1 Carreira Empreendedora na Indústria Criativa: Histórias

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Carreira Empreendedora na Indústria Criativa: Histórias de Vida na Música Gospel
Cearense
Autoria: Keysa Manuela Cunha de Mascena, Serafim Firmo de Souza Ferraz, Sofia Batista Ferraz,
Márcia de Freitas Duarte, Sandra Fernandes da Silva Chiapetta Portella, Reidene De Oliveira Silva
Resumo
Este estudo teve como objetivo analisar o desenvolvimento de carreira de cantores de música
gospel, em uma perspectiva empreendedora. As atividades artísticas e musicais, de uma
maneira geral, abrigam-se na chamada economia ou indústria criativa, que se constitui por um
conjunto amplo de atividades produtivas baseadas na criatividade, nas habilidades e nos
talentos individuais. Nesta pesquisa, foram abordados os aspectos teóricos do
empreendedorismo, do desenvolvimento de carreira, da indústria criativa e da música gospel.
Quanto aos aspectos metodológicos, a pesquisa é de natureza qualitativa e descritiva. A
emergência de uma literatura administrativa relacionada com a economia e os negócios
baseados em sujeitos e em pequenos empreendimentos, vem complementar uma tradição que
sempre valorizou organizações de grande porte, sobretudo multinacionais. Assim, uma
pesquisa bibliográfica em campos com pouco conhecimento reunido se mostrou necessária,
previamente à pesquisa de campo, na modalidade estudos de casos múltiplos, que privilegiou
o método da história de vida como estratégia de coleta de dados, permitindo a reconstrução de
trajetórias de cinco cantores de música gospel residentes no Estado do Ceará, definidos a
partir do mapeamento cruzado de referencias e pelo critério de acessibilidade. As entrevistas
foram conduzidas por meio de questionários semi-estruturados. A análise qualitativa das
entrevistas foi realizada por meio de um procedimento analítico geral que adotou como linha
condutora aspectos significativos dessas trajetórias nas perspectivas das motivações que
conduziram os sujeitos à atividade artística e os processos de inserção e de aprendizagem
profissional; reconstitui os elementos de consolidação da carreira e no mercado; identifica
fatores que potencializam e que dificultam trajetórias, explorando as perspectivas do futuro
profissional do artista. A pesquisa pode constatar que a carreira dos cantores gospel estudados
desenvolveu-se por meio de ciclos e estágios de carreira, relacionados ou não com as
atividades artísticas, nas quais passam a concentrar foco com o amadurecimento nas
atividades. A constituição de um mercado regional e nacional, no seio de comunidades
evangélicas e de uma mídia especializada passa a aglutinar cantores não apenas com origem
nessas comunidades, mas também de contextos seculares, ampliando a variedade de
propostas e de manifestações que renovam a música gospel. De uma maneira geral a música
gospel se constitui elemento de estabilização profissional e motivacional para esses
profissionais, que desenvolvem carreiras empreendedoras e aprimoram habilidades artísticas,
ao mesmo tempo em que se envolvem diretamente na negociação de contratos, shows vendas
de artefatos diversos, aceitando os riscos referentes a esse tipo de carreira, que são
principalmente, a ausência de estruturação de mercados, a imprevisibilidade e a incerteza,
além da mais absoluta exposição ao risco financeiro e ocupacional. Nesse sentido, o
pertencimento a comunidades religiosas parece representar importante elemento de
estabilidade e de uma perspectiva de futuro que resta duvidosa face às evoluções da indústria
cultural.
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1 INTRODUÇÃO - A economia ou indústria criativa aglutinam atividades que se originam
na criatividade, habilidade e talento individuais. Em uma perspectiva empreendedora, as
atividades criativas apresentam um significativo potencial para geração de riquezas e
ocupações por meio da exploração da propriedade intelectual, seja em seu sentido amplo ou
restrito(DCMS, 2001).
Nos últimos anos, as atividades criativas ganharam destaque como estratégia de
desenvolvimento social, econômico e cultural, seja como fator de valorização das tradições
locais ou ainda como propulsor de uma nova classe de trabalhadores e de empreendedores
baseados na nova economia do conhecimento e da inovação.
Desta forma, as indústrias criativas têm encontrado grande repercussão devido ao
crescimento da atividade avaliado a uma taxa de 8,7% ao ano em âmbito nacional (UNCTAD,
2008). Ademais, trata-se de um segmento que já movimenta 16,4% do Produto Interno Bruto
(PIB) do país e tem gerado, aproximadamente, 35,2 milhões de empregos formais, segundo
estudo pioneiro divulgado pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (DECON, 2008).
O crescimento desta indústria também está atrelado aos variados setores que a
integram, entre eles: música, artesanato, artes visuais e performáticas, design e softwares
(CAVES, 2000; DCMS, 2001; UNCTAD, 2008). A música, em especial, é um importante
setor criativo presente em todos os modelos de classificação da indústria criativa e configura o
núcleo criativo da maioria desses modelos. Além disso, a carreira e o trabalho de profissionais
criativos tem ganhado destaque no mercado de bens simbólicos e na mídia. Dentre os variados
segmentos da economia criativa, este estudo foca o da música (ou dos cantores) gospel, pela
projeção que vêm adquirindo na mídia, na indústria cultural e no mercado de consumo em seu
sentido amplo. O gospel é um estilo de música inovador amplamente adotado por igrejas de
diversas afiliações e comunidades religiosas.
Enquanto observa-se a estagnação da indústria fonográfica secular, o mercado gospel,
em contraponto, desconhece a crise e, aos poucos, torna-se cada vez mais popular (MARTHE;
MARTINS, 2009). Segundo Cunha (2004), o destaque obtido pela música nas práticas
religiosas é inquestionável, sendo extenso o número de cantores, grupos musicais e de CDs
produzidos para um mercado em plena ascensão. A música gospel impulsiona todo o mercado
evangélico brasileiro e passou a ser comercializada não apenas em lojas especializadas, mas
em grandes magazines e supermercados. Mendonça e Kerr (2007) afirmam que além de
atender às demandas espirituais e emocionais, a música gospel também atende às exigências
de mercado, estimulada pela cultura do consumo propagada pela mídia.
De acordo com Cunha (2004), o movimento gospel está associado às novas práticas
desencadeadas a partir da profissionalização de músicos, cantores e grupos musicais
evangélicos, aliada ao desenvolvimento da mídia evangélica no Brasil. O gospel não é um
fenômeno exclusivamente evangélico, porém eles são os maiores responsáveis pela “explosão
gospel” nos anos 1990. Música, consumo e entretenimento são os elementos que caracterizam
o vasto movimento gospel no Brasil.
O estudo teve como objetivo analisar o desenvolvimento de carreira de cantores de
música gospel, em uma perspectiva empreendedora. Para isto, investiga as motivações que
conduziram os sujeitos à atividade artística e os processos de inserção e de aprendizagem
profissional; reconstitui os elementos de consolidação da carreira e no mercado; identifica
fatores que potencializam e que dificultam trajetórias, explorando as perspectivas do futuro
profissional do artista.
2 INDÚSTRIA CRIATIVA - É difícil pontuar um consenso quanto à definição de indústria
criativa, conceito que ainda encontra-se em constante desenvolvimento e formulação.
Segundo o conceito desenvolvido pelo DCMS (2001, p. 5), as indústrias criativas são aquelas
que se originam na criatividade, habilidade e talento individuais e que têm potencial para a
2
geração de riqueza e empregos por meio da exploração da propriedade intelectual, sendo
compostas pelas seguintes atividades: publicidade, arquitetura, mercado de artes e
antiguidades, artesanato, design, moda, cinema e vídeo, softwares interativos de
entretenimento, música, artes performáticas, mercado editorial, softwares e serviços de
informática, televisão e rádio.
Ao referir-se a esta idéia, é válido salientar que o conceito de indústria criativa surgiu
na Austrália porém, foi apenas no início da década de 1990, na Inglaterra, que ele encontrou
amplo reconhecimento e promoção (BLYTHE, 2001). Bendassolli et al. (2009, p.1) ressaltam
que “o caso inglês é comumente usado como referência, devido ao seu pioneirismo e à
associação do tema com uma agenda política e econômica”.
A partir do conceito britânico, vários outros mapeamentos, estudos e pesquisas
passaram a ser desenvolvidos com o objetivo de identificar, mapear e caracterizar as
indústrias criativas, os setores e atores nela envolvidos, além de explicitar a sua relevância
econômica, social e cultural (REIS, 2008). Dentre os mapeamentos mais citados estão o
Modelo de Círculos Concêntricos de Throsby (2001); a classificação proposta pela Comissão
Européia (2005 apud LATOEIRA, 2007); as classificações da UNCTAD (2008) e da WIPO
(2003). Em âmbito nacional, o DECON (2008) propõe uma definição para a cadeia da
indústria criativa, que se compõe de três grandes áreas: o núcleo da indústria criativa, as
atividades relacionadas e as atividades de apoio.
Alguns aspectos conceituais da indústria cultural merecem destaque. Um grande
contingente de autores considera a criatividade o elemento central da indústria criativa, sendo
seu principal insumo produtivo (UNCTAD, 2008; REIS, 2008; BENDASSOLLI et al., 2009).
Caves (2000) afirma que e bens e serviços fornecidos pela indústria criativa são
associados à atividades culturais, artísticas e ao entretenimento. Em seu conceito, Throsby
(2001) também destaca a produção de bens e serviços culturais.
Segundo Hartley (2005) e Borges (2005), a indústria criativa refere-se à convergência
entre as artes, as indústrias culturais e a tecnologia. Howkins (2005) complementa e utiliza o
termo indústrias criativas para caracterizar as indústrias nas quais o trabalho mental ou
intelectual é preponderante e cujo resultado alcançado é a propriedade intelectual.
Por fim, constata-se que as oportunidades de emprego na indústria criativa têm
incentivado milhares de pessoas a optarem por carreiras relacionadas à área (DECON, 2008).
Desta forma, Latoeira (2007) defende a importância de despertar nos jovens a criatividade e o
espírito empreendedor para que eles próprios desenvolvam o seu negócio criativo e
concentrem-se na realização de seus projetos e visões.
2.1 O Movimento Gospel: música, consumo e entretenimento - Analisando a origem do
gospel, Dolghie (2005) distingue três tipos de música protestante: sacra, evangélica e gospel.
A música sacra é composta pelos hinos tradicionais, originados dos hinos norte-americanos e
europeus; a música evangélica é conhecida por seus corinhos ou cânticos, canções com ritmos
mais populares; e, por último, a música gospel que abrange a liturgia oficial de muitas igrejas,
ampliando-se para o mercado fonográfico e de entretenimento.
A popularização e disseminação do termo gospel foi resultado da ação da Igreja
Renascer em Cristo. Essa igreja abriu espaço litúrgico para a popularização de gêneros
musicais até então rejeitados pelos demais segmentos evangélicos, como o rock, o rap, o
samba, o reggae e o axé music. O sucesso dessa proposta atraiu aos cultos da Renascer muitos
jovens freqüentadores de outras igrejas evangélicas e suas respectivas famílias. O sucesso a
levou ao registro dos direitos sobre a marca gospel (CUNHA, 2007; SIEPIERSKI, 2003).
Ao transformar o termo gospel em marca de sua propriedade, a Igreja Renascer em
Cristo utilizou-o em diversos produtos geridos pela igreja, como a gravadora Gospel Records,
a Revista Gospel, a TV Gospel, o curso pré-vestibular Gospel, na cidade de São Paulo, e o
portal da internet IGospel (CUNHA, 2004).
3
Cunha (2004, p. 144) explica que:
O que ocorreu nos anos 90 no Brasil foi uma explosão do gospel como um
movimento cultural religioso, de um modo de ser evangélico, com efeitos na prática
religiosa e no comportamento cotidiano. Passou-se a experimentar vivências
religiosas combinadas em contextos socioculturais os mais variados, o que torna
possível uma unanimidade evangélica não-planejada sem precedentes na história do
protestantismo no Brasil. Essas vivências são expressas por meio da música, do
consumo e do entretenimento.
Cunha (2004) evidencia que o movimento gospel está alicerçado em três
características: o consumo, o entretenimento e a música. Quanto ao consumo, a referida
autora destaca que este já era forte no campo editorial. Lewgoy (2004) reforça que o
segmento do livro religioso é o que mais tem crescido no mercado editorial brasileiro. No
entanto, principalmente a partir da década de 1990, o mercado gospel expandiu-se por meio
de uma grande variedade de produtos, como CDs, DVDs, roupas, calçados, cosméticos,
brinquedos, bibelôs, acessórios, produtos de decoração, doces, material escolar, agendas e
revistas com marcas formadas por slogans de apelo religioso e versículos bíblicos (CUNHA,
2004; PAULA, 2007; MENDONÇA, 2008).
Quanto ao entretenimento gospel, nota-se o intensivo uso da mídia pelos evangélicos.
Cunha (2004) destaca a importância das rádios e também evidenciam outras mídias
referenciadas na produção musical: programas de clipes gospel, de variedades evangélicas e
revistas gospel. Mendonça (2008) acrescenta que os shows e eventos gospel também
ganharam destaque e contam com profissionalização e alta qualidade. Segundo Dolghie
(2004), esse movimento possibilita aos jovens cristãos aliarem a religiosidade ao gosto
musical e à diversão.
No movimento gospel, a música destaca-se como impulsionadora do consumo e do
entretenimento. A música gospel, descrita como emocional, espiritual, dinâmica e capaz de
entreter, exerce papel-chave como símbolo de identidade, além de funcionar como veículo
para a expressão cristã (PARSITAU, 2006). Para Mendonça e Kerr (2007), além de atender às
demandas espirituais, a música gospel demonstra atender às exigências de mercado. Ademais,
o gênero musical é constantemente estimulado pela cultura do consumo propagada pela mídia.
A expressão musical dos artistas gospel e a dos ministérios de louvor e adoração
configuram um escopo ainda maior: o modo de vida gospel. Analisar essas expressões na sua
totalidade é complicado, em vista à sua complexidade e ao extenso número de cantores e
grupos musicais e de CDs produzidos para um mercado em plena ascensão (CUNHA, 2004;
MENDONÇA, 2008). Segundo Dolghie (2007), o incontável número de bandas e músicos
que surgem é, também, conseqüência da facilidade em alugar um estúdio para gravar o
próprio CD, o que favorece o crescimento das produções autônomas no segmento gospel.
Verifica-se que os artistas do gênero, como quaisquer outros, possuem uma carreira,
gravam discos, apresentam espetáculos, cobram cachê, recebem prêmios, possuem fãs-clubes
e ditam moda. No entanto, para eles e para seu público, um aspecto distingue o mercado
religioso do secular: estes artistas e suas músicas são mediadores do sagrado, ou, na
linguagem popularizada no cenário evangélico, são “instrumentos de Deus”, “canais” ou
“porta-vozes” da divindade (CUNHA, 2004; PAULA, 2007).
Diante do crescimento do movimento gospel, referente à ampliação do mercado de
consumo e ao aumento da oportunidade de colocação profissional, do destaque conquistado
pela música e pelos cantores gospel e da importância do desenvolvimento da carreira
empreendedora, principalmente no cenário criativo, torna-se relevante pesquisar o
desenvolvimento de carreira dos cantores gospel.
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3 EMPREENDEDORISMO E DESENVOLVIMENTO DE CARREIRA - A trajetória
profissional de artistas e empreendedores pode ser compreendida a partir da abordagem do
desenvolvimento de carreira, e em especial, das características da carreira contemporânea e
carreira empreendedora, que confere ao indivíduo a responsabilidade por sua trajetória
profissional.
3.1 Desenvolvimento de Carreira - A temática de carreira pode ser tratada a partir de dois
modelos ou abordagens: a tradicional e a moderna ou contemporânea (CHANLAT, 1995;
MARTINS, 2001). Martins (2001) diferencia os dois modelos ou abordagens de carreira
afirmando que o conceito tradicional confere à organização a responsabilidade pela carreira
do indivíduo, enquanto que no conceito contemporâneo de carreira, o indivíduo assume a
responsabilidade da mesma.
Chanlat (1995) acrescenta que no modelo tradicional, a carreira é marcada por uma
certa estabilidade e uma progressão linear vertical. Contudo, a partir dos anos 1970, surge o
modelo moderno de carreira, marcado pela instabilidade, descontinuidade e horizontalidade.
No modelo moderno ou contemporâneo, a carreira é constituída de todas as
experiências profissionais, dentro ou fora de uma organização, e apresenta-se como um
caminho flexível, construído pelo indivíduo, que se modifica ao longo do tempo
(GREENHAUS; CALLANAN, 1994; MILKOVICH, BOUDREAU, 2000; HALL, 2002).
London e Stumph (1982) reforçam que a carreira envolve uma série de estágios e a
ocorrência de transições que refletem necessidades, motivos e aspirações individuais. Nesse
sentido, a abordagem de ciclos e estágios de carreira torna-se relevante para a compreensão do
desenvolvimento de carreiras nos dias atuais.
As carreiras movem-se em ciclos ao longo do tempo, e todas as pessoas podem passar
por estes ciclos e estágios várias vezes. As mudanças na carreira são determinadas com base
em uma variedade de oportunidades ou dificuldades e, também, pela personalidade e
tolerância a situações novas. O indivíduo, consciente de suas escolhas, vivencia estágios de
informação, transição e estabelecimento de subidentidade, aumento da adaptabilidade e da
autoconfiança, até que esse processo recomeça (MILKOVICH; BOUDREAU, 2000).
No estágio de informação, uma pessoa explora as atividades, esclarece interesses e
habilidades, constrói sua capacitação e reduz sua dependência da família (MILKOVICH;
BOUDREAU, 2000). Nesta fase de exploração da carreira, a aprendizagem pode ser do tipo
experiencial. De acordo com Kolb (1984), aprendizagem experiencial é o processo pelo qual o
conhecimento é criado por meio da transformação da experiência. Tal definição enfatiza que o
conhecimento é um processo de transformação, sendo continuamente criado e recriado. A
aprendizagem transforma a experiência tanto no seu caráter objetivo como no subjetivo.
Mediante experiências de imitação e de comunicação com outras pessoas e de interação com
o ambiente físico, as potencialidades de desenvolvimento são estimuladas e colocadas em
prática até que internalizadas como desenvolvimento efetivo independente.
O segundo estágio de carreira, a transição de subidentidade, ocorre no período de
socialização e orientação do indivíduo. A última parte do ciclo é o processo de exploração de
carreira iniciado de novo, podendo estar associado a um processo anterior de declínio. Este
recomeço pode acontecer a partir de uma transição identitária, ou seja, da mudança de valores
ou competências que alteram a identidade profissional, migrando o indivíduo para uma
carreira diferente (MILKOVICH; BOUDREAU, 2000).
A abordagem de ciclos e estágios de carreira, assim como a de carreira
contemporânea, evidencia a responsabilidade do indivíduo por sua trajetória profissional. Em
sua abordagem sobre carreira, Chanlat (1995) também distingue quatro tipos de carreiras: a
burocrática, a profissional, a empreendedora e a sociopolítica. Os dois primeiros tipos
relacionam-se com o modelo tradicional, enquanto os dois últimos, com o modelo
contemporâneo de carreira. Destaca-se, neste estudo, a carreira empreendedora.
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3.2 Empreendedorismo e Carreira Empreendedora - A carreira empreendedora é aquela
cujo foco está no indivíduo e na possibilidade de sucesso baseado em talentos e capacidades
individuais e que tem como elemento central de ascensão a criação de novos valores, produtos
e serviços, sendo a criatividade e a capacidade de inovação os seus principais recursos
(CHANLAT, 1995). Conforme Greenhaus e Callanan (1994), este tipo de carreira apresenta
um baixo grau de estruturação, previsibilidade e suporte e um alto grau de risco, como falha
pessoal, perdas financeiras e turbulências na carreira.
Os empreendedores normalmente possuem iniciativa para criar um novo negócio e
devem alimentar paixão pelo que faz, utilizam os recursos necessários disponíveis de forma
criativa, transformando o ambiente social e econômico onde vive e aceitando assumir os
riscos calculados e a possibilidade de fracasso (DORNELAS, 2005).
Outra característica dos empreendedores, segundo Greenhaus e Callanan (1994),
Hisrich e Peters (2004), Dornelas (2005) e Dolabela (2008), é a influência de um referente,
isto é, alguém que os influencia a tomar a decisão de empreender. Esses modelos podem ser
membros da família, outros empreendedores (HISRICH; PETERS, 2004; DOLABELA, 2008)
ou ainda amigos, líderes ou figuras importantes (DOLABELA, 2008), que além do papel de
influenciar na decisão da carreira empreendedora, podem também atuar como mentores
(GREENHAUS; CALLANAN, 1994; HISRICH; PETERS, 2004).
No entanto, Hisrich e Peters (2004) afirmam que a razão citada com mais freqüência
para que alguém se torne um empreendedor é a independência. De acordo com Schein (1996),
a inclinação profissional criatividade empreendedora é aquela na qual o impulso dos
indivíduos é especificamente orientado no sentido de empreender algo, criar novas
organizações, com uma grande necessidade de autonomia.
Gorz (2005) corrobora com esta idéia ao afirmar que a diferença existente entre sujeito
e empresa e força de trabalho e capital deve ser eliminada, de forma que este trabalhador
busque transformar-se em sua própria empresa e utilizar seus próprios produtos e idéias.
Chanlat (1995) ressalta que atualmente há uma concepção mais ampla acerca da
carreira empreendedora. Nela, estão inseridos os artistas, os fundadores de empresas culturais,
comunitárias ou beneficentes, bem como os artesãos, os comerciantes e os proprietários de
pequenas e médias empresas.
4 METODOLOGIA - Vários autores adotam diferentes tipos de classificação de pesquisa.
Nesse estudo, é considerada a tipologia proposta por Collis e Hussey (2005). Quanto ao
objetivo da pesquisa, esse estudo classifica-se como descritivo, pois aborda as peculiaridades
relativas à carreira empreendedora dos cantores. Quanto ao processo, a pesquisa é qualitativa,
pois é adequada para a compreensão do desenvolvimento de carreira dos cantores de música
gospel.
É pesquisa de campo, do tipo multicasos (TRIVIÑOS, 2007), pois são analisados
diferentes cantores. Quanto à classificação do estudo de caso, adotou-se a tipologia de
Triviños (2007), que o classifica em: histórico-organizacionais, observacionais e história de
vida. O presente trabalho pode ser classificado como história de vida, a qual, segundo o autor,
a entrevista aprofunda-se cada vez mais na “história de vida” do sujeito (TRIVIÑOS, 2007, p.
135). De acordo com Lopez (2008), é possível definir história de vida como a narrativa
construída a partir do que cada indivíduo guarda seletivamente em sua memória,
correspondente a como o indivíduo organiza e traduz para outro, parte daquilo que vive e
conhece. Paulilo (1999) acrescenta que a história de vida pode ser considerada instrumento
privilegiado para análise e interpretação, na medida em que incorpora experiências subjetivas
mescladas a contextos sociais.
A seleção dos sujeitos para pesquisa foi um procedimento desafiador, devido à
quantidade não estimada de profissionais atuando como cantores de música gospel.
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Primeiramente, foi pesquisada a existência de alguma associação ou organização de cantores
gospel cearenses. Como não se obteve êxito nesta procura, foi necessária a utilização de
fontes alternativas de pesquisa. Utilizou-se, como fonte de pesquisa (Fonte A ou FA), a
vivência dos autores no ambiente de comunidades evangélicas, eventos e shows de música
gospel. A segunda fonte pesquisada, Fonte B ou FB, foram os registros divulgados pela
Internet, rastreando os cantores a partir de portais de busca. A Fonte C ou FC foi a divulgação
dos cantores em sites de relacionamento. Em seguida, foi realizada a pesquisa em dois jornais
locais: Fonte D (FD) e Fonte E (FE). Em uma emissora de rádio gospel Fonte F (FF). E em
duas livrarias evangélicas por caracterizarem-se como pontos de venda de CDs e DVDs
gospel, denominadas de Fonte G (FG) e Fonte H (FH). Por fim, a Fonte I ou FI, refere-se aos
nomes indicados pelos cantores gospel quando indagados, ao final da entrevista, quais os
profissionais que têm uma importante atuação no contexto da música gospel cearense.
A partir da consulta às fontes explicadas, os sujeitos foram enumerados. Em seguida,
realizou-se o cruzamento das informações para observar quais cantores eram mais citados
pelas diversas fontes, gerando o Quadro 1.
Cantores
FA
FB
FC
FD
FE
FF
FG
Carlos Rilmar
X
X
X
X
X
Kátia di Jesus
X
X
X
X
Daniel Costa
X
X
X
X
Vânia Almeida
X
X
X
Alex Alves
X
X
X
Genny Pacheco
X
X
X
Rildo Freitas
X
X
X
Beto Brisa
X
X
Almerinda
X
X
Cynthia Ferreira
X
Jefferson Benny
X
X
Paulo Neto
X
X
Alberto Rilver
X
X
Ferreira Drum
X
X
Quadro 1. Mapeamento dos cantores de música gospel do Ceará.
Fonte: Elaborado pelos autores.
FH
FI
TOTAL
X
X
X
7
5
5
4
3
3
3
3
3
2
2
2
2
2
X
X
X
X
X
A partir do Quadro 1, é possível apontar os cantores conhecidos pelo maior número de
fontes. Ao considerar o critério de escolha dos profissionais mais citados, destacam-se os
nove cantores que estão presentes no total de 3 a 7 fontes de pesquisa. A amostra foi
selecionada pelo critério de acessibilidade que, segundo Vergara (2009, p. 47), “longe de
qualquer procedimento estatístico, seleciona elementos pela facilidade de acesso a eles”.
Entre os dias 21 de outubro e 04 de novembro de 2009, foram obtidos contatos de seis
cantores, dentre os quais, cinco aceitaram participar da pesquisa. Os sujeitos entrevistados
foram: Carlos Rilmar, Kátia di Jesus, Daniel Costa, Alex Alves e Genny Pacheco.
Na pesquisa de campo, a coleta de dados foi realizada por meio de questionário e
entrevistas semi-estruturados. Triviños (2007, p. 146) ressalta que na pesquisa qualitativa, a
entrevista semi-estruturada é um dos principais meios que tem o investigador para realizar a
coleta de dados. O questionário semi-estruturado foi elaborado pelos autores com base nos
conteúdos teóricos deste estudo. O roteiro de entrevistas é segmentado em cinco blocos, ou
seja, cinco categorias de análise: (i) Inserção na carreira; (ii) Aprendizagem profissional; (iii)
Consolidação da carreira; (iv) Satisfações desafios da carreira; e (v) Perspectivas para o futuro
profissional.
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A coleta de dados foi realizada entre os dias 21 de outubro e 07 de novembro de 2009.
Os dados coletados na entrevista por gravação de áudio foram posteriormente transcritos. A
análise qualitativa das entrevistas foi realizada por meio do procedimento analítico geral,
defendido por Miles e Huberman (1994 apud COLLIS; HUSSEY, 2005, p.246), adotando
como linha condutora os aspectos significativos das trajetórias profissionais, segmentadas de
acordo com as categorias de análise mencionadas.
5 HISTÓRIAS DE VIDA DOS CANTORES GOSPEL - As histórias de vida dos cantores
são apresentadas individualmente, com base nas categorias de análise definidas a partir dos
objetivos específicos deste estudo. Posteriormente, as trajetórias são analisadas de acordo
com a literatura consultada.
5.1 Carlos Rilmar (CR)
Inserção na carreira. A carreira de CR iniciou na música secular, aproximadamente em 1985,
quando era adolescente. Em 1990, aos vinte e dois anos de idade, foi contratado por uma
banda de forró. Segundo o cantor,
Os forrozeiros não tinham cabelo grande, não usavam brinco, eu que inventei esse
visual que o pessoal está mostrando, que é o cara de baby look, calça colada. Então a
gente começou a trabalhar em cima da sensualidade, meu marketing era em cima da
sensualidade, era conhecido como o Príncipe Pop do Forró. (CR)
Esse diferencial proporcionou um grande destaque ao cantor e à banda que pertencia.
No entanto, em 1996, CR passa por uma mudança, não apenas profissional, mas também de
estilo de vida. Percebe-se que a trajetória de CR passa por dois ciclos. No primeiro ciclo, ele
decide tornar-se cantor e tem a oportunidade de ser o vocalista de uma banda de forró.
Passados seis anos de contrato com a banda, CR passa por uma transição identitária,
abandonando a música secular e reiniciando um novo ciclo de carreira como cantor gospel.
CR afirma que foi o primeiro cantor gospel que inseriu o ritmo de “forró pop” em
músicas direcionadas ao público evangélico, revelando, mais uma vez, sua capacidade de
inovação no meio artístico.
Aprendizagem profissional. CR desenvolveu sua habilidade na prática, sem conhecimento e
aplicação de técnicas vocais. Porém, por cumprir uma extensa agenda de apresentações, o uso
inadequado de sua voz causou problemas na saúde de suas cordas vocais. CR afirma ainda
que o conhecimento que possui foi obtido durante a vivência nos ambientes de estúdios,
espetáculos e produção fonográfica ao longo de sua carreira. É possível considerar que o
cantor desenvolve a aprendizagem do tipo experiencial.
Consolidação da carreira. Quando se tornou cantor gospel, CR continuou adotando o ritmo
de forró, porém com mensagens cristãs, sem o apelo da sensualidade. Segundo CR:
Nas igrejas tinha um forró, mas não era um puro forró nordestino. [...] Era um ritmo
diferente, então, não existia. Hoje, eu falo pra glória de Deus, tem um segmento
gospel no estilo de forró, mas eu sei que fui o pioneiro. Eu paguei um preço
altíssimo. Eu comecei há treze anos atrás. (CR)
De acordo com CR, no início de sua carreira gospel, havia preconceito quanto ao uso
de sanfonas e outros instrumentos do gênero dentro das Igrejas, o que dificultou inicialmente
a divulgação do seu trabalho para o público evangélico. Após essa fase inicial, o cantor
passou a apresentar-se em vários eventos. Dentro das comunidades evangélicas são
organizados eventos que proporcionam o encontro de igrejas e a conquista de novos adeptos.
O músico, reconhecido por pastores e organizadores inseridos nesse ciclo de eventos, poderá
ampliar a divulgação de seu trabalho na dimensão local, nacional ou internacional.
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CR denomina-se de cantor independente, o que caracteriza o cantor que não contrata
empresário, nem músicos particulares e não tem custos com compositores, que concedem as
músicas para o cantor. Não tem contrato com gravadoras, recebendo recursos financeiros
através da venda de seus CDs e DVDs e através das ofertas, que são arrecadações voluntárias
realizadas pelos pastores nas igrejas. No total, já gravou oito CDs e dois DVDs como cantor
gospel. CR tem a profissão de cantor como única fonte de renda e considera que não há uma
estabilidade financeira, pois somente é remunerado quando convidado para as apresentações.
Satisfações e desafios. CR acredita que o maior benefício na carreira de cantor gospel é a
oportunidade de anunciar o evangelho através de sua música. Seu principal desafio foi o de
ser aceito entre os evangélicos que julgavam o ritmo de suas canções inadequado.
Perspectivas para o futuro profissional. O cantor destaca, para o futuro profissional, a
oportunidade de apresentações internacionais.
5.2 Kátia Di Jesus (KJ)
Inserção na Carreira. Com dez anos de idade, KJ tornou-se vocalista de uma banda. No ano
de 1991, enquanto divulgava seu trabalho no Ceará, foi vista pelo empresário de uma banda
de forró que propôs a gravação de um disco solo, com a condição da adoção do ritmo do forró
pela cantora. Antes de decidir cantar forró, KJ passou por um momento de crise, de transição
identitária. A cantora, em seu primeiro ciclo de carreira, iniciou tendo grande influência
materna quanto à adoção de vários ritmos musicais. Devido a uma imposição do mercado, a
cantora deu início a um novo ciclo de carreira adotando um único estilo, o forró.
No ano de 1999, KJ fez outra relevante escolha, tornou-se evangélica. Segundo a
cantora, as pessoas criticavam sua escolha devido a sua fama como cantora secular.
Continuei cantando. Aceitei Jesus, mas continuei fazendo os trabalhos. Eu tinha um
contrato a cumprir ainda com a gravadora e eu não podia deixar de fazer. Até que eu
não agüentei, assim, eu estava em cima do muro, eu ia pra igreja na semana e no
final de semana estava no palco cantando, e isso começou a me incomodar [...]
Então eu fiquei entre a cruz e a espada. (KJ)
Durante oito anos, a cantora passou por problemas financeiros, pois era rejeitada tanto
pelo público de dentro como de fora da igreja. Após filiar-se a uma Igreja de outra
denominação evangélica que dava maior oportunidade para a cantora mostrar seu trabalho,
deixou de fazer as apresentações seculares. O apoio da liderança de uma igreja foi um fator
determinante na continuidade da carreira.
Aprendizagem profissional. KJ afirma que aprendeu sua arte com sua mãe:
E tudo que eu ouvi de boa qualidade foi minha mãe que me deu, minha mãe que me
ensinou, minha mãe que me colocou pra ouvir. Foi minha mãe que me ensinava, que
me dava críticas, falava: está desafinado, você tem que entrar assim e enfim minha
mãe foi minha professora. (KJ)
Segundo KJ, sua mãe era cantora e ensinou-lhe sobre a profissão. Também afirma que
a vivência em shows e estúdios foi suficiente para o aprendizado durante sua carreira, tanto
para cantar como pra trabalhar em produções. KJ desenvolveu a aprendizagem experiencial.
Consolidação da Carreira. KJ não cobra cachê pelas apresentações. A cantora recebe o
retorno financeiro do seu trabalho mediante venda dos CDs ou pelas ofertas. KJ faz parte de
uma gravadora regional, que responsabiliza-se em divulgar o trabalho e fornecer os CDs para
ela quando é solicitado. Na venda dos CDs, um percentual é destinado à cantora e outro à
gravadora. Os pontos fixos de venda dos CDs são as livrarias evangélicas e a sede da igreja
que participa. Costuma apresentar-se cinco vezes na semana, em sua maioria na igreja que
frequenta. Também já se apresentou em outros estados, principalmente os da Região
9
Nordeste. Como cantora gospel, KJ está finalizando o quarto CD. Seu trabalho como cantora
sempre foi a sua única fonte de renda.
Satisfações e Desafios. KJ sente-se feliz por sua profissão, pois acredita que possui um dom
natural para o canto. Como cantora gospel, afirma que não tem dificuldades, porém destaca-se
o período que ela passou sem reconhecimento, em sua primeira igreja.
Perspectivas para o Futuro Profissional. Quanto às suas expectativas, ela declara:
Espero que todos gostem do trabalho, somente que as pessoas ouçam, que eu possa
continuar trabalhando com saúde. Acho que está de bom tamanho, se eu estiver com
saúde está bom, dinheiro a gente faz, fabrica todos os dias. Não fiz nenhuma reserva
na minha vida, mas eu acho que o que vier de Deus é bom, o que vier do Senhor pra
mim está bom. (KJ)
A carreira profissional da cantora confunde-se com o percurso natural da sua vida
pessoal. Desde criança, sua atividade profissional é exercida e a expectativa é que até sua
aposentadoria, cantar seja a principal atividade produtiva da artista.
5.3 Daniel Costa (DC)
Inserção na Carreira. Quanto ao início de sua carreira, DC afirma: “Eu sempre gostei de
música, desde menino. Por ter nascido num lar evangélico, eu sempre estive envolvido com a
música dentro da igreja: tocando instrumentos, cantando, fazendo parte do grupo de louvor da
igreja etc.” (DC) Nota-se, no caso de DC, a ambiência favorável nas comunidades evangélicas
como estímulo ao potencial criativo do jovem. Na igreja, DC tinha a oportunidade de cantar e
apresentar suas composições, sendo visto por muitas pessoas.
E alguém da principal rádio evangélica de Fortaleza disse: – Daniel, porque você
não grava uma música e traz pra gente aqui? Eu fiz isso [...]. [A música] começou a
tocar na rádio e rapidamente ela foi a mais pedida, naquela época, então tocava de
dez a doze vezes por dia. Durante vários e vários dias ela foi considerada a música
mais tocada [...] (DC)
A positiva aceitação do público incentivou o cantor para a gravação do seu primeiro
CD que foi produzido no ano de 2001, por um produtor conhecido nacionalmente.
Aprendizagem profissional. O cantor afirmou que nunca participou de um curso formal de
canto mas, eventualmente, teve algum acompanhamento profissional. DC não aprendeu
apenas a cantar, é compositor, realiza a produção e os arranjos de seus CDs e toca violão.
Todas essas habilidades foram aprendidas durante a experiência e vivência musical. Além
disso, DC acredita que seus talentos foram presenteados por Deus.
Consolidação da Carreira. DC considera que o ritmo adotado em suas canções é o pop rock,
trazendo algumas baladas também.
Eu cresci, me desenvolvi na igreja ouvindo esse tipo de música, esse perfil, e me
identificando muito com ele [...]. É muito da história do que eu ouvia na igreja, eu
participei de um momento de transição da música evangélica no país que
relacionava-se muito com esse estilo. (DC)
É possível identificar esse “momento de transição”, definido pelo cantor, como a
“explosão gospel” abordada por Cunha (2004), movimento baseado na renovação musical
evangélica, tendo maior aceitação entre a juventude.
O cantor apresenta-se em igrejas e eventos, e já realizou modestas divulgações em
países estrangeiros. A partir disso, o cantor decidiu dedicar-se à carreira de cantor de maneira
integral. Analisando a carreira de DC sob a perspectiva de ciclos abordada por Milkovich e
Boudreau (2000), o cantor começa a estabilizar-se na carreira, passando a desenvolvê-la como
única atividade produtiva. DC é um cantor independente e está divulgando seu quarto CD.
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Satisfações e Desafios. O cantor sente-se plenamente satisfeito com seu trabalho, e justifica
que suas músicas expressam palavras de fé, esperança, amor, paz e transformação de vida. DC
declara que a paixão pelo que faz é um aspecto motivador na sua carreira. Quanto às
dificuldades iniciais, DC afirma que foi a falta de recursos financeiros pois, além dos custos
de produção, existem ainda os custos de reprodução do CD que são elevados.
Perspectivas para o Futuro Profissional. DC afirma:
A minha vontade é que meu ministério, meu trabalho, minhas canções tenham a
maior projeção possível. Obviamente existem preços que eu não vou pagar pra que
isso aconteça [...], mas eu desejo que o meu ministério, as minhas canções, a minha
vida cause o maior impacto possível, no maior número de pessoas possível, no
Brasil e fora do Brasil. (DC)
Explicita-se, neste discurso, suas perspectivas e os sonhos para sua carreira. O cantor
afirma que está projetando para os próximos anos um trabalho de maior impacto na região
Nordeste, buscando o apoio de pastores e produtores de evento. Para realizar essa divulgação,
ele considera a possibilidade de filiar-se a uma gravadora e mostra ter flexibilidade para
adaptar-se às oportunidades que podem surgir em seu futuro profissional.
5.4 Alex Alves (AA)
Inserção na Carreira. AA conta que iniciou sua carreira por volta dos 21 anos de idade, no
ano de 1999, por incentivo pela igreja que pertencia, a Renascer em Cristo, que segundo
Cunha (2007), foi a responsável pela popularização e disseminação do termo gospel. O cantor
reconhece a atuação da igreja no desenvolvimento dos músicos.
Após iniciar sua carreira de cantor como vocalista de uma banda, AA teve a
oportunidade de exercer outra atividade, a de produtor de eventos, conciliando essas duas
profissões no mercado gospel. Posteriormente, o cantou decidiu iniciar sua carreira solo.
Aprendizagem profissional. AA afirma que nunca freqüentou aulas de técnicas vocais, mas é
capaz de aprender ouvindo músicas de diferentes estilos. O seu trabalho como produtor de
eventos também contribui para sua aprendizagem, devido ao contato direto com artistas
evangélicos de todo o país e com o mercado musical em âmbito geral. É válido ressaltar que a
produção de eventos e composições também foi algo que aprendeu na prática, a partir da
vivência da profissão. Percebe-se, no cantor, o processo de aprendizagem experiencial.
Consolidação da Carreira. O ritmo adotado pelo cantor é o rock. Por adotar esse estilo, AA
não faz muitas apresentações em igrejas, fazendo em média quatro shows por mês. AA é um
cantor independente. Em sua carreira solo, gravou três CDs e um DVD, compondo a maioria
das suas músicas. A sua atuação como produtor de eventos também facilita na divulgação do
seu trabalho. AA não tem a profissão de cantor como única atividade produtiva, pois afirma:
“Realmente, como cantor hoje não daria pra eu sobreviver [...]. Eu sobrevivo mais da
realização de eventos do que como cantor”. (AA)
Satisfações e Desafios. Quanto à satisfação na carreira, AA afirma: “Eu gosto do que eu faço,
eu me sinto realizado. A gente está ali levando a mensagem de vida, não só a parte de cantar”
(AA). A principal dificuldade que enfrentou, no início, foi a falta de recursos financeiros e,
atualmente, acredita que sua dificuldade é não possuir uma gravadora para incrementar a
divulgação de seu trabalho.
Perspectivas para o Futuro Profissional. Seu desejo para o futuro profissional é:
Tem assim, uma grande vontade da gente ter uma gravadora pra poder o Brasil todo
reconhecer o nosso trabalho, conhecer o nosso trabalho. Eu acho que esse novo
disco merecia, mas Deus está na frente e a gente vai ver o que vai acontecer. Às
vezes nós pensamos de uma forma e achamos que vai ser bom daquela forma, mas
não, Deus é que sabe o que vai acontecer lá na frente. (AA)
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Percebe-se que o cantor busca maior reconhecimento do seu trabalho por meio de
contratos com gravadoras.
5.5 Genny Pacheco (GP)
Inserção na Carreira. Com 19 anos, GP se converteu ao protestantismo. Segundo ela:
“Quando eu aceitei Jesus achava bonito ver as pessoas cantando na igreja [...]. Eu vi aqueles
conjuntos cantando e fiquei com vontade de cantar em todos”. (GP)
Aos 29 anos de idade, em 1996, mudou-se para a capital do Ceará com seu esposo e
conheceu duas cantoras que desejavam gravar um CD, mas não possuíam condições
financeiras para tal, então as três uniram esforços pra produzir um CD gospel.
GP exercia ainda duas atividades profissionais:
Eu lutava na vida secular [...] vendendo roupa [...]. Cheguei aqui em 1996 e em 1997
já comecei a trabalhar e na carreira [de cantora]. Só que a arte, a música, não me
dava condições de viver como eu vivo hoje. Hoje eu vivo só da música, eu canto
todas as noites nas igrejas. (GP)
GP passou a trabalhar apenas como cantora a partir do ano de 2006.
Aprendizagem profissional. GP procurou uma professora de canto antes de gravar seu
segundo CD. Com suas aulas, aprendeu técnicas vocais durante seis meses, no ano de 1998.
A cantora reconhece a importância que das aulas para a sua profissão:
A aula de canto melhorou muito, seria bom estar sempre com aula de canto, com
fonoaudiólogo, e a gente relaxa até por uma falta de tempo e até por condição
mesmo porque não é tão barato também ter um bom fonoaudiólogo, um bom
professor de canto. A gente tem que estar trabalhando, lutando e falta tempo [...]. Eu
fiz e gostei muito, aprendi muito, hoje eu utilizo alguns recursos que eu não
imaginava que tinha e hoje eu sei que tem, e eu tenho certeza que tem bem mais.
Tudo depende do esforço e do estudo, do conhecimento que você vai tendo. (GP)
GP buscou desenvolver-se a partir da capacitação ou treinamento presencial, porém a
falta de tempo disponível e de condições financeiras dificultou a continuidade do
aperfeiçoamento ao longo de sua carreira.
Consolidação da Carreira. Em 1997, uma música do seu primeiro CD fez sucesso nas rádios
de Fortaleza, tornando-a conhecida. GP passou a cantar em diferentes estados do Nordeste,
apresentando-se em igrejas, televisão, rádios e grandes auditórios e casas de shows. A cantora
viaja a convite de pastores e também já fez apresentações em igrejas do Paraguai.
GP é cantora independente e tem cinco CDs e dois DVDs gravados. O meio de
divulgação mais importante para a cantora é a rádio, sendo apresentadora de um programa
semanal numa estação gospel de Fortaleza. GP faz apresentações em igrejas durante todos os
dias da semana e desenvolve a carreira de cantora como única atividade produtiva.
Satisfações e Desafios. GP considera como benefício:
A maior alegria é saber que você está sendo útil pra alguém, que você pode abençoar
vidas, e não só uma, duas ou dez, mas centenas de vidas. A nossa real alegria é ter
um reconhecimento a ponto das pessoas comprar o material porque gosta, não por
ter pena da cantora. Pra glória de Deus, eu não preciso disso. Quero que a pessoa
compre porque gosta do material, da música, do que está comprando. (GP)
GP enumera, ainda, uma série de dificuldades do início da carreira:
Os maiores obstáculos do cantor é: Vai sofrer muito com a parte financeira, falta de
dinheiro. Divulgação não vai ter porque não tem condição de pagar.
Automaticamente vai gastar muito pra gravar o CD, ele precisa produzir o material,
reproduzir e vender. Pra vender, o povo tem que gostar e tem que conhecer as
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músicas e ele tem que ser chamado, tem que ter oportunidade de cantar pra que as
pessoas vejam ele cantando. (GP)
Com todos os obstáculos, a cantora revelou sempre estar muito motivada.
Perspectivas para o Futuro Profissional. Seus objetivos são gravar um bom CD, em São
Paulo, com um repertório e produção de qualidade, e ser reconhecida nacionalmente.
6 ANÁLISE DA CARREIRA DOS CANTORES GOSPEL - Os cantores pesquisados
iniciaram suas carreiras entre final dos anos 1990 e início dos anos 2000. Segundo Cunha
(2007), foi a partir da década de 1990 que o movimento gospel teve maior repercussão.
Os cantores desenvolvem suas carreiras sob a perspectiva de ciclos e estágios
abordada por Milkovich e Boudreau (2000), sendo que há relativo equilíbrio entre cantores
com origem nas comunidades evangélicas, que estabilizam-se no primeiro ciclo de suas
carreiras e os cantores com início de carreira em contexto secular que, após passar por uma
transição de identidade, iniciam outro ciclo de carreira encontrando uma estabilização
profissional e motivacional na música gospel.
Nota-se que na transição para a música gospel, os cantores tiveram a possibilidade de
manter o gosto musical e incorporar os conhecimentos obtidos no primeiro ciclo de carreira,
na música secular, atendendo assim as exigências de mercado e atraindo a juventude,
conforme destacam Mendonça e Kerr (2007). No entanto, a postura e a mensagem transmitida
diferem da antiga, evidenciando que na música gospel, conforme destaca Cunha (2004) e
Paula (2007), os artistas não se consideram apenas cantores, mas mensageiros divinos.
Os entrevistaram dedicam-se ao cultivo de networks, que Greenhaus e Callanan (1994)
destacam como uma das estratégias que podem ser adotadas para atingir as metas de carreira.
Há muitas possibilidades de construção dessa rede interpessoal no contexto protestante, pois
diversas igrejas estão relacionadas hierarquicamente, possuindo filiais que respondem a uma
sede regional, que se submete a outra nacional. Outras são independentes, mas estão filiadas a
convenções estaduais submetidas a convenções nacionais e mundiais. Com isso, igrejas de
diferentes cidades, estados e países mantêm relacionamentos, e muitos eventos acontecem
nesse contexto. Dessa forma, o cantor que se apresenta nesses eventos é visto por vários
pastores, líderes religiosos e pessoas evangélicas de diferentes lugares, tornando-se
conhecido, estabelecendo contatos e gerando oportunidades e convites para outros eventos.
A maioria dos entrevistados desenvolve-se com o processo de aprendizagem
experiencial, abordada por Kolb (1984). Diferente da abordagem de Florida (2002), em que a
classe criativa resume-se a profissionais com grau de escolaridade elevado, nota-se que a
capacidade criativa dos indivíduos está desvinculada a uma formação acadêmica, mas está
atrelados a talentos inatos desenvolvidos e aprimorados com a experiência.
Verifica-se que, de acordo com a abordagem de Latoeira (2007) sobre o
desenvolvimento do processo criativo através do estímulo do talento inato existente nos
jovens, as igrejas vêm desempenhando esse papel de estimular o potencial criativo da
juventude, principalmente na área musical, conforme mencionado nos relatos dos cantores
pesquisados que foram incentivados pelas igrejas em suas carreiras na música gospel.
Os artistas entrevistados demonstraram receber influência de referentes em sua decisão
de iniciar-se na carreira. Segundo Hisrich e Peters (2004), referentes são os indivíduos que
influenciam a escolha e o estilo de carreira de um empreendedor. Para os entrevistados, os
referentes foram outros artistas e cantores pertencentes ou não ao movimento gospel, e
principalmente, os familiares.
Percebe-se que os cantores desenvolvem carreiras empreendedoras de acordo com o
conceito proposto por Chanlat (1995). Os sujeitos também tendem a agir de maneira
inovadora e independente na música gospel e seu sucesso depende de sua criatividade e
13
habilidades individuais, alinhando-se às características empreendedoras abordadas por Hisrich
e Peters (2004). Os cantores parecem ter inclinação empreendedora (SCHEIN, 1996) e
trabalham de maneira autônoma, gerenciando as apresentações, a venda e a divulgação do seu
trabalho. Assumem riscos e são motivados a conquistar maior sucesso e crescimento em suas
carreiras. A carreira dos entrevistados está desvinculada à uma organização específica, mas
constitui-se da soma das experiências vividas, caracterizando-se como carreiras
contemporâneas defendidas por Greenhaus e Callanan (1994), Milkovich e Boudreau (2000)
e Hall (2002). Eles mobilizam pessoas, recursos, criam oportunidades e determinam seu ritmo
de trabalho.
Os cantores pesquisados sentem-se realizados por exercer a atividade em que tem
entusiasmo e paixão, porém enfrentam dificuldades de inserção na mídia, apoio financeiro e
reconhecimento profissional. Pode-se notar que os entrevistados renunciariam em parte sua
autonomia e independência para filiar-se a uma gravadora, o que evidencia que os riscos
oferecidos pela carreira empreendedora podem ser tão elevados que motivem os indivíduos a
vincularem suas carreiras a uma organização específica que ofereça maior estabilidade,
reconhecimento e retorno financeiro.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS - A partir dos resultados obtidos com esta pesquisa, é
possível ressaltar algumas informações quanto aos objetivos propostos, à pergunta orientadora
e, ainda, ponderar sugestões para pesquisas futuras.
Ao investigar como ocorreu a inserção dos proeminentes cantores de música gospel do
Estado do Ceará, percebe-se, quanto à iniciação na carreira e às motivações que os fizeram
optar por esta profissão, que suas inserções profissionais são dividas por aquelas provenientes
de outro segmento (no caso, a música secular) que, em um segundo momento, adotaram
novos valores religiosos e aquelas que já surgiram mediante apoio das próprias comunidades
evangélicas. Ademais, sobressai-se, no estudo em questão, cantores que começaram sua
carreira sem quaisquer habilidades para o canto, o que veio a ser desenvolvido a partir de
oportunidades oferecidas pelas comunidades evangélicas em participar de suas atividades
musicais. Para inserir-se neste mercado, muitos cantores foram influenciados, principalmente,
pela família e/ou igreja à qual pertecem. Pela dificuldade de gerar retornos financeiros, a
maioria destes cantores manteve outra carreira em paralelo até conseguirem ganhar
suficientemente com a profissão.
Quanto ao processo de aprendizagem, verifica-se que, mesmo considerando a
importância das comunidades evangélicas na formação de alguns entrevistados, a
aprendizagem é adquirida também mediante a prática da profissão e compartilhamento de
conhecimento com outros artistas, produtores e profissionais do setor de música gospel.
Percebe-se também que, aqueles que iniciaram sua carreira na música laica, aproveitaram seus
conhecimentos para aprimorar seu trabalho na vertente gospel. O tipo de aprendizagem
predominante é a experiencial.
Em relação à verificação de como a carreira destes cantores foi ampliada e
consolidada, pode-se afirmar que a carreira foi impulsionada mediante participação em cultos
evangélicos, rádios, shows e eventos. É interessante notificar a importância do cultivo de
redes de relacionamento para a obtenção de reconhecimento e de convites para participação
em eventos e cerimônias religiosas. Mesmo com a relevância dos relacionamentos para a
carreira destes cantores, a frequência de suas apresentações irá variar também de acordo com
o ritmo adotado: aqueles mais populares, como rock e forró, terão menos oportunidades de
apresentarem seus trabalhos em templos religiosos. Outra dificuldade que merece relevância é
o fato destes cantores empreendedores contarem apenas consigo como responsável para
divulgação e venda de seu trabalho, não contando com empresário ou gravadora.
14
Quanto às satisfações e desafios enumerados pelos entrevistados, destaca-se como as
principais satisfações, o fato de poder divulgar o evangelho e emitir mensagens positivas para
os ouvintes, e a oportunidade de desenvolver as habilidades artísticas. Em contramão, as
demais dificuldades consistem na falta de recursos financeiros, de apoio dos profissionais do
setor e de reconhecimento das igrejas e das rádios. Para tentar superar estes obstáculos
encontrados ao longo de suas carreiras, os entrevistados voltam-se à orientação espiritual e ao
apoio da família e da igreja.
Em relação às perspectivas futuras, verifica-se que os artistas buscam maior inserção
na mídia e reconhecimento profissional. Ademais, alguns destes sujeitos aspiram
reconhecimento nacional e internacional, enquanto outros intentam filiar-se a uma gravadora
com o intuito de ampliar suas divulgações e as oportunidades de inserção na mídia de massa
juntamente ao reconhecimento de seus trabalhos.
Por fim, pôde-se constatar que os sujeitos desenvolvem carreiras empreendedoras,
participando ativa e diretamente da negociação de contrato e vendas, sendo motivados por
suas habilidades criativas individuais e aceitando os riscos referentes a esse tipo de carreira
que são, principalmente, a falta de previsibilidade e de apoio financeiro.
Além disso, percebe-se que a carreira destes sujeitos desenvolve-se por meio de ciclos
e estágios, demarcados por um relativo equilíbrio entre cantores com origem nas comunidades
evangélicas e com início de carreira em contexto secular. Estes últimos passaram por uma
transição de identidade, de modo a incorporar valores e crenças protestantes, e reiniciaram um
novo ciclo, encontrando uma estabilização profissional e motivacional na música gospel.
Considerando a relevância do presente estudo, sugere-se o seu prosseguimento
mediante elaboração de estudos longitudinais para registro da futura trajetória dos cantores
entrevistados em outro ciclo de carreira. Outra possibilidade de pesquisa configura-se em sua
ampliação para uma perspectiva da indústria criativa nacional, propondo-se a investigar as
carreiras de cantores de todo o país, que obtêm premiações e foram contratados por grandes
gravadoras. Ou, ainda considerando a indústria cearense, é válido pesquisar a carreira dos
cantores nascidos no Estado do Ceará que construíram sua carreira em outras localidades.
Pode-se sugerir, também, uma extensão da pesquisa para investigar as carreiras dos
compositores, produtores, bandas e conjuntos musicais. Estudar as organizações pertencentes
ao setor de música gospel como gravadoras, produtoras, editoras e emissoras de rádio,
também seria de grande valia para as pesquisas aqui empreendidas.
Percebe-se, portanto, que a escassez de estudos sobre a música gospel na produção
científica cearense e nacional é inversamente proporcional à grande diversidade de pesquisas
que podem ser realizadas sobre o setor, em vista às oportunidades de desenvolvimento
profissional não apenas em atividades núcleo, como também em atividades relacionadas e de
apoio a estes músicos. Desta forma, ratifica-se a importância das atividades criativas,
principalmente aquelas atuantes em organizações protestantes, como estratégia para gerar
desenvolvimento social, econômico e cultural para todos os atores envolvidos.
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