AU TO RA L UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES TO PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” O PE LA LE I DE DI R EI AVM FACULDADE INTEGRADA EG ID O MARKETING DIGITAL E A APROXIMAÇÃO DE CLIENTES E Por: Géssica Santiago Leite DO CU M EN TO PR OT EMPRESAS ATRAVÉS DAS REDES SOCIAIS Orientador Prof. Jorge Vieira Rio de Janeiro 2014 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA O MARKETING DIGITAL E A APROXIMAÇÃO DE CLIENTES E EMPRESAS ATRAVÉS DAS REDES SOCIAIS Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em marketing. Por: Géssica Santiago Leite AGRADECIMENTOS A Deus, sempre e em primeiro lugar. Aos meus pais por sempre apoiarem meus estudos. A minha mãe por todo cuidado, preocupação e amor de sempre e pra sempre. Ao meu namorado, Glaucio, companheiro e parceiro por todo o apoio, carinho, amor e revisão de sempre. As amigas da pós que lutaram igualmente para finalizar essa etapa, pelo esforço que passamos pela correria que é vida, obrigada Renata Gammine, Renata Teixeira, Halanna e Tati . Aos amigos de sempre e pra sempre. Sou eternamente grata por todos que passaram na minha vida e que de alguma forma acrescentaram no desenvolvimento pessoal e profissional. DEDICATÓRIA Á Deus, pela força, sabedoria e discernimento na minha vida. Por me guiar sempre em todos os caminhos e fazer com que tire forças de onde eu nem imaginei que tivesse. Gratidão eterna. RESUMO A presente pesquisa aborda a aproximação de clientes e empresas através das redes sociais, como se deu esse relacionamento e o porquê dos clientes procurarem as redes sociais para entrar em contato com as empresas. O sistema brasileiro de ouvidoria nas empresas possui falhas enormes, as empresas focam no lucro e não nos clientes, o que gera diversas reclamações, processos judiciais e não se tem a resolução dos problemas dos clientes seja na área de produtos ou serviços. É necessário entender o processo de informatização das empresas em relação ao marketing digital, a evolução do tratamento do cliente e a percepção de que é preciso atender bem o seu cliente para que se chegue aos lucros. O trabalho é um breve panorama sobre as técnicas de mercado e conceitos utilizados para se chegar ao marketing digital, ao bom relacionamento com cliente, ao marketing de relacionamento, entender a insatisfação de consumidores, o oportunismo das redes sociais e os espaços em que os ciberconsumidores encontraram uma forma de serem ouvidos e seus problemas solucionados além das redes sociais. METODOLOGIA O procedimento adotado é a metodologia teórica e exploratória, buscando o avanço do conhecimento sobre a área de marketing digital. Foram utilizadas referências bibliográficas e webgráficas, estudos de caso sobre empresas, artigos científicos e de revistas de comunicação com ênfase em Marketing, atendimento e relacionamento com o cliente. SUMÁRIO INTRODUÇÃO CAPÍTULO I - A ERA DA INFORMÁTICA E O RELACIONAMENTO ENTRE EMPRESA E CLIENTES 7 10 CAPÍTULO II - A FALHA NO SISTEMA DE OUVIDORIA E O OPORTUNISMO DAS REDES SOCIAIS E DO RECLAME AQUI 19 CAPÍTULO III – AS REDES SOCIAIS ONLINE E O RELACIONAMENTO DIRETO COM CONSUMIDORES 28 CONCLUSÃO 35 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 38 ÍNDICE 41 FOLHA DE AVALIAÇÃO 42 7 Introdução O presente trabalho aborda o marketing digital, especificamente a influência que as redes sociais possuem na aproximação entre empresas e consumidores. Os métodos utilizados foram as pesquisas conceituais, acadêmicas e a prática do mercado de marketing digital, exemplos estratégicos e atuais de empresas que utilizaram as redes sociais para atingir seu público-alvo. A pesquisa foi desenvolvida a partir de dois problemas, o primeiro: Como o marketing digital conseguiu aproximar empresas e clientes através das redes sociais? E o segundo: Como os consumidores conseguiram ser ouvidos pelas empresas através das redes sociais? Para essas perguntas temos a hipótese de que após a era Industrial os consumidores ficaram mais críticos em relação aos produtos que adquiriam, eles compravam porque não tinha muitas opções, reclamavam mas não eram ouvidos, as solicitações/reclamações não eram atendidas por isso não estavam totalmente satisfeitos com que era produzido, logo as empresas/indústria foram obrigadas a se adequar aos que os consumidores desejavam. Se antes já existia uma crítica ao que era produzido e imposto, na Era Digital os usuários e consumidores estão a cada vez interessados e pesquisando sobre o que desejam adquirir. A internet e as redes sociais vieram para deixar o relacionamento entre empresa e cliente mais estreito, se antes não existia o contato direto com uma marca ou um produto hoje já é possível ter uma resposta rápida e direta. Os clientes e usuários da Internet perceberam que ao compartilharem nas redes sociais ou em sites especializados sua indignação/problema, era possível conseguir uma resposta em relação à empresa e o problema era resolvido ou parcialmente resolvido por conta da divulgação e no que o 8 ocorrido afetava a imagem institucional da empresa, principalmente em casos polêmicos com grandes instituições. O sistema de ouvidoria das empresas tem sua funcionalidade, mas não são todos os clientes que são realmente ouvidos, seja com sugestões ou reclamações. Com o surgimento das redes sociais e sites específicos de reclamações, como por exemplo, o Reclame Aqui, as empresas não tiveram como não responder às solicitações pela pressão sofrida dos sites e dos próprios consumidores e amigos que acabam compartilhando a informação, levando à imagem da empresa ao marketing negativo. O objetivo geral que abrange este trabalho é compreender como se deu o relacionamento entre empresa-consumidor através das redes sociais. Os objetivos específicos ficam divididos em: Compreender como as redes sociais aproximaram as empresas e seus consumidores. Entender as reais necessidades para que consumidores desistissem do sistema de ouvidoria e fossem para as redes sociais ou sites como o Reclame Aqui, em que os consumidores que se sentem lesados com algum produto/empresa relatam seu problema e o site entra em contato direto com o responsável para solucionar caso. Entender o porquê das empresas darem mais atenção aos seus clientes que tem algum problema com um produto/serviço quando os mesmo vão para as redes sociais e não quando entram em contato direto com a ouvidoria, com a necessidade da intervenção de terceiros. Analisar um estudo de caso sobre um erro de uma grande empresa nas redes sociais. Diante das explicações de como o modelo deste trabalho foi pensando os capítulos ficam divididos em três etapas, o primeiro: A era da informática e o relacionamento entre empresas e clientes, o segundo: a falha no sistema de ouvidoria e o oportunismo das redes sociais e do Reclame Aqui, e o terceiro e último: As redes sociais online e o relacionamento direto com consumidores. 9 O primeiro capítulo aborda de forma pragmática a era da informática, o surgimento das redes sociais, o marketing de relacionamento, o diálogo existente entre empresa e consumidor e a importância de se entender o valor percebido e a satisfação do cliente. No segundo capítulo foi feito um breve histórico sobre ouvidoria no Brasil, a falha dos sistemas de ouvidoria, como deve ser o sistema e os novos espaços para consumidores insatisfeitos, as redes sociais e por fim os dados de um dos maiores sites para reclamar os direitos do consumidor que se sente lesado, o Reclame Aqui. No terceiro e último capítulo a formalização das empresas nas redes sociais e as estratégias para se atingir o consumidor são abordados. Além da explicação da mudança no comportamento do consumidor insatisfeito nas redes sociais e o poder que os proconsumidores têm sobre seus seguidores nas internet. Como argumento para esse modelo de trabalho foi utilizado a premissa de que estamos na era da Informática e na era da formalização das empresas nas redes sociais, isso garante um relacionamento mais aberto e direto entre empresa e clientes e esses podem ser grandes influenciadores na decisão de outros clientes que procuram uma marca ou um produto específico. A partir do compartilhamento de informações sobre determinado produto ou serviço na rede, os clientes podem analisar a empresa e o marketing digital como canal de troca de informações, isso se torna decisivo em alguns casos como diz (BRANDÃO, 2001) “... em que o público deixa de ser o alvo para ser o agente de uma comunicação mais interativa e pessoal.”. O que deixa essa afirmação clara é o artigo de Shimoyama e Zela (2013) onde citam que: “Kloter (2000) dizia que as empresas orientadas para o marketing tinha uma preocupação constante com os desejos dos clientes. Quando esses desejos mudam, as empresas procuram evoluir, orientando-se pelo o que os clientes querem, buscando formas que possam atendê-los.” (p.4) 10 O trabalho busca entender como o marketing digital, através das redes sociais, a interação entre empresa-cliente e como esses consumidores conseguiram ser atendidos em suas reclamações através das redes. O tema abordado é amplo e há muitas pesquisas na área, muitas profissionais de comunicação escrevem sobre os temas gerados pelo marketing através das redes sociais, mas não especificamente sobre o início do relacionamento com o cliente através do meio digital. Apesar do contato empresa-consumidor já existir a muito tempo, houve um distanciamento nesse relacionamento com as grandes empresas/indústrias com produção em larga escala em que o contato que era realizado pelo vendedor direto do serviço/produto. Em seguida, na Era Digital, com o surgimento das redes sociais, onde todos possuem Facebook, Twitter, Skype e afins, é que essa conexão foi restabelecida, os usuários buscam informações sobre determinado produto na internet, suas referências e experiências de outros clientes, o que é decisivo na hora de finalizar sua compra. Capítulo I - A era da Informática e o relacionamento entre empresa e clientes Neste capítulo será abordado de forma pragmática a vivência brasileira em relação à informática e o relacionamento entre empresas e clientes. Como surgiu essa nova abordagem e a necessidade do diálogo de ambos os lados, tanto para vendedor quanto comprador, as formas de comunicação e os meios utilizados para venda e troca de informações. Dentro desses temas, Brandão (2001) em um artigo para o XVI Congresso Brasileiro de Ciência da Comunicação comenta sobre a mídia e o canal de vendas, sobre relação de compra e venda que existia já em 2000 no Brasil e como se deu a necessidade e as mudanças para a venda online. 11 Brandão (2001) mostra que a teoria de Mcluhan (1974) continua atual em relação ao processo comunicativo e que esse mesmo processo possuí três períodos, sendo Prado (2011) a autora que explica da melhor forma: “McLuhan avalia o processo comunicativo de um ponto de vista evolutivo e estabelece três períodos de evolução das mídias: civilização da oralidade, da imprensa e da eletricidade, de acordo com a sua obra “A galáxia de Gutemberg” seu ponto de vista avaliativo é quase sempre o técnico e do indivíduo. Análises sociais e econômicas estão sempre em segundo plano em sua obra. Na civilização da oralidade temos a tradição da palavra falada e uma relação social tribalizada, processo que é fragmentado com o advento da imprensa. A palavra imprensa tira o homem desse convívio, destribalizando-o. A terceira etapa desse processo evolutivo, com o advento da luz, torna a tribalizar o homem, uma vez que os meios permitem maior interação.” (p.4) Atualmente, nos encontramos no terceiro período em que temos maior interação e possibilidade de interação com outros meios e indivíduos em qualquer lugar do mundo. Brandão (2001) ainda coloca que “as tecnologias e técnicas da atualidade deram um imenso valor à informação na nossa sociedade. Na verdade, a troca de informações é o maior valor da sociedade de hoje e a tecnologia digital surgiu para suprir esta demanda”. (p. 2). A era da tecnologia invadiu as casas, escritórios, escolas, famílias e assim como Brandão (2001) não poderia deixar de ser dito a mudança tecnológica que invadiu o mundo dos negócios: O impacto da tecnologia digital também atingiu em cheio as empresas. A maneira de fazer negócios está mudando com o desenvolvimento tecnológico. Na Internet, as empresas têm um espaço virtual em que podem atender aos seus clientes. Mais do que isso, toda a estrutura de uma empresa pode mudar com a atuação digital, da logística à comunicação. Se antes uma loja, em um ponto de venda real, requeria uma localização nobre, este valor deixa de ter importância na rede. O fator “proximidade” deixa de existir: agora, o consumidor está à mesma distância de uma empresa e todas as suas concorrentes - com apenas um clique. (p. 3) O meio digital mudou a forma de fazer negócios, hoje existem milhões de pessoas conectadas à Internet, foi preciso que as 12 empresas olhassem para mais uma ramificação na área de comunicação e vendas, a área do marketing digital. Rodrigues (2013) em um artigo online para o site administradores diz que: “O novo modelo de marketing, baseia-se na utilização da tecnologia da informação, de forma estratégica, mais econômica e operacional, adaptadas aos meios digitais, com a mesma eficácia do marketing tradicional, potencializando o fortalecimento e a comunicação com os clientes, de modo a beneficiar a empresa e seu público alvo”. (p.1) Os autores Kotler e Keller (2006) apontam que “o marketing envolve a identificação e a satisfação das necessidades humanas e sociais. Para defini-lo de uma maneira simples podemos dizer que ele “supre necessidades lucrativamente””. (p.4). Dentro do mesmo tema e com uma definição mais ampla Kolter e Keller (2006) citam o que a American Marketing Association define marketing “(...) como a função organizacional e um conjunto de processos que envolvem a criação, a comunicação e a entrega do valor para os seus clientes, bem como a administração do relacionamento com eles, de modo que beneficie a organização e seu público interessado.” (p.4). O marketing digital veio para beneficiar tanto empresa quanto cliente, para estabelecer uma maior comunicação, poder de compra, diversificação de produtos que antes não eram encontrados com tanta facilidade. Diante da explicação de Keller e Kotler e utilizando a definição que Rodrigues empregou podemos entender que marketing digital são as ações, as comunicações, as trocas de informações e possibilidades de troca, onde um produto ou serviço é oferecido e se espera (por parte do cliente) rapidez, comodidade, atenção e interação, tudo relacionado ao meio digital, seja via telefone, tablet, ou computador. Rodrigues (2013) também comenta sobre as vantagens do marketing digital: “A empresa pode planejar toda e qualquer maneira de atrair novos clientes, aumentando sua produtividade e rentabilidade, focando no seu público alvo, pode segmentá-los por nível social, cultural ou região, entre outros, diminui custos com publicidade ou propaganda, diminui o tempo de venda de produtos ou serviços, e pode obter crescimento em escala de curto a longo prazo.”(p.1) 13 A empresa que não se adequa, não se adapta e interage com o meio virtual, não se informatiza, não tem um bom relacionamento virtual com os seus clientes corre o risco de ser esquecida, de não conseguir bons relacionamentos com os clientes, de não melhorar suas vendas. Além de se ter um gasto considerável em publicidade, já que na Web as formas de divulgação são mais em conta do que na TV, jornal e rádio, por exemplo. 1.1. O relacionamento visual com o cliente a partir das vendas online A partir dessa mudança de canal de vendas que adiciona mais um pdv (ponto de venda) para as empresas e que não necessita de um espaço físico, vendedores e etc. têm-se a preocupação de pensar em como atingir seu público-alvo diante de uma infinidade de atrações que ficam a um clique. Para Brandão (2001) o conteúdo digital tem que ser: “uma linguagem que reúna a imagem em movimento da televisão, a relevância de conteúdo da mídia impressa, a animação computadorizada e a própria linguagem em janelas do sistema de operação do Windows. A demanda de informação do usuário é o que determina a navegação e o funcionamento das páginas na Internet. O esquema de navegação na rede, em que o usuário define que informação deseja acessar, exige uma nova forma de comunicação”. (p.3). Portanto, fica claro que ao se pensar no relacionamento com cliente a partir da venda online é fundamental a pesquisa em relação ao público-alvo, o que ele deseja encontrar, como será o site, as cores, as disposições dos produtos, as imagens utilizadas, as interações como vídeos, e etc. É essencial que esses fatores sejão observados e agregados para que o site seja atrativo e dinâmico. Brandão (2001) também comenta sobre a publicidade que é utilizada por meios de comunicação de massa, como na TV, em que a publicidade simplesmente coloca o anúncio de venda sem ter um público-alvo definido, porque diversas pessoas assistem aquele anúncio, o que muda no caso da venda online e nos E-mails de marketing é que a venda e a 14 divulgação de um produto não pode ser simplesmente colocada em sites em que as tags1 e as referências não sejam equivalentes a esse produto, por exemplo: não se faz o anúncio de uma chuteira masculina em sites que abordam em seu conteúdo a beleza feminina, não se vende chuteira masculina em uma loja online específica para produtos de beleza. O público-alvo desses dois exemplos é completamente diferente, o interesse não é um denominador comum. 1.2. A necessidade do diálogo entre empresa x consumidor No Tópico anterior foi abordado o relacionamento visual das lojas online, neste tópico será discutida a necessidade do relacionamento com o consumidor a partir de um diálogo pessoal, seja ele virtual ou por telefone. Assim como Brandão (2001) esse estudo também aborda Kotler (1994), e os cinco estágios de compra: - Reconhecimento do problema: influenciado por estímulos internos ou externos, o consumidor reconhece a sua necessidade/interesse por um determinado produto. - Busca de informações: através de fontes de informação (pessoais, comerciais, públicas ou experimentais), o consumidor busca ter subsídios para efetuar sua escolha. - Avaliação de alternativas: de acordo com a sua avaliação dos benefícios esperados, dos atributos de um produto, do peso de cada um destes atributos, o consumidor procederá à escolha da marca. - Decisão de compra: depois de escolher a marca preferida, a decisão de compra pode ser afetada ainda pela atitude dos outros e por fatores imprevistos. 1 Uma palavra-chave (relevante) ou termo associado com uma informação (ex: uma imagem, um artigo, um vídeo) que o descreve e permite uma classificação da informação baseada em palavras-chave. 15 - Comportamento pós-compra: o nível de satisfação pós-compra determina a maneira como o consumidor voltará a se relacionar com a marca. Todos esses estágios permanecem no processo de compra de um produto pela internet, o que modifica é o local de pesquisa e consultas com outros compradores de determinado produto ou marca, que pode ser virtual ou presencial. O fator principal para esse tópico é o comportamento pós compra e o valor e a percepção de valor. É a satisfação ou não do cliente e onde ele se relaciona para conseguir realizar uma troca, uma reclamação, sugestão ou pedido na empresa em que solicitou um produto ou serviço. No artigo escrito por Milan e Toni (2012) é realizado um apanhado geral de autores que abordam o tema da satisfação do cliente e valor percebido, após a disposição de vários conceitos é chegado a um consenso que o que melhor define satisfação do cliente é o autor Richard L. Oliver e valor percebido Holbrook (1990), respectivamente: “A partir dessa discussão, Oliver (2010) definiu satisfação como sendo a resposta de plenitude do cliente. Ou seja, um julgamento que um produto ou um serviço tem como característica, devido ao fato de ter provido, ou estar provendo um nível agradável de plenitude relacionada ao consumo, podendo incluir níveis um pouco abaixo (desconfirmação negativa) ou que superam o nível esperado (desconfirmação positiva). Dessa forma, a satisfação pode ser definida como o grau no qual o cliente acredita que as suas expectativas serão supridas ou excedidas por meio dos benefícios recebidos (JURAN; GODFREY, 1999), ou, também, como o sentimento do consumidor no que se refere aos resultados provenientes do consumo em relação a um padrão de prazer ou desprazer (OLIVER, 1999a).” (p.436). Já o valor percebido “incorpora à sua definição aspectos tais como a interatividade, o relativismo, a afetividade e a própria experiência de compra ou de consumo. Dessa forma, o autor define valor como uma experiência de preferência relativa e interativa, que se refere à avaliação de um objeto (oferta, um produto e/ou um serviço) por parte de um indivíduo (cliente ou consumidor)”. (Milan; Toni; 2012; p.437). 16 Diante da explicação pragmática sobre esses dois fatores de compra, a satisfação do cliente e o valor percebido, pode-se identificar que há uma necessidade de diálogo caso a satisfação, a resposta em plenitude do cliente, e o valor de compra percebido não sejam alcançados em nível de excelência e se tratando de vendas, em lojas físicas e virtuais não obter sucesso nesses itens gera uma necessidade de dialogo rápido e preciso. O consumidor espera por esse diálogo e se não houver resposta, há uma grande possibilidade do mesmo ir até as redes sociais para reclamar o que gera uma imagem negativa para a empresa que não atendeu a expectativa desse cliente. A partir da imagem negativa a empresa perde credibilidade, perde vendas, lucros, porque os possíveis consumidores percebem que muitas pessoas falam mal de um produto/serviço e não compram exatamente por isso, a empresa leva a fama de produção de má qualidade. 1.3. O relacionamento entre empresas e clientes virtuais: comunicação e canal de venda A definição de marketing de relacionamento é ampla, mas no presente trabalho será baseado nas definições que D’Angelo, Schneider e Larán (2006) fizeram acerca desse assunto: O marketing de relacionamento é uma filosofia empresarial que prevê a construção e a manutenção de relacionamentos individuais com os clientes, vislumbrando um horizonte de longo prazo. Seja em mercados corporativos, seja naqueles voltados ao consumidor final, sua adoção demanda o engajamento da organização em uma postura cultural, estratégica e operacional que se coadune com seus princípios. (p. 73, 2006). Mostrar a evolução desse conceito é importante para se entender como o marketing de relacionamento se encontra atualmente na era virtual de compras e vendas. No trabalho desenvolvido por D’Angelo, Schneider e Larán (2006) um breve histórico sobre o marketing de relacionamentos foi realizado e eles dizem que a origem desse conceito surgiu com o desenvolvimento natural do mercado, do marketing em si: 17 “O surgimento desse conceito, assim como a própria ascensão do marketing enquanto filosofia organizacional, origina-se de uma evolução natural das práticas empresariais e da configuração dos mercados, (Palmer, 2002; Parvatiyar & Sheth, 2000).” (D’Angelo, Schneider e Larán, p.75 , 2006). A área e o mercado na divisão de marketing de relacionamento cresceram, foram popularizadas tanto academicamente quanto no mercado, tomaram proporções e fugiram dos conceitos originais, nessa perceptiva: “Os princípios do marketing de relacionamento acabaram confundidos com práticas de natureza eminentemente operacional (Gummesson, 2002), cujo papel não passaria de apoio a uma cultura e a uma estratégia de negócio estruturalmente firmadas. Foi o que aconteceu com a gestão de banco de dados (database management, o DBM) e o CRM (Customer Relationship Management, ferramenta tecnológica que auxilia a implementação do marketing de relacionamento): de peças da engrenagem, acabaram confundidos com a própria engrenagem.” (D’Angelo, Schneider e Larán, p.75 , 2006). Os mesmos autores explicam que por conta do marketing de relacionamento ser uma estratégia interna, as empresas começaram a adotar essa estratégia para prender o cliente. “Passou-se a entender marketing de relacionamento apenas como retenção de clientes, programas de fidelidade, gestão de banco de dados e até como simples erguimento de barreiras à saída de clientes.”. (D’Angelo, Schneider e Larán, p.75, 2006). As empresas que não aplicaram de forma apropriada o conceito estabelecido tiveram problemas (como processos na justiça, perda de credibilidade e etc.) porque as atitudes contrárias ao marketing de relacionamento segundo Rowe e Barnes (1998) citado em D’Angelo, Schneider e Larán não tendem a cumprir o objetivo principal nas organizações: a constituição de vantagens competitivas sustentáveis. (p.75, 2006). As empresas que não trabalham com a abordagem real do marketing de relacionamentos conseguem, no máximo, gerar paridade de condições com concorrentes (D’Angelo, Schneider e Larán, p.75, 2006). Os autores D’Angelo, Schneider e Larán (2006) também afirmam que 18 para se atingir o relacionamento verdadeiro é preciso um conjunto de ações que ultrapassam técnicas de abordagem e pesquisas: Essa combinação de elementos abarca o tangível e o intangível. Inclui crenças, valores, conhecimentos, habilidades e recursos diversos (Day, 2000) que se traduzem na chamada cultura empresarial e nas diretrizes estratégicas, estejam elas formalizadas ou não. (D’Angelo; Schneider; Larán. p.76, 2006); Através de todos os conceitos de ouvidoria, marketing de relacionamento, e todas as definições apresentadas neste tópico é possível aplicá-las ao mundo de vendas virtual, seja na comunicação ou no próprio canal de vendas. Atualmente existem diversas formas de alcançar o cliente online, as principais são e-mail de marketing, que são enviados através do mailing (banco de dados de e-mail para aplicação de marketing direto) da empresa, propagandas em sites de pesquisa e relacionamento como o Google Adwords (sistema de publicidade de custo por clique. Os anúncios são exibidos nos resultados da pesquisa do Site, onde as Tags sejam relativas ao negócio, o anunciante paga por cada clique em seu site), o Google Analytics (Serviço gratuito que mede a quantidade de visitas do site, blog e etc.) e o Facebook (Com anúncios relacionados a sua pesquisa na Web, além dos anúncios feitos através do gerenciado de páginas, seja de produto, serviço, blogs de entretenimento e etc.). O bom relacionamento com o cliente não se baseia apenas em números, métricas de acesso e etc. como podemos identificar através dos conceitos exibidos. O sistema de vendas online não tem o contato direto entre vendedor e cliente por isso é necessário cuidado e dedicação na criação dos textos do E-mail de marketing, nas propagandas nos sites e nos sistemas de busca, sejam em sites de relacionamento ou em sites de artigos, blogs e etc. É preciso focar no seu público-alvo e entender o que ele deseja ver, entender e criar alternativas de vendas que sejam válidas para esse grupo. As empresas também precisam tomar cuidado com o discurso adotado em suas políticas de troca, informações de entrega e etc. Se na venda pessoal é preciso ter cuidado na resposta padrão, na Internet a situação é ainda pior, pois o cliente grava e registra tudo o que a empresa o informa, através do seu 19 colaborador, ao adotar posturas diferentes com diversos clientes, o acontecimento pode ir para as redes sociais e gerar processos e afins. Neste trabalho foi citado os E-mails de marketing como forma de comunicação com cliente, mas milhões de clientes se cadastram em diversos sites para receber os preços, promoções e informações sobre determinados produtos e serviços e por conta disso recebe múltiplos E-mails que na maioria das vezes são classificados como spam e não são lidos. As empresas precisam se adequar ao seu público e criar E-mails que sejam atrativos, um exemplo atual e interessante é um site de vendas de objetos seminovos, o “Enjoei e Tô Vendendo”, que possui uma proposta interessante nos seus E-mails. Por ter um público alternativo a abordagem e a linguagem utilizadas podem ser interativas e divertidas, fugindo de regras gramaticais, utilizando gírias da Internet, humanizando o processo de compra como disse um dos proprietários do site2 a uma entrevista para artigo online. A venda no “Enjoei” funciona da seguinte forma; o anunciante se cadastra no site, cria uma conta e adiciona uma história ao produto que ele deseja vender. As histórias assim como os e-mails de marketing são alternativas e fogem do padrão adotado por sites de e-commerce, sem fugir das especificações básicas dos produtos oferecidos. Capítulo II - A falha no sistema de ouvidoria e o oportunismo das redes sociais e do Reclame aqui Neste capítulo serão abordados temas como a falha no sistema de ouvidora das empresas como SAC, Fale Conosco e afins, o oportunismo das redes sociais, os espaços do ciberconsumidor, ativismo digital e um estudo sobre o site Reclame Aqui. A ouvidoria no Brasil, segundo Alves Jr. (2002), surgiu em 1548, mas tinha um modelo diferente da ouvidoria atual e do modelo clássico sueco, 2 http://g1.globo.com/economia/pme/noticia/2012/09/empresarios-querem-faturar-r-3-milhoescom-site-de-objetos-usados.html 20 porque enquanto o modelo sueco servia para atender os interesses dos cidadãos a implantada no Brasil servia para defender quem estava no poder. Alves Jr. (2002) também comenta que até hoje na administração pública do Brasil o modelo é diferente do tradicional Sueco, porque é o cidadão quem escolhe o seu representante, aqui o ouvidor é escolhido pelo Estado. O conceito de Ouvidoria segundo Alves Jr. (citado em Brand 2006) “visa à aproximação da relação entre a organização e seus clientes cidadãos3 fornecendo um canal de comunicação objetivo, personalizado, a fim de ouvir quais as insatisfações, as sugestões e até mesmo os elogios apresentados pelos seus clientes.” (p.8). Alves Jr. (citado em Brand 2006) também explica que o funcionário que atende ao cliente é visto como “a "voz" dos clientes-cidadãos na organização, apontando aos gestores da organização quais problemas estão ocorrendo e apresentando sugestões de melhoria.”(p. 8; 9). Segundo Alves Jr. (citado em Brand 2006) existem cinco tipos de manifestações no sistema de ouvidoria: “• Reclamação: são queixas, manifestações de desagrado ou protesto. • Denúncia: é mais grave do que uma reclamação; é delatar um fato de caráter ético, ilícito, sigiloso ou de risco coletivo. • Sugestão: proposta de mudanças, alterações de procedimentos submetidos à apreciação da instituição. • Elogio: reconhecimento ou demonstração de satisfação para com o serviço recebido. • Informação: fornecimento de dados sobre um serviço ou prestador de serviço.”. (p.9); Brand (2006) ainda ressalta a carga emocional do cliente ao se reportar a um sistema de ouvidoria ou Fale Conosco, geralmente esse cliente cria a expectativa do seu problema ser resolvido ou esse mesmo cliente já passou outros atendentes ou situações para conseguir resolver o seu problema e por isso sua carga emocional fica tão elevada. Não é novidade que diversas organizações comentem erros de atendimento ao cliente, isso se deu por conta da política de marketing de 3 Cliente-Cidadão é um termo utilizado para abranger tanto o cliente de uma organização da iniciativa privada, bem como, o cidadão que usufrui um serviço da administração pública. 21 relacionamento, citado no capítulo anterior, onde as empresas só se preocupavam em obter lucros sem se atentar em fidelizar de forma correta os clientes, algumas geravam até barreiras para o cliente se desfazer de um serviço ou um produto. Diante do desenvolvimento dessa política o cliente foi deixado de lado, o atendimento na pós venda, o tratamento no sistema de ouvidoria e do fale conosco também foi se desgastando para o cliente. Veja o exemplo dos grupos de telefonia em uma matéria online4 em que a resposta no atendimento não chegava nem a 40% das reclamações e pedido de informação que eram feitos. Por conta disso a Anatel teve que interferir multando, suspendendo as vendas e exigindo um plano de qualidade para as principais empresas do ramo no Brasil. Brand (2006) comenta que: “as organizações devem ver nas manifestações de seus clientescidadãos uma ótima possibilidade de conquistar e satisfazer seus clientes, dado que estes somente manifestam seus sentimentos caso estejam interessados em manter esse relacionamento, melhorando os produtos ou serviços prestados pela organização.” (p.9) 2.2. O oportunismo de clientes insatisfeitos nas redes sociais A falta de contato e respeito com o consumidor, a fidelização feita para prender o cliente, a má postura na propagação do marketing de relacionamento e todos os conceitos e situações que foram expostas nos tópicos anteriores além da falta de contato e atenção com cliente são fatos que levam qualquer consumidor a procurar outros recursos para divulgar sua insatisfação, satisfação, informação ou reclamação. Antes da era da informática esse tipo de reclamação era feita no famoso “boca-a-boca” e era um quesito que se um produto ou serviço fosse oferecido com má qualidade não se tinha um efeito tão negativo nas vendas, mesmo quando a empresa não respondia ao contato desse consumidor, seja via telefone ou carta. A divulgação de uma situação ruim com a compra de um 4 http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2012/07/telefonia-movel-e-campea-de-atendimentos-nosprocons-ministerio.html 22 produto/serviço demorava a se popularizar devido a falta de uma comunicação mais rápida e direta. Os autores Coutinho; Bottentuit Junior (2007, p.199) citados em Goller e Machado (2010, p.5) explicam o primeiro funcionamento da Internet e seus Sites e afins: Na primeira geração da Internet as pessoas que navegavam na web acessavam informações num sistema unidirecional. Para navegar tinham que pagar caro pelos serviços controlados por meio de licenças. O desenvolvimento do conteúdo ficava a cargo daqueles que mantinham um site na rede e restrito a quem possuía poder de compra para custear as transações on-line e adquirir o software para desenvolvimento e manutenção das páginas. Na mesma perspectiva os mesmos autores explicam o funcionamento da Internet em um segundo momento em que houve a popularização dos preços de hospedagem de site, valores de conexões banda larga, além da facilidade na postagem em sites: Com a evolução para web 2.0 os usuários “começaram a produzir os seus próprios documentos e a publicá-los automaticamente na rede, sem a necessidade de grandes conhecimentos de programação e de ambientes sofisticados de informática” (COUTINHO; BOTTENTUIT JUNIOR, 2007:199-200 citado em GOLLER; MACHADO, 2010, P. 5) A globalização fez com que as pessoas ficassem mais próximas e trocassem mais informações sobre diversos assuntos e não foi diferente no ramo dos negócios, na troca de informações sobre produtos, serviços e afins na Internet. O surgimento dos bate papos, blogs e redes sociais como Orkut, MSN, Twitter, Facebook e fóruns na Internet aproximaram opiniões e fez com que as empresas também se informatizassem, criassem sites, programas de bate papo, aplicativos e páginas nas redes sociais para se comunicar com o cliente. No capítulo I foi mostrado como as empresas colocavam seus clientes em segundo plano, por conta disso esses mesmos clientes tiveram que encontrar outras formas de se respaldar a fim de ter suas solicitações atendidas pela empresa, através das redes sociais esse contato pode ser estabelecido. 23 O maior problema para as empresas em relação à Internet e todas as suas plataformas de comunicação é que todas as pessoas podem ver o que o cliente escreveu sobre a sua reclamação e ainda tem a possibilidade de ser visto por um número considerável de pessoas que realizarem uma pesquisa sobre a empresa em sites de busca como o Google, logicamente ao perceber que uma quantidade de sites, blogs, fóruns e etc. não falam bem sobre o produto/serviço isso gera um marketing negativo. Goller e Machado (2010, p.6) comentam que “as redes sociais passaram a representar o “boca a boca” no que se refere à transmissão de informações.”. Recuero (2009, p. 25) citado em Goller e Machado (2010, p.6) explica que: Estas estruturas sociais virtuais expandiram as possibilidades de interligação entre grupos de pessoas, assim como seus poderes de difundir informações. No espaço real a conversa pessoal é um veículo de difusão limitado, enquanto que no espaço digital as redes amplificam, multiplicam e repassam as informações. “Essas redes proporcionaram mais voz às pessoas, mais construção de valores e maior potencial de espalhar informações” A partir das reclamações feitas nas redes sociais as empresas não tinham como ignorar a solicitação de um cliente com problemas, era necessário que o diálogo fosse realizado. Ao ignorar a reclamação a situação apenas piorava e a imagem ficava cada vez pior. O marketing negativo gera uma redução de vendas, as pessoas começam a conhecer o seu produto/serviço pela má qualidade e é difícil retirar essa fama quando se tem muitos casos de clientes parecidos. Veja o exemplo da marca CCE em que muitos consumidores reclamavam que consertavam e os produtos não duravam, por conta disso levou diversas paródias para a sua sigla tais como “conserta, conserta e estraga”, “começou comprando errado”, “companhia de coisas estragadas” e etc. Os consumidores conseguiram enxergar nas redes sociais uma forma de serem vistos, da resposta para o seu problema ser direta e não mais esperar o SAC, Fale Conosco ou a Ouvidoria resolver a situação. As empresas não querem e não desejam ficar com uma imagem ruim no mercado e com a popularização da Internet elas estão mais expostas a esse tipo de abordagem. 24 2.2. Espaços do Ciberconsumidor na Internet A Internet se tornou um espaço em que todas as pessoas podem expor suas opiniões, reclamações e informações sobre determinado produto/serviço, empresas, pessoas públicas, governos e etc. Os autores Raminelli, Christo, Feltrin e Oliveira (2011) explicam que os espaços onde são discutidos os assuntos relacionados no paragrafo acima são definidos como ciberespaço e Stresser Junior (2010) citado em Raminelli, Christo e Feltrin (2011, p.2) diz que esses “espaços virtuais incluem focos de ordem política, social e ambiental”. Os espaços virtuais são irrestritos há diversos grupos em que se pode abordar diversas temáticas como beleza, informática, fotografia, aeromodelismo, mas existem os espaços que tratam diretamente de consumidores e as opiniões sobre produtos/serviços oferecidos, que são chamados de espaços do ciberconsumidor na Internet. Essa atividade é definida por Raminelli, Christo, Feltrin e Oliveira (2011) como ativismo digital. O termo segundo Stresser (2010) citado em Raminelli, Christo, Feltrin e Oliveira (2011, p. 3) significa: “uma “nova forma de ação política; uma maneira de fazer política através de suportes cibernéticos; buscando a veiculação de um ideal através de uma mídia de grande alcance, é o ativismo contemporâneo praticado em rede, através da internet” (STRESSER, 2010). Resta dizer, é uma militância realizada online, através de meios eletrônicos disponíveis e acessíveis a mais internautas e com custos, no mínimo, muito menores das formas tradicionais de manifestação (tais como panfletos, palestras, etc). Utilizando ainda a linha de pensamento dos autores eles citam que o ativismo digital surgiu nos anos 90 em que E-mails de ativistas eram disparados a diversas pessoas simultaneamente, a publicidade e a divulgação a um determinado grupo surtia efeito, mas com o passar dos anos esses Emails em razão da quantidade que eram enviados e recebidos muitos foram caracterizados como spam e perderam a sua força. Por conta disso os ativistas online recorreram a outros recursos, como fóruns, blogs e sites. Dessa forma surgem os espaços para o ciberconsumidor, atualmente há diversos sites como o Reclame Aqui (www.reclameaqui.com.br); Denuncio (www.denuncio.com.br); Nunca.Mais.Net (www.nuncamais.net); Guia do SAC (www.guiadosac.com.br); 25 Reclamão.com (www.reclamao.com); e Em defesa do consumidor (www.emdefesadoconsumidor.com.br). Os sites informados agem como um intermediário entre empresas e consumidores insatisfeitos. O consumidor se cadastra no site faz a sua reclamação, o site entra em contato com a empresa e tenta resolver o problema do cliente. O diálogo geralmente é aberto a visitação de outros ciberconsumidores que podem acompanhar todo o processo de reclamação e a atitude da empresa em relação ao problema relatado. Raminelli, Christo, Feltrin e Oliveira (2011, p.3) dizem que esses sites “possuem o mesmo objetivo: proporcionar ao cidadão um espaço para expor sua (má) experiência e encontrar uma solução.” O que também gera um marketing positivo em relação à imagem da empresa caso a solicitação seja atendida rapidamente. 2.3. Reclame aqui: O ativista digital em defesa do consumidor Entre os sites informados no tópico anterior o selecionado para ser exemplificado neste trabalho e o considerado mais famoso por ajudar seus ciberconsumidores a solucionar seus problemas é o Reclame Aqui. O site foi criado em 2001 e a história não poderia ser diferente de um consumidor que se sentiu lesado e resolveu expor sua situação na Internet. Maurício Vargas deu uma entrevista5 à seção da Época Online intitulada de Vida. A matéria conta que um dos criadores do site Maurício Vargas passou por um overbooking6 pela Empresa Gol em um voo em ele perdeu a chance de fechar um negócio. Maurício entrou em contato com a Empresa de todas as formas possíveis, realizou diversas reclamações, mas a Gol não atendeu a sua solicitação e então ele resolveu criar o site Reclame Aqui (www.reclameaqui.com.br). Segundo Raminelli, Christo, Feltrin e Oliveira Neste momento, Maurício Vargas notou a necessidade da criação de um canal em 5 http://epoca.globo.com/vida/vida-util/consumo/noticia/2013/08/historia-do-breclameaquib.html 6 Quando a empresa oferece produtos/serviço em maior quantidade do que ela pode oferecer. 26 que o consumidor pudesse expor os problemas e a ineficiência dos canais de atendimento dessas empresas, criando o site. (2011, P.4) Na matéria Maurício comenta que no começo o site não conseguia resolver as reclamações que eram postadas, no primeiro ano menos de 29 reclamações foram atendidas, mas aos poucos as reclamações foram crescendo e as empresas ficaram preocupadas com a sua imagem e começaram a responder os consumidores. Diante do crescimento do site foi preciso um passo a passo para explicar aos consumidores como se dá o funcionamento do Reclame Aqui: RECLAMAÇÕES O sistema de reclamações é aberto a qualquer cidadão que preencha corretamente o cadastro no site. Sem qualquer custo a reclamação é publicada e um aviso é encaminhado via e-mail à parte reclamada, caso a empresa tenha seu Serviço de Atendimento ao Cliente Cadastrado no Reclame Aqui. As empresas poderão responder a qualquer momento, publicando assim a resposta à reclamação do cidadão, bastando apenas estarem cadastradas no site (totalmente GRATUITO) INDICE E RANKING As reclamações cadastradas no Reclame Aqui irão gerar um ranking sempre atualizado das empresas conforme critérios de número de reclamações, tempo de resposta, ausência de resposta, índice de Solução, número de avaliações, nota do reclamante e índice de voltar a fazer negocio com a empresa considerada a partir do momento da publicação e da resposta da mesma. O sistema é totalmente automatizado, não havendo interferência de operador na geração dos dados de ranking. COMPARADOR E SELO RECLAME AQUI RA 1000 27 O Reclame Aqui também tem critérios para fornecer o Selo RA 1000 (Selo Reclame Aqui 1000, foi criado com o objetivo de destacar as empresas que possuem excelentes índices de atendimento). BANCO DE DADOS Os dados de empresas e consumidores que integrarem o sistema do Reclame Aqui são exclusivamente para possibilitar o acesso de ambos ao site e permitir a comunicação do Reclame Aqui com seus cadastrados. O banco de dados do Reclame Aqui é sigiloso e não comercializável. O Reclame Aqui fará a seu critério a divulgação na mídia e encaminhamento das reclamações aos órgãos e autoridades que possam colaborar na defesa dos interesses coletivos. Todas as reclamações e informações constantes no Reclame Aqui são assinadas pelos interessados e de responsabilidade exclusiva destes. O Reclame Aqui não aceita participações anônimas ou registradas com apelidos. O Reclame Aqui abre o espaço para liberdade de expressão de Cidadãos e Consumidores, mantendo em seu banco de dados as informações de origem de cada mensagem, as quais publica mantendo a essência do conteúdo. O Reclame Aqui não publica reclamações de caráter político e ideológico, contra pessoa física ou que não se baseiem em relações de consumo. Abrindo este espaço, estamos colaborando na luta dos cidadãos por melhores relações de consumo. Lute pelos seus direitos. Reclame Aqui! O Reclame Aqui Informa que todo o seu conteúdo é indexado automaticamente pelo Google e ou sites de Busca. Segundo a matéria a empresa registra cerca de 10 mil reclamações por dia, com um índice de 72% de resolução. Vargas costuma dizer que a multa do 28 Reclame Aqui para as empresas que não respeitam o consumidor é aplicada em sua imagem. “A reputação está ficando mais importante do que o preço”, afirma. O site hoje tem mais de 70 mil empresas cadastradas que podem ser consultadas. Por conta da fama que o site conseguiu as empresas tomaram consciência da importância de se responder ao cliente que possui algum problema, foi percebida que atualmente o que conta para o cliente (como o criador do Reclame Aqui disse) é a imagem da empresa e não o preço oferecido. Capítulo III – As redes sociais online e o relacionamento direto com consumidores No terceiro e último capítulo neste trabalho as redes sociais online dentro do mundo dos negócios serão abordadas e utilizadas para mostrar o potencial e a facilidade de comunicação e construção do marketing de relacionamento totalmente direcionado aos seus reais clientes e público-alvo. Susan Gunelius é profissional da área de marketing há mais de 20 anos, colaboradora do site da revista Forbes, presidente e CEO da Keys Plash Creative (empresa de conteúdo para redes sociais, redação, comunicação e etc.) e escritora de diversos livros para o mercado de trabalho na área de marketing. Este capítulo será baseado na visão de Susan sobre o marketing nas redes sociais. Gunelius (2012) explica que existem duas variáveis no posicionamento do marketing: o marketing de “empurra” que é “gerado pelas empresas que ativamente “empurram” mensagens e informações para os consumidores e o marketing “puxa” que é gerado pelos consumidores que, ativamente, procuram ou pedem informações sobre produtos, serviços e marcas.” (p. 18) Gunelius (2012) argumenta que “as redes sociais representam uma fantástica oportunidade para o “marketing empurra”, algo com que as empresas líderes de mercado jamais poderiam ter sonhando, dez anos atrás”. (p. 18) 29 A autora ainda comenta que “para o proprietário de um pequeno negócio, o segredo é aprender a utilizar as ferramentas das redes sociais para consolidar efetivamente sua marca ou seu produto, ao mesmo tempo em que cumpre as outras responsabilidades inerentes a uma pequena empresa.”(GUNELIUS, 2012, p.18). O mundo dos negócios na primeira década do século XXI estava desconfiado em relação às redes sociais, mas Gunelius (2012) explica que “a segunda década do século assinala um tempo em que todos os tipos de negócios devem adotar as redes sociais e torna-las parte integrante dos seus planos e de suas estratégias de marketing” (p. 25). Gunelius (2012) realiza um panorama sobre os conceitos de mídias sociais e do marketing nas mídias sociais: As mídias sociais abrangem a publicação online e as ferramentas de comunicação, os sites e destinos da web 2.0, que é baseada na conversação, no envolvimento e na participação. O marketing nas redes sociais abrange qualquer forma de marketing direto ou indireto que seja utilizada para criar conhecimento, o reconhecimento, o recall e todas as formas de ação praticadas com a utilização de ferramentas das mídias sociais – tais como blogging, microblogging, redes sociais, bookmarketing social e compartilhamento de conteúdo – visando a promoção de uma marca, uma empresa, um produto, uma pessoa ou uma entidade. (p.25). Antes do marketing das redes sociais existiu um tipo de marketing que Gunelius (2012) define como marketing de interrupção, que forçava o consumidor a parar o que ele estava fazendo. A Autora também comenta que alguns profissionais classificam o marketing nas redes sociais como interrupção, mas ela afirma que “o marketing nas redes sociais efetivo é algo que intensifica o que quer que as pessoas estejam fazendo. Enquanto um comercial de televisão interrompe um programa ao qual se esteja assistindo, o marketing nas mídias sociais eficiente pode tornar a atividade das pessoas mais interessante, ou melhor.” (p. 26). 3.1. A formalização do marketing nas redes sociais “O marketing nas mídias sociais, por si mesmo, proporciona a maior oportunidade – para empreendedores individuais, pequenos negócios, 30 empresas de porto médio e grandes corporações – de consolidar uma marca e os negócios a ela relacionados”. (GUNELIUS, 2012, p. 27). As grandes empresas utilizam grandes veículos de comunicação para divulgarem suas marcas e produtos, mas muitas esquecem que nas redes sociais o custo para utilização de algumas ferramentas é baixo em relação às grandes mídias televisivas e impressas, Gunelius (2012) explica que nas redes sociais: “trata-se de ter acesso às pessoas. As empresas, de modo geral, não hesitam em investir dinheiro em comerciais de televisão e em marketing direto, na tentativa de fazer as pessoas se dirigirem às suas instalações físicas – enquanto poderiam colocar-se diante desses consumidores em potencial por alguns minutos, e convencêlos dos benefícios de adquirirem o que quer que elas tenha para vender.” (p . 28) Um dos exemplos de empresa que utilizou a mídia televisiva e a Internet foi a P&G com a marca Head & Shoulders com o comercial7 que o Joel Santana faz do xampu anticaspa. O inglês de Joel ficou conhecido no Youtube através de uma entrevista internacional em que ficou clara a sua péssima fluência na língua. Acredita-se que a P&G teve problemas na venda e também na pronuncia do seu produto. Eles uniram uma referência midiática que ficou marcada pelo seu péssimo inglês e atrelam a dois comerciais. Primeiro a abordagem foi via Youtube com o treinador de futebol conversando com as pessoas sobre o produto e explicando o que era Head & Shoulders. O vídeo tem cerca de 24 milhões de exibição no Youtube. O segundo comercial8 foi marcado por um jingle e também foi exibido na web, através do Youtube, esse com 8 milhões de exibições. Depois do sucesso na internet a P&G fez um comercial para ser exibido na TV e uniu o Joe, o Pelé, e o goleiro Marcos, mas dois comerciais foram preparados na edição especial para a copa do mundo. O comercial da TV dura cerca de 30 segundos, é um produto caro e que nem sempre atinge o público pretendido, mas o comercial na internet garantiu milhões de acesso e possuem 7 O comercial está disponível em https://www.youtube.com/watch?v=Ew1bwAezxY8 8 O Comercial está disponível em https://www.youtube.com/watch?v=TWYVeLipIlw 31 cerca de um minuto meio, o custo para a internet foi para a produção do vídeo, sem incluir a postagem e gerenciamento dessa rede, diferente da TV em que o comercial é curto e que o valor para o anúncio é alto. Esse caso exemplifica o que autora comentou sobre as redes sociais e mostra uma empresa que realizou a proposta do comercial na TV e intensificou a campanha na internet. Gunelius (2012) também comenta sobre algumas metas marketing nas mídias sociais e que essas metas podem ser consideradas a curto e longo prazo. É importante fazer um plano de marketing para as redes sociais sejam consolidadas, mas algumas estratégias também servem em curto prazo, mas é necessário construir relacionamentos e conquistar o público das redes sociais: 1. Construir relacionamentos: O benefício principal do marketing nas mídias sociais é a possibilidade de estabelecer relacionamentos diretamente com os consumidores envolvidos, com os formadores de opinião on-line, com os concorrentes e muitas outras pessoas. 2. Consolidar marcas: As conversações mantidas nas mídias sociais são, em si mesmas, a maneira perfeita de tornar uma marca conhecida, ampliar o reconhecimento de uma marca já existente e seu recall e aumentar a fidelidade a uma determinada marca. 3. Publicidade: O marketing nas mídias sociais proporciona um fórum de discussão por meio do qual as empresas podem intercambiar informações relevantes e modificar eventuais impressões negativas. 4. Promoções: através do marketing nas mídias sociais, você pode proporcionar descontos exclusivos e oportunidades ao seu público para fazer as pessoas se sentirem especialmente valorizadas – bem como atingir metas de curto prazo. 5. Pesquisa de mercado: Você pode utilizar as ferramentas das redes sociais para aprender mais sobre os seus consumidores, criando perfis demográficos e comportamentais deles, descobrindo novos nichos de público e compreendendo seus desejos e suas necessidades – bem como poder aprender muito sobre a sua concorrência. (p.30) Além das cinco metas expostas, Gunelius (2012) também apresenta quatro pilares do marketing das redes sociais e comenta que o mundo do marketing ainda está se adaptando ao conceito e a utilidade das redes sociais e que ao mesmo tempo em que se têm milhares de opções, ainda é um caminho que está sendo construído e que é preciso também cuidado, que cada empresa tem que oferecer ao seu público-alvo o conteúdo que interesse a eles. Os quatro pilares estratégicos para as redes são: Ler, criar, compartilhar e discutir. Ler porque todo planejamento começa de uma pesquisa, é necessário que a empresa esteja atualizada sobre o que acontece no mundo. A criação de 32 um excelente conteúdo, criar e publicar um conteúdo online útil e significativo para o seu público-alvo e motivá-lo para que participe e interaja. O compartilhamento advém da pesquisa, do primeiro pilar exposto, Gunelius (2012) explica que existem duas formas de compartilhamento o que vem do primeiro pilar, a partir da pesquisa em sites, blogs, páginas das redes sociais e afins, além de poder compartilhar o conteúdo produzido pela empresa. O último pilar é discutir, que é quando o público-alvo da empresa interage quanto mais envolvido nos assuntos criados, compartilhados e discutidos pela empresa mais o consumidor será um defensor, um advogado na empresa. A autora também comenta sobre a mudança do público-alvo através das redes sociais que antes era definido pelo ponto de vista demográfico e a partir da interação das redes sociais online passa ao ponto de vista do comportamento: As mídias sociais trouxeram o estabelecimento de um público-alvo pelo ponto de vista comportamental para a dianteira das estratégias mercadológicas, após décadas de prática de estabelecimento e um público pelo ponto de vista demográfico. (GUNLEIUS, 2012, p.35). A Netshoes, empresa de E-commerce brasileira, modificou a forma de comprar tênis pela internet, a loja foi e ainda é inovadora na venda online de produtos esportivos. É preciso levar em conta a dificuldade de se comprar sapatos online, numeração que não cabe no cliente, o modelo que não fica bom ao gosto do cliente, a empresa entendeu o jogo de cintura em estar sempre disponível para seus consumidores, resolver prontamente os problemas e ainda realizar a primeira troca grátis. A Netshoes chegou a um patamar de ser a pioneira no Brasil na venda de tênis online e agora produtos esportivos no geral. Em uma matéria na Época Negócios9 são apontadas seis razões para o sucesso da loja online: 1. Treinamento interno: em vez de contratar a peso de ouro, a Netshoes prefere “criar” seus profissionais. Para isto, investe em aprimoramento, em 2012 os funcionários passaram por um total de 150 horas de treinamento. 2. Remuneração agressiva: Se economiza a formar internamente seus profissionais, a NetShoes abre os cofres para mantê-los no trabalho. “Estamos entre as empresas de ponta em remuneração”, diz a gerente de Rh Luciana Machado. 3. Publicidade na TV e nos Times: Para atingir um público não 9 http://epocanegocios.globo.com/Revista/Common/0,,ERT292822-16380,00.html 33 acostumado com a internet, a Netshoes apostou no poder do futebol na TV. Anúncios feitos nos intervalos da partida e nas camisas de times desde 2010 fizeram da loja online a mais popular do Brasil. 4. Atendimento ao consumidor: o número de reclamações na Netshoes é baixo: 245 em 2011, ante mais de 20 mil da B2W. Quando o consumidor chia, a empresa é rápida: são 12 horas para responder. Na americanas.com são 31 dias. 5. Entrega ágil: com uma agência dos correios dentro do centro de distribuição e relações próximas com parceiros logísticos, a Netshoes consegue entregar 90% das compras em até 48 horas. 6. Primeira troca gratuita: Na hora de comprar roupas e tênis é sempre bom provar. A Netshoes não consegue evitar a distância do cliente na hora da decisão, mas, para minimizar reclamações, toda compra pode ser trocada gratuitamente uma vez. Pode-se perceber a preocupação em conjunto para um bom relacionamento com cliente, seja ela interno (funcionários) ou externo, o fator demográfico não implica mais para se atingir a um público-alvo especifico, as estratégias visam o conforto, comodidade e comunicação. A empresa saiu da loja física e foi para o mercado online e com isso se tornou pioneira no ramo, ganhando destaques e conquistando consumidores que não são adeptos da internet graças aos investimentos em marketing fora da web também, como os comerciais citados. 3.2. De consumidores a Proconsumidores No tópico anterior a formalização do marketing das redes sociais foi abordado e foi percebido que utilizando as técnicas e estratégias corretas para o seu tipo de negócio e principalmente o seu público-alvo é possível conseguir sucesso nas redes sociais. As empresas estão se formalizando, criando blogs, páginas na internet, contas em redes sociais e administram essas contas para deixar seus clientes mais próximos dos seus conteúdos. A empresa que consegue aproximar o seu público através das redes sociais pelo meio de uma estratégia de criação de conteúdo, leitura, compartilhamento e discussão consegue admiradores, defensores da marca e essas pessoas vão para as suas redes sociais e falam bem do produto/serviço. Gunelius (2012) comenta que esses consumidores vão ajudar na promoção dos negócios, vão falar sobre o negócio, defenderão contra todo o tipo de negativismo: Através das mídias sociais você pode confeccionar artesanalmente o seu marketing boca a boca. A conquista de uma determinada mídia é uma das formas mais poderosas de publicidade, pois estudos 34 comprovam que os consumidores confiam em outras pessoas (mesmo que lhes sejam estranhas) muito mais do que confiam em qualquer forma de marketing. (p. 41) Os consumidores que confiam na opinião de outros consumidores, que comentam e explicam a experiência que tiveram com a marca se tornaram proconsumidores ou consumidores online. Essa denominação se deu por consumidores que sempre opinam sobre a compra de um produto/serviço, eles criaram um conteúdo relevante para a internet e outros possíveis consumidores acompanham suas opiniões postadas. A chegada e a popularização das redes sociais acabaram definindo prioridades nas estratégias de marketing online, Gunelius (2012) explica que se antes a prioridade era conseguir o maior número de e-mails possível para a divulgação do e-mail de marketing, com a chegada das redes a prioridade muda, os e-mails ainda são importantes, mas como a mudança na velocidade das informações, a atualização das redes sociais e o bom relacionamento com os clientes ficaram no mesmo nível, senão a frente da elaboração do e-mail de marketing, mas “remover todas as barreiras que se antepõem ao melhor conteúdo e permitir a circulação livre pela rede, através do compartilhamento social e de grupos de discussão confere aos negócios mais oportunidade de sucesso do que a mais vasta coleção de e-mails pode proporcionar.” (GUNELIUS, 2012, p. 42). Além da definição de prioridades os consumidores foram se tornando “profissionais” ao falar sobre as empresas, eles ultrapassaram a barreira de consumidores comuns e se tornaram especialistas expondo suas opiniões onde todas as pessoas acessar: A causa desses consumidores foi a expansão das redes sociais “as pessoas passaram de consumidores comuns a proconsumidores – uma espécie de “consumidores profissionais”. Em vez de serem meras consumidoras de produtos, graças às redes sociais algumas dessas pessoas tornaram-se vozes muito influentes ao manifestar-se sobre os produtos que consumiam. E elas podem ser responsáveis por um impacto significativo sobre o sucesso ou o fracasso de empresas, produtos, serviços e marcas através da sua participação nas redes sociais. (GUNELIUS, 2012, p. 41). Atualmente existem fóruns e diversas páginas sobre produtos e serviços em que os colaboradores são os consumidores ou os possíveis consumidores da marca, colocando suas opiniões, pedindo ajuda em algumas soluções de 35 problemas. Algumas marcas convidam blogueiras, profissionais de determinada área especifica, como por exemplo, informática, beleza e fotografia para testarem seus produtos, convidam para eventos de lançamento, e pedem como troca a opinião dessas pessoas em seus próprios sites. Esse tipo de contato com os proconsumidores é fundamental para um bom relacionamento, afinal eles podem destruir ou ajudar na construção de um negócio. Gunelius (2012) explica que: Conhecer o potencial de força e influência desses proconsumidores é crucial para que as empresas possam proporciona-lhes não apenas acesso a um conteúdo valioso e estabelecer uma troca de mensagens muito dinâmica, mas também para permitir que eles compartilhem esse conteúdo e essas mensagens com seus próprios seguidores. (...) é necessário remover todas as barreiras que impeçam o acesso e o compartilhamento do conteúdo online. (p. 42). Conclusão A presente pesquisa foi movida por duas perguntas centrais expostas no problema do plano de pesquisa, a primeira “Como o marketing digital conseguiu aproximar empresas e clientes através das redes sociais?” e a segunda pergunta “Através das redes sociais, como os consumidores conseguiram ser ouvidos pelas empresas?”. Ao longo do trabalho conceitos acadêmicos e demonstrações práticas do mercado de trabalho foram expostas através do meio exploratório e bibliográfico que deram base para a resposta dessas perguntas. Tinha-se a hipótese de que com a era da informática e nas redes sociais os clientes conseguiram um local para expressar e tentar resolver seus problemas em relação a produtos/serviços que foram prestados de forma ruim, porque a falha no sistema de ouvidoria das empresas impedia que esses problemas fossem resolvidos e até mesmo divulgados para outros clientes, sem gerar a imagem ruim para o produto/serviço. A partir da pesquisa bibliográfica se percebe que os sistemas de ouvidoria implantados de forma correta, com um bom atendimento, resolução 36 ágil e prática de problemas e sugestões geram efeitos positivos para a empresa e cliente. Diferente do que acontecia por conta do marketing de relacionamento empregado de forma errada, ao invés de se pensar no cliente e em formas de satisfazê-los as empresas só pensavam nos lucros e o conceito real marketing de relacionamento foi deixado de lado, a partir disso as ouvidorias/fale conosco e sistemas de reclamação e sugestão não funcionavam e deixavam os clientes insatisfeitos por não resolver seus problemas com determinada empresa. Diante da falha desse sistema de ouvidoria e com a era da informática o consumidor encontrou espaços virtuais (além dos ambientes oferecidos pelas próprias empresas, que não funcionavam) para que sua insatisfação fosse ouvida. Esses espaços de inicio foram os e-mails em seguida esses consumidores foram para meios de comunicação de acesso fácil como os blogs, as redes sociais, o Twitter, o Facebook, o Youtube, o Orkut e os fóruns com temas específicos (informática, móveis, eletrodomésticos e etc.). Esses consumidores se tornaram ativistas, reclamavam seus direitos na internet e faziam o que era possível para que a reclamação fosse mostrada ao maior número de pessoas que conseguissem e a empresa resolvesse a situação. Devido às reclamações as empresas começaram a ficar com a imagem ruim na internet e na área de vendas pessoal, as receitas caíam e seus produtos/ serviços eram considerados de má qualidade, o que afetava diretamente no lucro das empresas. Os mesmos consumidores encontraram e criaram locais específicos que foram classificados como espaços de ciberconsumidores e o espaço utilizado neste trabalho foi o Reclame Aqui, que se tornou um dos maiores sites de reclamação do Brasil. O Site também surgiu de uma reclamação não atendida, hoje o espaço de ciberconsumidores trabalha com ranking de empresas que responde às solicitações, percentual de problemas resolvidos, empresas que não solucionam os problemas e hoje em muitas vezes o site funciona mais rápido 37 do que entrar em contato com a Ouvidoria ou o Fale Conosco de algumas empresas. Os ciberconsumidores já consideram o site como referência, eles pesquisam no próprio Reclame Aqui a empresa que se pretende comprar um produto/serviço e a avaliação no site pode definir a compra ou não. Os clientes que reclamavam além do Site e que tinha uma grande visitação em suas páginas pessoais, fóruns e etc. são considerados proconsumidores, pessoas que possuem grande influência nas redes sociais e que podem construir ou destruir uma marca/empresa dependendo da sua experiência com o produto. A partir da formalização das empresas nas redes sociais elas ficaram mais próximas desses grandes influenciadores e algumas conseguem estabelecer um bom relacionamento com seus clientes sem denegrir a sua imagem. A formalização das empresas nas redes sociais fez com que elas se aproximassem de clientes e que as elas enxergassem neles grandes divulgadores de sua marca. Uma estratégia de marketing para as redes sociais definida cativa os consumidores, torna-os próximos, ativa o verdadeiro conceito de marketing de relacionamento, consegue colocar os próprios clientes como grandes divulgadores da marca. “O grande desafio para as empresas é encontrar seus proconsumidores em seus respectivos ramos de atividade, manter-se em contato e construir bons relacionamentos com eles, fornecendo-lhes informações valiosas, que eles desejarão compartilhar com suas próprias redes de contato.” (GUNELIUS, 2012, p. 41) 38 Bibliografia Consultada _______Head & Shoulders - Joel Santana em Donti Révi Caspa. Disponível em < https://www.youtube.com/watch?v=Ew1bwAezxY8 > Acessado em 07 de fev. 2014 ______ Netshoes: e pensar que tudo começou num puxadinho. Disponível em < http://epocanegocios.globo.com/Revista/Common/0,,ERT29282216380,00.html > Acessado em 07 de fev. 2014. _______Head & Shoulders - Joel Santana em Singing in the Chuveretion. Disponível em < https://www.youtube.com/watch?v=TWYVeLipIlw >. Acessado em 07 de fev. 2014 ______O produto atrasou, o serviço falhou e o fornecedor te ignorou? Reclame aqui. Disponível em <http://idgnow.com.br/internet/2007/07/27/idgnoticia.2007-07-27.4329158261/ > Acessado em 02 de fev. 2014 _____Reclame Aqui Ajuda. Disponível em < http://www.reclameaqui.com.br/como_funciona/ajuda/?id=1> Acessado em 02 de jan. 2014 _____A História do Reclame Aqui. Disponível em http://epoca.globo.com/vida/vida-util/consumo/noticia/2013/08/historia-dobreclameaquib.html > Acessado em 02 de fev. 2014. < ALVES JR., Mário Nelson. A contribuição estratégica das ouvidorias para a melhoria dos serviços prestados pelas organizações: Um estudo de caso na Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina. Dissertação de Mestrado. UDESC, Florianópolis, 2002. Disponível em< http://www.omd.com.br/download/disserta.pdf > Acessado em 20 de jan. 2014. BRAND, Rony Reinehr. Persistência de Dados em Java: Um Estudo Aplicado ao Sistema Informatizado para Gerenciamento de Ouvidorias. Trabalho de Conclusão de Curso. UFSC, Florianópolis, 2006. Disponível em < http://omd.com.br/download/tcc_rony.pdf > Acessado em 20 de jan. 2014. BRANDÃO. Vanessa Cardozo. Comunicação e marketing na era digital: a internet como mídia e canal de vendas. XXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Campo Grande – MS. Disponível em<http://www.portcom.intercom.org.br/pdfs/633674810506143012246603147 86789274330.pdf> Acessado em 13 de jan. 2014. 39 D'ANGELO, André Cauduro; SCHNEIDER, Heleno and LARAN, Juliano Aita. Marketing de relacionamento junto a consumidores finais: um estudo exploratório com grandes empresas brasileiras. Rev. adm. contemp. [online]. 2006, vol.10, n.1, pp. 73-93. ISSN 1982-7849. Disponível em < http://www.scielo.br/pdf/rac/v10n1/a05.pdf >Acessado em 20 de jan. 2014. GOLLNER, André Petris; MACHADO, Carlos. Sites consumeristas, redes sociais virtuais e comportamento do consumidor. Revista Eletrônica do Programa de Pós-graduação da Faculdade Cásper Líbero. 2010. Vol. 2. N.2. Disponível em < http://200.144.189.42/ojs/index.php/comtempo/article/viewFile/7484/6883 > Acessado em 02 de fev 2014. GUNELIUS, Susan. Marketing nas mídias sociais em 30 minutos. São Paulo: Ed. Cultrix, 2012. KOTLER, Philip. Princípios de Marketing. Vol I, II, III. São Paulo: Ed. Atlas, 1994 KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de Marketing. São Paulo: Ed. Pearson Education - Br , 2006. 12ª Ed. Mcluahn, M. Os meios de comunicação como extensão do homem. Tradução de Décio Pignatari. São Paulo, Cultrix, 1974. 4° ed. MILAN, Gabriel Sperandio and TONI, Deonir De. A construção de um modelo sobre a retenção de clientes e seus antecedentes em um ambiente de serviços. REAd. Rev. eletrôn. adm. (Porto Alegre) [online]. 2012, vol.18, n.2, pp. 433-467. ISSN 1413-2311. Disponível em < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141323112012000200006 > Acessado em 10 de jan. 2014. PRADO. Renata de Souza. Marshall Mcluhan: obras e principais conceitos. Universidade Federal de Goiás. 2011. Disponível em < http://pt.scribd.com/doc/67834074/Marshall-McLuhan-Obras-e-PrincipaisConceitos > Acessado em 06 de jan. 2014 _______Tag (metadados). Disponível <http://pt.wikipedia.org/wiki/Tag_(metadata) > Acessado em 06 jan. 2014 em RAMINELLI, Francieli Puntel; CHRISTO, Tatiana Vielmo de; FELTRIN, Lohana Pinheiro; OLIVEIRA, Rafael Santos de. RECLAME AQUI E PORTAL DA AGÊNCIA NACIONAL DE TELECOMUNICAÇÕES: UMA ANÁLISE DOS ESPAÇOS DO CIBERCONSUMIDOR NA INTERNET. XV Simpósio de Ensino, Pesquisa e Extensão. 2011. Disponível em 40 <http://www.unifra.br/eventos/sepe2011/Trabalhos/sociais_Aplicadas/Completo /2404.pdf> Acessado em 3 de fev. 2014 Rodrigues, Marcia. E-Marketing: um novo conceito. Administradores – O Portal da Administração. Disponível em < http://www.administradores.com.br/artigos/marketing/e-marketing-um-novoconceito/73931/ > Acessado em 29 de jan. 2014 ROSA, Mateus da Silva da; SOARES, Nathalya Gonçavez; Kellermann, Maristela Schein. Os impactos do site “reclame aqui” na imagem empresarial. 21º Congresso de Iníciação Científica. 4ª Mostra Científica. Universidade Federal de Pelotas. 2012. Disponível em <http://www2.ufpel.edu.br/cic/2012/anais/pdf/SA/SA_00471.pdf > Acessado em 20 jan. 2014. 41 ÍNDICE AGRADECIMENTOS ................................................................................................................. 3 DEDICATÓRIA ........................................................................................................................... 4 RESUMO ..................................................................................................................................... 5 METODOLOGIA ......................................................................................................................... 6 SUMÁRIO .................................................................................................................................... 7 Introdução .................................................................................................................................... 7 Capítulo I - A era da Informática e o relacionamento entre empresa e clientes ............ 10 1.1. O relacionamento visual com o cliente a partir das vendas online . 13 1.2. A necessidade do diálogo entre empresa x consumidor ................................... 14 1.3. O relacionamento entre empresas e clientes virtuais: comunicação e canal de venda 16 Capítulo II - A falha no sistema de ouvidoria e o oportunismo das redes sociais e do Reclame aqui ............................................................................................................................ 19 2.2. O oportunismo de clientes insatisfeitos nas redes sociais ..................................... 21 2.2. Espaços do Ciberconsumidor na Internet............................................................. 24 2.3. Reclame aqui: O ativista digital em defesa do consumidor ............................... 25 Capítulo III – As redes sociais online e o relacionamento direto com consumidores.... 28 3.1. A formalização do marketing nas redes sociais .................................................. 29 3.2. De consumidores a Proconsumidores .................................................................. 33 Conclusão .................................................................................................................................. 35 Bibliografia Consultada ............................................................................................................ 38 ÍNDICE ....................................................................................................................................... 41 Folha de Avaliação ................................................................................................................... 42 42 Folha de Avaliação Nome da Instituição: AVM Faculdade Integrada Título da monografia: O MARKETING DIGITAL E A APROXIMAÇÃO DE CLIENTES E EMPRESAS ATRAVÉS DAS REDES SOCIAIS Autor: Géssica Santiago Data da entrega: Avaliada por: Conceito: