ANATOMIA E FISIOLOGIA DO OUVIDO A audição é a capacidade de ouvir os sons ambientes. O som é ao mesmo tempo um fenômeno físico e sensorial. Origina-se da vibração de um objeto e se transmite pela vibração das partículas do meio ambiente. O ouvido (anatomicamente chamado de orelha) é um órgão sensorial estruturado para captar essas ondas de vibração do meio e transformá-las em impulsos nervosos que são transmitidos para o sistema nervoso central produzindo a “sensação auditiva”. As características físicas do som são o ciclo (alternância entre compressão e descompressão), freqüência (números de ciclos na unidade de tempo), intensidade ou amplitude (amplitude do ciclo), timbre(característica dependente da fonte sonora) e velocidade (dependente do meio). A freqüência é medida em Hertz (ciclos por segundo) e a intensidade audiológica em decibel (dB). Decibel é uma medida logarítima da intensidade física do som (I = watt/cm²). É usada porque é necessário aumentar muito a intensidade física do som (progressão geométrica) para aumentos segmentares na sensação auditiva (progressão aritimética). É a chamada lei de Weber-Fechner: para cada aumento aritmético de uma sensação é necessário o aumento geométrico da intensidade física. Tom puro é um som com uma freqüência específica. O som complexo, como o da palavra falada, é formado por tons de várias freqüências e intensidades. O campo auditivo humano abrange uma gama de freqüências de 20 a 20000 Hz e intensidades de até 140 dB. A) Anatomia da Orelha: O órgão responsável pela audição é a orelha (antigamente denominado ouvido), também chamada órgão vestíbulo-coclear ou estato-acústico. A maior parte da orelha fica no osso temporal, que se localiza na caixa craniana. Além da função de ouvir, o ouvido também é responsável pelo equilíbrio. A orelha está dividida em três partes: orelhas externa, média e interna (antigamente denominadas ouvido externo, ouvido médio e ouvido interno). A orelha externa é formada pelo pavilhão auditivo (antigamente denominado orelha) e pelo canal auditivo externo ou meato auditivo. Todo o pavilhão auditivo (exceto o lobo ou lóbulo) é constituído por tecido cartilaginoso recoberto por pele, tendo como função captar e canalizar os sons para a orelha média. O canal auditivo externo estabelece a comunicação entre a orelha média e o meio externo, tem cerca de três centímetros de comprimento e está escavado em nosso osso temporal. É revestido internamente por pêlos e glândulas, que fabricam uma substância gordurosa e amarelada, denominada cerume ou cera. Tanto os pêlos como o cerume retêm poeira e micróbios que normalmente existem no ar e eventualmente entram nos ouvidos. O canal auditivo externo termina numa delicada membrana – tímpano ou membrana timpânica – firmemente fixada ao conduto auditivo externo por um anel de tecido fibroso, chamado anel timpânico. A orelha média começa na membrana timpânica e consiste, em sua totalidade, de um espaço aéreo – a cavidade timpânica – no osso temporal. Dentro dela estão três ossículos articulados entre si, cujos nomes descrevem sua forma: martelo, bigorna e estribo. Esses ossículos encontram-se suspensos na orelha média, através de ligamentos. O cabo do martelo está encostado no tímpano; o estribo apóia-se na janela oval, um dos orifícios dotados de membrana da orelha interna que estabelecem comunicação com a orelha média. O outro orifício é a janela redonda. A orelha média comunica-se também com a faringe, através de um canal denominado tuba auditiva (antigamente denominada trompa de Eustáquio). Esse canal permite que o ar penetre no ouvido médio. Dessa forma, de um lado e de outro do tímpano, a pressão do ar atmosférico é igual. Quando essas pressões ficam diferentes, não ouvimos bem, até que o equilíbrio seja restabelecido. A orelha interna, chamada labirinto, é formada por escavações no osso temporal, revestidas por membrana e preenchidas por líquido. Limita-se com a orelha média pelas janelas oval e redonda. O labirinto apresenta uma parte anterior, a cóclea ou caracol – relacionada com a audição, e uma parte posterior – relacionada com o equilíbrio e constituída pelo vestíbulo e pelos canais semicirculares. B) Fisiologia Auditiva B.1) FUNÇÃO DO OUVIDO EXTERNO A função básica do ouvido externo consiste em captar as ondas sonoras procedentes do exterior e conduzi-las ao ouvido médio. As ondas sonoras correspondem às vibrações das moléculas de ar que se expandem a partir do ponto onde se produz o som, da mesma forma que se propagam as ondas na água do ponto onde cai uma pedra ou qualquer objecto. No ser humano, o pavilhão auricular não tem uma função relevante, ao contrário do que acontece em muitos animais que podem mover as orelhas em diferentes direcções e focar assim a sua audição. As ondas sonoras penetram simplesmente no canal auditivo externo e atravessam-no até chegarem ao tímpano, fazendo-o vibrar. B.2) FUNÇÃO DO OUVIDO MÉDIO As ondas sonoras que chocam contra o tímpano fazem vibrar esta delicada membrana elástica, que separa o ouvido médio. Ao vibrar, o tímpano move a cadeia de ossículos do ouvido médio: cada vibração provoca a deslocação do martelo, cujo cabo está inserido na membrana timpânica, o martelo move a bigorna e esta, por sua vez, move o estribo, cuja base bate na janela oval e origina assim uma onda no líquido contido no ouvido interno. Além de transmitir as vibrações procedentes do exterior, o ouvido médio amplia-as, o que é necessário para que não enfraqueçam demasiado as ondas que viajam por um meio aéreo ao chegar a um meio líquido - - só assim se conseguem ouvir os sons mais fracos. Esta ampliação é possível graças à particular anatomia do ouvido médio, já que o tímpano tem uma superfície vinte vezes maior do que a da janela oval. Por isso, o som concentra-se e intensificase no seu percurso pela cadeia de ossículos, de modo a compensar a perda de energia sofrida pelas ondas na mudança de meio. B.3) FUNÇÃO DO OUVIDO INTERNO Cada vez que a base do estribo choca com a janela oval, gera um movimento da perilinfa, o líquido que ocupa o espaço compreendido entre o labirinto ósseo e o membranoso. Produz-se, assim, uma espécie de onda que percorre todo o caracol, primeiro pela rampa vestibular e, depois, pela rampa timpânica, até se desvanecer quando chega à janela redonda. No seu percurso, a deslocação da perilinfa faz vibrar a membrana basilar que constitui a base da cóclea, onde se encontra o elemento básico da audição - o órgão de Corri. Com as vibrações, as células sensoriais do órgão de Corti deslocam-se e os pequenos cílios presentes na sua superfície superior chocam com um elemento de consistência gelatinosa que flutua na endolinfa que ocupa a cóclea, a membrana tectória. Quando estes cílios chocam contra a membrana tectória, geram modificações metabólicas nas células sensoriais, que transformam os estímulos mecânicos em impulsos eléctricos, os quais se transmitem às fibras do nervo coclear que nascem no polo inferior das células sensoriais; estes sinais viajam pelo nervo coclear e, depois, pelo nervo auditivo até chegarem ao cérebro, onde se torna consciente a percepção sonora. O ouvido humano pode apenas captar ondas sonoras de uma frequência compreendida entre 16 e 20 mil hertz (vibrações por segundo). Isto marca uma notória diferença com a capacidade de alguns animais. Os elefantes podem captar infrasons, de frequências mais baixas, enquanto que outros podem captar ultra-sons, de frequências superiores aos 20 Mhz, inaudíveis para o ser humano: o cão capta sons até 50 mil vibrações por segundo, o morcego até 120 mil e o golfinho até 150 mil. Na realidade, o ouvido humano está especialmente adaptado para captar os sons de uma frequência média de mil a duas mil vibrações por segundo, o que tem uma explicação lógica, na medida em que são frequências correspon- dentes às dos sons da voz humana. Dependendo da fre- quência das ondas sonoras, estas penetram mais ou menos em profundidade no caracol e fazem vibrar diferentes sectores da membrana basilar. Assim, as ondas de frequência mais alta não penetram demasiado e, pelo contrário, as de baixa frequência penetram em profundidade. Desta forma, o cérebro pode distinguir os diversos sons, segundo a localização dos seus efeitos no caracol. Por outro lado, as ondas sonoras, além de se propagarem no ar, também fazem vibrar os ossos do crânio e provocam uma determinada deslocação da perilinfa, que se traduz em estímulos na cóclea. Esta transmissão óssea de sons, que se propagam pelo crânio directamente até ao ouvido interno, não é absolutamente tão importante como a transmissão aérea que penetra pelo ouvido externo, embora seja notória quando se trata da própria voz - a isto se deve o facto de cada pessoa ouvir a sua própria voz de uma forma e que quase não a reconheça quando a ouve numa gravação, uma vez que aí depende exclusivamente da transmissão aérea. Resumindo: 1. A entrada de sons no canal auditivo faz com que a membrana timpânica se mova. 2. A membrana timpânica vibra com o som. 3. As vibrações sonoras se movem através dos ossículos para a cóclea. 4. Vibrações sonoras fazem o líquido na cóclea se mover. 5. O movimento do fluído causa contração das células ciliadas. As células ciliadas criam sinais neurais que são captados pelo nervo auditivo. As células ciliadas de uma extremidade da cóclea enviam informações de som de baixa frequência e, células ciliadas do outro extremo enviam informações de som de alta frequência. 6. O nervo auditivo envia sinais ao cérebro que interpretará como sons. **** Ver o vídeo em anexo c) TIPOS DE PERDAS AUDITIVAS C.1) Perda Auditiva Condutiva Qualquer problema no ouvido externo ou médio que impeça que o som seja conduzido de forma adequada é conhecido como uma perda auditiva condutiva. Perdas auditivas condutivas são geralmente de grau leve ou moderado, variando de 25 a 65 decibel. Em alguns casos, a perda auditiva condutiva pode ser temporária. Dependendo da causa do problema, medicação ou cirurgia podem ajudar. Os casos de perda auditiva condutiva podem ser tratados com o uso do aparelho auditivo ou com implante de ouvido médio. C.2) Perda Auditiva Sensorioneural A perda auditiva sensorioneural resulta da falta ou dano de células sensoriais (células ciliadas) na cóclea e geralmente é permanente. Também conhecido como "surdez neural", a perda auditiva sensorioneural pode ser de grau leve, moderada, severa ou profunda. Perda auditiva sensorioneural de grau leve a severa pode sempre ser tratada com aparelhos auditivos ou implante de orelha média. Implantes Cocleares são soluções para perda auditiva severa ou profunda. Algumas pessoas têm perda auditiva sensorioneural apenas em alta freqüência, também conhecida como surdez parcial. Nestes casos, apenas as células ciliadas da base da cóclea estão danificadas. Na parte interna da cóclea, o ápice, as células ciliadas que são responsáveis pelo tratamento dos tons baixos ainda estão intactas. A Estimulação Eletroacústica ou EAS, foi desenvolvida especificamente para esses casos. C.3) Perda Auditiva Mista A perda auditiva mista é uma combinação de uma perda auditiva sensorioneural e condutiva. É o resultado de problemas em ambos os ouvidos: interno e externo ou médio. As opções de tratamento podem incluir medicamentos, cirurgia, aparelhos auditivos ou implantes auditivos de ouvido médio. C.4) Perda Auditiva Neural Um problema que resulta da ausência ou dano ao nervo auditivo pode causar uma perda auditiva neural. A perda auditiva neural é geralmente profunda e permanente. Aparelhos auditivos e implantes cocleares não podem ajudar, porque o nervo não é capaz de transmitir informações sonoras para o cérebro. Em alguns casos, um Implante Auditivo de Tronco Cerebral (ABI) pode ser uma opção terapêutica. D) AUDIOGRAMA Um audiograma é um gráfico que mostra a audição utilizada por uma pessoa e a quantidade de perda auditiva que o indivíduo tem em cada orelha. Ao longo do topo do gráfico, os números variam de 125 a 8000. Estes números referemse às freqüências. A freqüência é expressa em ciclo por segundo ou hertz. Quanto maior a freqüência, maior o pitch do som. Por exemplo, 250 Hertz (Hz) soa como o gotejar de uma torneira, enquanto a alta- freqüência de toque do telefone é aproximadamente 8000 Hz. A Loudness é medida em unidade chamada decibel. Zero dB (0dB) não significa "nenhum som". É apenas muito suave. O nível de conversação habitual é cerca 65 dB e, 120 dB é muito,muito alto - quase tão alto como um avião decolando quando você está em pé apenas a 25 metros de distância. Os números ao lado do gráfico são os níveis de audição em decibel. Durante um teste de audição, o audiologista apresenta sons em uma freqüência de cada vez. O tom mais suave o qual uma pessoa pode ouvir de cada freqüência é marcada no audiograma naquela freqüência e intensidade. Este é o chamado "limiar de audição". O seu audiograma é uma foto da sua audição. Isso indica o quanto sua audição varia do normal e, se houver alguma perda auditiva, onde o problema pode estar. Há diferentes tipos e graus de perda auditiva. Depende de qual parte da orelha está afetada. Especialistas geralmente diferenciam quatro tipos principais de perda auditiva: perda auditiva condutiva, perda auditiva sensorioneural, perda auditiva mista e perda auditiva neural. E) AUDIOMETRIA