Revista de Pediatria Revista da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro Ano 10 - N° 2 • dezembro 2009 ISSN 1676-1014 Artigo de Revisão Urticária: Diagnóstico e Tratamento Solange Oliveira Rodrigues Valle_____________________________________________________________________ 4 Artigo de Reflexão Violência Familiar Contra a Criança - Quanto Ainda Vamos Tolerar? Anna Tereza Miranda Soares de Moura_ _____________________________________________________________ 11 Relato de Caso Piomiosite Bacteriana Aguda: A Importância do Diagnóstico Precoce Cecília Pereira Silva, Clá Ribeiro Nunes do Vale, Ricardo do Rego Barros, Plácido Antonio da Silva Neto, Andréa Fabiane Lira, Flávio Fernando Nogueira de Melo________________________________________________ 13 Pneumonia Lipóide Exógena na Criança - Importância da História no Diagnóstico Maria Aparecida Soares de Souza Paiva, Sandra Mara Moreira Amaral, Cinthia de Souza Pedrozo________________ 16 Ponto de Vista Piomiosite Bacteriana Marcos Vinicius da Silva Pone, Tamiris Moura_________________________________________________________ 20 Resumos de Teses e Dissertações Avaliação da Carga de Trabalho da Equipe de Enfermagem Neonatal de Acordo com a Categoria do Recém-Nascido Aurora: Karla de Araújo do Espírito ßanto Pontes, Orientadora: Maria Elisabeth Lopes Moreira__________________ 22 Aspiração Traqueal de Recém-Nascidos Prematuros: Avaliação da Dor como um Cuidado de Enfermagem Autor: Marcelle Campos Araújo, Orientador:Maria Aparecida de Luca Nascimento_ ___________________________ 23 NAN PRO, a fórmula infantil mais completa e com perfil nutricional mais próximo do leite materno1-6 4 Com proteína otimizada. próximo do leite materno1,2 Quantidade de proteína e perfil de aminoácidos mais 4 Contém DHA e ARA. Esses ácidos graxos são fundamentais para o desenvolvimento cerebral e visual do lactente7,8 4 Adicionado de nucleotídeos. Esses nutrientes são importantes para a função imunológica e formação de uma microbiota intestinal protetora4,9 4 Presença de probióticos em NAN 2 PRO. Esses microorganismos vivos contribuem para a redução da incidência e duração da diarréia10-12 Nestlé Nutrition é líder mundial em Nutrição Infantil. É a única empresa que produz suas fórmulas infantis no Brasil. São mais de 140 anos de dedicação à Nutrição Infantil e seis décadas de relacionamento com a classe médica brasileira. Referências bibliográficas 1- Raiha NCR, et al. Whey Predominant, Whey Modified Infant Formula with Protein/Energy Ratio of 1.8g/100kcal: Adequate and safe for term Infants From Birth to Four Months. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2002;35:275-281. 2- Bachmann C and Haschke-Becker E. Plasma amino acid concentrations in breast-fed and formula-fed infants and reference intervals. Infant Formula: Closer to the Reference. Nestlé Nutrition Workshop Series Pediatric Program vol 47 Supplement. Nestec Ltd/Lippincott Willians & Wilkins. 2002;121-137. 3- Brenna JT, Varamini B, Jensen RG et al. Docosahexaenoic and arachidonic acid concentrations in human breast milk worldwide. Am J Clin Nutr 2007;85:1457– 64. 4- Singhal A, Macfarlane G, Macfarlane S, Lanigan J, Kennedy K, Elias-Jones A, Stephenson T, Dudek P, Lucas A. Dietary nucleotides and fecal microbiota in formula-fed infants: a randomized controlled trial. Am J Clin Nutr. 2008 Jun;87(6):1785-92. 5- Gueimonde M, Laitinem K, Salminen S, Isolauri E. Breast milk: a source of bifidobacteria for infant gut development and maturation. Neonatology 2007;92:64-66. 6- Rochat F, Cherbut C, Carclay D, Puccio G, Fazzaroli-Nesci A,Grathwohl D, Haschke F. A whey-predominant formula induces fecal microbiota similar to that found in breast-fed infants. Nutrition Research 2007;27:735-740. 7- Georgieff MK. Nutrition and the developing brain: nutrient priorities and measurement. Am J Clin Nutr. 2007 Feb;85(2):614S-620S. 8- Innis SM. Dietary (n-3) fatty acids and brain development. J Nutr.2007 Apr;137(4):855-9. Review. 9- Carver JD. Dietary nucleotides: effects on the immune and gastrointestinal systems. Acta Paediatr Suppl. 1999 Aug;88(430):83-8. Review. 10- Guarino A, Canani RB, Spagnuolo MI, Albano F, DiBenetto L. Oral bacterial therapy reduces the duration of symptoms and viral excretion in children with mild diarrhea. J Pediatr Gastroenterol Nutr 1997;25:516-19. 11- Vanderhoof JA, Whitney DB, Antonson DL, Hanner TL, Lupo JV, Young RJ. Lactobacillus GG in prevention of antibiotic-associated diarrhea in children. J Pediatr 1999;135(5);564-68. 12- Klein K, Stevens R. The clinical use of probiotics for young children. J Fam Health Care. 2008;18(2):66-8. NOTA IMPORTANTE: AS GESTANTES E NUTRIZES PRECISAM SER INFORMADAS QUE O LEITE MATERNO É O IDEAL PARA O LACTENTE, CONSTITUINDO-SE A MELHOR NUTRIÇÃO E PROTEÇÃO PARA ESTAS CRIANÇAS. A MÃE DEVE SER ORIENTADA QUANTO À IMPORTÂNCIA DE UMA DIETA EQUILIBRADA NESTE PERÍODO E QUANTO À MANEIRA DE SE PREPARAR PARA O ALEITAMENTO AO SEIO ATÉ OS DOIS ANOS DE IDADE DA CRIANÇA OU MAIS. O USO DE MAMADEIRAS, BICOS E CHUPETAS DEVE SER DESENCORAJADO, POIS PODE TRAZER EFEITOS NEGATIVOS SOBRE O ALEITAMENTO NATURAL. A MÃE DEVE SER PREVENIDA QUANTO À DIFICULDADE DE VOLTAR A AMAMENTAR SEU FILHO UMA VEZ ABANDONADO O ALEITAMENTO AO SEIO. ANTES DE SER RECOMENDADO O USO DE UM SUBSTITUTO DO LEITE MATERNO, DEVEM SER CONSIDERADAS AS CIRCUNSTÂNCIAS FAMILIARES E O CUSTO ENVOLVIDO. A MÃE DEVE ESTAR CIENTE DAS IMPLICAÇÕES ECONÔMICAS E SOCIAIS DO NÃO ALEITAMENTO AO SEIO – PARA UM RECÉM-NASCIDO ALIMENTADO EXCLUSIVAMENTE COM MAMADEIRA SERÁ NECESSÁRIA MAIS DE UMA LATA POR SEMANA. DEVE-SE LEMBRAR À MÃE QUE O LEITE MATERNO NÃO É SOMENTE O MELHOR, MAS TAMBÉM O MAIS ECONÔMICO ALIMENTO PARA O LACTENTE. CASO VENHA A SER TOMADA A DECISÃO DE INTRODUZIR A ALIMENTAÇÃO POR MAMADEIRA É IMPORTANTE QUE SEJAM FORNECIDAS INSTRUÇÕES SOBRE OS MÉTODOS CORRETOS DE PREPARO COM HIGIENE RESSALTANDO-SE QUE O USO DE MAMADEIRA E ÁGUA NÃO FERVIDAS E DILUIÇÃO INCORRETA PODEM CAUSAR DOENÇAS. OMS – CÓDIGO INTERNACIONAL DE COMERCIALIZAÇÃO DE SUBSTITUTOS DO LEITE MATERNO. WHA 34:22, MAIO DE 1981. PORTARIA Nº 2.051 – MS DE 08 DE NOVEMBRO DE 2001, RESOLUÇÃO Nº 222 – ANVISA – MS DE 05 DE AGOSTO DE 2002 E LEI 11.265/06 DE 04.01.2006 – PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA – REGULAMENTAM A COMERCIALIZAÇÃO DE ALIMENTOS PARA www.nestle.com.br/nutricaoinfantil LACTENTES E CRIANÇAS DE PRIMEIRA INFÂNCIA E TAMBÉM A DE PRODUTOS DE PUERICULTURA CORRELATOS. Serviço de Atendimento Nutrição Infantil ao Profissional de Saúde 0800-7701599 Revista de Pediatria SOPERJ Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro Expediente Editor Carlos Alberto Bhering Conselho Editorial José Roberto de Moraes Ramos Clemax Couto Sant’Anna Maria Elizabeth Lopes Moreira Flavio Roberto Sztajnbok DiretoRIA DA SOPERJ TRIÊNIO 2007-2009 Presidente Maria de Fátima Goulart Coutinho Vice-Presidente Maria Elisabeth Lopes Moreira Secretária Geral José Roberto de Moraes Ramos 1º Secretário Silviano Figueira de Cerqueira 2º Secretário Ana Alice Amaral Ibiapina Parente 1º Tesoureiro Carmen Lúcia Leal Ferreira Elias 2º Tesoureiro Paulo Sérgio da Silva Branco Diretor de Cursos e Eventos Maria de Fátima Monteito P. Leite Diretor Publicação Flavio Roberto Sztajnbok Diretoria dos Direitos da Criança e do Adolescente Aramis Antonio Lopes Neto Diretoria de Integração com a Comunidade Armando Francisco do Souto Adeir Brasileiro 2 Darlan Buissa Diretoria Interinstitucional Cláudio Abuassi Eliana Diniz Calasans Gil Simões Batista Maria Auxiliadora de Souza Mendes Gomes Marcelo Gerardin Poirot Land Yvani Yparraguirre Diretoria Adjunta de Cursos e Eventos Márcia Fernanda da Costa Carvalho Coordenação do Curso de Atualização Isabel Rey Madeira Coordenação de Certificação Diretoria de Publicação Ana Lúcia Ferreira Celise Regina Alves da Motta Meneses Eloísa Grossman Fabio Chigres Kuschnir Flavio Roberto Sztajnbok Marcio Moacyr de Vasconcelos Maria Angélica Varela Maria Auxiliadora de Souza Mendes Gomes Comissão de Sindicância Naum Podkameni Sergio Elias Estefan Raimunda Izabel Pira Mendes Conselho Fiscal Hélcio Villaça Simões Ricardo do Rego Barros José Augusto da Silva Coordenação de Comitês Científicos Leda Amar de Aquino Coordenação do Curso PALS (Pediatric Advanced Life Support) Adriana Proença Regina Coeli Coordenação do Curso de Reanimação Neonatal Dr. José Dias Rego Dr. Antonio Carlos de Almeida Melo Diretoria de Coordenação das Regionais Paulo César Guimarães Luiz Ildegardes Alves de Alencar Presidentes Regionais Regional Médio Paraíba Itamar Alves Vianna Regional Norte Fluminense Sylvia Regina de Souza Moraes Regional Lagos Denise Garcia de F. Machado e Silva Regional Baixada Fluminense Antonio Martins dos Santos Cunha Regional Zona Oeste Lourenço Carlos de Mello Souza Regional Niterói Terezinha Martire Regional Serrana Sergio Vilhena Coutinho SOPERJ Rua da Assembléia, 10 sala 1812 Rio de Janeiro - RJ www.soperj.org.br Tel.: 21 2531-3313 Projeto gráfico: Celso Pupo Diagramação: DoisC Editoração Eletrônica e Fotografia. Impressão e fotolito: Reproarte Tiragem: 6.700 exemplares CONSELHO EDITORIAL: Revisores Nacionais: Maria Auxiliadora de Souza Mendes Gomes Adauto Dutra Moraes Barbosa Marcos Junqueira do Lago Maria Marta Regal de Lima Tortori Antônio Celso Calçado Alan Araújo Vieira Susana Maciel Wuillaume Paulo César Guimarães Revisores Internacionais: Guilherme Mendes Sant’Anna(Univerisdade McMaster) Cleide Suguihara (Universidade de Miami) Revisores Multidisciplinares: Adriana Rocha (fonoaudiologia) Maria Aparecida de Luca Nascimento (enfermagem) Márcia Correia de Castro (fisioterapia) Romeu Gomes (Sociologia e psicologia) Consultores Especiais: Presidentes dos Comitês Científicos da SOPERJ Editorial Crianças, Adolescentes e Violência Seja no espaço doméstico, seja no espaço público, crianças e adolescentes – constantemente – tornam-se alvo da violência. Sofrem maus-tratos – físicos, psicológicos e sexuais – e em algumas situações chegam até serem assassinados. Por outro lado, também se observam casos em que crianças e adolescentes maltratam os outros e cometem assassinatos. Frente a essas duas diferentes situações, surge a indignação do envolvimento de sujeitos desses segmentos etários com a violência. Como pode esses sujeitos, que deveriam ser protegidos para que tivessem um crescimento desenvolvimento saudável, sofrerem ou cometerem violências? O envolvimento de crianças e adolescentes em situações violentas – tanto como vítimas quanto como atores – não se explica apenas a partir de características individuais de quem agride ou mata. É claro que há atos violentos desencadeados, de forma consciente ou não, por motivos individuais ou por características pessoais de quem os pratica. Entretanto, para que a violência – ocorrida em qualquer espaço e voltada para qualquer grupo ou pessoa – seja melhor compreendida, é necessário que o foco sobre ela seja ampliado. Caminhando em direção dessa ampliação, as considerações de Minayo (2007) podem ser adotadas como ponto de partida. A primeira consideração diz respeito à universalidade da violência. Nenhuma sociedade está isenta da violência. Umas podem ser mais violentas do que outras e a violência pode ser expressar sob diferentes formas em cada sociedade, desde atos que não são percebidos como violentos até aqueles que são alvo da indignação de não aceitação social. Essas formas da violência também variam no tempo, além de se diferenciarem nos diversos espaços sociais. Entretanto, há tipos que persistem no tempo, como é o caso das violências que ocorrem entre gêneros (principalmente a que é infringida contra a mulher), entre intervalos geracionais (como a cometida por adultos contra crianças ou contra idosos) e entre as raças (como a dos brancos contra negros ou as cometidas contra povos inteiros). Outra consideração importante é que a vio- lência se faz presente em todas as classes e segmentos sociais, expressando-se de diferentes formas nas diversas divisões e grupos sociais. Nesse sentido, a violência é tão presente que passa a ser vista por muitas pessoas como algo natural. Mas, como observa Minayo (2007), a violência tem solução. Para se mudar, é preciso atuar, intervir, denunciar e punir quando for necessário. Seja qual for a forma adotada para o combate da violência, é de fundamental importância que as ações não focalizem apenas indivíduos ou grupos. É preciso que toda a sociedade seja envolvida, uma vez que ela é produzida pela própria sociedade. Assim, tanto o seu aumento como a sua diminuição só ocorre a partir de uma construção social. É a partir dessa perspectiva ampliada que a violência cometida contra crianças e adolescentes ou aquela que é cometida por esses sujeitos contra os outros deve ser compreendida para se prevenir ou sofrer intervir. As ações do campo da saúde – assim como as de outros campos – têm maiores possibilidade de serem exitosas na medida em que também adotem tal perspectiva. Essa adoção, por sua vez, envolve pelo menos dois pontos de partida. O primeiro é ter a consciência sobre a complexidade que envolve o deslocamento da banalização ou da pura lamentação frente à violência para a promoção da não violência. Em decorrência dessa consciência, como segundo ponto de partida, se faz necessário que os profissionais de saúde não só se capacite para lidar com esse fenômeno tão presente no cotidiano, como também se articule dentro e fora da área da saúde para melhor obter êxito em suas ações voltadas contra a violência. Tanto a consciência quanto a capacitação devem se inscrever num compromisso social mais amplo que viabilize um “futuro cidadão para tantas crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade” (Gomes et al, 2007: 1301). Romeu Gomes Doutor em Saúde Pública, Pesquisador Titular do Instituto Fernandes Figueira/FIOCRUZ Referências: 1. Gomes R, Minayo MCS, Assis SG, Njaine K, Schenker M. Êxitos e limites na prevenção da violência: estudo de caso de nove experiências brasileiras. Ciência & Saúde Coletiva, 11(Sup): 1291-1302, 2007. 2. Minayo MCS. Introdução. In: Souza ER, org. Unidade I - Bases conceituais e históricas da violência e setor saúde. Rio de Janeiro: EAD/ ENSP/Fiocruz, 2007 (Curso Impacto da Violência na Saúde). 3 Artigo de Revisão Urticária: Diagnóstico e Tratamento Urticaria: Diagnosis and Treatment Solange Oliveira Rodrigues Valle1 Resumo Introdução: A urticária é uma condição comum, porém complexa e de alta freqüência na população mundial, com profundo impacto na qualidade de vida dos pacientes acometidos e seus familiares. O conhecimento mais abrangente dos mecanismos envolvidos na patogênese da urticária permite uma melhor compreensão dos seus diferentes subtipos e uso de medidas terapêuticas corretas. Porém, em alguns casos o seu manejo permanece sendo um desafio. Objetivo: Revisar os conceitos atuais de urticária, definir os critérios para classificação e diagnóstico e estabelecer conduta terapêutica de acordo com os diferentes subtipos. Método: Revisão não sistemática da literatura médica nacional e internacional disponível no MEDLINE por meio de busca no PubMed, referentes aos anos de 1999 a 2008. Idiomas: português e inglês. Conclusões: A urticária aguda é uma enfermidade comum na infância sendo a anamnese e o exame físico detalhados essenciais para o seu diagnóstico etiológico. O curso da doença na maioria dos casos é rápido. Já a forma crônica é rara e embora muitas vezes o seu diagnóstico etiológico seja difícil à resolução ocorre em 25% dos casos após três anos de duração da doença. Os vários tipos de anti-histamínicos continuam sendo a droga de primeira linha para o tratamento sintomático da urticária. 1 Mestre em Imunologia (médica) Endereço para correspondencia Rua Miguel Lemos, 44 sl 1002 Copacabana Rio de Janeiro - RJ 22071-000 Palavras-chave: Urticária, Angioedema, Criança, Literatura de revisão Summary Introduction: Urticaria is a common condition, however complex of high frequency in the world population, with profound impact in the quality of life of the affected patients and their relatives. An increasing understanding of the mechanisms involved in the pathogenesis of urticaria has allowed a better understanding of its different subtypes and the use of correct therapeutically measures. However, in some cases its management remains a challenge. Objective: Revise the today concepts of urticaria, define the criteria for classification and diagnosis and establish therapeutically measures in accordance with the different subtypes. Method: A non-systematic revision of the national and international medical literature available on MEDLINE by means of search in the Pub Med, referring to the years of 1999 to 2008. Idioms: Portuguese and English. Conclusion: Acute urticaria is a common condition in childhood, being its history and detailed physical examination essential to its etiological diagnosis. The course of illness is fast in most of the cases. On the other hand, the chronic form is rare, and although its etiological diagnosis is difficult sometimes its remission occurs in 25% of the cases after three-year disease duration. Antihistamines of various types continue to represent the first line of symptomatic treatment for urticaria. Keywords: Urticaria, Angioedema, Child, Review literature 4 Revista de Pediatria SOPERJ - v.10, no 2, p4-10, dez 2009 Introdução A urticária é uma enfermidade comum e descrita desde a antiguidade. A medicina Chinesa a referia como “Windrash-patch” e na medicina ocidental tem sido descrita como uma entidade clínica distinta desde Hipócrates. É uma afecção comum na infância, entretanto, existem poucos estudos nesta população. Consiste de lesões eritemato-papulosas, pruriginosas, isoladas ou agrupadas, fugazes, geralmente circulares, podendo variar em forma e tamanho, desaparecendo a vitropressão. As lesões podem ocorrer em qualquer região da pele e das mucosas, sendo conseqüentes a vasodilatação e ao edema da derme superficial, estando geralmente associadas com prurido intenso.(1) de queimação ou ardência e duram entre 24 e 72 horas(3). Não existe diferença significativa quanto à etiologia e patogenia da urticária e o angioedema, com exceção do angioedema hereditário e o angioedema pelo inibidor da enzima conversora de angiotensina. O sexo feminino é mais acometido que o masculino, em uma proporção de 2:1.(4) A urticária é classificada arbitrariamente em duas formas: aguda e crônica. Na forma aguda os episódios duram de poucos dias até seis semanas, sendo o fator etiológico identificado na maioria das vezes. O quadro clínico pode estar associado a outras manifestações extra cutâneas e surgir logo após a exposição ao agente causador. Na forma crônica, as lesões podem estar presentes diariamente ou quase diariamente, permanecendo menos de vinte quatro horas por um período superior a seis semanas. Nesta forma a identificação da etiologia é mais difícil, uma vez que diferentes enfermidades têm a urticária como primeira manifestação clínica.(4) Quando o agente etiológico não é identificado pela história clínica, exames físico e laboratoriais, a urticária é denominada de idiopática. Classificação O espectro de manifestações clínicas da urticária é grande. Adicionalmente, um ou mais tipos podem coexistir no mesmo paciente. O Quadro 1 mostra a classificação para uso clínico de Zuberbier et al.(tabela abaixo) (5) GRUPO SUBGRUPO DEFINIÇÃO Urticária Espontânea Aguda Pápulas espontâneas < 6 semanas Crônica Pápulas espontâneas > 6 semanas Urticárias Físicas A urticária pode ocorrer isoladamente, 40 % dos casos, ou estar associada ao angioedema, como ocorre em 50% dos pacientes.(2) O angioedema, inicialmente chamado de urticária gigante ou edema angioneurótico, resulta de edema na derme profunda e tecidos subcutâneo e submucoso, acometendo freqüentemente as pálpebras e os lábios. As lesões são geralmente assimétricas com pouco ou nenhum prurido, podendo ser dolorosas ou apresentar sensação Fatores Desencadeantes Frio Ar frio / água fria / vento frio Pressão tardia Pressão vertical (pápulas surgem com período de latência de 3 a 8 horas Calor Calor localizado Solar Radiação ultravioleta ou luz visível Facticia Forças mecânicas aplicadas em pressão (pápulas surgem após 1 a 5 minutos) Vibratória Forças vibratórias Outros tipos / desordens Fatores Desencadeantes Aguagênica Água Colinérgica Aumento de temperatura corporal Contato Contato com substância urticariogênica Anafilaxia induzida por exercício / urticária Exercício físico Revista de Pediatria SOPERJ - v.10, no 2, p4-10, dez 2009 5 Patogênese Os mecanismos patogênicos da urticária não estão totalmente esclarecidos. Nos últimos anos, muitos dos mecanismos moleculares envolvidos na sua fisiopatologia têm sido descobertos e reforçam as evidências de heterogeneidade desta enfermidade. Os mastócitos são considerados as células que desempenham o papel central na patogênese da urticária independente de sua etiologia. Na urticária, os mastócitos estão aumentados em número na pele e apresentam baixo limiar de degranulação. Os mediadores envolvidos são liberados por mecanismos imunitários e não imunitários, a partir de células e vias enzimáticas. A histamina é o principal mediador, estando aumentada em vários tipos de urticária. A histamina tem papel central na patogênese dos sintomas alérgicos iniciais e inflamatórios de fase tardia. A degranulação mastocitária leva à liberação de mediadores vaso-ativos pré-formados como a histamina, fatores quimiotáticos para eosinófilos e neutrófilos, proteases, heparina e fator necrose tumoral alfa. A liberação desses mediadores ocorre imediatamente após o contato com o agente causal levando ao aparecimento da urticária. Os mediadores derivados da membrana celular como os leucotrienos e prostaglandinas são liberados subseqüentemente, contribuindo tanto para a fase imediata como tardia, aumentando a permeabilidade vascular e ampliando o extravasamento de líquido para o tecido superficial. A fase tardia, que ocorre 6 a 12 horas após a fase imediata, está associada à produção de citocinas e quimiocinas liberadas principalmente pelas células inflamatórias como eosinófilos, neutrófilos e basófilos. As citocinas e os produtos do metabolismo do ácido aracdônico exercem seus efeitos localmente ou à distância, agindo de diferentes modos. A ativação do sistema do com- 6 plemento também pode ocorrer. A existência de auto-anticorpos do tipo Ig G anti-receptor de alta afinidade para IgE ou para a própria IgE tem papel importante na patogênese da urticária crônica de natureza auto-imune. Existe uma associação de urticária crônica com tireoidite tanto em adultos como crianças, sugerindo auto-imunidade.(6) A imunidade celular parece participar na patogênese da urticária crônica. As células T estão ativadas, provocando ativação e degranulação dos mastócitos com liberação de mediadores químicos pré e neo-formados.(7) Urticária e Angioedema Agudos A urticária e o angioedema agudos ocorrem mais comumente em indivíduos atópicos. Sua prevalência durante a vida varia de 12% a 15%.7 Os agentes etiológicos mais comumente envolvidos são alimentos, drogas e infecções virais.(8) Os alimentos induzem reações mediadas por IgE específica sendo os mais freqüentes leite, ovo, amendoim, nozes, soja, trigo, peixe e crustáceos. O alimento suspeito de causar a urticária aguda comumente é identificado pela relação temporal entre a ingestão e o aparecimento das lesões. Geralmente, os sintomas se iniciam entre poucos minutos até 2 horas após a ingestão do mesmo. A urticária e angioedema podem ocorrer isoladamente ou acompanhados de manifestações respiratórias e gastrintestinais típicas de reações mediadas por IgE, podendo representar a manifestação inicial de um quadro de anafilaxia. Nos casos em que não foi possível estabelecer claramente a relação causa e efeito do alimento pode se proceder a investigação por meio de testes cutâneos de puntura ou pesquisa de IgE específica no soro, dieta de exclusão e reexposição. O teste de provocação duplo cego placebo controlado é considerado o pa- drão ouro no diagnóstico.(9) São relatados casos relacionados a corantes alimentares, aditivos, salicilatos naturais, derivados do ácido benzóico e sulfito, porém, os mecanismos ainda não estão definidos e sem comprovação de relação causa e efeito.(10) As infecções bacterianas e as infestações parasitárias podem ocasionar quadro de urticária e angioedema. Entretanto, as infecções mais comumente implicadas são as virais, notadamente aquelas do trato respiratório superior seguida das infecções gastrintestinais e do trato urinário. Neste caso, ressaltamos que o aparecimento das lesões cutâneas pode ocorrer dias após os sintomas respiratórios. Em algumas crianças, a combinação entre a infecção viral e o uso de medicamentos, principalmente os antiinflamatórios não hormonais (AINH), desencadeia o quadro de urticária.(11) Qualquer droga, por qualquer via de administração, é capaz de desencadear urticária e angioedema. Na investigação destas enfermidades induzidas por drogas, é importante questionar não somente sobre medicações prescritas, mas também sobre fitoterápicos, medicamentos homeopáticos, e outros medicamentos que são comercializadas sem necessidade de prescrição médica como gotas nasais, entre outros. As drogas responsáveis pela maioria das reações são penicilinas, sulfas, aspirina e outros AINH. Podem causar urticária com menor freqüência os opiáceos, diuréticos, laxativos, vacinas, heparina, hemoderivados, expansores plasmáticos, formaldeído, relaxantes musculares e contrastes. As drogas podem desencadear urticária e angioedema por mecanismos imunitários, com reações mediadas por IgE, e mecanismos não-imunitários, como a degranulação mastocitária direta (ex.: opiáceos e relaxantes musculares) e a inibição de vias Revista de Pediatria SOPERJ - v.10, no 2, p4-10, dez 2009 enzimáticas (AINH). Vários AINH podem causar angioedema, sendo a aspirina o mais comum, porém reações verdadeiramente alérgicas são raras. O angioedema por AINH, na maioria dos casos, decorre de uma reação pseudoalérgica, que pode ser explicada pelas propriedades farmacológicas da droga. Os AINH, notadamente os inibidores da ciclo-oxigenase-1 (COX-1), inibem a via enzimática de síntese de prostaglandinas a partir do metabolismo do ácido aracdônico. Por isso, há um redirecionamento para a via enzimática da lipo-oxigenase, levando ao aumento compensatório dos leucotrienos cisteínicos. O uso de inibidores da ciclo-oxigenase-2 (COX-2) ou de paracetamol costuma ser bem tolerado pelos pacientes com angioedema por AINH, uma vez que estas drogas têm ação inibitória fraca sobre a COX-1. O diagnóstico baseia-se na história clínica de início de sintomas pouco após uso de AINH e não há indicação para realização de testes cutâneos. (3,4) Muito se tem discutido sobre a utilização de testes cutâneos para confirmação de reações de hipersensibilidade às drogas. No entanto, apenas a penicilina tem teste cutâneo de leitura imediata validado. Dosagens de IgE específica já estão sendo comercializados em alguns países, mas seu valor preditivo ainda não está estabelecido.(3) Picadas de insetos também podem causar lesões de urticária e angioedema agudos. Urticária e Angioedema Crônicos A urticária crônica é uma enfermidade ainda pouco compreendida nas crianças. Existem poucas informações sobre a epidemiologia da urticária na infância, prevalência dos diferentes tipos e sua história natural. No Reino Unido sua freqüência varia de 0,1% a 3% e 50 % a 80% estão associadas com angioedema.(12) A maioria das informações são indiretas e extrapoladas dos adultos. As principais causas das urticárias crônicas são: Urticärias Físicas As urticárias físicas são entidades clínicas distintas, resultantes da aplicação de um estímulo físico sobre a pele. Constituem em enfermidades com disfunção mastocitária, caracterizadas por diminuição do limiar para a degranulação de mediadores após estimulação por fatores de natureza física. As urticárias físicas surgem geralmente minutos após a exposição ao estímulo físico e desaparecem em torno de 1 hora, com exceção da urticária/angioedema de pressão tardia. Diferentes formas de urticária física podem coexistir no mesmo paciente. O diagnóstico é realizado por meio dos testes de provocação com o estímulo que as desencadeia não havendo necessidade de gastos excessivos com exames laboratoriais. (13,14) Factícia / Dermografismo É o tipo mais freqüente de urticária física. Pode ser precipitado em alguns casos por medicamentos, como as penicilinas, antiinflamatórios, opióides, famotidina, ou após infestação por escabiose, infecções virais e banhos quentes. O estresse e a ansiedade também podem agravá-lo. As lesões são geralmente lineares e surgem em locais de fricção especialmente nos locais de pressão das roupas. O prurido cutâneo que precede o aparecimento da pápula é uma característica clínica importante que difere das outras urticárias.O diagnóstico pode ser confirmado através da realização de pressão na pele com um material de ponta romba. Urticária e Angioedema de Pressão Tardia (UPT) A UPT é caracterizada pelo aparecimen- to de edema profundo, doloroso e eritematoso horas após ter sido aplicada uma pressão na pele. Algumas vezes pode ser acompanhada de manifestações sistêmicas como febre, leucocitose, mal-estar e calafrio. As lesões surgem de 30 minutos a 9 horas após ter sido aplicada a pressão na pele, com duração de 12 a 72 horas. As áreas mais afetadas são as palmas, plantas, ombros, braços e lábios, mas qualquer região do corpo pode ser acometida. Cerca de 1/3 dos pacientes com urticária crônica idiopática têm UPT, enquanto mais de 90% dos pacientes com UPT têm urticária crônica idiopática associada. O diagnóstico pode ser feito através da técnica de Warin, que consiste na provocação com peso. Urticária ao Frio É caracterizada por eritema, pápulas e prurido na pele exposta ao frio. Predomina no sexo feminino sendo a faixa etária mais acometida entre 20 e 30 anos. Existem dois tipos de urticária ao frio: adquirida e familiar. A forma adquirida divide-se em idiopática e secundária, sendo a idiopática a forma mais comum. As lesões surgem nas áreas expostas ao frio minutos após o seu aquecimento. Freqüentemente ocorre em dias frios, chuvosos ou com o contato com objetos frios. Quando grandes superfícies são atingidas manifestações sistêmicas podem surgir, tais como cefaléia, dor abdominal e síncope. Por este motivo, os banhos de imersão em água fria devem ser evitados. O tipo adquirido secundário pode ser decorrente de infecções como mononucleose, hepatite, fungos, síndrome de imunodeficiência adquirida, borreliose, sífilis, infecções bacterianas e comprometimento respiratório por Mycoplasma pneumoniae. Outras anormalidades mais raras associadas a urticária ao frio são a crioglobulinemia, criofibrinogenemia e Revista de Pediatria SOPERJ - v.10, no 2, p4-10, dez 2009 7 hemoglobinúria paroxística ao frio. O diagnóstico pode ser firmado através do teste do cubo do gelo. Aplica-se um cubo de gelo envolto em plástico no antebraço do paciente durante 5 minutos. A leitura é realizada após 10 minutos, onde se observa no local da aplicação do gelo, a formação de uma pápula eritematosa e pruriginosa. A urticária ao frio familiar é uma forma rara. Seu início ocorre nas primeiras semanas de vida. É acompanhada de calafrios e febre. O teste do cubo do gelo é negativo. O tratamento consiste em orientar os pacientes a evitar os fatores desencadeantes como mudanças bruscas de temperatura e contato com água fria. A resposta aos anti-histamínicos é boa. Nas formas secundárias, o objetivo é controlar a doença de base. Urticária Solar É uma entidade clínica rara. A exposição à luz solar induz ao aparecimento de lesões após 1 a 3 minutos e o desaparecimento ocorre em 1-3 horas. É dependente do comprimento de onda incidente, existindo seis grupos. O fototeste é utilizado no diagnóstico deste tipo de urticária. O tratamento consiste em evitar a exposição solar, usar roupas protetoras, filtros solares, uso de películas especiais nos vidros do carro e casa. Os anti-histamínicos, anti-maláricos, corticosteróides e fotoquimioterapia com psoralen têm sido empregados e devem ser avaliados para cada tipo de urticária. Urticária ao Calor Ë uma das formas mais raras de urticária. O edema e o prurido surgem minutos após o contato com qualquer tipo de calor. As lesões duram cerca de uma hora. O diagnóstico é feito mediante a aplicação, na pele, de um cilindro com água na temperatura entre 43° e 56°C 8 durante 4-5 minutos. O tratamento é limitado e pouco eficaz. O uso de antihistamínicos H1 isolados ou combinados com anti-H2 podem ser empregados. A doxepina pode ser uma boa opção. ca). O teste cutâneo com metacolina tem se mostrado pouco reprodutível.(14) O tratamento consiste em orientar o paciente a evitar os fatores desencadeantes e na utilização de anti-histamínicos, preferencialmente a hidroxizina. OUTROS TIPOS / DESORDENS COM URTICÁRIA Aquagênica Extremamente rara, é caracterizada pela presença de micropápulas pruriginosas sobre base eritematosa ao redor dos folículos pilosos, principalmente no tronco, pescoço e nos membros superiores, que se formam imediatamente após o contato direto da pele com a água de qualquer origem, independente da temperatura. O diagnóstico é feito por meio do teste de provocação utilizandose água em temperatura ambiente ou próxima a temperatura corporal. Existe boa resposta ao uso dos anti-histamínicos, principalmente os de primeira geração.(8) Urticária de Contato É definida como uma reação eritematopapular que surge em 20-30 minutos após exposição por contato a determinadas substâncias, que podem ser alimentos, conservantes, perfumes, metais, produtos animais e vegetais. Pode ser dividida em 2 categorias: imunitária e não -imunitária. Na primeira, as reações são IgE mediadas.Os grupos de agentes mais comumente implicados são: leite, ovos, frutos do mar e amendoim. Reações com látex também podem ocorrer. A segunda pode ser provocada por substâncias que penetram na pele e causam degranulação dos mastócitos, como o persulfato de amônia, aldeído cinâmico e dimetilsulfóxido.(15) Colinérgica A urticária colinérgica é um dos tipos mais freqüentes de urticária física depois do dermografismo. Acomete principalmente adolescentes e adultos jovens. A lesão característica é representada por pequenas pápulas de 1-5 mm de diâmetro envoltas por halo eritematoso. É precipitada por um aumento da temperatura corpórea de pelo menos 1°C, geralmente associada ao exercício, emoções, estresse ou a ingesta de alimentos condimentados ou álcool. A reação tem inicio de 2-30 minutos após o estimulo desencadeante e dura de 2090 minutos ao termino do mesmo. Pode estar associada a outros sintomas como broncoespasmo, angioedema, dor abdominal, diarréia, síncope e cefaléia. O diagnóstico consiste na provocação por exercício (correr em esteira ergométri- Urticária Papular Atualmente a urticária papular está inserida no grupo das urticárias especiais. É uma reação de hipersensibilidade a picadas, ferroadas e contato com insetos, como ácaros, carrapatos, aranhas, moscas, mosquitos, pulgas, piolhos ou mesmo lagartas. (16) É mais freqüente em crianças na faixa etária de 2-7 anos. As lesões medem em torno de 3-10 mm e surgem nas áreas descobertas, principalmente nas extremidades inferiores. A maioria das lesões persiste por 2-10 dias e após resolução, torna-se uma pigmentação ou eritema pós-inflamatório temporário. As lesões eritemato-papulo-pruriginosas decorrentes das picadas, principalmente de mosquitos, são denominadas de estrófulo ou prurigo estrófulo. Estas lesões apresentam um ponto he- Revista de Pediatria SOPERJ - v.10, no 2, p4-10, dez 2009 morrágico central substituído por uma vesícula de conteúdo seroso. O diagnóstico é clínico. O tratamento pode ser dividido em profilático e sintomático. No primeiro recomenda-se a aplicação de repelentes, uso de roupas que protejam braços e pernas, emprego de telas ou cortinados, eliminação de focos de proliferação de insetos. O tratamento sintomático pode ser feito com a utilização de corticosteróides tópicos e anti-histamínicos orais. A decisão de se utilizar imunoterapia específica em pacientes com sinais e sintomas cutâneos após picada de insetos deve ser tomada baseada em características individuais. A imunoterapia com injeções de alérgenos em baixas concentrações previne a recidiva das reações de hipersensibilidades.(17) Urticária Auto-Imune A primeira descrição da relação da urticária crônica com auto-imunidade foi feita a partir da observação da incidência aumentada de anticorpos antitireoideanos nesses pacientes em relação a população geral. Cinco a 10% dos pacientes que apresentavam urticária crônica idiopática tinham auto-anticorpos IgG anti-IgE e 30 % a 40% apresentavam auto-anticorpos IgG anti-receptor de alta afinidade para IgE em mastócitos e/ou basófilos. Posteriormente foi demonstrada a presença de auto-anticorpos por meio do teste com soro autólogo. O teste com soro autólogo mostra sensibilidade de 70% e especificidade de 80%. As crianças com urticária crônica, da mesma forma que os adultos, têm a capacidade de produzir auto-anticorpos funcionalmente ativos dirigidos para os receptores de alta afinidade da IgE ou contra a própria IgE. Muitos dos pacientes com urticária dita idiopática tem sido diagnosticados com UC autoimune. Este tipo de urticária não responde satisfatoriamente com a utilização das doses usuais dos anti-histamínicos, havendo necessidade de se fazer doses aumentadas dos mesmos. Outra alternativa é a adição de um anti-depressivo como a doxepina. A associação com os antagonistas dos receptores de leucotrienos pode ter efeito adicional assim como o uso de drogas imunossupressoras.(12) Urticária Idiopática A urticária é denominada de idiopática quando a etiologia não é identificada. Com os novos conhecimentos que estão sendo adquiridos a respeito dos mecanismos patogênicos, este grupo de urticária está se reduzindo. Diagnóstico Diferencial Na grande maioria das vezes o médico não tem dificuldades no diagnóstico sindrômico da urticária. No entanto, quando esta está associada com outras lesões cutâneas, ou quando sua duração é mais persistente, sem prurido ou com edema mais profundo, o diagnóstico pode tornar-se difícil. O diagnóstico diferencial deve ser feito com as seguintes enfermidades:(3) •eritema multiforme •exantema maculopapular •eritema marginatum •granuloma anular •tinea corporis •síndrome de Sweet •pênfigo •herpers gestationes •dermatite herpetiforme Tratamento O tratamento da urticária consiste em três princípios básicos: 1. Eliminar ou tratar o estímulo indutor. . 2. Inibir a liberação de histamina de mastócitos e basófilos. 3. Inibir ou bloquear os efeitos dos mediadores nos tecidos. 1. Este é o mais desejável, mas nem sempre possível uma vez que o exato estímulo que desencadeia a lesão nem sempre é identificado. Esta conduta é especialmente útil no caso das urticárias físicas onde a orientação para evitar o estímulo físico como pressão, frio entre outros pode eliminar ou diminuir os sintomas. Mas nem sempre é tão fácil de ser conseguido. No caso dos medicamentos estes devem ser excluídos e os pacientes orientados para usar outras classes de medicamentos. Nas de causa alimentar quando o mecanismo for mediado por IgE a melhora dos sintomas ocorre de 24 a 48 horas após a retirada do alimento. Contudo, nas reações pseudo-alérgicas os efeitos só vão ser observados após 2 a 3 semanas da exclusão do alimento. 2. Os medicamentos eficientes para inibir a liberação de histamina de mastócitos e basófilos são poucos e com importantes efeitos colaterais. Os corticosteróides são as drogas mais utilizadas. Seu uso na urticária aguda, por um período curto de tempo pode ser útil na redução da duração da crise. Entretanto, na forma crônica, o uso por tempo prolongado deve ser evitado. A ciclosporina A tem efeito direto na liberação dos mediadores dos mastócitos. A sua utilização está recomendada quando não se consegue o controle dos sintomas com as medidas usuais. Porém, deve ser prescrita por especialista que esteja apto a diagnosticar e tratar os efeitos colaterais decorrentes da utilização desta droga. 3. É o procedimento mais utilizado pela disponibilidade de drogas eficientes e seguras, principalmente os anti- Revista de Pediatria SOPERJ - v.10, no 2, p4-10 dez 2009 9 histamínicos. De acordo com o último Consenso da Sociedade Britânica de Alergia e Imunologia o Manejo da urticária crônica deve ser baseado na identificação dos fatores desencadeantes, educação do paciente em relação a evitar esses fatores e o tratamento farmacológico.(12) A recomendação é que iniciemos com um anti-histamínico não sedante. En- tretanto, caso não haja resposta devemos aumentar a dose do mesmo ou usar um outro anti-histamínico não sedante. Como terceiro passo podemos adicionar um anti-histamínico não sedante ou acrescentar um anti-histamínico de primeira geração à noite. Se a resposta terapêutica não for satisfatória devemos considerar a adição de um antagonista dos receptores de leucotrienos. Como última etapa podemos utilizar os modificadores da resposta imune ou outros tratamentos que, no entanto só devem ser realizados por especialistas. Dos anti-histamínicos de segunda geração a cetirizina, a loratadina e a desloratadina estão liberados para o uso em crianças a partir de dois anos.(12) 1. Zuberbier T, Bindslev-Jensen C, Canônica W, Grattan CEH, Greaves MW, Henz BM, Kapp A, Kozel MMA, Maurer M, Merk HF, Schäfer T, Simon D, Vena GA, Wedi B. EAACI/ GA2 LEN/ EDF Guideline: definition, classification and diagnosis of urticaria. Allergy 2006; 61:316-20. 2. Champion RH, Roberts SO, Carpenter RG, eet al. Urticaria and angioedema: a review of 554 patients. Br J Dermatol 1969;81:588-97. 3. França AT, Valle SOR. Urticaria e Angioedema. Diagnóstico e Tratamento. 2aed. Rio de Janeiro:Livraria e Editora Revinter, 2005. 4. Kaplan AP. Urticaria and angioedema. In:Allergy:principles and practice. Adkinson NF Jr, Yunginger JW, Busse WW, Bochner BS, Holgate ST, Simons FER (eds) 1st. Ed.,Philadelphia, Mosby.2003:1537-58. 5. Zuberbier T, Bindslev-Jensen C, Canônica W, Grattan CEH, Greaves MW, Henz BM, Kapp A, Kozel MMA, Maurer M, Merk HF, Schäfer T, Simon D, Vena GA, Wedi B. EAACI/ GA2 LEN/ EDF Guideline: definition, classification and diagnosis of urticaria. Allergy 2006; 61:316-20. 6. Henz BM. The spectrum of urticaria. In: Henz BM, Zuberbier T, Grabbe J, Monroe E, editores. Urticaria. Berlin: Springer; 1998. p 1-17. 7. Zuberbier T, Iffländer J, Semmler C, Czarnetzki BM. Acute urticaria - clinical aspects and therapeutical responsiveness. Acta Derm Venereol 1996;76:295-97. 8. Zuberbier T. Urticaria. Allergy 2003; 58:1224 9. Burks W. Skin manifestations of food allergy. Pediatrics. 2003 Jun;111 (6 Pt 3):1617-24. 10. Bush RK, Taylor SL and Hefle SL. Adverse Reactions to Food and Drug Additives. In: Adkinson NF; Yunginger JW, Busse WW, Bochner BS, Holgate ST, Simons FER. Middleton’s Allergy - Principles & Practice. Mosby, 2004. 1645 p. 11. Sackesen C, Sekerel BE, Orhan F, Kocabas CN, Tuncer A, Adalioglu G. Etiology of different forms of urticaria in childhoos. Pediatr Dermatol.2004;21(2)102-8. 12. Powell RJ, Du Toit GL, Siddique N, Leech SC, Dixon TA, Clark AT, Mirakian R, Walker SM, Huber PAJ, Nasser SM. BSACI guidelines for the management of chronic urticaria and angio-oedema. Clin Exp Allergy 2007; 37(5):631-50 13. Casale TB, Sampson HA, Hanifin J et al. Guide to physical urticarias. J Allergy Clin Immunol 1988;82:758-63. 14. Kontou-Fili K, Borici-Mazi R, Kapp A et al. Physical urticaria: classification and diagnostic guidelines. Allergy 1997;52:504-13. 15. Lahti A, von Krogh G, Maibach HI. Contact urticaria syndrome. An expanding phenomen. In: Stone J. Dermatologic immunologic and allergy. St. Louis Mosby; 1985.p 379-90. 16. Demain JG. Papular urticaraia and things that bite in the night. Curr Allergy Asthma Rep. 2003 Jul;3 (4):291-303. 17. Valentine MD, Schuberth KC, Kagey Sobotka A, Graft DF; Kwiterovich KA, Szlo M, lichtentein LM. The value of immunotherapy with venom in children with allergy to insect stings. N England J Med 1990 Dec;323:1601-03. Avaliação 1. Dentre as urticárias físicas a mais freqüente é? a) Frio b) Colinérgica c) Dermografismo d) Solar 3. Qual das seguintes provas é mais útil na avaliação de uma urticária ao frio? a) Teste do cubo de gelo b) Determinação de crioglobulinas c) Determinação de criofibrinogênio d) Teste intradérmico com metacolina 2. Na urticária aguda alimentar, quando na anamnese não é possível estabelecer claramente a relação causa e efeito, qual o teste que é considerado o padrão ouro para o seu diagnóstico? a) Teste cutâneo de puntura b) Dosagem de IgE específica no soro c) Dieta de exclusão e reexposição d) Teste de provocação duplo cego placebo controlado 4. Qual a droga de primeira linha para o tratamento da urticária crônica? a) Corticosteróide sistêmico b) Antagonistas dos receptores de leucotrienos c) Anti-histamínicos de primeira geração d) Anti-histamínicos de segunda geração Preencher ficha na página 27 e enviar à SOPERJ 10 Revista de Pediatria SOPERJ - v.10, no 2, p4-10 dez 2009 Artigo de Reflexão Violência Familiar Contra a Criança Quanto Ainda Vamos Tolerar? Family Violence Against Children: For How Long Would We Accept? Nem mesmo em tempos de caos na saúde, quando uma grave epidemia revela a fragilidade com que os cuidados com o bem estar da população são encarados pelos órgãos públicos, a violência se intimida. Nem mesmo quando se constata a desestruturação da atenção à saúde destinada aos grupos de risco mais vulneráveis, com morte de crianças em serviços de pediatria sucateados e sem estrutura, a violência recua. Ao contrário, temerosa em perder seu destaque como uma das principais causas de mortalidade infantil, ela segue firme e determinada em seu objetivo de atingir um número cada vez maior de vítimas. Principalmente crianças. Estas são as vítimas preferenciais da violência quando acontece no âmbito familiar. Quando se trata de violência urbana, os principais atingidos são os adolescentes. Nestas duas possibilidades de cenário para a ocorrência da violência, as vítimas são jovens que estão começando a viver. Jovens que diariamente experimentam novas descobertas, crianças que esperam receber cuidado e proteção, afeto e apoio. Há muito tempo a violência vem batendo na porta dos serviços de saúde, sob as mais variadas formas. Algumas são mais palpáveis, com marcas físicas de fácil observação. Mas na maioria das vezes, as conseqüências da violência são invisíveis, especialmente aquela que atinge as crianças dentro de suas próprias casas. Como se costuma dizer, as marcas da violência ficam encobertas por um muro do silêncio. Mesmo quando os casos chegam ao noticiário, televisão e jornais, consternando a sociedade, é certo que apenas parte do que está por trás deste muro foi revelado. A maioria das vítimas sofre em silêncio. Sem possuir as armas necessárias para pedir socorro, as crianças muitas vezes se sentem culpadas por aquilo que sofrem. Também sentem medo, vergonha e se calam. Não se pode deixar de apontar os muitos avanços observados no enfrentamento deste grave problema, com mobilização séria e sinceramente dedicada de alguns setores do governo e da sociedade civil organizada. O Estatuto da Criança e do Adolescente, o sistema de notificação de maus tratos, a formação de serviços especializados e sensibilizados para o enfrentamento da violência são alguns dos muitos exemplos a citar. A saúde foi um dos primeiros setores a se debruçar sobre o tema, primeiro como uma contadora de eventos e logo tentando revelar como a violência familiar contra a criança se distribuía entre os grupos de maior vulnerabilidade e quais eram os seus principais fatores de risco. Grupos de pesquisa em todo o país vêm se dedicando à difícil tarefa de entender a ocorrência deste grave fenômeno, trazendo alguns direcionamentos importantes para discussão. No entanto, no que se refere à abordagem da criança vítima o caminho a ser percorrido ainda é longo. Poucos locais dispõem de uma rede articulada e sistematizada de proteção à criança. O que se observa na maioria das vezes são iniciativas isoladas Anna Tereza Miranda Soares de Moura1 1 Doutorado em Saúde Coletiva (Professor visitante adjunto do departamento de pediatria da UERJ Professor adjunto do mestrado profissional em saude da família da UNESA Presidente do Comite de Segurança da SOPERJ) Endereço para correspondencia Rua Oliveira Rocha, 22 apto 101, Jardim Botanico Rio de Janeiro - RJ 22461 070 Revista de Pediatria SOPERJ - v.10, no 2, p11-12, dez 2009 11 de alguns grupos de profissionais genuinamente interessados em lidar com um tema tão incômodo e desagradável. Que poucos querem enxergar como pertencente à nossa realidade atual e que muitos custam a acreditar que os casos relatados sejam verdadeiros. As estatísticas revelam apenas a ponta de um grande iceberg e o problema é ainda mais preocupante do que queremos supor. Pediatras, professores, assistentes sociais, pesquisadores e profissionais de saúde mental vêm tentando se articular para atender à crescente demanda das crianças vitimadas por seus pais ou cuidadores. Esforços têm sido feitos, com apoio de gestores e organizações não governamentais, para entender a origem deste problema e tentar detectá-lo o mais precocemente possível a fim de minimizar os efeitos deletérios no crescimento e desenvolvimento das crianças. Não há dúvida que as iniciativas resultaram em melhorias, mas ainda há muito a se fazer. Compreender de que forma os vários fatores de risco da violência se relacionam tentando prevenir sua ocorrência é um dos grandes desafios atualmente. É sempre bom lembrar que depois que a violência ocorre, depois que a criança já vivenciou atos de agressão física, psicológica, foi negligenciada em seus cuidados ou abusada sexualmente, a atuação profissional é bem mais difícil. Prevenir 12 é sempre o melhor remédio. Nestes momentos de reflexão, cabe a todos nós questionar o que temos feito para prevenir a ocorrência e atuar diante das conseqüências devastadoras destes crimes. A violência contra a criança e o adolescente, nas suas várias formas, não pode mais ser encarada como um problema fora do âmbito da saúde, necessitando de uma posição atuante e fortalecida daqueles que são responsáveis pelo bem estar destes grupos etários. O enfrentamento da violência não pode ficar restrito a iniciativas isoladas de algumas equipes sensibilizadas, merecendo ser desenvolvido após amplo debate e avaliação adequada de prioridades e recursos disponíveis. Nesta perspectiva, a Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (SOPERJ) vem promovendo amplo debate para conhecer um pouco melhor em que circunstâncias a violência ocorre. Tentar entender porque ela é a maneira escolhida para a resolução de conflitos em algumas famílias e em outras não. Para que esta preocupação não seja mais uma iniciativa isolada, sugere-se a ampliação desta discussão, objetivando a identificação de ações que resultem na real diminuição dos números assustadores que refletem a magnitude do problema. Ao proporcionar espaços de discussão intersetoriais, onde dife- rentes experiências podem ser ouvidas e olhares oriundos de outros profissionais convergem para tentar minimizar o problema, a SOPERJ vem contribuindo para a prevenção da violência contra a criança e o adolescente. Longe de pretender esgotar o tema, os eventos organizados pelo Comitê de Segurança da SOPERJ tentam lançar um pouco mais de luz sobre um problema de visibilidade tão desconfortável, mas que não pode mais ser negligenciado. Cabe a toda sociedade trabalhar em conjunto para que o muro do silêncio que encobre as crianças e adolescentes vítimas de violência possa ser derrubado. Ao abordar, informar e conversar abertamente sobre o assunto, a SOPERJ espera estar indo além de sua atuação como sociedade médica. A Semana Nacional de Prevenção da Violência na Primeira Infância, que é comemorada nos dias 12 a 18 de outubro, é mais uma iniciativa exemplar. Conhecer o problema e se comprometer com a luta contra a violação dos direitos das crianças e dos adolescentes podem ser ações capazes de fazer a diferença. Espera-se assim, estar contribuindo efetivamente para o fortalecimento da rede de proteção das crianças cariocas e brasileiras. Esperase assim, estar contribuindo para a prevenção da ocorrência da violência familiar contra a criança no nosso Estado. Revista de Pediatria SOPERJ - v.10, no 2, p11-12, dez 2009 Relato de Caso Piomiosite Bacteriana Aguda: A Importância do Diagnóstico Precoce Acute Bacterial Pyomyositis: The Relevance of Precocious Diagnosis Resumo Relato de um caso em adolescente obeso do sexo masculino Objetivo: Relatar um caso de Piomiosite Bacteriana Aguda intercostal em adolescente obeso internado no Hospital,Vita Volta Redonda. Descrição: Adolescente com quadro de piomiosite bacteriana aguda intercostal à direita possivelmente pós-trauma. Foram realizados os seguintes exames: hemograma completo, velocidade de hemosssedimentação(VHS), proteína C reativa(PCR), eletroforese de hemoglobina A2, provas de função hepática, contagem de plaquetas, radiografia de abdome e tórax, ultrassonografia de abdome total e tomografia computadorizada de tórax e abdome. O tratamento foi feito com antibioticoterapia de largo espectro por 14 dias por via endovenosa e 14 dias por via oral após a alta. Comentários: A infecção aguda do músculo esquelético é denominada Piomiosite Bacteriana Aguda (PBA). Alguns pacientes são internados com outros diagnósticos devido à inespecificidade dos sintomas e dos exames laboratoriais, havendo a necessidade de métodos de imagem para confirmar o diagnóstico. O objetivo deste trabalho é descrever as manifestações clínicas, as alterações laboratoriais e achados radiológicos da piomiosite bacteriana aguda. Este paciente foi acompanhado no Hospital Vita em Volta Redonda - RJ no período de 02/05/2007 à 16/05/2007. Palavras chave: piomiosite bacteriana aguda, tomografia computadorizada, miosite. Cecilia Pereira Silva 1 Cléa Ribeiro Nunes do Vale 2 Ricardo do Rêgo Barros 3 Plácido Antonio da Silva Neto 4 Andréa Fabiane Lira 5 Flávio Fernando Nogueira de Melo 1 Professora Auxiliar de Ensino do UniFOA-VR (Pediatra do Hospital e Maternidade VITA) 2 Professora Auxiliar de Pediatria do UniFOA-VR (Pediatra do Hospital e Maternidade VITA) 3 Médico Pediatra , Especialista em Pediatria e Medicina de Adolescentes pela SBP / AMB. (Chefe do Serviço de Adolescentes do IPPMG/UFRJ) 4 Médico, Pediatra do Hospital e Maternidade Vita (Pediatra do Hospital e Maternidade Vita) 5 Cirurgiã Infantil do Hospital e Maternidade VITA (Cirurgiã Infantil do Hospital e Maternidade VITA) 6 Professor Assistente de Ensino do UniFOA-VR (Reumatologista do Hospital e Maternidade VITA) Endereço para correspondencia Rua Nascimento Silva 76 ap. 703- Ipanema Rio de janeiro - RJ 2421-020 Revista de Pediatria SOPERJ - v.10, no 2, p13-15, dez 2009 13 Relato do Caso: Paciente de 14 anos e 11 meses, de sexo masculino, obeso (IMC 32,88 kg/ m2), que procurou o serviço de Pronto Socorro (PS) do Hospital Vita com dor tóraco-lombar à direita iniciada há três dias e febre alta (38-39 ºC) há seis horas. Foi realizada a investigação diagnóstica com hemograma completo, provas de função hepática, proteína C reativa(PCR) e velocidade de hemosssedimentação(VHS), eletroforese de hemoglobina A2, provas de função hepática, contagem de plaquetas, cujas únicas alterações foram na proteína C reativa(194 mg/dl- valor normal: até 5mg/dl) e velocidade de hemossedimentação (50 mm na primeira hora). O paciente foi liberado com orientação de retorno e após 48 h foi atendido com piora da dor e persistência da febre. No exame físico o paciente estava apirético, hidratado, corado, anictérico, com peso de 101.600 g, estatura de 176 cm, Tanner P5G5, freqüência cardíaca de 80 bpm, freqüência respiratória de 19 ipm, pressão arterial de 110 x 70 mmHg. Apresentava fácies de dor, tinha dificuldade de permanecer em decúbito dorsal, o abdome estava flácido, sem visceromegalias, porém havia dor e calor no hipocôndrio direito. A peristalse estava presente e notava-se discreta dermatite de contato na região umbilical. A ultrassonografia de abdome total foi normal e o paciente foi internado para investigação. No 1º dia de internação foram solicitados novos exames laboratoriais, tomografia computadorizada (TC) de tórax e abdome e parecer da Cirurgia Infantil. A TC evidenciou pequeno derrame pleural à direita, discreto aumento de volume da musculatura intercostal anterior na altura do hipocôndrio direito e pequena densificação do tecido celular subcutâneo adjacente compatível com miosite intercostal. Ao ser questionado 14 sobre possíveis traumas nessa região, o adolescente revelou trabalhar como entregador de compras, tendo o costume de subir no carrinho e andar com o gradil costal apoiado nele. Foi solicitado parecer da Reumatologia e iniciado Oxacilina 200 mg/kg/dia e Ceftriaxona 100 mg/kg/dia por via IV. Os exames laboratoriais revelaram: hemácias 4.870.000; hematócrito: 41%; hemoglobina: 13,6g; leucócitos: 10.400; basófilos: 00; eosinófilos: 00; mielócitos: 00; metamielócitos: 00; bastões: 1; segmentados: 71; linfócitos: 18; monócitos: 10; plaquetas: 241.000; PCR: 194 mg/ dl; VHS: 50 mm; CPK: 109; TGO: 31; TGP: 49; BT: 1,1; BD: 0,7; BI: 0,4; fosfatase alcalina: 352 e gama GT: 55. Evoluiu com melhora clínica, com normalização da curva térmica e no 8º dia de internação apresentou flebite na região braquial esquerda, junto ao sítio da venóclise. O novo exame laboratorial mostrou: hemácias 4.890.000; hematócrito: 42%; hemoglobina: 14,2g; leucócitos: 6.800; basófilos: 00; eosinófilos: 04; mielócitos: 00; metamielócitos: 00; bastões: 1; segmentados: 48; linfócitos: 39; monócitos: 8; VHS: 20 mm; PCR: 16 e CPK: 113. Recebeu alta no 15º dia de internação com prescrição de Cefalexina 2g/dia por 14 dias via oral. O adolescente estava assintomático e sem seqüelas. Na última revisão clínica, 11 meses após a alta, encontrava-se assintomático, mas com 19 kg a mais em relação ao peso da alta, sendo orientado quanto à necessidade de controle da obesidade. Discussão: A piomiosite foi documentada pela primeira vez por Scriba em 1885 numa série de casos por ele observados(1, 10). Relatada inicialmente como uma doença de zonas tropicais, vem aumentando em regiões de clima temperado, devido à disseminação do vírus da Imuno- deficiência Humana e dos tratamentos imunossupressores(2). Doença rara, a piomiosite infecciosa é causada por microorganismos que invadem o músculo esquelético por contigüidade ou disseminação hematogênica de foco à distância(5). Em áreas tropicais, os estudos mostram que o Staphylococcus aureus é o agente etiológico que prevalece em 95 % dos casos(5, 6). Tem sido vista em todos os grupos etários, porém, é mais comum na primeira e segunda décadas de vida, com ligeira predominância do sexo masculino2, como o caso em questão. Pode acometer qualquer grupo muscular, mas habitualmente um único músculo é afetado, embora de 11 a 43 % dos pacientes tenham envolvimento em de múltiplos grupos musculares(10). A localização mais freqüente é o músculo íleo psoas (14 %) seguido dos glúteos (10,8 %) (2). No adolescente mostrado a localização da lesão foi na região torácica, o que corresponde a 6% dos casos(2). Frequentemente a desnutrição é citada como fator predisponente, especialmente em climas tropicais(3) e doenças sistêmicas também podem predispor a infecções intramusculares. Entre essas doenças incluem-se: pacientes portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV), diabetes mellitus(4,7), sepse, aterosclerose, alcoolismo. Obesidade e também trauma, imunossupressão e cirurgia. No caso relatado, nota-se uma relação da doença com a atividade profissional desempenhada pelo adolescente, o aspecto nutricional da obesidade com IMC 32,88 kg/m² (P>97) e lesões dermatológicas na região abdominal. Existem três estágios da doença: infecção muscular difusa, formação de abscesso e sepse(10,11). No caso relatado havia apenas infecção localizada, sem formação de abscesso no músculo, sendo desnecessária a intervenção cirúrgica. Na avaliação por imagem, a Ressonância Magnética é o método diagnóstico pa- Revista de Pediatria SOPERJ - v.10, no 2, p13-15, dez 2009 drão ouro (2, 9), porém, a TC9 é igualmente adequada na medida em que avalia a natureza e a extensão da lesão, podendo servir como orientação na biópsia ou drenagem percutânea dessas lesões(9). A Ressonância Magnética tem o seu principal papel no acompanhamento pós tratamento desses pacientes, porque proporciona imagens multiplanares, isentas de radiação ionizante e utilizando um meio de contraste mais seguro(9). A ultra-sonografia pode identificar coleções líquidas, normalmente secreções sangui- nolentas, e sinais de necrose muscular, mas é um método auxiliar e não fornece dados significativos para confirmar o diagnóstico de PBA. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado contribuíram para a boa evolução do caso, confirmando os dados da literatura(3). A taxa de mortalidade da PBA é menor que 1,5 %(8), porém aumenta quando o diagnóstico é tardio, chegando a 15%(8). Embora a PBA seja de ocorrência pouco frequente(1), ela deve ser considerada diante de quadros febris com envolvimento de grupos musculares dada a importância do diagnóstico precoce e o tratamento adequado com relação a um prognóstico favorável(3,11).Sendo uma patologia que é mais comum na primeira e segunda décadas de vida, deve ser um diagnóstico de exclusão dos pediatras em lesões musculares associadas à trauma, que cursem com piora do estado geral, dor na região muscular acometida, febre, edema local e alterações laboratoriais das provas inflamatórias. 1. Cajoto IV, Pan FM, Vicedo MV. Pyomyositis. Report of seventeen cases Serviço de Medicina Interna. Hospital Clínico Universitário de Santiago de Compostela Rev. Med Chile 2006;134:31-38. 2. Bickels J, Ben-Sira L, Kessler A, Wientroub S. Primary Pyomiositis. J Bone Joint Surg Am 2002;84:2277-2286. 3. Talavera MB, Wakai M, Campos LMA, Baldacci ER, Silva CAA. Acute Pyogenic Pyomyositis in Eutrophic Children. 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Piomiosite tropical: apresentações atípicas. Rev Soc Bras Med Trop 2004;37:273-278. Revista de Pediatria SOPERJ - v.10, no 2, p13-15 , dez 2009 15 Relato de Caso Pneumonia Lipóide Exógena na Criança Importância da História no Diagnóstico Exogenous Lipoid Pneumonia in Children The Importance of History to Diagnosis Maria Aparecida Soares de Souza Paiva1 Sandra Mara Moreira Amaral 2 Cinthia de Souza Pedrozo 3 Resumo Objetivo: Alertar para os riscos da aspiração de óleo mineral para os pulmões e ressaltar a importância da anamnese no diagnóstico. Descrição: Relatamos os casos de dois pacientes com 14 e 18 meses com pneumopatia persistente e fatores de risco para aspiração, nos quais a história clínica dirigida levantou a hipótese diagnóstica de pneumonia lipóide por aspiração de óleo mineral, comprovada pelo lavado broncoalveolar (LBA), não sendo necessária biópsia pulmonar. Comentários: A aspiração de óleo é provavelmente sub-diagnosticada. Em alguns países é um problema de saúde importante devido a hábitos tradicionais, folclóricos ou por prescrição médica inadequada. Os quadros clínico e radiológico são variáveis e inespecíficos. Freqüentemente o diagnóstico é feito retrospectivamente após os achados de biópsia. Alertamos para as pneumonias por óleo mineral no diagnóstico das pneumonias crônicas persistentes não responsivas aos tratamentos habituais. O grau de suspeição é importante porque a informação da ingestão geralmente não é espontânea. Palavras-chave: pneumonia lipóide, óleo mineral, criança Summary 1 ex-chefe do Setor de Pneumologia do Serviço de Pediatria do Hospital dos Servidores do Estado (Pneumologista do Centro de Diagnóstico e Tratamento de Doenças Respiratórias da Clínica Pediátrica do Centro Médico Barrashopping Membro do Comitê de Doenças Respiratórias da SOPERJ) 2 Ex- médica do Setor de Pneumologia do Serviço de Pediatria do Hospital dos Servidores do Estado (Médica aposentada do Ministério da Saúde- HSE) 3 Mestrado em Saúde da Criança e Adolescente pela Universidade Federal Fluminense (Tecnóloga da Faculdade de Medicina da Universidade Gama Filho) Endereço para correspondencia Maria Aparecida Soares de Souza Paiva Rua Voluntários da Pátria, 445 sala 1101 Botafogo Rio de Janeiro - RJ 22270-000 Objective: To warn the pediatricians about the risk of mineral oil aspiration into the lungs and to emphasize the importance of history to diagnosis. Description: The authors report two cases of persistent pneumonia in children aged 14 and 18 months with high risk of aspiration.The specific question about the intake of mineral oil raised the diagnosis, confirmed by bronchoalveolar lavage. Lung biopsy was not required Oil aspiration pneumonia is a rare, but probably underestimated.condition. In some countries it is an important health problem due to traditional habits or to inappropriate medical prescription.The clinical and radiological features are variable and nonspecific. Usually the diagnosis is confirmed only after lung biopsy findings. Mineral oil pneumonia should be included in the differential diagnosis of chronic pneumonia unresponsive to usual treatment.The index of suspicion is important because the information about mineral oil intake usually is not spontaneous. Keywords: pneumonia, lipid, mineral oil, child 16 Revista de Pediatria SOPERJ - v.10, no 2, p16-19, dez 2009 Introdução A pneumonia lipóide exógena por óleo mineral é causada por aspiração aguda ou crônica. A forma aguda pode ocorrer acidentalmente, geralmente por administração forçada ou em situações peculiares como no tratamento de sub-oclusão intestinal por Ascaris lumbricoides . A crônica, silenciosa, resulta principalmente da administração freqüente do óleo mineral por hábitos regionais ou iatrogenia como ocorre no tratamento de constipação intestinal . Agrava o problema a existência de fatores de risco para aspiração em crianças como baixa idade, malformações oronasofaríngeas ou gastrointestinais, disfunção da deglutição, refluxo gastroesofágico, doenças neuromusculares, síndrome de Down, entre outras. O óleo mineral não provoca o reflexo da tosse e inibe o movimento ciliar do epitélio brônquico, atingindo os alvéolos de forma silenciosa(1). As aspirações, particularmente as microaspirações, podem então passar desapercebidas pois não há engasgo ou sufocação e os pais não as relacionam ao quadro respiratório que leva ao atendimento médico. Quando a administração é forçada, a resistência da criança perturba a fisiologia da deglutição ou provoca vômitos propiciando aspirações (2). A pneumonia lipóide é de difícil diagnóstico porque mimetiza várias doenças.O quadro clínico varia na dependência do tipo, freqüência e volume aspirado. A febre é um sinal infreqüente. O paciente pode ser oligossintomático ou se apresentar com insuficiência respiratória de graus variáveis. No exame radiológico têm sido descritas massas pseudo-tumorais, condensações alveolares de extensão variável especialmente nos segmentos posteriores e pneumonia intersticial, sendo característica a persistência das imagens apesar de tratamentos antimicrobianos. A tomografia computadorizada evidencia além destes achados, imagens em vidro fosco, espessamento septal interlobular e áreas hipodensas sugestivas de gordura (entre -150 e -30U Hounsfield). Também tem sido descrito padrão de “crazy-paving”(3-7). A broncoscopia com lavado broncoalveolar (LBA)(8,9) deve ser o método diagnóstico inicial identificando macrófagos com vacúolos cheios de lipídeos. É importante realizar a coloração “oil red” ou Sudan. A espectrofotometria/cromatografia comprova a origem exógena do lipídio. O aspecto leitoso ou oleoso do lavado levanta a suspeita de pneumonia lipóide, sendo referido em até 40% dos casos. Uma série em adultos ressalta a importância do exame de escarro no diagnóstico(10). É referida a associação de pneumonia lipóide com infecção por micobactérias atípicas. O mecanismo pelo qual os lipídeos atuariam sobre a patogenicidade das micobactérias não é bem conhecido, possivelmente há um papel dos lipídeos na proteção das micobactérias, propiciando superinfecção (11,12).Outros germes relatados são Aspergillus e Nocardia(13). No material obtido devem ser pesquisados agentes infecciosos especialmente nos pacientes que apresentam febre. A biópsia pulmonar será indicada quando esses exames não comprovarem o diagnóstico. Uma boa história clínica permite evitar a biópsia. Descrição dos casos Caso 1-Paciente com 1 ano e 2 meses, sexo masculino, foi encaminhado para investigação diagnóstica apresentando quadro febril e radiografia de tórax com condensação quase total do pulmão direito, imagens cavitárias e desvio do mediastino para direita (figura 1A) sem melhora após alguns esquemas de antibióticos. Apresentava malformação Figura 1A - RX de tórax do paciente do caso 1- Condensação total do hemitórax direito com cavitações. ano-retal, agenesia renal direita, bexiga de esforço, megaureter, hidronefrose à esquerda e válvula de uretra posterior. Havia história de internação aos 10 meses por pneumonia. O paciente era desnutrido (P= 6650g), taquipneico , com murmúrio vesicular diminuído à direita, ausência de ânus, eliminando fezes por fístula perineal e usava sonda vesical de alívio. Hipoxemia com pO2 58-60 mm Hg. Investigação cardiológica normal. PPD não reator e lavado gástrico negativo para micobactérias. Após a internação, a anamnese complementar dirigida revelou o uso crônico de óleo mineral para tratamento de constipação, inclusive em internação hospitalar prévia. Foi indicada broncoscopia com lavado broncoalveolar (LBA) que evidenciou imagem em espelho do pulmão esquerdo e o líquido recuperado era de aspecto leitoso, sendo realizada intensa lavagem. O exame foi negativo para infecções e a coloração específica com oil red mostrou presença de macrófagos com vacúolos de gordura em mais de 50 células. A tomografia evidenciou extenso infiltrado posterior com cavitações sugestivo de pneumonia (figura 1B). Suspenso o óleo mineral e corrigidas as malformações ano-retais e urológicas. Foi iniciada fisioterapia respiratória e a evolução foi favorável. Caso 2- Paciente com 1ano 6m , sexo masculino, foi internado no nosso hospital para investigação. Apresenta- Revista de Pediatria SOPERJ - v.10, no 2, p16-19, dez 2009 17 UTI para tratamento de constipação, em geral de maneira forçada. Foi indicada broncoscopia flexível e LBA. A coloração pelo oil red evidenciou macrófagos com grânulos de gordura e material oleoso entre as células (figura 3). Figura 1B- Tomografia computadorizada com as mesmas alterações evidenciadas pelo RX de tórax. va estigmas de síndrome genética com alterações faciais, hipodesenvolvimento psico-motor, abalos e convulsões. Trazia exames preliminares: teste do pezinho, T3, T4, TSH normais, investigação para infecção congênita negativa. TC de crânio normal. No mês anterior havia sido internado em UTI de outra instituição devido a crises convulsivas e febre. Neste evento a radiografia de tórax inicial era normal. Medicado com anticonvulsivantes com melhora, mas evoluiu com quadro de pneumopatia, (figura 2) não respondendo a alguns es- Figura 2- RX de tórax do paciente do caso 2- Infiltrado misto bilateral, notando-se extensa condensação alveolar no hemitórax direito. quemas de antibióticos. Desnutrido (P= 7360g) , FR 46-52 irpm, MV diminuído à direita, alterações do cabelo sugestivas de síndrome de Menkel. A investigação para micobactérias foi negativa. Observamos distúrbio da deglutição às mamadas. A anamnese dirigida revelou que o paciente, mesmo estando sedado pelo uso dos anticonvulsivantes, foi medicado várias vezes com óleo mineral na 18 Lavado bronco-alveolar - coloração pelo oil red macrófagos com óleo no interior. Presença de óleo livre entre as células Suspenso óleo mineral e prescrito corticosteroide, mantido por 2 meses com melhora. Fez fisioterapia respiratória e foi encaminhado ao geneticista e fonoaudióloga. Discussão O óleo mineral é um subproduto da destilação do petróleo. Diferentemente dos óleos animais é emulsificado mas não hidrolizado pela lipase pulmonar. É ingerido pelos macrófagos que infiltram alvéolos, septos inter-alveolares, vasos e gânglios linfáticos regionais. Posteriormente formam-se granulomas tipo corpo estranho com células gigantes e fibrose. Nesta fase também pode-se observar a presença extracelular de óleo resultante da fragmentação dos macrófagos. As aspirações de outros tipos de óleos - vegetais e animais - levam a reações tissulares diferentes. Os vegetais (oliva, soja) não causam reação e são removidos pela expectoração, os de origem animal (leite, manteiga) são hidrolizados e causam intensa inflamação hemorrágica e necrose(5, 10,11,14). A histologia dessas lesões foram extensivamente estudadas por Pinkerton(15). A pneumonia lipóide por aspiração de óleo mineral deve ser incluída no diagnóstico diferencial das pneumonias crônicas persistentes em crianças, principalmente nas de tenra idade e/ ou com fatores de risco. O diagnóstico tardio compromete a evolução porque os pais não são alertados para a suspensão da administração do óleo com perpetuação da reação inflamatória e suas conseqüências, postergando ou inviabilizando qualquer forma de tratamento.Não encontramos estudos sistemáticos sobre as conseqüências a longo prazo deste tipo de aspiração, sendo contudo relatados casos com persistência de distúrbios funcionais e alterações radiológicas por vários anos(16). Nossos casos foram acompanhados por 5 anos e evoluíram gradativamente para melhora clínica e radiológica. Revisão da literatura revela que freqüentemente os autores conseguiram o diagnóstico por medidas mais invasivas geralmente biópsia pulmonar e, apenas após o laudo histopatológico, foi refeita a história clínica e verificada a ingestão do óleo(3, 5, 9), reforçando a importância deste questionamento na anamnese mesmo não havendo fatores de risco. Orientados pela história clínica dirigida obtivemos o diagnóstico de nossos casos com LBA evitando a biópsia. No paciente do caso 1 a anamnese foi dirigida ao ser constatada grave malformação ano-retal que dificultava extremamente a eliminação fecal, porém sabemos que a micro-aspiração silenciosa pode ocorrer em crianças normais com obstipação intestinal crônica para as quais o óleo mineral é prescrito inadvertidamente. No caso 2 identificamos como fatores de risco a sedação por anticonvulsivantes e o déficit neurológico com disfunção da deglutição. O grau de suspeição é importante. Muitos casos publicados relacionam estas pneumonias com o tratamento da semi-oclusão por Ascaris lumbricoides, Revista de Pediatria SOPERJ - v.10, no 2, p16-19, dez 2009 comum no nosso meio. Os protocolos para manuseio adequado desses casos devem incluir uso de sonda nasogástrica bem posicionada e sob supervisão médica cuidadosa. Outras causas de aspiração relatadas na literatura são: uso de brilho labial com sabor para crianças, uso de vaselina na sonda nasogástrica(16) , uso de Vick Vaporub(17), gotas nasais oleosas e hábitos tradicionais em populações específicas (3,9). Em adultos há relato de inalação de partículas de óleo dispersas no ar em ambiente profissional(9) e em alterações do trato digestivo como ocorre na doença de Chagas. Essas possibilidades devem ser pensadas em adolescentes. As pneumonias lipóides endógenas também apresentam macrófagos com gordura no LBA São um grupo de doenças raras decorrentes de obstrução brônquica, embolia gordurosa, proteinose alveolar e doenças de depósito lipídico e devem constar do diagnóstico diferencial(18).Mais uma vez a história é importante. O tratamento é um desafio com resultados incertos. A administração do óleo deve ser suspensa e não há consenso na terapia com antiinflamatórios ou lavados broncopulmonares(1, 14-19). Recentemente um trabalho brasileiro enfatizou este último procedimento(20). Somente no caso número 2 foi utilizado corticosteróide por apresentar lesão intersticial e hipoxemia, além de condensação al- veolar. No caso 1 devido à urgência da cirurgia para corrigir as malformações ano-retais e uretrais, foi realizada uma lavagem pulmonar à direita. A pesquisa de agentes infecciosos deve ser realizada. Em nossos casos foi negativa. O acompanhamento prolongado dos pacientes pelo período de 5 anos permitiu-nos observar suas evoluções, muito favoráveis apesar da gravidade inicial. Alertamos para a iatrogenia pois nossos pacientes receberam óleo mineral por prescrição médica apesar da existência de fatores de risco para aspiração. Os pediatras devem estar atentos para o problema pois deve ser diagnosticado e pode ser evitado. 1. Bandla HP, Davis SH, Hopkins NE. Lipoid pneumonia: a silent complication of mineral oil aspiration. Pediatrics. 1999;103(2):e19. 2. 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Enquanto nos países tropicais ocorre em geral em crianças previamente hígidas, nos países temperados tem sido relacionada a adultos com doenças de base como diabetes mellitus, doenças reumatológicas e cirrose hepática.² Apesar de pouco valorizada a associação com doenças hematológicas neoplásicas foi recentemente revista, tendo sido encontrados 44 casos, sendo 25% destes em pacientes com leucemia linfocítica aguda e 16% em pacientes com mieloma múltiplo.³ Uma associação cada vez mais comum é com adultos com aids em estágio avançado e baixa contagem de linfócitos T CD4. Acredita-se que o aumento do número de casos nos países temperados nos últimos anos seja decorrência da elevada prevalência nesta população.4 Há prevalência maior em indivíduos do sexo masculino. Infecção multifocal pode estar presente em 10-20% dos casos. Os músculos da coxa, panturrilha, nádegas, extremidades superiores e íleo psoas são comumente acometidos. Os músculos da extremidade inferior são quatro vezes mais acometidos do que os da extremidade superior.² Algumas dúvidas persistem sobre 20 sua patogênese. Acredita-se que ocorra uma bacteremia transitória e disseminação para um músculo que tenha sofrido alguma lesão, em geral trauma. A musculatura é relativamente resistente à infecção, sendo descrita em menos de 0,5% dos casos a partir de uma bacteremia. O trauma serviria então como facilitador para implantação da bactéria. História de trauma é observada em menos de 30% dos casos, o que sugere que pequenos traumas, mesmo que não reconhecidos, possam estar envolvidos.4 No Brasil, toxocaríase foi associada ao desenvolvimento subsequente de piomiosite, talvez pelo dano muscular que provoca.5 Atraso no diagnóstico é comum com tempo médio para diagnóstico de 14 dias. As manifestações clínicas podem ser correlacionadas com a evolução da lesão em três estágios: invasão, supuração e sepse. No primeiro estágio, quando ocorre a implantação da bactéria no músculo, há febre baixa, anorexia e sintomas locais leves como dor localizada, edema, contração da musculatura e limitação da mobilidade. Há progressão do quadro com febre alta e exacerbação dos sinais flogísticos com calor, hiperemia e flutuação no local. O diagnóstico é em geral realizado neste estágio, que corresponde à formação dos abscessos - fase supurativa. Caso não haja diagnóstico pode haver disseminação da infecção com repercussão sistêmica, fase séptica.2 O diagnóstico é confirmado por estudos de imagem. Alterações específicas podem não ser notadas no início do Marcos Vinicius da Silva Pone1 Tamiris Moura2 1 Mestre em Doenças Infecciosas e Parasitárias Chefe do Setor de Doenças Infecciosas em Pediatria do IFF/FIOCRUZ 2 Graduanda em Medicina - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO Revista de Pediatria SOPERJ - v.10, no 2, p20-21, dez 2009 quadro. Aumento de partes moles pode ser observado em radiografias simples, mas o valor deste achado é limitado. O ultrasom pode evidenciar hiperecogenicidade indicativa de aumento da musculatura por edema, com áreas de hipoecogenicidade por necrose muscular. A tomografia computadorizada (TC) detecta o edema muscular e as coleções fluídas com captação aumentada do contraste. A ressonância magnética (RM) é o exame com maior sensibilidade para o diagnóstico precoce. Define a localização e a extensão do dano muscular.6 Leucocitose, neutrofilia e aumento dos marcadores inflamatórios são observados, mas inespecíficos. O diagnóstico etiológico é estabelecido por hemoculturas e/ou cultura de material aspirado por agulha ou drenado na cirurgia. Staphylococcus aureus é o patógeno mais comum sendo responsável cerca de 90% dos casos. Streptococcus pyogenes (grupo A) é o segundo agente mais comum. Outros agentes foram descritos como Streptococcus dos grupos B, C e G, Haemophilus influenzae, Aeromonas hydrophila, Fusobacterium sp., Bartonella sp., Klebsiella pneumoniae e outros bacilos Gram negativos, anaeróbios, Salmonella sp., Candida sp., Cryptococcus, Mycobacterium tuberculosis e M avium intracelulare.6 Estudos recentes nos EUA descrevem um aumento de incidência de S. aureus resistentes à meticilina adquiridos na comunidade (CA-MRSA) nos casos de piomiosite. Estudos microbiológicos revelaram que os pacientes que fizeram infecção por CA-MRSA com cepas positivas para exotoxina leucocidina Panton-Valentine (pvl) apresentaram maiores abscessos e maior necessidade de drenagem. Este achado demanda uma mudança da cobertura antibiótica empírica inicial nestas localidades.7 O tratamento isolado com antibióticos pode ser suficiente no primeiro estágio, pois não há uma coleção de pus que possa ser individualizada e drenada. Nos estágios subsequentes o tratamento consiste de antibioticoterapia adequada associada à abordagem cirúrgica. O esquema antibiótico inicial deve incluir um agente com boa cobertura para S. aureus como a oxacilina. Posteriormente esta deve ser modificada de acordo com o resultado das culturas e do teste de sensibilidade, o Streptococcus do grupo A por exemplo é melhor tratado com a combinação de Penicilina G e Clindamicina. A cobertura para CA-MRSA com Clindamicina ou Vancomicina, apesar de justificada na terapêutica empírica inicial em alguns serviços de outros países, depende em nosso meio do isolamento deste agente nas culturas. O tempo de tratamento preconizado varia consideravelmente entre 3 e 6 semanas. Terapêutica prolongada é geralmente indicada nos casos de lesões múltiplas, graves ou por germes como Mycobacterium spp. Inicialmente venosa pode haver progressão para terapia oral após a melhora do paciente. O prognóstico é excelente com recuperação completa. A taxa de mortalidade é menor que 1%.¹ 1. Crum-Cianflone NF. Infectious Myositis. Clin Microbiol Rev. 2008;21(3):473-94. 2. Small LN, Ross JJ. Tropical and Temperate Pyomyositis. Inf Dis Clin N Am. 2005;19:9819. 3. Falagas ME, Rafailidis PI, Kapaskelis A and Peppas G. Pyomiositis associated with hematological malignancy: case report and review of the literature. Int J Infect Dis. 2008;12:1205. 4. Crum NF. Bacterial Pyomyositis in the United States. Am J Med. 2004;117:420-8 5. Rayes AA, Nobre V, Teixeira DM. Tropical Pyomyositis and Human Toxocaríasis: a Clinical and Experimental Study. Am J Med. 2000;109(5):422-5. 6. Torralba KD, Quismorio FP Jr. Soft tissue infection. Rheum Dis Clin North Am 2009;35(1):45-62. 7. Pannaraj PS, Hulten KG, Gonzalez BE, Manson EO Jr and Kaplan SL. Infective Pyomiositis and Myositis in Children in the Era of Community-acquired, Methicilin-resistant Staphylococcus aureus infection. Clin Infect Dis. 2006;43:953-60. Revista de Pediatria SOPERJ - v.10, no 2, p20-21, dez 2009 21 Teses e Dissertações Avaliação da Carga de Trabalho da Equipe de Enfermagem Neonatal de Acordo com a Categoria do Recém-Nascido Resumo A sobrevida de recém-nascidos, principalmente de muito baixo peso, vem aumentando consideravelmente nas últimas décadas. Um dos fatores que contribuiu para esse aumento foi a qualificação dos recursos humanos no atendimento ao recém-nascido. A assistência é prestada por uma equipe multiprofissional, cabendo aos profissionais de enfermagem prestar cuidados ininterruptos nas 24 horas. Para assegurar uma assistência satisfatória é necessário que a equipe de enfermagem esteja qualitativa e quantitativamente adequada. Portanto, o dimensionamento de pessoal representa uma constante preocupação para a enfermagem, visto que está diretamente relacionado à qualidade dos cuidados prestados e à segurança do paciente. O objetivo deste estudo é avaliar o processo de trabalho da enfermagem em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, quantificando a força de trabalho necessária para um resultado adequado, baseado nos graus de complexidade dos cuidados de enfermagem destinados a cada paciente-tipo. Através de uma pesquisa de campo obteve-se informações acerca da clientela estudada e do tempo gasto na execução dos procedimentos de enfermagem mais freqüentes. A clientela estudada foi classificada de acordo com os critérios do grupo britânico Northem Neonatal Network e os resultados mostraram que em um plantão de 12 horas, os cuidados básicos do recém-nascido da categoria A demandam um tempo médio de 246 minutos; os recém-nascidos da categoria B necessitam em média de 205 minutos; os recém-nascidos do grupo C precisam de 159 minutos; e os recém-nascidos da categoria d demandam em média de 142 minutos. Os resultados mostram que a classificação dos recémnascidos é a melhor forma para determinar o grau de dependência de cuidados em relação à equipe de enfermagem, permitindo desenvolver cuidados com qualidade e controlar ou reduzir os gastos hospitalares. 22 Autora: Karla de Araújo do Espírito Santo Pontes Orientadora: Maria Elisabeth Lopes Moreira Revista de Pediatria SOPERJ - v.10, no 2, p22, dez 2009 Teses e Dissertações Aspiração Traqueal de Recém-nascidos Prematuros: avaliação da dor como um cuidado de enfermagem Autora: Marcelle Campos Araujo Orientadora: Maria Aparecida de Luca Nascimento Resumo Este estudo teve como objetivo, analisar as reações comportamentais e fisiológicas de recémnascidos prematuros durante a aspiração traqueal, a partir da escala do perfil de dor do prematuro (PIPP).Trata-se de uma pesquisa de campo, exploratória, observacional e não participativa, com abordagem quantitativa. Foi desenvolvida na unidade neonatal de uma Instituição Pública Federal, centro de referência para gestação de alto risco fetal, no período de junho a outubro de 2008. A população-alvo foi composta por 15 recém-nascidos prematuros que estavam sob ventilação mecânica, e selecionada de acordo com os critérios de elegibilidade. A coleta de dados foi realizada a partir da observação estruturada das variáveis comportamentais e fisiológicas dos prematuros, utilizando a escala de PIPP, durante a realização da aspiração traqueal. Os recém-nascidos que compuseram o estudo foram observados a cada aspiração traqueal a que foram submetidos durante o período diurno, totalizando 40 procedimentos. Foi realizada análise exploratória de cada variável utilizando freqüências, tabulações cruzadas e gráficos, com o auxílio do Programa Epi Info 3.4.3®. Os resultados indicaram que em 100% dos procedimentos, os recém-nascidos apresentam dor, sendo que em 67,5%, de forma moderada a intensa. Em apenas um procedimento, não houve reação comportamental, porém, houve alteração significativa da freqüência cardíaca e saturação de oxigênio, indicando dor. Com relação ao estado de alerta, imediatamente antes da aspiração traqueal, foi observado que em 67,5% dos procedimentos, os recém-nascidos encontravam-se dormindo, sendo que em 45% dos procedimentos, em sono profundo. Este fato evidenciou que, além da aspiração traqueal não ser necessária naquele momento, ainda expunha o recém nascido aos riscos inerentes a este procedimento, proporcionando-lhe estresse e dor. A prevenção e a diminuição da dor são necessárias para garantir a sobrevivência e a qualidade da sobrevida dos recém-nascidos e, uma das maneiras de alcançá-las, é fazendo uso de medidas não-farmacológicas. No presente estudo pudemos constatar que em 82,5% dos procedimentos não houve a utilização destes recursos. Concluímos que apesar do desenvolvimento de métodos de avaliação da dor para recém-nascidos e da disponibilidade de medidas terapêuticas para o seu alívio, ainda há uma grande lacuna entre o conhecimento teórico e a conduta prática. A aspiração traqueal é executada como cumprimento de uma tarefa automática e habitual, sem a devida preocupação com a vulnerabilidade orgânica desta clientela. A assistência neonatal não deve se limitar a evitar a alta mortalidade de seres naturalmente frágeis e sujeitos a tantos riscos, mas deve se preocupar, também, com as repercussões tardias dos problemas perinatais nos sobreviventes, assumindo atitudes não só curativas, mas que envolvam os aspectos físicos e psicossociais, na perspectiva da promoção da saúde e da qualidade de vida. Sendo assim, é imprescindível que o profissional de enfermagem aprofunde o seu conhecimento e treinamento, para que o seu desempenho profissional seja feito de forma eficaz, garantindo ao RN o direito a não sentir dor, pois “Aliviar a dor é um ato de amor”. Revista de Pediatria SOPERJ - v.10, no 2, p23, dez 2009 23 Normas para publicação A Revista de Pediatria SOPERJ, publicação científica da Sociedade de Pediatria do Rio de Janeiro (SOPERJ), divulga material destinado a elevar o padrão da prática pediátrica através de artigos de revisão e relatos de casos, submetidos a revisão editorial. Artigos de revisão são avaliações críticas e ordenadas da literatura em relação a um certo tema de importância clínica, com ênfase em fatores como causas e prevenção de doenças, seu diagnóstico, tratamento e prognóstico. Metanálises se incluem nesta categoria. Artigos de revisão devem limitar-se a 6000 palavras, excluindo referências e tabelas. As referências bibliográficas deverão ser atuais e em número mínimo de 30. Os relatos de casos devem limitar-se a 1000 palavras e a 20 referências. A Revista de Pediatria SOPERJ dá preferência ao envio de material submetido à publicação pelo site da SOPERJ (www.soperj.org.br) Instruções para envio de material por e-mail 1. Enviar para: [email protected] 2. Assunto: Escrever o título abreviado do artigo 3. Corpo da mensagem: Deve conter todas as informações da página de rosto, conforme instruções abaixo, seguidas de uma declaração em que os autores asseguram que (a) o artigo é original; (b) nunca foi publicado e, caso venha a ser aceito pela Revista de Pediatria SOPERJ, não será publicado em outra revista; (c) não foi enviado a outra revista e não o será enquanto estiver sendo considerada sua publicação pela Revista de Pediatria SOPERJ; (d) todos os 24 autores participaram da concepção do trabalho, da análise e interpretação dos dados, de sua redação ou revisão crítica e da leitura e aprovação da versão final; (e) não são omitidos quaisquer ligações ou acordos de financiamento entre os autores e companhias ou pessoas que possam ter interesse no material abordado no artigo; (f) todas as pessoas que fizeram contribuições substanciais para o artigo, mas não preencheram os critérios de autoria, são citados nos agradecimentos, para o que forneceram autorização por escrito; e reconhecem que a Sociedade de Pediatria do Rio de Janeiro passa a ter os direitos autorais, caso o artigo venha a ser publicado. (Obs.: Caso o artigo seja aceito para publicação, será solicitado o envio desta declaração com a assinatura de todos os autores.) 4. Arquivos anexados: Anexar dois arquivos separados, contendo respectivamente: (a) resumo, palavraschave, abstract, keywords, texto e referências bibliográficas, (b) tabelas e gráficos. Estes arquivos devem permitir a leitura pelos programas do Microsoft Office® (Word, Excel e Access). Instruções para envio de material por correio comum 1. Enviar para: Secretaria da SOPERJ Rua da Assembléia nº 10 - grupo 1812 – CEP: 20011- 901 Centro – Rio de Janeiro 2. Incluir uma carta de submissão, assinada por todos os autores, assegurando: (a) que o artigo é original; (b) que nunca foi publicado e, caso venha a ser aceito pela Revista de Pediatria SOPERJ, não será publicado em outra revista; (c) que não foi enviado a outra revista e não o será enquanto estiver sendo considerada sua publicação pela Revista de Pediatria SOPERJ; (d) que todos os autores participaram da concepção do trabalho, da análise e interpretação dos dados, de sua redação ou revisão crítica e da leitura e aprovação da versão final; (e) que não são omitidos quaisquer ligações ou acordos de financiamento entre os autores e companhias ou pessoas que possam ter interesse no material abordado no artigo; (f) todas as pessoas que fizeram contribuições substanciais para o artigo, mas não preencheram os critérios de autoria, são citados nos agradecimentos, para o que forneceram autorização por escrito; e reconhecendo que a Sociedade de Pediatria do Rio de Janeiro passa a ter os direitos autorais, caso o artigo venha a ser publicado. 3. A Revista de Pediatria SOPERJ não se responsabiliza pelo eventual extravio de originais; recomendase que os autores guardem cópia de seus trabalhos enquanto sua publicação estiver sendo considerada pela Revista de Pediatria SOPERJ. 4. O original deve ser enviado em três cópias impressas em folha de papel branco, tamanho A4 (210x297mm); com margens de 25 mm em ambos os lados, espaço duplo em todas as seções; fonte Times New Roman, tamanho 11; páginas numeradas no canto superior direito, a começar pela página de rosto. Não usar Revista de Pediatria SOPERJ - v.10, no 2, p24, dez 2009 recursos de formatação, tais como cabeçalhos e rodapés. Utilizar preferencialmente o processador de textos Microsoft Word®; caso seja usado um processador diferente, empregar o formato ASCII. 5. Enviar uma cópia do original em disquete (não usar discos “zip”), que contenha apenas arquivos relacionados ao artigo. Diretrizes para a preparação do original Orientações gerais O original - incluindo tabelas, ilustrações e referências bibliográficas - deve estar em conformidade com os “Requisitos Uniformes para Originais Submetidos a Revistas Biomédicas”, publicado pelo Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas (versão original da atualização de outubro de 2001 disponível em http://www.icmje.org/). Cada seção deve ser iniciada em nova página (ou quebra de página, em caso de envio do material por correio eletrônico), na seguinte ordem: página de rosto, resumo em português, resumo em inglês, texto, agradecimentos, referências bibliográficas, tabelas (cada tabela completa, com título e notas de rodapé, em página separada), gráficos (cada gráfico completo, com título e notas de rodapé em página separada) e legendas das figuras. A seguir, as principais orientações sobre cada seção: Página de rosto: Deve conter: (a) título do artigo, conciso e informativo, evitando termos supérfluos e abreviaturas; evitar também a indicação do local e da cidade onde o estudo foi realizado, exceto quando isso for essencial para a compreensão das conclusões; (b) versão exata do título para o idioma inglês; (c) título abreviado (para constar na capa e topo das páginas), com máximo de 50 caracteres, contando os espaços; (d) primeiro e último nome de cada um dos autores e iniciais dos nomes intermediários; (e) titulação mais importante de cada autor; (f) indicação de quais autores possuem Currículo Lattes; (g) endereço eletrônico de cada autor; (h) a contribuição específica de cada autor para o estudo; (i) instituição ou serviço ao qual o trabalho está vinculado; (j) nome, endereço, telefone, fax e ende-reço eletrônico do autor responsável pela correspondência; (k) nome, endereço, telefone, fax e endereço eletrônico do autor responsável pelos contatos pré-publicação; (l) fonte financiadora ou fornecedora de equipamento e materiais, quando for o caso; (m)contagem total das palavras do texto, sem referências bibliográficas. Resumo em português O resumo deve ter no máximo 250 palavras ou 1.400 caracteres, evitando o uso de abreviaturas. O resumo deve ser apresentado também em inglês. Todas as informações que aparecerem no resumo devem constar também no texto do artigo. O resumo deve ser estruturado, conforme descrito a seguir: Abaixo do resumo, fornecer três a seis descritores, que são palavras-chave ou expressões-chave que auxiliarão a inclusão adequada do resumo nos bancos de dados bibliográficos. Empregar descritores integrantes da lista de “Descritores em Ciências da Saúde”, elaborada pela BIREME e disponí- vel nas bibliotecas médicas. Somente quando não houver descritores adequados na referida lista, usar termos novos. Resumo em inglês (abstract): O “abstract” deve ser uma versão exata do resumo para o idioma inglês, com o mesmo número máximo de palavras e com os subtítulos correspondentes. Os descritores devem fazer parte da lista de “Medical Subject Headings”, publicado pela U.S. National Library of Medicine, do National Institutes of Health. Corpo do artigo O texto pode variar de acordo com o tema. Sugere-se: Introdução: breve, em que os autores explicam qual a importância da revisão para a prática pediátrica, à luz da literatura médica. Objetivo: Informar por que a revisão da literatura foi feita, indicando se ela enfatiza algum fator em especial, como causa, prevenção, diagnóstico, tratamento ou prognóstico. Fontes dos dados: Descrever as fontes da pesquisa, definindo as bases de dados e os anos pesquisados. Informar sucintamente os critérios de seleção de artigos e os métodos de extração e avaliação da qualidade das informações. Síntese dos dados ou relato do caso(s): Informar os principais resultados da pesquisa bibliográfica; relatar o caso Conclusões: Correlacionar as idéias principais do artigo com as possíveis aplicações clínicas. OBS: Solicita-se enviar 3 perguntas sobre o tema do artigo de revisão de multipla escolha, com 5 opções Os resumos de teses e dissertações serão aceitos após análise do corpo editorial. Os relatos de casos devem obedecer ao Revista de Pediatria SOPERJ - v.10, no 2, p25, dez 2009 25 seguinte formato: (a) Introdução, relato do caso(s), discussão (b) Número máximo de palavras: 4000 (c) Referências: Máximo de 5. Referências 1. International Committee of Medical Journal Editors. Uniform requirements for manuscripts submitted to biomedical journals. JAMA 1993;269:2282-2286. 2. Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas. Requisitos uniformes para originais submetidos a revistas biomédicas. J. Pediatr (Rio J.) 1997;73:213-24. 3. Haynes RB, Mulrow CD, Huth EJ, Altman DJ, Gardner MJ. More informative abstracts revisited. Ann Intern Med 1990;113:69-76. 4. BIREME - Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde. DeCS - Descritores em 26 ciências da saúde: lista alfabética 2.ed. rev. amp. São Paulo: BIREME, 1992. 111p. 5. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução no 196 de 10/10/96 sobre pesquisa envolvendo seres humanos. DOU 1996 Out 16; no 201, seção 1:2108221085. Lista de Checagem Recomenda-se que os autores utilizem a lista de checagem abaixo para certificarem-se de que todo o material requerido está sendo enviado. Não é necessário anexar a lista. • Carta de submissão assinada por todos os autores (ou declaração no corpo da mensagem do e-mail) • Original em 3 cópias impressas (dispensado, em caso de envio por e-mail) • Cópia do original em disquete (dispensada, em caso de envio por e-mail) • Página de rosto com todas as informações solicitadas (no corpo da mensagem, em caso de e-mail) • Resumo em português e inglês, com descritores (integrante do primeiro arquivo anexado, em caso de e-mail) • Texto contendo o corpo do artigo (integrante do primeiro arquivo anexado, em caso de e-mail) • Referências bibliográficas no estilo Index Medicus, numeradas por ordem de aparecimento • Tabelas numeradas por ordem de aparecimento (integrante do segundo arquivo anexado, em caso de e-mail) • Gráficos numerados por ordem de aparecimento (integrante do segundo arquivo anexado, em caso de e-mail) • Figuras (original e 2 cópias) identificadas • Legendas das figuras Revista de Pediatria SOPERJ - v.10, no 2, p26, dez 2009 Ficha de Avaliação–Respostas-ANO 10-Nº2-DEZ 2009 I) Urticária: Diagnóstico e Tratamento 1. a) M b) M c) M d) M e) M 2. a) M b) M c) M d) M e) M 3. a) M b) M c) M d) M e) M 4. a) M b) M c) M d) M e) M Sócios: respostas no site www.soperj.org.br Não sócios: enviar à SOPERJ (R da Assembléia, 10, g 1812 - Centro - Rio de Janeiro, 20011-901 - RJ, junto com comprovação de depósito bancário de R$ 20,00 - Bradesco - ag. 2756-1, conta 1274-2. Revista de Pediatria SOPERJ - v.10, no 2, p27, dez 2009 27 28 Revista de Pediatria SOPERJ - v.10, no 2, p28, dez 2009 NAN Soy Segurança na substituição da proteína animal Para lactentes em situações de:1-3 • Alergia às proteínas do leite de vaca (IgE mediada). • Intolerância à lactose. • Galactosemia. • Pertencentes às famílias com dietas restritivas em proteínas animais. 4 Atende às recomendações do Codex Alimentarius4 e do ESPGHAN2 durante todo o primeiro ano de vida. 4 Apresenta 100% de proteína isolada da soja, proporcionando ótima digestibilidade.5 4 Com adição de L-metionina, necessária ao crescimento do lactente.2,5 4 Maior teor de vitamina C, para otimizar a absorção do ferro.6 4 Melhor sabor dentre as fórmulas infantis à base de soja. 4 Sem sacarose: 100% maltodextrina, proporcionando menor risco de fermentação intestinal.5 Na ausência do leite materno, a fórmula infantil é o substituto adequado para a alimentação de lactentes no primeiro ano de vida.7 Referências bibliográficas 1. Bathia J, Greer F et al. American Academy of Pediatrics Committee on Nutrition. Use of Soy Protein-Based Formulas in Infant Feeding. Pediatrics 2008;121(5):1062-1068. 2. Agostoni C, Axelsson I, Goulet O et al. Soy Protein Infant Formulae and Follow-On Formulae: A Commentary by the ESPGHAN Committee on Nutrition. JPGN 2006;42:352-361. 3. Sole D, Silva LR, Rosário Filho N, Sarni ROS et al. Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar. Revista Brasileira de Alergia e Imunopatologia 2008;31(2):65-90. 4. Codex Alimentarius Comission. Joint FAO/WHO Food Standards Programme. Codex Standard for Infant Formulae (Codex Stan 72-1981).In: Codex Alimentarius vol 4, Ed 2, FAO/WHO. Rome, 1994. 5. Lopez FA, Juzwiak CR. O uso de Fórmulas Infantis após o desmame. Temas de Pediatria n° 74. 2003. 6. Derman DP, Ballot D, Bothwell TH et al. Factors influencing the absorption of iron from soya-bean protein products. Br J Nutr 1987;57:345-53. 7. Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento de Nutrologia. Manual de orientação para alimentação do lactente, do pré-escolar, do escolar, do adolescente e na escola. Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento de Nutrologia – 2ª ed. - São Paulo: SBP, 2008. 120p. NOTA IMPORTANTE: AS GESTANTES E NUTRIZES PRECISAM SER INFORMADAS QUE O LEITE MATERNO É O IDEAL PARA O LACTENTE, CONSTITUINDO-SE A MELHOR NUTRIÇÃO E PROTEÇÃO PARA ESTAS CRIANÇAS. A MÃE DEVE SER ORIENTADA QUANTO À IMPORTÂNCIA DE UMA DIETA EQUILIBRADA NESTE PERÍODO E QUANTO À MANEIRA DE SE PREPARAR PARA O ALEITAMENTO AO SEIO ATÉ OS DOIS ANOS DE IDADE DA CRIANÇA OU MAIS. O USO DE MAMADEIRAS, BICOS E CHUPETAS DEVE SER DESENCORAJADO, POIS PODE TRAZER EFEITOS NEGATIVOS SOBRE O ALEITAMENTO NATURAL. A MÃE DEVE SER PREVENIDA QUANTO À DIFICULDADE DE VOLTAR A AMAMENTAR SEU FILHO UMA VEZ ABANDONADO O ALEITAMENTO AO SEIO. ANTES DE SER RECOMENDADO O USO DE UM SUBSTITUTO DO LEITE MATERNO, DEVEM SER CONSIDERADAS AS CIRCUNSTÂNCIAS FAMILIARES E O CUSTO ENVOLVIDO. A MÃE DEVE ESTAR CIENTE DAS IMPLICAÇÕES ECONÔMICAS E SOCIAIS DO NÃO ALEITAMENTO AO SEIO – PARA UM RECÉM-NASCIDO ALIMENTADO EXCLUSIVAMENTE COM MAMADEIRA SERÁ NECESSÁRIA MAIS DE UMA LATA POR SEMANA. DEVE-SE LEMBRAR À MÃE QUE O LEITE MATERNO NÃO É SOMENTE O MELHOR, MAS TAMBÉM O MAIS ECONÔMICO ALIMENTO PARA O LACTENTE. CASO VENHA A SER TOMADA A DECISÃO DE INTRODUZIR A ALIMENTAÇÃO POR MAMADEIRA É IMPORTANTE QUE SEJAM FORNECIDAS INSTRUÇÕES SOBRE OS MÉTODOS CORRETOS DE PREPARO COM HIGIENE RESSALTANDO-SE QUE O USO DE MAMADEIRA E ÁGUA NÃO FERVIDAS E DILUIÇÃO INCORRETA PODEM CAUSAR DOENÇAS. OMS – CÓDIGO INTERNACIONAL DE COMERCIALIZAÇÃO DE SUBSTITUTOS DO LEITE MATERNO. WHA 34:22, MAIO DE 1981. PORTARIA Nº 2.051 – MS DE 08 DE NOVEMBRO DE 2001, RESOLUÇÃO Nº 222 – ANVISA – MS DE 05 DE AGOSTO DE 2002 E LEI 11.265/06 DE 04.01.2006 – PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA – REGULAMENTAM A www.nestle.com.br/nutricaoinfantil COMERCIALIZAÇÃO DE ALIMENTOS PARA LACTENTES E CRIANÇAS DE PRIMEIRA INFÂNCIA E TAMBÉM A DE PRODUTOS DE PUERICULTURA CORRELATOS. Serviço de Atendimento Nutrição Infantil ao Profissional de Saúde 0800-7701599 Chegou NAN COMFORT 1, a melhor opção de fórmula infantil para a dieta de lactentes com constipação.1-4 Melhora na consistência das fezes.2 Aumento na frequência das evacuações.3 Efeito bifidogênico.4 *GOS: galactooligossacarídeo / FOS: frutooligossacarídeo. **Prebióticos: ingredientes alimentares não digeríveis que beneficiam o hospedeiro por estimular seletivamente o crescimento e/ou atividade de bactérias residentes no cólon. 5 NAN COMFORT 1, a nova fórmula infantil da Nestlé com GOS/FOS*. Estes prebióticos** proporcionam os seguintes benefícios: www.nestle.com.br/nutricaoinfantil – Serviço de Atendimento Nutrição Infantil ao Profissional de Saúde 0800-7701599 Referências bibliográficas 1. Agostini C, Axelsson I, Goulet O et al. Prebiotic oligossaccharides in dietetic products for infants: A commentary by the ESPGHAN Committee on Nutrition. J Pediatr 2004;39:465-473. 2. Vivatvakin B, Mahayosnond A, Theamboonlert A, Steenhout P, Conus N. Effects of a Whey predominant starter formula containing LcPufas (DHA/ARA) and Oligosaccharides (GOS/FOS) on gastrointestinal comfort in infants. Abstract accept to apresentation in Asia Pacific Congress of Pediatrics, Shanghai, October 14-18,2009. 3. Costalos C, Kapiki A, Apostolou M, Papathoma E. The effect of a prebiotic supplemented formula on growth and stool microbiology of term infants Early Hum Dev. 2008 Jan;84(1):45-9. 4. Faust K, Litov R, Ziegler E. Publication 5820.4. Effects of Prebiotic-Containing Infant Formula on Commensal Microbiota. Annals of 2008 Pediatric Academic Societies’ Annual Meeting. Hawaii, Honolulu. May 3-6;2008. 5. Agostoni C, Axelsson I, Braegger C, et al; ESPGHAN Committee on Nutrition: Probiotic bacteria in dietetic products for infants: a commentary by the ESPGHAN Committee on Nutrition. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2004;38:364-374. NOTA IMPORTANTE: AS GESTANTES E NUTRIZES PRECISAM SER INFORMADAS QUE O LEITE MATERNO É O IDEAL PARA O LACTENTE, CONSTITUINDO-SE A MELHOR NUTRIÇÃO E PROTEÇÃO PARA ESTAS CRIANÇAS. A MÃE DEVE SER ORIENTADA QUANTO À IMPORTÂNCIA DE UMA DIETA EQUILIBRADA NESTE PERÍODO E QUANTO À MANEIRA DE SE PREPARAR PARA O ALEITAMENTO AO SEIO ATÉ OS DOIS ANOS DE IDADE DA CRIANÇA OU MAIS. O USO DE MAMADEIRAS, BICOS E CHUPETAS DEVE SER DESENCORAJADO, POIS PODE TRAZER EFEITOS NEGATIVOS SOBRE O ALEITAMENTO NATURAL. A MÃE DEVE SER PREVENIDA QUANTO À DIFICULDADE DE VOLTAR A AMAMENTAR SEU FILHO UMA VEZ ABANDONADO O ALEITAMENTO AO SEIO. ANTES DE SER RECOMENDADO O USO DE UM SUBSTITUTO DO LEITE MATERNO, DEVEM SER CONSIDERADAS AS CIRCUNSTÂNCIAS FAMILIARES E O CUSTO ENVOLVIDO. A MÃE DEVE ESTAR CIENTE DAS IMPLICAÇÕES ECONÔMICAS E SOCIAIS DO NÃO ALEITAMENTO AO SEIO – PARA UM RECÉM-NASCIDO ALIMENTADO EXCLUSIVAMENTE COM MAMADEIRA SERÁ NECESSÁRIA MAIS DE UMA LATA POR SEMANA. DEVE-SE LEMBRAR À MÃE QUE O LEITE MATERNO NÃO É SOMENTE O MELHOR, MAS TAMBÉM O MAIS ECONÔMICO ALIMENTO PARA O LACTENTE. CASO VENHA A SER TOMADA A DECISÃO DE INTRODUZIR A ALIMENTAÇÃO POR MAMADEIRA É IMPORTANTE QUE SEJAM FORNECIDAS INSTRUÇÕES SOBRE OS MÉTODOS CORRETOS DE PREPARO COM HIGIENE o RESSALTANDO-SE QUE O USO DE MAMADEIRA E ÁGUA NÃO FERVIDAS E DILUIÇÃO INCORRETA PODEM CAUSAR DOENÇAS. OMS – CÓDIGO INTERNACIONAL DE COMERCIALIZAÇÃO DE SUBSTITUTOS DO LEITE MATERNO. WHA 34:22, MAIO DE 1981. PORTARIA Nº 2.051 – MS DE 08 DE NOVEMBRO DE 2001, RESOLUÇÃO Nº 222 – ANVISA – MS DE 05 DE AGOSTO DE 2002 E LEI 11.265/06 DE 04.01.2006 – PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA – REGULAMENTAM A COMERCIALIZAÇÃO DE ALIMENTOS PARA LACTENTES E CRIANÇAS DE PRIMEIRA INFÂNCIA E TAMBÉM A DE PRODUTOS DE PUERICULTURA CORRELATOS. 30 Revista de Pediatria SOPERJ - v.10, n 2, p30, dez 2009