugar de prestígio ao lado do Mestre. Jesus mostrou-lhes que a grandeza está em servir, não em ser servido (Mc 10:35-45). Os crentes não devem viver a disputar cargos ou posições. Não somos rivais; somos irmãos. Alegremo-nos com o sucesso e soframos com o fracasso de nosso próximo (1 Co 12:12-27). Consideremos os outros superiores a nós mesmos. Cada um cuide não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros (cf. Fl 2:3-4). Cooperação, altruísmo e partilha são valores que devemos praticar. 3. Superando a indiferença espiritual: A última carta às sete igrejas da Ásia foi escrita aos crentes de Laodiceia (Ap 3:14-22). Foi a mais dura carta. Diferentemente das demais, não recebeu de Jesus um elogio sequer. A igreja morna estava miseravelmente pobre, mas não se dava conta disso. Pensava estar rica e não precisar de nada. Enquanto isso, Jesus estava do lado de fora, clamando para entrar. Aquela era uma igreja indiferente, mundana e carnal. Não obstante, Jesus a amava e aconselhou-a a restaurar-se no que ele oferecia. Nada muito complicado: somente zelo e arrependimento. O indiferente deve voltar a ter zelo pelas coisas espirituais; precisa arrepender-se de sua infeliz miséria, e abrir a porta para receber o Mestre e celebrar uma gloriosa ceia com ele. É tempo de acordarmos. É hora de dizermos “não” ao mundanismo. Não podemos nos conformar, nem nos acomodar, a este mundo (Rm 12:2). Não é certo vivermos como se Deus não existisse. Sigamos o conselho de Pedro: Como filhos da obediência, não vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância (1 Pe 1:14). 03. Após ler Mt 6:19-24,33; Mc 8:36-37, e o item 3 da segunda parte deste estudo, comente com a classe sobre as prioridades do cristão. Como Jesus nos ensinou a vencer o materialismo? 04. Leia os itens 1 e 2 da segunda parte deste estudo e responda: Para não sermos “cristãos ateus”, como podemos lidar com o sentimento de rivalidade e indiferença espiritual ? Baseie-se em Fl 2:3-4; Ap 3:14-22; 1 Pd 1:14-16. III CORRENDO DOS VENTOS DE DOUTRINA Se, como vimos até aqui, a imagem de Deus pode ser sufocada, na mente e no coração de uma pessoa, ao ponto de ela viver apenas com um rótulo de cristão, cremos, ainda mais, que Deus pode restaurar essa imagem e levar tal pessoa a viver um relacionamento verdadeiro com ele. Vamos aos princípios que nos levam à sombra do Onipotente e nos afastam do conselho dos ímpios. 1. Para não ser um cristão ateu, pense nas coisas de Deus: Nosso Senhor nos ensinou que, do coração, procedem as más intenções e as diversas práticas pecaminosas. Para www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 75 sermos guardados desses males, devemos levar cativo todo pensamento à obediência de Cristo (2 Co 10:5b). Ocupe seus pensamentos com as coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra (Cl 3:2). Siga o conselho de Paulo: caminhe com Deus e pense em tudo que for virtuoso e louvável (Fl 4:8). Assim, você vencerá o mundanismo (Rm 12:1-2). Andar com Deus quebrará o poder do materialismo em sua vida e o levará a uma generosidade radical. Em vez de viver para si e para o momento, você viverá por Cristo e para a eternidade. Seu coração começará a se quebrantar por motivos e causas que partem o coração de Deus. Você o servirá com fidelidade, como parte de sua noiva, a Igreja.3 2. Para não ser um cristão ateu, caminhe com o povo de Deus: O Novo Testamento está cheio de expressões conhecidas como os mandamentos da mutualidade: “Amai- vos uns aos outros”, “servi uns aos outros”, “suportai-vos uns aos outros”, “perdoai-vos uns aos outros”. A vida cristã genuína e consistente não se dá no isolamento, mas na coletividade. Quem não convive com os outros cristãos tem grande chance de se tornar um cristão nominal, pois esse convívio é pedagógico e fortalecedor; sua ausência é prejudicial. Em comunhão com o povo de Deus, recebemos amor e expressamos amor, por meio da partilha. Quando nós, na condição de cristãos, estamos comprometidos com a comunhão cristã, somos conhecidos e necessários. Cada um de nós tem determinados dons e papéis a desempenhar. Ao usarmos nossos dons concedidos por Deus no relacionamento com os demais, experimentamos a satisfação profunda de sermos parte do corpo de Cristo4 (cf. Sl 133:1-3; Rm 12:4-5; Hb 10:23:25). 3. Groeschel (2012:37). 4. Idem, p.182 05. Leia Cl 3:2; Fl 4:8; Rm 12:1-2, e fale sobre a importância de ocupar os pensamentos com as coisas concernentes a Deus, para vencer o mundanismo e o materialismo. 76 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 06. Qual é a importância da comunhão do povo de Deus e o relacionamento entre os irmãos, no fortalecido de sua fé? Baseie-se em Sl 133:1-3; Rm 12:4-5; Hb 10:23-25. SEU DESAFIO SEMANAL Na lição de hoje, percebemos que, embora o conceito de ateísmo cristão seja razoavelmente novo, sua prática é bastante antiga e comum. Nenhum de nós está completamente isento de cair nesse tipo de comportamento perigoso. Humildemente, busque ao Senhor, em oração, pedindo-lhe que o mantenha sóbrio e vigilante no caminho da justiça, evitando o materialismo e indiferentismo, que nos levam ao mundanismo. Durante esta semana, ore por alguém que você percebe estar vivendo como se Deus não existisse. Peça ao Senhor que essa pessoa enxergue o convite amoroso dele para um relacionamento profundo e pessoal. Aguarde também uma oportunidade para oferecer um estudo bíblico ou iniciar um discipulado com alguém. www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 77 11 O homem como centro 13 DE DEZEMBRO DE 2014 Hinos sugeridos – BJ 02 • BJ 28 OBJETIVO TEXTO BÁSICO Mostrar ao estudante da Palavra o erro de colocar o ser humano no centro, na igreja local, nos cultos, nas músicas e nas pregações; chamálo a uma atitude de centralidade em Deus. Aquele, porém, que se gloria, glorie-se no Senhor. (2 Co 10:17) LEITURA DIÁRIA D S T Q Q S S 07/12 08/12 09/12 10/12 11/12 12/12 13/12 2 Co 10:17 1 Co 1:10-13, 31 3 Jo 9-10 1 Tm 4:1-2 Sl 99 1 Tm 4.16 Mt 16:18 Acesse os Comentários Adicionais e os Podcasts deste capítulo em www.portaliap.com.br 78 INTRODUÇÃO Nestes últimos dias, temos vivido tempos difíceis. Muitas igrejas e seus pregadores têm ensinado um “evangelho antropocêntrico” (gr. antropos = “homem”) , isto é, um evangelho cujo centro é o homem. Esse tipo de evangelho tem sua origem no antropocentrismo, “doutrina filosófica pela qual se afirma que o ser humano é o centro do Universo, a referência máxima e absoluta de valores, o protagonista, o centro das atenções.”1 Sabemos que a palavra “evangelho” significa “boa nova”. Contudo, é uma “boa nova” a respeito de Cristo e tem este como centro. Já o evangelho antropocêntrico se apresenta como o “evangelho do eu”. Neste, “Deus é uma espécie de ‘Papai Noel’, que entra nos templos com um grande saco de presentes nas costas e começa a distribuí-los aos que têm fé”.2 Será que esse evangelho está correto? É o que veremos a seguir. 1. Zibordi (2006:47). 2. Idem. Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 I CONHECENDO OS VENTOS DE DOUTRINA O “evangelho antropocêntrico” é mais um vento de doutrina, ou modismo, que precisa ser combatido, pois deturpa o verdadeiro evangelho. Além disso, produz crentes ensimesmados, que vão às igrejas para ter os seus problemas solucionados, ser agradados, elogiados e ter sua autoestima melhorada. Nesta primeira parte de nossa lição, vejamos como se manifesta esse tipo de evangelho. 1. Igrejas antropocêntricas: Existem, ao menos, dois sinais de que uma igreja pode estar caminhando rumo à centralização do homem em sua atuação. Se você identificar qualquer um deles, em sua igreja local, é hora de ligar a luz de alerta. Que sinais são estes? Primeiro sinal: apego em excesso a personalidades. Isso aconteceu na igreja de Corinto, em que os cristãos estavam divididos entre os partidos de Paulo, Apolo, Pedro e Cristo (1 Co 1:12). Coisa terrível é quando a igreja coloca homens nos holofotes. Nessa mesma linha, o segundo sinal é a influência de lideranças personalistas. Infelizmente, existem igrejas que têm os seus donos ou caciques, sendo que suas ações giram em torno das vontades destes. A Bíblia apresenta um irmão que se achava o dono da igreja: Diótrefes, que, segundo João, gostava de exercer a primazia entre eles (3 Jo 9). Primazia é a tradução para a palavra grega philoproteu, cuja ideia é “querer ser o primeiro, querer ser o líder, orgulhar-se de ser o primeiro”.3 Um terceiro e último sinal de uma igreja que pode estar caminhando para o antropocentrismo é a ênfase exagerada ao ser humano e aos seus problemas. A tendência natural, nessas igrejas, é que o culto se transforme num encontro para recebimentos de bênçãos e Deus só “apareça” para trazê-las ao ser humano angustiado.4 Supõe-se que, nesses cultos, as pessoas se reúnem para adorar a Deus, mas isso acaba se tornando apenas um pretexto, pois o real motivo é outro.5 Essa ênfase exagerada no ser humano, no culto, pode se manifestar, ao menos, de duas formas: nas músicas e nas pregações. 2. Músicas de embalar: Vamos começar tratando das músicas. Nas igrejas em que predomina o evangelho antropocêntrico, as músicas louvam o ego. São hinos de “autoajuda”: é o “meu milagre”, “minha bênção”, “eu tudo posso”, “sou um campeão”, “nasci para vencer”, “Deus me faz voar”, “Deus tem muitos ciúmes de mim” etc. E vamos ser sinceros? Ultimamente, os louvores 3. Rienecker; Rogers (1995:596). 4. Zibordi (2006:48). 5. Cavalcanti (2000:34). www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 79 cantados em muitas igrejas cristãs parecem ser feitos para os crentes, não para Deus. Isso faz com que as pessoas se dirijam à igreja para serem “embaladas” pelas músicas, não para louvarem ao Senhor. Segundo a educadora religiosa Isabel da Cunha Franco, os louvores que promovem o ser humano como o objeto principal do culto tendem a criar crentes com as marcas da sociedade atual: em busca de vantagens e sucesso.6 A maioria das canções tem mostrado apenas um Deus meigo, suave, gentil, pronto a atender nossos dilemas. Essa ênfase produz “um estado mental angustiado e egocêntrico. Enquanto olho pra minha fragilidade, não ajudo o próximo. Enquanto fraco, nada vejo além do meu umbigo”.7 Esse estado mental nos faz esquecer nossa missão aqui na terra. 3. Pregações de mimar: Além 6. Educadora religiosa chama atenção para o perigo dos cânticos de autoajuda. Disponível em: <http://www.ultimato.com.br/revista/ artigos/328/educadora-religiosa-chama-atencao-para-o-perigo-dos-canticos-de-autoajuda#extras>. Acesso em: 25/06/14. 7. Ribeiro, Bráulia. Metáforas de uma vida passiva. Disponível em: <http://ultimato.com. br/sites/brauliaribeiro/2010/09/21/metaforasde-uma-vida-passiva/>. Acesso em: 25/06/14. das músicas, em igrejas onde predomina o evangelho antropocêntrico, as pregações também são para agradar os ouvintes. É duro admitir, mas a ênfase das mensagens, na mídia e em muitos púlpitos, e dos ensinos nas igrejas também segue essa linha antropocêntrica. Segundo Zibordi,8 só se prega para agradar os fieis; os pregadores são animadores de cultos, criam jargões pessoais, só falam dos problemas humanos ou de bênçãos materiais e não falam da mensagem da cruz de Cristo. E não para por aí: As pregações enfatizam as ideias de que crente não enfrenta tribulação; de que Deus não quer compromisso: só o coração; de que o crente pode declarar, decretar ou profetizar por conta própria. Prega-se sempre o que as pessoas querem ouvir, não a palavra de Deus. A respeito disso, o Espírito Santo diz claramente que nos últimos tempos alguns abandonarão a fé e seguirão espíritos enganadores e doutrinas de demônios (1 Tm 4:1). A seguir, veremos, como escapar desses falsos ensinos. 8. (2006:51-65). 01. Com base no item 1 da primeira parte deste estudo, fale sobre alguns sinais que identificam o tipo de igreja antropocêntrica. Leia: 1 Co 1:12 e 3 Jo 9. 80 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 02. Com base nos itens 2 e 3 da primeira parte deste estudo, fale sobre as “músicas de embalar” e as “pregações de mimar”, presentes em muitas igrejas. II COMBATENDO OS VENTOS DE DOUTRINA Vimos, até agora, que algumas igrejas locais têm centralizado o homem de tal forma que não há mais espaço para Deus. Elas têm sofrido com líderes e crentes personalistas. Seus cultos são centrados na criatura, não o Criador; suas músicas e suas pregações querem apenas massagear egos e abençoá-los. Estudemos, agora, sobre o combate a esse que, a exemplo de Paulo, podemos chamar de “outro evangelho” (Gl 1:8). 1. Toda glória a Deus: Para que fujamos do caminho do evangelho antropocêntrico, ao menor sinal de apego em excesso a personalidades, lideranças personalistas, ênfase exagerada ao ser humano e aos seus problemas no culto, precisamos rechaçar essas ideias e combatê-las. Paulo combateu o culto à personalidade, na igreja de Corinto. E olha que uma das personalidades celebradas era ele. Mas o apóstolo não se deixou iludir por isso, pois toda a glória, na igreja, deve ser sempre dada a Jesus (1 Co 1:10-13, 31; 3:9). O mais importante era Cristo, por- que foi ele quem morreu por todos (v. 13). João combateu aquele que se achava dono da igreja, cuja atitude foi condenada (2 Jo 10). A igreja tem apenas um dono: Jesus Cristo. Quanto aos cultos centralizados no homem, precisamos sempre relembrar a verdadeira razão pela qual nos reunimos como igreja. O culto é, “primariamente, encontro de adoração a Deus, de celebração de seus atos em nosso favor e em favor do mundo por ele criado, encontro de gratidão, testemunho e preparação para viver, no tempo secular, a fé e a missão”.9 Quando chegamos ao culto, nossa postura não deve ser a de alguém que se assenta à mesa com um babador no pescoço, à espera de comida.10 Não estamos ali para ser servidos, mas para servir. O culto não é para nós; é para Deus. 2. Canções para Deus: A fim de que não propaguemos um evangelho antropocêntrico, precisamos to- 9. Idem, p. 55. 10. McAlister (2009:261). www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 81 mar cuidado com o que cantamos. O louvor deve ter Deus como centro. Mesmo quando trata dos dilemas humanos, sempre tem de apresentar Deus como nosso refúgio, abrigo e um protetor, como percebemos nos Salmos (cf. Sl 9, 46, 57, 91). Deus precisa ser louvado por isso! Veja que, nos Salmos citados, mesmo diante dos problemas do salmista, Deus é o centro, e sua presença, a própria solução. O hinário da Bíblia também exalta a Deus (Sl 99), mostra o pecado do homem (Sl 51), o desejo de compartilhar a salvação (Sl 40, 51:13) etc. Não podemos esquecer que o louvor não tem como alvo o nosso deleite; não é para ser apreciado, mas oferecido.11 A Bíblia compara o louvor a um sacrifício (Sl 27:6, 50:14; Am 4:5; Hb 13:15). Por isso, não deve ser visto como um instrumento de afirmação de quem nós somos, mas de quem é Deus. Louvamos, não para nos sentir bem, mas para reconhecer e celebrar a bondade e a soberania de Deus.12 Diante disso, é importante que os nossos louvores tenham letras bíblicas e saudáveis. Existem louvores que mais parecem “mantras”, com duas ou três frases a se repetir por minutos a fio, como se isso tivesse poder para fazer que, em algum momento, algo aconteça. Devemos seguir o conselho paulino: 11. Idem, p. 262. 12. Idem. 82 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 Habite ricamente em vocês a palavra de Cristo; ensinem e aconselhem-se uns aos outros com toda a sabedoria, e cantem salmos, hinos e cânticos espirituais com gratidão a Deus em seus corações (Cl 3:16). Quando a palavra de Cristo norteia nossas canções, louvamos a Deus da maneira que lhe agrada. 3. Pregando a palavra: Outra área que devemos cuidar para não divulgarmos o evangelho antropocêntrico é a da pregação. Esta precisa ser sempre bíblica. Ela é insubstituível. Devemos atentar para o conselho bíblico: Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina (1 Tm 4.16). Não podemos subir num púlpito para falar somente de nossa experiência. Os pregadores têm uma tarefa: pregar a palavra (2 Tm 4:2). O conteúdo a ser pregado já está definido por Deus, há muito tempo. Nossa tarefa é expô-lo. Se a nossa preocupação maior, ao pregar, é agradar, gerar reações positivas, cativar as pessoas, estamos caminhando a passos largos, rumo ao antropocentrismo. Precisamos, urgentemente, de uma pregação que exponha a Bíblia (Sl 119:130). Necessitamos ouvir Deus falar, e isso só acontece quando pregamos a Palavra. Então, vamos estudar a Bíblia com oração e pregar o que ela diz. Quando lemos as Escrituras, interpretamos a Bíblia pela Bíblia e aplicamos os seus ensinos, Deus está falando. Voltemos à palavra, pois: Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra (2 Tm 3:16-17). 03. Com base em 1 Co 1:10, 13, 31; 3 Jo 10 e 11, explique à classe como Paulo e João resolveram os conflitos com os líderes e um membro personalistas. Qual a postura correta, diante de um culto ao Senhor? 04. Auxiliados pelos textos bíblicos dos itens 2 e 3 da segunda parte deste estudo, fale sobre como podemos, de fato, ter músicas e pregações cujo centro seja Deus. III CORRENDO DOS VENTOS DE DOUTRINA Já estudamos sobre o vento de doutrina e também sobre a maneira de combatê-lo. Nesta parte de nosso estudo, apresentaremos duas atitudes para colocarmos os conceitos analisados em funcionamento. Se assim fizermos, daremos passos largos para longe do evangelho antropocêntrico. Então, anote aí e viva essas verdades em seu dia-a-dia. 1. Abaixo a centralidade do homem: Deus é o dono da igreja: Muitas igrejas locais, desde os tempos bíblicos, têm sofrido com o evangelho antropocêntrico. Infeliz- mente, “não é difícil encontrarmos líderes ou membros, em comunidades locais, agindo como donos da igreja. Estão errados! Ninguém tem o direito de sentar-se na cadeira que pertence a Jesus”.13 A esses falsos “donos e donas” de igreja, vale o mesmo questionamento de Paulo perguntou aos cristãos de Corinto (1 Co 1:13): “Por acaso foi um de vocês crucificado? Quantas gotas de sangue derramaram 13. IAP em Ação: revista da 46ª Assembleia Geral. São Paulo, 2011, p.6. www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 83 pela igreja? As pessoas são batizados em seu nome?”. Não esqueçamos que Jesus disse: ... edificarei minha igreja (Mt 16:18 - grifo nosso). A igreja é dele, por direito, pois ele a comprou com o seu próprio sangue (At 20:28). 2. Abaixo a centralidade do homem: Deus é o centro da igreja: Nos cultos, nas canções e nas pregações, precisamos colocar Deus como o centro. Nas celebrações comunitárias, devemos louvar a Deus, pois ele nos assiste. Deus é a plateia do culto, e nós temos que nos apresentar como sacrifício agradável (Rm 12:1). Preci- samos cantar hinos menos individualistas (“meu Deus”) e mais comunitários (“Pai nosso”). Assim, olharemos mais para o nosso próximo. Nas pregações, que a palavra volte a ser pregada com mais fidelidade, tanto na vida como nos púlpitos, nos estudos e nos encontros da igreja. Precisamos pregar a palavra de Deus tendo Cristo e o poder do Espírito no centro da nossa pregação. Assim, o homem será transformado para o serviço aos homens e o louvor de Deus; afinal, dele, e por ele, e para ele são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém! (Rm 11:36). 05. O que precisam saber ou relembrar aqueles que se acham donos das igrejas e gostam de ver seus nomes em evidência? 06. A respeito dos cultos, das canções e das pregações da igreja local da qual você participa, você percebe a centralidade no homem ou em Deus? 84 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 SEU DESAFIO SEMANAL Chegamos ao final de mais uma lição bíblica, pela graça de Deus. Nela, estudamos sobre o evangelho antropocêntrico. Muitas igrejas locais têm líderes, membros (famílias), cultos, músicas e pregações antropocêntricas. Mas refletimos que todas as coisas devem ser feitas para a glória de Deus, porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos (At 17:28a). Nosso desafio é orar a Deus, durante esta semana, e pedir-lhe que seja o centro de todas as nossas atividades. Se você faz parte do grupo de louvor de sua igreja, verifique se os louvores escolhidos por você ou pelo grupo de que faz parte têm como alvo a glorificação do Senhor. Se não faz parte do grupo e não participa da escolha, verifique se os louvores cantados por você ou as pregações e os estudos que ministra têm Cristo como centro. Que façamos tudo para glória de Deus (1 Co 10:31). www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 85 12 Cultos desordeiros 20 DE DEZEMBRO DE 2014 Hinos sugeridos – BJ 315 • BJ 184 OBJETIVO TEXTO BÁSICO Mostrar ao estudante da palavra de Deus os equívocos daqueles que defendem que, no culto a Deus, não há regras, limites ou condições, ajudando-o a entender os princípios bíblicos para o culto. Ora, o Senhor é o Espírito e, onde está o Espírito do Senhor, ali há liberdade. (2 Co 3:17 – NVI) LEITURA DIÁRIA D 14/12 S T Q Q 15/12 16/12 17/12 18/12 S 19/12 S 20/12 2 Co 3:17 1 Ts 5:19 1 Co 14:40 Lc 7:36-50 Gl 5:22-23 Jo 16:13-15 1 Jo 2:20,27 Lc 4:18 At 10:38 1 Co 14:26 Acesse os Comentários Adicionais e os Podcasts deste capítulo em www.portaliap.com.br INTRODUÇÃO Chegamos à última lição desta série intitulada “Ventos de doutrina”, isso porque a lição do próximo sábado já seguirá uma temática diferente, pois faz parte do sábado especial do “Projeto Proclamar”. Nesta lição, trataremos sobre cultos desordeiros. Como conciliá-los com o princípio “faça-se tudo com decência e ordem”, de 1 Co 14:40? Existe um sem-número de crentes para os quais, na hora do culto, tudo é válido; não há leis, regras, nem limites. O argumento é que, quando o Espírito age, leva-nos a fazer coisas que podem parecer estranhas, mas são “coisas do Espírito”, e não se deve questionar esse “mover espiritual”. Se há “um mover no culto, as pessoas têm liberdade para fazer o que sentirem vontade”.1 Mas de onde vêm essas ideias? Será que são mesmo bíblicas? É o que examinaremos, no presente estudo. 1. Lopes (2011:186). 86 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 I CONHECENDO OS VENTOS DE DOUTRINA Para muitos, os cultos em que pessoas não caem no Espírito e rolam no chão, tomadas pela unção do riso, não imitam animais (como o leão, o coelho ou o a águia), não dão salto mortal e rodopios, não têm tremedeiras e coisas do tipo são frios e entediantes. Mas de onde vêm esses pensamentos? Ao menos três fontes podem ser citadas; todas, de alguma maneira, contribuíram para o surgimento desses conceitos no mundo evangélico brasileiro. 1. Um movimento sem fundamento bíblico: A primeira fonte que contribuiu para o conceito de que, no culto, vale tudo foi uma nova forma de adoração muito falada no mundo gospel, nos últimos tempos: a “adoração profética”. Ela faz parte do pacote da Nova Reforma Apostólica, comentada no quinto estudo desta série. Mike Shea, um dos primeiros apóstolos brasileiros ungidos em 2001, diz que uma das coisas que Deus está restaurando, neste tempo, é a adoração (At 3:21). Desse modo, a “adoração profética é algo que o Espírito Santo está falando para a Igreja nos nossos dias”.2 2. Shea, Mike. Adoração profética: alguém explica isso?. Disponível em: <http://www. mobilizacoes.com/artigos/96-adoracao-profetica-alguem-explica-isso>. Acesso em 18 de julho de 2014. E o que é a adoração profética? É quando “Deus toma a direção absoluta e o homem passa a ser apenas um instrumento”.3 É quando a adoração, na terra, acontece em concordância com a do céu; a adoração profética “traz à terra o que está no céu”.4 Tudo é válido, nesse momento: desde atos proféticos, rolar pelo chão, até gritos de ordem a Deus. Outro nome dado a isso pelos “profetas adoradores” é adoração extravagante. Para os defensores de tal prática, sempre que ousamos fazer algo novo e extravagante para Deus – algo que foge dos padrões normais –, nós lhe agradamos. O texto preferido para a defesa da adoração extravagante é Lc 7:36-50. 2. Um modismo sem fundamento bíblico: A segunda fonte que contribui para o fortalecimento da ideia de que, no culto, vale tudo, é mais antiga que o movimento da adoração profética: a famosa doutrina do “cair no Espírito”. Esta “unção” do cai-cai iniciou-se com o americano Randy Clark, que dizia 3. Adoração profética. Disponível em: <http:// www.escoladeadoradores-pa.com.br/content/adora%C3%A7%C3%A3o-prof%C3%A9tica>. Acesso em 14 de julho 2014. 4. Shea, Mike. Adoração Profética: alguém explica isso? Disponível em: <http://www. mobilizacoes.com/artigos/96-adoracao-profetica-alguem-explica-isso>. Acesso em 18 de julho de 2014. www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 87 ter recebido uma profecia segundo a qual, através de sua vida e de seu ministério, pessoas seriam derrubadas no Espírito. Para Clark, a unção era como dinamite e a fé, a cápsula que explode a dinamite.5 Vargens6 diz que a unção do cai-cai virou uma febre. Benny Hinn e Keneth Haigin foram protagonistas na arte do tombo, disseminando-a entre milhões de pessoas, em toda a América. No Brasil, o movimento ganhou popularidade na década de 80, mediante encontros e congressos em todo o país. Na década de 90, a unção do tombo espalhou-se de tal forma que os crentes em Jesus passaram a acreditar que, quando caíam no Espírito, experimentavam cura para as suas almas e que a unção do tombo representava um olhar especial de Deus aos seus filhos. 3. Uma interpretação sem fundamento bíblico: Já apresentamos duas possíveis fontes que contribuí5. A teologia do tombo. Disponível em: <http:// renatovargens.blogspot.com.br/2011/04/ ana-paula-valadao-e-uncao-do-cai-cai.html>. Acesso em: 18 de julho de 2014. 6. Idem. ram para o surgimento e o fortalecimento da ideia de que, no culto, vale tudo. Mas, mesmo assim, pode ser que você se depare com pessoas que tenham esse pensamento, mas não façam parte do movimento da adoração profética, nem sejam adeptas da doutrina do cair no Espírito. Em muitas igrejas, o que acontece mesmo é uma errada interpretação de alguns textos bíblicos, por parte de alguns cristãos, às vezes, até bem intencionados. Os dois textos mais conhecidos, usados para esta defesa, são 2 Co 3:17 e 1 Ts 5:19. O primeiro diz que, onde está o Espírito do Senhor, há liberdade. O argumento é que, quando o Espírito age num culto, não há limites, nem regras; somente liberdade; somos livres para agir de acordo com o que sentimos. O segundo texto diz que não devemos apagar o Espírito. O argumento, neste caso, é que não podemos impedir, nem falar contra quem faz qualquer coisa anormal no culto, pois isso é apagar o Espírito. E aí? 01. Comente com a classe sobre a adoração profética ou extravagante e sobre a unção do tombo, dois modos de pensar que contribuíram com a ideia de que, no culto, vale tudo. Quais são as bases desses modismos? 88 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 02. Leia 2 Co 3:17; 1 Ts 5:19, e explique como os adeptos do culto vale-tudo explicam esses textos bíblicos. II COMBATENDO OS VENTOS DE DOUTRINA Acreditamos que o Espírito Santo é livre e soberano para agir como lhe apraz, e faz coisas que não entendemos. Contudo, não podemos concordar que ele age independentemente da palavra que inspirou.7 Justamente por isso, não podemos concordar com os argumentos anteriormente apresentados. As três fontes que contribuíram para que a ideia de que vale tudo no culto foram construídas em cima de premissas contrárias à Escritura. Examinemos. 1. Equívocos da adoração profética: Na lição 05, já mostramos que a Nova Reforma Apostólica é um movimento que distorce a Escritura. Todas as suas bases são construídas em cima de experiências arrebatadoras, revelações “dadas por Deus” a certos indivíduos, que contradizem a Escritura, inclusive. Além disso, Atos 3:21 não ensina que Deus está restaurando, neste tempo, o movimento apostólico, muito menos a adoração, por meio da adoração profética. O texto está tratando do estabeleci7. Lopes (2011:188). mento final do reino, com a volta de Jesus. Precisamos tomar cuidado com a ideia de que, quando o Espírito age, podemos fazer o que quisermos. Isso tem sido usado para defender várias bizarrices. Não podemos esquecer que o fruto do Espírito é domínio próprio (Gl 5:22-23), que ele nos dá bom senso, equilíbrio e sabedoria (Is 11:2), que é Espírito de moderação (2 Tm 1:7).8 Paulo pede àqueles que profetizam no culto público que exerçam domínio próprio (1 Co 14:32). Por fim, o outro nome da adoração profética, a “adoração extravagante”, é uma distorção do termo cunhado por Darlene Zschech, líder de louvor da Hilsong Church. Para ela, a palavra “extravagante” nada tem a ver com descontrole emocional.9 Ademais, a atitude da mulher pecadora, em 8. Idem. 9.Cf. Bomilcar, Nelson. Adoração extravagante, segundo Darlene Zschech. Disponível em: <http://www.nelsonbomilcar.com.br/artigos/ adoracao-extravagante-segundo-darlene-zschech/>. Acesso em 10 de julho de 2014. www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 89 Lucas 7:36-50, é uma expressão de amor, sendo que ela pôs em risco sua própria sobrevivência, por amor a Jesus, demonstrando confiar plenamente nele. Foi muito mais do que um momento de êxtase num culto. Foi algo muito bem pensado. 2. Equívocos da unção do tombo: Nós acreditamos que a Bíblia é nossa única regra de fé e prática. Ela nos oferece diretrizes para o culto público. Onde vemos Jesus ou os apóstolos falando da unção do caicai? Onde encontramos, na Bíblia Sagrada, a necessidade de cair no Espírito? Quais são “os pressupostos teológicos que nos dão margem para acreditar na zooteologia, onde Deus se manifesta através de grunhidos animalescos?”10 A unção é mesmo uma dinamite? É óbvio que esses conceitos são estranhos à Bíblia. Temos servos de Deus, na época bíblica e na história, prostrando-se, conscientemente, para reconhecer o Senhorio de Cristo, arrependidos de seus pecados etc. Contudo, nada comparado às quedas histéricas do movimento da unção do tombo. Este desconsidera, também, o significado bíblico de unção. De acordo com o Novo Testamento, todo crente em Jesus tem unção, e esta não está relacionada à queda, ao volume da 10. Vargens, Renato. A teologia do tombo. Disponível em: <http://renatovargens.blogspot.com.br/2011/04/ana-paula-valadao-e-uncao-do-cai-cai.html>. Acesso em: 18 de julho de 2014. 90 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 voz, ao choro, à glorificação em voz alta. Unção, de acordo com o Novo Testamento, é a própria presença do Espírito Santo em nós (Jo 16:13-15; 1 Jo 2:20,27). O próprio Jesus recebeu essa unção (Lc 4:18; At 10:38). 3. Equívocos na interpretação de textos bíblicos: Os dois textos mais usados pelos que defendem o vale-tudo no culto são 2 Co 3:17 e 1 Ts 5:19. Só para relembrar, o primeiro deles diz: ... onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade (2 Co 3:17). Leia todo o parágrafo em que está este texto e verifique, você mesmo, que não tem nada a ver com o culto público. O contexto mostra que a liberdade diz respeito à leitura do Antigo Testamento. Os judeus presos à Antiga Aliança não podem entender plenamente a revelação de Deus, porque há um véu que os impede. Mas quando se convertem ao Senhor, o Espírito retira esse véu. Mediante o Espírito do Senhor, os crentes ganham a liberdade, dentro do cenário da Nova Aliança.11 Estão livres dos impedimentos legalistas. No outro texto, 1 Ts 5:19, lemos: Não apagueis o Espírito. Ele não pode ser usado para defender que é proibido questionar supostas manifestações do Espírito. O que fica claro é a possibilidade de impedir ou inibir manifestações genuínas do Espírito, o que é proibido fazer. A igreja não pode ser indiferente ou 11. Kistemaker (2004:179). hostil, diante dos dons espirituais, por exemplo, sob pena de ter seu exercício prejudicado. Ninguém deve ignorar ou deixar de lado os dons do Espírito Santo. Devemos lembrar, porém, que nem toda manifestação dita “espiritual” é genuína. É por isso que, no v.21, depois de tratar sobre um dom do Espírito, o de profecia, Paulo ordena: ... examinai tudo. Os crentes não deveriam aceitar de pronto as profecias, mas, sim, deveriam exercer o discernimento espiritual e examiná -las à luz do evangelho, primeiro, para saber se eram genuínas. Enfim, ambos os textos não podem ser usados para defender que a liberdade do Espírito é licença para a falta de limites nos cultos. 03. Com base nos itens 1 e 2 da segunda parte deste estudo, mostre à classe os equívocos da adoração profética e da unção do tombo, à luz da palavra de Deus. 04. Como podemos explicar 2 Co 3:17 e 1 Ts 5:19 àqueles que acham que, no culto, tudo é válido e nenhuma experiência aparentemente estranha deve ser questionada? III CORRENDO DOS VENTOS DE DOUTRINA A ideia de que, quando o Espírito está agindo no culto, tudo é válido não é bíblica, como acabamos de mostrar. As bases ou fontes para essa ideia são todas equivocadas e não contam com o respaldo da Escritura. Agora, nesta terceira parte, queremos apresentar dois requisitos indispensáveis para o culto público. 1. Cultuemos a Deus com ordem e decência: Precisamos levar a sério a recomendação bíblica de cultuarmos a Deus com ordem e decência (1 Co 14:40). Quando deu essa orientação à igreja de Corinto, Paulo estava tratando da utilização dos dons de profecias e línguas estranhas no culto público. Ele defende que o culto precisa ser inteligível, e, depois de apresentar as regras para a utilização dos dons citados, termina dizendo que tudo precisa www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 91 ser feito com decência e ordem, no culto público. Esse é um princípio que deve ser levado sempre em conta, quando o povo de Deus se reúne para adorá-lo. A palavra “ordem” tem o sentido de “sequência”, “por vez”, “em partes”. Os cultos devem ser conduzidos com ordem, de modo que todos saibam e entendam o que está acontecendo. Para isso, ter uma liturgia é de suma importância. Ela dá ordem e sentido às diversas partes do culto, sem, necessariamente, ser engessada ou ultra-restrita – os cultos na igreja primitiva eram participativos (1 Co 14:26). Cultuemos a Deus de forma organizada e com decência. 2. Cultuemos a Deus com fervor e espontaneidade: Precisamos levar a sério a ordem bíblica de não apagarmos o Espírito (1 Ts 5:19). Não queremos passar a ideia de que o culto tem de ser algo engessado e excessivamente formal. Não pode- mos controlar tanto a liturgia, a ponto de não sobrar espaço para que genuínas manifestações do Espírito aconteçam. Precisamos saber combinar solenidade com festividade e espontaneidade. Um culto organizado não impede a ação do Espírito. Nós cremos que ele usa pessoas com os dons, em nossos dias, e que estes podem ser executados no culto público. É bom lembra que ter um culto organizado não significa não cantar e orar com entusiasmo; não significa não glorificar a Deus por sua palavra; não significa não poder chorar de alegria ou de tristeza, diante do Senhor. Tudo isso tem lugar no culto, apesar de que nem todos adoram a Deus dessa forma (há pessoas que, simplesmente, se sentem melhor adorando a Deus de modo contido e silencioso, e nem por isso devem ser tachadas de frias); somos diferentes, e isso deve ser respeitado. Alegremo-nos, diante do Senhor. 05. O que significa e o que não significa cultuar a Deus com ordem e decência, de acordo com a primeira aplicação. 06. No culto, deve haver espaço para a atuação do Espírito Santo, através dos dons espirituais? Comente com base na segunda aplicação. 92 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 SEU DESAFIO SEMANAL Uma pessoa que dá “piruetas” num culto público pode até ser um crente em Jesus sincero e cheio do Espírito, mas isso não significa que a “pirueta” tenha sido estimulada pelo Espírito. Ele está reagindo a sua maneira à obra do Espírito. Isso tem a ver com sua personalidade, com grau de maturidade espiritual (essa pessoa pode achar ou ter sido ensinada que espiritualidade tem a ver com isso), com a liberdade dentro do grupo, com a ideia que essa pessoa tem de culto público etc. Seu desafio, para esta semana, é refletir nos princípios que estudou nesta lição, para, quem sabe, poder ajudar alguém ainda com ideias distorcidas sobre o culto. Num culto espiritual, a palavra é pregada com fidelidade, os cânticos refletem verdades bíblicas e são entoados de coração e as orações levam em conta a vontade de Deus.12 Ordem e decência são características desse culto. Quando o Espírito age, não vai promover indecência e caos, pois Deus não é de confusão. Se, “no nosso culto, ao Espírito for dada a liberdade de agir e a Palavra for respeitada, tudo será agradável ao Senhor e profundamente edificante para as pessoas. Não ocorrerão abusos e nem irracionalidade”,13 mas haverá o fervor e a devoção, próprias dos salvos em Jesus. 12. Lopes (2011:189). 13. Lima (2006:542). www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 93 SÁBADO ESPECIAL Escola Bíblica e Programa de Culto 94 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 13 Jesus e a missão integral 27 DE DEZEMBRO DE 2014 Hinos sugeridos – BJ 92 • BJ 189 OBJETIVO TEXTO BÁSICO Ajudar o estudante da Bíblia a compreender que as ações evangelísticas da igreja devem estar baseadas no exemplo de Jesus e que, em razão disso, ela deve levar o evangelho todo para o homem todo. Percorria Jesus todas as cidades e aldeias da província da Galileia, ensinando nas sinagogas deles, e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo. (Mt 9:35) LEITURA DIÁRIA D S T 21/12 22/12 23/12 Q 24/12 Q S 25/12 26/12 S 27/12 Mt 9:35 Gn 2:7 Mc 1:40-45; Lc 17:14-19 Mt 14:14-21 Mc 8:1-10 Tg 1:27 Mt 12:28 Lc 11:20 Mt 5:16 Acesse os Comentários Adicionais e os Podcasts deste capítulo em www.portaliap.com.br INTRODUÇÃO Geralmente, quando se fala em evangelismo, logo se pensa em necessidades espirituais a serem atendidas. Não são poucas as vezes em que as necessidades espirituais são colocadas como se fossem as únicas dos seres humanos. Precisamos tomar cuidado com esse tipo de pensamento, quando formos evangelizar. O ensino bíblico apresenta o ser humano como uma unidade composta. De acordo com Gn 2:7, a fusão entre o pó da terra e o fôlego de vida resultou num ser humano, uma “alma vivente”. Diante disso, ele sempre deve ser considerado em sua totalidade. Em seu ministério, Jesus sempre considerou o ser humano de forma integral, levando em conta suas necessidades físicas e espirituais. Ele sempre mostrou entender que a missão de Deus “aponta para a restauração da totalidade da pessoa em comunidade, segundo o propósito que estabeleceu originalmente na www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 95 criação”.1 Deus quer que levemos o evangelho também de maneira inte- 1. Padilla, René. A missão integral de Jesus: <http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/335/a-missao-integral-de-jesus>. Acesso em 16 de junho de 2014. I AÇÕES DE JESUS NO EVANGELISMO A missão de Jesus consistia em anunciar o evangelho todo (não só as partes mais agradáveis) para o homem todo (o evangelho tem uma resposta para as necessidades físicas e espirituais do ser humano). O evangelho de Mateus afirma que Jesus percorria todas as cidades e aldeias da província da Galileia, ensinando nas sinagogas deles, e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo (9:35). O ensino e a proclamação do reino de Deus são acompanhados pela ação de Jesus: “cura de toda enfermidade e de toda dor”.2 Torna-se óbvio que, para ele, o corpo humano não é menos digno de atenção e cuidado que os demais aspectos espirituais do ser humano. Vejamos algumas premissas básicas do ministério do Senhor. 1. Mudança completa: Muitos evangélicos têm reduzido o evangelismo ao anúncio de uma mensagem 2. Idem. 96 gral. A igreja do nosso tempo precisa levar isso a sério. Como continuadora da missão de Jesus, precisa sempre levar em conta, em suas atividades evangelísticas, o ser humano em sua totalidade. É isso que chamamos de missão integral. Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 de salvação da alma. Não são poucos os que veem a salvação somente como a experiência de ir para o céu, no futuro, e ganhar a vida eterna. No entanto, quando olhamos para o ministério de Jesus, aprendemos que, para ele, salvação não se resume a isso; é, antes, uma restauração do ser humano em suas dimensões física, psicoemocional, espiritual, social, econômica etc. O evangelho de Jesus envolve todo o propósito de Deus para todo o ser humano, em todas as suas necessidades. Em suas ações evangelísticas, ele nunca deixou de atender as necessidades humanas, em todas as suas dimensões. Na perspectiva de Jesus, a salvação é a experiência da rendição da vida toda à sua autoridade (Rm 10:910). A autoridade e o senhorio de Jesus Cristo promovem a transformação de toda a existência humana, aqui na terra. Ao curar e expulsar demônios, Jesus confrontou a doença, a mor- te e a possessão maligna, agindo com poder sobre circunstâncias que promovem muito sofrimento às pessoas. No caso dos leprosos, a cura significou “purificação” e retorno à vida social e religiosa (Mc 1:40-45; Lc 17:14-19). Quando curou os cegos, Jesus trouxe à luz, literalmente, todas as oportunidades para uma vida normal (Mt 9:27-31; Lc 18:35-43). À mãe viúva de Naim, ele devolveu a esperança e o amparo (Lc 7:11-17). Libertou o menino possesso e ofereceu a seu pai a “cura” para sua falta de fé (Mc. 9:17-27). O homem geraseno saiu das trevas da loucura para uma vida digna e reintegrada à sociedade (Mc 5:1-20). 2. Não só com palavras: A ação social era também um dos aspectos essenciais das ações evangelísticas de Jesus, porque ele entendia sua missão de forma integral. O Deus da revelação bíblica, que é tanto Criador como Redentor, preocupa-se com o total bem-estar (espiritual e material) de todos os seres humanos que criou. Ao curar e libertar, Jesus mostrou sua identificação com o sofrimento das pessoas; quando alimentou as multidões, ensinou aos discípulos que as necessidades sociais também são alvo de sua preocupação (Mt 14:14-21; Mc 8:1-10). Jesus foi definido como um profeta, poderoso em palavras e em obras diante de Deus e de todo o povo (Lc 24:19 – grifo nosso). Existe uma forte ligação entre evangelização e atuação social. Deus convida as suas criaturas perdidas a ouvir a sua palavra e voltar para ele em arrependimento. Ele também se importa com os pobres e os famintos, os estrangeiros, as viúvas e os órfãos: A religião que Deus, o nosso Pai aceita como pura e imaculada é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades (Tg 1:27 – grifo nosso). Não há como duvidar de que a evangelização e a preocupação social andavam juntas, no ministério e no ensinamento de Jesus. Lemos, no Novo Testamento, que ele percorria os povoados, ensinando (Mc 6:7) e também que ele andou por toda parte fazendo o bem e curando todos os oprimidos (At 10:38 – grifo nosso). Havia, no ministério de Jesus, um elo indissolúvel entre evangelizar e servir. Seu exemplo nos revela que a igreja, enquanto sua seguidora, deve partilhar o seu interesse pela justiça, pela conciliação em toda a sociedade humana e pela libertação dos homens de todo tipo de opressão.3 3. Sinalizar o reino de Deus: A proclamação do reino de Deus é outro aspecto essencial do evangelismo, conforme Jesus. Com efeito, o estudo desse conceito, nos Evangelhos, permite-nos afirmar, sem medo 3. Padilla (2009:37). www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 97 de errar, que esse foi o tema fundamental da pregação de Jesus.4 O reino de Deus é o reinado ou governo de Deus. Ele sempre foi Senhor, por direito, sobre tudo, pois criou todas as coisas. No princípio, tudo funcionava corretamente. Mas houve tentativas de rebelião contra o seu governo; uma delas, por parte dos seres humanos, no princípio da história humana (cf. Gn 3). Essa rebelião trouxe inúmeras consequências: morais, espirituais, físicas, ecológicas etc. Mas Deus, que nunca deixou de ser rei, agiu, durante a história, para restaurar todas as coisas. A mais decisiva dessas ações divinas deu-se por meio de Jesus. Ele veio para trazer o reino de Deus, isto é, para iniciar definitivamente o tempo de restauração de todas as coisas ao seu estado original. A base fundamental do ministério de Jesus era o estabelecimento desse reino. Ele começou a restauração que terminará com sua segunda vinda. As ações de Jesus só podem ser entendidas da perspectiva do reino de Deus. Sua missão foi manifestá-lo como uma realidade presente em sua própria pessoa e em sua ação, em sua pregação do evangelho e em suas obras de justiça e misericórdia. O reino de Deus está entre nós. Por meio das boas obras de Jesus, o reino de Deus se torna historicamente visível, como uma realidade presente (Mt 12:28; Lc 11:20). A grande característica do ministério de Jesus foi a pregação do evangelho do reino de Deus (Mt 4:23). Torna-se evidente que, na visão de Jesus, toda ação evangelística deve visar à sinalização do reino de Deus (At 1:3; 8:12; 19:8; 28:31). É importante ressaltarmos que a sinalização do reino não pode ocorrer apenas em palavras: Pois o Reino de Deus não é coisa de palavras, mas de poder (1 Co 4:20). A igreja mostra que o reino chegou e sinaliza-o, vivendo seus valores hoje e comprometendose com sua agenda (Mt 6:33). Jesus alertou quanto ao fato de que o reino seria dado a um povo que desse frutos (Mt 21:43). Assim sendo, evangelizar e, concomitantemente, sinalizar o reino implica engajar-se no serviço às pessoas para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus (Mt 5:16). Nossa tarefa é levar vida, estendendo, integralmente, a ordem e a autoridade do reino de Deus a cada esfera da existência humana.5 A missão da igreja é, em essência, a missão de levar o reino de Deus, como foi a missão de Jesus 4. Idem. A missão integral de Jesus. Disponível em: <http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/335/a-missao-integral-de-jesus>. Acesso em: 16 de junho de 2014. 5. Bendor-Samuel (2014:66). 98 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 Cristo.6 Fazemos isso, quando instamos as pessoas a deixarem de viver em inimizade com Deus, quando contribuímos para que os relacionamentos entre elas sejam restaurados, quando lutamos contra todo tipo de opressão ao ser humano, quando, no que está ao nosso alcance, trabalhamos para que haja provisão para o maior número possível de pessoas, para que vivam de modo mais digno. Esta é a boa nova que levamos e vi6. Padilla, René em A missão do reino de Deus. Disponível em:<http://www.ultimato. com.br/revista/artigos/344/a-missao-do-reinode-deus-parte-8>. Acesso em 19/06/2014. vemos: Deus está restaurando todas as coisas. Nesta breve análise sobre evangelização baseada no ministério de Jesus, podemos concluir que a missão da igreja não consiste apenas no anúncio de uma mensagem que oferece a esperança da salvação após a morte, por meio da ressurreição. A missão da igreja consiste em levar o evangelho todo para o homem todo, promovendo restauração integral de pessoas e convocando-as a participar do reino de Deus desde já, rendendo todas as áreas e dimensões da sua existência à autoridade de Jesus. 01. Leia Gênesis 2:7 e a introdução e responda: Por que uma má compreensão a respeito do homem pode gerar confusão no evangelismo. 02. Comente, com base em Mt 9:35, sobre como Jesus compreendia o ser humano. 03. Após ler os itens 1 e 2, responda: A que se propôs Jesus, em suas ações evangelísticas? Leia Lc 24:19; At 10:38; Tg 1:27. www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 99 04. Com base no item 3, comente sobre como Jesus sinalizou o reino e como seus discípulos deveriam sinalizá-lo. Leia Mt 6:33, 21:43, 25:31-46. II LIÇÕES DE JESUS NO EVANGELISMO 1. Assim como Jesus, anunciemos o evangelho todo. A primeira lição que recebemos de Jesus é que não existe evangelismo sem o anúncio do evangelho, que é a base da evangelização (Mt 1:39, 3:14, 13:10, 16:15-20; Mc 16:15-20; Lc 21:13). A expressão “evangelho todo” surge da constatação de que o evangelho tem sido fragmentado. Muitas das ações evangelísticas partem do princípio de se deve oferecer o que as pessoas querem e dizer o que lhes seja agradável. Há também quem pense que o evangelho seja a apresentação de doutrinas. No entanto, nossa tarefa não é anunciar unicamente as partes “agradáveis” da boa nova ou as doutrinas, mas, sim, todo o evangelho, como disse Paulo: Pois não deixei de lhes anunciar todo o plano de Deus (At 20:27 – grifo nosso). O que é o evangelho todo? É a boa notícia “do que Deus fez através de Jesus, o Messias, para tornar 100 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 possível sermos perdoados de nossos pecados, de forma que ele possa nos dar nova vida e aceitação em sua família”;7 é a boa notícia de que “Deus, em seu amor, providenciou um perfeito substituto para levar o pecado por nós”.8 O apóstolo Paulo resume o anúncio do evangelho todo da seguinte maneira: Cristo morreu pelos nossos pecados, como está escrito nas Escrituras agradas; ele foi sepultado e, no terceiro dia, foi ressuscitado, como está escrito nas Escrituras (1 Co 15:3-4). O evangelho todo é o anúncio do plano de Deus de redimir e colocar todas as coisas sob seu domínio, através de Cristo (1 Co 15:27-28). 2. Assim como Jesus, preocupemo-nos com o homem todo. A segunda lição que recebemos de Jesus é que o objetivo do evangelismo é a restauração de todas as 7. Nicholas (2011:21) 8. Idem, p. 75. dimensões da vida humana. Muitos cristãos têm grandes conflitos a respeito da compreensão e dos limites da missão da igreja. Não conseguem enxergá-la de maneira integral. Por isso, ainda se questionam se a igreja deve dedicar-se apenas à evangelização ou deve envolver-se também em questões relacionais, educacionais, profissionais e sociais. A compreensão bíblica é de que Deus está fazendo novas todas as coisas (2 Co 5:17). Como já vimos, para Jesus, as necessidades do corpo humano não são menos dignas de atenção do que as necessidades espirituais. Seu cuidado se estende a todos os aspec- tos da vida humana, sem exceção. E, assim como Jesus não se restringiu a fazer um discurso para a “alma”, a igreja também deve fazer com que suas ações evangelísticas alcancem o homem todo. Por isso, se você for levar o evangelho a alguém que está com fome, primeiro precisa servir pão a essa pessoa (Tg 2:15-16). Se for levar o evangelho a uma comunidade carente, por exemplo, cuja maioria dos membros não sabe nem ao menos ler, deve também ajudá-la em sua alfabetização e profissionalização, para que viva de modo mais digno. Isso é missão integral. 05. Como podemos manter o anúncio do evangelho todo? Leia At 20:27. 06. Comente com a classe sobre como podemos, através de nossas ações evangelísticas, contribuir para a restauração do homem todo. Leia Tg 2:15-16. www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 101 DESAFIO EVANGELÍSTICO Nosso desafio é cumprir nossa missão de maneira integral, sem fazer distinção entre dimensão material e espiritual, mas considerando o ser humano como uma unidade indissolúvel que precisa de atenção e compreendendo que somos comissionados por Deus para anunciar o evangelho todo para o homem todo. No que diz respeito as nossas ações evangelísticas, nosso desafio é fazer que todas as nossas ações visem restaurar o homem todo, atuar relevantemente na sociedade e sinalizar o reino de Deus, para que todas as coisas sejam colocadas debaixo do domínio de Cristo. 102 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 SÁBADO ESPECIAL Sugestão para programa de culto Avisos e agradecimentos Abertura Hinos: 48 BJ0 – “Servir a Jesus” Leitura bíblica: Atos 11:15 -21 (A Mensagem – Bíblia em linguagem contemporânea) Então, comecei a falar. Eu tinha apenas começado a falar, quando o Espírito Santo desceu sobre eles, exatamente como aconteceu conosco no princípio. Naquele momento, lembrei-me das palavras de Jesus: “João batizou com água, mas vocês serão batizados com o Espírito Santo”. Então, pergunto a vocês: se Deus concedeu a eles o mesmo dom que deu a nós quando cremos no Senhor Jesus Cristo, como eu poderia me opor a Deus? Ao ouvir o relato, eles ficam quietos e, em seguida, começaram a louvar a Deus: “Então aconteceu! Deus se manifestou a outras nações, abrindo para elas o caminho da Vida!”. Os que haviam sido dispersos pela perseguição, iniciada com a morte de Estêvão, foram parar na Fenícia, em Chipre e em Antioquia, mas ainda falavam e se relacionavam apenas com outros judeus. Então, alguns homens de Chipre e Cirene foram a Antioquia e começaram a pregar a mensagem aos gregos. Deus gostou do que fizeram e mostrou sua plena aprovação: muitos gregos creram e se converteram ao Senhor. Oração Palavra pastoral Louvores: Rei das nações Vencedores Por Cristo (Jorge Rehder) Grandes são as tuas obras, Senhor todo-poderoso; Justos e verdadeiros são os teus caminhos. Ó Rei das nações, Quem não temerá? www.portaliap www. portaliap.com.br .com.br 103 Quem não glorificará teu nome? Ó Rei das nações, Quem não te louvará? Pois só teu nome é santo. Todas as nações virão E adorarão diante de ti, Pois os teus atos de justiça se fizeram manifestos. Dedicação de dízimos e ofertas (música instrumental ou cântico) Oferta de Amor Ministério Koinonya de Louvor Venho, Senhor, minha vida oferecer Como oferta de amor e sacrifício; Quero minha vida a ti entregar Como oferta viva em teu altar. Pois pra te adorar Foi que eu nasci; Cumpre em mim o teu querer; Faz o que está em teu coração E que, a cada dia, eu queira mais e mais Estar ao teu lado, Senhor. Consagração Aline Barros Ao Rei dos reis consagro tudo o que sou; De gratos louvores transborda o meu coração. A minha vida eu entrego nas tuas mãos, meu Senhor, Pra te exaltar com todo o meu amor. Eu te louvarei conforme a tua justiça E cantarei louvores, pois tu és altíssimo. 104 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2014 Celebrarei a ti, ó Deus, com meu viver; Cantarei e contarei as tuas obras, Pois por tuas mãos foram criados Terra, céu e mar e todo ser que neles há. Toda a Terra celebra a ti Com cânticos de júbilo, Pois tu és o Deus criador. Toda a Terra celebra a ti Com cânticos de júbilo, Pois tu és o Deus criador. Celebrarei a ti, ó Deus, com meu viver; Cantarei e contarei as tuas obras, Pois por tuas mãos foram criados Terra, céu e mar e todo ser que neles há. Toda a Terra celebra a ti Com cânticos de júbilo, Pois tu és o Deus criador. Toda a Terra celebre a ti Com cânticos de júbilo, Pois tu és o Deus criador. A honra, a glória, a força E o poder ao Rei Jesus, E o louvor ao rei Jesus. Mensagem bíblica: “Anônimos que mudaram o mundo” Apelo e oração Hino: 189 BJ - “Um vaso de bênção” Bênção Apostólica BIBLIOGRAFIA ADORAÇÃO espontânea. Disponível em: <http://iban12.blogspot.com. br/2008/09/estudo-sobre-adoraoparte-3.html>. Acesso em 08 de julho de 2014. ADORAÇÃO profética. Disponível em: http://www.casadosenhor.com.br/estudo/?id=59>. Acesso em 14 de julho de 2014. ____________________________. 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