universidade federal do tocantins campus universitário de

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE GURUPI
MESTRADO EM PRODUÇÃO VEGETAL
REJEITOS DE ROCHAS FOSFÁTICAS NO DESENVOLVIMENTO E NO TEOR DE
NUTRIENTES EM Brachiaria brizantha
GURUPI-TO
JULHO DE 2012
UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE GURUPI
MESTRADO EM PRODUÇÃO VEGETAL
REJEITOS DE ROCHAS FOSFÁTICAS NO DESENVOLVIMENTO E NO TEOR DE
NUTRIENTES EM Brachiaria brizantha
Luíz Paulo Figueredo Benício
Dissertação apresentada à Universidade
Federal do Tocantins – UFT, Campus
universitário de Gurupi, como parte das
exigências para a obtenção do título de
Mestre em Produção Vegetal.
GURUPI-TO
JULHO DE 2012
Trabalho realizado junto ao programa de Mestrado em Produção Vegetal, Universidade
Federal do Tocantins, Campus Universitário de Gurupi, sob orientação do Profº Dr. Saulo de
Oliveira Lima.
.
Banca examinadora:
_________________________________
Dr. Saulo de Oliveira Lima
Universidade Federal do Tocantins
(Orientador)
________________________________
Dr. Leonardo Santos Collier
Universidade Federal de Goiás
(Avaliador)
___________________________________
Dr. Aurélio Vaz de Melo
Universidade Federal do Tocantins
(Avaliador)
_________________________________
Drª. Joedna Silva
PNPD - CAPES
(Avaliadora)
ii
À DEUS, por todas as conquistas que Ele me proporcionou;
Ofereço
À minha querida mãe Elizabeth
Figueredo, ao meu irmão Paulo Henrique
Zanotelli e à minha avó Cecília Marengão,
que sempre me apoiaram e me
proporcionaram grandes exemplos de
vida.
Dedico
iii
AGRADECIMENTOS
O que Deus faz por nós, esta além do que podemos ver, sendo assim a cada suspiro
que dou agradeço a Ele... o Dono de todas as coisas!
À minha mãe Elizabeth “Beth” que sempre batalhou para me dar o melhor, sempre me
incentivou a lutar e buscar meus objetivos, e também me ensinou a nunca desistir dos meus
sonhos e batalhar por eles.
Ao meu tio Valcimar Figueiredo que sempre esteve ao meu lado ao longo destes anos
me incentivando e aconselhando.
Ao meu irmão Paulo Henrique, que mesmo distante, sempre me apoiou.
À minha avó Cecília, e minhas tias Maria e Olinda, que nunca deixaram de me ajudar
e apoiar quando precisei.
À minha namorada Daniella Lima que sempre esteve comigo nas horas boas e ruins,
me apoiando e compreendendo os momentos de ausência.
Aos meus amigos de república Humberto Frizzera e Júnior Fernandes, onde
partilhamos momentos de dificuldades, mas sempre superamos com humildade, alegria e bom
humor, com estes dois companheiros passei bons momentos.
Ao meu orientador Saulo de Oliveira Lima, mais que um orientador um amigo, que
sempre esteve disponível para me ajudar ao máximo.
Aos colegas de turma Vinicius Oliveira, Ariádila Gonçalves, André Henrique, e aos
professores Aloísio Chagas, Flávio Afférri que sempre estiveram prontos para ajudar.
E, aos Técnicos do Labsolo Marco Aurélio, Mª Aparecida Sugai, Damiana Silva e
Tulio Deusdará, grandes companheiros que me auxiliaram no desenvolvimento deste trabalho,
e que sem a ajuda deles dificilmente teria conseguido concluir.
iv
ÍNDICE
Pág.
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
INTRODUÇÃO ...............................................................................................................
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................................
vi
viii
01
02
CAPÍTULO 1: Doses de rejeito de rocha fosfática no desenvolvimento do capim
Piatã na ausência e presença de calagem. .....................................................................
03
RESUMO .........................................................................................................................
ABSTRACT .....................................................................................................................
INTRODUÇÃO ...............................................................................................................
MATEIRAL E MÉTODOS ..........................................................................................
RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................
CONCLUSÕES ...............................................................................................................
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................................
04
05
06
07
09
20
21
CAPÍTULO 2: Efeito do rejeito de rocha fosfática em componentes nutricionais
de capim Piatã. ................................................................................................................
25
RESUMO .........................................................................................................................
ABSTRACT .....................................................................................................................
INTRODUÇÃO ...............................................................................................................
MATERIAL E MÉTODOS ..........................................................................................
RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................
CONCLUSÕES ...............................................................................................................
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................................
26
27
28
29
31
40
40
CAPÍTULO 3: Eficiência agronômica de fontes de fósforo no estabelecimento de
capim Marandu. ..............................................................................................................
44
RESUMO .........................................................................................................................
ABSTRACT .....................................................................................................................
INTRODUÇÃO ...............................................................................................................
MATERIAL E MÉTODOS ..........................................................................................
RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................
CONCLUSÕES ...............................................................................................................
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................................
45
46
47
49
51
64
64
CONSIDERAÇÕES FINAIS .........................................................................................
69
v
LISTA DE FIGURAS
Pág.
Capítulo1
Figura 1 - Temperatura e Umidade Relativa do ar de Março de 2011 a Março de 2012
08
Figura 2 a – Número de perfilhos de capim Piatã em seis cortes, em função de doses P
aplicadas em forma de rejeito de rocha fosfática com calagem, em Gurupi – TO, 2012
10
Figura 2 b – Número de perfilhos de capim Piatã em seis cortes, em função de doses P
aplicadas em forma de rejeito de rocha fosfática sem calagem, em Gurupi – TO, 2012
10
Figura 3- Representação gráfica e equações de regressão do número de perfilhos com
e sem calagem de capim Piatã em função dos dias ...........................................................
12
Figura 4a – Altura de capim Piatã em seis cortes, em função de doses P aplicadas em
forma de rejeito de rocha fosfática com calagem, em Gurupi – TO, 2012 .......................
13
Figura 4b – Altura de capim Piatã em seis cortes, em função de doses P aplicadas em
forma de rejeito de rocha fosfática sem calagem, em Gurupi – TO, 2012 .......................
13
Figura 5- Representação gráfica e equações de regressão da altura com e sem calagem
de capim Piatã em função dos dias ...................................................................................
14
Figura 6a – Massa seca de capim Piatã em seis cortes, em função de doses P aplicadas
em forma de rejeito de rocha fosfática com calagem, em Gurupi – TO, 2012 .................
15
Figura 6b – Massa seca de capim Piatã em seis cortes, em função de doses P aplicadas
em forma de rejeito de rocha fosfática sem calagem, em Gurupi – TO, 2012 .................
15
Figura 7- Representação gráfica e equações de regressão da massa seca com e sem
calagem de capim Piatã em função dos dias .....................................................................
17
Figura 8a – Relação folha/colmo de capim Piatã em seis cortes, em função de doses P
aplicadas em forma de rejeito de rocha fosfática com calagem, em Gurupi – TO, 2012
18
Figura 8b – Relação folha/colmo de capim Piatã em seis cortes, em função de doses P
aplicadas em forma de rejeito de rocha fosfática sem calagem, em Gurupi – TO, 2012
18
Figura 9- Representação gráfica e equações de regressão da massa seca com e sem
calagem de capim Piatã em função dos dias .....................................................................
20
Capítulo 2
Figura 1 a – Teor de P na parte aérea de capim piatã em seis cortes, em função de
doses P aplicadas em forma de rejeito de rocha fosfática com calagem, em Gurupi –
TO, 2012 ...........................................................................................................................
31
Figura 1 b – Teor de P na parte aérea de capim piatã em seis cortes, em função de
doses P aplicadas em forma de rejeito de rocha fosfática sem calagem, em Gurupi TO, 2012 ...........................................................................................................................
31
vi
Continuação Lista de Figuras
Pág.
Figura 2- Representação gráfica e equações de regressão do teor de P na parte aérea de
capim Piatã com e sem calagem em função dos dias .......................................................
33
Figura 3 a – Teor de K na parte aérea de capim piatã em seis cortes, em função de
doses P aplicadas em forma de rejeito de rocha fosfática com calagem, em Gurupi –
TO, 2012 ...........................................................................................................................
34
Figura 3 b – Teor de K na parte aérea de capim piatã em seis cortes, em função de
doses P aplicadas em forma de rejeito de rocha fosfática sem calagem, em Gurupi –
TO, 2012 ...........................................................................................................................
Figura 4- Representação gráfica e equações de regressão do teor de K na parte aérea
de capim Piatã com e sem calagem em função dos dias ...................................................
Figura 5 a – Teor de PB na parte aérea de capim piatã em seis cortes, em função de
doses P aplicadas em forma de rejeito de rocha fosfática com calagem, em Gurupi –
TO, 2012 ...........................................................................................................................
Figura 5 b – Teor de K na parte aérea de capim piatã em seis cortes, em função de
doses P aplicadas em forma de rejeito de rocha fosfática sem calagem, em Gurupi –
TO, 2012 ...........................................................................................................................
Figura 6 - Representação gráfica e equações de regressão do teor de PB na parte aérea
de capim Piatã com e sem calagem em função dos dias ...................................................
34
36
37
37
39
Capítulo 3
Figura 1 - Temperatura e Umidade Relativa do ar de Outubro de 2011 a Março de
2012 em Gurupi-TO ..........................................................................................................
50
vii
LISTA DE TABELAS
Pág.
Capítulo 1
Tabela 1- Análise Química e Textural do solo utilizado no experimento ........................
07
Tabela 2 - – Equações de regressão e coeficientes de determinação do número de
perfilhos de capim Piatã, em função de doses de P aplicadas sob a forma de rejeito de
rocha fosfática com e sem calagem, em seis cortes aos 75, 115, 155, 195, 235 e 275
dias após a semeadura, Gurupi-TO, 2012 .........................................................................
10
Tabela 3 - Equações de regressão e coeficientes de determinação da altura de capim
Piatã, em função de doses de P aplicadas sob a forma de rejeito de rocha fosfática com
e sem calagem, em seis cortes aos 75, 115, 155, 195, 235 e 275 dias após a semeadura,
Gurupi-TO, 2012 ..............................................................................................................
13
Tabela 4 Equações de regressão e coeficientes de determinação da massa seca de
capim Piatã, em função de doses de P aplicadas sob a forma de rejeito de rocha
fosfática com e sem calagem, em seis cortes aos 75, 115, 155, 195, 235 e 275 dias após
a semeadura, Gurupi-TO, 2012 .........................................................................................
16
Tabela 5 – Equações de regressão e coeficientes de determinação da relação
folha/colmo de capim Piatã, em função de doses de P aplicadas sob a forma de rejeito
de rocha fosfática com e sem calagem, em seis cortes aos 75, 115, 155, 195, 235 e 275
dias após a semeadura, Gurupi-TO, 2012 .........................................................................
18
Capítulo 2
Tabela 1 - Análise Química e Textural do solo utilizado no experimento .......................
29
Tabela 2 – Equações de regressão e coeficientes de determinação do teor de P na parte
aérea de capim piatã, em função de doses de P aplicadas sob a forma de rejeito de
rocha fosfática com e sem calagem, em seis cortes aos 75, 115, 155, 195, 235 e 275
dias após a semeadura, Gurupi-TO, 2012 .........................................................................
31
Tabela 3 – Equações de regressão e coeficientes de determinação do teor de K na parte
aérea de capim piatã, em função de doses de P aplicadas sob a forma de rejeito de
rocha fosfática com e sem calagem, em seis cortes aos 75, 115, 155, 195, 235 e 275
dias após a semeadura, Gurupi-TO, 2012 .........................................................................
35
Tabela 4 – Equações de regressão e coeficientes de determinação do teor de PB na
parte aérea de capim piatã, em função de doses de P aplicadas sob a forma de rejeito de
rocha fosfática com e sem calagem, em seis cortes aos 75, 115, 155, 195, 235 e 275
dias após a semeadura, Gurupi-TO, 2012 .........................................................................
Capítulo 3
38
Tabela 1 - Altura em (cm) de capim Marandu sob doses e fontes de P, em três cortes ..
51
Tabela 2 - Número de perfilhos em capim Marandu sob doses e fontes de P, em três
cortes .................................................................................................................................
53
viii
Continuação Lista de Tabelas
Pág.
Tabela 3 - Massa seca em g/vaso capim Marandu sob doses e fontes de P, em três
cortes .................................................................................................................................
54
Tabela 4 - Teor de P (g kg-¹) na parte aérea de capim Marandu sob doses e fontes de
P, em três cortes ................................................................................................................
56
Tabela 5 - Teor de K (g kg-¹) na parte aérea de capim Marandu sob doses e fontes de
P, em três cortes ................................................................................................................
59
Tabela 6 - Teor de PB (%) na parte aérea de capim Marandu sob doses e fontes de P,
em três cortes ....................................................................................................................
60
Tabela 7 – Indicie de Eficiência Agronômica (IEA%) dos adubos fosfatados
Superfosfato Simples (SFS), Termofosfato de Yorin (TFY), Fosagro (FPA) e Rejeito
de Rocha Fosfática (RRF) .................................................................................................
62
ix
INTRODUÇÃO
As forrageiras constituem frequentemente a principal fonte de nutrientes para os
bovinos e, às vezes, é o único alimento oferecido. De todos os nutrientes necessários as
exigências nutricionais para mantença, crescimento e produção dos bovinos, a energia
constitui a principal contribuição das gramíneas forrageiras.
No período de 1995 a 2006, o rebanho brasileiro subiu de 153,1 para 171,6 milhões de
cabeças, e neste mesmo período a área coberta por pastagens decresceu saindo de 177,7 para
162,9 milhões de hectares (IBGE, 2006).
A má formação das pastagens é um dos grandes problemas da pecuária brasileira.
Cerca de 90% das áreas de pastagens cultivadas no País, compostas em sua maioria por
gramíneas do gênero Brachiaria, ainda são formadas de maneira incorreta, acarretando baixa
produtividade e prejuízo para o produtor (Kichel et al., 2004). Esta má formação juntamente
com a falta de manejo, faz com que se inicie um processo de degradação da pastagem, dando
início a uma sucessão secundária onde ocorre o surgimento de espécies herbáceas, arbustivas
lenhosas que são gradativamente adicionadas ao sistema, ocasionando a redução da
produtividade e às vezes o abandono da área (Guariguata & Ostertag, 2001), isso vem a
explicar essa diminuição na área das pastagens brasileiras.
No Brasil a instalação de pastagens em sua maioria, ainda ocorre de forma primitiva,
através da conversão de florestas primárias em pastagens cultivadas, essa instalação se dá
através da derrubada das árvores, posteriormente ocorre sua queima, daí ocorre a semeadura
da forrageira. Os nutrientes que sustentam a pastagem são única e exclusivamente oriundos
dos resíduos das florestas primárias. E com o passar dos anos ocorre o esgotamento dos
mesmos, não havendo reposição por parte dos produtores, iniciando-se assim um processo de
degradação da pastagem.
A redução da fertilidade do solo, em razão de nutrientes perdidos no processo
produtivo, na constituição do corpo dos animais, na erosão, na lixiviação e volatilização, na
fixação em argila e matéria orgânica e nos acúmulos de malhadores estão entre as principais
causas da degradação das pastagens no Brasil (Peron & Evangelista, 2004).
Considerando que o fósforo desempenha importante papel no desenvolvimento
radicular e no perfilhamento das gramíneas, a sua deficiência passa a limitar a capacidade
produtiva das pastagens. Um dos maiores problemas no estabelecimento e na manutenção de
pastagens nos LATOSSOLOS brasileiros reside nos níveis extremamente baixos
1
de fósforo disponível. Além da grande deficiência desse elemento em nossos solos, acrescente
a alta capacidade de adsorção do fósforo em consequência da acidez e altos teores de óxidos
de ferro e de alumínio (Macedo, 2004). Nessa situação, a adubação fosfatada é fundamental,
independente do sistema de exploração, seja extensivo ou intensivo, para que esse elemento
não seja limitante na resposta da planta forrageira.
O requerimento de grandes quantidades de fosfatos na correção da fertilidade da
maioria dos solos brasileiros, e a ausência de reservas abundantes de rochas fosfatadas de boa
qualidade no País, associados ao elevado custo dos fertilizantes, justificam estudos para
otimizar a eficiência no uso de adubos fosfatados. A grande variação na solubilidade dos
fosfatos, seja ele natural, ou industrializado, a interação do fertilizante com os componentes
do solo, a forma de utilização, e as características da planta cultivada, são fatores que
reforçam ainda mais a necessidade de estudos voltados para adubação fosfatada.
A produção de fertilizantes fosfatados gera uma grande quantidade de resíduos que
contém quantidades consideráveis de P, porém estes resíduos não são aproveitados, o que gera
uma grande preocupação ambiental devido ao volume de rejeitos, e a má utilização dos
recursos naturais. Alguns estudos vem sendo desenvolvidos no sentido de buscar formas de
utilização destes rejeitos como fonte de nutrientes para agropecuária.
Diante dos fatos expostos, este trabalho traz como proposta, a utilização de diferentes
fontes de P, para o estabelecimento de pastagens com capim Brachiaria brizantha, e avaliar
qual fonte é mais eficiente para produção de forragem.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GUARIGUATA, M.R. & OSTERTAG, R. Neotropical secondary forest succession: changes
in structural and functional characteristics. Forest Ecology and Management n.148, p.185206. 2001.
IBGE. Censo Agropecuário 2006 - Resultados preliminares. Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística - IBGE, Rio de Janeiro, p.1-141.
KICHEL, A. N.; MIRANDA, C. H. B.; ZIMMER, A. H. Degradação de pastagens e
produção de bovinos de corte com a integração agricultura x pecuária. In: I Simpósio de
Produção de Gado de corte. Viçosa, p 201-234. 2004.
PERON, A. J.; EVANGELISTA, A. R.; Degradação de pastagens em regiões de cerrado.
Ciência e agrotecnologia, v. 28, n. 3, p. 655-661, 2004.
2
CAPÍTULO 1
DOSES DE REJEITO DE ROCHA FOSFÁTICA NO DESENVOLVIMENTO DO
CAPIM PIATÃ NA AUSÊNCIA E PRESENÇA DE CALAGEM
3
RESUMO
Um dos grandes problemas no estabelecimento e manutenção de pastagens nos solos de
Cerrado são os níveis extremamente baixos de fósforo disponível. Além da deficiência do
elemento a alta capacidade de retenção de P em função da acidez. Isso faz com que a
adubação fosfatada seja fundamental para que este elemento não seja um fator limitante,
independente do sistema, seja ele intensivo ou extensivo. A elevada demanda de fertilizantes
fosfatados, aliado aos elevados preços de mercado, justifica o estudo de novas fontes de P que
sejam baratas e apresentem eficiência. Os rejeitos de rochas utilizadas para fabricação de
adubos fosfatados podem ser uma boa alternativa, pois os mesmos apresentam quantidades
consideráveis de P. Este trabalho teve por objetivo avaliar o efeito de doses rejeito de rocha
fosfática como fonte de P em características morfológicas e produção de Brachiaria brizantha
cv. Piatã. O trabalho foi desenvolvido em casa de vegetação na Universidade Federal do
Tocantins campus de Gurupi. Foi utilizado o delineamento inteiramente ao acaso no esquema
fatorial 5x2 com quatro repetições, cinco doses na presença e na ausência de calagem. As
características analisadas foram altura, massa verde, massa seca, número de perfilhos e
relação folha/colmo. Foram realizados seis cortes aos 75, 115, 155, 195, 235 e 275 dias após a
semeadura. As plantas obtiveram respostas positivas à aplicação do rejeito de rocha fosfática
como fonte de P, este promoveu incrementos significativos na altura, perfilhamento, produção
de massa verde e seca e relação folha/colmo, quando comparado à testemunha, podendo ser
uma alternativa para adubação fosfatada.
Palavras-chave: Adubação fosfatada, Brachiaria brizantha, estabelecimento de pastagens,
forrageira, perfilhamento.
4
Levels of phosphate rock tailings in the development of grass Piatã in the absence and
presence of lime
ABSTRACT
A major problem in establishing and maintaining pastures in Cerrado soils are extremely low
levels of available phosphorus. In addition to the failure element to high retention capacity P
as a function of acidity. This makes the phosphorus is essential for this element is not a
limiting factor, regardless of the system, whether intensive or extensive. The high demand for
phosphate fertilizers, coupled with high market prices, the study justifies new sources of P
which are inexpensive and provide efficiency. The waste rock used for the manufacture of
phosphate fertilizers can be a good alternative, as they have considerable amounts of P. This
study aimed to evaluate the effect of doses of phosphate rock tailings as a source of P in the
morphological characteristics and production of Brachiaria brizantha cv. Piata. The study was
conducted in a greenhouse at the University of Tocantins Gurupi campus. We used a
completely randomized design in a 5x2 factorial arrangement with four replications, five
doses in the presence and absence of liming. The characteristics analyzed were: height, fresh
mass, dry mass, number of tillers and grating leaf / stem. There were six sections at 75, 115,
155, 195, 235 and 275 days after sowing. The plants had positive responses to the application
of phosphate rock tailings as a source of P, this significant increments in time, tiller number,
shoot weight and dry weight and leaf / stem ratio, when compared to control and may be an
alternative to phosphorus fertilization.
Keywords: Phosphorus fertilization, Brachiaria brizantha, pasture establishment, forage,
tillering.
5
INTRODUÇÃO
Nas regiões de Cerrado predominam solos com boas características físicas e baixa
fertilidade natural. As pastagens cultivadas em sua grande maioria são do gênero Brachiaria,
devido a sua boa adaptação as características climáticas. A exploração intensiva juntamente
com pouca ou nenhuma adubação no estabelecimento faz com que as forrageiras tenham
pouca persistência.
Um dos maiores problemas no estabelecimento e na manutenção de pastagens nos
LATOSSOLOS brasileiros reside nos níveis extremamente baixos de fósforo disponível. Além
da grande deficiência desse elemento em nossos solos, acrescente a alta capacidade de
adsorção do fósforo em consequência da acidez e altos teores de óxidos de ferro e de alumínio
(Guedes et al., 2009). Nessa situação, a adubação fosfatada é fundamental, independente do
sistema de exploração, seja extensivo ou intensivo, para que esse elemento não seja limitante
na resposta da planta forrageira.
Segundo Novais & Smyth (1999) os níveis críticos no solo e na planta diminuem com
a idade da mesma, sendo as variações mais acentuadas em plantas perenes como as
forrageiras. Por estes motivos é essencial estabelecer os níveis críticos de fósforo para cada
estádio de crescimento da planta. Esse conhecimento é imprescindível ao manejo da
adubação, seja no plantio ou na manutenção, com vistas em suprir a demanda das plantas ao
longo do seu ciclo e favorecer a sustentabilidade da produção.
O requerimento de grandes quantidades de fosfatos na correção da fertilidade dos
solos brasileiros, e a ausência de reservas abundantes de rochas fosfatadas de boa qualidade
no País, associados ao elevado custo dos fertilizantes, justificam estudos para aperfeiçoar a
eficiência no uso de adubos fosfatados (Resende et al., 2006). A produção de fertilizantes
fosfatados gera grandes quantidades de rejeito (pó de rocha) com quantidades consideráveis
de P, a utilização destes rejeitos na agropecuária pode ser uma das soluções para este
problema (Oba, 2004). A utilização de pós de rochas como produto alternativo na fertilização
de solos tem sido relatada há várias décadas, com o intuito de reduzir o custo de produção das
culturas pelo uso de adubos minerais (Madeley, 1999). Os pós de rocha apresentam como
características a composição multielementar e a capacidade de solubilização lenta, que são
apropriadas para a utilização em sistemas de produção alternativos, principalmente em solos
tropicais degradados (Van Straaten, 2006), com respostas positivas em culturas anuais,
cultivos florestais e pastagens (Leonardos et al., 1987).
6
Ribeiro et al. (2009) utilizando resíduos de rochas ornamentais em café, notou que a
utilização de resíduos de rochas promoveu aumento na produção de matéria seca (MS) e dos
teores de Ca e Mg no solo e na planta.
Em trabalho realizado por Silverol & Machado Filho (2007) estudando a utilização de
pó de granito para a fertilização de solos, observaram que nos tratamentos que tinham
quantidades significativas de pó de rocha, as plantas de milho desenvolveram adequadamente
em comparação com a testemunha. Embora esse resultado seja inferior ao tratamento
químico, altamente solúvel, evidencia a importância a longo prazo na melhoria da fertilidade
de solos que apresentam sinais de degradação, especialmente das pastagens.
Diante disto objetivou-se com este trabalho avaliar o efeito de rejeito de rocha
fosfática como fonte de P em características morfológicas e produção de Brachiaria brizantha
cv. Piatã na presença e ausência de calagem.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado em casa de vegetação localizada na Estação Experimental
da Universidade Federal do Tocantins, Campus de Gurupi, com a forrageira Brachiaria
brizantha cultivar BRS Piatã, de 22 de março de 2011 a 02 de janeiro de 2012.
O experimento foi conduzido em vasos de polietileno com capacidade de 21,2 L, os
vasos foram preenchidos com terra coletada a 150 cm de profundidade em um LATOSSOLO
VERMELHO AMARELO, cujas características químicas e textural encontram-se na (Tabela
1).
Tabela 1 - Análise Química e Textural do solo utilizado no experimento
Ca
Mg
Al
H+Al
CTC(T)¹
CTC(t)²
SB ³
----------------------------------------- cmol dm-³ --------------------------------------
V4
%
P
K
------ mg dm-³ -----
0,16
0,045
1,76
2,68
0,96
0,92 34,18
0,3
38,48
0,66
-------- pH ------ Mat. Org ----------------------- Textura g kg-¹ -------------------------------CaCl
H 2O
g dm-³
5,82
6,71
5,5
Areia
Argila
Silte
470,08
330,94
198,98
4
¹CTC total; ²CTC efetiva; ³Soma de bases; Saturação de bases
Foram testadas diferentes doses de fósforo (P) no desenvolvimento da forrageira. As
doses de P utilizadas foram obtidas conforme as recomendações (Vilela et al., 2007) adaptado,
a partir dos resultados obtidos na análise de solo. As doses corresponderam 0; 112,5; 225;
7
337,5 e 450 mg dm-³ de P2O5 respectivamente. Como fonte de P para as plantas foi utilizado
rejeito de rocha fosfática, contendo 8% de P2O5 total, 11,3% de CaO e 4,68% de Fe2O3,
oriundo da região de Luís Eduardo Magalhães - BA.
Os vasos foram distribuídos segundo o delineamento inteiramente casualisado (DIC)
no esquema fatorial 5x2 com quatro repetições totalizando 40 vasos. O primeiro fator do
delineamento foi às doses de P, e o segundo fator foi a ausência e a presença de calagem. O
cálculo de calagem foi realizado de acordo com a análise de solo, através do método da
saturação por bases descrito por (CFSEMG, 1999), visando elevar a saturação para 50%,
assim obteve-se a dose de calagem correspondente a 1 tonelada por hectare, considerando
96% de PRNT.
A semeadura foi realizada no dia 22 de março de 2011, quando foram colocadas 15
sementes por vaso e após a germinação foram realizados desbastes deixando cinco plantas por
vaso. O nitrogênio e o potássio foram fornecidos em cobertura, totalizando 150 mg dm-³ de N
e K, recomendação esta adaptada de Vilela et al., (2007), sendo esta dose parcelada em seis
aplicações de 25 mg dm-³. A primeira cobertura foi realizada aos 20 dias quando as plantas
começaram a apresentar sintomas de deficiência e as demais coberturas foram feitas cinco
dias após cada corte até o quinto corte utilizando como fontes sulfato de amônio e cloreto de
potássio.
A irrigação foi realizada adotando-se um turno de rega de dois dias, onde se aplicou
1650 ml de água em cada vaso, quantidade suficiente para deixar o solo saturado. Os dados de
umidade relativa do ar e temperatura no período em que o experimento foi conduzido
26
24
Meses
Temperatura ºC
MARÇO
FEVEREIRO
JANEIRO
DEZEMBRO
NOVEMBRO
OUTUBRO
SETEMBRO
AGOSTO
JULHO
JUNHO
MAIO
20
ABRIL
22
MARÇO
Temperatura ºC
28
100
80
60
40
20
0
UR (%)
encontram-se na Figura 1.
UR(%)
Figura 1 - Temperatura e Umidade Relativa do ar de Março de 2011 a Março de 2012.
8
Foram realizadas seis avaliações (cortes), onde a primeira ocorreu quando as plantas
apresentaram biomassa suficiente. Após cada corte eram esperados 40 dias para rebrota da
planta para ser realizado um novo corte. Os cortes ocorreram aos 75, 115, 155, 195, 235 e 275
dias após a semeadura (DAS) e as características analisadas foram: massa seca do capim
(MSC) em g/vaso, altura das plantas (AP) em centímetros, número de perfilhos/vaso (PERF)
e relação folha/colmo (F/C).
Para determinação do PERF, foram contados os perfilhos vivos em cada vaso. A altura
foi determinada medindo as plantas com uma fita métrica do coleto até o ápice das folhas. As
plantas foram cortadas a uma altura de 20 cm, sendo após o corte separados folhas e colmos
para pesagem, obtendo a relação F/C pelo peso das folhas dividido pelo peso dos colmos.
Após a determinação da relação F/C as plantas foram acondicionadas em sacos de papel e
colocadas em estufa com circulação de ar a 55 ºC por 96 horas e após a secagem as plantas
foram pesadas para determinação da MSC.
Os dados obtidos foram submetidos à análise de regressão, sendo utilizado o teste t
para verificação dos coeficientes angulares (β). O software utilizado para análise estatística
foi o SISVAR 5.3 (Ferreira, 2008).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nos três primeiros cortes realizados aos 75, 115 e 155 dias após a semeadura (DAS), e
no quinto corte aos 235 DAS o número de perfilhos (PERF) do capim Piatã em função da
dose de rejeito de rocha apresentou comportamento linear positivo tanto para os tratamentos
com calagem, quanto para os que não receberam calagem, sendo observada significância
(p<0,01) quanto ao β e ao coeficiente de determinação r² da regressão (Figura 2a, Figura 2b e
Tabela 2).
No quarto corte realizado aos 195 DAS, o PERF teve comportamento quadrático, para
os tratamentos com e sem calagem (Tabela 2), tendo significância (p<0,01) para os
coeficientes β da equação, e também para os coeficientes de determinação R². Nos
tratamentos com calagem a melhor dose foi estimada em 402,23 mg dm -3 de P2O5,
correspondendo a produção de 38 perfilhos. Nos tratamentos sem calagem a maior produção
também foi de 38 perfilhos, produção esta encontrada na dose 376 mg dm -3 de P2O5 No sexto
corte aos 275 DAS o comportamento do perfilhamento em função das doses de rejeito de
rocha foi quadrático, sendo significativo quanto aos β e quanto ao coeficiente R². Nos
9
tratamentos com calagem, a maior produção 31 perfilhos, foi estimada na dose de 404 mg dm³ de P2O5. Onde não houve calagem a maior produção foi de 29 perfilhos com 335,68 mg dm -³
50
55
45
50
40
45
35
1º Corte
30
2º Corte
25
3º Corte
20
4º Corte
15
5º Corte
10
6º Corte
5
0
Número de Perfilhos
Número de Perfilhos
de P2O5.
40
1º Corte
35
30
2º Corte
25
3º Corte
20
4º Corte
15
5º Corte
10
6º Corte
5
0
0
75 150 225 300 375 450
Dose de P (mg dm -³)
Figura 2 a – Número de perfilhos de capim
Piatã em seis cortes, em função de doses P
aplicadas em forma de rejeito de rocha
fosfática com calagem, em Gurupi – TO,
2012
0
75 150 225 300 375 450
Dose de P (mg dm-³_
Figura 2 b – Número de perfilhos de capim
Piatã em seis cortes, em função de doses P
aplicadas em forma de rejeito de rocha
fosfática sem calagem, em Gurupi – TO, 2012
Tabela 2 – Equações de regressão e coeficientes de determinação do número de perfilhos de
capim Piatã, em função de doses de P aplicadas sob a forma de rejeito de rocha fosfática com
e sem calagem, em seis cortes aos 75, 115, 155, 195, 235 e 275 dias após a semeadura,
Gurupi-TO, 2012
Dias
75
115
155
195
235
275
**; * e
Com calagem
Sem calagem
Equação
Coeficiente
Equação
Coeficiente
Ŷ= 12,95 + 0,053x
r²= 0,66**
Ŷ= 10,80 + 0,072x
r²= 0,70**
Ŷ= 12,25 + 0,072x
r²= 0,77**
Ŷ= 10,55 + 0,084x
r²= 0,89**
Ŷ= 10,20 + 0,068x
r²= 0,88**
Ŷ= 9,95 + 0,063x
r²= 0,80**
Ŷ= 9,26 + 0,144x - 0,000179x²
R²= 0,93**
Ŷ= 5,94 + 0,173x - 0,00023x²
R²= 0,93**
Ŷ= 8,85 + 0,058x
r²= 0,85**
Ŷ= 12,10 + 0,045x
r²= 0,64**
Ŷ= 5,08 + 0,127x - 0,000157x²
R²= 0,92**
Ŷ= 5,35 + 0,143x - 0,00021x²
R²=0,99**
ns – significativo a 1%; significativo a 5%; e não significativo a 5% de probabilidade, pelo teste t,
respectivamente
Apesar da baixa solubilidade da fonte de P utilizada ela conseguiu suprir as
necessidades da planta para que esta formasse perfilhos, diferente das testemunhas que não
perfilharam. A importância do fósforo para o perfilhamento é descrita por Werner (1986), que
relatou que o fósforo aumenta o perfilhamento do capim proporcionando o maior fechamento
da pastagem, evitando áreas de solo descoberto que pode resultar em erosão ou invasão por
10
plantas daninhas. Oliveira et al. (2012) em trabalhos com diferentes fontes de P no
estabelecimento de capim Piatã, observaram que 30 dias após a emergência a utilização de
farinha de osso como fonte de P equiparou-se ao superfosfato simples mesmo sendo uma
fonte de baixa solubilidade. Os mesmos autores ainda relatam que aos 60 dias após a
emergência o fosfato natural de Arad também se equiparou ao superfosfato simples,
evidenciando a importância do fósforo no perfilhamento das gramíneas.
Werner & Hagg (1972), avaliando o efeito de diversos nutrientes no desenvolvimento
do capim Colonião (Panicum maximum cv. Colonião), em um solo de baixa fertilidade,
verificaram que sem a aplicação de fósforo, independente de qualquer outro nutriente, a planta
não perfilhou, resultando em uma produção de forragem muito baixa. Passos et al. (1997)
avaliando o efeito de fontes de fósforo (termofosfato magnesiano e superfosfato triplo), em
vasos, na presença ou ausência de gessagem e/ou calagem na produção de massa seca e
perfilhamento (avaliados no primeiro e último crescimento), em duas gramíneas (Brachiaria
brizantha cv. Marandu e Andropogon gayanus cv. Planaltina), verificaram que nos
tratamentos sem a aplicação de fósforo as plantas de Brachiaria e Andropogon não
perfilharam no primeiro crescimento, e as fontes de fósforo não diferiram entre si no número
de perfilhos por vaso na Brachiaria. Porém, no último crescimento o superfosfato triplo foi
significativamente superior ao termofosfato magnesiano, na presença ou ausência de calagem.
Estes resultados assim como os obtidos neste trabalho mostram a importância do fósforo para
o perfilhamento das pastagens, uma vez que a resposta a adubação fosfatada é crescente, e a
sua ausência limita o perfilhamento.
O PERF do capim Piatã em função dos dias apresentou comportamento quadrático
tanto para os tratamentos com calagem, quanto para os que não receberam calagem, onde foi
observada significância (p<0,01) quanto aos β e coeficientes R² (Figura 3). Para os
tratamentos com calagem o pico máximo de perfilhamento ocorreu aos 177 dias, enquanto
para os tratamentos sem calagem o pico ocorreu aos 158 dias. A realização ou não de calagem
não influenciou no perfilhamento, uma vez que as equações apresentaram β bem próximos.
Isto também pode ser observado na Figura 3, onde as curvas são bem semelhantes.
11
Número de Perfilhos
32
30
28
26
24
22
20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Sem Calagem
y = -0,001x2 + 0,3171x + 2,8601
R² = 0,84**
Com Calagem
y = -0,0009x2 + 0,3197x + 2,1547
R² = 0,90**
0
40
80
120
160
200
240
280
Dias
Com Calagem
Sem Calagem
** significativo (p<0,01) para o teste t
Figura 3- Representação gráfica e equações de regressão do número de perfilhos com e sem
calagem de capim Piatã em função dos dias
Da Cruz et al. (1994) afirmam que o efeito da calagem em forrageiras é contraditório,
e a literatura registra resultados positivos, negativos e também ausência de resposta à
aplicação de calcário. A falta de resposta ao efeito pode ter sido ocasionado por dois fatores, a
adaptabilidade da espécie se desenvolver em solos com certo grau de acidez conforme
descrevem Guedes et al. (2009), ou pelo fato do rejeito de rocha possuir quantidade
considerável de CaO que pode ter reduzido a acidez do solo melhorando as condições para o
desenvolvimento da forrageira.
A altura das plantas de capim Piatã (AP) nos cortes realizados aos 75, 115 e 195 DAS
apresentaram comportamento quadrático em função das doses de rejeito de rocha aplicadas,
sendo observada a significância (p<0,01) quanto aos β, e coeficientes de determinação R²,
tanto para os tratamentos com calagem, quanto para os que não receberam calagem (Figura
4a, Figura 4b e Tabela 3). Aos 75 DAS os tratamentos com calagem tiveram a altura máxima
estimada em 106,06 cm obtidas com a dose de 306,62 mg dm -³, os tratamentos sem calagem
tiveram altura máxima de 108,52cm na dose de 311,87 mg dm-³. Aos 115 DAS as alturas
máximas estimadas foram de 102,31 e 109,58 cm nas doses de 338,33 e 350 mg dm-³ para os
tratamentos com e sem calagem respectivamente. Aos 195 DAS os tratamentos sem calagem
teve a maior altura 90,29 cm na dose de 306,25 mg dm-³, os tratamentos com calagem tiveram
maior altura de 90,09 cm na dose de 309,61 mg dm-³.
12
Altura (cm)
2º Corte
3º Corte
4º Corte
1º Corte
5º Corte
6º Corte
0
75
150
225
300
375
450
120
110
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
2º Corte
3º Corte
4º Corte
5º Corte
6º Corte
0
Dose de P (mg dm-³)
Figura 4a – Altura de capim Piatã em seis
cortes, em função de doses P aplicadas em
forma de rejeito de rocha fosfática com
calagem, em Gurupi – TO, 2012
1º Corte
Altura (cm)
120
110
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
75
150
225
300
375
450
Dose de P (mg dm-³)
Figura 4b – Altura de capim Piatã em seis
cortes, em função de doses P aplicadas em
forma de rejeito de rocha fosfática sem
calagem, em Gurupi – TO, 2012
Tabela 3 – Equações de regressão e coeficientes de determinação da altura de capim Piatã, em
função de doses de P aplicadas sob a forma de rejeito de rocha fosfática com e sem calagem,
em seis cortes aos 75, 115, 155, 195, 235 e 275 dias após a semeadura, Gurupi-TO, 2012
Dias
75
115
155
195
235
275
**; * e
Com calagem
Sem calagem
Equação
Coeficiente
Equação
Coeficiente
Ŷ= 28,03 + 0,509x – 0,00083x²
R²= 0,87**
Ŷ= 30,71 + 0,499x – 0,00080x² R²= 0,83**
Ŷ= 33,63 + 0,406x – 0,00060x²
R²= 0,86**
Ŷ= 42,21 + 0,385x – 0,00055x² R²= 0,86**
Ŷ= 38,40 + 0,14x
r²= 0,81**
Ŷ= 53,35 + 0,098x
r²= 0,57**
Ŷ= 40,25 + 0,322x – 0,00052x²
R²= 0,96**
Ŷ= 52,78 + 0,245x – 0,0004x²
R²= 0,95**
Ŷ= 59,35 + 0,110x
r²= 78**
Ŷ= 66,45 + 0,078x
r²= 0,77**
Ŷ= 59,25 + 0,101x
r²= 0,90**
Ŷ= 70,06 + 0,153x – 0,00028x² R²=0,94**
ns – significativo a 1%; significativo a 5%; e não significativo a 5% de probabilidade, pelo teste t,
respectivamente
Nos cortes realizados aos 155 e 235 DAS a AP comportou-se de forma linear com
significância (p<0,01) para os tratamentos com e sem calagem (Figura 4a, Figura 4b e Tabela
3). Aos 275 DAS a AP apresentou comportamento linear nos tratamentos com calagem. Os
tratamentos sem calagem o comportamento foi quadrático com significância (p<0,001) quanto
aos β e coeficiente de determinação (Figura 4a, Figura 4b e Tabela 3), a altura máxima
estimada foi de 90,96 cm na dose de 273,21 mg dm-³.
Os resultados encontrados no presente trabalho confirmam o efeito positivo do fósforo
para a altura de forrageiras conforme descrito por (Benett et al., 2009). Benício et al. (2011)
testando diferentes fontes de P em cultivares de Panicum maximum, não encontraram
diferença entre as fontes na altura das plantas, e relatam a baixa eficiência do P sobre esta
13
variável, diferindo dos resultados no presente trabalho. Segundo Cecato et al. (2008) em
gramíneas o P tem maior influência no perfilhamento do que no alongamento foliar destas
plantas. O fósforo desempenha um papel importante nas características morfológicas e
produção do capim como visto no presente trabalho. Ao longo dos seis cortes realizados, pode
ser observado que a altura obteve respostas positivas a aplicação do fósforo. Esse resultado
reafirma a importância da adubação fosfatada na produção agrícola em solos de cerrado, o que
se evidencia na revisão de Drudi & Braga (1990) para produção de forrageiras tropicais.
A altura do capim Piatã em função dos dias apresentou comportamento quadrático
tanto para o tratamento com calagem quanto para o tratamento sem calagem (Figura 5). O
tratamento sem calagem foi ligeiramente melhor que o tratamento com calagem ao longo dos
275 DAS em que o experimento foi conduzido, sendo a maior altura para este tratamento
Altura (cm)
estimada aos 186 dias enquanto com calagem a maior média de altura foi aos 194 dias.
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Com Calagem
y = -0,002x2 + 0,7786x + 10,042
R² = 0,81**
Sem Calagem
y = -0,0023x2 + 0,8574x + 10,109
R² = 0,82**
0
40
80
120 160
Dias
Com Calagem
200
240
280
Sem Calagem
** significativo (p<0,01) para o teste t
Figura 5- Representação gráfica e equações de regressão da altura com e sem calagem de
capim Piatã em função dos dias
Nascimento et al. (2002) verificaram que a calagem não apresentou efeito significativo
na produção do capim Tanzânia, todavia as fontes de menor solubilidade apresentaram
melhores resultados nos tratamentos que receberam 2,64 t ha-¹ de calcário. Corrêa et al.
(1997), testando o efeito de doses de fósforo sobre a produção de Tanzânia, verificaram
14
respostas, independentemente da fonte. Já Oliveira et al. (2009) obtiveram resultados em que
a Brachiaria brizantha apresentou maiores alturas com a aplicação de calagem, os autores
atribuem estes resultados à importância que o cálcio tem para o desenvolvimento das plantas.
A quantidade considerável de cálcio que o rejeito de rocha contém pode ter contribuído para o
bom desenvolvimento do capim Piatã mesmo sem a utilização da calagem. Muitas gramíneas
são responsivas ao aumento de saturação de bases do solo através da utilização corretivos que
contenham cálcio (Fortes et al., 2008).
A massa seca (MSC) do capim Piatã para os tratamentos com calagem apresentou
comportamento linear positivo nos cortes realizados aos 75, 115, 155, 195 e 275 DAS em
função do aumento da dose de rejeito de rocha fosfática, sendo observada significância
(p<0,01) quanto ao β e o coeficiente de determinação. Já no corte feito aos 235 DAS o
comportamento foi quadrático (Figura 6a, Figura 6b e Tabela 4). Nos 235 DAS a MSC com
calagem obteve produção máxima de 13,15 g/vaso, produção esta estimada na dose de 313,49
50
50
45
45
40
35
1º Corte
30
2º Corte
25
3º Corte
20
4º Corte
15
10
5º Corte
5
6º Corte
0
Massa Seca (g/vaso)
Massa Seca (g/vaso)
mg dm-³ de P2O5.
40
35
1º Corte
30
2º Corte
25
3º Corte
20
15
4º Corte
10
5º Corte
5
6º Corte
0
0
75
150 225 300 375 450
Dose de P (mg dm-³)
Figura 6a – Massa seca de capim Piatã em
seis cortes, em função de doses P aplicadas em
forma de rejeito de rocha fosfática com
calagem, em Gurupi – TO, 2012
0
75
150 225 300 375 450
Dose de P (mg dm-³)
Figura 6b – Massa seca de capim Piatã em
seis cortes, em função de doses P aplicadas
em forma de rejeito de rocha fosfática sem
calagem, em Gurupi – TO, 2012
Nos tratamentos sem calagem, a MSC teve comportamento quadrático (p<0,01) nos
cortes realizados aos 75, 195 e 235 DAS (Figura 6a, Figura 6b e Tabela 4), tendo produção
máxima estimada nas doses de 326,66; 406,66 e 350 mg dm -³ respectivamente. Nos cortes
realizados aos 115, 155 e 275 DAS o comportamento foi linear positivo com significância
(p<0,01). Se compararmos os β dos tratamentos com e sem calagem, nota-se que os
tratamentos sem calagem possuem maiores β, isso indica que onde não houve calagem o
capim Piatã tendeu a produzir mais. Quanto as doses de rejeito, as respostas nos mostram a
15
importância do fornecimento de P para produção de massa seca, uma vez que na maioria dos
cortes realizados a resposta foi linear.
Tabela 4 – Equações de regressão e coeficientes de determinação da massa seca de capim
Piatã, em função de doses de P aplicadas sob a forma de rejeito de rocha fosfática com e sem
calagem, em seis cortes aos 75, 115, 155, 195, 235 e 275 dias após a semeadura, Gurupi-TO,
2012
Dias
75
115
155
195
235
275
**; * e
Com calagem
Sem calagem
Equação
Coeficiente
Equação
Coeficiente
Ŷ= 0,89+0,020x
r²= 0,77**
Ŷ= -0,85 + 0,098x – 0,00015x² R²= 0,81**
Ŷ= 5,44 + 0,088x
r²= 0,87**
Ŷ= 9,02 + 0,073x
r²= 0,75**
Ŷ= 2,58 + 0,053x
r²= 0,92**
Ŷ= 2,91 + 0,052x
r²= 0,96**
Ŷ= 5,75 + 0,055x
r²= 0,85**
Ŷ= 1,92 + 0,122x – 0,00015x²
R²= 0,96**
Ŷ= 0,77 + 0,079x – 0,000126x²
R²= 0,86**
Ŷ= 0,44x + 0,07x – 0,00010x²
R²= 0,75**
Ŷ= 2,54 + 0,033x
r²= 0,86**
Ŷ= 5,69 + 0,024x
r²= 0,77**
ns – significativo a 1%; significativo a 5%; e não significativo a 5% de probabilidade, pelo teste t,
respectivamente
O fato de a forrageira ter respondido à aplicação de fósforo deve-se a dois fatores a
baixa concentração inicial do elemento no solo, e a importância deste para o desenvolvimento
e capacidade de produção das plantas. Na produção de forrageiras, o P é um elemento que
merece destaque, devido ao importante papel que exerce sobre as plantas, pois auxilia no
desenvolvimento radicular, perfilhamento, e aumento de produção (Lobato et al., 1994;
Cecato et al., 2004; Rossi et al., 1997). O fornecimento de P independente da fonte utilizada é
fundamental para produção de massa seca de pastagens conforme demonstrado pela produção
de MSC que foi maior onde foi aplicado o rejeito de rocha, em relação aos tratamentos não
receberam adubação. Esses resultados corroboram com os encontrados por Lima et al.(2007),
que encontraram maior produção de massa seca de capim Marandu utilizando diferentes doses
e fontes de P. Franco (2003) encontrou respostas quadráticas e significativas com capim
Tifton 85 à adubação fosfatada em dois períodos de crescimento, aplicando fosfato de Arad
como fonte de P. Foloni et al. (2008) testando fosfato de rocha como fonte de P para
diferentes plantas de cobertura também observaram o ajuste quadrático para braquiária, onde
sua maior produtividade foi de 29,9 g/vaso utilizando 300 kg ha-¹ de P2O5, valores estes bem
inferiores ao observado no presente trabalho.
A maior produção de massa seca nas maiores doses está relacionada ao maior
perfilhamento que também ocorreu nas doses mais altas. O comportamento do perfilhamento
é semelhante ao observado na produção de massa seca, demonstrando que há relação entre as
16
características (Stocco et al., 2010). Segundo Matthew et al. (2000), o perfilhamento é um
importante mecanismo de ajuste e otimização do índice de área foliar do dossel, que atua na
recuperação da planta após desfolhação e interfere na produção de massa seca (Loo et al.,
1992). Nesse sentido, qualquer fator que estimule a produção de perfilhos aumenta o
crescimento do pasto (Hirata & Pakiding, 2003).
Em função dos dias, tanto o tratamento com calagem quanto o sem calagem tiveram
comportamento quadrático, com significância para os β, e para os coeficientes de
determinação R² (Figura 7). O tratamento sem calagem apresentou uma maior produção de
MSC ao longo dos dias do que o tratamento com calagem, tendo o pico máximo de produção
estimado aos 165 DAS. Já no tratamento onde houve a correção de solo o pico de produção de
MSC ocorreu aos 157 DAS. Onde não houve calagem ocorreu maior produtividade de massa
seca, provavelmente devido ao fato da maior acidez do solo proporcionar uma melhor
solubilização da fonte de baixa solubilidade utilizada. Segundo Novais & Smyth (1999)
fontes de P com baixa solubilidade apresentam melhores resultados em solos com uma maior
Massa Seca (g/vaso)
acidez. RAJAN (1996) também realiza esta afirmativa.
28
26
24
22
20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Sem Calagem
y = -0,0007x² + 0,2319x + 0,1373
R² = 0,66*
Com Calagem
y = -0,0007x² + 0,2298x - 0,9032
R² = 0,59*
0
40
80
120
160
200
240
Dias
Com Calagem
Sem Calagem
280
* significativo (p<0,05) para o teste t
Figura 7- Representação gráfica e equações de regressão da massa seca com e sem calagem
de capim Piatã em função dos dias
A relação folha/colmo (F/C) no primeiro corte aos 75 DAS e no último aos 275 DAS
nos tratamentos com calagem teve comportamento linear positivo, sendo significativo quanto
17
ao β (p<0,01) e (p<0,05) respectivamente (Figura 8a e Tabela 5), mostrando que com o
aumento da disponibilidade de P para as plantas ocorre um aumento da produção de folhas,
melhorando a palatabilidade e o valor nutritivo da forrageira.
8
4,5
7
4
3,5
6
5
2º Corte
4
3º Corte
3
4º Corte
2
Relação F/C
Relação F/C
1º Corte
3
1º Corte
2,5
2º Corte
2
3º Corte
1,5
4º Corte
1
5º Corte
0,5
6º Corte
5º Corte
1
0
0
0
75
150
225
300
375
450
Doses de P (mg dm-³)
Figura 8a – Relação folha/colmo de capim
Piatã em seis cortes, em função de doses P
aplicadas em forma de rejeito de rocha
fosfática com calagem, em Gurupi – TO,
2012
0
75
150 225 300 375 450
Doses de P (mg dm-³)
Figura 8b – Relação folha/colmo de capim
Piatã em seis cortes, em função de doses P
aplicadas em forma de rejeito de rocha
fosfática sem calagem, em Gurupi – TO, 2012
Tabela 5 – Equações de regressão e coeficientes de determinação da relação folha/colmo de
capim Piatã, em função de doses de P aplicadas sob a forma de rejeito de rocha fosfática com
e sem calagem, em seis cortes aos 75, 115, 155, 195, 235 e 275 dias após a semeadura,
Gurupi-TO, 2012
Dias
75
115
155
195
235
275
**; * e
Com calagem
Sem calagem
Equação
Coeficiente
Equação
Coeficiente
Ŷ= 0,80 + 0,0063x
r²= 0,67**
Ŷ= 0,16 + 0,016x – 0,000027x² R²= 0,92**
Ŷ= 0,36 + 0,016x – 0,000030x²
R²= 0,70*
Ŷ= 1,78
r² = 0,29ns
Ŷ= 0,86 + 0,026x – 0,000055x²
R²= 0,48**
Ŷ= 2,69
r²= 0,99ns
ns
Ŷ= 3,04
r²= 0,91
Ŷ= 2,69
r²= 0,81ns
ns
Ŷ= 2,94
r²= 0,53
Ŷ= 3,88
r²= 0,67ns
Ŷ= 6,03 – 0,011x
r²= 0,84*
Ŷ= 2,36
r²= 0,65ns
ns – significativo a 1%; significativo a 5%; e não significativo a 5% de probabilidade, pelo teste t,
respectivamente
Nos tratamentos sem calagem a relação F/C aos 75 DAS respondeu de forma
quadrática em função do aumento das doses de rejeito de rocha fosfática (Figura 8b e Tabela
5) apresentando significância quanto aos coeficientes β e de determinação, a maior relação foi
estimada na dose de 296,29 mg dm-³ de P2O5. Aos 115, 155, 195 235 e 275 DAS os
tratamentos sem calagem não responderam significativamente ao aumento das doses de rejeito
18
de rocha (Tabela 5). Os tratamentos com calagem aos 115 e 155 DAS melhor se adequaram
ao modelo quadrático tendo significância (p<0,01 e p<0,05) para os respectivos dias (Tabela
5). Aos 195 e 235 DAS o aumento das doses não apresentou efeitos significativos sobre a
relação F/C.
Segundo Bonelli et al. (2011) a relação folha/colmo pode ser utilizada como um
indicador do valor nutritivo da planta, plantas com maior relação apresentam maior valor
nutritivo. Em todos os tratamentos exceto a testemunha, a relação F/C foi superior a relação
crítica de 1,0 citada por (Bonelli et al., 2011). As porções verdes da planta são as mais
nutritivas da dieta e consumidas preferencialmente pelos animais (Wilson & T’mannetje,
1978). Segundo esses autores, alta relação folha/colmo representa forragem com elevados
teores de proteína, digestibilidade e consumo, além de conferir à gramínea melhor adaptação
ao pastejo ou tolerância ao corte. Em condições de pastejo, o consumo é influenciado pela
disponibilidade de forragem e pela estrutura da vegetação como a relação folha/colmo.
A relação F/C em função dos dias apresentou comportamento quadrático tanto para o
tratamento com calagem quanto para o sem calagem (Figura 9). O tratamento com calagem
tendeu a apresentar uma maior relação F/C que o tratamento sem calagem, que apesar de
apresentar maiores β teve uma constante negativa, reduzindo assim a tendência de
crescimento da curva. No tratamento com calagem a maior relação foi estimada aos 262 dias,
mostrando que o capim Piatã tendeu a ter um acréscimo na produção de folhas até este
período. Esses dados nos mostram que a partir do dia 262 a forragem tende a perder sua
qualidade nutricional devido a uma maior produção de colmos. O tratamento sem calagem
apresentou valores mais baixos de F/C, tendo o ponto máximo estimado aos 216 dias.
Com o aumento da idade a forrageira reduz seu valor nutricional, isso é descrito por
Queiroz Filho et al. (2000), que encontro comportamento linear negativo para relação F/C em
capim elefante em função do aumento da idade da planta. Costa (1990), em estudo com os
capins Colonião e Tobiatã, observou redução da relação folha/colmo em função do crescimento e
da presença de adubação nitrogenada. Os mesmos autores observaram que a partir dos 28 dias até
o 42º dia ocorreu uma diminuição cada vez maior na relação folha/colmo, nos diferentes estratos
das plantas, determinado pelo processo de alongamento dos colmos.
19
Com Calagem
y = -0,00004x2 + 0,0215x + 0,1858
R² = 0,90**
4,5
4
Relação F/C
3,5
3
2,5
Sem Calagem
y = -0,00006x2 + 0,0264x - 0,0679
R² = 0,84**
2
1,5
1
0,5
0
-0,5 0
40
80
120
160
200
240
280
Dias
Com Calagem
Sem Calagem
** significativo (p<0,01) para o teste t
Figura 9- Representação gráfica e equações de regressão da massa seca com e sem calagem
de capim Piatã em função dos dias
Segundo Carvalho (1997), a fração colmo pode constituir uma limitação física à
ingestão de matéria seca, pois, dos componentes da forragem, a fração folha é a que apresenta
melhor qualidade e, de acordo com Forbes & Hodgson (1985) apud: Machado & Valle
(2011), pode representar mais de 80% da dieta dos bovinos. Todavia, os colmos são de grande
valor para a cobertura do solo nos sistemas de integração lavoura-pecuária, já que resíduos
vegetais, com alta relação C/N e elevado teor de lignina, apresentam menores taxas de
decomposição (Sainju et al., 2007).
CONCLUSÕES
1. As plantas apresentam respostas positivas à aplicação do rejeito de rocha fosfática
como fonte de P podendo ser uma alternativa para adubação fosfatada. O rejeito apresenta
resultados satisfatórios, porém abaixo do esperado, dessa forma este pode ser uma alternativa
para utilizar junto de uma fonte solúvel a fim de complementar o fornecimento de P, onde a
fonte solúvel supriria a demanda inicial da forrageira, e o rejeito seria uma reserva para o
suprimento a longo prazo.
2. Nas condições em que o trabalho foi desenvolvido a calagem não é viável, uma vez
que a mesma não difere dos tratamentos sem calagem.
3. As plantas respondem melhor nos primeiros cortes, com o aumento da idade da
20
planta as mesmas tem sua produção, altura e perfilhamento reduzidas.
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24
CAPÍTULO 2
EFEITO DO REJEITO DE ROCHA FOSFÁTICA EM COMPONENTES
NUTRICIONAIS DE CAPIM PIATÃ
25
RESUMO
No Brasil as pastagens sejam nativas ou cultivadas são responsáveis pelo fornecimento de
nutrientes para o desenvolvimento dos animais, dessa maneira para que haja uma exploração
racional, necessita-se de algumas medidas que otimizem o fornecimento de nutrientes para as
plantas na quantidade e proporção adequada. Neste contexto o presente trabalho teve como
principal objetivo avaliar os efeitos do rejeito de rocha fosfática sobre os teores de proteína
bruta (PB), P e K nos tecidos de capim Piatã ao longo de 275 dias após sua implantação. O
trabalho foi desenvolvido em casa de vegetação na Universidade Federal do Tocantins
campus de Gurupi. Foi utilizado o delineamento inteiramente ao acaso no esquema fatorial
5x2 com três repetições, cinco doses na presença e na ausência de calagem. As variáveis
analisadas foram PB, teores de P e K nos tecidos da forrageira. Foram realizados seis cortes
aos 75, 115, 155, 195, 235 e 275 dias após a semeadura. As doses de P testadas influenciam
os teores de K, P e PB na parte aérea da forrageira. Os teores de P e K aumentam com a
aplicação de P utilizando o rejeito como fonte. Os teores de PB tendem a diminuir com o
aumento da dose de P, devido ao rápido desenvolvimento e a diluição de P nos tecidos da
planta. O efeito da calagem foi bastante variável tanto em função do tempo quanto em função
das doses de P aplicadas, dessa maneira não foi possível chegar a uma conclusão sobre sua
interação com a fonte de P utilizada. Os níveis de P e K se mantiveram semelhantes ao longo
dos 275 dias, apresentando uma pequena redução com aumento da idade da planta. Ao longo
do tempo os teores de proteína bruta diminuíram.
Palavras-chave: Proteína bruta, diagnose nutricional, pastagem, fósforo, potássio.
26
EFFECT OF WASTE OF PHOSPHATE ROCK IN NUTRITIONAL COMPONENTS
OF PIATÃ GRASS
ABSTRACT
In Brazil, native or cultivated pastures are responsible for providing nutrients for the
development of animals in this way so that there is a rational, one needs some alternatives to
optimize the supply of plant nutrients in adequate quantity and proportion. In this context the
present work aimed to evaluate the effects of the tailing of phosphate rock on the crude
protein (CP), P and K in the tissues of grass Piatã over 275 days after implantation. The study
was conducted in a greenhouse at the University of Tocantins Gurupi campus. We used a
completely randomized design in a 5x2 factorial arrangement with three replications of five
doses in the presence and absence of liming. The variables analyzed were PB, P and K levels
in the tissues of the grass. There were six sections at 75, 115, 155, 195, 235 and 275 days after
sowing. The P doses tested influence the levels of K, P and CP in the shoots of grass. The
levels of P and K increased with P application using the waste as a source. The protein levels
tended to decrease with increasing dose of P due to the rapid development and dilution of P in
the plant tissues. The effect of lime was quite variable as a function of time as a function of P
rates applied in this way was not possible to reach a conclusion about its interaction with the
P source used. The amount of P and K remained similar over the 275 days, with a slight
decrease with increasing age of the plant. Over time the crude protein decreased.
Keywords: Crude Protein, nutritional diagnosis, grazing, phosphorus, potassium.
27
INTRODUÇÃO
A pecuária brasileira baseia-se na criação de animais em pastagens nativas e
cultivadas, que são responsáveis pelo fornecimento dos nutrientes necessários para o
desenvolvimento dos animais. De uma maneira geral os baixos teores de fósforo (P)
encontrados nos solos brasileiros, afetam o desenvolvimento e produção dessas forrageiras,
afetando também a dieta dos animais.
As pastagens de gramíneas tropicais corretamente estabelecidas e adequadamente
manejadas e adubadas constituem fonte de alimento para bovinos que podem ser produzidas
economicamente e em grande quantidade, pois os sistemas intensivos de produção de bovinos
demandam muita tecnologia e insumos para torna-los mais eficientes, competitivos e
lucrativos (Primavesi et al., 2006)
A exploração racional de pastagens requer algumas medidas, principalmente no que se
diz respeito ao fornecimento de nutrientes em quantidade e proporção adequadas às plantas.
Entre os nutrientes o P desempenha um papel vital na fisiologia celular e bioquímica, às vezes
sendo fator limitante ao crescimento (Hanrahan et al., 2005).
O suprimento de nutrientes constitui-se em importante fator na nutrição de plantas,
tendo em vista que a disponibilidade desses exerce grande influência na qualidade da
pastagem, que, por sua vez, reflete na produção e na recuperação da forrageira (Bonfim-DaSilva & Monteiro, 2006). Para um manejo adequado da adubação, principalmente em sistema
intensivo de produção, torna-se importante conhecer a necessidade das plantas forrageiras. O
crescimento adequado do pasto, em sistemas intensivos de produção, é dependente de
concentrações adequadas de nutrientes do solo e, consequentemente, da planta.
A utilização de fontes de P de baixa solubilidade apresentam acréscimos na
produtividade de forrageiras (Moreira & Malavolta, 2001). No entanto no que diz respeito ao
efeito dessas fontes no estado nutricional das pastagens, há poucos relatos na literatura.
Segundo Moreira et al. (2010) a utilização de fosfato natural de rocha aumentou
significativamente os níveis de P na massa seca de capim Massai, todavia não apresentou
efeitos sobre os teores de N e K. Oliveira et al. (2012) testando diferentes fontes de P em
capim Piatã, e Mombaça, observaram que o fosfato natural de Arad apresentou aumento do
teor de P nos tecidos de ambas forrageiras, porém não obteve efeito sobre os teores de K,
ainda relatam que fontes mais solúveis como superfosfato simples são mais eficiente na
extração de P por parte da forrageira.
28
Os resultados de pesquisas e as indicações técnicas para o uso dos fosfatos naturais
reativos, na substituição das fontes solúveis, ainda suscitam dúvidas quanto ao melhor
manejo. Porém, existe consenso de que os fosfatos mais solúveis proporcionam maior
resposta em curtos períodos, enquanto os fosfatos naturais têm menor eficiência inicial. Com
o tempo, as diferenças de eficiência entre fontes tendem a diminuir (Horowitz & Meurer,
2003).
É possível que para solos com elevada capacidade de fixação de P, algumas fontes
com menor solubilidade em água possam, ao longo do tempo, se tornarem alternativas viáveis
sob o ponto de vista agronômico e econômico, em comparação às fontes de elevada
solubilidade em água (Braga, 2006).
Neste contexto com esse trabalho objetivou-se avaliar os efeitos do rejeito de rocha
fosfática sobre os teores de proteína bruta, P e K nos tecidos de capim Piatã ao longo de 275
dias após sua implantação, na presença e ausência de calagem.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado em casa de vegetação localizada na Estação Experimental
da Universidade Federal do Tocantins, Campus de Gurupi, com a forrageira Brachiaria
brizantha cultivar BRS Piatã, de 22 de março de 2011 a 02 de janeiro de 2012.
O experimento foi conduzido em vasos de polietileno com capacidade de 21,2 L, os
vasos foram preenchidos com terra coletada a 150 cm de profundidade em um LATOSSOLO
VERMELHO AMARELO, cujas características químicas e textural encontram-se na (Tabela
1).
Tabela 1 - Análise Química e Textural do solo utilizado no experimento
Ca
Mg
Al
H+Al
CTC(T)¹
CTC(t)²
SB ³
----------------------------------------- cmol dm-³ --------------------------------------
V4
%
P
K
------ mg dm-³ -----
0,16
0,045
1,76
2,68
0,96
0,92 34,18
0,3
38,48
0,66
-------- pH ------ Mat. Org ----------------------- Textura g kg-¹ -------------------------------CaCl
H2O
g dm-³
5,82
6,71
5,5
Areia
Argila
Silte
470,08
330,94
198,98
4
¹CTC total; ²CTC efetiva; ³Soma de bases; Saturação de bases
Foram testadas diferentes doses de fósforo (P) no desenvolvimento da forrageira. As
doses de P utilizadas foram obtidas conforme as recomendações (Vilela et al., 2007) adaptado.
A partir dos resultados obtidos na análise de solo. As doses corresponderam 0; 112,5; 225;
29
337,5 e 450 mg dm-³ de P2O5 respectivamente. Como fonte de P para as plantas foi utilizado
rejeito de rocha fosfática, contendo 8% de P2O5 total, 11,3% de CaO e 4,68% de Fe2O3,
oriundo da região de Luís Eduardo Magalhães - BA.
Os vasos foram distribuídos segundo o delineamento inteiramente casualisado (DIC)
no esquema fatorial 5x2 com quatro repetições totalizando 40 vasos. O primeiro fator do
delineamento foi às doses de P, e o segundo fator foi a ausência e a presença de calagem. O
cálculo de calagem foi realizado de acordo com a análise de solo, através do método da
saturação por bases descrito por (CFSEMG, 1999), visando elevar a saturação para 50%,
assim obteve-se a dose de calagem correspondente a 1 tonelada por hectare.
A semeadura foi realizada no dia 22 de março de 2011, foram colocadas 15 sementes
por vaso, após a germinação foram realizados desbastes deixando cinco plantas por vaso. O
nitrogênio e o potássio foram fornecidos em cobertura, totalizando 150 mg dm-³ de N e K,
recomendação esta adaptada de (Vilela et al., 2007), a cobertura foi feita em seis parcelas de
25 mg dm-³. A primeira cobertura foi realizada aos 20 dias quando as plantas começaram a
apresentar sintomas de deficiência, as demais coberturas foram feitas cinco dias após cada
corte, até o quinto corte, as fontes utilizadas foram sulfato de amônio e cloreto de potássio.
A irrigação foi realizada adotando-se um turno de rega de dois dias, onde se aplicou
1650 ml de água em cada vaso, quantidade suficiente para deixar o solo saturado.
Foram realizadas seis avaliações (cortes), onde a primeira ocorreu quando as plantas
apresentaram biomassa suficiente. Após cada corte eram esperados 40 dias para rebrota da
planta para ser realizado um novo corte. Os cortes ocorreram aos 75, 115, 155, 195, 235 e 275
dias após a semeadura (DAS), foram avaliados: os teores de fósforo (P) e potássio (K) em (g
kg-¹), e os teores de proteína bruta (PB) em (%).
A parte aérea do capim Piatã foi cortada a 20 cm de altura, o material verde foi
acondicionado em sacos de papel e colocado para secagem em estufa de ventilação forçada a
55 °C durante o período de 96 horas. Após seco o material foi triturado em moinho tipo Wiley
com peneiras de 0,5mm. A partir das amostras trituradas procedeu-se a análise para obtenção
dos teores de P, K e PB contidos na parte aérea do capim Piatã.
As amostras depois de trituradas foram submetidas a digestão sulfúrica segundo
adaptação de Tedesco et al. (1995). A determinação de N foi feita pela destilação de Kjeldhal,
os valores de N total foram multiplicados pelo fator 6,25 para obtenção da percentagem de
PB. O P foi determinado pelo método de espectrofotometria com azul de molibdênio. Os
teores de K foram determinados através do fotômetro de chama.
30
Os dados obtidos foram submetidos à análise de regressão, sendo utilizado o teste t
para verificação dos betas (β). O software utilizado para análise estatística foi o SISVAR 5.3
(Ferreira, 2008).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nas Figuras 1a, 1b e na Tabela 2 encontram-se os resultados da análise de regressão
referente ao teor de P na parte aérea de capim Piatã.
2,200
2,400
2,000
2,200
1,800
2,000
1,600
1,600
1,200
2º Corte
1,000
3º Corte
0,800
4º Corte
0,600
5º Corte
0,800
0,400
6º Corte
0,600
P (g kg-¹)
P (g kg-¹)
1,800
1º Corte
1,400
1,400
1º Corte
1,200
2º Corte
1,000
3º Corte
0,200
0,400
0,000
0,200
0
75
150 225 300 375 450
Doses de P (mg dm-³)
Figura 1 a – Teor de P na parte aérea de
capim Piatã em seis cortes, em função de
doses P aplicadas em forma de rejeito de
rocha fosfática com calagem, em Gurupi –
TO, 2012
4º Corte
5º Corte
6º Corte
0,000
0
75
150 225 300 375
Doses de P (mg dm-³)
450
Figura 1 b – Teor de P na parte aérea de
capim Piatã em seis cortes, em função de
doses P aplicadas em forma de rejeito de
rocha fosfática sem calagem, em Gurupi –
TO, 2012
Tabela 2 – Equações de regressão e coeficientes de determinação do teor de P na parte aérea
de capim Piatã, em função de doses de P aplicadas sob a forma de rejeito de rocha fosfática
com e sem calagem, em seis cortes aos 75, 115, 155, 195, 235 e 275 dias após a semeadura,
Gurupi-TO, 2012
Com calagem
Sem calagem
Dias Equação
Coeficiente Equação
75 Ŷ= 0,69 + 0,0028x
r²= 0,54**
Ŷ= 0,31 + 0,010x – 0,000019x²
115 Ŷ= -0,36 + 0,009x – 0,000013x²
R²= 0,82** Ŷ= 0,46 + 0,0092x – 0,000014x²
155 Ŷ= 1,34 + 0,0009x – 0,000003x³
R²= 0,54** Ŷ= 1,15 + 0,0014x – 0,000002x²
195 Ŷ= 1,69 + 0,00063x
r²= 0,77**
Ŷ= 1,74 - 0,0017x + 0,000004x²
235 Ŷ=1,62
r²= 0,46ns
Ŷ= 1,51
275 Ŷ= 1,41
r²= 0,29ns
Ŷ= 1,00 + 0,0010x
**; * e ns – significativo a 1%; significativo a 5%; e não significativo a 5% de probabilidade,
Coeficiente
R²= 0,80**
R²= 0,59**
R²= 0,43*
R²= 0,80**
r²= 0,20ns
r²= 0,65**
pelo teste t,
respectivamente
31
Para os tratamentos com calagem aos 75 e aos 195 DAS os teores de P na parte aérea
do capim Piatã apresentaram comportamento linear em função das doses de rejeito aplicadas,
obtendo significância (p<0,01) quanto ao β e ao coeficiente de determinação. Aos 115 e aos
155 DAS os teores foliares de P nos tratamentos com calagem comportaram-se de forma
quadrática em função das doses de rejeito de rochas, com significância (p<0,01) quanto aos β.
Aos 115 DAS estimou-se o maior teor foliar de P na dose de 346,15 mg dm-³ correspondente
a 1,52 g kg-¹ de P nos tecidos. Já aos 155 DAS o maior teor foi de 1,40 g kg-¹ estimado na
dose de 151,66 mg dm-³ de P2O5. Aos 235 e 275 DAS os tratamentos com calagem não
apresentaram resultados significativos.
Nos tratamentos sem calagem os teores de P na parte aérea do capim Piatã
apresentaram comportamento quadrático aos 75, 115, 155 e 195 DAS, com significância
(p<0,01) aos 75, 115 e 195 DAS e (p<0,05) aos 155 DAS para seus respectivos β. Aos 235
DAS ao aumento das doses de rejeito não apresentou efeito significativo. E no último corte
aos 275 a resposta ao aumento das doses de rejeito foi linear com significância (p<0,01)
quanto ao β.
Como pode ser observado, o aumento das doses tiveram influência sobre os teores de
P nos tecidos da planta independente do uso ou não da calagem. Rossi & Monteiro (1999)
observaram respostas lineares nos estádios iniciais de Brachiaria decumbens, atingindo
concentrações de 6,8 g kg-¹ de P, valores quatro vezes maiores do que os encontrados no
presente trabalho. No segundo corte aos 115 DAS os tratamentos sem calagem tenderam a
apresentar maiores teores foliares de P, Talvez pelo fato da fonte de P utilizada ser de baixa
solubilidade, a acidez do solo proporcionou uma maior liberação de P e consequentemente
uma maior absorção por parte da planta. Segundo Novais & Smyth (1999) fontes de P com
baixa solubilidade podem sofrer melhor solubilização de P em solos com maior acidez,
melhorando o aproveitamento deste por parte da planta. No terceiro corte aos 155 DAS os
tratamentos com a correção do solo necessitou de uma menor quantidade de P para atingir a
concentração máxima deste elemento em sua parte aérea. O aumento da disponibilidade de P
no solo se relaciona positivamente com o aumento do pH, principalmente nas camadas
superficiais. Esse efeito se deve à maior solubilização de P ligado a Fe e Al, com a elevação
do pH, o que proporciona maior aproveitamento do P pela cultura (Caires & Fonseca, 2000),
isso pode explicar o fato de os tratamentos com calagem atingirem os níveis máximos de P
com apenas a metade da dose que os tratamentos sem calagem necessitou para atingir o ponto
máximo. A partir do quarto corte independente do uso da calagem as plantas tendem a
32
apresentar comportamentos semelhantes nos teores foliares de P. Segundo Novais & Smith
(1999), independentemente da competição entre as plantas e o solo pelo P aplicado, com o
avanço do tempo, as primeiras tendem a ajustar-se à quantidade de P disponível a elas.
Em função dos dias o teor foliar de P tanto no tratamento com calagem quanto no sem
calagem comportaram-se de forma quadrática, tendo significância (p<0,01) para os β e
P (g kg-¹)
coeficientes de determinação R² (Figura 2).
2
1,8
1,6
1,4
1,2
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
Sem Calagem
y = -0,00005x2 + 0,0168x + 0,0845
R² = 0,91**
Com Calagem
y = -0,00004x2 + 0,0156x + 0,0739
R² = 0,89**
0
40
80
120
160
Dias
Com Calagem
200
240
280
Sem Calagem
** significativo (p<0,01) para o teste t
Figura 2- Representação gráfica e equações de regressão do teor de P na parte aérea de capim
Piatã com e sem calagem em função dos dias
No tratamento sem calagem o teor de P tendeu a apresentar acréscimos até os 168 dias
onde atingiu seu pico máximo, depois os teores descaíram com o aumento da idade da
forrageira. Para os tratamentos com calagem o máximo de P na parte aérea foi estimado aos
195 dias. A fonte de P utilizada por possuir baixa solubilidade talvez tenha mantido os
mesmos níveis fósforo no solo ao longo dos dias, dessa maneira mesmo como avanço do
tempo, as plantas mantiveram os níveis de internos P semelhantes independente da calagem,
ocorrendo redução destes níveis somente em função da idade da planta. A idade da planta e a
disponibilidade do fósforo no solo são os fatores que mais influenciam os teores desse
nutriente nas plantas (Santos et al., 2002). Essa manutenção nos níveis internos de P na
planta é importante do ponto de vista da nutrição animal, pois bovinos sob pastejo tendem a
selecionar plantas ou partes de plantas com maiores concentrações de P e de outros nutrientes
33
(Jones & Betteridge, 1994). Essa preferência pode estar relacionada, entre outros fatores, com
a composição da planta (Russelle, 1997). Após o primeiro corte aos 75 DAS até o final da
condução do experimento, os teores de fósforo na planta mantiveram-se dentro da faixa
adequada que é de 0,8 a 3,0 g kg-¹ para B. brizantha (Boaretto et al., 1999).
Os teores foliares de K aos 75, 115, 155 e 195 DAS apresentaram comportamento
quadrático em função do aumento das doses de rejeito de rocha para os tratamentos com e
sem calagem, com significância (p<0,01) para os β e coeficientes de determinação R² (Figura
3a, Figura 3b e Tabela 3). Nos tratamentos com calagem para os cortes realizados aos 75,
115, 155 e 195 DAS os maiores teores foliares de K foram estimados nas respectivas doses de
312,5; 262,5; 250 e 337,34 mg dm-³ de P2O5, correspondendo a 33,43; 40,51; 62,78 e 29,01g
70
65
60
55
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
65
60
55
50
1º Corte
45
2º Corte
40
3º Corte
4º Corte
0
K (g kg-¹)
K (g kg-¹)
kg-¹ respectivamente.
35
1º Corte
30
2º Corte
25
5º Corte
20
6º Corte
15
75 150 225 300 375 450
Doses de P (mg dm-³)
3º Corte
4º Corte
10
5º Corte
5
6º Corte
0
0
75
150
225
300
375
450
Doses de P (mg dm-³)
Figura 3 a – Teor de K na parte aérea de
capim Piatã em seis cortes, em função de
doses P aplicadas em forma de rejeito de
rocha fosfática com calagem, em Gurupi –
TO, 2012
Figura 3 b – Teor de K na parte aérea de
capim Piatã em seis cortes, em função de
doses P aplicadas em forma de rejeito de
rocha fosfática sem calagem, em Gurupi –
TO, 2012
Nos tratamentos sem calagem os maiores teores foliares de K estimados foram de
37,38; 36,73; 61,01 e 20,55 g kg-¹ nas respectivas doses de 271,42; 350; 343,75 e 290,32 mg
dm-³ de P2O5, para 75, 115, 155 e 195 DAS respectivamente. Aos 235 e 275 DAS os
tratamentos com calagem não apresentaram significância (Figura 3a e Tabela 3). Aos 235
DAS os tratamentos sem calagem não tiveram respostas significativas ao aumento das doses
de rocha fosfática. Aos 275 DAS os teores de K no capim Piatã os tratamentos sem calagem
34
teve reposta quadrática (Figura 3b e Tabela 3) ao aumento das doses de rocha, onde o maior
teor foi de 23,58 g kg-¹ estimado na dose de 300 mg dm-³.
Tabela 3 – Equações de regressão e coeficientes de determinação do teor de K na parte aérea
de capim Piatã, em função de doses de P aplicadas sob a forma de rejeito de rocha fosfática
com e sem calagem, em seis cortes aos 75, 115, 155, 195, 235 e 275 dias após a semeadura,
Gurupi-TO, 2012
Dias
75
115
155
195
235
275
**; * e
Com calagem
Sem calagem
Equação
Coeficiente
Equação
Coeficiente
Ŷ= 10,0 + 0,15x – 0,000024x²
R²= 0,88**
Ŷ= 12,26 + 0,19x – 0,00035x²
R²= 0,83**
Ŷ= 12,95 + 0,21x – 0,00040x²
R²= 0,90**
Ŷ= 12,97 + 0,14x – 0,00020x²
R²= 0,79**
Ŷ= 31,33 + 0,25x – 0,00050x²
R²= 0,94**
Ŷ= 42,11 + 0,11x – 0,00016x²
R²= 0,93**
Ŷ= 19,57 + 0,056x – 0,000083x²
R²= 0,83**
Ŷ= 21,5 + 0,036x – 0,000062x² R²= 0,89**
Ŷ= 28,27
r²= 0,66ns
Ŷ= 2,57
r²= 0,52ns
ns
Ŷ= 24,88
r²= 0,05
Ŷ= 20,52 + 0,027x – 0,000056x² R²= 0,70*
ns – significativo a 1%; significativo a 5%; e não significativo a 5% de probabilidade, pelo teste t,
respectivamente
Como foi observado o fornecimento de P utilizando rejeito de rocha como fonte,
afetou significativamente os teores de K na parte aérea do capim Piatã. Os teores de K
encontrados nas plantas foram semelhantes aos reportados por Costa et al. (2011) em
Brachiaria humidicola, e Costa et al. (2007) em diversos genótipos de Brachiaria. Uma
planta bem nutrida tende a absorver com maior eficiência nutrientes, desde que estes estejam
disponíveis em quantidades satisfatórias para as plantas (Thélier-Houché et al., 1999). Os
mesmos autores ainda relatam que a composição do tecido vegetal de uma planta apresenta
um certo equilíbrio entre os teores de N, K e P, e a manutenção deste equilíbrio é que irá
caracterizar o crescimento da planta (Salette & Thélier-Houché 1991). Alguns pesquisadores
registraram pouco efeito do P adicionado sobre a quantidade acumulada de K na planta (Costa
et al., 1999; Filizzola & Baumgartner, 1984), enquanto outros têm relatado sua redução
(CIAT, 1982) como consequência do efeito de diluição com o aumento da produção de
forragem.
Nos tratamentos sem calagem foi observado que os teores foliares de K não obtiveram
respostas significativas em função dos dias (Figura 4) nem para o β e nem para o coeficiente
de determinação. Para os tratamentos com calagem os teores foliares de K tiveram
comportamento quadrático (p<0,05) em função dos dias quanto aos β e coeficiente de
determinação R². Nos tratamentos com calagem, o teor máximo de 38,18 g kg-¹ de K, foi
estimado aos 170 dias. A provável causa dos tratamentos com calagem terem apresentado
maiores teores foliares de K, é que o aumento da saturação de bases no solo pode ter
35
melhorado a absorção de nutrientes pelas plantas de capim Piatã. Andreotti et al. (2000)
observaram incrementos no teor de K nas folhas de milho quando se elevou a saturação de
bases do solo de 40 para 70%.
55
Sem Calagem
y = 26,77
R² = 0,33ns
50
45
Com Calagem
y = -0,0013x2 + 0,4425x + 0,5297
R² = 0,77*
K (g kg-¹)
40
35
30
25
20
15
10
5
0
0
40
80
120
160
200
Dias
Com Calagem
240
280
Sem Calagem
*; ns: significativo (p<0,05) e não significativo para o teste t
Figura 4- Representação gráfica e equações de regressão do teor de K na parte aérea de
capim Piatã com e sem calagem em função dos dias
O fornecimento de P pode ter causado um aumento na biomassa nos primeiros cortes,
fazendo com que a planta tivesse um maior acumulo de K neste período, assim a diminuição
dos níveis de P no solo com o passar dos dias culminou num menor desenvolvimento da
planta, e consequentemente no menor acúmulo de K. Santos Júnior (2005) verificou que os
teores de N, P e K nas plantas de capim Tanzânia decresceram de forma linear em função do
tempo. Em períodos extensos de avaliação como no presente trabalho, houve um acúmulo
maior de material morto e de colmos + bainhas, com estes materiais participando em maiores
concentrações na determinação dos nutrientes afetando de forma negativa os teores (Santos
Júnior, 2005). Elementos como fósforo e potássio são bastante móveis quanto há
redistribuição (Marschner, 1995 apud: Santos Júnior, 2005), deslocando-se de partes mais
velhas e senescentes para folhas mais novas, ocasionado uma maior diluição desses elementos
nos tecidos.
Segundo Boaretto et al. (1999) os teores adequados de K para B. brizantha estão entre
12 e 30 g kg-¹. Alguns tratamentos apresentaram teores superiores a esta faixa, porém não foi
36
detectado nem um problema no desenvolvimento das forrageiras. Esses teores elevados
evidenciam a absorção de luxo do elemento, ocasionado pela aplicação de 50 kg ha-¹ de K2O
após cada corte. Ribeiro et al. (1999) também encontraram teores elevados de K em capimelefante, e atribuíram esses teores a aplicação de K após cada corte.
No primeiro corte realizado aos 75 DAS o teor de PB no capim Piatã variou de forma
quadrática em função do aumento da dose de rejeito tanto para os tratamentos com calagem
quanto para os tratamentos sem calagem, com significância (p<0,01) quanto aos β (Figura 5a,
Figura 5b e Tabela 4). Para os tratamentos com calagem o teor máximo de PB foi de 23,64%
estimado na dose de 326,85 mg dm-³. Nos tratamentos sem calagem a o teor máximo foi
estimado na dose de 242,85 mg dm-³ correspondendo a 25,63% de PB.
30
30
27
27
24
24
21
1º Corte
1º Corte
18
2º Corte
15
9
6
18
2º Corte
15
3º Corte
4º Corte
12
4º Corte
5º Corte
9
5º Corte
6º Corte
6
6º Corte
3º Corte
12
PB (%)
PB (%)
21
3
3
0
0
75
150
225
300
375
450
Doses de P (mg dm-³)
0
0
75
150
225
300
375
450
Doses de P (mg dm-³)
Figura 5 a – Teor de PB na parte aérea de
capim Piatã em seis cortes, em função de
doses P aplicadas em forma de rejeito de
rocha fosfática com calagem, em Gurupi –
TO, 2012
Figura 5 b – Teor de K na parte aérea de
capim Piatã em seis cortes, em função de
doses P aplicadas em forma de rejeito de
rocha fosfática sem calagem, em Gurupi –
TO, 2012
Nos tratamentos com calagem aos 115, 155 e 235 DAS o teor de PB do capim Piatã
teve comportamento linear negativo em função das doses de rejeito com significância
(p<0,01) aos 115 e 155 DAS e (p<0,05) aos 235 DAS, para os β e coeficiente de determinação
r² (Figura 5a e Tabela 4). Aos 195 e aos 275 DAS o teor de PB nos tratamentos com calagem
teve comportamento quadrático inverso (Figura 5a e Tabela 4), tendo redução do teor de PB
com o aumento da dose de rejeito até determinado ponto. Aos 195 DAS o menor teor de PB
37
foi estimado na dose de 322,58 mg dm-³, correspondendo a 9,56% de PB. Já aos 275 DAS o
menor teor estimado foi de 11,15% na dose de 313,72 mg dm-³.
Tabela 4 – Equações de regressão e coeficientes de determinação do teor de PB na parte
aérea de capim Piatã, em função de doses de P aplicadas sob a forma de rejeito de rocha
fosfática com e sem calagem, em seis cortes aos 75, 115, 155, 195, 235 e 275 dias após a
semeadura, Gurupi-TO, 2012
Dias
75
115
155
195
235
275
**; * e
Com calagem
Sem calagem
Equação
Coeficiente
Equação
Coeficiente
Ŷ= 18,09 + 0,034x – 0,000052x²
R²= 0,37**
Ŷ= 17,38 + 0,068x – 0,00014x² R²= 0,81**
Ŷ= 17,47 – 0,0048x
r²= 0,92**
Ŷ= 19,79 – 0,034x + 0,000063x² R²= 0,84**
Ŷ= 16, 41 – 0,0014x
r²= 0,70**
Ŷ= 13,36 – 0,020x
r²= 0,50**
Ŷ= 19,24 – 0,06x + 0,000093x²
R²= 0,88**
Ŷ= 15,33 – 0,028x + 0,000048x² R²= 0,95**
Ŷ= 12,88 – 0,0084x
r²= 0,63*
Ŷ= 11,04 – 0,0020x
r²= 0,62**
Ŷ= 16,17 – 0,032x + 0,000051x²
R²= 0,86*
Ŷ= 11,88
r²= 0,34ns
ns – significativo a 1%; significativo a 5%; e não significativo a 5% de probabilidade, pelo teste t,
respectivamente
Nos tratamentos sem calagem aos 155 e 235 DAS a PB no capim Piatã teve
comportamento linear inverso, ou seja, o teor de PB reduziu em função do aumento das doses
de rejeito, apresentando significância (p<0,01). Aos 275 DAS o teor de PB não se adequou a
nenhum modelo matemático (Figura 5b e Tabela 4). Aos 115 e 195 DAS nos tratamentos sem
calagem o comportamento da PB no capim Piatã foi quadrático inverso com significância
(p<0,01) (Figura 5b e Tabela 4). Aos 115 DAS o menor teor de PB foi de 15,20% encontrado
na dose de 269,84 mg dm-³. Já aos 195 o menor ponto da curva foi estimado na dose de
291,66 mg dm-³, correspondendo a 11,24% de PB na parte aérea do capim Piatã.
A interação de N com P tem sido observada em diversos testes de fertilização em
pastagens, segundo (Bono et al., 1997; Berardo, 1998; Duarte & Díaz Zorita, 2003) a maior
disponibilidade de N favorece gramíneas e maior disponibilidade de P limita o
desenvolvimento das gramineas, assim a diminuição dos níveis de N afetam diretamente o
teor de PB nas plantas. Com aplicação de doses mais elevadas de P os níveis de PB tenderam
a decair, a provável causa para estes resultados é que o aumento da adubação fosfatada
acelerou o crescimento e maturação da forrageira. Estes resultados corroboram com os
obtidos por Oliveira et al. (2000), onde houve diminuição nos teores de proteína bruta com o
incremento de fósforo. De acordo com Euclides (1995), a adubação fosfatada aumenta a
produtividade, mas tem pouco efeito sobre o valor nutritivo da planta. A aplicação de P na
presença de N reduziu significativamente os teores de PB em B. decumbens (Bomfim et al.,
2003). O mesmo comportamento foi observado neste trabalho, pois no intervalo de cada corte
38
foi fornecido 25 mg dm-³ de N em cobertura, a aplicação de P causou redução de PB, como
relatado pelos autores acima citados. OLIVEIRA et al. (2004) trabalhando com capim-de-raiz,
verificaram efeito quadrático inverso das doses de P sobre os níveis de PB da planta assim
como no presente trabalho. Esta resposta ocorre provavelmente devido ao fornecimento de P
proporcionar um maior acúmulo de biomassa aérea, dessa maneira o N absorvido é diluído
nos tecidos (Faquin et al., 1997) afetando diretamente a os teores de PB na forrageira.
Em função dos dias os teores de PB no capim Piatã tanto para os tratamentos com
calagem, quanto para os sem calagem, apresentaram comportamento linear negativo com
PB (%)
significância (p<0,05) quanto ao β (Figura 6).
24
22
20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Sem Calagem
y = -0,046x + 22,666
r² = 0,7047*
Com Calagem
y = -0,0473x + 22,78
r² = 0,7753*
75
115
155
195
235
275
Dias
Com Calagem
Sem Calagem
*: significativo (p<0,05) para o teste t
Figura 6 - Representação gráfica e equações de regressão do teor de PB na parte aérea de
capim Piatã com e sem calagem em função dos dias
O aumento da idade do capim Piatã ocasionou a redução no teor de PB, provavelmente
pelo acúmulo de material morto nas bainhas que pode ter sido coletado e participado da
determinação do teor de PB. Já o fator calagem não apresentou resultados ao longo dos dias,
indicando que a correção do solo não afeta a PB na planta estudada, e isto pode ser observado
se compararmos os coeficientes angulares dos tratamentos com e sem calagem, pois ambos
são bem semelhantes. O teor de proteína bruta diminui com o aumento da idade da planta.
Forrageiras tropicais, com 30 dias de idade adubadas com fontes de nitrogênio, apresentam
em torno de 14% a 16% de proteina bruta, em amostras obtidas de parte da planta que o
39
animal seleciona em condições de pastejo (Deresz et al., 2003). O decréscimo do teor de PB
com o avanço na idade está de acordo com o obtido por Lacerda et al. (2009) para capim
Andropogon dos 35 aos 77 dias, sob condições de monocultivo em área não adubada. Com o
avanço da idade ocorre uma diluição do N nos tecidos da forrageira, isso contribui para a
redução dos níveis de proteína. A calagem proporciona um maior desenvolvimento para o
capim e uma maior demanda de N, todavia o N fornecido não foi capaz de suprir a demanda
da planta afetando diretamente os teores de PB, desta forma a aplicação ou não do calcário
não influenciou nos teores de PB. Estes mesmos resultados foram relatados por Oliveira et al.
(2000). A presença ou ausência de calagem não teve influencia na absorção de N.
CONCLUSÕES
1. As doses de P testadas influenciam os teores de K, P e PB na parte aérea da
forrageira.
2. Os teores de P e K aumentam com a aplicação de P utilizando o rejeito como fonte.
Os teores de PB diminuem com o aumento da dose de P.
3. Nas condições em que o trabalho foi desenvolvido a calagem não é viável, pois não
difere dos tratamentos sem calagem.
4. Os níveis de P, K e PB após certo tempo diminuem devido a realocação destes
nutrientes dos tecidos mais velhos para os mais novos.
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43
CAPÍTULO 3
EFICIÊNCIA AGRONÔMICA DE FONTES DE FÓSFORO NO
ESTABELECIMENTO DE CAPIM MARANDU
44
RESUMO
Um dos grandes problemas no estabelecimento e manutenção de pastagens nos solos de
Cerrado são os níveis extremamente baixos de fósforo disponível e total. Além da deficiência
do elemento a alta capacidade de retenção de P em função da acidez. Isso faz com que a
adubação fosfatada seja fundamental para que este elemento não seja um fator limitante,
independente do sistema, seja ele intensivo ou extensivo. A elevada demanda de fertilizantes
fosfatados, aliado aos elevados preços de mercado, justifica o estudo novas fontes de P que
sejam baratas e apresente eficiência. Este trabalho teve por objetivo comparar fontes de P
quanto a produção, e quanto a eficiência agronômica em pastagens com Brachiaria brizantha
cv. Marandu. O trabalho foi desenvolvido em casa de vegetação na Universidade Federal do
Tocantins campus de Gurupi. Foi utilizado o delineamento inteiramente ao acaso no esquema
fatorial 4x3+1 com quatro repetições. O primeiro fator foi quatro fontes de P superfosfato
simples, termofosfato de Yoorin, fosfato natural parcialmente acidulado e rejeito de rocha
fosfática. O segundo fator foi três doses 112,5; 225 e 337,5 mg dm-³ de P2O5, e uma
testemunha. As características analisadas foram altura, massa seca, número de perfilhos.
Também foi avaliado o teor de proteína bruta (PB), P, e K nos tecidos da forrageira, e a
eficiência agronômica das fontes. Foram realizados três cortes aos 70, 110, 150 dias após a
semeadura. A aplicação de P independente da fonte promoveu o aumento do tamanho
perfilhamento e produção da forrageira. Dentre as fontes testadas o superfosfato simples foi a
que obteve melhor desempenho. Para as doses testadas a de 337,5 mg dm-³ foi a que
promoveu melhores resultados. O teor de PB foi maior quando se utilizou o rejeito de rocha.
Quanto a eficiência agronômica o superfosfato simples foi a melhor fonte nos três cortes
realizados, sendo bem superior as demais fontes.
Palavras-chave: Proteína bruta, rejeito de rocha fosfática, Yoorin, pastagens.
45
AGRONOMIC EFFICIENCY OF SOURCES OF PHOSPHORUS IN THE
ESTABLISHMENT OF GRASS MARANDU
ABSTRACT
A major problem in establishing and maintaining pastures in Cerrado soils are extremely low
levels of available phosphorus and total. In addition to the failure element to high retention
capacity P as a function of acidity. This makes the phosphorus is essential for this element is
not a limiting factor, regardless of the system, whether intensive or extensive. The high
demand for phosphate fertilizers, coupled with high market prices, the study justifies new
sources of P which are inexpensive and provide efficiency. This study aimed to compare P
sources and production, and the agronomic efficiency of pastures with Brachiaria brizantha
cv. Marandu. The study was conducted in a greenhouse at the University of Tocantins Gurupi
campus. We used a completely randomized design in factorial arrangement 4x3 +1 with four
replications. The first factor was four P sources superphosphate thermophosphate Yoorin,
partially acidulated phosphate rock and phosphate rock tailings. The second factor was three
doses of 112,5; 225 and 337,5 mg dm-³ P2O5, and a witness. The characteres analyzed were:
height, dry weight, number of tillers. We also assessed the content of crude protein (CP), P
and K in the tissues of the grass, and agronomic efficiency of the sources. Were harvested
three times at 70, 110, 150 days after sowing. P application regardless of the source promoted
tillering increase in the size and production of fodder. Among the sources tested as single
superphosphate was the one that performed better. For the tested doses of 337,5 mg dm-³
was the one that promoted the best results. The CP was higher when using the waste rock. As
for the agronomic efficiency superphosphate was the best source in the three harvest periods,
far superior to other sources.
Keywords: Crude protein, phosphate rock tailings, Yoorin, pastures.
46
INTRODUÇÃO
A implantação de pastagens constitui o maior tipo de uso da terra na região da
Amazônia brasileira (Rebello & Homma, 2005), as quais sofrem constantes mudanças em
função do manejo empregado pelo homem. Nessas regiões a maior parte das pastagens é
estabelecida em áreas de matas e florestas, onde as mesmas são derrubadas e queimadas.
Após a queima dos resíduos da floresta as forrageiras apresentam níveis de produtividade
elevados como descrito por Serrão & Homma (1993). Estes níveis produtivos se mantêm
satisfatórios de três a cinco anos, após este período são reduzidos de forma paulatina ano após
ano (Townsend et al., 2010). Esta diminuição no rendimento é ocasionada pela incapacidade
da gramínea forrageira sustentar bons rendimentos em baixos níveis de fertilidade, onde o
fósforo (P) torna-se o elemento mais limitante.
Enquanto o nitrogênio (N) é considerado um elemento chave para manutenção de
pastagens, o P tem maior importância no estabelecimento, pois nessa situação específica a
planta necessita de grande disponibilidade deste elemento no solo (Malavolta et al., 1974). O
P é o nutriente mais limitante no estabelecimento de pastagens no Cerrado, em virtude dos
baixos teores e da alta capacidade de fixação dos solos. O P também é importante na
formação do sistema radicular, uma vez que sua absorção é limitada pela baixa mobilidade no
solo e pelo reduzido sistema radicular inicial das plantas; níveis críticos de P no solo
diminuem exponencialmente com o avanço da idade das plantas (Santos et al., 2002).
Segundo Novais & Smyth (1999) os níveis críticos no solo e na planta diminuem com
a idade da mesma, sendo as variações mais acentuadas em plantas perenes como as
forrageiras. Por estes motivos é essencial estabelecer os níveis críticos de fósforo para cada
estádios de crescimento da planta. Esse conhecimento tanto é imprescindível ao manejo da
adubação, seja no plantio ou na manutenção, com vistas em suprir, dessa forma, a demanda
das plantas ao longo do seu ciclo e favorecer a sustentabilidade da produção.
O requerimento de grandes quantidades de fosfatos na correção da fertilidade dos
solos brasileiros, e a ausência de reservas abundantes de rochas fosfatadas de boa qualidade
no País, associados ao elevado custo dos fertilizantes, justificam estudos para aperfeiçoar a
eficiência no uso de adubos fosfatados (Resende et al., 2006).
O P é, entre os macronutrientes primários, o que apresenta maior opção de fontes no
mercado, as quais podem variar quanto à reatividade. Os fosfatos de alta reatividade
correspondem a mais de 90 % do P2O5 utilizado na agricultura brasileira. Apresentam alta
47
eficiência agronômica em curto prazo e elevado custo por unidade. Há forte competição entre
o solo e planta pelo P desses fosfatos (Novais et al., 2007).
Devido a este elevado custo, o emprego de fontes de P com baixa solubilidade são
crescentes. Estas fontes elevam a quantidade de P disponível no solo e liberam o nutriente de
forma mais lenta, minimizando o processo de fixação (Novais & Smyth, 1999; Prochnow et
al., 2003; Resende et al., 2006; Lana et al., 2007 Foloni et al., 2008;). A Utilização de fontes
fosfatadas de liberação gradual pode trazer a diminuição do custo de produção e menores
impactos ambientais, (Valderrama et al., 2009).
O uso da rochagem na fertilização de solos é uma técnica recente que vem
apresentando bons resultados. Os resíduos de rochas fosfáticas utilizadas na fabricação de
adubos fosfatados contêm quantidades de P consideráveis, e estes podem vir a ser utilizados
como fontes naturais de P, no entanto necessitam de maiores estudos sobre sua viabilidade.
Segundo Guedes et al. (2009), os fosfatos menos reativos, em geral, apresentam menor
eficiência que os fosfatos solúveis em curto prazo; porém, a longo prazo, seu efeito residual é
geralmente maior. Ono et al, (2009), cultivando milho em sucessão a soja, observaram que o
fosfato natural de Arad se equiparou ao superfosfato triplo na produção de grão e massa seca,
devido ao seu efeito residual, mostrando que a longo prazo as fontes menos solúveis são
eficientes.
Benício et al. (2011) testando diferentes fontes de P no estabelecimento de pastagens
de P. maximum consorciadas com sorgo, verificaram que ao final do primeiro ano de
implantação os tratamentos que receberam a fonte menos solúvel foram superiores, os autores
atribuíram os resultados ao maior efeito residual da fonte.
Em trabalho realizado por Silverol & Machado Filho (2007) estudando a utilização de
pó de granito para a fertilização de solos, observaram que os tratamentos que tinham
quantidades significativas de pó de rocha, as plantas de milho desenvolveram adequadamente
em comparação com a testemunha. Embora esse resultado seja inferior ao tratamento
químico, altamente solúvel, evidencia a importância, em longo prazo, na melhoria da
fertilidade de solos que apresentam sinais de degradação, especialmente das pastagens.
Diante dos fatos expostos o presente trabalho objetivou comparar fontes de P
(superfosfato simples, termofosfato de yorin, rejeito de rocha fosfática e fosagro) quanto a
produção, e quanto a eficiência agronômica em pastagens com Brachiaria brizantha cv.
Marandu.
48
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado em casa de vegetação na Universidade Federal do
Tocantins (UFT) campus de Gurupi, foi conduzido sob delineamento experimental
inteiramente casualizado, com 12 tratamentos e uma testemunha, com quatro repetições
arranjados em esquema fatorial 4x3+1, envolvendo quatro fontes de P, superfosfato simples
(SFS) 18% de P2O5; 25% de CaO; 12% de S. Termofosfato de Yoorin (TFY) 18% P2O5 e
18% Ca. Fosfato natural parcialmente acidulado (FPA) 20% P2O5 e 16% Ca. Rejeito de rocha
fosfática (RRF) 8% P2O5; 11,3% CaO e 4,68% de Fe. Três níveis de fósforo 112,5; 225 e
337,5 mg dm-³ de P2O5, e mais uma testemunha sem adição de P.
O solo utilizado foi retirado do subsolo de um LATOSSOLO VERMELHO
AMARELO, e apresentou as seguintes características químicas e físicas: pH (CaCl2): 5,92; P:
0,3 mg dm-³ ; K: 38,48 mg dm-³ ; Ca: 0,66 cmolc dm-³; Mg: 0,16 cmolc dm-³; H+Al: 1,76
cmolc dm-³; Al: 0,045 cmolc dm-³; CTC: 2,68 cmolc dm-³; saturação por bases: 34,18%;
matéria orgânica: 5,50 mg dm-³ ; areia: 37,05%; silte: 19,05% e argila: 43,9%.
A unidade experimental foi constituída de vasos de polietileno com capacidade de 5,6
litros. Os vasos foram preenchidos com o solo acima descrito. A semeadura foi realizada no
dia 19 de outubro de 2011, no ato da semeadura foi realizado a correção do solo com a
aplicação da dose referente a 1 t ha-¹ de calcário em cada vaso, onde o calcário foi misturado
ao solo visando uma maior homogeneização. O adubo fosfatado também foi colocado no ato
da semeadura, sendo distribuído em uma camada entre 5 e 10 cm de profundidade. Para o
plantio foram distribuídas 15 sementes por vaso, após a germinação foram realizados
desbastes periodicamente até permanecerem cinco plantas por vaso. O nitrogênio e o potássio
foram fornecidos em cobertura periodicamente, totalizando 75 mg dm-³ de N e K, os 75 mg
dm-³ foram aplicados em três parcelas de 25 mg dm-³ , onde a primeira aplicação foi realizada
quando as plantas apresentaram sintomas de deficiência, e as outras duas parcelas após o
primeiro e segundo corte respectivamente, as fontes utilizadas foram sulfato de amônio e
cloreto de potássio.
A irrigação foi realizada adotando-se um turno de rega de dois dias, onde eram
aplicados 1150 ml de água em cada vaso, quantidade necessária para saturar o solo. Os dados
de umidade relativa do ar e temperatura no período em que o experimento foi conduzido
encontram-se na Figura 1.
49
88
86
84
82
80
78
76
74
72
70
68
26
24
22
Meses
Temperatura ºC
UR (%)
Temperatura ºC
28
UR(%)
Figura 1 - Temperatura e Umidade Relativa do ar de Outubro de 2011 a Março de 2012 em
Gurupi-TO
Foram realizadas três avaliações (cortes), sendo estas aos 70, 110 e 150 dias após a
semeadura (DAS), as características analisadas foram massa seca do capim em (g/vaso),
altura das plantas em centímetros, número de perfilhos/vaso (PERF), teores foliares de P, K
em g kg-¹, teor de proteína bruta (PB%). Para comparar os três fertilizantes quanto à produção
de matéria seca, foi calculado o índice de eficiência agronômica (IEA).
Para determinação do PERF, foram contados os perfilhos vivos em cada vaso. A altura
foi determinada medindo as plantas com uma fita métrica do coleto até o ápice das folhas.
Para a determinação da massa seca as plantas foram cortadas a uma altura de 20 cm, e
acondicionadas em sacos de papel e colocadas em estufa com circulação de ar a 55 ºC por 96
horas.
Após seco o material foi triturado em moinho tipo Wiley com peneiras de 0,5mm. A
partir das amostras trituradas procedeu-se a análise para obtenção dos teores de P, K e
proteína bruta (PB) contida na parte aérea da forrageira. As amostras trituradas foram
submetidas a digestão sulfúrica adaptado de Tedesco et al. (1995). A determinação de N foi
feita pela destilação de Keijdhal. A partir dos valores de N determinou-se o teor de PB,
multiplicando os valores de N total pelo fator 6,25 obtendo-se o valor em percentagem de PB.
O P foi determinado pelo método de espectrofotometria com azul de molibdênio. O teor de K
foi determinado através do fotômetro de chama.
O IEA foi calculado de acordo com a fórmula abaixo, usando-se como adubo
referencia o SFS conforme descrito em (Gava et al., 1997).
50
Quando pertinente os dados obtidos foram submetidos a analise variância, e as médias
comparada pelo teste SNK (P<0,05), e o teste Dunnett para verificar se houve diferença entre
os tratamentos e testemunha. Para as análises foi utilizado o software Assistat.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1 encontram-se os resultados referentes a altura do capim nos três cortes.
Para altura das plantas, no primeiro corte verificou-se que não houve interação entre fontes e
doses de P aplicadas, também não houve efeito significativo das doses, toda via todas as doses
diferiram da testemunha. A fonte que proporcionou a maior altura para as plantas foi o SFS,
independente da dose aplicada, seguida do TFY.
Tabela 1 - Altura em (cm) de capim Marandu sob doses e fontes de P, em três cortes
1º Corte - 70 Dias
Dose de P mg dm-³
Fonte de P
Médias
112,5
225
337,5
37,75 cA
41,25 bA
42,75 bA
FPA
40,58 c
34,25 cA
41,50 bA
43,00 bA
RRF
39,58 c
69,25 aA
62,25 aA
59,25 aA
SFS
63,58 a
54,25 bA
51,25 bA
43,75 bA
TFY
49,75 b
Médias
48,87 A
49,06 A
47,18 A
15
Testemunha
14,89
C.V(%)
2º Corte - 110 Dias
49,75 bA
52,00 cA
56,50 bA
FPA
52,75 c
40,25 cB*
49,75 cA
54,50 bA
RRF
48,16 c
67,00 aA
72,00 aA
73,75 aA
SFS
70,91 a
61,00 aA
62,75 bA
58,25 bA
TFY
60,66 b
Médias
54,50 B
59,12 A
60,75 A
36,5
Testemunha
10,26
C.V(%)
3º Corte - 150 Dias
52,00 bA
45,5 cB
52,50 aA
FPA
49,91 b
40,00 cB*
48,50 cA
41,75 bB
RRF
43,41 c
55,50 abB
63,50 aA
55,25 aB
SFS
58,08 a
59,25 aA
56,25 bA
53,25 aA
TFY
56,25 a
Médias
51,68 A
53,37 A
50,68 A
32,75
Testemunha
8,3
C.V(%)
51
Continuação Tabela 1
FPA: Fosfato natural parcialmente acidulado; RRF: rejeito de rocha fosfática; SFS: superfosfato simples; TFY:
termofosfato de Yoorin.
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha, e minúscula na coluna não diferem entre si no teste SNK a
5%.
* Não diferem da testemunha pelo teste Dunnett a 5% de probabilidade.
No segundo corte, o SFS novamente foi a fonte que proporcionou maiores alturas,
independente da dose de P aplicada. O RRF na dose de 112,5 mg dm-³ proporcionou a menor
altura entre os tratamentos testados 40,25 cm, não diferindo da testemunha que obteve 36,50
cm. Para o SFS, TFY e FPA as doses testadas não obtiveram diferenças significativas.
No terceiro corte o tratamento que apresentou maior altura foi o SFS na dose de 225
mg dm-³ 63,5 cm. Mais uma vez a fonte SFS apresentou maior média de altura, exceto na
dose de 112,5 mg dm-³ , onde o TFY foi superior. Assim como nos dois primeiros cortes, o
RRF apresentou menores médias de alturas, e na dose de 112,5 mg dm -³ , não diferiu da
testemunha, ao passo que os demais tratamentos diferiram. Mesmo na maior dose testada, o
RFR foi a única fonte que diferiu do SFS que apresentou melhores resultados.
O fato de o SFS proporcionar maiores médias de altura as plantas já era esperado,
devido a sua maior solubilidade em relação às outras fontes testadas. Também se esperava que
o RRF apresentasse as menores médias em função de sua baixa solubilidade, porém havia
perspectivas que ao longo dos dias esta fonte se equiparasse as demais, o que não foi
verificado para altura das plantas. Benício et al. (2011) trabalhando com diferentes fontes de P
em P. maximum não verificaram diferenças entre as fontes e altura das plantas. De acordo
com Cecato et al. (2008) em gramíneas o P tem maior influência no perfilhamento do que no
alongamento foliar destas plantas. Esta afirmação dos autores em evidencia é a provável
reposta para as diferentes doses não terem obtido diferenças significativas sobre a altura neste
trabalho.
Os resultados referentes ao número de perfilhos para os três cortes realizados
encontram-se na Tabela 2. Não houve interação entre fontes e doses nos três cortes realizados.
Nos três cortes, independente da dose aplicada, a fonte que proporcionou um maior
perfilhamento foi o SFS seguido pelo TFY e FPA. O RRF foi a fonte que apresentou piores
respostas, no primeiro corte na dose de 337,5 mg dm-³ , não diferiu da testemunha, e no
terceiro corte em todas as doses o numero de perfilhos não diferiu da testemunha. Quanto as
doses testadas, de uma maneira geral, a maior dose 337,5 mg dm-³ foi a que apresentou
maiores médias de perfilhamento.
52
Tabela 2 - Número de perfilhos em capim Marandu sob doses e fontes de P, em três cortes.
1º Corte - 70 Dias
Dose de P mg dm-³
Fonte de P
Médias
112,5
225
337,5
14 cA
15 bcA
19 bA
FPA
16 b
11 cA
12 cA
10 cA *
RRF
11c
28 aA
26 aA
28 aA
SFS
27 a
19 bA
18 bA
17 bA
TFY
18 b
Médias
18 A
18 A
19 A
5
Testemunha
16,4
C.V(%)
2º Corte - 110 Dias
19 bB
18 bB
25 bA
FPA
21 b
14 cA
15 bA
15 cA
RRF
15 c
29 aB
33 aB
39 aA
SFS
34 a
19 bA
17 bA
21 bA
TFY
19 b
Médias
20 B
21B
25 A
7
Testemunha
13,63
C.V(%)
3º Corte - 150 Dias
18 cB
22 bcB
30 bA
FPA
23 c
16 cA*
16cA*
16 cA*
RRF
16 d
33 aB
40 aA
43 aA
SFS
39 a
26 bA
26 bA
30 bA
TFY
28 b
Médias
23 B
26 B
30 A
9,75
Testemunha
15,5
C.V(%)
FPA: Fosfato natural parcialmente acidulado; RRF: rejeito de rocha fosfática; SFS: superfosfato simples; TFY:
termofosfato de Yoorin.
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha, e minúscula na coluna não diferem entre si no teste SNK a
5%.
* Não diferem da testemunha pelo teste Dunnett a 5% de probabilidade.
O baixo teor de P no RRF, juntamente com sua baixa solubilidade fez com que as
plantas se desenvolvessem e perfilhassem menos, ao passo que o SFS ser uma fonte bastante
solúvel contribuiu para maior desenvolvimento das plantas. Resultados semelhantes foram
observados por Cecato et al. (2008). Estes autores trabalhando com diferentes fontes de P em
capim Mombaça, verificaram que os tratamentos que receberam SFS apresentou maior
densidade populacional de perfilhos seguido pelo TFY, e ambos foram melhores que o fosfato
natural, os autores atribuíram estes resultados a solubilidade das fontes, e o papel importante
que o P exerce sobre o perfilhamento de gramíneas. Pereira (1997), avaliando a influência da
adubação fosfatada e nitrogenada sobre a produção do capim-Marandu, relatou que o adubo
fosfatado (SFS) teve maior efeito sobre o número de perfilhos em relação ao adubo
nitrogenado, evidenciando a importância do fósforo no perfilhamento.
53
O RRF não apresentou boa eficiência, pois, o perfilhamento obtido com esta fonte não
diferiu da testemunha em alguns casos. Porém, é possível que com o passar do tempo sua
eficiência aumente, já que o fertilizante apresenta menor solubilidade, disponibilizando P de
forma gradual no solo, o que é importante para o caso de pastagens. Isso corrobora com os
resultados de Oliveira et al. (1984), Vasconcellos et al. (1986) e Lima et al. (2007), que
descrevem que a resposta inicial na implantação de pastagens é maior ao se utilizar fontes de
P solúveis.
As doses maiores proporcionaram maiores incrementos no perfilhamento devido ao
maior fornecimento de P. A utilização de doses crescentes de P aumentam de forma linear as
concentrações no solo, melhorando a utilização deste por parte das forrageiras (Mesquita et
al., 2010).
Os resultados referentes a produção de massa seca encontram-se na Tabela 3. No
primeiro corte não houve interação significativa entre fontes e doses de P sobre a massa seca
do capim. Para as diferentes fontes apenas o SFS diferiu da testemunha. Quanto às doses,
houve diferenças apenas quando se aplicou o SFS, onde a dose que proporcionou maiores
médias foi a de 337,5 mg dm-³ .
Tabela 3 - Massa seca em g/vaso capim Marandu sob doses e fontes de P, em três cortes
Fonte de P
FPA
RRF
SFS
TFY
Médias
Testemunha
C.V(%)
FPA
RRF
SFS
TFY
Médias
Testemunha
C.V(%)
FPA
RRF
SFS
1º Corte - 70 Dias
Dose de P mg dm-³
112,5
225
0,98 cA *
0,94 bA*
0,76 cA*
0,47 bA*
9,94 aB
8,69 aB
3,04 bcA*
1,87 bA*
3,68 AB
2,99 B
0,2
40,01
2º Corte - 110 Dias
6,66 bB
5,07 bcB*
1,63 cA*
1,45 cA*
21,59 aB
24,09 aAB
8,38 bAB
6,36 bB
9,56 B
9,24 B
0,4
27,47
3º Corte - 150 Dias
4,03 cB
3,53 cB*
1,63 dA*
1,67 cA*
7,11 bC
11,07 aB
337,5
1,75 bA*
0,53 bA*
12,94 aA
2,82 bA*
4,51 A
Médias
1,22 c
0,59 c
10,52 a
2,58 b
12,05bA
2,45 cA*
26,72 aA
11,79 bA
13,25 A
7,92 b
1,84 c
24,13 a
8,84 b
6,92 bA
1,90 cA*
14,40 aA
4,82 c
1,73 d
10,86 a
54
TFY
Médias
Testemunha
C.V(%)
Continuação Tabela 3
9,95 aA
8,57 bAB
5,68 B
6,21 B
0,6
27,12
6,48 bB
7,43 A
8,33 b
FPA: Fosfato natural parcialmente acidulado; RRF: rejeito de rocha fosfática; SFS: superfosfato simples; TFY:
termofosfato de Yoorin.
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha, e minúscula na coluna não diferem entre si no teste SNK a
5%.
* Não diferem da testemunha pelo teste Dunnett a 5% de probabilidade.
No segundo corte também não houve interação entre fonte e dose de P para produção
de massa seca. O SFS foi a fonte de P que proporcionou maiores produções de massa seca,
21,59; 24,09 e 26,72 g/vaso para 112,5; 225 e 337,5 mg dm-³ de P2O5 respectivamente. O SFS
produziu cerca de três vezes mais que o TFY que foi a segunda melhor fonte, porém esta não
diferiu estatisticamente do FPA. O RRF produziu 1,63; 1,45 e 2,45 g/vaso de massa seca para
112,5; 225 e 337,5 mg dm-³ de P2O5 respectivamente, não diferindo da testemunha que
produziu 0,4 g/vaso. Para as doses testadas a de 337,5 mg dm-³ foi a que proporcionou
maiores valores de massa seca em todas as fontes.
No terceiro corte houve interação (P<0,01) entre doses e fontes de P. O tratamento que
apresentou maiores valores de massa seca foi o SFS na dose de 337,5 mg dm-³ . O aumento
das doses quando se aplicou TFY, os valores de massa seca foram reduzidos. Mais uma vez o
RRF foi a pior fonte entre as testadas, em todas as doses não diferiu da testemunha. O FPA foi
superior que o RRF apenas nas doses de 112,5 e 337,5 mg dm-³ , e na dose de 225 mg dm-³
não diferiu da testemunha.
Mesmo aos 150 dias após o plantio da forrageira, as fontes TFY, RRF e FPA não se
equipararam ao SFS, mostrando que estágio inicial, as forragens se desenvolvem melhor em
fontes de P mais solúveis. Isso corrobora os resultados de Soares & Macedo (1988), Oliveira
et al. (1984) e Vasconcellos et al. (1986), que afirmam ser superior a resposta inicial na
implantação de pastagens, para as fontes solúveis. Lima et al. (2007) relata que fontes menos
solúveis, com o tempo tendem a equiparar-se as fontes mais solúveis, isto não foi verificado
no período em que o presente trabalho foi conduzido, talvez fosse necessário um maior
período para que isso ocorresse. Macedo (1985), comparando a efetividade de três fontes e
seis níveis de P2O5, em presença e ausência de calcário, na produção de matéria seca da parte
aérea, de uma gramínea (Festuca) consorciada com duas leguminosas (Trevo-Vermelho e
Cornichão), em quatro tipos de solo da região de Bagé, RS, concluiu: a) o superfosfato triplo
foi o mais efetivo no rendimento de matéria seca em um dos solos; nos demais, as fontes de
55
fósforo eqüivaleram-se quanto a esse rendimento de matéria seca; b) no total dos quatro anos,
não houve diferença entre os fosfatos naturais e o solúvel quanto ao rendimento de matéria
seca.
Nos três cortes a maior produção foi obtida com a aplicação de SFS seguido pelo TFY,
esses resultados são semelhantes aos obtidos por Nascimento et al. (2002) em P. maximum. A
maior produção de massa seca proporcionada pela aplicação de SFS está relacionado com o
maior perfilhamento ocasionado por esta fonte, pois o perfilho é uma unidade importante na
produção de forrageiras. Perfilhos mais leves proporcionam redução na produção de massa
seca devido à queda na taxa de alongamento foliar, produzindo lâminas foliares menores,
normalmente, plantas que apresentam maior densidade de perfílhos, são mais leves, o que
pode influenciar consideravelmente a produção de massa do relvado (Cecato et al 2008).
.
Os teores de P encontrados na parte aérea do capim Marandu seguem na Tabela 4. No
primeiro corte aos 70 dias após a semeadura, a fonte que proporcionou maiores teores de P na
parte aérea da forrageira foi o SFS, seguido do FPA. Na dose de 112,5 mg dm -³ de P2O5, o
SFS não diferiu do FPA, porém nas doses de 225 e 337,5 mg dm-³ diferiu de todas as fontes.
O RRF foi a pior fonte, sendo que esta na dose de 337,5 mg dm-³ , não diferiu da testemunha.
Entre as doses testadas, a de 337,5 mg dm-³ foi superior nas fontes SFS e TFY, no RRF a
melhor dose foi a de 112,5 mg dm-³, no FPA, não houve diferenças entre as doses.
Tabela 4 - Teor de P (g kg-¹) na parte aérea de capim Marandu sob doses e fontes de P, em
três cortes
Fonte de P
FPA
RRF
SFS
TFY
Médias
Testemunha
C.V(%)
FPA
RRF
SFS
TFY
Médias
112,5
2,67 aA
1,70 bA
2,71 aC
1,92 bC
2,25 C
1,28
6,58
1,12 aA*
0,97 bB
1,14 aB*
0,94 bB
1,04 B
1º Corte - 70 Dias
Dose de P (mg dm-³)
225
2,81 bA
0,90 dB
3,91 aB
2,28 cB
2,47 B
337,5
2,85 bA
0,96 dB*
4,47 aA
2,53 cA
2,70 A
2º Corte - 110 Dias
0,92 cB
1,21 aA*
1,32 aA*
1,10 bA *
1,14 A
0,69 dC
1,12 bA*
1,27 aA*
0,92 cB
1,00 B
Médias
2,77 b
1,19 d
3,70 a
2,24 c
0,91 d
1,10 b
1,24 a
0,99 c
56
Continuação Tabela 4
Testemunha
C.V(%)
FPA
RRF
SFS
TFY
Médias
Testemunha
C.V(%)
1,24
7,42
3º Corte - 150 Dias
1,39 aA
1,40 aA
1,07 bcA*
1,16 bA
0,91 cC*
1,21 abB
1,14 bA
1,30 abA
1,13 B
1,27 A
0,85
9,57
1,23 abA
1,16 bA
1,38 aA
1,34 abA
1,28 A
1,34 a
1,13 c
1,17 bc
1,26 ab
FPA: Fosfato natural parcialmente acidulado; RRF: rejeito de rocha fosfática; SFS: superfosfato simples; TFY:
termofosfato de Yoorin.
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha, e minúscula na coluna não diferem entre si no teste SNK a
5%.
* Não diferem da testemunha pelo teste Dunnett a 5% de probabilidade.
A maior absorção ocorreu com a aplicação de SFS devido a elevada liberação de P por
esta fonte. Costa et al. (2008), estudando fontes de P, superfosfato triplo, fosfato de Arad,
fosfato natural de Araxá e, uma mistura superfosfato triplo + fosfato de Arad na relação (1:1),
em Brachiaria brizantha, relataram que o teor de P na forrageira foi influenciado,
significativamente, pelas fontes de P de maior solubilidade. Resultados semelhantes também
foram relatados por Oliveira et al. (2012), onde o SFS apresentou maior teor de P foliar, do
que o fosfato natural de Arad e a testemunha. De maneira geral, sabe-se que o P é o elemento
mineral que mais onera o custo dos suplementos minerais para bovinos, sendo que, quanto
maior o teor deste elemento na matéria seca das forrageiras, menor será o consumo pelos
bovinos via suplementação mineral. Sendo assim, é de suma importância a maior capacidade
de assimilação e concentração de P na parte aérea pela planta forrageira. Os teores de P
encontrados na parte aérea da forrageira está dentro da faixa adequada para B. brizantha,
exceto para o SFS nas doses de 225 e 337,5 mg dm-³ . Segundo Boaretto et al. (1999) estes
teores estão entre 0,8 e 3,0 g kg-¹ de P.
No segundo corte as fontes de P proporcionaram maiores teores foliares de P na
seguinte ordem SFS>RRF>TFY>FPA. O RRF e SFS na dose de 225 mg dm -³ de fósforo,
proporcionou maiores teores foliares de P, não diferindo da dose de 337,5 mg dm-³ . Para o
TFY e FPA a dose de 337,5 mg dm-³ foi a que apresentou menores teores foliares de P. O
FPA nas doses de 225 e 337,5 mg dm-³ , o RRF na dose de 112,5, e o TFY nas doses de 112,5
e 337,5 mg dm -³ foram inferiores a testemunha.
57
Em relação ao primeiro corte o RRF deixou de ser a pior fonte para os níveis foliares
de P, e passou a ser a segunda melhor fonte. Isso provavelmente ocorreu devido a liberação
gradual de P, e ao desenvolvimento da forrageira, no primeiro provavelmente o tempo limitou
a liberação de P para o solo, consequentemente limitando a absorção por parte da planta. Já na
segunda avaliação a quantidade de P liberada pela fonte foi maior, assim houve uma maior
absorção do elemento pela planta, esta quantidade absorvida somada ao P já estocado nos
tecidos, fez com que na segunda avaliação as quantidades fossem bem superiores a primeira.
A idade da planta e a disponibilidade do fósforo no solo são os fatores que mais influenciam
os teores desse nutriente nas plantas (Santos et al., 2002).
No terceiro corte, o FPA foi a melhor fonte quanto ao teor de P nas plantas superando
o SFS e o RRF, o TFY se equiparou ao FPA porém não diferiu do SFS. O RRF apesar de
proporcionar teores mais elevados que nos cortes anteriores, foi a pior fonte. A dose que
proporcionou melhores resultados foi a de 337,5 mg dm-³ , diferindo apenas da de 112,5 mg
dm-³ . O RRF e o SFS na dose de 112,5 mg dm-³ , apresentaram 1,07 e 0,91 g kg-¹ de P nos
tecidos, não diferindo da testemunha, que apresentou 0,85 g kg-¹.
Segundo os fabricantes do FPA esta fonte possui propriedades que fazem com que
inicialmente sejam liberadas pequenas quantias de P para o desenvolvimento inicial da planta,
e posteriormente continua liberando o P de forma gradual, assim como o TFY, isso pode ter
contribuído para que esta fonte apresentasse maiores teores foliares de P. Ao contrário dessas
duas fontes o SFS é altamente solúvel, assim as quantidades de P que são liberadas
inicialmente são elevadas, e posteriormente são reduzidas. Apesar de ser a fonte que
apresentou maior produtividade de massa seca no terceiro corte, os teores de P absorvidos
foram bem inferiores aos iniciais, essa maior produção de massa seca pode estar relacionada
com a redistribuição de P estocado nos tecidos nos estádios iniciais das plantas. Segundo
(Marschner, 1995 apud: Santos Júnior, 2005), elementos como fósforo e potássio são bastante
móveis quanto a redistribuição deslocando-se de partes mais velhas e senescentes para folhas
mais novas, ocasionado uma maior diluição desses elementos nos tecidos. Maciel et al. (2007)
testando diferentes fontes de P em B. brizantha, verificaram que ao longo de quatro cortes a
fonte mais solúvel (super triplo) foi a que proporcionou maiores teores foliares de P, diferente
dos resultados obtidos no presente trabalho. Já Dias et al. (2007), verificaram que diferentes
fontes de P não afetaram a composição química de capim Mombaça. O Fato do RRF não
apresentar resultados satisfatórios mesmo após um período de implantação, pode estar
relacionado com as características do solo, Novais & Smyth (1999) explicam que a dissolução
58
do fosfato natural deverá ser mais intensa em solos com maior CTC e, particularmente, com
maiores teores de matéria orgânica, o que não é observado no solo utilizado.
Na tabela 5 estão os teores foliares de K na parte aérea da forragem nos três cortes
realizados. No primeiro corte, entre as doses testadas, a que proporcionou maiores
quantidades de K nos tecidos foi a de 225 mg dm-³ diferindo de 112,5 mg dm-³ . Entre as
fontes, os tratamentos que receberam o TFY foram os que apresentaram maiores quantidades
de K 25,97 g kg-¹, diferindo apenas do SFS que foi a fonte que proporcionou a menor
absorção de K 18,03 g kg-¹. A testemunha apresentou médias superiores ao SFS, mostrando
que o fornecimento de P em grandes quantidades afeta a absorção de K de forma negativa.
Santos Júnior (2005) relata este fenômeno, e atribui a diluição do elemento em tratamentos
que produzem maior quantidade de massa seca, assim como neste trabalho.
Tabela 5 - Teor de K (g kg-¹) na parte aérea de capim Marandu sob doses e fontes de P, em
três cortes
Fonte de P
FPA
RRF
SFS
TFY
Médias
Testemunha
C.V(%)
FPA
RRF
SFS
TFY
Médias
Testemunha
C.V(%)
FPA
RRF
SFS
TFY
Médias
Testemunha
C.V(%)
112,5
17,44 bC*
28,00 aA
13,68 bB*
27,64 aA
21,69 B
19,76
14,54
30,39 aA
16,35 cB*
20,98 bA*
23,72 bA*
22,86 A
18,39
14,2
37,23 aA
20,22 cA*
30,37 bA
30,99 bA
29,70 A
13,41
14,51
1° Corte – 70 Dias
Dose de P mg dm-³
225
24,60 abB*
24,42 abA*
21,20 bA*
28,53 aA
24,68 A
337,5
34,08 aA
15,83 cB*
19,23 bcA*
21,73 bB*
22,72 AB
2° Corte - 110 dias
26,47 abA
22,12 bA*
17,45 cA*
27,84 aA
23,47 A
19,60 bB*
24,50 aA*
15,68 bA*
25,29 aA
21,27 A
25,48 a
20,99 b
18,04 c
25,62 a
3º Corte - 150 Dias
30,58 aB
20,91 bA*
22,26 bB
34,32 aA
27,02 AB
22,67 bC
19,54 bA*
23,51 bB
37,23 aA
25,74 B
30,16 b
20,22 d
25,38 c
34,18 a
Médias
25, 37 a
22,75 a
18,03 b
25,97 a
59
Continuação Tabela 5
FPA: Fosfato natural parcialmente acidulado; RRF: rejeito de rocha fosfática; SFS: superfosfato simples; TFY:
termofosfato de Yoorin.
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha, e minúscula na coluna não diferem entre si no teste SNK a
5%.
* Não diferem da testemunha pelo teste Dunnett a 5% de probabilidade.
No segundo corte o SFS também teve resultados inferiores quanto a absorção de K,
não diferindo da testemunha em nenhuma das doses. Entre as doses estudadas não houve
diferença entre elas. Alguns pesquisadores registraram pouco efeito do P adicionado sobre a
quantidade acumulada de K na planta (Costa et al., 1999; Filizzola & Baumgartner, 1984),
enquanto outros têm relatado sua redução (CIAT, 1982) como consequência do efeito de
diluição com o aumento da produção de forragem.
No terceiro corte os teores de K variaram entre 19,54 e 37,23 g kg-¹ entre as fontes e
doses testadas. Werner et al. (1996) sugeriram que o teor adequado de K para brotações mais
lâminas de folhas recém expandidas no capim-Marandu encontra-se na faixa de 15 a 30 g kg1. Os valores acima desta faixa evidenciam um consumo de luxo do nutriente, o que pode ser
atribuído a aplicação de cloreto de potássio após cada corte. Ribeiro et al. (1999) também
encontraram teores elevados de K em capim-elefante, e atribuíram esses teores a aplicação de
K após cada corte.
Os valores de PB obtidos nos três cortes encontram-se na Tabela 6. Nela podemos
observar que para as doses testadas, apenas no terceiro corte houve diferenças entre elas, onde
a maior dose 337,5 mg dm-³ apresentou média de 12,07% a menor entre as três doses. Entre
as fontes, o RRF foi o que proporcionou maiores teores de PB 15,28; 24,05 e 16,32 % para
primeiro, segundo e terceiro corte respectivamente. O SFS foi a fonte que proporcionou
menores teores de PB em todos os cortes. A testemunha apresentou teores elevados de PB.
Tabela 6 - Teor de PB (%) na parte aérea de capim Marandu sob doses e fontes de P, em três
cortes
Fonte de P
FPA
RRF
SFS
TFY
Médias
Testemunha
112,5
11,98 bA*
19,99 aA
11,82 bB*
10,75 bA*
13,63 A
14,68
1º Corte - 70 Dias
Doses de P mg dm-³
225
15,34 aA*
13,06 aB*
14,97 aA*
12,70 aA*
14,02 A
337,5
13,32 aA*
12,79 aB*
11,17 aB*
12,10 aA*
12,34 A
Médias
13,55 b
15,28 a
12,65 b
11,85 b
60
Continuação Tabela 6
C.V(%)
FPA
RRF
SFS
TFY
Médias
Testemunha
C.V(%)
FPA
RRF
SFS
TFY
Médias
Testemunha
C.V(%)
14,88
9,92 bA
28,90 aA*
10,47 bA
8,27 bB
14,39 A
28,11
25,17
18,59 aA
17,41 aA
13,39 bA
13,27 bA
15,66 A
22,68
10,92
2º Corte - 110 Dias
10,00 cA
21,85 aB*
7,52 cA
16,26 bA
13,91 A
7,67 bA
21,42 aB*
9,33 bA
12,56 bAB
12,74 A
9,20 c
24,05 a
9,11 c
12,36 bc
3º Corte - 150 Dias
16,34 bA
18,94 aA
10,60 dB
13,20 cA
14,77 A
10,60 aB
12,60 aB
11,46 aAB
13,63 aA
12,07 B
15,18 a
16,32 a
11,81 c
13,37 b
FPA: Fosfato natural parcialmente acidulado; RRF: rejeito de rocha fosfática; SFS: superfosfato simples; TFY:
termofosfato de Yoorin.
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha, e minúscula na coluna não diferem entre si no teste SNK a
5%.
* Não diferem da testemunha pelo teste Dunnett a 5% de probabilidade.
Relacionando esses valores com os de produção de massa seca, podemos chegar às
respostas para os resultados encontrados. Os tratamentos que proporcionou maior
produtividade tiveram menores teores de PB, isso devido a diluição do N nos tecidos da
planta. Ou seja a quantidade de N aplicada é a mesma para todos os tratamentos e os
tratamentos mais produtivos tem maior quantidade de matéria seca para distribuir o N
diluindo este. O fato da testemunha apresentar elevados teores de PB também pode ser
explicado por esta diluição. Teores elevados de P proporcionam um desenvolvimento rápido
da planta, a medida que a absorção de N não acompanha o ritmo de desenvolvimento da
forrageira, afetando diretamente a síntese de proteínas (Oliveira et al., 2000). A aplicação de P
na presença de N reduziu significativamente os teores de PB em B. decumbens (Bomfim et al,
2003). O mesmo comportamento foi observa neste trabalho, pois no intervalo de cada corte
foi fornecido N em cobertura, a aplicação de P causou redução de PB, como relatado pelos
autores acima citados.
Para a eficiência agronômica, o SFS foi o que apresentou maior indicie nos três cortes,
96,66; 106,7 e 100,96 % para primeiro, segundo e terceiro corte respectivamente. O TFY foi a
fonte que obteve maior IEA depois do SFS, diferindo das demais fontes no primeiro e terceiro
61
corte, no segundo corte não diferiu do FPA. O RRF assim como para as outras características
estudadas neste trabalho, foi a pior fonte, com IEA abaixo de 10% nos dois primeiros cortes e
10,86% no terceiro corte (Tabela 7).
Tabela 7 – Indicie de Eficiência Agronômica (IEA%) dos adubos fosfatados Superfosfato
Simples (SFS), Termofosfato de Yorin (TFY), Fosagro (FPA) e Rejeito de Rocha Fosfática
(RRF)
1º Corte - 70 Dias
Fonte de P
SFS
TFY
FPA
RRF
MÉDIAS
Dose de P mg dm ³
105,46 aA
30,91 aB
9,90 aC
6,09 aC
112,5
38,09 a
72,24 bA
13,91 bB
5,41 aB
3,92 aB
225
23,87 b
109,30 aA
30,39 aB
17,46 aC
1,47 aD
337,5
39,65 a
MÉDIAS
95,66 A
25,07 B
10,92 C
3,83 C
22,42
C.V.(%)
2º Corte - 110 Dias
95,89 bA
35,78 aB
20,64 bC
5,70 aD
112,5
39,50 b
109,28 abA
21,09 bB
16,39 bBC
3,31 aC
225
37,52 b
114,92 aA
39,94 aB
53,09 aB
9,26 aC
337,5
54,29 a
MÉDIAS
106,70 A
32,27 B
30,04 B
6,08 C
18,47
C.V.(%)
3º Corte - 150 Dias
56,43 cB
100,49 aA
39,11 abC
11,56 aD
112,5
51,90 b
99,15 bA
84,73 bA
31,51 bB
12,44 aC
225
56,96 ab
147,30 aA
47,14 cB
50,29 aB
8,41 aC
337,5
63,28 a
MÉDIAS
100,96 A
77,45 B
40,30 C
10,80 D
15,49
C.V.(%)
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha, e minúscula na coluna não diferem entre si no teste SNK a
5%.
Dentre as doses testadas a dose de 337,5 mg dm-³ foi a que apresentou maior IEA nos
três cortes (Tabela 7). No primeiro corte a dose de 112,5 mg dm-³ equiparou-se a maior dose,
tendo 1,56% a menos de eficiência, já a dose de 225 mg dm-³ foi a pior entre as três doses. No
segundo corte as doses de 112,5 e 225 mg dm-³ não diferiram entre si. No terceiro corte a
dose de 225 mg dm-³ equiparou-se a melhor dose, porém não diferiu da menor dose (Tabela
7).
As fontes de menor solubilidade aumentaram sua eficiência ao longo dos dias, o TFY
e o RRF aumentaram sua eficiência em torno de três vezes do primeiro para o terceiro corte, o
FPA aumentou a eficiência por volta de quatro vezes. Apesar de aumentarem bastante sua
eficiência, não chegaram a se equiparar com a fonte de referencia o SFS. O RRF mesmo
62
aumentando em três vezes sua eficiência, não obteve respostas satisfatórias, proporcionando
baixas taxas de eficiência e produção. Já o TFY mostrou-se uma excelente fonte para períodos
mais longos, após 150 dias teve uma eficiência acima dos 75%. O TFY no terceiro corte, na
dose de 112,5 mg dm-³ superou o SFS tendo 44,06% de IEA a mais que a fonte de referencia.
Na dose de 225 mg dm-³ equiparou-se ao SFS.
Guedes et al. (2009) encontraram 71, 109 e 114 % de IEA em fosfato natural de Arad,
no cultivo de B. brizantha, valores bem superiores aos encontrados nas fontes de menor
solubilidade testadas neste trabalho. Segundo Vitti & Malavolta (1985) a aplicação de S
juntamente com fontes de P tem ações benéficas incrementando a produtividade das culturas.
Richart et al. (2006) testando fontes de P com a e sem aplicação de enxofre (S), verificaram
que quando se aplicou S a eficiência agronômica do Fosfato Natural aumentou. Isso pode
explicar a grande superioridade do SFS sobre as demais fontes, pois além de ser mais solúvel
esta fonte possui uma quantidade considerável de S.
Na maioria dos trabalhos encontrados na literatura, relatam que fontes menos solúveis
de P tendem a equipar-se ou superar a eficiência agronômica dos fosfatos mais solúveis com o
passar do tempo, o que não ocorre no presente trabalho, onde apenas o TFY apresentou
potencial para isto, superando o SFS aos 150 dias após a semeadura, apenas na dose mais
baixa. Existe grande variabilidade dos fosfatos naturais em relação à solubilidade e aos teores
de fósforo. Essa variabilidade é decorrente de características intrínsecas às rochas, como o
grau de substituição isomórfica de fosfatos por carbonatos e da granulometria dos fosfatos
(Horowitz & Meurer, 2003). Experimento em solo de cerrado mostrou que o fosfato reativo
da Carolina do Norte moído (85% das partículas menores do que 0,074 mm), teve eficiência
equivalente ao ST no primeiro plantio de soja (Peruzzo et al., 1997), indicando que a
utilização de fosfatos reativos (importados) parece ser uma alternativa promissora para o
fornecimento de P para as culturas, por apresentarem maior solubilidade em relação aos
nacionais. A maior solubilidade dos fosfatos reativos é explicada por serem derivados de
rochas de origem sedimentar, apresentando elevado grau de substituição de fosfatos por
carbonatos e consequentemente menor cristalização (Kaminski & Peruzzo, 1997).
A aplicação de P independente da fonte empregada foi importante para a forrageira,
pois o elemento promoveu incrementos na altura, densidade de perfilhos, e consequentemente
na produção de massa seca, mostrando que este elemento é imprescindível para o
estabelecimento de pastagens. A ausência do P nos estádios iniciais da pastagem culmina em
uma baixa capacidade produtiva, levando esta pastagem a um estado de degradação
63
rapidamente. A adubação fosfatada é fundamental, independente do sistema de exploração,
seja extensivo ou intensivo, para que esse elemento não seja limitante na resposta da planta
forrageira, principalmente quando são aplicados níveis elevados de nitrogênio (Ieiri et al.,
2009).
CONCLUSÕES
1. Independente da fonte utilizada, a aplicação promove aumento na produção e
perfilhamento do capim Marandu.
2. Dentre as fontes testadas o superfosfato simples é o que promove melhores
resultados. O rejeito de rocha promove acréscimos em relação a testemunha, porém mostra-se
bem inferior do que as fontes comerciais testadas.
3. Dentre as doses testadas a de 337,5 mg dm-³ proporciona maior produção, e
melhora os níveis nutricionais da pastagem.
4. Os teores de proteína bruta da forragem são mais elevados quando utiliza o rejeito
de rocha.
5. Quanto a eficiência agronômica o superfosfato simples é a melhor fonte nos três
cortes, seguidas pelo Yoorin que apresenta um aumento na sua eficiência com o passar dos
dias.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O nível de tecnologia adotado pelos pecuaristas no Brasil ainda é pequeno logo a
apresentação de tecnologias de baixo custo que mostrem que o sistema pode se tornar mais
rentável com investimentos, pode incentivar os pecuaristas a adotarem a pratica de correção e
adubação em pastagens.
O rejeito de rocha fosfática pode ser uma dessas tecnologias, uma vez que apresenta
resultados positivos em relação a não adubação. Como no Brasil as pastagens quase nunca são
adubadas a aplicação do rejeito de rocha fosfática para o fornecimento de P é interessante, já
que é uma fonte barata que apresenta resultados. Assim com a adoção de tecnologias, mesmo
aquelas que proporcionem melhorias mínimas no sistema, pode expandir a visão do produtor,
e futuramente leva-lo a utilizar tecnologias mais eficientes como por exemplo a utilização de
fontes de P mais solúveis que tragam respostas maiores e mais rápidas como é o caso do
superfosfato simples ou até mesmo do termofosfato de Yoorin.
Como mostrado ao decorrer do trabalho o P tem uma grande importância no
desenvolvimento das plantas forrageiras, independente da fonte empregada. O rejeito de rocha
fosfática mostrou-se capaz de suprir o P requerido, elevar a produtividade das gramíneas
forrageiras estudadas, e melhorar seus níveis nutricionais, o que na prática pode refletir em
um maior ganho para o produtor. No entanto esta fonte necessita de outros estudos a cerca de
seus efeitos para uma melhor recomendação
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