UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE FARMACOLOGIA Projeto de pesquisa: Avaliação das alterações cardíacas induzidas por dieta rica em carboidratos refinados: participação do estresse oxidativo e fatores prófibróticos. Orientador: prof. Dr. Stêfany Bruno de Assis Cau Laboratório de Farmacologia Cardiovascular e da Inflamação – LAFACI http://depto.icb.ufmg.br/dfar/index.php/laboratorio-de-farmacologia-cardiovascular-e-da-inflamacao-lafaci/ Resumo de Projeto de Pesquisa em linguagem acessível para estudantes de Ensino Médio, conforme exigência do edital Programa Institucional de Iniciação Científica Júnior – BIC JR/FAPEMIG, EDITAL PRPq – 06/2016. Janeiro 2017 Avaliação das alterações cardíacas induzidas por dieta rica em carboidratos refinados: participação do estresse oxidativo e fatores prófibróticos. 1. O que este projeto pretende estudar? As doenças cardiovasculares, como a hipertensão arterial, infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca, e outras, são as que mais matam pessoas no mundo e no Brasil. As causas destas doenças são múltiplas e incluem fatores que não podem ser modificados, como o histórico familiar. Existem também causas que podem ser modificadas, associadas ao estilo de vida. Entre estas causas, há uma associação entre o consumo excessivo de açúcares e mortes por doenças do coração. Você já deve ter ouvido muita discussão sobre dietas hipercalóricas e/ou ricas em gorduras e o risco de doenças cardiovasculares. Entretanto, o que os estudos têm mostrado nos últimos anos é que o açúcar é o maior inimigo da saúde do coração. O que falta é entender de que forma o açúcar excessivo causa dano ao aparelho cardiovascular. Uma das maneiras que o açúcar em excesso pode causar mal ao coração é por meio da produção de espécies reativas do oxigênio. Como o nome sugere, espécies reativas do oxigênio são moléculas altamente reativas que, uma vez formadas, destroem a estrutura de proteínas, lipídeos e material genético das células, tornando-as disfuncionais. Este fenômeno é conhecido como estresse oxidativo. Outra possibilidade é que o açúcar ative enzimas que degradam a matriz extracelular, que é a estrutura que envolve as células. Estas enzimas, chamadas metaloproteases da matriz extracelular (MMPs), quando ativadas, favorecem a formação de uma matriz mais rígida, rica na proteína colágeno, o que prejudica o funcionamento do coração. Assim, a hipótese que vamos estudar é a de que, ao alimentarmos camundongos de laboratório com uma dieta rica em açúcares refinados, seus corações ficarão hipertrofiados (maiores do que o normal), uma vez que haverá aumento da produção de espécies reativas e ativação das MMPs no coração. 2. Como este estudo será desenvolvido? O estudo será conduzido em camundongos (machos, da linhagem Balb/c). Serão estudados dois grupos, para comparações: 1) submetidos à dieta padrão (controle) ou 2) submetidos à dieta especial, rica em carboidratos por 2, 4 e 8 semanas. A dieta especial é constituída da dieta padrão para roedores (45%), leite condensado (45%) e açúcar refinado (10%). Todos os animais serão acompanhados quanto ao ganho de peso e medida da pressão arterial por pletismografia (que em animais de laboratório é feita na cauda) semanalmente. Ao final dos períodos, os animais serão submetidos à eutanásia, conforme aprovado pelo Comissão Ética no Uso de Animais, CEUA (Protocolo número 193/2015), por meio de anestesia geral seguida da excisão rápida dos corações. Os corações serão pesados e processados adequadamente para as análises. As etapas de análises envolvem técnicas de histologia, bioquímica e biologia molecular, mas simplificadamente serão descritas do seguinte modo: - “Imortalização” dos corações em parafina ou resina de congelamento: permite analisar a estrutura do tecido, diferenciando citoplasma e núcleo, e ainda a fibrose, conforme a coloração usada; - Ensaios in situ: consiste no uso de reagentes marcadores (anticorpos e sondas) que, ao reagir com o tecido imortalizado, permitem a observação das moléculas de interesse ao microscópio; - Análises biomoleculares: são as técnicas de PCR quantitativo e western blot, que permitem a identificação e quantificação do RNA mensageiro e das proteínas de interesse, respectivamente. 3. Quais são os resultados esperados? Nós observamos previamente que os corações dos animais alimentados com a dieta especial, rica em açúcares, são mais pesados em relação ao dos animais que comem a dieta padrão (controles). Espera-se que estes corações apresentem-se hipertrofiados ao microscópio, isto é, com as paredes mais espessas e o tamanho da câmara alterado. Além disso, nos animais tratados com excesso de açúcar são esperadas alterações nos corações como fibrose, aumento da produção local de espécies reativas do oxigênio e das MMPs. 4. Qual a importância deste estudo? Este estudo esclarecerá os efeitos prejudiciais específicos do açúcar sobre o coração. Esta é uma vantagem dos estudos conduzidos em animais, que permitem controlar as condições e eliminar fatores confundidores (diferença no padrão alimentar, de sexo, raça, e etc.). Principalmente, se confirmado o envolvimento do estresse oxidativo e das MMPs sobre o dano cardíaco associado ao açúcar, estes se tornam alvos para o desenvolvimento de medicamentos para o tratamento das doenças cardiovasculares associadas ao excesso de açúcar.