REGAS03 - B. G. Rodrigues e Neide Barroca Facio

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ANÁLISE DA CERÂMICA DO SÍTIO ARQUEOLÓGICO TURVO II- SP
1
2
Rodrigues, B. G; Faccio, N. B
[email protected]
RESUMO
Esta pesquisa teve por finalidade o estudo das cerâmicas do Sítio Turvo II, a fim de
procurar correlacionar o material estudado com uma Tradição Arqueológica e se
possível com um grupo indígena. No Brasil, o estudo da cerâmica aborda a evolução e
adaptações culturais de populações indígenas, que em muitos casos foram extintas.
O Sítio Turvo II está localizado ao norte do Estado de São Paulo, no Município de
Cardoso, nas coordenadas geográficas Sul igual a 20º04'55" e oeste igual a 49º54'51",
estando a uma altitude de 422 metros. Com base nas análises do material cerâmico,
podemos notar a grande importância que esses fragmentos cerâmicos têm para a
compreensão do modus vivendi das populações pré-históricas.
Palavras-Chave: Turvo, Material Cerâmico, Tradição.
ABSTRACT
This research was conducted for the study of ceramics Turvo Site II, to seek to
correlate the studied material with a tradition Archaeological and if possible with an
indigenous group. In Brazil, the study focuses on the evolution of pottery and cultural
adaptations of indigenous peoples, who in many cases were closed. The Site Turvo II
is located in the northern state of Sao Paulo, the municipality of Castro, in South
geographical coordinates equal to 20 º 04'55 "and west equal to 49 ° 54'51", with an
altitude of 422 meters. Based on the analysis of ceramic material, we note the great
importance that these ceramic fragments have to understand the modus vivendi of
prehistoric populations.
Keyworks: Turvo, ceramic material, Tradition.
1
Aluna de graduação do Curso de Licenciatura em Geografia da FCT/UNESP, Programa de Formação
Complementar.
2
Professora doutora do Departamento de Planejamento, Urbanismo e Ambiente, da FCT UNESP.
INTRODUÇÃO
O Sítio Arqueológico Turvo II se apresentou como área de ocorrência de
materiais arqueológicos, possuindo materiais cerâmicos e pedra lascada.
O material cerâmico do Sítio Arqueológico Turvo II é proveniente de coleta de
superfície e de cortes de verificação, realizados no momento da prospecção. Pelo fato
do Sítio Turvo II não ter apresentado vasilhas cerâmicas inteiras, o primeiro
encaminhamento proposto para a análise do material foi o de agrupar os fragmentos
de um mesmo vaso em conjuntos. Esse encaminhamento mostrou a ausência de
conjuntos. Dessa forma, trabalhou-se com os fragmentos individualmente.
A maior parte desse sítio está localizada dentro de um plantio de cana-deaçúcar. Dessa forma, uma parte do sítio pode ser vista nas áreas dos carreadores.
Como esse sítio está localizado em uma área de plantio, ele encontra-se em má
conservação. Contudo, o trabalho de escavação pode proporcionar um esclarecimento
no se refere ao tipo de ocupação de grupo indígena que ocupou a área em tempo
pretérito.
Sabe-se que o material cerâmico é de extrema importância na vida cotidiana
dos povos pré-históricos. Elas eram usadas tanto no dia-a-dia como em ocasiões
especiais, como, por exemplo, nos momentos de rituais.
A cerâmica era utilizada por eles para diversos fins. Eram utilizadas em forma
de jarros de água ou de armazenamento de comida, como panelas, pratos, urnas
funerárias, entre outros.
No sítio em apreço não foi identificada nenhuma peça inteira, pois, o solo se
apresenta todo remexido por subsolador e arado. A área do sítio trabalhada até o
momento está inserida em um carreador adjacente a plantação de cana-de-açúcar.
Foram identificadas as classes parede, borda e parede angular, totalizando 620
fragmentos.
DESENVOLVIMENTO
A análise e classificação dos materiais cerâmicos do Sítio Arqueológico Turvo II
foram realizadas de acordo com os parâmetros metodológicos elaborados por
Brochado & La Salvia (1989). Nesse sentido, procuramos reconstituir vasilhas por
meio dos fragmentos encontrados e fazer uma correlação das vasilhas reconstituídas
com a cultura do grupo indígena que as confeccionou.
Para tanto, foi de fundamental importância a realização de levantamentos
bibliográficos e de visita a coleções de cerâmicas indígenas provenientes da região em
estudo, presentes em exposições ou em reservas técnicas de museus.
Para a análise e classificação da cerâmica foi levado em consideração etapas
que contemplaram as discussões tecnológicas e de cadeia operatória (Produção/
Distribuição/ Uso/ Reciclagem/ Descarte de artefatos).
Com a análise da formação da cadeia operatória rompe-se aquela análise
tecnicista, onde se encontra somente os atributos de forma e função, passando para
uma maior compreensão do gesto e ação do artesão.
A cadeia operatória tem seu início na fonte de matéria-prima e seu término no
momento de descarte da peça. A primeira etapa se dá na Jazida, na fonte de matériaprima. A segunda ocorre no preparo da massa para a construção do vaso cerâmico. A
terceira se dáno modo de produção, é ai que a oleira escolhe o formato que irá dar a
vasilha. Por conseguinte temos o tratamento de superfície, o acabamento visual da
peça. E por fim temos a decoração da peça, que é para o artesão opcional, onde ele
pode demonstrar seus símbolos sagrados na peça confeccionada.
A representação da suposta cadeia operatória envolve processos retroativos
que utiliza processos de interpretações de outras ciências, como a antropologia, a
etnologia e a geografia. Esse processo deve envolver todo o processo histórico dos
materiais, desde a aquisição da matéria-prima, as várias etapas de sua produção, seu
uso e finalmente o descarte.
A análise e classificação dos materiais cerâmicos do Sítio Arqueológico Turvo II
foram realizadas no sentido de reconstituir vasilhas por meio dos fragmentos
encontrados e fazer correlações das vasilhas reconstituídas com a cultura do grupo
indígena que as confeccionaram.
Tendo isso em vista,o material foi analisado de forma a podermos relacioná-lo
com unidades culturais de comportamento, levando em consideração que o estudo
das sociedades é realizado por meio de seus objetos.
Dentro da coleção cerâmica do Sitio Turvo II foram identificadas 46 bordas, 543
paredes, uma parede angular, sete bases e 23 fragmentos não identificados.
Dentre essas 46 bordas apenas quatro foram passíveis de reconstituição na
forma do vaso.
Ocorreu o predomínio das queimas 2, 3 e 4. A queima 2 apresentou seção
transversal sem presença de núcleos, com cor uniforme variando cinza-claro ao pardo.
A queima 3 apresentou seção transversal com presença do núcleo central escuro e
uma camada interna e externa clara. A queima 4 apresentou seção transversal sem
presença de núcleos, com cor uniforme variando do cinza escuro ao preto. Existe essa
variação no tipo de queima porque o procedimento era feito em fogueira a céu aberto,
não havendo o controle da temperatura.
SegundoProus (1992, p. 94), “nas Américas, [...] o forno nunca veio a ser
conhecido e a cerâmica era queimada em fogueiras simples, cobrindo-se os potes
com lenha”.
Sobre o processo de queima dos potes Willey (1987), diz que a queima era
feita:
“[...] a céu aberto ou em fornos. Quando feita em fogueiras produzia
vasos sujos de fuligem, marrons, pretos ou castanhos. [...] Em sua
maior parte, a queima a céu aberto foi e é característica das terras
baixas orientais e do sul da América do Sul. A queima em forno é
típica das regiões andinas” (WILLEY, 1987, p. 233).
Para a análise da queima, optou-se pela queima dominante. Quanto à
categoria referente à cor, como elemento definidor do tipo de queima, Faccio (1998),
escreve que:
As diferenças na cor indicam diferentes condições de duração da
queima, ventilação e temperatura. A presença de núcleo com cor
variando do laranja ao amarelo indica uma queima boa, com
ventilação suficiente para ocasionar a oxidação da argila. A presença
de tons que variam do cinza ao preto indica uma queima incompleta
em baixa temperatura e tempo insuficiente para expelir toda a
matéria carbonária da argila (FACCIO, 1998, p. 135).
O sitio em tela apresentou em sua coleção de fragmentos o predomínio de paredes
médias. Sendo que foram evidenciadas 241 peças com paredes finas (0,6 a 1 cm de
espessura), 344 peças com paredes médias (1,1 a 1,6 cm de espessura) e 35 peças
com paredes grossas (1,7 a 2,1 cm de espessura).
No antiplástico (material usado para dar liga e elasticidade na preparação da
cerâmica) nota-se a presença de mineral e domineral associado ao caco-moído.
Foram evidenciadas 617 peças compresença de mineral e três com mineral associado
ao caco-moído.
Encontra-se o predomínio do antiplástico fino na composição dos fragmentos
cerâmicos do Turvo II. São 505 peças com antiplástico fino (0,1 a 0,2 cm de
espessura), 101 peças com antiplástico médio (0, 21 a 0,4 cm de espessura) e 14
peças com antiplático grosso (0,41 a 0,9 cm de espessura).
O sítio apresentou, em todos os fragmentos, cerâmica lisa. Não foram
evidenciadas peças com decoração ou algum tipo de engobo. A barbotina (camada
líquida de argila aplicada sobre a peça após seu acabamento) foi encontrada, tanto na
parte externa, quanto na face interna. Em 22 peças não foi possível identificar o
tratamento de superfície ou a presença de decoração.
Na categoria de decoração interna e externa de vasilhas Faccio (1998) afirma
que:
Esse item possui as seguintes variantes: liso, entalhado, ungulado,
inciso, corrugado, escovado, ponteado, pinçado, serrungulado,
engobo preto, engobo vermelho, engobo branco, engobo laranja,
engobo preto associado ao vermelho, engobo preto associado ao
branco, engobo vermelho associado ao branco e pintado. Em alguns
fragmentos esses tipos decorativos estão associados em mais de
uma variável (FACCIO, 1998, p. 135).
Analisando os resultados obtidos, verificamos que o Sítio Arqueológico Turvo II
apresentou uma ocupação indígena associada à denominada Tradição Aratu. A
Tradição Aratu foi identificada por Valentim Calderón (1969/70). As cerâmicas
pertencentes à Tradição Aratu apresentam pouca ou nenhuma decoração e suas
vasilhas são predominantemente feitas de forma simples. A Tradição Aratu localiza-se
desde o litoral de Pernambuco, Bahia e Espírito Santo até o interflúvio dos Rios
Araguaia e Tocantins e no sul até o Rio Paranaíba. No Estado de São Paulo a
Tradição Aratu é identificada apenas na região Norte e Nordeste.
Segundo Morales (2008), podemos definir a fase Mossâmedes como sendo a
mais antiga dentro da Tradição Aratu. Ainda segundo esse autor pode-se fazer
correlações dessa fase com os grupos Caiapós, afirmando que:
Embora não tenha sido encontrada nenhuma continuidade entre o
registro arqueológico e o presente etnográfico, Schimity, Wüst, Cope
e Thies (1982) acreditam que a fase mossãmedes possa estar
associada aos grupos Kayapó do sul. Suas suposições foram
baseadas principalmente na correspondência existente entre a
localização desses grupos no mapa lingiostico de Loukotka (1950) e
no
etno-histórico
Nimuendajú
(IBGE
,1987)
e
dos
sítios
arqueológicos dessa fase às evidências etnográficas (MORALES,
2008, Pg. 42).
A partir dos dados etnológicos estabelecidos para o norte de São Paulo (IBGE,
1981) pode-se propor a associação da Tradição Cerâmica Aratu com os povos
históricos da família linguística Jê. No entanto, “até o presente momento não há
evidências que possibilitam estabelecer correlações, ainda que apriorísticas, desse
material cultural com quaisquer grupos reconhecidamente Macro Jê, que ali estavam
estabelecidos durante o período colonial ou em tempos mais recentes” (OLIVEIRA,
1995 pg. 51). Todavia, ficam expostas hipóteses a serem testadas.
Os dados etnológicos apontam que os Caiapós, de língua pertencente à família
Jê, estavam na região norte do Estado de São Paulo, localidade onde está inserido o
Sítio Turvo II, desde o final do século XIX.
O grupo Caiapó pertence ao tronco Macro Jê, da família Jê, possuindo
internamente mais sete subdivisões de dialetos.
Segundo Cunha e Salzano (1992) a família Jê pode ser datada entre cinco ou
seis mil anos pelo menos. O tronco macro Jê passou por uma divisão linguística que
começou aproximadamente hátrês mil anos.
A primeira cisão teria ocorrido entre os Jê meridionais, onde se encontram os
Kaingang e os Xokleng, com o resto de sua filiação. Eles teriam descido em direção ao
sul, onde se encontram atualmente.
A segunda cisão teria ocorrido entre o grupo central e o setentrional por volta
de um a dois mil anos. O grupo setentrional teria migrado em direção à bacia
amazônica, se expandindo aos poucos para o oeste. A diferenciação interna entre os
dialetos timbira orientais e entre os vários dialetos caiapó, teria ocorrido somente nos
últimos quinhentos anos.
Segundo os autores citados, se considerado a língua Jê como um todo,
veremos que ela forma um laço em torno do Brasil central-oriental. Seu limite
setentrional vai dos Fulniô, extremo leste do Brasil (junto ao Rio São Francisco) aos
Rikbaktisá localizado ao longo do rio Jurema.
Seu limite ocidental vai desde os Rikbaktsá, ao norte, até os Ofaié. Já sua
divisa meridional vai desde os Ofaié para o leste até os Puri, estremo leste do Brasil.
Segundo Verswijver (2002), os Caiapó ou (Kaiapó/Kayapó) vivem em aldeias
espalhadas ao longo dos cursos dos rios Iriri, Bacajá, Fresco e de outros afluentes do
rio Xingu. Seu habitat é praticamente todo recoberto por florestas equatoriais,
excetuando a porção oriental, onde são encontradas algumas áreas de cerrado.
O termo caiapó não foi designado pelos próprios grupos dessa tradição, mas
sim por seus vizinhos para nomeá-los como “aqueles que se assemelham aos
macacos”, Esse termo surgiu provavelmente quando um vizinho da tribo ou os
colonizadores europeusviram um ritual no qual, durante muitas semanas os homens
caiapós, enfeitados com máscaras de macacos, executavam pequenas danças.
Mesmo sabendo que assim são chamados por outros povos, eles se autodenominam
de
“Mebêngôkre”,
que
significa
“os
homens
do
buraco/lugar
d´água”
(VERSWIJVER.2002).
Já no dicionário de Montoya (1879/1880) o termo caiapó sofre uma distinção,
aparecendo com o significado de incendiário/queimador (MONTOYA, 1879/1880 pg.
72). Se formos desconstruir a palavra em seu termo literal, cáiterá o significado de
queimado/envergonhado, acanhado, medroso/nome de um macaquinho (MONTOYA,
1879/1880, pg. 65) e apó com o significado de fazer, obrar, agir/raiz, origem,
fundamento, base (MONTOYA, 1879/1880, pg. 72).
As aldeias tradicionais caiapó são feitas em forma circular, contendo no centro
a casa dos homens, um lugar simbólico, centro da organização social e ritual dos
caiapó. Nas periferias das aldeias são encontradas as casas, dispostas em círculos e
de forma regular, onde habitam famílias extensas, essa porção da aldeia é vinculada
às atividades domésticas, culturais e sociais. O círculo das casas é tido como lugar de
mulher, direcionado a assuntos femininos. As aldeias são consideradas o centro do
universo Caiapó, o espaço mais socializado (VERSWIJVER. 2002).
A Floresta que circunda a aldeia é vista como um espaço anti-social, onde os
homens não possuem segurança, podendo se transformar em animais ou em
espíritos, podendo adoecer de repente sem explicação, ou até mesmo matar seus
parentes (VERSWIJVER. 2002).
Os povos caiapós possuem inúmeros e diversos rituais, sua importância e
duração variam de acordo com cada ritual. Esses rituais são divididos em três
categorias, a primeira se refere às grandes cerimônias tais como a confirmação de
nomes pessoais; as outras são os ritos agrícolas de caça, pesca e o rito de ocasião.
Nessas ocasiões, a maior parte das sequências rituais ocorre na
praça central da aldeia. Nota-se aqui uma inversão do espaço social
ordinário: o centro da aldeia, normalmente organizado com base na
amizade e no não-parentesco, é convertido no domínio de atividades
em que tanto os laços pessoais familiares como os elementos
naturais - portanto "selvagens", como os nomes pessoais ou da caça
abatida - são centrais (VERSWIJVER, 2002).
Um chefe caiapó jamais toma uma decisão sozinho, haja vista que um chefe
que impõe sua vontade não é ouvido pela aldeia, devendo estar sempre atento às
ideias que circulam entre seu grupo de discípulos.(VERSWIJVER. 2002).
CONCLUSÃO
O artigo teve como meta principal a análise e classificação do material
cerâmico do Sítio Turvo II. Por conseguinte fez-se uma abordagem cultural e
etnológica na tentativa de propor uma resposta a possível ocupação do local em sitio.
A análise dos fragmentos cerâmicos foi feita separadamente, haja vista que
não foram encontradas peças inteiras. Após essa análise foram classificadas as
bordas aptas á reconstituição da forma gráfica da vasilha cerâmica.
Foramanalisados o tipo de matéria-prima utilizada na confecção, o tipo e
espessura do antiplástico, o tipo de queima, a presença ou não da barbotina e os
diferentes tipos de pastas encontradas nos fragmentos.
Essa análise nos possibilitou uma referência das possíveis culturas que ali
viveram, podendo a partir disso fazer inferências a respeito do tipo de ocupação que
ocorreu no local hoje denominado Sítio Arqueológico Turvo II.Chegou-se a conclusão
de que se tratava de um grupo indígena que confeccionou a cerâmicada Tradição
Aratu.
Fez-se posteriormente uma análise etnológica dessa possível Tradição (Aratu)
e a partir de estudos de dados etnológicos foi possível fazer inferências sobre a família
que pertenceu a cerâmica dessa tradição. Obteve-se o seguinte resultado: a Tradição
Aratu pertence, possivelmente, a família linguística jê, do Tronco Macro-Jê.
Com base nos estudos apresentados podemos notar a relação entre a tipologia
cerâmica e a tradição associada a ela. Nesse sentido a análise de fragmentos
cerâmicos constitui-se em importante instrumento para a reconstrução da história, ou
melhor, da pré-história de nosso país. Compreender como ocorreu o processo de
fabricação dos artefatos indígenas e seu uso é primordial para sabermos como se deu
o modo de vida das culturas pré-históricas. No caso em tela, o estudo de fragmentos
de cerâmica nos possibilita fazer inferências a respeito dos índios que as
confeccionaram.
Verificamos que o Sítio Arqueológico Turvo II apresenta, possivelmente,
vestígios de uma ocupação indígena associada à denominada Tradição Aratu. A
Tradição Aratu foi identificada por Valentim Calderón (1969/70). As cerâmicas
pertencentes àessa tradição apresenta pouca ou nenhuma decoração e suas vasilhas
são predominantemente feitas de forma simples.
A Tradição Aratu pode ser encontrada desde o litoral de Pernambuco, Bahia e
Espírito Santo até o interflúvio dos rios Araguaia e Tocantins. No sul até o rio
Paranaíba. No Estado de São Paulo a Tradição Aratu é vista apenas na região Norte e
Nordeste.
Aratu é um termo utilizado para designar uma tradição ceramista baseado nas
técnicas de confecção do material. Dentro dessa tradição foi encontrada a Fase
Mossâmedes, denominada por Morales (2008) a mais antiga e mais conhecida dentro
da Tradição Aratu.
Levando em consideração a localidade do sítio e os registros etnológicos da
região, podemos relacionar essa tradição com os povos históricos da família linguística
Jê pertencente ao tronco Macro-Jê.
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