Ferida Cirúrgica - Itarget Tecnologia

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Ferida Cirúrgica:
Da contaminação à infecção
Gláucya Dau
Objetivos
Revisar o histórico e fundamentos sobre o
tema
Reforçar, por meio de referências de
literatura, algumas das boas práticas na
prevenção de infecção de sítio cirúrgico
Histórico
Antes da metade do século XIX:
Pacientes cirúrgicos desenvolviam comumente “febre
irritativa”, seguida por drenagem de secreção purulenta,
sepsis e morte.
1860
Após Joseph Lister introduzir os princípios de
antissepsia, a morbidade das infecções reduziu
substancialmente.
Contribuição de Florence e uma equipe de 38 enfermeiras
voluntárias treinadas por ela, em outubro de 1854, na Guerra
da Criméia, na redução do número de mortes por infecção.
Dados e foto wikipédia.org
Ignaz
Semmelweis
Fonte: Fotos Wikipédia
Histórico
“Conforme os dados da OMS as infecções de sítio
cirúrgico são responsáveis por 15% das infecções de
saúde e por 37 % das infecções adquiridas no hospital.
Dois terços das infecções do sitio cirúrgico são incisionais
e um terço confinado ao espaço orgânico.”
OPAS – ANVISA, 2009
De acordo com os dados publicados em 2009 pela
ANVISA, a Infecção de sítio cirúrgico (ISC) já ocupa a terceira
posição em todas as infecções em serviços de saúde no Brasil.
Entre as infecções hospitalares, 15% estão relacionadas com a
ISC e de 100 cirurgias realizadas nos hospitais 11 evoluem com
infecção.
Infecção Multicausal
Ambiente
Material
Paciente
Equipe
Há pelo menos três importantes
determinantes para que a contaminação leve
a infecção do sitio cirúrgico
TAMANHO DO INÓCULO
RESISTÊNCIA DO PACIENTE
VIRULÊNCIA
Fatores de Risco
Características dos Pacientes
Diabetes
Uso de Nicotina
Uso de Esteróis
Estado nutricional
Tempo prolongado de internação
Colonização pré – operatória com Staphilococcus
aureus
Transfusão sanguínea perioperatório
Prevenção e vigilância de infecção do sitio cirúrgico
O Estudo sobre a Eficácia do Controle de Infecções
Nosocomiais (SENIC) mostrou que cerca de 6% das
infecções nosocomiais podem ser impedidas
através de mínima intervenção. Métodos simples que
podem ser usados para limitar o risco incluem:
• avaliação completa de todos os pacientes cirúrgicos na
redução da hospitalização e pré-operatório;
• avaliação e tratamento de infecções metastáticas;
• redução de peso (para pacientes obesos);
• interrupção do uso de tabaco;
• controle da hiperglicemia;
• restauração das defesas do hospedeiro;
• diminuição da contaminação bacteriana endógena;
• uso de métodos apropriados para remoção de pêlos;
• administração apropriada e oportuna de
antimicrobianos profiláticos;
• confirmação da manutenção da esterilidade de
instrumentais e antissepsia correta da pele;
• manutenção de técnica cirúrgica correta e de
minimização do trauma tecidual;
• manutenção de normotermia durante a cirurgia;
• diminuicao do tempo operatório;
• vigilância efetiva da ferida.
Critérios Nacionais de Infecções
relacionadas à assistência à saúde
Gerência Geral de Tecnologia em Serviços de Saúde
Gerência de Investigação e Prevenção das Infecções e dos Eventos
Adversos – ANVISA, 2009
Classificação da Ferida Cirúrgica
Classificação:
Classe I/ Limpa
Classe II/ Limpa Contaminada
Classe III/ Contaminada
Classe IV/ Suja
Mangram, AJ, Horan, TC et al. Guideline for Prevention of Surgical Site Infection,
1999
ISC associada à cuidados com a saúde:
30 dias, se não houver implantes
01 ano na presença de materiais
implantáveis
A Cadeia Infecciosa
Agente Infeccioso
Hospedeiro Suscetível
Reservatório
Porta de entrada
Veículo
Modo de transmissão
Staphylococcus aureus é o micromicro-organismo que
causa com maior frequência infecção de sítio
cirúrgico.
Em 2003, 64,4% das infecções por Staphylococcus
aureus associadas aos cuidados com a saúde
foram por Staphylococcus aureus methicillin
resistentes (MARSA)
Perioperative Standards and Recommended Practices - AORN, 2012
Muitas infecções incisionais resultam de
colonização do local cirúrgico com a flora
do próprio paciente; e a colonização com
Staphilococcus aureus é um fator de risco
conhecido.
Perioperative Standards and Recommended Practices - AORN, 2012
De acordo com o CDC, Infecção
do Sítio Cirúrgico é o evento
adverso mais comum.
National Nosocomial Infections Surveillance CDC System
(NNIS) (agora conhecido como National Safety
Healthcare Network-NHSN)
Fonte: Google
A conscientização quanto ao problema das IHs fez com
que todos os profissionais que diretamente ou indiretamente
assistem aos pacientes se envolvessem no combate a este
mal....E o CME passou a adquirir, com isso, um peso muito
grande neste sentido, na medida em que constitui a mola
mestra para a qualidade das atividades de toda a equipe
de saúde.
Enfermagem em CME -Moura,M.L.P,1999
A limpeza é o passo mais importante
na produção de um dispositivo
médico pronto para uso.
WA Rutala, Disinfection, Sterilization and Antisepsis: Principles, Practices,
Current Issues, New Research and New Technologies, 2010.
7.5 Limpeza
7.5.1 Considerações Gerais
Uma limpeza efetiva é um processo com múltiplos passos que se
baseia em fatores interdependentes:
a qualidade da água,
a concentração e o tipo de detergente ou limpador enzimático,
método de limpeza aceitável,
a lavagem e o enxágue,
a correta preparação dos itens no equipamento de limpeza,
os parâmetros de tempo e temperatura e a capacidade da carga do
equipamento e
a performance do operador.
ANSI/AAMI ST 79:2010/A1:2010/A2:2011
Falha na limpeza = Biofilme maduro
1 – Adesão do microrganismo na superfície
2 – Produção da matriz de exopolissacarídeo
3 – Desenvolvimento da arquitetura inicial do biofilme
4 – arquitetura madura do biofilme
5 – dispersão de microrganismos do biofilme
LASA, I International Microbiology 2006; 9(1):21-28
Citado por Profª Dra. Silma Pinheiro
- Ocorre o aumento cíclico de microrganismos e matéria
orgânica nos componentes difíceis de limpar nos artigos
médico-cirúrgicos reusáveis que tem sido reprocessados
múltiplas vezes
Falha na limpeza
Acúmulo e aumento de microrganismos
Acúmulo e aumento da matéria orgânica
Zhonga, Alfa, Zelenitsky, Howie Simulation of cyclic reprocessing buildup on
reused medical devices. Computers in Biology and Medicine 39 (2009) 568-577
D.1 Considerações Gerais
Verificação do processo de limpeza consiste em
a) Definir os processos de limpeza e os aspectos críticos de modo que
cada etapa seja completamente avaliada pelo pessoal;
Capacitação e observação para garantir que ele pode ser seguido
completamente com precisão e sem variação por todos os indivíduos
que excutam e
b) Fornecer controles de processos, juntamente com metodologias de
validação e verificação que garantam níveis adequados, de limpeza
consistentes.
ANSI/AAMI ST79:2010/A1:2010/A2:2011
O processo envolve muitas partes:
Limpeza e desinfecção
Preparo e Embalagem
Esterilização
Armazenamento e distribuição
Registros
Procedimentos para Recall
Monitorização Físico
Monitorização Químico
Monitorização Biológico
Revisão ao final de cada ciclo
Liberar cargas com resultado final do IB
Montagem adequada de um pacote teste desafio
Monitorar toda carga contendo implantes com
Indicadores Biológicos e integrador químico
(classe 5)
Registro
ANSI/AAMI ST79:2010/A1:2010/A2:2011
“A segurança do paciente pode ser prejudicada pelo
implante de um dispositivo não esterilizado. A
esterilização de implantáveis deve ser rigidamente
monitorada e toda carga contendo implantes deve ser
colocada em quarentena até que se comprove que o
teste do IB apresente resultados negativos”.
AAMI ST 79: 2010/A1:2010/A2:2011
Fonte: Google
Banho PréPré- Operatório
Dois tipos de Flora:
Residente
Transitória
O banho com antianti-séptico no pré
pré--operatório diminui contagem
de colônias microbianas na pele.
Produtos contendo gluconato de clorhexidina exigem várias
aplicações para atingir benefícios antimicrobianos máximos,
assim banhos repetidos com soluções antissépticas são
normalmente indicados.
Projeto Diretrizes
Sociedade Brasileira de Infectologia - 2001
Banho pré-operatório deve ser realizado
na noite anterior à operação. O banho deve ser
feito com água e detergente (sabão). O uso de
antissépticos não é consensual, e deve ser
reservado para cirurgias de grande porte,
implante de próteses, ou em situações específicas
como surtos.
Pontos:
O objetivo do preparo da pele é a limpeza;
Ainda não existe um consenso sobre o
banho prépré- operatório;
A solução mais utilizada é a de Clorhexidina.
Tricotomia
O Center for Disease Control (CDC), recomenda evitar a
tricotomia e, se necessário, efetuar com tricotomizador elétrico,
o mais próximo possível da intervenção cirúrgica - Cat IA
O SEGUNDO DESAFIO GLOBAL PARA A SEGURANCA DO PACIENTE:
CIRURGIAS SEGURAS SALVAM VIDAS
Recomenda que os pêlos não devem ser
removidos a não ser que interfiram na cirurgia.
Se for removido, ele deve ser tricotomizado
menos de duas horas antes da cirurgia, com
tricotomizador elétrico.
A Association for Perioperative Registered
Nurses (AORN)
“Se a remoção de pêlos for necessária deve-se
utilizar se possível, um tricotomizador elétrico ou a
bateria. O pêlo não deve ser removido do sítio
cirúrgico utilizando lâmina de barbear. Raspar o pelo
aumenta o risco de infecção de sítio cirúrgico.”
Projeto Diretrizes
Sociedade Brasileira de Infectologia - 2001
Se realizar tricotomia, fazê-lo imediatamente
antes da cirurgia e, preferencialmente,
com aparelho elétrico. Tricotomia realizada na
noite anterior à operação pode elevar
significativamente o risco de infecção.
Preferencialmente, esta deve ser realizada por
profissional treinado, dentro do ambiente do
centro cirúrgico.
Remoção de pêlos no pré-operatório:
Promovendo resultados positivos
Implementar "Não Shave Zone"
cartazes por todo o hospital
Padronizar a documentação técnica de
remoção de pêlos no registro prépréoperatório para incluir "qualquer
depilação, clipper, depilatório,"
eliminando a opção navalha / barbeador
Educar os pacientes para não raspar o
local da cirurgia, antes da cirurgia ou
desenvolver materiais educativos para
o paciente sobre remoção de pêlos
adequada.
Pontos:
Realizar tricotomia, somente se houver
necessidade;
Região corporal mínima
Máximo 2 horas antes da cirurgia
Não realizar a raspagem de pêlos
Realizar por meio de tricotomia, mantendo a
integridade da pele.
Preparação de mãos e antebraços
(equipe cirúrgica)
Utilização de PVPI ou Clorhexidina;
Clorhexidina;
Escovação de pelo menos 33-5 minutos, de
acordo com a técnica.
Preparo da pele (paciente)
Agentes mais comuns:
Iodóforos
Clorhexidina
Álcool
Aplicar antisséptico na preparação da pele
em círculos concêntricos movendo do
centro para a periferia. O preparo da área
deve ser grande o bastante para, se
necessário, estender a incisão ou criar
novas incisões ou colocação de drenos.
Categoria II
“Não existe um agente ideal para todas as
situações”.
Pergunta:
Resposta:
Qual a solução
correta para o
preparo prépréoperatório da
pele?
Esta não é a pergunta
correta…
A pergunta correta é mais
complicada que esta.
Procedimentos não são iguais.
As infecções também não.
Dr. Brian Swenson, 2012
A área a ser preparada deve ser ampla o
bastante, caso necessite colocar drenos;
Fique atento para que o antisséptico não
escorra, permitindo riscos ao paciente;
Deixar secar antes da colocação dos
campos;
Verificar áreas que possam acumular
solução antisséptica
Cuidados com a Ferida
Gaze estéril e cobertura;
Manter por 24 à 48 horas;
Manutenção temperatura corporal
Tensão de oxigênio e temperatura no período
perioperatório:
Todas as feridas cirúrgicas contém pelo menos algumas
bactérias ao final do procedimento. O equilíbrio entre o
numero e a virulência das bactérias e a resistência das
defesas do hospedeiro determina se a infecção do sitio
cirúrgico ocorrerá. Uma das defesas chave do hospedeiro é
a ação dos leucócitos na ferida. As células brancas usam
oxigênio para destruir bactérias e vários estudos in vitro e
em experimentos em animais mostraram a importância da
tensão de oxigênio no apoio a este processo.
O SEGUNDO DESAFIO GLOBAL PARA A SEGURANCA DO PACIENTE:
CIRURGIAS SEGURAS SALVAM VIDAS
Estudos subsequentes de pacientes em
pós-operatório mostraram que o risco para
infecção do sitio cirúrgico foi associado a
tensão de oxigênio subcutâneo na ferida.
O aquecimento do tecido melhora a
perfusão e a tensão de oxigênio tecidual.
O SEGUNDO DESAFIO GLOBAL PARA A SEGURANCA DO PACIENTE:
CIRURGIAS SEGURAS SALVAM VIDAS
Um estudo multicêntrico na Europa entre
pacientes que tinham se submetido a colectomia
mostrou que a manutenção da normotermia
durante a operação, reduziu a taxa de infecção,
enquanto um estudo sobre cirurgias de pequeno
porte (nas mamas, hérnias e veias varicosas) no
Reino Unido mostrou taxa de infecção mais
baixa quando os pacientes foram aquecidos antes
da cirurgia.
O SEGUNDO DESAFIO GLOBAL PARA A SEGURANCA DO PACIENTE:
CIRURGIAS SEGURAS SALVAM VIDAS
Avanços nas práticas do controle de infecções inclui a
implementação de ventilação na sala de cirurgia, métodos de
esterilização, barreiras, técnica cirúrgica, e disponibilidade
de profilaxia antimicrobiana
Como seu sistema é projetado?
Todo sistema é perfeitamente
desenhado para conseguir resultados
atingidos consistentemente.
Donald M. Berwick, MD, MPP, FRCP, Presidente e CEO, Institute for
Healthcare Improvement (IHI)
O protocolo deve ser a transparência
da sua realidade e ambos devem ser
fortemente baseados em evidências.
Baseados em Evidências Científicas
JC Standard IC.02.02.01
(Rev.)
Orientação, treinamento e competência
dos trabalhadores;
Processos, equipamentos, qualidade no
monitoramento;
The Joint Commission Perspectives. October
2009 Vol 29 (10)
QUALIDADE ASSISTENCIAL
É o resultado da:
● Qualidade Técnico-Científica, demonstrada
pela capacidade para resolver o problema da
saúde.
● Qualidade Percebida, conseguida por meio do
serviço proporcionado.
M.A. Asenjo, L. Bohigas. 2002
Fonte: Google
PREVENÇÃO
Muito Obrigada!
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