Entrevista: Boa gestão ou disfarce para ineficiência

Propaganda
Entrevista: Boa gestão ou disfarce para ineficiência?
Confira a entrevista à Saúde Business do presidente do Sindicato dos Médicos do
DF, César Galvão, sobre a administração pública de Brasília
Desde fevereiro, as instituições públicas de Saúde do Estado do Distrito Federal
passaram a colocar as escalas de médicos de forma pública aos pacientes junto ao
número da ouvidoria. Para o presidente do Sindicato dos Médicos do DF, César
Galvão, a medida deveria abranger todos os servidores públicos e não apenas os
profissionais de saúde. Ele acredita que tal política é uma forma de esconder a falta
de estrutura da rede pública.
1. A escolha por colocar a escala de médicos e o número da ouvidoria em
painéis nos centros de saúde e hospitais públicos do Distrito Federal foi
uma política pública que não precisou de um investimento volumoso. Como
esta iniciativa afetou a atuação do servidor público?
O Sindicato dos Médicos do DF (SindMédico) nunca foi contrário à divulgação dos
nomes dos médicos nas escalas de plantão, mas nos opusemos à maneira
discriminatória como a medida foi adotada pelo governo do Distrito Federal (DF),
expondo apenas a classe. Defendemos que essa medida deva ser extensiva a todos
os funcionários, e não só aos servidores da saúde.
2. A que o senhor atribui a escolha dos médicos para serem expostos
nestas escalas, e não os demais profissionais?
Nós não temos o número absoluto da ausência dos médicos. O SindMédico
consultou a Secretaria de Saúde a respeito do assunto, mas não obtivemos
resposta. No entanto, em 2006, a Secretaria de Gestão Administrativa do governo
do DF fez um levantamento do trabalho e da saúde do servidor público e os dados
revelaram que os médicos, na época, apresentaram o menor índice de
absenteísmo, em relação a outras categorias de servidores. Atribuo esta escolha
dos médicos a uma visão equivocada da realidade por parte dos atuais gestores da
Secretaria de Saúde.
3. De fevereiro até maio, qual foi a aceitabilidade dos médicos? Houve uma
melhora no índice de ausência destes profissionais?
Essa medida do Governo em nada mudou a rotina nos hospitais. Os médicos nunca
foram contrários a essa decisão, mas acharam que ela é discriminatória, até
porque expõe o profissional, que constantemente é ameaçado pelos pacientes
insatisfeitos, não com a ausência dos médicos, mas com a falta de estrutura dos
hospitais. A rotina laboral dos médicos continuou igual à que era antes do governo
adotar essa medida. Se os médicos estão adoecendo mais, é porque estão
trabalhando mais e em piores condições.
4. O uso desta ferramenta está sendo encarado como uma forma de coibir
o profissional publicamente. Como o senhor avalia isso?
O SindMédico acha que essa medida teve o objetivo de criar uma cortina de fumaça
e cobrir a ineficiência da gestão pública. O problema do mau atendimento não é
culpa dos médicos, mas da falta de estrutura da rede pública. Por essa razão,
lançamos o Movimento Alerta Brasília, por uma saúde pública de qualidade. A
iniciativa tem o objetivo de conscientizar a população de que ela merece um
atendimento ideal, ou seja, além da consulta médica de qualidade, o paciente deve
e precisa reivindicar os exames e os medicamentos capazes de garantir o
diagnóstico preciso e o tratamento adequado.
1
5. Caso ocorra uma reclamação na ouvidoria do hospital, hipoteticamente,
o profissional pode ser afastado do cargo que ocupa?
Caso ocorra alguma reclamação contra médicos, é obrigação legal do gestor abrir
uma sindicância interna para apurar a denúncia feita e, depois disso, um processo
administrativo, em que o médico terá o direito de defesa.
Fonte
SAÚDE BUSINESS. Entrevista: Boa gestão ou disfarce para ineficiência?. Disponível
em:
<http://www.saudebusinessweb.com.br/noticias/index.asp?cod=49272>.
Acesso em: 08 out. 2008.
2
Download