Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT Ultrapassagem: Uma abordagem adaptada ao ensino de física. Celso Gonçalves de Quadros Antonio Carlos de Francisco Sani de Carvalho Rutz da Silva Resumo O presente artigo tem por finalidade propor a inclusão do tema trânsito na disciplina de Física, focando-se na análise da manobra de ultrapassagem, que possui alto grau de risco se alguns princípios físicos não forem respeitados. Este trabalho, além de proporcionar o ensino de alguns tópicos de física no contexto do aluno, pretende fazer com que as pessoas que o discutirem, possam acrescentar novos conceitos para ampliar seu aprendizado teórico sobre trânsito. Desta forma, destaca-se a importância do tema ultrapassagem, cujo objetivo é fornecer parâmetros que possibilitem tornar esta manobra mais segura. O tema é proposto inicialmente para o aluno, porque na grande maioria das vezes, é ele um agente de divulgação em sua casa ou em outros locais, e também por ser frequentemente, o passageiro ou um dos passageiros de um veículo. Palavras-chave: Ultrapassagem, direção defensiva, segurança no trânsito, ensino de física. Abstract Passing: An approach adapted to physics teaching. The present article has for purpose to propose the inclusion of the theme in Physics discipline, being focused in the analysis of the passing maneuver that possesses high risk degree if some physical beginnings be not respected. This work, besides providing the teaching of some physics topics in the student's context, intends to do with that the people that discuss it, they can increase new concepts to enlarge his theoretical learning on traffic. This way, he stands out the importance of the theme passing, whose objective is to supply parameters to make possible to turn this safer maneuver. The theme is proposed initially for the student, because in the great majority of the times, it is him a popularization agent in his house or in other places, and also for being him, frequently, the passenger or one of the passengers of a vehicle. Keywords: Passing, defensive direction, safety in the traffic, physics I Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia – 2009 649 ISBN: 978-85-7014-048-7 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT teaching. Introdução O trânsito, sempre foi, e continua sendo um segmento causador de muitos acidentes, e talvez pela sua dinâmica, faz com que, a cada segundo, o condutor de um veículo se defronte com uma nova situação ao seu redor, seja na cidade ou na estrada. Desta maneira, um veículo em movimento pode estar transitando numa via muito tranqüila, porém, em qualquer lugar e a qualquer momento, a chance do mesmo se defrontar com outro veículo ou pessoa fazendo o uso da mesma via é muito grande, determinando assim uma situação de risco, tanto para o condutor do veículo e os outros ocupantes do mesmo, quanto para pessoas em outros veículos ou fora deles. Situações de trânsito servem muito para contextualizar as aulas, tanto no ensino fundamental, em ciências, quanto no ensino médio, na disciplina de física e outras. O tema trânsito pode e deve ser tratado cada vez mais nas escolas, nas várias situações que o mesmo exige, e nos vários níveis que a escola pode contribuir, tornando assim as aulas mais atrativas e abrangentes, e o conhecimento acerca do tema mais discutido e difundido. Sugere-se com esse trabalho, portanto, que se faça a abordagem proposta, provendo de um significado maior os tópicos tratados na disciplina, possibilitando aos estudantes melhor compreensão, e às escolas, cumprirem de forma cada vez mais construtiva a sua função na sociedade. Desta forma, os PCN+ ( parâmetros curriculares nacionais ), sugerem a energia e a potência associadas aos movimentos, como temas estruturadores para serem trabalhados em física no ensino médio, os quais estão inseridos na manobra proposta para ser analisada nesse trabalho. O trânsito e a física Hoje, com o aumento do volume de tráfego, temos um mundo dinâmico onde há vários riscos em potencial, e os objetos desse mundo, que são os veículos, tem no comando um personagem determinante de algumas situações de risco, que é o condutor, usuário do sistema de tráfego. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, de 1994, citado por MARIN, o comportamento do condutor é o principal fator responsável por acidentes de trânsito, os quais I Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia – 2009 650 ISBN: 978-85-7014-048-7 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT ocorrem em algumas situações devido à falta de maior conhecimento sobre o tema, habilidade, ou por excesso de confiança em si mesmo, ou no veículo. Especificamente em relação à capacitação do condutor de veículos automotores, há necessidade de uma dosagem adequada de conhecimento teórico e desenvolvimento de habilidades motoras específicas, e sobre este aspecto nos diz SILVA: “O usuário de um sistema de tráfego pode ser analisado como um sistema que, recebendo uma entrada, processa-a e produz uma saída, e no caso específico, as entradas são os estímulos sofridos pelo usuário, e as saídas são suas reações a esses estímulos. Desta maneira, um fator também importante e determinante de situações de risco está associado ao tempo de reação dos indivíduos, que, quanto maior, acaba por fazer com que uma situação de pouco grau de risco de acidente, possa se transformar numa situação de alto grau de risco”. No entanto, observa-se que acidentes de trânsito continuam acontecendo, das mais variadas naturezas, e com os mais variados efeitos, ceifando vidas e mutilando pessoas, trazendo transtornos sociais e financeiros, e o quadro não muda muito, ano após ano no Brasil, e também não é diferente em outros países. Fazendo-se uma análise mais apurada de alguns princípios físicos em determinadas situações no trânsito, podemos fazer previsões mais confiáveis, e teoricamente, uma vez conhecidas as causas, é possível evitar alguns tipos de acidentes, ou minimizar seus efeitos. Embora existam várias campanhas para prevenção de acidentes, veiculadas por parte das autoridades e outras entidades envolvidas, cujos objetivos são educativos, e também das leis de trânsito, as quais devem ser obedecidas, verifica-se que ainda há muitos problemas desta natureza. Em especial, referindo-se à ultrapassagem, a qual se encontra no Código de Trânsito Brasileiro - CTB, na lei 9503 de 23/09/07, capítulo XV, que trata das infrações, no artigo 191, cujo teor é “Forçar passagem entre veículos que, transitando em sentidos opostos, que estejam na iminência de passar um pelo outro ao realizar operação de ultrapassagem”, e no artigo 203, cujo teor é “efetuar a ultrapassagem pela contramão: I - nas curvas, aclives e declives, sem visibilidade suficiente; V - onde houver marcação viária longitudinal de divisão de fluxos opostos do tipo linha dupla contínua ou simples contínua amarela. Com relação ao CTB, a obediência às leis não se deve apenas para não gerar multa e infração gravíssima, no caso dos artigos citados, mas sim, por motivos justificáveis pelas leis da física, ou seja, onde há proibições, entende-se que algum estudo I Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia – 2009 651 ISBN: 978-85-7014-048-7 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT técnico prévio já foi realizado para amparar estas medidas de prevenção. No entanto, é de suma importância salientar que onde não há proibições sinalizadas, como é o caso da maioria das estradas rurais, por exemplo, o condutor deve ter capacidade de avaliar as condições, necessitando, portanto, em qualquer situação de tráfego, de conhecimento técnico teórico, além de habilidade. Aumentar o grau de segurança de um deslocamento realizado por veículos é uma tarefa multidisciplinar, que envolve muitas variáveis, porém, neste trabalho considera-se como objeto de estudo apenas o condutor, que é o usuário do sistema de tráfego, e um dos participantes diretos do processo, e com potencial tanto para gerar quanto para evitar um acidente. Outras frentes de estudos podem ser consideradas e citadas, para combater outros agentes causadores, porém, no caso particular do condutor, o elemento principal de uma via, atribui-se também para ele outras responsabilidades, como citam RAIA E SANTOS: “A segurança do sistema de transporte rodoviário se baseia no fato de que os usuários do sistema respeitam a regulamentação. Neste sentido há alguns aspectos chaves para os condutores: Velocidade, condução sóbria, uso do cinto de segurança e outros dispositivos de segurança. Seguindo as regras nesses aspectos citados, cada condutor pode ajudar na redução do perigo. Então, é importante que os condutores saibam as regras, as aceitem e as obedeçam.” Em relação ao que os autores afirmam, podemos perceber que, a situação atual evidencia que as campanhas de prevenção de acidentes têm uma eficácia que opera dentro de certos limites, e são sempre válidas, porém, não têm alcançando totalmente os objetivos propostos diante de determinado público. É importante salientar que este fato ocorre, não por incompetência das pessoas ou entidades envolvidas, mas sim, devido ao comportamento de alguns condutores que ainda insistem em infringir as leis de trânsito, que são regidas por princípios físicos que os mesmos obrigatoriamente deveriam conhecer. Sobre a ótica da física, o trânsito é uma situação dinâmica, onde os corpos em movimento têm características específicas, determinantes das condições de fluxo de uma via, que são: As dimensões, a massa, a velocidade e a aceleração dos veículos. Outros fatores estão presentes, como a potência, a força de resistência do ar e a eficiência da frenagem em qualquer situação, que também é um fator que já causou muitos acidentes graves, tanto nas cidades, com velocidades menores, quanto nas estradas, com velocidades maiores. I Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia – 2009 652 ISBN: 978-85-7014-048-7 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT Com relação à eficiência de frenagem, podemos citar como exemplo um carrinho de rolamento, que hoje em dia não é muito comum, ou mesmo num skate, patins ou bicicleta. Neste contexto, um jovem ou menino, usuário desses meios de transporte sabe que, um aspecto importante além saber andar, é encontrar um meio eficiente de fazê-los parar. Esta noção primitiva leva-o a perceber intuitivamente que o movimento obedece a leis físicas, e se a parada não for gradativa, de forma a atender os padrões de suporte de força do ser humano, os efeitos podem ser sentidos da pior maneira, ou seja, o movimento descontrolado de um meio de transporte pode, assim, causar alguma lesão em seu ocupante e/ou em outros. Ainda podemos citar que o movimento de um veículo representa um trabalho físico, o qual depende de energia, e o tempo de utilização de uma quantidade de energia determina a potência. O aluno aprende na escola os conceitos de trabalho físico, energia e potência de maneira formal, porém, isto parece não bastar atualmente, onde a conexão destas informações com a realidade não está ocorrendo, e segundo MORETTO (1999), é preciso que se desenvolvam procedimentos para que os alunos possam adquirir atitudes, e o desenvolvimento pleno da cidadania. No que se refere ao tema trânsito, de uma maneira geral, trabalhos devem ser feitos pelas escolas para a melhoria da compreensão de seus mecanismos de operacionalização segura. Desta forma, destacando-se os conceitos físicos relacionados ao trânsito, é de suma importância frisar que, para o movimento de veículos numa estrada, por exemplo, os parâmetros físicos quanto à energia e potência são muito grandes, quando comparados às mesmas grandezas suportadas pelos seres humanos. Muitas vezes, nas rodovias, colisões frontais possuem potência suficiente para destruir completamente dois automóveis, ou proporcionalmente, dois caminhões, num intervalo de tempo que vai desde uma fração de segundo, até alguns segundos, sendo este o intervalo de tempo em que a maioria das deformações sofridas pelos veículos acontece. Sabe-se que um motorista aprende, após algum tempo de habilitação e direção, a resolver várias situações de domínio do seu veículo no trânsito, principalmente nas estradas, porém, numa situação específica, onde os parâmetros físicos envolvidos são ligeiramente diferentes daqueles nos quais o motorista aprendeu a adquirir confiança, há uma chance potencial de ser gerado um acidente. O conhecimento efetivo dos princípios físicos de uma ultrapassagem pode ser alcançado em curto prazo, por uma pessoa que se habilita a dirigir, porém, como o conhecimento é resultado de um processo, este pode começar a ser desenvolvido nas escolas de ensino médio, que tem um público em idade ideal, ainda que não sejam condutores. Nesta faixa etária, podem I Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia – 2009 653 ISBN: 978-85-7014-048-7 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT tratar os dados com maior profundidade, além de enfocar os conteúdos da disciplina dentro do contexto de trânsito. Ao trazer para o aluno a análise quantitativa de uma situação de ultrapassagem, possibilitam-se posteriormente, em discussões sobre o tema em sua família, com pessoas habilitadas ou não à direção veicular, argumentos com maior embasamento, levando os mesmos a aprender efetivamente, e a transferir simultaneamente as informações com maior qualidade para estas pessoas. É de suma importância citar que, devido ao que algumas propagandas apregoam, onde a informação é de que determinado veículo consegue atingir a velocidade de 0 a 100 km/h em poucos segundos, as pessoas são levadas a pensar que a potência de um veículo é o fator que realmente importa numa ultrapassagem, induzindo-as a desprezarem outros fatores igualmente importantes, fazendo-as julgar que um parâmetro único é o que determina a segurança desta manobra. Desta forma, por não dar muita importância à reflexão das outras variáveis de uma situação específica de ultrapassagem, sem esse conhecimento prévio, é impossível para o condutor decidir a maneira mais segura de realizar a manobra, com qualquer condição de tráfego, e se esta for crítica, é recomendável não realizá-la, o que muitas vezes não acontece. Em acidentes desta natureza, apesar de algum conhecimento teórico adquirido pelo condutor nos centros de formação de condutores, através de alguma prática adquirida nas rodovias, das faixas contínuas de sinalização e das leis de trânsito, salienta-se que no momento da decisão de uma ultrapassagem o condutor não sabe previamente, exatamente quanto tempo precisa, e nem qual é o espaço necessário a percorrer enquanto deslocado de sua mão de direção. Desta maneira, numa condição de tráfego considerada crítica de ultrapassagem, saber exatamente quanto tempo há para a manobra, é uma tarefa complexa para ser realizada de forma confiável por uma pessoa. Isto se torna mais crítico, quando o condutor precisa decidir pela realização ou não da mesma, num intervalo de tempo muito pequeno. As variáveis envolvidas não podem ser determinadas com precisão, tendo sido essas pequenas diferenças de percepção e ação, responsáveis pela geração deste tipo de acidente. Após uma decisão errada e a manobra iniciada, o controle da situação se torna difícil para os dois condutores envolvidos. Considerando que, quando um condutor se arrisca a fazer uma ultrapassagem com um erro de avaliação embutido, no momento da decisão pela realização da mesma ele não parece ter consciência desse erro, e se assim não fosse, ele não a realizaria. Nesta visão, é importante salientar o que nos diz SILVA: I Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia – 2009 654 ISBN: 978-85-7014-048-7 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT “O condutor é frequentemente chamado a tomar decisões de complexidade próxima dos limites individuais, a partir dos quais, erros podem ser cometidos. Tais decisões são difíceis, e a ponderação das alternativas possíveis consome um tempo tal que pode comprometer o tempo necessário à concretização da ação” Outro aspecto a ser considerado é com relação às características da pista. Sabe-se que há engenheiros e técnicos de trânsito que procuram construir as rodovias da forma mais segura, devidamente sinalizadas, às vezes duplicadas e com curvas mais suaves, eventualmente inclinadas, e que também custam mais, porém, ainda há no Brasil muitas estradas que, apesar de construídas adequadamente, não são duplicadas, nas quais os riscos aumentam para as manobras de ultrapassagem, somente por este fato. O Departamento Nacional de Trânsito, DENATRAN, no manual de direção defensiva, faz duas recomendações quanto à realização de ultrapassagens, que julgamos importante transcrever aqui: A primeira é que “a sinalização é a representação da lei e foi implantada por pessoal técnico que já calculou que naquele trecho não é possível a ultrapassagem, porque há perigo de acidente”, e a segunda é que, “nos declives, as velocidades de todos os veículos são muito maiores. Para ultrapassar, tome cuidado adicional com a velocidade necessária para a ultrapassagem. Lembre-se que você não pode exceder a velocidade máxima permitida naquele trecho da via". Estas recomendações são pertinentes e muito importantes, no entanto, o propósito deste trabalho é de aumentar o nível de conhecimento dos atuais condutores, ou dos futuros condutores, com relação a esses aspectos, analisando-os de forma mais profunda, procurando proporcionar este aumento no nível de conhecimento através das aulas de física no ensino médio, e quanto a isto, devemos nos embasar no que nos diz CARVALHO: “Saber Física passa a significar ter instrumentos conceituais para dialogar com o mundo em vários níveis, que vão desde um melhor entendimento de notícias científicas veiculadas pela mídia, até a capacidade de prever resultados de situações experimentais complexas, passando pela emissão de juízos de valor a respeito da utilização de uma dada tecnologia que pode agredir o meio ambiente e causar danos à humanidade.” Torna-se relevante, portanto, analisar a manobra de ultrapassagem, considerando-se os parâmetros numéricos quanto à velocidade, aceleração, espaço percorrido e tempo utilizado para realizá-la, além de outros. Procede-se desta maneira na tentativa de mostrar, embasado nos I Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia – 2009 655 ISBN: 978-85-7014-048-7 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT conceitos e leis físicas, o motivo pelo qual se deve aumentar a consciência, e assim, o nível de cuidado nas rodovias com relação esta manobra especificamente. Assim, o aumento da consciência do risco de outras situações também deverá acontecer, como resultando de um melhor aprendizado, proporcionando também a generalização de alguns conceitos. Desenvolvimento Para enriquecer o tema escolhido para o presente estudo, a ultrapassagem será analisada sob dois aspectos, com dois tipos específicos de movimento, que são, dentro da física, o movimento uniforme, e o movimento uniformemente variado, e que respectivamente são: movimentos com velocidade constante, portanto, sem aceleração, e movimentos com velocidade variável, que possuem aceleração. Desta forma, dada a importância do tema ultrapassagem tanto no trânsito como em conceitos estudados na disciplina, a análise da situação será feita sob os dois aspectos referentes aos tipos de movimento citados, não se considerando o risco de abalroamento, que é um tipo de acidente no qual os veículos colidem lateralmente ou transversalmente, quando estes trafegam numa mesma via, no mesmo sentido ou em sentidos contrários. Assim, podemos exemplificar detalhadamente que, considerando-se dois ou mais veículos em movimento, há entre eles uma velocidade relativa de aproximação ou afastamento, sendo que, numa estrada reta, para o movimento de dois veículos no mesmo sentido, a velocidade relativa entre eles é a subtração de suas velocidades, e para sentidos contrários de movimento, a velocidade relativa é a soma dessas velocidades. Portanto, por exemplo, considerando-se dois veículos com velocidades de 80 km/h e 100 km/h, quando trafegando no mesmo sentido de movimento, há entre eles uma velocidade relativa de 20 km/h, e quando em sentidos contrários, a velocidade relativa é de 180 km/h. Para desenvolver o estudo das duas situações de ultrapassagem descritas, a seguir apresenta-se uma análise destas situações envolvendo um equacionamento particular para cada uma delas. A via será considerada de mão dupla, pois é neste tipo de via que existe um maior risco para esta manobra. a) Ultrapassagem com movimento uniforme. I Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia – 2009 656 ISBN: 978-85-7014-048-7 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT É o Tipo de ultrapassagem onde o veículo que ultrapassa já tem uma diferença de velocidade em relação ao veículo a ser ultrapassado, e realiza a manobra com a mesma velocidade, mantendo esta diferença, não havendo aumento ou redução de sua velocidade. Devido ao fato de haver a possibilidade de um terceiro veículo trafegar em sentido contrário, determina-se uma distância crítica mínima entre este veículo e o veículo que ultrapassa, quando este último inicia a ultrapassagem, sendo que o tempo dessa manobra pode ser determinado pela equação (1): t = 3,6( X 1 + X 2 + 0,33V1 ) /(V1 − V2 ) (1) Onde: t = Tempo de ultrapassagem (em segundos); X1 = Comprimento do veículo que ultrapassa (em metros); X2 = Comprimento do veículo a ser ultrapassado (em metros); V1 = Velocidade do veículo que ultrapassa (em km/h); V2 = Velocidade do veículo a ser ultrapassado (em km/h). Considerações adicionais: 1. O espaço x2 poderá ser também a soma dos comprimentos de dois ou mais veículos a serem ultrapassados, e o(s) respectivo(s) espaço(s) entre eles; 2. O tempo calculado refere-se à ultrapassagem, considerando uma distância mínima de segurança dada pelo fator 0,33V1 na equação. Não estão sendo considerados os intervalos de tempo necessários para que, o veículo que ultrapassa, possa entrar na pista contrária e voltar à sua mão de tráfego com segurança; 3. As velocidades consideradas para os veículos são constantes, portanto, não se inclui nenhuma retomada ou redução de velocidade durante a ultrapassagem, o que caracterizaria um movimento acelerado, tanto do veículo que ultrapassa, quanto do veículo a ser ultrapassado; 4. Início da ultrapassagem: A parte frontal do veículo que ultrapassa está à distância 0,09V1 da parte de trás do veículo (ou primeiro veículo) a ser ultrapassado. 5. Final da ultrapassagem: A parte de trás do veículo que ultrapassa está à distância 0,24V1 da parte frontal do veículo (ou último veículo) a ser ultrapassado. I Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia – 2009 657 ISBN: 978-85-7014-048-7 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT Pelas razões expostas na segunda observação, os tempos de entrada e saída da pista contrária pelo veículo que ultrapassa, não são considerados, porém, são importantes e decisivos, dependendo das condições, principalmente nas situações críticas de ultrapassagem. Para facilitar o entendimento da aplicação da equação (1), simularemos a ultrapassagem entre dois caminhões com 18 m de comprimento cada um, trafegando com velocidades V1 = 90 km/h e V2 = 70 km/h. Desta forma, tem-se para as condições particulares acima citadas: t = 3,6(18 + 18 + 0,33 ⋅ 90) /(90 − 70) = 11,83s Como se pode comprovar, um intervalo de tempo de 11,83 segundos é necessário à ultrapassagem, e nesse intervalo, o veículo que ultrapassa permanecerá na contramão de direção. Complementando a análise desta ultrapassagem, supondo a existência de risco de uma colisão frontal, considera-se um terceiro veículo aos cálculos. Assim, supondo que o veículo 3, que trafega em sentido contrário ao veículo 1, com uma velocidade V3 = 110 km/h, temos uma distância mínima entre o veículo 1 e o veículo 3, que vem em sentido contrário, no momento do início da ultrapassagem, que poderá ser determinada pela equação (2): d = (V3 + V1 ) ⋅ t / 3,6 (2) Utilizando-se da equação (2) para determinar a distância mínima, considerando-se a vinda do terceiro veículo, com os dados fictícios simulados anteriormente, pode-se determiná-la da seguinte maneira: d = (110 + 90).11,83 / 3,6 = 657 m Concluindo a análise desta situação, sabe-se agora que o caminhão que está ultrapassando terá 11,83 segundos para ultrapassar completamente o outro, percorrendo, no mínimo, 657 metros na pista contrária à sua mão de direção. Este é o tipo de ultrapassagem decidida com maior antecedência, em relação ao início efetivo da mesma, quando as condições de visibilidade e de tráfego são boas, piorando muito para a decisão quando estas condições mudam. Desta maneira, quando uma ultrapassagem com movimento uniforme não puder ser realizada por imposição das condições de tráfego, o condutor que deseja ultrapassar necessita reduzir a velocidade, fazendo com que seu veículo trafegue por algum tempo com a mesma velocidade do veículo da frente. Assim, quando a ultrapassagem se tornar possível novamente, caracterizar-se-á por outro tipo, a qual será analisada a seguir, onde o veículo que ultrapassa deverá ser acelerado durante a realização da manobra. I Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia – 2009 658 ISBN: 978-85-7014-048-7 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT b) Ultrapassagem com movimento uniformemente acelerado A aceleração de um veículo refere-se à sua variação de velocidade, podendo ser positiva, quando a velocidade aumenta, ou negativa, quando a velocidade diminui. Pelo fato do movimento em análise ser uniformemente variado, a aceleração é constante, ou seja, o aumento de velocidade do veículo acontece numa mesma taxa, por segundo de movimento, durante a ultrapassagem, e será considerada assim nas equações que seguem, embora em ultrapassagens muito longas, de uma fila de veículos, por exemplo, existe uma tendência do movimento do veículo que ultrapassa, em se tornar uniforme depois de uma aceleração inicial. Neste tipo de ultrapassagem, o que normalmente ocorre, e assim será considerado, o veículo que pretende ultrapassar primeiramente se aproxima do veículo a ser ultrapassado, colocando-se a uma distância segura do veículo da frente, e trafega com a mesma velocidade até que possa iniciar a ultrapassagem. Uma vez iniciada a manobra, momento no qual o veículo é acelerado, começa a aumentar gradativamente a sua velocidade durante a ultrapassagem, simultaneamente passando para a pista contrária. Para se fazer um cálculo mais confiável, será necessário conhecer a aceleração do veículo que ultrapassa, para uma determinada faixa de velocidades. A aceleração real de um veículo poderá ser obtida com o fabricante, ou com o seguinte procedimento: Numa estrada reta e sem aclive ou declive, desenvolve-se uma velocidade próxima à 60 km/h (Vi), acelerando o veículo até 90 km/h (Vf), e determina-se o tempo necessário para variar a velocidade na faixa de velocidades escolhida, e com ele, calcula-se a aceleração utilizando-se da equação (3). Alguns critérios devem ser seguidos para a obtenção do tempo sugerido, e o aumento da precisão do cálculo posterior: • A faixa de velocidades deve ser escolhida preferencialmente sem que haja necessidade de mudança de marcha; • A variação de velocidade proposta acontece constantemente numa rodovia, portanto, só é necessário determinar o tempo com a maior precisão possível; • O veículo deverá estar com, pelo menos, 80% de sua capacidade de carga; • O local escolhido para o teste não deve apresentar tráfego intenso, para aumentar a segurança, sendo recomendável o auxilio de outra pessoa para determinação deste tempo. a = (V f − Vi ) / t1 I Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia – 2009 659 (3) ISBN: 978-85-7014-048-7 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT onde: Vi = Velocidade inicial do veículo (em km/h); Vf = Velocidade final do veículo (em km/h); t = Tempo em segundos, obtido no procedimento proposto acima; a = Aceleração do veículo (em km/h/s - quilômetro por hora por segundo). A unidade da aceleração obtida na equação (3), é a taxa de aumento de velocidade do veículo, em km/h, a cada segundo de movimento acelerado. Uma vez obtido o tempo e determinada a aceleração, para exemplificar a utilização das equações neste tipo de ultrapassagem, vamos considerar dois veículos, sendo um automóvel que se encontra atrás de um caminhão, na eminência de ultrapassálo. As velocidades do automóvel e do caminhão são inicialmente iguais (V0) e a distância aproximada mínima entre eles é de 0.07V0. Quando o automóvel inicia a ultrapassagem, o mesmo é acelerado, e o intervalo de tempo para a conclusão da ultrapassagem pode ser determinado pela equação (4). O intervalo de tempo calculado refere-se ao tempo mínimo de permanência, do veículo que ultrapassa, na mão contrária de direção de movimento. t= 7,2(C1 + C 2 + 0,33 V0 ) / a (4) onde: C1 = Comprimento do veículo que ultrapassa (em metros) C2 = Comprimento do veículo a ser ultrapassado (em metros). Poderá ser também a soma dos comprimentos de dois ou mais veículos a serem ultrapassados, juntamente com a(s) distância(s) entre eles. a = Aceleração obtida na equação (3) (em km/h/s). Complementando a análise anterior, considera-se a vinda de um terceiro veículo em sentido contrário (V1), e esta nova situação determina uma distância mínima, separando este veículo do veículo que ultrapassa, no momento do início da ultrapassagem. Essa é uma distância crítica, que poderá ser obtida com a equação 5: d = 0,31⋅ (V1 + V0 ) ⋅ t + 0,155 ⋅ a ⋅ t 2 (5) Onde: t = Tempo obtido na equação (4) (em segundos); I Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia – 2009 660 ISBN: 978-85-7014-048-7 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT V0 = Velocidade inicial do veículo que ultrapassa (em km/h); V1 = Velocidade do veículo em sentido contrário (em km/h); a = Aceleração obtida na equação (3) ou na tabela (1) (em km/h/s). Para facilitar a compreensão da aplicação das equações anteriores, simularemos uma situação real de ultrapassagem, onde o movimento do veículo 1, que ultrapassa, é acelerado durante a manobra. Nesta situação, o veículo 2, que está sendo ultrapassado e o veículo 3, que vem em sentido contrário, terão movimento uniforme. Para fazer uma simulação, vamos supor um veículo de pequeno ou médio porte, com 4 m de comprimento (C1), que se encontra atrás de um caminhão, trafegando com a mesma velocidade. Considera-se também que a aceleração do veiculo que ultrapassa, quando inicia a ultrapassagem, é de 5,4 km/h/s para a faixa de velocidades escolhida. O caminhão, cujo comprimento é de 18 m (C2), possui inicialmente uma velocidade de 80 km/h (V0). Com estes dados, determina-se o intervalo de tempo necessário à ultrapassagem, utilizando-se da equação (4) conforme segue: t= 7,2 ⋅ (4 + 18 + 0,33 ⋅ 80) / 5,4 = 8,03 s Supondo a existência de risco de uma colisão frontal, considera-se a vinda de um terceiro veículo em sentido contrário, numa velocidade de 110 km/h (V1), podemos determinar a distância mínima necessária para a ultrapassagem, utilizando a equação (5), conforme cálculo abaixo. d = 0,31⋅ (110 + 80) ⋅ 8,03 + 0,155 ⋅ 5,4 ⋅ 8,032 = 526,94 m Os valores encontrados se referem, portanto, ao intervalo de tempo, mínimo necessário à manobra, e à distância, mínima a ser percorrida na pista contrária à mão de movimento, para o veículo que realiza a ultrapassagem. Como complementos, a seguir são apresentados os dados da tabela 1, que possibilitam uma estimativa dos valores de aceleração de um veículo, e desta maneira, cálculos complementares poderão ser realizados, contudo, a faixa de velocidades escolhida na tabela é ampla, não sendo aplicável na maioria das situações práticas nas rodovias, onde a velocidade inicial não é zero. Para um resultado mais confiável, como já foi mencionado, é recomendável conhecer o valor real da aceleração de um determinado veículo, numa determinada faixa de velocidades, que seja compatível com a faixa de velocidades que esse veículo irá desenvolver durante as ultrapassagens, na sua condição mais crítica. As acelerações mostradas na tabela são I Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia – 2009 661 ISBN: 978-85-7014-048-7 Tempo ( em segundos ): a ( m/s2 ) A ( km/h/s ) de 0 à 100 km/h 3 9,3 33,5 4 6,9 24,8 5 5,6 20,2 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR 6 4,6 16,6 7 4,0 Programa de Pós-Graduação em Ensino de 14,4 Ciência e Tecnologia - PPGECT 8 3,5 12,6 9 de velocidades mostrada, 3,1 11,2 médias, porque na faixa há necessidade de mudança de marcha, e 10 2,8 10,1 também, porque existe é maior para velocidades maiores, 12a força de resistência 2,3 do ar, que8,3 contudo, a tabela é apresentada por ser esta 14 2,0 uma forma 7,2de informação muito comum nas 16 sobre veículos automotores. 1,7 6,1 propagandas e informações 18 1,5 5,4 20 1,4 5,0 25 1,1 4,0 30 0,9 3,2 Tabela 1: Aceleração média obtida para um veículo, em função do tempo de percurso, numa faixa de velocidades. Comentários Sobre a distância mínima obtida na equação (2), referente ao movimento uniforme, e (5), referente ao movimento uniformemente variado, para que estas sejam determinadas numa rodovia, mesmo por um condutor sóbrio e sem sono, as chances de uma avaliação correta não são grandes, ainda que se considerem boas as condições de visibilidade. Um erro para menos, gerado de uma avaliação errada nesta situação, pode resultar numa colisão frontal, ou, no mínimo, numa situação de muita dificuldade para evitá-la. Conclui-se com o que foi exposto, que é também praticamente impossível para uma pessoa, prever com exatidão e sem auxílio de instrumentos, a velocidade de um veículo que vem em sentido contrário, e por este motivo, em ambas as situações de ultrapassagem analisadas, foi utilizada a velocidade máxima permitida por lei para automóveis no Brasil, que é de 110 km/h, porém, deve-se saber que, na prática, as velocidades podem ser maiores que esta, e por este motivo, é afetada a precisão e a segurança do cálculo. A aceleração de qualquer veículo na faixa de velocidades entre 90 e 110 km/h, é menor que na faixa de velocidades entre 40 e 60 km/h, devido a dois fatores importantes, sendo um, influência da resistência do ar, e outro, a marcha que está engatada no início e no final de cada uma dessas faixas de velocidade, que determina a potência mecânica transferida à tração. Não é somente a potência de um veículo que determina sua aceleração, mas também sua massa, portanto, quanto mais carregado estiver um veículo, menor será sua aceleração. Sendo assim, a unidade mais confiável seria a relação horse-power por quilograma (HP/kg) ou o quilowatt por quilograma (kW/kg) efetivos mecânicos, sem considerar o rendimento do motor, porém, considerando-se o veículo carregado com sua capacidade máxima. É importante frisar que I Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia – 2009 662 ISBN: 978-85-7014-048-7 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT a potência mecânica máxima efetiva de um veículo não é utilizada durante todo o deslocamento, diferentemente do que pensam muitas pessoas, mas sim, normalmente potências menores são exigidas do motor conforme a situação, sendo que os maiores valores de potência são exigidos em função de maior velocidade, o que determina maior força de resistência do ar, ou também quanto maior é massa e a aceleração, ou ainda, maior o aclive de uma via. Verifica-se ainda que, nas equações, o movimento do veículo que está sendo ultrapassado é considerado uniforme, porém, na prática, poderá haver aumento de velocidade deste veículo, apesar deste ato não ser recomendado pelos preceitos da direção defensiva, o que aumentaria o tempo de ultrapassagem e a distância mínima necessária. A recomendação nesta situação, para o condutor do veículo que está sendo ultrapassado, é a redução da velocidade, facilitando a ultrapassagem para o outro veículo. Quando a ultrapassagem acontece num aclive a aceleração tende a ser menor, devido à redução de velocidade imposta pela necessidade de maior esforço do sistema de tração do veículo, quando não há aumento da potência mecânica transferida à tração. Quando há necessidade de mudança de marcha para outra de maior força, a aceleração aumenta, mas a velocidade tende a ser menor, a menos que se aumente a potência mecânica. Ao contrário acontece num declive, porém, com o aumento da velocidade, aumenta a força de resistência do ar, havendo limitações mecânicas para todos os veículos em função deste fator. Condições ruins da pista podem obrigar o condutor, durante a ultrapassagem, a reduzir a velocidade, tendo ele que retomar a velocidade anterior acelerando novamente, sendo este também um fator de aumento no tempo de ultrapassagem, e consequentemente, na distância mínima necessária. A má condição de visibilidade da estrada para as distâncias calculadas, determinada por chuva, neblina, próximo às curvas, fumaça, acontecendo isoladas ou simultâneas, após serem consideradas as observações anteriores, são fatores de risco para a ocorrência de uma ultrapassagem mal sucedida, portanto, na existência de qualquer um destes fatores, a decisão pela ultrapassagem é crítica, e na dúvida, é melhor não realizá-la. As equações servem como parâmetros de estudo, e determinam as distâncias mínimas, mas devido às indefinições citadas, não devem ser tomadas como absolutamente confiáveis, porém, distâncias seguras jamais deverão ser consideradas menores que as distâncias calculadas, e o ideal ainda, devido às diferentes reações humanas, é que se tenha um tempo na pista contrária bem menor que o necessário para a conclusão segura da manobra, determinado pelas condições de tráfego, de forma que os condutores envolvidos não cheguem a se assustar com I Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia – 2009 663 ISBN: 978-85-7014-048-7 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT uma situação crítica ainda controlável, mas que por um erro de reação de qualquer um dos condutores obrigados a agir nesta situação, poderia ser gerado um acidente. Conclusões Após a análise e reflexão das duas situações de ultrapassagem abordadas nesse trabalho, cada uma com suas particularidades, pode-se perceber que os parâmetros são criteriosamente definidos por leis físicas, e que estas não devem ser violadas, visto que o movimento dos veículos está inteiramente pautado nas mesmas. As situações de ultrapassagem aqui analisadas permitem àqueles que desejam ser condutores, e aqueles que já o são, possam analisar os vários fatores determinantes de situações críticas que podem ocorrer numa rodovia, neste tipo específico de condição de tráfego, aumentado assim sua gama de conhecimentos, possibilitando a melhoria de seu desempenho enquanto condutor que, como foi mostrado, não depende somente de habilidades motoras. Situações de trânsito servem em muito para contextualizar as aulas, tanto no ensino fundamental, em ciências, quanto no ensino médio, em física, e uma proposta é que seja enfocado o tema trânsito cada vez mais nas escolas de maneira geral, e no ensino médio em especial, pela possibilidade de se fazer uma avaliação quantitativa relativa profundidade para este público, tornando assim as aulas mais atrativas e abrangentes, e de maior significado para o aluno, nos tópicos abordados na disciplina, e consequentemente sua qualidade de aprendizado. Aos atuais instrutores de trânsito, que são as pessoas envolvidas diretamente com o tema atualmente, e são os agentes que podem tornar este processo de aprendizado mais rapidamente transformado em ação efetiva nas estradas, na consciência de cada condutor, sugere-se que o tema seja trabalhado nos centros de formação de condutores, procurando suprir, mesmo que ainda de maneira teórica, a necessidade de discussão acerca da condução mais segura nas rodovias, como complemento das instruções que atualmente há nessa modalidade de instrução para condução veicular. Bibliografia Carvalho Jr, Gabriel Dias. As concepções do ensino de física e a construção da cidadania. Caderno Catarinense de Ensino de Física. V. 19, n.1: p. 6, abr.2002. I Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia – 2009 664 ISBN: 978-85-7014-048-7 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT Ciências da natureza, matemática e suas tecnologias. Secretaria de Educação Básica. Brasília; Ministério da Educação, Secretaria de educação Básica, 2008, 135p. Orientações curriculares para o ensino médio; vol. 2. Código de Trânsito Brasileiro, lei 9503 de 23/09/07, artigo 191 e 203, nos incisos I e V. Marin, L. et al. A atualidade dos acidentes de trânsito na era da velocidade: Uma visão geral. Cadernos de saúde pública, vol. 16, n1, Rio de Janeiro, Jan/Mar. 2000. Moretto, Vasco Pedro, Construtivismo, A produção do conhecimento em aula. Rio de Janeiro: DP&A, 1999, 144p. Manual do DENATRAN, Disponível em : <http://www.vias seguras.com / comportamentos/direção_defensiva_manual_denatran/ultrapassagem> acesso em: Fev 2008. Raia Jr, Archimedes Azevedo et al. Acidente Zero: Utopia ou realidade, 15º Congresso brasileiro de transporte e trânsito, p.7, UFSCAR, Go, 2005 Silva, Paulo Cesar Marques da, Apostila – Engenharia de tráfego: Elementos dos Sistemas de Tráfego, p. 3 e 5. UNB, 2001. Celso Gonçalves de Quadros: Aluno do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR, campus Ponta Grossa -PR)[email protected] Antonio Carlos de Francisco: Doutor em Engenharia de Produção, Professor do Programa de Pós Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR, campus Ponta Grossa –PR)- [email protected] Sani de Carvalho Rutz da Silva: Doutor em Ciência dos Materiais, Professora do Programa de Pós Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR, campus Ponta Grossa –PR) – [email protected] I Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia – 2009 665 ISBN: 978-85-7014-048-7