PLANTAS MEDICINAIS : Propriedades, uso e Cultura Popular. HERCOS, Emylciane Costa1; FIUZA, Denise de Almeida Fonseca2, ARAÚJO, Valdinéia Nogueira da Silva3. PALAVRAS-CHAVE: Plantas Medicinais, Propriedades e Uso, Cultura Popular. INTRODUÇÃO Ao longo da evolução do homem e do uso de plantas medicinais para o tratamento das necessidades básicas em saúde, surgem inúmeras espécies catalogadas e uma vasta utilização das mesmas. Oriundos dos povos nativos e da influência da colonização europeia e também africana, o uso de plantas medicinais tem sido difundido a milhares de anos. Se durante algumas décadas do último século, em grande parte dos países ocidentais, o uso de plantas medicinais foi considerado tratamento atrasado e ineficiente, hoje ela desponta como uma das formas de busca pelo reequilíbrio orgânico, mental e emocional, mais procuradas e crescentemente adotadas por nossa sociedade. (ALMASSY JÚNIOR, A.A. et al., 2005). Um marco importante para o reconhecimento da importância do uso das plantas medicinais foi a Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, organizada pela OMS/ONU, em 1978, na cidade de Alma-Ata, localizada na então URSS. A partir daí iniciaram-se as discussões em busca das melhores opções de promoção da saúde de todos os povos do mundo. Na tentativa de garantir a atenção primária à saúde é que se propiciou um novo olhar sobre as plantas, a saúde e ao meio ambiente. Resumo revisado por: Emylciane Costa Hercos. Mostruário de Plantas Medicinais do Município de Edéia-GO – Cultivo e Plantio. 2011PRE0320001. 1 Professora do Curso de Tecnologia em Agronegócios e Tecnologia em Produção Sucroalcoleira da UEG – UnU Edéia – [email protected]. 2 Professora do Curso de Tecnologia em Agronegócios da UEG – UnU Edéia – [email protected]. 3 Universitária do Curso de Tecnologia em Agronegócios da UEG – UnU Edéia – [email protected]. Depois dessa Conferência, vários trabalhos científicos foram realizados abrangendo todo o território nacional, buscando correlacionar os conhecimentos populares com os conhecimentos científicos, visando estabelecer a relação de todo o corpo científico e sócio-ambiental. A Fitoterapia está sendo utilizada intensamente tanto no meio urbano quanto no meio rural ou regiões desprovidas de assistência médica e farmacêutica, como forma alternativa ou complementar aos medicamentos alopáticos (PARDO, V. A., 1998), pois são medicamentos de fácil acesso e de baixo valor. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que cerca de 80% da população mundial fez o uso de algum tipo de planta medicinal buscando o alívio de alguma sintomatologia dolorosa ou desagradável (Paróquia Santuário São Leopoldo Mandic, 2008). Os fitoterápicos estão sendo utilizados por automedicação ou por prescrição médica e a maior parte deles não tem o seu perfil tóxico bem conhecido, embora sejam encontrados com muita facilidade por todo o território nacional. Atualmente têm sido incorporados aos programas médicos alternativos, os Programas de Fitoterapia. Tais programas são apoiados pelo serviço público de saúde, os quais formam equipes multidisciplinares responsáveis pelo atendimento do paciente, com profissionais encarregados do cultivo de plantas medicinais, da produção de fitoterápicos, do diagnóstico médico e da recomendação destes produtos (Paróquia Santuário São Leopoldo Mandic, 2008). Uma justificativa bastante relevante para o uso cada vez maior dos fitoterápicos é o fato de esses medicamentos, se bem observados, são bastante eficazes e de baixo custo. Partindo desse ponto, executar o Projeto de Extensão “MOSTRUÁRIO DE PLANTAS MEDICINAIS DO MUNICÍPIO DE EDÉIA – GO – CULTIVO E UTILIZAÇÃO”, deixou de ser somente uma ação extensionista, e passou a ser um exercício de cidadania, respeito ao meio ambiente e valorização da cultura popular regional. Os objetivos pretendidos foram: a identificação das plantas mais utilizadas no município; a divulgação do grau de toxicidade de cada planta estudada; seus efeitos adversos e as melhores técnicas para sua utilização, assim como as melhores técnicas para o plantio e cultivo. Houve a preocupação também de padronizar as unidades de medida para o uso dessas plantas medicinais, no processo curativo ou preventivo. METODOLOGIA Foi aplicado, de maneira aleatória, um questionário, em 250 residências, em dois bairros diferentes da cidade de Edéia – GO. Nesse questionário, o entrevistado identificou-se com nome, idade, endereço e grau de escolaridade. Respondeu ainda se na casa em questão utilizavam-se plantas medicinais, qual a parte delas era utilizada e para qual a enfermidade, assim como era feito o seu preparo para uso. Após a tabulação dos dados dos questionários, inicialmente foram utilizadas as vinte plantas mais citadas, segundo o nome popular. Em seguida foram preparados os canteiros e as mudas plantadas. Essas mudas foram transplantadas para os canteiros definitivos e em seguida identificadas cientificamente (nome científico e parte da planta com maior teor de princípio ativo). Estão sendo feitas as fichas de identificação com o nome científico e comum, as exigências climáticas, os métodos de secagem (se houver a necessidade), as principais formas de utilização, a fase e parte da planta que tem a maior concentração de princípio ativo e as particularidades de cada uma das espécies utilizadas. RESULTADOS E DISCUSÕES As vinte plantas selecionadas para iniciar o mostruário foram: 1. Alecrim (Rosmarinus officinalis) 2. Alfavaca (Ocimum basilicum) 3. Arruda (Ruta graveolens) 4. Artemísia (Artemísia vulgaris) 5. Babosa (Aloe vera) 6. Boldo-de-jardim (Plectranthus barbatus) 7. Boldo-baiano (Vernonia condensata) 8. Camomila (Matricaria recutita) 9. Carqueja (Baccharis tríptera) 10. Erva-cidreira (Melissa officinalis) 11. Erva-doce (Pimpinella anisum) 12. Erva de Santa Maria (Chenopodium ambrosioides) 13. Gengibre (Zingiber officinale) 14. Guaco (Mikania glomerata Spreng.) 15. Guiné (Petiveria tetrandra) 16. Hortelã-verde (Mentha spicata) 17. Losna ( Artemisia absinthium L.) 18. Mil folhas (Aquilea millefolium) 19. Poejo (Mentha pylegium) 20. Tanchagem ( Plantago major) As principais formas de utilização das plantas analisadas foram: Infusão 87%; Compressas 2%; Tinturas 7%; Xaropes 4%. Nas infusões das plantas analisadas foi possível verificar que em 68% é feito infusão de folhas, 30% infusão da planta inteira e 2% infusão de raiz. Inicialmente, apenas 55% plantas selecionadas sobreviveram nos canteiros definitivos, havendo um baixo índice de pega das mudas. Esse fato se deu devido a falta de observância das técnicas que as pessoas do município utilizam no preparo e plantio das mudas. CONCLUSÃO Com a implantação do projeto foi possível identificar alguns pontos relevantes quanto ao uso dos fitoterápicos no município, tais com; o preparo incorreto dos fitoterápicos á serem utilizados como curativos ou preventivos e erro na identificação das plantas. Há ainda erro na dosagem de utilização depois de pronto, erro na parte e na quantidade da planta a ser utilizada para o preparo dos mesmos. E com base nesses motivos, é de suma importância que o conhecimento científico das informações seja repassado aos alunos e a população local. Para melhorar o teor científico do projeto, seria necessário o acompanhamento de um biólogo para facilitar a identificação das plantas selecionadas. Há variações nos teores de seu principio ativo, devido a inúmeros fatores, incluindo o grande número de variedades das espécies, assim como os fatores climáticos e de cultivo. Esse projeto de extensão possui um tempo de duração curto, para a vasta quantidade de informações que podem ser levantadas. Por exemplo, houve baixo índice de pega das mudas, pois, inicialmente, apenas onze das vinte plantas selecionadas sobreviveram nos canteiros definitivos. Isso mostra a necessidade de se fazer o levantamento das técnicas de cultivo dessas plantas pela população local. Outro ponto relevante é a grande quantidade de plantas que a população do município utiliza. Para a manutenção do objetivo principal que é de valorizar e resgatar a cultura popular assim como oferecer a essa população o acesso a uma medicação barata, de fácil acesso e realmente eficaz, o projeto deve ser continuado. REFERÊNCIAS ALMASSY JÚNIOR, A.A.; LOPES, R.C.; ARMOND, C.; SILVA, F. DA; CASALI, V.W.D. Folhas de chá: Plantas medicinais na terapêutica humana. Viçosa: Ed. UFV, 2005. 233 p. CORRÊA, A. D., SIQUEIRA-BATISTA, R., QUINTAS, L. E. M. Plantas Medicinais – Do Cultivo à Terapêutica. Rio de Janeiro, Editora Vozes, 1998. FREIRE, M. de F. I. Plantas Medicinais: A Importância do Saber Cultivar. Revista Científica Eletrônica Agronomia – Ano III, Edição nº 5, junho de 2004. PARDO, V.A. Estaquia de Marcela Achyrocline satureioides sob diferentes períodos de enraizamento e doses de ácido indolbutírico. In: Ming, L.C. Plantas medicinais, aromáticas e condimentares. Avanços na pesquisa agronômica. Botucatu: UNESP, 1998. Vol. 1. p. 71-87. PARÓQUIA SANTUÁRIO SÃO LEOPOLDO MANDIC. Plantas que curam. Apresenta informações sobre plantas medicinais. Goiânia. Disponível em: <www.psleo.com.br/plantas_medicinais.htm>. Acesso em 23 maio 2008.