1 INSETICIDAS EM PRÉ E PÓS-EMERGÊNCIA DO MILHO, ASSOCIADO AO 2 TRATAMENTO DE SEMENTES, SOBRE BARRIGA VERDE. 3 CARLOS BRUSTOLIN 1, RODOLFO BIANCO2 E PEDRO M. O. J. NEVES 3 4 5 1 6 Londrina/PR, [email protected] 7 2 8 [email protected] 9 3 10 Engenheiro Agrônomo, mestrando do curso de agronomia da Universidade Estadual de Pesquisador, Dr., IAPAR, Rodovia Celso Garcia Cid, Km 375, Londrina/PR, Prof. Dr. Titular, Departamento de Agronomia, Universidade Estadual de Londrina, Londrina/PR, [email protected] 11 12 RESUMO - O Dichelops melacanthus é uma importante praga de diversas 13 culturas no sul do Brasil, alimenta-se e causa danos em plantas jovens de milho e trigo. Na 14 região norte e oeste do estado do Paraná a pulverização de inseticida junto com o herbicida, 15 no inicio do plantio, vem se tornando prática comum, objetivando diminuir a população de 16 percevejo. Avaliou-se eficácia de thiametoxam + Lambdacialotrina e metamidofós, 17 pulverizados em pré e pós-emergência do milho, com e sem Tratamento de Sementes (TS). 18 Na faixa sem TS as pulverizações de inseticidas em pré- emergência tiveram pouco ou 19 nenhum efeito sobre D. melacanthus, mesmo com adição de atrativos (leite de soja e sal de 20 cozinha). As pulverizações de inseticida em pós-emergência apresentaram bom controle de D. 21 melacanthus, sendo comparável ao TS, embora não sendo suficiente para diminuição dos 22 danos. Na faixa com TS observa-se que pulverização em pré-emergência, não foi eficiente no 23 controle do inseto. Pulverizações em pós-emergência associado ao TS, alcançou controle de 24 80%. Nas condições desse experimento, a pulverização de inseticida em pós-emergência, 25 como complemento ao TS, teve importância relevante, embora só se justifique se a relação 26 custo/beneficio for satisfatória. 27 28 PALAVRAS CHAVE: Zea mays, Dichelops melacanthus, Controle químico. 29 30 31 32 33 1 34 INSECTICIDES IN PRE AND POST-EMERGENCE OF THE CORN, ASSOCIATED 35 WITH SEEDS TREATMENT, ABOUT BARRIGA VERDE. 36 37 ABSTRACT - The Dichelops melacanthus is an important pest of many 38 crops in southern Brazil, feed and cause damage to young plants of maize and wheat. In the 39 region north and west of Paraná State of insecticide spraying with the herbicide at the 40 beginning of planting, has become common practice, aiming to reduce the bug population. 41 Was evaluated the efficiency of thiametoxam + Lambdacialotrina and methamidophos, 42 sprayed on pre and post-emergence of the corn, with and without Seed Treatment (ST). In the 43 group without TS insecticide spraying pre-emergence had little or no effect on D. 44 melacanthus, even with added attractions (soy milk and salt). Insecticide spraying post- 45 emergence showed a good control of D. melacanthus, comparable to the TS, although not 46 sufficient to reduce damage. In the group with TS observed that pre-emergence spray was not 47 effective in controlling the insect. Post-emergence sprays associated with TS, control reached 48 80%. Under the conditions of this experiment, insecticide spraying post-emergence, in 49 addition to TS, had great importance, although only justified if the cost / benefit ratio is 50 satisfactory. 51 52 Key Words: Zea mays, Dichelops melacanthus, Chemical control. 53 54 55 O percevejo Dichelops melacanthus (Dallas, 1851) é uma importante praga 56 de diversas culturas no sul do Brasil, sendo observado alimentando-se e causando danos em 57 plantas jovens de milho (Zea mays L.), levando a necessidade de medidas de controle 58 geralmente quimico para evitar perdas (Ávila & Panizzi 1995). 59 A adoção do sistema de plantio direto, entre outros fatores, desencadeou um 60 aumento populacional de algumas espécies de insetos, como é o caso de D. melacanthus, que 61 até então era considerada praga secundária na soja (Chocorosqui & Panizzi, 2004). 62 Segundo Cruz & Bianco (2001), nas regiões norte e oeste do estado do 63 Paraná, maiores populações de D. melacanthus, tem sido encontradas em áreas com 64 infestação da planta daninha trapoeraba (Commelina benghalensis) e também em áreas onde 65 houve perda de grãos na colheita de soja. Essa planta daninha serve como alimento e refúgio 66 para o percevejo. 2 67 Após a colheita da soja, o percevejo D. melacanthus permanece no solo sob 68 detritos, e se alimenta de plantas de milho ou trigo que crescem em áreas de plantio direto. 69 Nessas áreas, os insetos encontram abrigo (palha) e alimento (sementes secas caídas no chão) 70 que possibilita sua manutenção e reprodução. Isso difere do que ocorre em áreas de cultivo 71 convencional, onde os insetos são desalojados de seus abrigos e mortos devido ao cultivo 72 (Panizzi, 2000). 73 Em estudo desenvolvido no Mato Grosso do Sul ficou evidente que maiores 74 populações de D. melacanthus, foram encontradas na pré e pós-colheita da soja, 75 principalmente na palhada. Também, foi perceptivel que à medida que o milho “safrinha” ou 76 as plantas voluntárias de milho cresceram, a população do inseto tendeu a diminuir. 77 Provavelmente, isto se deveu a que plantas de milho já desenvolvidas deixam de ser atrativas 78 para a alimentação do inseto (Carvalho, 2007). 79 Durante a alimentação o inseto posiciona-se em sentido longitudinal da 80 planta de milho, com a cabeça voltada para a região do colo da planta. Durante o processo de 81 alimentação o inseto injeta saliva para facilitar a penetração dos estiletes, que pode atingir o 82 tecido jovem da planta e provocar a deformação das folhas, quando estas emergem do 83 cartucho. Tais deformações apresentam orificios com halo amarelo e dispostos em fileiras. 84 Quando a planta não morre, as primeiras folhas que emergem do cartucho apresentam estrias 85 bancas e transversais. As plantas com ataque severo apresenta nanismo, e algumas 86 desenvolvem perfilhos improdutivos (Cruz & Bianco, 2001). 87 Na região norte e oeste do estado do Paraná, em área com histórico de forte 88 ataque desse percevejo na cultura do milho, vem se tornando prática comum a pulverização de 89 inseticida junto com o herbicida utilizado no manejo das plantas daninhas, objetivando 90 diminuir a população de D. Melacanthus. No entanto, antes de usar controle químico, é 91 necessário fazer o levantamento populacional da praga (R. Bianco, comunicação pessoal). 92 Com relação as perdas observa-se que o peso seco total da parte aérea do 93 milho é influneciado pelo estádio de desenvolvimento da planta em que ocorreu o ataque de 94 D. melacanthus, sendo o rendimento de grãos de milho influenciado pelo ataque do percevejo 95 nos estádios iniciais de desenvolvimento das plantas de milho, ou seja, quando as plantas 96 apresentam de 1 a 5 folhas (Duarte, 2009). 97 Para evitar as perdas provocadas pelo ataque dos percevejos Cruz et al. 98 (1999) destacam como alternativa, para o controle de pragas iniciais da cultura do milho, o 99 uso do controle quimico, seja por meio de pulverizações ou do tratamento de sementes. 3 Com relação ao controle químico os inseticidas monocrotofós (150 g i.a. ha- 100 101 1 ), metamidofós (300 g i.a. ha-1) e paration metílico (480 g i.a. ha-1), mostraram-se eficientes 102 no controle de D. Melacanthus via pulveriação foliar (Gomes, 1998). 103 O aumento da eficiência de controle pode ser conseguido pela adição de sal 104 de cozinha (NaCl) à calda do inseticida, torna o controle de percevejos mais satisfatório 105 (Gallo et al. 2002) 106 O presente trabalho teve como objetivo avaliar a eficiência de thiametoxam 107 + lambdacialotrina e metamidofós, juntamente com alguns atrativos (leite de soja e sal) no 108 manejo do D. melacanthus, aplicados via foliar em pré e pós-emergência das plantas de 109 milho, bem como combinações destas pulverizações com thiametoxam no tratamento de 110 sementes. 111 112 Materiais e Métodos 113 114 O experimento foi instalado na Fazenda Saltinho, em Ibiporã – PR, em 115 março de 2011 (23º 10’ 57” de latitude Sul e 50º 58’ 44,8” de longitude Oeste). O solo da 116 região é classificado como Latossolo vermelho-escuro e Podzólico vermelho-amarelo e o 117 clima segundo classificação de Köppen é do tipo CFA (Subtropical Úmido Mesotérmico). 118 O experimento foi instalado sobre palhada da cultura de soja, onde se 119 semeou milho “safrinha”. Na área havia alta infestação da planta daninha trapoeraba 120 (Commelina benghalensis L.), infestante preferencial do percevejo barriga verde para abrigo e 121 alimentação. Para o manejo dessa planta daninha foi pulverizado glifosato e 2,4D a 1,5 e 0,5 122 l/ha de produto comercial. O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso com 123 parcelas subdivididas em faixa, com nove tratamentos e cinco repetições. O tamanho da 124 parcela foi de 10 metros de comprimento e 10 linhas de milho, com espaçamento de 0,85 125 metros entre linhas. 126 Para as aplicações dos inseticidas foi utilizado pulverizador costal 127 pressurizado (CO2 comprimido) com uma barra de 2,5 metros e 5 bicos tipo leque, modelo 128 XR-11002 e 200 l ha-1 de volume de calda. As variáveis climáticas medidas durante a 129 primeira aplicação em 19/03 (12 dias antes da emergência), foram de 26 ºC de temperatura e 130 72% de umidade relativa, a velocidade do vento no momento da aplicação era de 1,2 metros 131 por segundo. Já na segunda aplicação, realizada no dia 02/04 (2 dias após a emergência), a 132 temperatura do ar foi de 28ºC e 68% de umidade relativa, com velocidade do vento de 0,8 133 metros por segundo. 4 134 Os tratamentos utilizados na aplicação em pré semeadura do milho foram: 1 135 - thiametoxam + Lambdacialotrina (0,2 l de p.c./ha); 2 - thiametoxam + Lambdacialotrina + 136 Leite de soja (0,20 l de p.c./ha + 5% do volume da calda); 3 - thiametoxam + 137 Lambdacialotrina + Sal (NaCl) (0,20 l de p.c/ha + 0,5 kg / 100 litros de calda); 4 - 138 metamidofós (0,5 l de p.c/ha); 5 - metamidofós + Leite de soja (0,5 l de p.c./ha + 5% do 139 volume da calda); 6 - metamidofós + Sal (0,5 l de p.c./ha + 0,5 kg / 100 litros de calda) e 9 - 140 Testemunha sem tratamento. Para o preparo do leite de soja foi utilizado um kg de grãos de 141 soja umedecidos e depois triturado, adicionou-se cinco litros de água e deixou em repouso por 142 24 horas. O leite produzido foi filtrado em pano de malha fina, adicionando-se 100 ml de óleo 143 emulsinável antes de misturar à calda inseticida. A proporção utilizada na calda inseticida fi 144 de 5 litros de leite para cada 100 litros de água (5%). 145 Depois de realizada a pulverização de inseticida em pré semeadura, o milho 146 do cultivar P30B88Hx, com tratamento de sementes (thiametoxam 150 ml de p.c./60.000 147 sementes) foi semeado no dia 26/03/2011, a uma profundidade de cinco cm e com 148 distribuição de cinco sementes por metro linear, em metade da parcela (5 linhas). Na outra 149 metade da parcela foi semeado outras cinco linhas da mesma cultivar, porém sem tratamento 150 de sementes. A adubação de base foi de 400 kg do fertilizante de fórmula 04-18-18 de NPK, 151 por hectare, e 30 dias após a emergência das plantas foi realizada (quando as plantas estavam 152 com cinco folhas), a adubação de cobertura com nitrato de cálcio (33%), distribuindo 60 kg 153 de nitrogênio por hectare. A pulverização após a emergência das plantas de milho, que 154 ocorreu no dia 31/03/2011, foi realizada a 02/04/2011, no tratamento 7, com thiametoxam + 155 Lambdacialotrina (0,2 l de p.c./ha) e no tratamento 8, com metamidofós (0,5 l de p.c./ha), 156 respectivamente. 157 As avaliações de dano de percevejo nas plantas foram realizadas aos 29 dias 158 após a emergência das plantas de milho (29/04/2011), fazendo a contagem do número de 159 plantas atacadas por D. melacanthus em 50 plantas por parcela. Essas plantas foram separadas 160 em três grupos: 1- planta isenta de ataque (nota 0), 2- plantas com danos leves e moderados 161 nas folhas (nota 1 e 2), 3- plantas com danos severos na folhas, cartuchos “encharutados” ou 162 plantas com perfilhos (notas 3 ou 4). Com base nas notas atribuídas foi calculado um Índice 163 de Dano, utilizando a seguinte formula: 164 165 166 167 Indice de Dano = ((1,5 x 2 x número de plantas com notas ≤ 2) + (3,5 x 4 x número de plantas com nota ≥ 3))/ Total de plantas avaliadas por parcela. Onde 1,5 é nota média entre 1 e 2 ; 3,5 é a nota média entre 3 e 4 ; 2 é o peso atribuído para as notas ≤ 2; e 4 é o peso atribuído para as notas ≥ 3. 5 168 169 A partir a somatória do numero de plantas atacadas por parcela, calculou-se a porcentagem de plantas atacadas por D. melacanthus. 170 A eficiência dos tratamentos foi determinada pela fórmula de Abbott: 171 %Eficiência = (1 - (Tratamento/Testemunha)) X 100; considerando-se Tratamento 172 : % de plantas danificadas no respectivo tratamento e; Testemunha % de plantas danificadas 173 na testemunha sem TS (Testemunha Absoluta). 174 A medição de altura das plantas, em centímetros, foi realizada aos 29 dias 175 após a emergência, tomando como base a superfície do solo até a última folha curvada. Na 176 ocasião foram avaliadas 10 plantas ao acaso por parcela. 177 178 Os resultados das avaliações foram submetidos à análise de variância, e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. 179 180 181 Resultado e Discussão 182 183 184 Com base nos resultados obtidos (Tabela 1), a média geral de altura de 185 plantas, índice de dano e % de plantas atacadas, na faixa sem tratamento de sementes, foi 186 estatisticamente diferente da média geral na faixa com tratamento de sementes, ficando clara a 187 importância do tratamento de sementes para o manejo do percevejo barriga verde. 188 O dano do percevejo prejudica o desenvolvimento inicial do milho, 189 reduzindo sua altura. Comparando na faixa sem tratamento de sementes, a maior altura de 190 plantas foi observada nas parcelas com pulverização em pós-emergência de thiametoxam + 191 Lambdacialotrina, com 78,28 cm, sem diferença da pulverização de pós-emergência de 192 metamidofós, com 73,12 cm. Na faixa com tratamento de sementes a altura de plantas de 193 todas as parcelas foram semelhantes estatisticamente, não sendo observado efeito 194 significativo das pulverizações. 195 Quanto ao índice de dano, que reflete o grau de injuria que o percevejo 196 causou, pode-se notar que nas parcelas sem tratamento de sementes os menores índices foram 197 encontrados nas parcelas com pulverização em pós-emergência (thiametoxam + 198 Lambdacialotrina e metamidopós), apresentando valores muito próximos de um (1). Na faixa 199 com tratamento de sementes, todos os tratamentos foram estatisticamente semelhantes, com 200 valores próximos ou inferiores a um (1). Convêm salientar que, valores do índice muito 6 201 próximo ou superiores a dois (2), configuram situação de provável prejuízo à produção e 202 valores próximos ou inferiores a um, indicam pouca chance de haver perdas. 203 Para a porcentagem de plantas atacadas, foram observadas, na faixa sem o 204 tratamento de sementes, as maiores porcentagens de plantas atacadas por D. melacanthus na 205 testemunha absoluta (60,8%), embora estatisticamente semelhante aos tratamentos com 206 pulverização de inseticida em pré-emergência de thiametoxam + Lambda- cialotrina; 207 thiametoxam + Lambdacialotrina + Sal (NaCl); metamidofós; metamidofós + Leite de soja e 208 metamidofós + Sal, com 45,2; 50,8; 55,6; 56,8 e 44,8% de plantas atacadas, respectivamente. 209 Estes tratamentos foram também estatisticamente semelhantes às parcelas com aplicação em 210 pré-emergência de thiametoxam + Lambdacialotrina + Leite de soja, com 43,2% de plantas 211 atacadas, sendo que esta diferiu da testemunha absoluta. As menores porcentagens de plantas 212 atacadas foram aqueles que receberam pulverização de thiametoxam + Lambdacialotrina e 213 metamidofós em pós-emergência na faixa sem tratamento de sementes, apresentando 24,4 e 214 23,2% de plantas atacadas, respectivamente. Estes tratamentos foram significativamente 215 inferiores da testemunha e dos outros tratamentos. 216 Neste trabalho os resultados de eficiência obtidos com os inseticidas 217 aplicados em pré emergência da cultura do milho, apesar de diferentes no que diz respeito a 218 principio ativo, corroboram com os obtidos por Martins et al. (2009), que ao utilizarem 219 monocrotofós (0,3 l ha -1) e cipermetrina (0,1 l ha-1) não observaram diferenças significativas 220 com a testemunha, mostrando que produtos aplicados em pré emergência da cultura, 221 apresentam pouco ou nenhum efeito residual e, conseqüentemente, baixa eficiência. 222 Nas parcelas que receberam pulverização foliar de thiametoxam + 223 Lambdacialotrina e metamidofós em pós-emergência do milho e sem tratamento de sementes 224 (2 DAE), foram alcançados maiores valores de eficiência, com 59,87 e 61,85% de controle 225 respectivamente. Esses dados concordam com as observações de Cruz & Bianco (2001), que 226 citam que a pulverização deve ser iniciada nos primeiros dias após a emergência das plantas, 227 visto que quando mais tardias os insetos já injetaram toxina nas plantas durante o processo de 228 alimentação e certamente surgirão os danos provocados pelo inseto. 229 Nas parcelas com sementes tratadas todos os tratamentos com pulverização 230 em pré e pós emergência do milho foram estatisticamente semelhantes entre si (P>0,05), 231 inclusive a testemunha, mostrando que as pulverizações foliares não influenciaram 232 significativamente nos resultados do tratamento de sementes (Tabela 1). 233 Os resultados apresentados neste trabalho não concordam com os de 234 Martins et al. (2009), que também tratou as sementes de milho com o thiametoxan, não 7 235 obtendo controle da praga satisfatório. Por outro lado, os resultados obtidos no presente 236 trabalho, concordam com os resultados obtidos por Bianco & Nishimura (1998) que, 237 observaram um controle acima de 80% para esse inseto, com doses de 80 e 120 ml de 238 p.c./60.000 sementes de tiametoxam. 239 Albuquerque et al. (2006) observou a eficiência de controle de 64%, de 240 thiametoxan (TS), na dose de 120 ml/60.000 sementes, no controle D. melacanthus, resultado 241 semelhante ao presente trabalho, com eficiência de 60,5%. 242 Quando se utilizou o tratamento de sementes associado à pulverização de 243 thiametoxam + Lambdacialotrina (0,2 l de p.c./ha) e metamidofós (0,5 l de p.c./ha) em pós- 244 emergência a eficiência alcançou 82,2 e 80,3 %, respectivamente. Valores importantes do 245 ponto de vista prático, apesar de não diferirem estatisticamente dos demais tratamentos na 246 faixa com TS. 247 Albuquerque et al. (2006) também observou que a associação do tratamento 248 de sementes (thiametoxam 120 ml/60.000 sementes) com a pulverização de thiametoxam + 249 Lambdacialotrina 0,2 l de p.c./ha, apresentou desempenho satisfatório no controle de D. 250 melacanthus (81%), e evidencia que nas condições de alta população de percevejo é 251 necessária a complementação com inseticida em pulverização foliar, para um bom controle da 252 praga. 253 254 Considerações Finais 255 256 257 Com base nos dados obtidos pode-se inferir que as pulverizações de 258 inseticidas, quando realizadas em pré emergência das plantas de milho tiveram pouco ou 259 nenhum efeito sobre D. melacanthus, mesmo com adição de atrativos alimentares (leite de 260 soja e sal de cozinha). Provavelmente parte do insucesso deveu-se a presença das ervas 261 daninhas que serviram de “abrigo” para os percevejos, impedindo a ação direta dos 262 inseticidas. Já a pulverização de inseticida em pós emergência das plantas de milho 263 apresentou um controle de D. Melacanthus (entre 60 e 62%), sendo comparável ao tratamento 264 exclusivo das sementes (60%), muito embora não sendo suficiente, ou seja, abaixo dos 80%, 265 considerado a ideal. Assim, deve-se dar preferência ao tratamento de sementes por ter um 266 menor impacto sobre a população de inimigos naturais que vivem na parte aérea da planta e 267 também por ser eficiente no controle de outros insetos pragas iniciais da cultura do milho. 8 268 Na faixa onde houve o tratamento de sementes observa-se que os 269 tratamentos com pulverização em pré emergência das plantas de milho, também tiveram 270 pouco efeito no controle de D. melacanthus. Nas aplicações em pós emergência, apesar de 271 não ocorrer diferença estatística significativa entre os tratamentos e a testemunha, a eficiência 272 de controle foi superior aos 80%, pretendidas em trabalhos de eficiência agronômica de 273 produtos químicos. 274 Portanto, nas condições em que foi realizado o experimento, a pulverização 275 de inseticida em pós-emergência do milho, como complemento ao tratamento de sementes, 276 teve importância relevante, embora só se justifique o seu uso se a relação custo/beneficio for 277 satisfatória. 278 279 Agradecimentos 280 281 Os autores agradecem aos proprietários da fazenda Saltinho, o primeiro 282 autor agradece aos funcionários e professores da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e 283 aos funcionários e pesquisadores do Instituto agronômico do Paraná (IAPAR) pela 284 disponibilidade de suas instalações para que este trabalho fosse realizado. 285 286 287 Literatura Citada 288 289 ABBOTT, W.S. (1925). 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Danos causados por percevejo barriga-verde, Dichelops melacanthus 321 (Dallas, 1851) (Hemiptera: Pentatomidae) nas culturas do milho, Zea mays L. e do trigo, 322 triticum aestivum L. / Marcela Marcelino Duarte. – Dourados, MS: UFGD, 2009. 59f. 323 324 GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO, R.P.L.; BAPTISTA, G.C.; 325 BERTI FILHO, E.; PARRA, J.R.P.; ZUCHHI, R.A.; ALVES, S.B.; VENDRAMIM, J.D.; 326 MARCHINI, L.C.; LOPES, J.R.S.; OMOTO, C. Entomologia agrícola. Piracicaba: FEALQ, 327 2002. 920p. 328 329 MARTINS, G.L.M. TOSCANO, L.C, TOMQUELSKI, G.V., MARUYAMA W.I., Controle 330 químico do percevejo bariga verde Dichelops melacanthus (Hemiptera: Pentatomidae) na 331 cultura do milho. Arq. Inst. Biol., São Paulo, v.76, n.3, p.475-478, jul./set., 2009 332 10 333 PANIZZI, A. R., Suboptimal nutrition and feeding behavior of hemipterans on less preferred 334 plant food sources. An. Soc. Entomol. Bras., Londrina, v. 29, n. 1, Mar. 2000. 335 336 337 338 339 340 341 342 343 344 345 346 347 348 11 Tabela 1 – Tratamentos, Época de aplicação, Altura de plantas em cm, Índice de Dano, Porcentagem de plantas Atacadas por D. melacanthus, Porcentagem de Eficiência de controle, em avaliação realizada 29 dias após emergência. Fazenda Saltinho município de Ibiporã, PR. 2011. Tratamentos Época Aplicação. Altura Planta cm1 Sem TS2 Com TS3 Índice Dano1 Sem TS2 % Planta Atacada1 Com TS3 Sem TS2 % Eficiência de Controle Com TS3 Sem TS2 Com TS3 1 Thiametoxan + Lambdacialotrina Pré - Emerg. 69,74 ab 74,24 a 1,884 ab 0,596 a 45,20 bc 14,00 a 25,65 76,97 2 (Thiametoxan + Lambdacialotrina) + Leite Soja* Pré - Emerg. 68,48 ab 72,68 a 2,044 bc 0,828 a 43,20 b 14,40 a 28,95 76,31 3 (Thiametoxan + Lambdacialotrina) + Sal** Pré - Emerg. 63,70 A 70,78 a 2,360 bc 1,052 a 50,80 bc 20,40 a 16,45 66,44 4 Metamidopós Pré - Emerg. 67,50 ab 71,20 a 2,548 bc 0,816 a 55,60 bc 18,40 a 5,56 69,73 5 Metamidopós + Leite Soja* Pré - Emerg. 65,06 A 70,22 a 2,980 c 1,064 a 56,80 bc 20,80 a 6,58 65,78 6 Metamidopós + Sal** Pré - Emerg. 72,66 ab 72,78 a 2,228 bc 0,548 a 44,80 bc 12,40 a 26,32 79,60 7 Thiametoxan + Lambdacialotrina Pós - Emerg. 78,28 B 74,50 a 1,084 a 0,544 a 24,40 a 10,80 a 59,87 82,23 8 Metamidopós Pós - Emerg. 73,12 ab 76,64 a 1,048 a 0,536 a 23,20 a 12,00 a 61,85 80,26 - 67,52 ab 72,72 a 2,924 c 1,116 a 60,80 c 24,00 a 0,00 60,52 9 Testemunha 12 C.V. 7,85 Média Geral 69,56 A 32,38 72,86 B 2,122 A 27,49 0,788 B 44,97 A 16,35 B 1 Médias seguidas pela mesma letra Minúscula na coluna e Maiúscula na linha, não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. 2 Sem TS – Sem Tratamento de sementes, 3 Com TS – Com Tratamento de sementes. * - 5% de volume/volume, **0,5 kg / 100 litros de calda. 13