saúde notícias 08 de janeiro 2016

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Diario de Pernambuco - PE
08/01/2016 - 08:05
Uma cidade com medo do Aedes aegypti
Sem estrutura para a demanda de pacientes com sintomas de doenças transmitidas pelo
mosquito, Pesqueira vive dias de apreensão após morte de adolescente
Antes de chegar a Pesqueira, a 213km do Recife, o visitante que falar com algum
morador da cidade por telefone já é alertado: "Não deixe de passar em uma farmácia no
caminho para comprar repelente. Aqui está faltando e é bom tomar cuidado". A
população do município situado no Agreste, que já sofria com as arboviroses
transmitidas pelo Aedes aegypti, está com medo após a morte da índia Danielle
Marques de Santana, 17 anos, que apresentou os sintomas de chikungunya e contraiu a
síndrome de Guillain-Barré, problema neurológico relacionado ao vírus.
Nas padarias, mercadinhos e praças, sempre há alguém relatando uma história que
incluiu sintomas como febre, dores nas articulações e na cabeça e inchaço. Daniella, que
pertencia à tribo Xukuru e morreu na manhã da quarta-feira, no Hospital da
Restauração, Recife, também é assunto, inclusive no Hospital Lídio Paraíba. Lá, o
Diario testemunhou a chegada de pessoas de diferentes idades e classes sociais
buscando atendimento.
Alguns não conseguem andar, choram de dor. "Cheguei às 12h. São 15h30 e não fui
atendida. E nem há previsão. De lá pra cá só foram chamadas três pessoas e há 20 na
minha frente", contou a cabeleireira Viviane de Melo Vieira, 35.
A Secretaria Estadual de Saúde afirmou que ainda não é possível confirmar o quadro de
chikungunya da paciente. Mesmo assim, a 4ª Gerência Regional de Saúde realizará uma
investigação de casos suspeitos na região.
O objetivo é ter um diagnóstico rápido da situação para atuar com um bloqueio espacial.
O órgão também está identificando os pacientes que tiveram sintomas recentes para
saber qual o sorotipo de dengue está circulando na área e também se o chikungunya
circula no município. A coordenadora de Controle da Dengue e Febre Chikungunya da
SES, Claudenice Pontes, disse ainda que as ações de controle serão intensificadas.
Os serviços de saúde deficitários não são o único problema, segundo prefeito de
Pesqueira, Evandro Chacon. Ele aponta a escassez no abastecimento de água, que leva a
população a armazenar em baldes e cisternas, sem cuidado. "Há bairros que só recebem
água a cada 21 dias. Outros sequer recebem."
Outro problema é o lixo destinado de forma errada, que retém água. "Decretamos estado
de emergência, mas ainda não apareceu o Exército", justificou Chacon. O prefeito
reconhece que o atendimento no Lídio Paraíba não é suficiente para a demanda. Com 35
médicos no quadro, o hospital tem capacidade diária para 120 pacientes, mas vem
recebendo 400. "Vale ressaltar que o HLP está atendendo cidades vizinhas. Desde 1983,
quando a unidade foi municipalizada, não recebemos recursos externos."
Saiba mais
Síndrome Guillain-Barré (SGB)
Doença autoimune que surge após infecção por alguns tipos de vírus e bactérias. Ela
acontece quando há a produção errada de anticorpos, que atacam uma substância que
recobre os nervos periféricos.
Pode surgir também depois de cirurgias, linfomas, vacinas , HIV e traumas
Sintomas
Fraqueza muscular
Paralisia muscular
Retenção urinária
Constipação intestinal
Taquicardia
Queda ou aumento da pressão arterial
Dor nos membros inferiores e superiores
Atinge 1 em cada 100 mil pessoas
5% dos pacientes morrem
Pesqueira
Dengue
789 casos notificados
739 confirmados
11 descartados
39 em investigação
Zika
l4 casos notificados
Chikungunya
28 casos notificados
1 caso confirmado
7 descartados
20 em investigação
Diario de Pernambuco - PE
08/01/2016 - 08:05
Respostas saem em até 30 dias
Os exames que vão confirmar o motivo da morte da indígena devem ficar prontos em
até 30 dias. Amostras de sangue e do líquido da medula foram coletadas. Em coletiva
realizada na manhã de ontem, no Hospital da Restauração, os médicos afirmaram que a
Síndrome de Guillain-Barré (SGB) - que consta como causa mortis no atestado de óbito
- é uma das hipóteses.
Segundo a chefe de neurologia do HR, Lúcia Brito, a jovem chegou em estado grave de
infecção generalizada, cuja origem - viral ou bacteriana - ainda não foi definida. No HR,
recebeu tratamento com imunoglobina e antibióticos. "A paciente tinha paralisia flácida
com quadro viral anterior, que nos leva a pensar em SGB, mas é preciso esperar a
investigação. Pedimos agilidade. Ela chegou com infecção grave, então talvez o óbito
tenha sido por isso e não pela doença."
Até o primeiro semestre de 2015, 52 pacientes chegaram ao HR com SGB e nove
morreram. Outros 20 casos foram registrados no segundo semestre. A relação da
síndrome com o vírus foi confirmada em quatro ocasiões. O Ministério da Saúde foi
notificado sobre a morte e irá acompanhar o caso.
Diario de Pernambuco - PE
08/01/2016 - 08:05
Chikungunya pode ter pico ainda maior
Especialistas estimam que o número de casos deve aumentar entre o fim deste mês e o
início de fevereiro
As emergências estão lotadas e os casos crescem a cada semana, mas a situação ainda
pode piorar. A perspectiva dos especialistas é que, a exemplo do que aconteceu com o
zika no primeiro semestre do ano passado, ocorra uma epidemia de vírus chikungunya
em Pernambuco neste ano. O pico de casos deverá ocorrer entre o fim deste mês e o
início de fevereiro. A estimativa é que, até 30% da população, possa contrair a doença.
Considerando a população total do estado, são 3 milhões de pessoas suscetíveis à
transmissão.
O último boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES) mostra que o vírus
já foi notificado em 103 municípios do estado, o que representa 55% do total das
cidades. Em 45 delas, há casos confirmados. A maioria localizada na Região
Metropolitana do Recife e no Agreste. São 2,5 mil casos notificados, dos quais 446
confirmados. Desses, 443 foram autóctones, ou seja, de transmissão interna, e metade
deles na RMR. Em 2014, quando foram registrados os primeiros casos autóctones no
Brasil, Pernambuco teve 23 notificações, das quais apenas quatro se confirmaram.
Todas importadas.
Desde agosto, o número de transmissões detectadas em Pernambuco voltou a crescer.
Somente entre setembro e dezembro do ano passado, as notificações aumentaram 557%.
O crescimento, garante a secretaria, está dentro do previsto. "Desde 2014, estamos
esperando a circulação do chikungunya. A área do Agreste teve como porta de entrada
do vírus os casos da Bahia. Enquanto no Recife, a entrada do chikungunya aconteceu
através de pessoas que viajaram para países onde ocorre a circulação", explicou a
coordenadora de Controle da Dengue e Febre Chikungunya da SES, Claudenice Pontes.
Para o membro do Comitê Técnico de Arboviroses do Ministério da Saúde, Carlos
Brito, há dois motivos para explicar o crescimento. O primeiro é que a maior parte da
população ainda está suscetível ao chikungunya, diferente do zika e da dengue, que já
tiveram períodos epidêmicos anteriores. O segundo é a taxa de ataque do chikungunya,
mais alta que nos outros dois.
"Ele acomete em um curto espaço de tempo de 30% a 50% da população de onde
circula. É possível que chegue até o Sertão. A tendência é que os casos cresçam até o
pico, mas continuem até meados de maio", afirmou Brito. Ele e outros profissionais já
estão aplicando um novo protocolo para controle da dor e para evitar complicações. Um
aumento nos casos de zika também já é perceptível desde dezembro, acompanhado de
mais notificações de comprometimentos neurológicos em análise.
Diario de Pernambuco - PE
08/01/2016 - 08:05
Comunidade indígena está doente
Mais da metade dos índios da aldeia onde morava Danielle apresentam sintomas da
chikungunya, como dores e manchas
Rosalia Vasconcelos
Na aldeia Pé de Serra de São Sebastião, onde Danielle Marques de Santana vivia com a
familia, 60% dos indígenas apresentam sintomas semelhantes aos da chikungunya,
como edemas, dores no corpo e na cabeça, manchas e coceira. Na casa da jovem, além
dela, também estiveram doentes seus dois sobrinhos e seus três irmãos. “Só eu e minha
esposa, a mãe de Danielle, ainda não tivemos essa epidemia. Mas o resto, todo mundo
aqui em casa teve”, contou José Maria Araújo de Santana. De acordo com a agente de
saúde e moradora da comunidade Pé de Serra de São Sebastião, Edilene Augusto, o
atendimento médico para essa população é escasso.
“Na região de Pesqueira, são 24 aldeias indígenas, onde vivem 11 mil índios. Em cada
aldeia há um posto de saúde. Quatro médicos se revezam entre essas 24 aldeias, o que
dá um atendimento por mês. Ainda assim, os atendimentos são clínicos. Em casos de
emergência, precisamos ir para o hospital municipal de Pesqueira. Mas quando
chegamos lá, sempre perguntam por que não procuramos atendimento no posto de
saúde, como se não soubessem que aqui não tem médico toda hora. Somos indígenas,
não somos bichos", conta Edilene. Na aldeia Pé de Serra de São Sebastião, vivem 250
pessoas e 61 famílias.
Segundo ela, cada aldeia tem um agente de saúde, morador do próprio povoado, que foi
capacitado para trabalhar no combate ao mosquito Aedes aegypti, através da aplicação
de hipoclorito nas cisternas. “O que me dói é saber que agora as pessoas estão olhando
para nós porque uma indígena morreu em um hospital do Recife. Mas precisou que
Danielle perdesse a vida para que a situação de Pesqueira viesse a público. Na
comunidade indígena, ela foi a primeira a falecer, mas sei, como agente de saúde, que
vários idosos têm morrido no Hospital Lídio Paraíba, com sintomas de chikungunya.
Eles são mais frágeis e com a imunidade baixa. E no atestado de óbito, o motivo é
sempre virose. Se ela tivesse vindo a óbito em Pesqueira, ia ficar por isso mesmo”,
lamentou Edilene.
No mesmo povoado de Danielle, o agricultor José Edmilson Nogueira dos Santos, 50
anos, disse que está sem trabalhar há várias semanas porque não aguenta nem andar.
“Sinto muita dor nas juntas. Meus joelhos estão inchados e minha cabeça pipoca. Só
melhoro quando tomo dipirona ou paracetamol, que são os remédios recomendados pela
médica que me atendeu no Lídio Paraíba", disse o agricultor.
Há dois anos, os moradores das aldeias não recebem água nas torneiras e estão sendo
abastecidos por caminhões -pipa e armazenam a água em baldes e tonéis, possíveis
criadouros do mosquito Aedes. “Usamos essa água para lavar pratos, roupas e tomar
banho”,afirmou José Maria de Araújo Santana.
Diario de Pernambuco - PE
08/01/2016 - 08:05
Família e amigos divididos entre dor e indignação
A adolescente Danielle Marques de Santana, 17 anos, foi sepultada ontem às 12h no
cemitério da aldeia indígena Pão de Açúcar, vizinha ao povoado onde ela morava.
Familiares e amigos estão inconformados com a morte precoce da adolescente. Na casa
da família, na comunidade da aldeia Pé de Serra de São Sebastião, o sentimento é de
que houve demora no socorro.
Para o pai da menina, José Maria Araújo de Santana, a demora na transferência de
Danielle de um hospital municipal de Pesqueira para o Recife impossibilitou que a filha
tivesse o tratamento adequado que evitasse o óbito. “Demos entrada no Hospital Dr.
Lídio Paraíba no dia 17 de dezembro. Minha filha apresentava muitas dores no corpo,
na cabeça, febre, dor no abdômen e no peito. Antes, tinham aparecido manchas
vermelhas pelo corpo e ela reclamava de coceira”, contou. Ainda, segundo ele, no dia
23 de dezembro, ela já estava com a memória ruim. “Ela não me reconhecia direito e o
médico José Antônio disse que não tinha necessidade de transferir para o Hospital
estadual Mestre Vitalino, em Caruaru, porque ela estava estável. Foi outro médico que
solicitou a transferência”, contou José Maria.
Vinte e quatro horas após ser internada no Mestre Vitalino, Danielle foi encaminhada à
Restauração, no Recife. A médica Lúcia Brito, do HR, explicou que Danielle chegou ao
HR com infecção grave e o quadro não foi revertido.
De acordo com o coordenador do Hospital Dr. Lídio Paraíba, o médico obstetra José
Severiano Cavalcanti, no prontuário de Danielle “havia diagnóstico interrogado de
dengue com quadro infecccioso”. “O hemograma realizado em Pesqueira acusou
infecção bacteriana aguda. Ela estava com insuficiência respiratória”, informou.
Diario de Pernambuco - PE
08/01/2016 - 08:05
Risco de epidemia nacional
A previsão de que o país enfrentaria neste ano uma tríplice epidemia está se
confirmando. Além de um aumento expressivo (e antecipado) de casos de dengue, o
Brasil como um todo registra uma expansão importante das notificações de
chikungunya.
No último boletim nacional, foram 17.131 infecções, 34% a mais do que o apontado até
a última semana de setembro. A doença também se espalhou. No período de dez
semanas, o número de cidades afetadas subiu de 37 para 62.
Em 2014, quando chegou ao país, a chikungunya foi identificada em 3.657 pessoas,
residentes em oito cidades. Agora, os casos estão espalhados por Amazonas, Amapá,
Pernambuco, Sergipe, Bahia Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Distrito Federal.
“Estamos muito preocupados. Vivemos agora a ameaça de três doenças simultâneas,
todas graves, que exigem respostas diferentes”, afirmou a coordenadora do Programa de
Controle de Dengue, Chikungunya e Zika de Pernambuco, Claudenice Pontes.
Embora o risco de morte seja menor, a doença - que foi associada à Guillain-Barré pode atingir as articulações, tornar-se crônica e deixar o paciente por meses
impossibilitado de executar tarefas simples como vestir-se ou se alimentar.
Uma das maiores preocupações é a dificuldade de se combater os criadouros do
mosquito transmissor. São várias as cidades em que o abastecimento de água é
racionado ou intermitente. Nesses casos, não há o que fazer: as pessoas armazenam em
casa, aumentando o risco de criadouros”, avalia.
Diario de Pernambuco - PE
08/01/2016 - 08:05
Diario urbano
Não acatada, senhor
Apelos são muitos para se combater o Aedes aegypti no Recife. Difícil é sensibilizar a
população se, ao procurar ajuda via o 0800-286.2828, a pessoa que atende, ao invés de
respostas incentivadoras, solta um rosário desanimador. Foi o relato de um professor
universitário, residente em Boa Viagem. Apreensivo com a quantidade do mosquito na
Rua Padre Cabral, ele telefonou para o dito número. A primeira explicação da atendente
era de que a possível visita de agentes de saúde ao endereço seria feita entre 15 a 30 dias
a partir do registro da denúncia. Nesse tempo, o mosquito poderá se reproduzir algumas
vezes e, se hospedeiro do vírus da dengue, chikungunya e zika, terá levado dúzias de
vítimas às unidades de saúde. O prazo estipulado para a visita desanimou o professor,
que mesmo assim persistiu. A atendente então jogou um balde de água fria sobre a
esperança dele ao informar que a denúncia não seria acatada. A explicação dada para o
desfecho era a necessidade de especificar o foco do mosquito, o que o professor rebate:
“ora, não sei onde está o foco, mas sei que a área é infestada pelos mosquitos, e isso
basta!”. Denúncia rejeitada, o Aedes aegypti permanece pela Rua Padre Cabral e o
professor, do mesmo que esta coluna, procura a quem pedir ajuda.
Água convidativa
Os estádios de futebol, pelo que se vê no Arruda, devem receber atenção especial nas
ações de combate ao Aedes aegypti. Os fossos, comuns em campos antigos, são
atrativos para o mosquito transmissor da dengue. Podem se transformar em criadouros
sem os cuidados devidos.
Ninguém escapa
Mais doentes, mais gente faltando ao trabalho. Essa é uma equação fácil de entender
pelas empresas do Complexo de Suape. Desde ontem, elas e a direção do complexo
começaram a se mexer no combate ao Aedes aegypti. A campanha envolve até os
caminhoneiros, vindos de vários estados do país.
É no cronômetro
Pela duração, as consultas na UPA Engenho Velho, em Jaboatão, poderiam concorrer ao
prêmio de rapidez. Há três médicos por plantão de 12 horas, quando registra-se 250
consultas em média. Que dá menos de 9 minutos por atendimentos. O ideal, segundo o
Cremepe, seria 36 consultas por plantão.
Jornal do Commercio - PE
08/01/2016 - 08:17
Cidade sitiada pelo mosquito
EPIDEMIA Pesqueira, onde morava a jovem índia cuja morte está sendo investigada,
vive situação de guerra contra o Aedes aegypti
O município de Pesqueira, no Agreste do Estado - onde morava a índia xucuru Danielle
Marques de Santana, que morreu quarta- feira no Hospital da Restauração com suspeita
de infecção viral ou bacteriana e até síndrome de Guillain-Barré - vive desde novembro
situação de guerra, como classificam médicos, por causa de surtos já confirmados de
dengue e chicungunha.
O movimento de pacientes no Hospital Municipal Doutor Lídio Paraíba, único com
plantão 24 horas na cidade e região, cresceu quase cinco vezes. Segundo a secretária
municipal de SAÚDE, Elizabeth Souza, até ontem eram 2.143 casos suspeitos de
dengue, 1.000 de chicungunha (2 a menos que na capital) e 118 de zika vírus num
território de 65,7 mil habitantes, a 215 quilômetros do Recife.
"Vários fatores favorecerem o cenário. Temos clima quente e estiagem, o Aedes aegypti
passou a transmitir novas doenças e por três meses, de agosto a outubro, o SUS
interrompeu o repasse de larvicida ao município. Fomos pegos de surpresa, sem preparo
para enfrentar uma situação dessa", argumenta Elizabeth Souza. Segundo ela, o
adoecimento generalizado atingiu inclusive trabalhadores da SAÚDE e alguns médicos
romperam contrato com a prefeitura por causa da sobrecarga nos plantões.
"Fomos atrás de outros e agora as escalas estão completas", assegura. Os pesqueirenses
se queixam mais de chicungunha, por causa das dores prolongadas nas articulações.
"Acredito que se trata do principal surto", diz o médico José Severiano Cavalcanti, do
Lídio Paraíba. De acordo com ele, a unidade recebe até 500 doentes por dia, não só da
cidade, mas também de Belo Jardim, Sanharó, Alagoinha e até da Paraíba.
A doença tem prejudicado uma das principais atividades econômicas do local, a
produção de renda renascença. Doentes, rendeiras que trabalham por conta própria estão
atrasando as encomendas. Dora Oliveira, 63, uma delas, moradora do bairro do Prado,
conta que há 12 dias sofre.
"Estou com chicungunha. É um horror, muito pior do que a dengue. Comecei com dores
no ombro, depois bateu febre e vômito. Apareceu coceira e incharam pés e mãos. Não
consigo mexer os dedos", contou. Ela adoeceu no mesmo dia em que levou ao hospital
uma vizinha, em estado mais grave. Uma amiga está doente há 25 dias, com
dificuldades para andar.
A Secretaria Estadual de SAÚDE reconhece a situação de surto de dengue e
chicungunha na localidade, colocando Pesqueira entre os 32 municípios com maior
incidência de dengue e também no grupo dos 61 com alta infestação pelo Aedes
aegypti. De janeiro a dezembro, aponta o Estado, 739 casos de dengue foram
confirmados na cidade.
A área Xucuru do Ororubá abriga quase 10 mil índios. No Estado há 12 povos de dez
etnias, distribuídos do Agreste ao Sertão do São Francisco. Segundo o Distrito Sanitário
Indígena de Pernambuco (DSEI), em 2015 nessas áreas foram notificados 101 casos de
dengue, 93 de chicungunha e oito de zika. Um bebê nasceu com microcefalia e há um
segundo caso aguardando comprovação.
Zaira Taveira, chefe da Divisão de Atenção à SAÚDE do DSEI local, explica que as
equipes de SAÚDE indígena orientam as famílias e que serão intensificadas visitas
domiciliares para identificar criadouros. O distrito, ligado diretamente ao Ministério da
SAÚDE, é responsável pela atenção básica do SUS.
Jornal do Commercio - PE
08/01/2016 - 08:17
Reunião em Pesqueira discute causa de morte
A Secretaria Estadual de Saúde (SES) começou INVESTIGAÇÃO para esclarecer as
causas do adoecimento e morte da índia Danielle Marques de Santana, de 17 anos. Ela
chegou a ser considerada caso suspeito de dengue num primeiro atendimento em
Pesqueira, em 20 de dezembro, e oito dias depois foi internada em estado grave na UTI
do Hospital da Restauração, no Recife, com infecção bacteriana e paralisia sugestiva da
síndrome de Guillain-Barré. Morreu quarta-feira, com infecção generalizada. Na manhã
de hoje representantes da SES, do Distrito Sanitário Indígena de Pernambuco e da
Secretaria de Saúde de Pesqueira reúnem-se na cidade do Agreste para discutir o
assunto.
Ontem, a neurologista Lúcia Brito, do HR, esclareceu que a síndrome de Guillain-Barré,
embora esteja entre as hipóteses, tornou-se menos provável em razão de parâmetros
laboratoriais mais compatíveis com infecção bacteriana.
Ela observa que é precipitado no momento indicar a causa básica da doença de Danielle.
A jovem tinha infecção pulmonar e urinária, além de paralisia flácida. No HR recebeu
imunoglobulina e antibióticos. Foi encaminhada até lá pelo Hospital Mestre Vitalino, de
Caruaru. Claudenice Pontes, coordenadora de combate à dengue da Secretaria Estadual
de Saúde, afirmou que estão sendo feitos testes para tentar detectar dengue, zika ou
chicungunha, além de outras doenças.
O Distrito Sanitário Indígena informou que a adolescente não esteve em serviços de
saúde das aldeias nos últimos seis meses. Ao adoecer em dezembro, Danielle procurou a
emergência do Hospital Lídio Paraíba, em Pesqueira. José Severiano Cavalcanti, da
coordenação médica da unidade, conta que a garota chegou com febre, vômito, dor de
cabeça e abdominal. A primeira suspeita foi dengue, mas, após exames laboratoriais,
passou a ser de infecção bacteriana no abdome.
"Ela ficou internada, recebeu antibiótico. Como não apresentou melhora foi transferida
no dia 27 ao Mestre Vitalino", explicou.
Jornal do Commercio - PE
08/01/2016 - 08:17
Recife registra mais de mil casos de chicungunha
Ao longo de 2015, a capital pernambucana registrou 24.558 casos prováveis das três
arboviroses (doenças transmitidas por mosquito): dengue, chicungunha e zika. Desse
total, quase 50% se concentram nos bairros dos distritos sanitários V (17,2%), II
(16,3%), e IV (16%). É o que mostra o boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde
do Recife, divulgado ontem e que reúne dados até 26 de dezembro de 2015. O bairro da
Mangabeira, na Zona Norte do Recife, continua apresentando o maior risco de
transmissão ativa das três doenças transmitidas pelo Aedes, pois apresenta o mais alto
coeficiente de incidência das arboviroses, que considera o total de casos das três
doenças por 10 mil habitantes das últimas oito semanas.
No Recife, continua crescendo o número de pessoas que adoecem por chicungunha. A
capital contabiliza 1.002 registros (aumento de 195 casos suspeitos em uma semana).
"Muita gente está suscetível à chicungunha porque se trata de um vírus novo, ao qual a
população não havia sido exposta até pouco tempo. É uma doença com alto potencial
para se tornar crônica. Por isso, as ações de enfrentamento ao mosquito não podem
enfraquecer", reforça a secretária- executiva de Vigilância à Saúde, Cristiane Penaforte.
O boletim ainda registra o avanço da dengue. Até o dia 26 de dezembro, 29.118 pessoas
adoeceram com sintomas da doença. Desse total de casos, 17.546 foram confirmados.
Em 2014, no mesmo período, foram notificados 3.378 casos e confirmados 963, o que
representa um aumento de 762% de casos suspeitos e 1.722% de confirmados. As
notificações de zika também seguem aumentando no Recife, que contabiliza 183
pessoas que adoeceram com sinais da doença (56 a mais do que na semana anterior).
Desse universo, oito casos foram confirmados.
Jornal do Commercio - PE
08/01/2016 - 08:17
Voz do Leitor
Frase
“No Hospital da Mirueira, em Paulista, quando há marcação para vários médicos
especialistas, os pacientes precisam chegar no dia anterior e dormir na rua, em frente à
unidade de saúde. Ficam expostos à noite, sem policiamento, e passam por humilhações
para conseguirem ser atendidos.” Henrique Lotto, via comuniQ
Folha de Pernambuco - PE
08/01/2016 - 07:32
Cidade refém de um mosquito
Adoecimento, mortes e falta de estrutura em Pesqueira
Pesqueira, no Agreste, a 210 km do Recife, enfrenta uma epidemia. A cidade de 65 mil
habitantes, sendo 11,2 mil indígenas, está em 33º lugar no ranking de infestação do
mosquito, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde, de novembro passado. Em
seu único hospital público, os atendimentos aumentaram de 120 para 400 por dia nesse
período. No cartório, o número de óbitos passou de 39, em novembro, para 93 em
dezembro, tendo a maioria como causa "virose indeterminada, chikungunya e dengue".
Enfrentando 21 dias sem água, cinco a cada 100 casas de Pesqueira têm focos do
mosquito. A cada rua há relatos de pessoas que perderam parentes ou que, meses
depois, ainda sentem dores deixadas pelas viroses.
E que reclamam do descaso com a saúde. A morte da índia xucuru Daniele Marques
Santana, 17 anos, que veio a óbito na quarta-feira no Hospital da Restauração, no
Recife, fez o Estado voltar a atenção para a cidade e enviar uma equipe da Secretaria de
Saúde. Familiares acreditam que Daniele morreu por não ter o diagnóstico preciso e,
consequentemente, o atendimento devido. A jovem pode ter vindo a óbito por
complicações trazidas pelas viroses transmitidas pelo Aedes aegypti, como a Síndrome
de Guillain-Barré (SGB). Mas os próprios médicos confessam que é tudo novo: as
viroses e suas complicações, como a microcefalia. Estudiosos africanos, país que
convive com o Aedes e sua complexidade, desembarcaram na última terça-feira em São
Paulo. Poderão ajudar nesse cenário de tanta incerteza.
PESQUEIRA
Difícil é encontrar na cidade quem não tenha tido sintomas de dengue, chikungunya ou
zika, como febre e dores articulares. Tão surpreendente quanto verificar pessoas com
dificuldade de locomoção é ouvir os relatos de mortes pós-quadros virais. A maioria,
pessoas idosas. A prefeitura não confirmou as causas os óbitos, mas atestou o aumento
de falecimentos. A dona e casa Roseane Mariano da Silva, 35 anos, perdeu o pai José
ariano, 73, no dia 23 de dezembro passado. Ele começou a sentir muitas dores no corpo
e febre alta. A família procurou o Hospital Lídio Paraíba. “Fomos algumas vezes. Mas
não tinha médico. Doze dias depois, ele não melhorava. Voltamos de novo para o
hospital, que continuava sem médico. Quando corremos para o particular, ele morreu",
contou Roseane.
A família acredita que ele teve chikungunya. No atestado de óbito dado pelo hospital, a
causa apontada é dengue. Assim como o pai, Roseane também teve a virose que ataca as
articulações. Um mês depois, ainda tem dores e inchaço. A família mora no bairro
central. Uma agente de saúde que atua na área contou à Folha que mais de seis idosos
morreram neste mesmo bairro. Todos com o mesmo quadro de José Mariano. A dona de
casa Salete Vieira, 44, que mora perto dali, está em pânico. Segundo ela, a vizinhança
passou o Natal e o Ano Novo trancada em casa, doente. Preocupada, alertou as
familiares que moram em outras cidades. "Meu irmão de São Paulo vinha passar as
festas de fim de ano aqui. Pedi que não viesse. Contei dessa epidemia. Ele é diabético e
hipertenso, temo por sua saúde".
ASSISTÊNCIA
No único hospital público de Oesqueira, o Lídio Paraíba, o entra e sai de pessoas com
quadro viral semelhante aos das doenças transmitidas pelo Aedes é constante. Gente,
que muitas vezes espera atendimento por horas. Desiste e se consulta com um
farmacêutico ali perto. Outros persistem por não aguentar de dor. Patrícia Gomes, 34,
chegou à undiade ontem com a mãe, uma idosa, às 7h30. Eram 15h30 e não haviam
saído de lá. "Ela só foi atendida porque meu pai falou sobre o diabetes dela e implorou
muito". Maria Aparecida Silva, 37, aguardava na emergência há mais de 2h. “Dói tudo.
Não consigo nem ficar de pé de tão inchada".
GESTÃO
O prefeito de Pesqueira, Evandro Chacon, reconheceu que enfrenta uma epidemia.
"Desde novembro enfrentamos esse situação. Acredito que agora estamos no ápice",
disse. A cidade não realiza sorologia para nenhuma das doenças. São coletadas apenas
algumas mostras e enviadas para o Estado fazer a confirmação laboratorial.
O gestor afirmou que vem investindo em mecanismos de prevenção, como visitas de
agentes de endemias e de saúde e recolhimento de lixo três vezes por semana. Também
disse que a cidade tem um plano de saneamento básico pronto aguardando recursos.
Mas enfrenta uma média de 21 dias sem água, o que provoca a necessidade de
armazenamento e, assim, maiores ricos de focos. Chacon destacou que a falta de
recursos federais para o enfrentamento é um complicador e que tem pedido ajuda ao
Estado, desde que foi decretado estado de emergência municipal. Sobre o hospital, o
prefeito contou que o aumento de pacientes levou muitos dos profissionais, que estavam
trabalhando no limite, a pedirem desligamento. Mas, segundo ele, o quadro teria sido
ajustado. E agora seis médicos se revesariam.
Folha de Pernambuco - PE
08/01/2016 - 07:32
Comoção e incertezas no adeus a Daniele
Na aldeia xucuru Pé de Serra de São Sebastião, a 16km de Pesqueira, onde vivia
Daniele Marques Santana, 17 anos, o dia ontem foi de tristeza. Após quase dez dias
internada no Recife, ela morreu com suspeita de ter adquirido Gullain-Barré, seguida de
um quadro viral, que os parentes acreditam ter sido chikungunya. Na declaração de
óbito dela, constam como consequências ou complicações: choque séptico, pneumonia,
SGB e quadro de paralisia flácida por arbovirose.
Inconformado, o pai da adolescente, José Maria Araújo de Santana, 53, lamentava a
demora no atendimento à filha quando ela apresentou a virose. “Precisamos de mais
médicos. Quando a minha filha chegou ao hospital aqui não tinha médico”. Depois de
quase oito dias internada no hospital da cidade, seu estado se agravou. Ela foi entubada,
levada para Caruaru e transferida para o Recife. Seu velório aconteceu na aldeia, onde
moram cerca de 95 famílias. O cacique Marquinhos Xucuru lamentou os frequentes
relatos de índios adoecidos. “Não tenho números, mas muitos relatos”, disse.
Na Aldeia Pão de Açúcar, Geralda Mônica, 45, reclama de chikungunya. “Onde tenho
osso, dói. Mãos e pernas continuam inchados. E olhe que já faz 25 dias que começou”.
Dilma Gonçalves, 46, tem as mesmas queixas há um mês. Os 11,2 mil indígenas de
Pesqueira vivem em 24 aldeias. Essa população é atendida por três unidades básicas de
saúde.
Há saneamento em 70% dos domicílios, segundo dados do IBGE. Já a coleta de lixo é
realizada em apenas oito aldeias. Nas demais, os resíduos são queimados ou trazidos
para a cidade pelos indígenas. A morte da adolescente deixou o cacique surpreso e
apreensivo. “Há muitas perguntas que precisam de respostas ainda”. Daniele foi velada
em ritos católicos e indígenas e recebeu homenagens próprias de guerreiros da tribo.
Folha de Pernambuco - PE
08/01/2016 - 07:32
SES envia equipe para mapear os casos
A Secretaria Estadual de Saúde (SES) montou um plano emergencial para acompanhar a
situação na cidade de Pesqueira e conhecer a real dimensão dessa epidemia de
arbovirose - dengue, zika e chikungunya. Uma equipe da Gerência Regional de Saúde
chegou ontem à cidade para mapear os casos e direcionar as ações. O que já se pode
perceber é uma desatualização de dados no município, o que agravou a situação.
Oficialmente, para a SES, Pesqueira tem apenas 789 casos de dengue notificados e 739
confirmados. De zika seriam apenas quatro casos suspeitos.
E de chikungunya, 28 suspeitos e um confirmado. Esses dados podem não corresponder
à realidade. Por isso, a coordenadora do Programa Estadual de Arboviroses, Claudenice
Pontes, enviou a equipe de SES à cidade para fazer uma busca ativa, indo inclusive nas
unidades de saúde. "Vamos pegar ficha por ficha desses pacientes e ver sinais e
sintomas, contabilizar e ver se tem mais tendência de dengue, chikungunya ou zika. E já
está sendo providenciado também coletas de laboratórios para saber qual vírus está
circulando", adiantou.
Com os primeiros resultados e a verificação de concentração dos casos, a secretaria vai
fazer o bloqueio espacial para eliminação do mosquito, com carro fumacê ou com
bombas costais, além de orientar os profissionais de saúde sobre os sintomas das
viroses. Claudenice Pontes esclareceu que algumas estratégias não podem ser feitas em
aldeias.
"Área indígena não pode receber pulverização. A área é de responsabilidade do
Ministério e quem faz esse controle é o DSEI (Distrito Sanitário Especial Indígena)",
informou. A SES fez capacitação no final de 2015 com 14 índios de aldeias diferentes e
que já atuavam como agentes de endemias. O curso foi para atualizá-los sobre
chikungunya e zika.
Folha de Pernambuco - PE
08/01/2016 - 07:32
Laudo sobre morte em 15 dias
A rede estadual de Saúde trabalha com um prazo entre 15 e 30 dias para a conclusão das
investigações sobre a morte de Daniele Santana. No atestado de óbito, assinado pelo
médico Janio Carvalho, constam como causas - além de Guillain-Barré - pneumonia,
choque séptico e paralisia os membros. De acordo com a chefe do serviço de neurologia
do HR, a médica Lúcia Brito, a síndrome não ocupa o primeiro lugar.
"A paciente apresentou problemas típicos, que evoluíram em grande velocidade. Ela já
chegou necessitando até mesmo de ajuda para poder respirar. Em seguida, mostrou uma
paralisia flácida bastante notória em grande parte dos membros", disse. Segundo a
médica, Daniele estava com uma alta elevação na enzima muscular, conhecida como PK
- em torno de 25 mil unidades.
"É algo fora do esperado, que acontece em várias doenças inflamatórias severas, até
mesmo a leptospirose", ponderou. No HR, nove de 52 pacientes de Guillain-Barré
morreram no ano passado. Dos óbitos, quatro estão relacionados ao zika. Daniele deu
entrada no hospital de Pesqueira com febre e dor muscular. Uma semana depois depois,
apresentou problemas neurológicos. No dia 27 de janeiro, foi transferida ao Hospital
Mestre Vitalino, em Caruaru, e já no dia seguinte veio para o HR.
Folha de Pernambuco - PE
08/01/2016 - 07:32
Relação entre Guillain e Aedes
Não apenas a zika, mas também a chikungunya está associada a casos que podem
evoluir para a síndrome de Guillain-Barré. O alerta é feito por autoridades médicas,
diante do agravamento de casos no Estado. Um fator que acende um sinal vermelho
quanto à doença diz respeito à fraqueza muscular gerada, que pode afetar diretamente os
músculos responsáveis pela respiração. Os sintomas iniciais também incluem
formigamento das pernas e tendem a se espalhar ascendendo em direção à cabeça. Com
a paralisação, o paciente pode morrer por falta de oxigênio.
“Várias doenças neurológicas podem evoluir para a Guillain-Barré e, nesse universo, as
viroses mais graves decorrentes do Aedes aegypti não ficam de fora. A zika tem uma
proximidade muito maior com o sistema central, devendo ser pensada primeiro no
momento do diagnóstico. Porém, a chikungunya e até a dengue também podem causála. Não temos números aqui, mas a literatura médica mostra essa realidade”, explica o
infectologista e consultor em arboviroses do Ministério da Saúde, Carlos Brito. Ele
aponta casos registrados na Polinésia Francesa, desde o ano de 2013. “A doença vem
apresentando mudanças nos seus padrões, cabendo mais qualificação dos profissionais”,
acrescentou.
Segundo o especialista, os pacientes primeiro desenvolvem os quadros infecciosos e
levam até quatro semanas para começar a apresentar as típicas falhas neurológicas.
Folha de Pernambuco - PE
08/01/2016 - 07:32
Cremepe vai apurar se houve falha
Além do desafio de entender a incidência alarmante da dengue, da chikungunya e do
zika vírus em Pesqueira, a criação de um protocolo para casos da síndrome GuillainBarré (SGB), uma das possíveis causas da morte da índia Daniele Marques, é mais um
passo para diminuir os “pontos cegos" no enfrentamento aos males transmitidos pelo
Aedes egypti e a complicações relacionadas a eles.
Em declarações ontem, parentes sugeriram que a demora na percepção da gravidade do
quadro da acidente, ainda durante o atendimento no Hospital Municipal Doutor Lídio
Paraíba, teria sido decisiva. O Cremepe não crê em falta de preparo na rede de saúde,
mas vai apurar o caso. A equipe médica do Hospital da Restauração (HR), no Recife,
onde a jovem veio a óbito após dez dias internada, diz que é precipitado atribuir a
ocorrência à SGB.
De todo modo, indefinições como a que a família de Daniele acredita ter acontecido
devem ser amenizadas com o protocolo, que prevê orientações específicas às equipes de
saúde, inclusive municipais, no acolhimento dos casos, levando em conta também a
associação dos danos neurológicos com o zika, com a chikungunya ou com outro vírus.
Outro entrave que seria derrubado é o da falta de notificação das ocorrências, que ainda
não é compulsória, apesar de Pernambuco ter aumento do número de pacientes.
De acordo com o infectologista e consultor do Ministério da Saúde Carlos Brito, outro
ganho de um protocolo é a descentralização do atendimento por meio da criação de
unidades sentinelas. "É um alerta ao profissional de saúde também. Isso traz mais
celeridade ao atendimento", explica. Para o presidente do Cremepe, Sílvio Rodrigues,
lidar com a SGB não é uma coisa nova para as redes pública estadual e privada, que
realizam o tratamento, o que causa estranheza pelo fato de ou a SGB não ter sido
detectada logo, caso tenha realmente acometido a paciente, ou de o encaminhamento
para uma unidade de saúde especializada não ter sido feito tão cedo quanto deveria.
"Com uma avaliação clínica, percebe-se a síndrome. As UTIs têm muita experiência
nisso. O que é novo é a associação (com o zika)", informou Rodrigues. "Se há o
questionamento da família, o Conselho tem que protocolar a denúncia".
Folha de Pernambuco - PE
08/01/2016 - 07:32
A experiência de cientistas africanos
A experiência de uma equipe de cientistas africanos do Instituto Pasteur de Dakar, no
Senegal, deve ajudar a acelerar o estudo sobre o zika vírus e, com isso, entender o
aumento no número de casos de microcefalia e da síndrome de Guillain-Barré no Brasil.
Os pesquisadores estão em São Paulo e se integraram à Rede Zika, como está sendo
chamada a força-tarefa criada por cientistas, professores e alunos de instituições e
laboratórios do estado para combater a doença. A equipe senegalesa, liderada pelo
cientista Amadou Alpha Sall, participou ativamente do combate ao surto de Ebola no
oeste da África e treinará pesquisadores brasileiros para agirem no surto que o País vem
enfrentando.
A proposta é que as equipes treinadas pelos cientistas de Dakar ajam como
multiplicadoras pelo Brasil. Os detalhes de como vai funcionar a força-tarefa vão ser
divulgados, na manhã de hoje, em coletiva à Imprensa. O encontro está marcado para as
10h30, no Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP).
Folha de Pernambuco - PE
08/01/2016 - 07:32
Bebê recebe vacina vencida
O empresário Silas Nunes levou a filha Bianca, de apenas 2 meses, na última quartafeira, para tomar vacinas no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira
(Imip) para protegê-la e assim ficar tranquilo, mas saiu de lá mais preocupado. A dose
contra o rotavírus aplicada na criança tinha vencido em outubro de 2015. O pai só
percebeu após observar o rótulo do produto colado no cartão de vacinação. Ele procurou
ajuda com a enfermeira-chefe da unidade na mesma hora e depois na ouvidoria, porém
não conseguiu retorno. O caso foi levado à Promotoria de Defesa da Saúde do
Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e ainda está sendo protocolado.
meses no próprio Imip em 1º de novembro de 2015. Por ser prematura, a criança
precisou ficar internada por 27 dias. Retornando na última quarta-feira para receber,
além da dose contra rotavírus, as vacinas antipneumocócica, VIP/VOB e pentavalente.
Essas têm validade entre 2016 e 2017. A preocupação surgiu na quarta aplicação. “Ela
tomou uma gotinha e três injeções nas pernas. Foi grande a surpresa quando percebi que
uma delas tinha validade para outubro do ano passado”, contou Silas Nunes.
Como não recebeu orientações na hora em que percebeu o problema, o pai de Bianca
está apreensivo como que pode acontecer coma criança. “Até agora ainda estou
preocupado coma saúde daminha filha, já que ninguém me deu a assistência necessária
na hora”, relatou Silas. O bebê é o primeiro do empresário, que reza para nenhuma
enfermidade acometer a menina por essa falta de cuidado no momento de aplicação da
dose contra o rotavírus.
Em nota, o Imip lamentou o ocorrido e esclareceu que, após tomar conhecimento do
fato, recolheu o lote das vacinas vencidas e revisou todo estoque da instituição. Co base
nas orientações do Programa Estadual de Imunização, foi informado que a criança corre
risco mínimo de sofrer reações adversas em decorrência da dose aplicada. O Instituto
acrescentou ainda que não será necessária um nova aplicação do produto e que o Imip
acompanhará o bebê pelos próximos meses. A unidade já abriu uma sindicância para
apurar a irregularidade.
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