MÚSICA ETC. Balanço final

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E STA D O D E M I N A S
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D E Z E M B R O
D E
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CULTURA
DISCOS
MÚSICA
ETC.
CHICO AMARAL
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Balanço
final
Não, não esperem de mim nenhuma lista dos
melhores do ano. Algumas dezenas já devem estar circulando por aí, em cada jornal e revista.
Outra coisa: eu escuto pouca música, nem sei se
gosto mesmo de música. A minha lista teria
mais furos que uma boca cariada.
A estrela
A nova estrela da canção, sem dúvida, é o Vander Lee. Ninguém como ele tem a vocação de grudar na boca musical do povo. Falta uma fagulha à
toa para o incêndio nacional. Vander Lee seria a
minha revelação de 2004, se já não estivesse consagrado, pelo menos pelo público.
Velhos e novos
Boa a estória contada por Chico Buarque (Folha de S. Paulo, domingo último, numa entrevista maravilhosa). Sua filha Sílvia ouviu a compradora na loja reclamar que o disco As cidades só
tinha música nova. A mulher, como muita gente, queria as músicas antigas. Chico comenta: “A
minha geração, que fez aquelas canções todas,
com o tempo só aprimorou a qualidade da sua
música. Mas o interesse hoje por isso parece pequeno. Por melhor que seja, por mais aperfeiçoada que seja, parece que não acrescenta grande coisa ao que foi feito. (...) Se as pessoas não
querem ouvir as músicas novas dos velhos
compositores, por que vão querer ouvir as músicas novas dos novos compositores?”
“O discurso do rap é
feito por quem vive lá,
sobre aquilo lá, para
os que lá vivem”
Rap
Chico guarda uma mirada generosa em relação
ao estilo (“não é só o rap em si, mas o significado da
periferia se manifestando. Tem uma novidade aí ”).
Às qualidades que venho apontando no rap,
gostaria de acrescentar mais uma. O rap traz um
vetor ideológico (racial, social, político) que clareia
violentamente as coisas na cultura brasileira, obrigando todos a um discurso honesto e consciente
em relação a qualquer tema.
Como o discurso do rap é feito por quem vive lá,
sobre aquilo lá, para os que lá vivem, as outras abordagens são confrontadas. Só preserva o sentido, parece, o que não esconde suas particularidades de
classe, raça, etc. (como a letra de Piano na Mangueira, por melhor exemplo). A gente que vive “lá”já se
apossou de seu próprio discurso. A temática dos excluídos, tradicional na MPB, de alguma forma foi
posta em xeque pelos próprios excluídos.
Música evangélica se diversifica para conquistar público
jovem.Entre os lançamentos, novo CD de Aline Barros
Moçada embarca
no gospel
AFFONSO DE SOUZA
O lançamento constante de
novos CDs comprova que o
mercado da música gospel vem
crescendo sem dar bola para a
crise. Além disso, é possível notar agora uma preocupação de
compositores e cantores jovens
na conquista da audiência de
uma nova faixa de público. Outra preocupação é a variedade
constante dos ritmos, da balada
romântica ao rap.
O mercado gospel exibe um
novo conceito de música para
adolescentes desde 2002. O primeiro sinal veio com a cantora
Pamela em seu CD de estréia, Um
passo ao céu. Ela foi apontada como revelação gospel teen. O rótulo, entretanto, durou pouco tempo. Pamela passou a conquistar
público de todas as idades. Seu
novo CD, A chuva, que acaba de
chegar ao mercado, prova que este tipo de música já garantiu seu
espaço. A nova fórmula é fruto de
trabalho de pesquisa do produtor
Wagner Carvalho. “Pude ver o Waguinho passar muitas madrugadas buscando algo diferente.
Começamos a produzir o CD
em outubro. Oramos, pesquisamos, nos divertimos, choramos.
A chuva é para ser ouvido sem
preconceito. Procuramos mostrar que podemos louvar a
Deus do jeito que somos, sem
máscaras, com alegria, com júbilo”, explica Pamela.
A música de trabalho escolhida foi Um pedaço da cruz. “Ela
me fez chorar na hora da gravação. Uma de minhas preferidas,
entretanto, é Não retire os olhos
de mim como mensagem espiritual, diz Pamela. O CD tem produção esmerada, com capa com
aplicação de purpurina e faixa
multimídia com videoclipe, making of e galeria de fotos. Quanto
ao estilo, no segundo disco a cantora troca as baladas românticas
pelas canções de adoração.
PAIXÃO DE CRISTO O pastor e
Patrícia de novo
MARIA TEREZA CORREIA
Vitrola alquimista é
o nome do novo disco
de Patrícia Ahmaral (foto). Boto fé na Patrícia.
Tudo que ela faz é muito redondo. Seu primeiro disco já havia me
agradado. Ela estabelece um diálogo com a
geração dos anos 70
que tem tudo a ver. Outros artistas (Skank, Maria Rita, Marisa Monte)
já fizeram o mesmo.
Sérgio Sampaio (no primeiro disco), Raul Seixas, Alceu Valença, João Ricardo/Luli (também no
primeiro disco) e Walter Franco tabelam com novos compositores como Fernanda Takai, Ricardo
Aleixo/Gil Amâncio, Christian Maia/Renato Negrão e muitos outros. Patrícia e os músicos, produzindo eles mesmos o álbum, conseguem um
som que muito artista de gravadora não consegue. O disco traz ainda surpresas tropicalistas, como a canção Quem sabe, de Carlos Gomes, ou a
ária Quando me’n vo’soletta, de Puccini.
Coda
Justiça se faça, Samuel Rosa é um que sempre
preferiu as coisas dessa forma, sem paternalismo nem populismo. Pagou um tanto por se assumir como um cara branco-classe média que
toca guitarra e gosta mais dos Beatles do que de
qualquer coisa. Quando eu lhe mostrava uma
bobagenzinha suingada, ele comentava: “Não, o
suingue não é a praia do Skank”. Ele sempre evitou a coisa do Brasil mulato, do frevo e do maracatu, e da macumba pra turista, embora adore
Gil, Milton e Benjor. Por muito tempo o paternalismo cultural brasileiro presente na imprensa e
nas elites torceu o nariz para sua postura, ao
contrário do público.
P.S. Desejo a todos o melhor 2005 possível.
cantor Elizeu Gomes, líder da Comunidade Logus Internacional
(EUA), depois de assistir o filme A
Paixão de Cristo, emocionado,
compôs oito músicas. “O filme
conseguiu me passar a idéia real
da morte de Cristo e, de forma
inexplicável, consegui transcrever a história no papel em forma
de música”, explica. Com 18 anos
de ministério, para complementar o enredo, compôs mais três
músicas e acrescentou ao projeto duas regravações.
No total são 13 músicas e 13
intérpretes diferentes. Cada um
com estilo pessoal, mas todos
formando uma atmosfera de reverência e contrição. Adonai , Aba
Pai foi gravada por Aline Barros,
cantora indicada ao Grammy Latino de 2004, já ganhou êxito nacional sendo tocada nas rádios
de todo o Brasil. Dois outros números que vêm alcançando
grande repercussão são Quero
me derramar, com o roqueiro
PG e Cada espinho, interpretação de Marina de Oliveira.
Outro destaque da nova geração gospel, Marquinho Gomes
começou a carreira como roadie
no grupo Alto Louvor. Agora, parte para carreira solo com o CD
Presença de Deus. Gravado ao vivo, o disco é diferente de tudo
que já produziu, tanto na temática como na concepção musical.
“Antes, eu fazia músicas falando
do homem e seus problemas.
Neste novo trabalho, eu falo tão
somente de Deus”, explica Marquinhos. Nos últimos anos, ele se
inspirou na black music, no soul
e se destacou por suas baladas.
Em Presença de Deus, Marquinhos não fecha seu trabalho
num único estilo. A gravação foi
FOTOS DIVULGAÇÃO
Pamela lança seu segundo CD e diz que a música evangélica precisa ser ouvida sem preconceitos
feita na Igreja Batista Nova Ebenézer e vai dar origem ao primeiro DVD do artista.
■ DO GRAMMY
AO RAP
Aline Barros, de 28 anos, é a
primeira cantora gospel brasileira a concorrer ao Grammy Latino. Mais ousada e segura em sua
carreira, é assim que aparece no
CD que está chegando ao mercado, Som de adoradores. Depois
de 12 discos, este é o primeiro
gravado ao vivo. “Neste CD está
uma nova Aline. Uma Aline adoradora que ministra com autoridade no palco. Uma Aline ousada, que profetiza, que realmente
entende a seriedade e o valor de
uma vida dedicada a Jesus”.
Carioca, Aline começou a cantar aos 11 anos na Comunidade
Evangélica da Vila da Penha. Teve uma fenda nas cordas vocais
e ficou apenas com 5% de voz.
“Depois do problema, minha
voz deu uma encorpada, uma
amadurecida e ficou mais aveludada. Caiu duas notas no
agudo, mas ganhei cinco no
grave. Está mais cheia, mais
forte”, festeja. A música de trabalho é Sonda-me, usa-me, parceria com Ana e Édson Feitosa.
Outra parceria é Águas no trono que nasceu de um encontro,
na sede da gravadora MK Publicitá, com os amigos Eyshila,
Alda, Kleber, Liz e Samuel.
CONSCIÊNCIA Os irmãos Deco
e Magu formam a dupla Consciência e Verdade e são membros do Ministério Apascentar
de Jacarepaguá, mas mantêm a
base ministerial em Vitória
(ES). Em sete anos de carreira,
o seu estilo musical é bem di-
ferente do que a maioria dos
evangélicos está acostumada a
ouvir. “O rap tem uma facilidade de entrar em certos lugares
que muitos crentes não entram. Não tocamos só música
para os evangélicos. Nosso objetivo é atingir o mercado em
geral para poder levar a mensagem de Cristo”, diz Deco.
O CD da dupla, Qual é a
sua?, discute temas como o pa-
pel do crente na sociedade, a
conversão de presidiários e a
desigualdade social. O diferencial gospel é identificado na
ideologia da dupla: “Queremos passar para os jovens a
consciência de ser um exemplo cristão independentemente do lugar. E isso só vamos
conseguir com a verdade, que
é a palavra de Deus”, diz o
compositor Magu.
A cantora Aline Barros já ganhou vários prêmios internacionais
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