SÍTIO ARQUEOLÓGICO DA PEDRA DO NAVIO: UM DESCASO COM O PATRIMÔNIO HISTÓRICO E NATURAL Antonio Carlos Belo da Silva1, Mariana Dantas Gueiros2 Tiago de Melo Araújo3 José Carlos de Souza Guedes 4. Introdução O sítio arqueológico da Pedra do Navio situa-se no município de Paranatama - PE Está inserido no domínio vegetacional da Caatinga. A vegetação é caracterizada como caatinga hiperxerófila “[...] típica das áreas mais secas do semi-árido pernambucano, sendo frequente na depressão sertaneja”. [1] (ANDRADE, 2003). Paranatama está localizada na mesorregião Agreste e na Microrregião Garanhuns do Estado de Pernambuco, limitando-se a norte com Caetés, a sul com Saloá, a leste com Garanhuns, e a oeste com Pedra. O nome do município provém dos índios Itacoatiara, primitivos habitantes da região. [5] (IBGE, 2009). Sua Área é de 230,88 km² representando 0,23 % do Estado, 0,01 % da Região nordeste [2] (AMUPE, 2009). O sítio dispõe de uma grande quantidade de grafismos rupestres que datam aproximadamente 6 mil anos A. P. Os moradores das proximidades dizem ter a aversão às figuras representadas nas rochas, pois relatam se tratar de coisas do mal, associando assim, as gravuras a algo místico e maléfico. Há também uma narrativa de que na localidade existiria um tesouro deixado pelos Holandeses e que por um desses motivos narrados, tentaram dinamitar a rocha na qual estão os grafismos. O sítio Pedra do Navio é apenas um exemplar dos muitos sítios pernambucanos, ricas obras de arte com valor incontestável, mas esquecidos e agredidos pela falta de informação da população. Uma das alternativas de preservação dos patrimônios está ligada à atividade turística, como forma de preservação e meio sustentável. O turismo sertanejo insere-se na perspectiva desenvolvimento/ preservação ambiental das áreas interioranas do Brasil. [6] (SEABRA, 2003). Onde a população terá motivos para preservar, já que o sítio irá lhe trazer renda e a tão sonhada sustentabilidade, almejada pela população nordestina. Material e métodos A pesquisa teve início com levantamentos bibliográficos pertinentes ao tema abordado; visita de campo com ensaios fotográficos da localidade e seus problemas sócio-ambientais. A triste realidade do sítio fez com que se buscasse a colaboração do IPHAN, onde ele agisse de forma que intervisse na prática predatória, em que a extração das rochas parasse, bem como o desmatamento da vegetação. Foi realizado juntamente com a comunidade local, um dialógo, procurando identificar a percepção das pessoas quanto ao lugar; foram discutidos temas notórios ao patrimônio arqueológico e natural, assim como a importância de sua preservação. Resultados e discussão Junto aos grafismos foram observadas pichações atuais com nomes de pessoas e símbolos religiosos. Recentemente havia no sítio um bar, onde os moradores realizavam atividades de lazer, deixando no local lixo e depredando o ambiente. Percebe-se há um grande descaso com o ambiente natural em que o sítio está inserido. O contínuo desmatamento poderá levar à extinção de espécies de espécies vegetais e animais ali existentes. Nas rochas que compõem o sítio estava sendo realizada extração de granito para fins econômicos, agravando ainda mais a situação de descaso e depredação do patrimônio histórico, além do desmatamento da vegetação nativa. Vale ressaltar que nas proximidades, se encontra uma escola, onde o papel de conscientização não é trabalhado, vindo dos próprios estudantes, a maioria das ações predatórias do ambiente, caso das pichações nas rochas que estão os grafismos rupestres. Isso revela a necessidade de uma intervenção pedagógica mais acentuada, que possibilite o repensar dos alunos e da comunidade. Sabe-se que o acesso a novas informações permite repensar a prática [3] (BRASIL, 1998b). Motivo que nos fez atuar na escola da comunidade, assim trazendo novas informações e uma consciência pátrio-natural cidadã. Capaz de valorizar seus próprios bens. Nesse aspecto, podemos observar a importância de educar os cidadãos brasileiros a fim de que possam atuar de modo responsável e com sensibilidade, conservando o ambiente saudável, assim passam a exigir e respeitar os direitos próprios e os de toda a comunidade (Local, nacional e internacional) e ampliar a qualidade de ________________ 1. Antonio Carlos Belo da Silva é aluno do curso de Geografia da Universidade de Pernambuco-Campus Garanhuns. E-mail: [email protected] 2. Mariana Dantas Gueiros é aluna do curso de Geografia da Universidade de Pernambuco-Campus Garanhuns. Bolsista do CNPq. E-mail: [email protected] 3. Tiago de Melo Araújo é aluno do curso de Geografia da Universidade de Pernambuco-Campus Garanhuns. E-mail: [email protected] 4. José Carlos de Souza Guedes é especialista em Geografia e Professor auxiliar da Universidade de Pernambuco. E-mail: [email protected] suas relações intra e inter pessoais com o ambiente tanto físico quanto social [4] (GUEDES, 2006) Isso deixa evidente o papel da escola na manutenção e na formação de conceitos ecológicos e patrimoniais na sociedade, despertando-a para uma prática social consciente. Referências [1] ANDRADE, Manuel Correia de Oliveira (Coord.). Atlas Escolar de Pernambuco, João Pessoa: GRAFSET, 2003. [2] AMUPE, Associação municipalista de Pernambuco. Disponível em: <http://www.amupe.org.br/amupe/dado_geral/mumain.asp >Acessado em 16 de setembro de 2009. [3] BRASIL, Parâmetros Curriculares nacionais. Terceiro e quarto ciclo do ensino fundamental: apresentação dos temas transversais. Brasília: SEF/MEC, 1998B. [4] GUEDES, José Carlos de Souza. Educação Ambiental na escolas de ensino fundamental: Estudo de caso. Olinda, PE. Ed do Autor, 2006. [5] IBGE, Instituto brasileiro e Geografia e estatística. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1>. Acesso em 16 de setembro de 2009. [6] SEABRA, Giovanni de Farias. O turismo sertanejo como alternativa econômica para o semi-árido IN: Pasos, Revista de Turismo y Patrimônio Cultural de la universidad de Ciencias Políticas y Sociales. Volumen 1, número 2, 2003. A. Vista da pedra que dá nome ao sítio histórico. B. A escola localidade a frente a Pedra do Navio. C. Indícios de depredação sobre as pinturas rupestres. D. Extração de granito nas rochas do sítio arqueológico e desmatamento da