O BANCÁRIO Edição Diária 5179 | Salvador, segunda-feira, 06.08.2012 Filiado à Presidente Euclides Fagundes Neves Fotos Manoel Porto CAMPANHA SALARIAL Movimento lançado em todo o país e minuta na mão dos banqueiros, é hora de negociar Bancários na mesa com autonomia A campanha salarial foi lançada oficialmente na Bahia, sexta-feira, com ato político no BB do Comércio. O evento contou com apresentações artísticas e distribuição de pipoca, simbolizando a repartição do lucro dos banqueiros Na sexta-feira, os bancários deram a largada oficial para a campanha salarial deste ano. Após as intensas discussões nas conferências e encontros locais, é a hora de fortalecer o movimento, ampliando a mobilização em toda a categoria. A unidade faz a diferença na hora da negociação com os banqueiros. Assim, a pressão por um acordo justo é maior. A primeira rodada com a Fenaban está marcada para amanhã e quarta e discute sobre emprego, condições de trabalho e saúde. Página 3 Mais de 56% dos brasileiros aprovam governo Dilma Página 4 www.b an car i os b ah i a.org .b r EDUCAÇÃO A categoria paralisou as atividades em toda a Bahia durante 115 dias Professores estaduais voltam às aulas hoje Os professores da rede estadual de ensino devem voltar às salas de aula hoje. A promessa é de que 100% das escolas funcionem normalmente. A categoria, em greve há 115 dias, decidiu por fim à paralisação para não prejudicar o ano letivo dos alunos. No entanto, os trabalhadores continuam mobilizados, já que a contraproposta apresentada pelo governo, na quinta-feira, foi rejeitada. Os docentes preparam agora uma agenda de discussões para garantir o reajuste de 22%. A greve acabou na sexta-feira, depois de o governo pedir para colocar em votação o fim da paralisação. Desta forma, os professores não devem ser punidos e o Estado deve encerrar os processos administrativos, demissões, corte de salários e retenção das contribuições sindicais. A Secretaria de Educação informou, por meio de nota, que o ano letivo não será comprometido. Mas, os professores já adiantaram que o calendário de reposição das aulas só será definido depois do pagamento dos salários atrasados. A Secretaria garantiu que todas as aulas serão compensadas, mesmo que, para isso, os alunos tenham de estudar até janeiro de 2013. A rede estadual é composta por 1.422 escolas, que abrigam mais de 1 milhão de alunos. Contraproposta A cláusula econômica é o principal entrave das negociações. Os professores querem 22% de reajuste, mas o governo oferece 7% de reajuste aos professores licenciados em magistério, em novembro de 2012, e outros 7%, em março de 2013 (antes previsto para abril), que junto com os 6,5% dado a todo o funcionalismo público, chegariam próximo aos 22%. João Ubaldo O Safra, assim como os demais bancos que anunciaram a lucratividade obtida no semestre anterior, apresentou alta, comprovando que as empresas podem muito bem ofecer melhores condições aos bancários Lucro do Safra é de R$ 596,8 milhões A lucratividade do Safra chegou a R$ 596,8 milhões no primeiro semestre. Alta de 2% ante o mesmo período de 2011. O resultado foi impulsionado pelo aumento das tarifas e serviços, que atingiram R$ 360,8 milhões. A rentabilidade de 19,2% está entre as maiores do mercado, mesmo com o alto provisionamento feito pelo banco. Isso quer dizer que a lucratividade é ainda maior do que a anunciada pela organização O BANCÁRIO Fundado em 30 de outubro de 1939. Edição diária desde 1º de dezembro de 1989 2 O Bancário Fundado em 4 de fevereiro de 1933 financeira, já que o índice de devedores não está tão alto quanto os bancos divulgam. No primeiro semestre, a inadimplência no Safra foi de apenas 1,4%, um dos mais baixos do mercado financeiro. Os dados não deixam dúvidas. Os bancos em atuação no país continuam com lucratividade recorde, mesmo diante do cenário de crise financeira internacional. Portanto, não há porque não investir nos funcionários e em melhorias nas agências. Para lucrar não precisa assediar Graça Gomes* Desde a criação do primeiro Banco do Brasil em 1808 por Dom João, que os lucros dos bancos aumentam fazendo com que os banqueiros se locumpletem dia-a-dia. A cada semestre, os bancários, em especial, acompanham os altos lucros que só são possíveis com o trabalho e esforço de cada empregado para fazer o “melhor” exigido demasiadamente pelo banco. Antigamente, não exigiam metas, absurdamente cobradas hoje, fazendo com que o bancário (a) adoeça diariamente por conta do assédio abusivo. Assédio que não é necessário, pois os números demonstram cada vez mais lucratividade do setor. Bradesco, Itaú e Santander, juntos, tiveram um ganho de R$ 15,95 bilhões. Portanto, nesta campanha salarial, assim como em outras que fizemos e continuaremos fazendo, exigimos respeito e um acordo com tudo que está sendo reivindicado. Saúde, piso salarial, PCCS e tudo que discutimos no Congresso Nacional, publicado diariamente no jornal O Bancário. Não vemos necessidade alguma para os bancários (as) serem assediados (as), seja de forma direta ou indireta. Os sindicatos não aceitam que sejamos tratados como meros parafusos que podem ser trocados a qualquer momento. Pessoas são pessoas. Às vezes fortes, às vezes frágeis e como tais merecem um tratamento não dentro da lógica do capital que explora e suga os trabalhadores. A lógica deve ser de uma visão humanista entre as relações de trabalho. Discurso e prática devem andar lado a lado. Para que a ganância não tome mais espaço devemos está acordados (as) para todas as formas de opressão que existem na sociedade e dentro das agências bancárias, que querem mais lucros. Mas, não é necessário assediar para lucrar. Isso está na ordem do dia, pois antigamente, reafirmo aqui, não se exigia metas e os bancos sempre lucraram. Agora, mudou-se as regras para os banqueiros, com isso implanta-se o medo, o assédio e toda maledicência com práticas abusivas e nefastas. Para lucrar não precisa assediar! * Graça Gomes é diretora do SBBA e do Iapaz Os textos para esta coluna têm de ter no máximo 1.900 toques Informativo do Sindicato dos Bancários da Bahia. Editado e publicado sob a responsabilidade da diretoria da entidade - Presidente: Euclides Fagundes Neves. Diretor de Imprensa e Comunicação: Adelmo Andrade. Endereço: Avenida Sete de Setembro, 1.001, Mercês, Centro, Salvador-Bahia. CEP: 40.060-000 - Fone: (71) 3329-2333 - Fax: 3329-2309 - www.bancariosbahia.org.br - [email protected] Jornalista responsável: Rogaciano Medeiros - Reg. MTE 879 DRT-BA. Chefe de Reportagem: Rose Lima. Repórteres: Maiana Brito - Reg. MTE 2.829 DRT-BA e Renata Andrade. Estagiários em jornalismo: Ana Beatriz Leal, Alexandre Veloso e Letícia Teles. Projeto gráfico: Danilo Lima. Diagramação: Tiago Lima. Impressão: Muttigraf. Tiragem: 10 mil exemplares. Os textos assinados são de inteira responsabilidade dos autores. www.bancariosbahia.org.br • Salvador, segunda-feira, 06.08.2012 CAMPANHA SALARIAL Foi dada a largada oficial no Estado. Agora é intensificar a mobilização da categoria e garantir conquistas Bahia lança o movimento em ato público Nas ruas para lançar a campanha salarial. É assim que estão os bancários do Estado. “Nós vamos arregaçar as mangas para conseguir que os bancos atendam as demandas da categoria”, afirmou o presidente do Sindicato da Bahia, Euclides Os truques estão sendo desvendados A esperteza dos banqueiros é alvo principal da campanha salarial deste ano. Por isto, o tema é Bancos enganam. Chega de truques. As organizações financeiras maquiam os lucros obtidos, dizem que as agências têm segurança e enganam com o anúncio de redução das tarifas bancárias. A máscara das empresas, no entanto, começou a cair. Os bancários da Bahia estão mostrando para a população a verdadeira intenção dos bancos: obter lucratividade cada vez mais bilionária. O primeiro ato foi na sexta-feira, no BB do Comércio. Os repentistas Zé Rodrigues e Riso Norte, que se apresentaram durante o lançamento, retrataram de forma bem humorada a boa vida dos bancos, como no repente “este truque dos banqueiros não engana mais a gente. O lucro dos banqueiros é demais”. O mágico Mingau mostrou que o dinheiro, na verdade, vai para o bolso dos banqueiros e nada é investido na sociedade. “Eu percebo todas essas coisas. Por isso, sempre presto atenção no meu extrato. Eles roubam mesmo”, confirma a aposentada Maria de Lourdes. Fagundes, durante ato realizado, na sexta-feira, na frente do Banco do Brasil do Comércio. A primeira rodada de negociação, que ocorre amanhã e quarta-feira, e cláusulas sociais foram lembradas. O enriquecimento das organizações financeiras atra- vés da exploração do bancário ganha destaque, principalmente nos bancos públicos, que deveriam ter mais responsabilidade social. “Não é possível pensarmos no desenvolvimento do país com este patamar de exploração”, afirma o presidente da Federação da Bahia e Sergipe, Emanoel Souza. O mascote Chequinho, malabaristas, artista em pernas de pau e em monociclo participaram do ato. Também foram distribuídos sacos de pipoca, representando o lucro dos bancos sendo repartido entre os bancários. Fotos Manoel Porto Durante o ato público de lançamento da campanha salarial na Bahia, sextafeira, os diretores do Sindicato lembraram que a negociação começa amanhã. Por isso, é preciso ampliar a mobilização Participação da categoria é fundamental Somente com união e mobilização, os bancários podem conquistar e ampliar os direitos. Por isso, a participação de todos é fundamental, seja nas manifestações, nas assembleias ou na greve, se for o caso. “Quem dá o real lucro aos bancos somos nós, bancários. Por isso, a mobilização de toda a categoria é importante”, ressalta a diretora de Gênero do SBBA, Alda Valéria. Para a dirigente sindical, quando os trabalhadores estão em paralisação, eles enfrentam um verdadeiro ringue. Segundo o bancário e deputado estadual, Álvaro Gomes, os trabalhadores devem lutar cada vez mais contra os abusos dos bancos. “O governo pressionou para as empresas reduzirem os juros, mas a queda ainda é pequena”, constata. Reivindicações para toda a sociedade Os bancários reivindicam muito mais do que reajuste na campanha salarial. A categoria é uma das que mais adoece e, por isso, exige o fim do assédio moral, atenção à saúde, contratações e segurança. As reivindicações ultrapassam as necessidades dos trabalhadores do setor e se estende para a sociedade. Os bancários querem, por exemplo, a redução das taxas de juros, o respeito à Lei dos 15 Minutos e o fim do fator previdenciário. O movimento sindical quer que os bancos contribuam efetivamente com o desenvolvimento do país. A população também está engajada, apoiando o movi- mento. Segundo o aposentado Carlos Alberto, a luta não é só dos bancários, mas também da sociedade. “Todos queremos melhorias”. A pedagoga Maria Lúcia inclina-se para a questão da segurança. “Espero que consigam garantir a segurança e assim diminuir saidinhas bancárias”. O Bancário Salvador, segunda-feira, 06.08.2012 • www.bancariosbahia.org.br 3 CAMPANHA SALARIAL O desempenho pessoal da presidente teve crescimento de 5,5% em um ano Governo Dilma tem aprovação de 56,6% Pesquisa revela que o governo de Dilma Rousseff tem 56,6% de aprovação da sociedade. Isto comprova que as ações adotadas dão resultado e agradam a população, a exemplo dos projetos relacionados às áreas de educação, saúde, o combate à inflação e a redução dos juros. Apenas 7% dos entrevistados consideram o governo ruim ou péssimo e outros 35,5% acham regular. Houve um crescimento na aprovação. Há um ano, a avaliação positiva foi de 49,2% e negativa de 9,3%. Sobre o desempenho pessoal de Dilma, 75,7% das pessoas entrevistadas aprovam a atuação dela. Somente 17,3% desaprovam. Se comparado, com a pesquisa de agosto de 2011, a presidente teve um crescimento de 5,5% no índice de aprovação e uma queda de 3,8% na rejeição. Os dados são do CNT/Sensus. O governo de Lula e o de Dilma são considerados iguais por 48,2% dos ouvidos. No entanto, 34,6% o governo dela pior do que o de Lula. Outros 15,9% acham Dilma melhor. No governo Dilma, a população cresceu economicamente PRESTIGIADA O resultado da pesquisa da CNT (Confederação Nacional dos Transportes) que mostra Dilma Rousseff com aprovação de 75,7% pela população, é mais um dado que serve para reforçar o uso da imagem da presidenta pelos candidatos a prefeito da base aliada nas eleições municipais de outubro próximo. O índice é bem alto, Dilma continua prestigiada e o bom desempenho pode refletir no resultado das urnas. RÉU Justamente na semana do início do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal, a edição da revista Carta Capital do dia 1º de agosto circula com manchete de capa com o título: “O valerioduto abasteceu Gilmar”, com foto do ministro Gilmar Mendes, do STF, um dos 11 juízes do caso. O texto expõe a relação nada ética de um integrante da Corte Magna com o esquema de caixa 2 para as reeleições, em 1998, de dois influentes tucanos. O então presidente Fernando Henrique Cardoso e Eduardo Azeredo, na época governador de Minas Gerais. Os dois foram reeleitos. AGRACIADO Na farta documentação que a delegada Josélia Braga da Cruz, da Superintendência da Polícia Federal em Minas Gerais, recebeu no dia 26 passado, sobre caixa 2 na reeleição de FHC presidente e Eduardo Azeredo governador de Minas, em 1998, há extensa lista de pessoas beneficiadas no caso, que ficou conhecido como Valerioduto. Um dos citados é o ministro do STF, Gilmar Mendes, que teria recebido R$ 185 mil do publicitário Marcos Valério, aquele mesmo envolvido no mensalão. FRUSTRAÇÃO Na Rede Globo, frustração total, inclusive com atritos entre figurões da direção, pelo fato de não conseguir, mesmo com todos os truques televisivos usados, transformar o julgamento do mensalão em um Carnaval com audiência estrondosa. A TV tenta, usa todos os mecanismos da espetacularização, mas não consegue mobilizar a sociedade e nem sequer cativar o telespectador. É claro que a emissora vai continuar tentando, mas dificilmente conseguirá emplacar. Para piorar, as atenções do público estão voltadas para as Olimpíadas. INCOERÊNCIA Crescem em todo o mundo as revoltas, insatisfações e contestações ao COI (Comitê Olímpico Internacional) por ter admitido a Coca-Cola, o MacDonald`s e a Cadbury Chocolates como os principais patrocinadores das Olimpíadas. São produtos com altas calorias, incompatíveis para o ambiente esportivo e causam obesidade. A reação na Europa é ainda maior. A Academy of Medical Royal Colleges (Academia Inglesa das Faculdades Reais de Medicina) divulgou nota pública afirmando que as três marcas “transmitem uma falsa mensagens às crianças e jovens”. 4 O Bancário www.bancariosbahia.org.br • Salvador, segunda-feira, 06.08.2012