CINÉTICA DA TENSÃO SUPERFICIAL E DO ÂNGULO DE

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V Congresso Estadual de Iniciação Científica e Tecnológica do IF Goiano
IF Goiano- Campus Iporá
21 a 23 de setembro de 2016
CINÉTICA DA TENSÃO SUPERFICIAL E DO ÂNGULO DE CONTATO DE
GOTAS A PARTIR DE CALDAS INSETICIDAS
JESUS, Raí Martins1; DE MOURA, Frederico Ferreira1; DE OLIVEIRA, Mariana Alencar1;
REIS, Iara Cristina Martins1; BORGES, Beatriz Oliveira1; COSTA, Lilian Lúcia2
1
Estudante de Iniciação Científica – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano – Campus Morrinhos GO. [email protected], 2 Orientadora – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano – Campus
Morrinhos - GO. [email protected]
RESUMO: Objetivou-se com este trabalho analisar a cinética da tensão superficial e do ângulo de contato de
gotas formadas a partir de diferentes caldas inseticidas. Os tratamentos foram constituídos por caldas com
dois ingredientes ativos (Cipermetrina + Bifentrina® e Acefato 75%®) e duas testemunhas (água ultrapura e
água de abastecimento público). Nas duas caldas foram adicionados 1% de óleo mineral Assist®. De cada
tratamento foram obtidas cinco gotas, cada uma representando uma repetição. As medições da tensão
superficial e ângulo de contato de cada tratamento foram realizadas a cada segundo num tempo total de um
minuto, através de um tensiômetro automático. As duas caldas reduziram a tensão superficial da água e
aumentaram o ângulo de contato. Conclui-se que a adição de adjuvantes nas caldas podem alterar as
características de tensão superficial e ângulo de contato com a superfície do alvo.
Palavras-chave: Adjuvantes. Produto fitossanitário. Formulações.
INTRODUÇÃO
Além das propriedades físicas da calda, é
importante conhecer as propriedades químicas,
tais como a tensão superficial e ângulo de contato
proporcionado pelas caldas pulverizadas, pois
também
interferem
na
cobertura
e,
consequentemente, na qualidade da aplicação.
De acordo com Xu et al. (2011), quanto
menor a tensão superficial da calda, maior a
cobertura proporcionada, que geralmente é mais
uniforme em função da melhor distribuição do
líquido aplicado e, no processo de absorção dos
produtos fitossanitários, o que é fundamental para
aumentar a eficiência do tratamento fitossanitário.
A tensão superficial também é
fundamental para o desenvolvimento de
formulações de produtos fitossanitários. Nas
formulações, é importante a presença de
compostos, tais como adjuvantes que reduzem a
tensão superficial, facilitando o contato entre os
diversos componentes de um produto formulado,
promovendo a diluição do produto em água e
aumentando a estabilidade da solução obtida
(MACIEL et al., 2010).
Há outras situações em que a adição de
adjuvantes à calda é prática recomendável.
Spanoghe et al. (2007) destacaram a importância
de adjuvantes para redução de deriva e
evaporação das gotas, principalmente em
condições com temperaturas acima de 30°C e
umidade relativa abaixo de 55%.
Ressalta-se, porém, que ainda existem
poucas informações científicas sobre as
implicações do emprego de adjuvantes nas
propriedades físico-químicas das caldas de
pulverização (SILVA-MATTE et al., 2014).
Neste contexto, o objetivo deste trabalho
foi analisar a cinética da tensão superficial e do
ângulo de contato de gotas formadas a partir de
diferentes caldas inseticidas.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no
Departamento de Fitossanidade, da Universidade
Estadual Paulista, Câmpus de Jaboticabal, SP.
O delineamento experimental utilizado foi
o inteiramente casualizado. Foram realizadas
avaliações da tensão superficial e ângulo de
contato proporcionados por caldas inseticidas com
dois ingredientes ativos (Cipermetrina +
Bifentrina® e Acefato 75%®). Água ultrapura e
água de abastecimento público foram utilizadas
como testemunhas. Nas duas caldas foram
adicionados 1% de óleo mineral Assist®.
De cada tratamento foram obtidas cinco
gotas, cada uma representando uma repetição. As
medições da tensão superficial e ângulo de
contato de cada tratamento foram realizadas a
cada segundo num tempo total de um minuto, por
meio de um tensiômetro automático empregando
o método da gota pendente para determinar a
cinética da tensão superficial e o método da gota
séssil para determinar o ângulo de contato.
1
V Congresso Estadual de Iniciação Científica e Tecnológica do IF Goiano
IF Goiano- Campus Iporá
21 a 23 de setembro de 2016
Para
análise
estatística
foram
considerados apenas os dados obtidos nos tempos
um, trinta e sessenta segundos que caracterizam o
início, o meio e o final da avaliação da cinética da
tensão superficial e ângulo de contato de cada
tratamento. Os dados obtidos foram submetidos
ao teste F da análise de variância. Observado
efeito significativo dos tratamentos, as médias
foram comparadas pelo teste Tukey.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Considerando que a tensão superficial da
água, veículo mais usado nas aplicações agrícolas,
é em torno de 78,0 mNm-1, a adição dos
inseticidas nas caldas reduziram a tensão
superficial da água (Tabela 1). Essa redução da
tensão superficial proporcionada pelos inseticidas,
possivelmente, deve-se à atuação do adjuvante
Assist, o qual foi adicionado às duas misturas.
Tabela 1. Valores iniciais, médios e finais (1s,
30s e 60s) das medições de tensão superficial
em função dos tratamentos. Jaboticabal, SP,
2016.
Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey
(p<0,05); DMS: Diferença mínima significativa; CV (%): coeficiente de
variação, ** Teste F significativo (p<0,01).
Entretanto, de acordo com Palladini et al.
(2005), deve-se considerar também que
inseticidas, acaricidas e fungicidas podem alterar
as propriedades físico-químicas das caldas, pois a
maioria
dos
produtos
fitossanitários
comercializados contêm já na sua formulação
adjuvantes os quais, muitas vezes, não são
mencionados no rótulo dos produtos. Isso pode
justificar o fato da calda com Cipermetrina +
Bifentrina ter proporcionado maior redução da
tensão superficial do que a calda com o
ingrediente ativo Acefato (Tabela 1).
Da mesma forma aos resultados obtidos
para tensão superficial, a calda inseticida com o
ingrediente ativo Cipermetrina + Bifentrina
proporcionou menores valores de ângulo de
contato em relação à calda inseticida com o
ingrediente ativo Acefato (Tabela 2).
Este resultado reforça a relação que existe
entre tensão superficial e ângulo de contato das
gotas descrito anteriormente por Iost & Raetano
(2010). Segundo estes autores, quanto menor a
tensão superficial, maior é a molhabilidade da
superfície e assim menor será o valor de ângulo de
contato obtido.
Tabela 2. Valores iniciais, médios e finais (1s,
30s e 60s) das medições de ângulo de contato
(θ°) de gotas em superfície artificial (vidro) em
função dos tratamentos. Jaboticabal, SP, 2016.
Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey
(p<0,05); DMS: Diferença mínima significativa; CV (%): coeficiente de
variação, ** Teste F significativo (p<0,01).
CONCLUSÃO
A adição de adjuvantes nas caldas
fitossanitárias bem como a própria composição
das formulações dos produtos podem alterar as
características de tensão superficial e ângulo de
contato com a superfície do alvo.
AGRADECIMENTOS
Ao Instituto Federal Goiano, Campus
Morrinhos, GO; À Universidade Estadual Paulista
Júlio de Mesquita Filho e à empresa FMC
Agricultural Products.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
IOST, C.A.R.; RAETANO, C.G. Tensão
superficial dinâmica e ângulo de contato de
soluções aquosas com surfatantes em superfícies
artificiais e naturais. Engenharia Agrícola, v. 30,
n. 4, p. 670-680, 2010.
MACIEL, et al. Tensão superficial estática de
misturas em tanque de glyphosate + chlorimuronethyl isoladas ou associadas com adjuvantes.
Planta Daninha, v. 28, n. 3, p. 673-685, 2010.
PALLADINI, et al. Choice of tracers for the
evaluation of spray deposits. Scientia Agrícola,
Piracicaba, v. 62, n. 5, p. 440-445, 2005.
SILVA-MATTE, et al. Variabilidade da quebra da
tensão superficial da gota pelo adjuvante
(Aureo®) em função de locais de captação de
água. Revista Agrarian, v. 7, n. 24, p. 264-270,
2014.
SPANOGHE, et al. Influence of agricultural
adjuvants on droplet spectra. Pest Management
Science, v. 63, n. 1, p. 4-16, 2007.
XU, et al. Droplet evaporation and spread on
waxy and hairy leaves associated with the type
and
concentration
of
adjuvants.
Pest
Management Science, v. 67, n.7, p. 842-851,
2011.
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