Ciência vive corrida pela vacina de zika: conheça principais iniciativas

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INSTITUTO EVANDRO CHAGAS
Clipping
VEÍCULO: G1 GLOBO BEM ESTAR
DATA: 11/07/2016
ASSUNTO: ZIKA VÍRUS E VACINA.
PÁG. A14
TIPO: NOTÍCIA
ENDEREÇO WEB:
http://saude.empauta.com/e2/standard/noticia/mostra_noticia_e2.php?&cod_noticia=1607111468237277011
ACESSADO EM: 11/07/2016
Ciência vive corrida pela vacina de zika: conheça principais iniciativas
35 projetos por vacina contra o vírus estão em andamento, diz OMS. Parceria entre EUA e Correia
do Sul está em etapa mais avançada
FOTO: WRAIR/Divulgação
Pesquisador do Instituto de Pesquisa Walter Reed do Exército dos Estados Unidos (WRAIR) trabalha
em desenvolvimento de vacina contra zika.
O potencial nocivo da zika - especialmente sua associação ao nascimento de bebês com
microcefalia e outros problemas neurológicos - tornou-se conhecido há menos de um ano. Mas já
existem dezenas de cientistas no Brasil e no mundo focado em desenvolver uma vacina capaz de
combater essa ameaça. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), há 35 projetos de
pesquisa em andamento, evolvendo 21 instituições, em busca de uma vacina contra o vírus.
A urgência do problema - que está associado ao nascimento de mais de 1,6 mil crianças com
microcefalia no Brasil desde outubro de 2015 - levou várias instituições de pesquisa e empresas a
firmarem parcerias internacionais para potencializar as chances de se chegar mais rápido a um
produto final. Apesar de as instituições estarem colaborando entre si, existe uma competição
intensa, o que é visto como algo positivo pelos cientistas.
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DATA: 11/07/2016
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"Acho saudável a competição, embora ela leve a um maior custo financeiro", diz o pesquisador
Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, diretor do Instituto Evandro Chagas, uma das instituições
envolvidas na busca pela vacina. "A competição de modo geral acelera os processos, pois todos
querem fazer com que a vacina se torne viável no menor tempo possível."
Conheça algumas das principais iniciativas de pesquisa que buscam o desenvolvimento da vacina
contra o vírus da zika:
Inovo e GeneOne Life Sciences
A farmacêutica americana Inovio, em parceria com a sul-coreana GeneOne Life Sciences, produziu
a primeira candidata a vacina de zika a obter aprovação para início de testes em humanos no
mundo. O aval foi dado pelo FDA, órgão americano equivalente à ANVISA.
FOTO: Universidade Purdue/Cortesia
Imagem é representação da superfície do vírus da zika
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Chamada GLS-5700, esta é uma vacina de DNA, o que significa que ela usa um pequeno fragmento
do DNA do vírus da zika produzido sinteticamente em laboratório para despertar a resposta
imunológica contra o vírus no organismo.
As vacinas de DNA são vistas como uma tendência para o futuro, mas, até o momento, ainda não
existe nenhum produto desse tipo aprovado para uso comercial.
Em testes cujos resultados foram divulgados em maio, a vacina provou que tem capacidade de
produzir uma resposta imunológica satisfatória em macacos, ou seja, consegue proteger os
animais de uma infecção.
O teste clínico de fase 1, que deve começar em breve, envolverá a aplicação da vacina de DNA em
40 voluntários saudáveis para testar principalmente se o produto é seguro para humanos. Ainda
não é possível prever quanto tempo será necessário para a avaliação da eficácia da vacina,
processo que pode levar de meses até anos.
Sanofi Pasteur e WRAIR
O Instituto de Pesquisa Walter Reed do Exército dos Estados Unidos (WRAIR) está fazendo testes
pré-clínicos com uma vacina contra o vírus da zika que deve começar a ser testada em humanos
até o fim do ano. No dia 6 deste mês, o laboratório francês Sanofi Pasteur anunciou uma parceria
com o WRAIR para a produção da vacina. Eles confirmaram que os testes devem começar ainda
em 2016.
De acordo com os termos do novo acordo, o WRAIR irá transferir a tecnologia de vacina para a
Sanofi Pasteur, abrindo a porta para uma colaboração mais ampla com o governo dos EUA. O
laboratório francês é o mesmo que aprovou a vacina da dengue no Brasil, que aguarda o
estabelecimento de um preço pelo governo para a venda na rede privada de saúde.
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Mosquitos Aedes Aegypti são vistos em laboratório da Colômbia (Foto: AP Photo/Ricardo Mazalan)
A vacina é uma versão "neutralizada e refinada do vírus", em que se realizaram vários testes com o
vírus mais fraco, gerando anticorpos contra o zika. De acordo com os pesquisadores, os testes em
ratos forneceram "proteção completa".
O pesquisador Nicholas Jackson, líder de pesquisa e desenvolvimento do programa de vacinas da
Sanofi Pasteur, disse que a empresa francesa também está envolvida em um projeto além da
parceria com o WRAIR. Essa segunda opção, segundo ele, deve se basear na própria tecnologia do
laboratório, mas é "uma solução de longo prazo". A empresa não quis divulgar qual deve ser o
investimento para a vacina.
Instituto Butantan
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O Instituto Butantan, ligado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, está envolvido em
diferentes projetos diferentes de vacinas contra zika.
Um dos principais é uma vacina de vírus inativado, que usa o vírus morto para despertar a
resposta imunológica. Para tornar esse projeto possível, o instituto fechou, em junho, uma
parceria com os Estados Unidos e com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Médico imunologista Jorge Kalil, diretor do Instituto Butantan; instituto trabalha no desenvolvimento de
vacina e soro contra o zika vírus (Foto: Camilla Carvalho/Instituto Butantan)
O centro de pesquisa brasileiro deve receber US$ 3 milhões da Autoridade de Desenvolvimento e
Pesquisa Biomédica Avançada (Barda, na sigla em inglês), órgão ligado ao Departamento de Saúde
e Serviços Humanos do governo americano (HHS), para o desenvolvimento de uma vacina de zika
com vírus inativado. O HHS é o órgão equivalente ao Ministério da Saúde dos EUA.
Segundo o diretor do Instituto Butantan, Jorge Kalil, o desenvolvimento da vacina de vírus
inativado contra zika já está em curso há alguns meses. Pesquisadores do centro já trabalharam no
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processo de cultura, purificação e inativação do vírus em laboratório. Na fase atual, roedores
devem começar a receber os vírus inativados.
O Butantan também tem participação em outras três iniciativas em colaboração com outros
centros de pesquisa: uma vacina a base de DNA, outra vacina com vírus inativado semelhante à
vacina da dengue (esta em parceria com os Institutos Nacionais de Saúde dos EUA), além de uma
vacina híbrida que tem como base a vacina de sarampo (esta em parceria com o Instituto Pasteur).
Institutos Nacionais de Saúde dos EUA (NIH)
O órgão do governo americano está desenvolvendo ao menos quatro candidatas a vacinas de zika.
Segundo o imunologista Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças
Infecciosas (NIAID), parte dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA (NIH), a que está atualmente
em fase mais avançada é uma vacina de DNA.
"É uma técnica de biologia molecular genética, onde
você injeta no indivíduo não o vírus inteiro, mas apenas
componentes genéticos que fazem uma única proteína",
diz Fauci. Técnica semelhante tem sido usada no
desenvolvimento de outras vacinas, como a do vírus do
oeste do Nilo. Os testes em humanos devem começar,
Anthony Fauci, diretor do NIAID/NIH.
(Foto: Reprodução/Twitter/NIAID)
segundo Fauci, entre o fim de agosto e o início de
setembro.
Outro projeto em desenvolvimento, este em parceria com o Instituto Butantan, é a vacina de vírus
vivo atenuado, similar à vacina contra dengue atualmente em fase avançada de testes em
humanos no Brasil. Nesta vacina, o vírus está vivo, mas debilitado, de modo que consiga provocar
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a resposta imunológica no indivíduo, mas não seja capaz de provocar a doença. Segundo Fauci, é
possível que essa candidata seja testada em humanos em 2017.
Instituto Evandro Chagas
O Instituto Evandro Chagas, centro de pesquisa e atendimento ligado ao Ministério da Saúde, está
desenvolvendo uma vacina de vírus vivo atenuado junto à Universidade do Texas, nos Estados
Unidos.
"Fizemos o cultivo do vírus e, a partir do cultivo, induzimos mutações em determinadas regiões do
vírus para que ele perca a capacidade de fazer a doença sem perder capacidade de produzir a
resposta imune com produção de anticorpos", diz Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, diretor
do instituto. Ele explica que se trata de um princípio parecido com o que foi usado para o
desenvolvimento da vacina contra febre amarela.
Os pesquisadores já fizeram vários clones do vírus, com diferentes mutações, e agora estão
selecionando os clones que têm as características de uma vacina de vírus vivo atenuado, ou seja,
que levem à formação de anticorpos sem provocar a doença.
A previsão inicial é de testar a vacina em macacos em novembro. "Mas, pelo desenvolvimento dos
estudos, devemos antecipar um pouco esse prazo", diz Vasconcelos.
Harvard e USP
No final de junho, uma parceria entre a Universidade Harvard, nos Estados Unidos, e a
Universidade de São Paulo (USP) levou à publicação na revista "Nature" de um artigo descrevendo
como promissores dois projetos de vacina contra zika: uma das vacinas testadas é feita de DNA e a
outra é feita de vírus purificado e inativado.
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Pesquisador Rafael Larocca participou de estudo com vacina de zika (Foto: Reprodução/Facebook)
"A gente acredita muito que a vacina é importante. No artigo científico, citamos que temos o
intuito de seguir em frente com essa vacina tanto em animais de grande porte, como macacos, e
depois seguir mais adiante em ensaios clínicos em humanos", diz o biomédico Rafael Larocca,
cientista brasileiro que trabalha em Harvard e que foi um dos autores do estudo.
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