FORÇAS DE INÉRCIA Edson José da Costa Santos UFRN PET – PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL Forças de Inércia 2 Introdução Movimento: de Aristóteles a Newton Referencial acelerado e forças de inércia Força centrífuga Força de Coriolis Força centrífuga x Força de Coriolis Forças de inércia num referencial girante Efeitos inerciais da rotação da Terra O valor local de g Ciclones Mísseis balísticos para trajetórias de longo alcance Introdução 3 Movimento: de Aristóteles a Newton Para colocar um corpo em movimento ou para mantê-lo em movimento, é necessária a ação de uma força. Aristóteles (384-322 a.C.) 4 Aristóteles Galileu 5 - O movimento quanto o repouso são concebidos de acordo com o referencial adotado. - Temos aqui a formulação pela primeira vez a lei Galileu (1564-1642) da inércia (“inércia circular”). Para manter um corpo em movimento, NÃO é necessária a ação de uma força contínua. Newton 6 “Axiomas ou Leis do Movimento” – 1687 Primeira Lei de Newton ou Lei da Inércia: Segunda Lei de Newton: Terceira Lei de Newton ou ação e reação: Newton (1642-1727) 7 Newton http://www.youtube.com/watch?v=vHw3uZvNwQI 8 Referencial inercial -Um referencial inercial é um sistema de referencia no qual vale a primeira lei de Newton ou lei da inércia. - Um sistema inercial é um sistema no qual um corpo não tem aceleração se nenhuma força age sobre ele. - Qualquer sistema inercial é definido como um sistema movendo-se com velocidade constante em relação a um sistema inercial também é um sistema inercial. 9 Referencial inercial v = v' + V a = a' e m = m' F = F' A Segunda Lei de Newton é covariante por transformações de Galileu. Referenciais acelerados e forças de inércia 10 O que acontece quando passamos de um referencial inercial S para um referencial S’ em movimento retilíneo uniformemente acelerado em relação a S? O vetor de posição r’ de uma partícula P em relação a S’ está relacionado com o vetor r correspondente em S por r’ = r – rO’ Se A é a aceleração do movimento uniformemente acelerado de S’ em relação a S e Vo a velocidade inicial dá 1 2 rO ' = VO t + A.t , de modo que: 2 1 2 r ' = r − VO t − A.t 2 Referenciais acelerados e forças de inércia 11 Referenciais acelerados 1 2 r ' = r − VO t − A.t 2 Derivando em relação a t, obtemos a de transformação das velocidades v' = v − VO − A.t Derivando novamente em relação a t, obtemos a' = a − A Agora, temos: F’= F - mA A Segunda Lei de Newton não é valida num referencial não-inercial S’, em movimento retilíneo uniformemente acelerado em relação a um referencial inercial S. Referenciais acelerados e forças de inércia 12 Referenciais acelerados F’= F - mA Podemos reescrever sob a forma: F’ = F + Fin onde Fin = - mA, que a partir de agora chamaremos de força de inércia, em contraposição à “força verdadeira” F. Força centrífuga 13 Consideremos as forças de inércia que aparecem num referencial S’ em rotação uniforme em relação a um referencial inercial S. A massa m em rotação tem uma aceleração centrípeta, em S, dada por: ) a = − w r.r 2 Força centrífuga 14 - m em repouso em relação a S’: Em S, a segunda Lei de Newton dá: FR = T ⇒ ) T = −mw2 r.r Em S’, a massa m está em equilíbrio, a segunda Lei de Newton dá: FR = T + Fin Combinando está duas equações, temos: T + Fin = 0 Força centrífuga 15 - m em repouso em relação a S’: Fin = − m a = mw2 rrˆ Esta força de inércia, que só existe no referencial S’ em rotação, chama-se força centrifuga. Força centrífuga 16 F cent = mw2 rrˆ Força de Coriolis 17 O que acontece para um corpo em movimento em S’? Vista de S, por outro lado, a velocidade é v = v' + V ⇒ vθ = vθ' + wr e uma força centrípeta dada por: v' 2 2 mvθ2 m ' 2 2 θ F=r̂ = - vθ + wr rˆ = − m + w r + 2 wvθ rˆ r r r ( ) Força de Coriolis 18 - m em movimento em relação a S’ v' 2 F = − m θ + w2 r + 2 wvθ rˆ r 2 vθ' ma' = −m rˆ = F + Fin r com Fin = mw2 rrˆ + 2mwvθ' rˆ onde a’ é a aceleração associada em S’ ao movimento circular uniforme do caminhante com velocidade vθ’ FCoriolis = 2mwvθ' rˆ Força centrífuga x Força de Coriolis 19 F Centrífuga = mw rrˆ 2 FCoriolis = 2mwvθ' rˆ A força de Centrifuga é proporcional a r; A força de Coriolis é independente da posição da posição; A força de Coriolis é diretamente proporcional à velocidade da partícula e à velocidade angular w do referencial girante; A força de Coriolis é perpendicular à direção da velocidade e tende a desviar o movimento para a direita. Forças de inércia num referencial girante 20 Consideremos agora de forma geral o que acontece num referencial S’ em rotação uniforme com velocidade angular w com respeito a um referencial inercial S, onde w aponta numa direção arbitrária O triedro (i’, j’, k’) gira como um corpo rígido com velocidade angular w visto de S. A segunda lei de Newton F = ma, em S, transforma-se em S’ : ( m a ' = m a − 2m w × v ' − m w × w × r ' m a' = F + F in ) Forças de inércia num referencial girante 21 - Forma geral, onde w aponta numa direção arbitrária: ( m a ' = m a − 2m w × v ' − m w × w × r ' ( ) ) ma ' = F + F in ( ) F in = − 2m w × v' − m w × w × r ' 14243 14243 , é a expressão geral das forças onde: F Coriolis F Centrífuga de inércia num referencial S’, em rotação uniforme com velocidade angular w com respeito a um referencial inercial. Efeitos inerciais da rotação da Terra 22 A terra gira em torno de seu eixo com velocidade angular 2π −1 w= s ≈ 7,3 x10 −5 rad / s. 86400 Efeitos inerciais da rotação da Terra 23 - O valor da gravidade g: A forma da terra pode ser considerada como efeito das forças inerciais centrifugas geradas pela rotação. Pontos da superfície terrestre situados em latitudes diferentes leva a uma variação local do valor da aceleração da gravidade g com a latitude. Efeitos inerciais da rotação da Terra 24 - O valor da gravidade g: Num ponto P de latitude λ e colatitude θ, a força centrifuga é Fcent = mw2ρ = mw2(R.cos λ) dirigida perpendicularmente ao eixo da Terra. Supondo inicialmente a Terra esférica, a força verdadeira sobre uma massa m no ponto P seria F = −mgrˆ A força efetiva no referencial do laboratório será então F’ = F + Fin = F + Fcent Efeitos inerciais da rotação da Terra 25 - O valor da gravidade g: A força efetiva no referencial do laboratório será então F’ = F + Fin = F + Fcent Fr ' = −mg + Fcent . cos λ = −mg + mw2 R cos λ Então, a aceleração da gravidade efetiva na latitude λ é − Fr ' = g ' (λ ) = g − w2 R cos 2 λ m g ' (λ ) = g ' (0) + w 2 Rsen 2 λ onde g’(0) ≈ 9,78 m/s2 e w2r ≈ (7,3 x 10 -5)2 x 6,4 x 106 ≈ 3,4 x 10 -2 m/s2, o que corresponde a ≈ 0,3% de g. Efeitos inerciais da rotação da Terra 26 Ciclones: Ciclone é um fenômeno atmosférico em que os ventos giram em sentido circular, tendo no centro uma área de baixa pressão. Os ventos de um ciclone podem chegar a 200 km/h. Os ciclones formam-se, geralmente, em regiões de clima tropical e equatorial, em áreas do oceano com águas quentes. - Ciclone nasce e se desenvolve no Oceano Atlântico: furacão. - Ciclone é formado sobre as águas do Oceano Pacífico: tufão. Efeitos inerciais da rotação da Terra 27 Ciclones: F coriolis = −2m( w × v) Devido a Força de Coriolis, no hemisfério sul, o vento gira em sentido horário e no norte, no sentido anti-horário. Efeitos inerciais da rotação da Terra 28 - Mísseis balísticos para trajetórias de longo alcance : Durante a I guerra Mundial, numa batalha naval perto das Ilhas Falkland (50° de latitude sul), os tiros dos artilheiros britânicos passavam sempre cerca de cem metros a esquerda dos navios alemães, embora a pontaria fosse feita cuidadosamente. A mira dos dispositivos foram ajustados pelos fabricantes para corrigir o desvio de Coriolis na latitude da Inglaterra (50° de latitude norte ), e a troca do sinal devido a mudança de hemisfério duplicava o desvio, em lugar de corrigi-lo! Bibliografia 29 Nussenzveig, Moysés Herch. Curso de Física Básica: Mecânica. Ed. Edgard Blucher. Souza, José de Arimater de. Uma abordagem histórica para o ensino do princípio da inércia / José de Arimater de Souza. – Natal, 2008 (Dissertação de Mestrado) Site:http://www.suapesquisa.com/o_que_e/ciclone.htm You tube: http://www.youtube.com/watch?v=vHw3uZvNwQI