ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO CEARÁ CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA ROSINA RIBEIRO GABRIELE ESTRESSE DOS CUIDADORES E ALTERAÇÕES COMPORTAMENTAIS EM PACIENTES COM DOENÇA DE ALZHEIMER FORTALEZA 2007 ROSINA RIBEIRO GABRIELE ESTRESSE DOS CUIDADORES E ALTERAÇÕES COMPORTAMENTAIS EM PACIENTES COM DOENÇA DE ALZHEIMER Monografia apresentada ao Programa de PósGraduação Lato Sensu em Geriatria da Escola de Saúde Pública do Ceará, como requisito parcial para obtenção do certificado de conclusão. Orientador: João Macedo Coelho Filho FORTALEZA 2 2007 TERMO DE APROVAÇÃO Monografia defendida e aprovada como requisito parcial para obtenção do certificado de conclusão do Curso de Especialização em Geriatria da Escola de Saúde Pública do Ceará em 13 /11/2007 pela Banca Examinadora constituída por: ____________________________________________________ Prof. Dr. João Macedo Coelho Filho (Orientador) _____________________________________________________ Prof. Dr. Charlys Barbosa Nogueira _____________________________________________________ Prof. Dra. Nadia Maria Girão Saraiva de Almeida COORDENAÇÃO DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA: Dra Maria Helena Aires Leal Barreira Fortaleza 3 A meus pais 4 AGRADECIMENTOS A Deus, pela vida e suas infinitas Graças. A meus pais e meus irmãos pelo seu amor e apoio incondicionais. Ao Samai, por seu amor, incentivo e infinita paciência. À minha amada família, no Brasil e na Itália, especialmente à minha avó Sondna (in memoriam) que me ensinou a não desistir de lutar. À Coordenação do Curso de Especialização em Geriatria, especialmente à Dra Maria Helena Aires Leal Barreira por seu trabalho junto à Escola de Saúde Pública, sua amizade e incentivo. Ao meu orientador, Dr. João Macedo por acreditar neste projeto e na Geriatria. À Dra Siulmara Galera pelo exemplo de dedicação, amizade e solidariedade nestes dias de sufoco. À Dra. Adriana Alcântara que tanto contribuiu para a elaboração do projeto de pesquisa. Aos colegas do Curso de Especialização em Gerontologia e do Curso de Especialização em Geriatria pelo incentivo. A Andréa Silva Gondim, Bruna Benjamim de Oliveira, Ibraim Cavalcante de Castro, Juliana Soeiro Maia, Carlos Henrique Valente Moreira, acadêmicos de Medicina do Projeto Bem Viver. A toda a Equipe do Centro de Atenção ao Idoso, especialmente Lilian Gondim, Vanda e César que disponibilizaram os prontuários e o local para revisá-los. À Ivana e Auxiliadora pelo carinho e incentivo. À Dra. Lucila Bomfim, que cedeu literatura valiosa. A todos que tornaram possível a realização deste trabalho. E, finalmente, aos Pacientes e Cuidadores, razão maior desta empreitada. 5 “... Tudo vale à pena, se a alma não é pequena.” Fernando Pessoa 6 RESUMO Introdução: O envelhecimento populacional levou ao aumento da incidência de demências principalmente a Doença de Alzheimer (DA). Os cuidadores dos portadores de DA com alterações comportamentais estão expostos a maior risco de desenvolver depressão e ansiedade, tornando-se importante o conhecimento acerca da dimensão dessas condições potencialmente causadoras de impacto individual e sobre o sistema de saúde. Objetivo: Avaliar as alterações comportamentais de pacientes com provável Doença de Alzheimer de um serviço especializado e o estresse de seus cuidadores por meio do Inventário Neuropsiquiátrico e Escala de Estresse de Zarit. Método: Foi realizado estudo transversal com questionários estruturados contendo perguntas objetivas e subjetivas direcionadas ao cuidador principal. Resultados: Foram avaliados 74 indivíduos, dos quais 66(89,18%) mulheres, 42(56,8%) com idade entre 40 e 59 anos, sendo 39(52, %) filhas e 9(12,2%) esposas. Vinte e nove cuidadores (39,2%) não recebiam ajuda, 27(36,5%) recebiam ajuda instrumental, 21(28,4%), financeira; 15(20,3%) tinham cuidador informal e 11(14,9%), profissional de saúde. Segundo Inventário Neuropsiquiátrico, as alterações mais freqüentes foram: depressão 59(77%), apatia 57 (75,7%), ansiedade 53(71,6%) e sintomas noturnos 50(67,6%) sendo que os três últimos e delírio foram avaliados, pelos cuidadores, como de maior gravidade. Foi identificado o uso de estratégias não farmacológicas por 39(52,7%) dos cuidadores. Quarenta cuidadores apresentavam estresse leve a moderado, segundo a Escala de Zarit e, mesmo sem rede de suporte adequada, a maioria dos cuidadores não desejava que outra pessoa assumisse sua tarefa. Conclusão: As alterações comportamentais em pacientes com Doença de Alzheimer e o estresse dos cuidadores desses pacientes são condições altamente prevalentes. Avaliações periódicas dos cuidadores, orientações e o desenvolvimento de ações preventivas poderiam facilitar o trabalho dos cuidadores, melhorando a qualidade de vida do paciente e de seus familiares. Palavras-chave: cuidadores, idoso, estresse. 7 ABSTRACT Introduction: The population ageing is associated with higher occurrence of dementia, mainly Alzheimer’s disease (AD). Caregivers of AD patients’ with behavioral symptoms are at a higher risk of developing depression and anxiety. Objectives: To assess the most common behavioral symptoms and the stress of caregivers of patients with AD using the Zarit’s scale and a neuropsychiatric inventory. Methodology: A questionnaire was applied to the primary caregivers of a group of AD patients’ in a health unit linked to the national health system in Fortaleza, Brazil. Results: From May to July 2005, 74 caregivers were assessed, of which 66(89.2%) were women, of which 42(56.8%) aged between 40 and 59 years old, 39(52.7%) were daughters and 9(12,2%) were wives. Among the interviewees, 29(39.2%) did not receive any support, 27(36.5%) received instrumental support, 21(28.4%) received financial support; 15(20.3%) had an informal caregiver and 11(14.9%) counted with the services of a health professional. According to the neuropsychiatric inventory, the most frequent symptoms were: depression 59(77.0%), apathy 57 (75.7%), anxiety 53(71.6%) and nightly symptoms 50(67.6%); the last three and delirium were deemed by the caregivers interviewed as of great impact. The use of non-pharmacological strategies by caregivers to mitigate patients’ symptoms was identified in 39(52.7%) interviews. According to Zarit’s scale of stress, 42(56.8%) caregivers presented mild to moderate stress but even without a proper support network most of them did not wish to have someone else taking care of their tasks. Conclusion: Behavioral symptoms among AD patients and stress of their caregivers are highly prevalent. Periodical assessment of caregivers, guidance and the development of preventive actions could make the caregivers’ work easier, improving the patient and his family’s life quality. Keywords: caregivers, aged, stress. 8 SUMÁRIO LISTA DE TABELAS 1. INTRODUÇÃO 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 ENVELHECIMENTO E SAÚDE 2.2 O CUIDAR E A FAMÍLIA 3. OBJETIVOS 4. MÈTODO 4.1 LOCAL DO ESTUDO 4.2 DELINEAMENTO 4.3 DEFINIÇÃO DE VARIÁVEIS 4.4 INSTRUMENTOS UTILIZADOS 4.5 ANÁLISE DE DADOS 4.6 ÉTICA E PESQUISA 5. RESULTADOS 6 DISCUSSÃO 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 8 APÊNDICES 9 ANEXOS 9 10 12 15 16 20 21 21 21 22 23 24 24 25 34 38 42 48 9 LISTA DE TABELAS TABELA 1 – Distribuição dos pacientes diagnosticados com provável Doença de Alzheimer e alterações comportamentais conforme o escore do Mini Exame do Estado Mental(MEEM)...................................................... TABELA 2 – Distribuição, conforme a idade, dos cuidadores principais dos portadores de alterações comportamentais, diagnosticados como provável doença de Alzheimer............................................................ TABELA 3 – Estado Civil dos cuidadores principais dos portadores de alterações comportamentais, diagnosticados com provável doença de Alzheimer........................................................................................... 26 TABELA 4 – Relação de parentesco entre o cuidador principal e o portador de Alterações comportamentais, diagnosticado com doença de Alzheimer........................................................................................... TABELA 5 – Distribuição dos cuidadores, segundo o período de tempo que o cuidador assumiu o cuidado com o paciente diagnosticado com provável doença de Alzheimer............................................................ TABELA 6 – Distribuição conforme o tipo de domicílio dos pacientes portadores de alterações comportamentais, diagnosticados com provável doença de Alzheimer......................................................................... 28 TABELA 7 – Tipos de ajuda que o cuidador referiu receber durante o cuidado do paciente portador de alterações comportamentais, diagnosticado com provável doença de Alzheimer.................................................... TABELA 8 – Uso de estratégias não farmacológicas pelos cuidadores em pacientes com provável doença de Alzheimer que apresentam alterações de comportamento.............................................................. TABELA 9 – Fonte de informação para uso de estratégias não farmacológicas no cuidado das alterações comportamentais............................................. TABELA 10 – Freqüência e intensidade das alterações comportamentais dos pacientes portadores de provável doença de Alzheimer, segundo Inventário Neuropsiquiátrico................................................ TABELA 11 – Alterações comportamentais do idoso com diagnóstico de provável doença de Alzheimer e a intensidade do estresse que o cuidador refere sentir e atribui as alterações comportamentais do paciente, segundo Inventário Neuropsiquiátrico............................................... TABELA 12 – Avaliação da intensidade do estresse dos cuidadores dos pacientes com diagnostico provável de doença de Alzheimer e que apresentavam alterações comportamentais, segundo as médias dos escores da Escala de Zarit -The Zarit Burden Interview..................... TABELA 13 – Escala de Zarit aplicada aos cuidadores de pacientes com diagnóstico de provável doença de Alzheimer, acompanhados no ambulatório especializado do Centro de Atenção ao idoso – Hospital Walter Cantídio – Universidade Federal do Ceará. 2005... 25 26 27 28 29 29 30 31 32 10 1 INTRODUÇÃO O envelhecimento populacional no Brasil e no mundo e, conseqüentemente, o aumento da prevalência de doenças crônicas não transmissíveis como a Doença de Alzheimer representam grande desafio no planejamento das ações em saúde. O cuidado com estes pacientes era executado silenciosamente nas instituições asilares ou em seus domicílios, não havendo, até bem pouco tempo, a preocupação em criar e executar ações voltadas a esta parcela da população. (GARRIDO; ALMEIDA, 1999). Quando nas demências estão presentes alterações de comportamento os cuidadores são mais susceptíveis a adoecer, sofrer de depressão, ansiedade; dificultando o cuidado e tornando maior o risco de institucionalização. O Centro de Atenção ao Idoso do Hospital Universitário Walter Cantídio, primeiro centro de referência do Estado do Ceará no tratamento de Doença de Alzheimer e outras demências, não dispunha de dados sobre o estresse dos cuidadores dos pacientes atendidos no Programa de Assistência aos Portadores da Doença de Alzheimer do Ministério da Saúde. A avaliação funcional e cognitiva dos pacientes e a avaliação do estresse dos cuidadores podem ser estudadas utilizando-se instrumentos conhecidos no mundo inteiro. Para avaliar as alterações comportamentais e sua relação com o estresse dos cuidadores de portadores de provável doença de Alzheimer acompanhados naquele serviço, foi realizado estudo transversal utilizando o Inventário Neuropsiquiátrico – The Neuropsychiatric Inventory Questionnaire (KAUFER; CUMMINGS; KETCHEL; SMITH; MACMILLIAN; SHELLEY et.al., 2000) e a Escala de Zarit – The Zarit Burden Interview (ZARIT; REEVER; BACK-PETERSON, 1980). Na avaliação cognitiva e na avaliação funcional dos pacientes foram utilizados respectivamente o Mini-Exame do Estado Mental (FOLSTEIN, M; FOLSTEIN, S; MCHUGH, 1975) e a Escala de Katz (KATZ; DOWNS; CASH et. al., 1970) que são habitualmente utilizados no diagnóstico e seguimento dos pacientes do ambulatório especializado do Centro de Atenção ao idoso. A utilização de todos estes instrumentos requer um mínimo de treinamento. São de fácil aplicação e podem ser utilizados durante as consultas em ambulatórios, hospitais, instituições asilares ou mesmo no domicílio dos pacientes. 11 Conhecer a associação das alterações de comportamento com o estresse dos cuidadores permite a orientação e elaboração de estratégias capazes de facilitar o trabalho melhorando a qualidade de vida do paciente e de seus familiares. 12 2 REVISÃO DE LITERATURA No Brasil, a exemplo do que ocorre em todo o planeta, a população idosa tem aumentado significativamente. O País tem hoje cerca de 180 milhões de habitantes, dentre os quais 19 milhões têm 60 anos ou mais, superando os 13 milhões no grupo de 65 anos ou mais, o que representa, respectivamente, 10,2% e 7,1% do total da população (PNAD 2006). As projeções para 2025 são de que a população idosa representará 13% da população geral, no Brasil. Assim como em outros países, a população com mais de 75 anos tem sido o segmento de maior crescimento: 49,3% nos últimos 10 anos. Hoje a expectativa de vida do brasileiro, aos sessenta anos, é de 18,07 anos (LEME, L; LEME, M; ESPINO, 2005). Conseqüência da transição demográfica, a transição epidemiológica vem representar um grande desafio para a saúde pública. O aumento de doenças crônicas não transmissíveis exigirá mais recursos e mais organização do Sistema de Saúde para atender às demandas desta parcela da população (PASCHOAL, 2002). A prevalência da doença de Alzheimer cresce exponencialmente com os anos. Atinge 5 a 10% dos indivíduos com mais de 65 anos e 15 a 20% dos indivíduos com mais de 75 anos de idade. Estima-se que em todo o mundo 15 milhões de pessoas sejam acometidas por esta doença. No Brasil há estimativas de que 500 mil pessoas sejam portadoras de doença de Alzheimer (MACHADO, 2006). Segundo a recomendação do protocolo de prescrição de anti- colinesterásicos recomendado pelo Ministério da Saúde na Portaria N o 843 de 31 de outubro de 2002 que regulamenta a prescrição destes medicamentos em pacientes com demência, os critérios para o diagnóstico clínico de provável doença de Alzheimer são os seguintes: • Presença de demência estabelecida por teste objetivo (ADAS - Alzheimer`s Disease Assessment Scale e/ou MEEM - Mini-Exame do Estado mental) • Prejuízo da memória e de pelo menos outra função cognitiva (linguagem ou percepção, por exemplo); • Piora progressiva da sintomatologia; • Ausência de distúrbio do nível de consciência; • Início entre 40 e 90 anos de idade, mas mais freqüentemente após os 65 anos; 13 • Ausência de distúrbios sistêmicos e/ou outra doença do SNC que poderiam acarretar déficit cognitivo progressivo (demência), como por exemplo hipotireoidismo. Deterioração progressiva de outras funções cognitivas como linguagem, habilidades motoras e percepção; mudança do comportamento e prejuízo de atividades hodiernas; história familiar e evidência de progressão de atrofia cerebral são outras condições que apóiam o diagnóstico provável de doença de Alzheimer (BRASIL, 2002). Caracteriza-se pelo declínio cognitivo progressivo, afetando a memória, o pensamento, a orientação, linguagem, cálculo, capacidade de aprendizado e julgamento. Compromete a capacidade funcional do indivíduo, inicialmente para as atividades instrumentais de vida diária até a total dependência para os cuidados básicos como se banhar, vestir-se, alimentar-se, higienizar-se, deslocar-se de um lugar a outro, ou mesmo controlar os esfíncteres (WHO, 2007). Pacientes com Doença de Alzheimer e outras demências podem ainda apresentar transtornos psiquiátricos variados como apatia, agressividade, ansiedade, depressão, alucinações, delírios, irritabilidade, euforia, desinibição, distúrbios motores, transtornos alimentares e alterações do ciclo sono-vigília. Todos transtornos psiquiátricos também observados em pacientes sem neuropatologia conhecida (CARVALHO, 2001). O Inventário Neuropsiquiátrico é um instrumento largamente utilizado na avaliação dessas alterações de comportamento, onde o cuidador faz uma avaliação sobre a presença e intensidade destas alterações e o quanto cada um destes transtornos contribui para o estresse da pessoa que cuida. As alterações comportamentais mais freqüentes na doença de Alzheimer são apatia, agitação, ansiedade, irritabilidade, disforia e alteração motora, desinibição, delírios, alucinações e euforia. (MEGA; CUMMINGS; FIORELLO; GORNBEIN, 1996). Metanálise de 29 estudos sugeriu que inibidores da colinesterase teriam modesto benefício no tratamento de alterações de comportamento e capacidade funcional de pacientes com Doença de Alzheimer leve a moderada na comunidade (TRINH; HOBLYN; MOHANTY; YAFFE, 2003). Na prática clínica, o tratamento farmacológico está indicado se as estratégias não farmacológicas forem ineficientes na prevenção e controle das alterações comportamentais (VEGA; MARINHO; ENGELHARDT, 2006). 14 O custo elevado no tratamento não é o único ônus para os cuidadores e a sociedade. Quando o quadro clínico apresenta-se com alterações do comportamento, torna-se ainda mais complexa a tarefa de cuidar destes pacientes. A falta de informações e o preconceito dificultam esta tarefa, tumultuando as relações familiares. O Hospital Universitário Walter Cantídio foi o primeiro centro de referência do Estado do Ceará no tratamento da doença de Alzheimer. Atualmente atende cerca de 2000 pacientes em seu ambulatório especializado. Toda a complexidade envolvida no tratamento destes pacientes, não apenas por conta dos custos econômico e financeiro, mas pelos cuidados especiais de que necessitam, causam custos físicos, emocionais e sociais para familiares e principalmente cuidadores. Fatos estes agravados pela falta de informações e o preconceito apontam a necessidade de avaliar as condições de estresse dos cuidadores. O estresse dos cuidadores está diretamente relacionado ao risco de negligência e maus tratos e, conseqüentemente, maior risco de complicações e determinação de prejuízo na qualidade de vida dos pacientes (PARKS; NOVIELLI, 2000). A avaliação continuada do estresse do cuidador por escalas de avaliação, como rotina no atendimento ao idoso e aos familiares, identificaria as situações de risco e o conseqüente planejamento de ações de prevenção e intervenção com o objetivo de melhoria da qualidade de vida de cuidadores e pacientes (GARRIDO; MENEZES, 2004). Cerqueira e Oliveira (2002) ao acompanharem um grupo de cuidadores utilizando técnicas psicodramáticas observaram este fato. 15 2.1 Envelhecimento e Saúde O mundo discute a velhice há milhares de anos, mas o estudo do envelhecimento confundia-se com a busca da eterna juventude. É em meio às transformações do século XXI que a Gerontologia ganha seu espaço, buscando contribuir para o envelhecimento bem sucedido e a desmistificação do que é doença e do que é normal no envelhecimento (LEME, 2002). Paschoal (2002) descreve o envelhecimento como um processo individual. A população idosa é um grupo especialmente heterogêneo, haja vista as condições de saúde, econômicas, sociais. Aparência física, relacionamentos, a história do indivíduo são aspectos que fazem do seu envelhecimento um evento singular. Treze por cento dos indivíduos entre 64 e 74 anos apresentam algum tipo de incapacidade. A incidência aumenta com a idade: 25% dos entre 75 e 84 anos e 46 % daqueles acima de 85 anos (NERI, 2002). Coelho Filho e Ramos (1999) encontraram em inquérito domiciliar, realizado em Fortaleza-Ceará, 52,3% de idosos relatando autonomia total, embora apenas 7,6% dos entrevistados tenham referido ausência de doenças crônicas. A definição de saúde pela Organização Mundial de Saúde, no preâmbulo de sua Constituição (1948): “completo bem estar físico, mental e social” não pode ser aplicada ao idoso: o que se almeja é o envelhecimento bem-sucedido. A saúde do indivíduo idoso relaciona-se, portanto, com a preservação de sua capacidade funcional e de sua autonomia. Preservar a capacidade de decisão e independência, estar apto a fazer escolhas e agir são conquistas do envelhecimento bem sucedido (PAPALEO NETTO, 2002). Quando o idoso passa a necessitar de cuidados para executar suas atividades uma modificação profunda na dinâmica familiar acontecerá. 16 2.2 O cuidar e a família As transformações sociais experimentadas no último século implicaram em mudança na estrutura familiar. A família nuclear, base da formação do indivíduo perdeu-se numa nova e imbricada rede de relacionamentos (MEDEIROS; OSÓRIO, 2001). A maior participação da mulher no mercado de trabalho e o número cada vez menor de pessoas na família prejudicam o desempenho na execução do cuidado. Daí a necessidade de contratar pessoas treinadas para ajudar nesta tarefa (GONÇALVES; ALVAREZ; SANTOS, 2000). Se além dos gastos habituais com alimentação e medicamentos houver a necessidade de contratar um profissional da área de saúde ou cuidador informal para auxiliar no cuidado com o paciente, muitas famílias com dificuldades financeiras não terão como resolver este problema, sem deslocar para esta função alguém próximo do paciente, que deixará seu trabalho e remuneração para dedicar-se exclusivamente a este mister. (SANTOS, 2003). É, portanto, o cuidador primário, ou principal o responsável direto pelo cuidado com o paciente; aquele que responde pelo bem estar e o tratamento do idoso, o detentor das tomadas de decisão (NERI, 2002). Diferentes formas de ajuda podem ser oferecidas, desde a realização das atividades básicas da vida diária, cuidados com medicação, vestuário e estimulo à atividades de lazer e ao exercício da cidadania (PACHECO, 2004). A complexidade do trabalho do cuidador dependerá essencialmente do comprometimento funcional e da autonomia do paciente. Oitenta por cento dos portadores de demência permanecem em seus lares e recebem os cuidados necessários de um membro da família. Estudos revelam que portador de demência necessita de cerca de 70 horas de cuidados semanais. Destas, sessenta e duas horas seriam assumidas pelo cuidador principal (PARKS; NOVIELLI, 2000). Leme e Silva (2002) definem precisamente o cuidador informal: Trata-se de uma legião de cônjuges, filhos e filhas, noras e genros, sobrinhos e netos, amigos, membros de entidades paroquiais e de serviços que se dispõem, sem uma formação profissional, a dar aos doentes sob a sua responsabilidade os cuidados indispensáveis, tendo como sua maior arma sua disponibilidade, sua boa vontade. (LEME; SILVA, 2002, p. 95) 17 Karsch (2003) descreve o cuidador principal como familiar em 98% dos casos, sendo a maior parte esposas (44,1%) e filhas (31,3%). O cuidador é descrito como residente no mesmo domicílio, mulher, branca, mais jovem, de baixa renda. Os cônjuges são mais freqüentemente afetados pelo estresse. Situação que se torna ainda mais grave na vigência de alterações comportamentais ou no comprometimento da realização das atividades básicas de vida diária (AVDs) (HUGHES, 1999 apud NERI, 2002, p.30). No caso da doença de Alzheimer, doença crônica e degenerativa, o paciente perde sua capacidade de executar tarefas, inicialmente as mais elaboradas como as atividades instrumentais de vida diária (AIVDs ): pagar contas, telefonar, tomar medicamentos. Finalmente, torna-se dependente para as atividades básicas de vida diária (AVDs): alimentação, higiene, locomoção, o banho e o vestir-se e o controle dos esfíncteres (MACHADO, 2006). Estas tarefas exigem tempo e disponibilidade do cuidador que muitas vezes tem outras responsabilidades que se superpõem ao cuidado com o idoso, como o trabalho e as tarefas domésticas. Os níveis de estresse não estariam relacionados ao tempo dedicado ao cuidado com o paciente, nem à perda progressiva da memória ou ao declínio funcional, mas à presença de alterações comportamentais, particularmente a depressão (PARKS; NOVIELLI, 2000). A saúde emocional do cuidador tem uma relação estreita com o sucesso ou não do cuidado. O estresse de quem cuida representa uma situação de risco para maus tratos reforçando a importância de utilizar instrumentos para avaliar o nível de estresse dos cuidadores nos serviços de geriatria, a fim de identificar as situações de risco (PARKS; NOVIELLI, 2000). A Escala de Zarit tem sido a mais utilizada para estas avaliações e consiste em 22 perguntas cujo somatório pode variar de 0 a 88 escores. Uma pontuação maior ou igual a 61 determina estresse grave do cuidador (CUMMINGS et al, 2002). A versão brasileira desta escala foi validada em 2002 (SCAZUFCA, 2002). Luders e Storani (2002 p.154) afirmam: “O relacionamento anterior destas pessoas norteará suas relações atuais. Na inversão de papéis é que se pode observar esta afirmação”. 18 A importância dos relacionamentos familiares reflete-se no cuidado com o paciente. A inversão de papéis advinda do cuidado pode revelar tanto um relacionamento baseado na confiança e no suporte emocional, como um passado de intolerância e dominação. O cuidador refletiria em seu cuidado o modo como fora tratado no passado (SANTOS, 2003). Não é o cuidado em si, mas a supervisão constante e a necessidade de repetir os mesmos comandos que estão intimamente relacionados ao estresse dos cuidadores. O cônjuge parece ser o cuidador mais afetado por sentimentos de perda e solidão. Especialmente nas fases iniciais da doença, quando ainda não há entendimento sobre os sintomas e sinais, o cuidador pode interpretar as inabilidades do paciente como implicância, ou desinteresse. Afasia e inabilidade para tarefas, anteriormente realizadas com destreza pelo paciente, frustram o cuidador. Quando o familiar compreende estas inabilidades como parte da doença, a raiva e a ansiedade convertem-se em culpa pela falta de paciência e incapacidade de lidar com a situação (SANTOS, 2003). O cuidado pode se apresentar de diferentes formas, dependendo dos arranjos familiares e da personalidade dos indivíduos envolvidos. Em alguns casos é possível observar pessoas que se envolvem tão completamente no papel de cuidador que chegam a comprometer outros papéis sociais (no trabalho, na família, na sociedade) que possam desempenhar. “O cuidador vive a vida do paciente para evitar o contato consigo mesmo”. (LUDERS, STORANI, 2002, p.154). Em contrapartida, muitos idosos não querem depender de seus filhos e, por esta razão, suas famílias percebem tardiamente a necessidade da contratação de cuidadores, mesmo quando a situação financeira o permite (CALDAS, 2004). Mas não são apenas os aspectos negativos que são inerentes às relações de cuidado. Sentimentos comuns aos cuidadores podem ser vivenciados de forma diferente de acordo com a personalidade e a história de cada um. O relacionamento anterior à doença pode ser decisivo nas relações de cuidado. A existência de conflitos anteriores à doença ou a negação do cônjuge das incapacidades do paciente pode trazer transtornos na realização das tarefas de cuidado (SANTOS, 2003). Luders e Storani (2002) elegem o amor, a gratidão, a moralidade e a vontade própria como importantes motivações para o cuidado. Para Neri (2002,), quanto maior, mais bem distribuída e organizada for a rede de suporte, melhor será a qualidade de vida do paciente e de seu cuidador. A autora 19 afirma ainda que a existência de uma rede de suporte eficiente é indicadora de progresso social. A ajuda recebida de outros membros da família, de amigos e de profissionais é igualmente importante para que não só desempenhe adequadamente o seu papel, como também se sinta apoiado, envolvido e amado. (NERI; CARVALHO, 2002, p.778) O conhecimento sobre a condição enfrentada, as habilidades na realização das tarefas e o que o cuidador acredita e pensa sobre si, funcionariam como amortecedores entre as pressões externas e a sensação de bem-estar daquele que executa o cuidado (NERI; CARVALHO, 2002). 20 3 OBJETIVO 3.1 Objetivo geral: Avaliar as alterações comportamentais de pacientes com provável Doença de Alzheimer de um serviço especializado e sua associação com o estresse dos cuidadores 3.2 Objetivos específicos: • Descrever o perfil dos cuidadores dos pacientes portadores de demência, provável Doença de Alzheimer, em um serviço especializado. • Investigar a existência de uma rede de suporte no cuidado com o paciente: formal (equipe de enfermagem) ou informal (cuidador informal) e o tipo de ajuda prestada ao cuidador principal. • Identificar as alterações comportamentais mais freqüentes dos pacientes com doença de Alzheimer provável, segundo a avaliação do cuidador. • Identificar a gravidade e a intensidade do estresse provocado por estas alterações comportamentais, sob o ponto de vista do cuidador principal. • Identificar as estratégias não farmacológicas utilizadas pelos cuidadores no controle das alterações comportamentais. • Avaliar o nível de estresse dos cuidadores. 21 4 MÉTODO 4.1 Local do Estudo O trabalho foi realizado na Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Medicina, no âmbito do Centro de Atenção ao Idoso, no período de maio a julho de 2005. Funcionando desde 2003, o Centro de Atenção ao Idoso era, na época de sua criação, o único centro de referência no estado do Ceará que oferecia tratamento gratuito aos portadores de Alzheimer e outras demências. O atendimento ambulatorial e o suporte aos pacientes e aos cuidadores beneficiavam naquele período 1700 pacientes incluídos no Programa de Assistência aos Portadores da Doença de Alzheimer do Ministério da Saúde, conforme o cadastro do ambulatório do Centro de Atenção ao Idoso do Hospital Universitário Walter Cantídio. 4.2 Delineamento Foi realizado estudo transversal, utilizando-se questionários estruturados contendo perguntas objetivas e subjetivas. Escalas de cores foram utilizadas para auxiliar os entrevistados quando era necessário aferir intensidade em algumas respostas. Foram sorteados prontuários dos pacientes portadores de Alzheimer provável agendados para consultas no período de maio a julho de 2005, cadastrados no Programa de Assistência Aos Portadores da Doença de Alzheimer do Ministério da Saúde, atendidos no Centro de Atenção ao Idoso do Hospital Universitário Walter Cantídio da Universidade Federal do Ceará. As entrevistas foram realizadas no mesmo dia da consulta, na sala de espera, ou quando disponível, em sala reservada no próprio ambulatório. Critérios de inclusão: Cuidador principal de paciente cadastrado no Programa de Assistência Aos Portadores da Doença de Alzheimer do Ministério da Saúde, atendidos no Centro de Atenção ao Idoso do Hospital Universitário Walter Cantídio da Universidade Federal do Ceará, que tenham concordado com a participação no estudo. Critérios de exclusão: Cuidadores de pacientes portadores de outras causas de demência (hidrocefalia de pressão normal, demência dos corpúsculos de Lewi, demência frontotemporal) ou cujo diagnóstico de demência tenha sido descartado. Cuidadores que tenham recusado participar do estudo. 22 4.3 Definição de variáveis Para o diagnóstico de Doença de Alzheimer foram considerados os critérios de inclusão do Programa de Assistência Aos Portadores da Doença de Alzheimer do Ministério da Saúde do Ministério da Saúde. Definimos como cuidador principal, nosso informante-chave, a pessoa responsável pelo cuidado direto com o paciente e pela tomada de decisões. Foram considerados os seguintes tipos de ajuda, oferecidos aos cuidadores dos pacientes portadores de Alzheimer provável: Financeira: sob a forma de mesada ou na compra de alimentos, medicamentos ou quê mais fosse necessário ao idoso Instrumental: Liberalesso e Sommerhalder (2002) a definem como um conjunto de ações que, dentro e fora de casa, contribuem para a saúde, bem estar e funcionalidade do indivíduo dentro e fora de casa, como: atividades básicas do autocuidado (alimentar-se, vestir-se, higienizar-se), tomar medicamentos, fazer exercícios, fazer exames, ir à igreja, fazer visitas, fazer compras; atividades da vida prática (cozinhar, lavar roupa) e atividades de lazer. Ajuda informal: se houver contratação de um cuidador informal, pessoa leiga contratada pela família para ajudar no cuidado com o paciente. Ajuda formal: se envolver procedimentos como cuidados de enfermagem, fisioterapia, fonoterapia ou outras ações realizadas por profissional da área de saúde. As alterações comportamentais segundo o Inventário Neuropsiquiátrico são apatia, agitação, ansiedade, irritabilidade, disforia e alteração motora, desinibição, delírios, alucinações e euforia. Consideraram-se estratégias não farmacológicas as providências dos cuidadores para evitar ou melhorar alterações de comportamento dos pacientes. 23 4.4 Instrumentos utilizados O instrumento utilizado era dividido em seis partes. (APÊNDICE B) Na primeira parte, a identificação do paciente: idade, gênero, estado civil e o resultado das últimas avaliações funcionais e cognitivas realizados no ambulatório, por meio do último Mini-Exame do Estado Mental (FOLSTEIN et. al., 1975) e da Escala Funcional Simplificada de Katz (KATZ; DOWNS; CASH, 1970). Embora não seja um instrumento validado para a língua portuguesa, o MiniExame do Estado Mental é amplamente utilizado na avaliação de pacientes idosos e no seguimento de indivíduos com diagnóstico de demência. No Centro de Atenção ao Idoso tanto o Mini-Exame do Estado Mental em sua versão brasileira (BERTOLUCCI et. al.,1994), quanto a Escala Simplificada de Katz são utilizados no diagnóstico e seguimento dos pacientes no ambulatório especializado do Programa de Assistência Aos Portadores da Doença de Alzheimer do Ministério da Saúde do Ministério da Saúde (ANEXO A ; ANEXO B). Na segunda parte, a identificação do cuidador principal: idade, sexo, estado civil, qual a sua relação com o idoso (filho, cônjuge), o tempo de cuidado, o tipo de domicílio (unigeracional, bigeracional ou multigeracional), se o cuidador recebe algum tipo de ajuda no cuidado com o paciente e o tipo de ajuda oferecida (se instrumental, financeira, se a ajuda é de um profissional da área de saúde ou cuidador informal). Na terceira parte do questionário foi aplicado o Inventário Neuropsiquiátrico (CUMMINGS et. al., 1994), instrumento que trata da relação entre alterações comportamentais do paciente, a gravidade dessas alterações sob o ponto de vista do cuidador e, o estresse sofrido por cada uma dessas alterações pelo cuidador principal. (ANEXO C) As estratégias não farmacológicas utilizadas foram inquiridas em questão aberta na quarta parte do questionário. Na sessão seguinte, a fonte de informação utilizada pelo cuidador principal na descoberta daquelas estratégias. Na sétima e última sessão do questionário da pesquisa, foi aplicada a versão brasileira da Escala de Avaliação de Estresse do Cuidador de Zarit, (SCAFUZCA, 2002), constituída de 22 perguntas (ANEXO D). 24 4.5 Análise dos dados Os dados foram coletados em ficha específica (APÊNDICE B) e foi realizada compilação utilizando o programa EPI-INFO 6.0. 4.6 Ética e pesquisa Não houve conflitos de interesse na realização desta pesquisa, que fora submetida à avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará respeitando o conteúdo da resolução 196/96 do CNS e das resoluções complementares à mesma (240/97, 251/97, 292/99, 303/2000, 304/2000, 340/2004, 346/2005 e 347/2005). Aprovado em reunião do dia 14 de abril de 2005, sob protocolo n° 31/05. 25 5 RESULTADOS Foram selecionados 74 pacientes, sendo 18 (24,3%) homens e 56 (75,7%) mulheres. Trinta e um (42% dos pacientes) tinham entre 80 e 89 anos, 30 (40,5%) entre 70 e 79 anos, 6 (8,1%) tinham entre 60 e 69 anos, 5 (6,7%) tinham 90 anos ou mais e apenas 1 paciente tinha menos de 60 anos de idade. Uma cuidadora não quis informar a idade da paciente. Dos 74 pacientes selecionados, 44 eram mulheres entre 70 e 89 anos de idade. No ambulatório do Centro de Atenção ao Idoso, Hospital Universitário Walter Cantídio da Universidade Federal do Ceará é utilizado para interpretação do mini-exame do estado mental (MEEM) o ponto de corte definido por Bertolucci et. al. (1994) de acordo com o nível de escolaridade dos indivíduos: (analfabetos:13; 1 a 7 anos de estudo:24; ≥8 anos: 26). Este ponto de corte é considerado pelos pesquisadores o mais adequado para nossa realidade. Em 22 (29,7%) prontuários não havia registro da realização do miniexame do estado mental. Dez (13,5%) pacientes obtiveram 21 pontos ou mais no teste, 24 (32,4%) obtiveram entre 11 e 20 pontos e 18 (24,3%) obtiveram 10 ou menos (TABELA 1). TABELA 1 – Distribuição dos pacientes diagnosticados com provável Doença de Alzheimer e alterações comportamentais conforme o escore do Mini Exame do Estado Mental (MEEM). Hospital Universitário Walter Cantídio, 2005. Escore do MEEM 0 - 10 11 - 20 21 - 30 Sem informação Total Freqüência 18 24 10 22 74 % 24,3 32,4 13,5 29,7 100 A idade dos cuidadores variou entre 18 e 79 anos. A maioria era de idade madura e um quarto dos cuidadores eram pessoas idosas. Trinta e nove cuidadoras entrevistadas (52,7%) eram filhas, nove (12,2%) eram esposas, cinco (6,8%) eram filhos, três (4,1%) eram maridos. 10 pessoas (13,5%) tinham outro grau de parentesco com o paciente e 8 (10,8%) não era familiar (TABELA 4). 26 TABELA 2 – Distribuição, conforme a idade, dos cuidadores principais dos portadores de alterações comportamentais, diagnosticados com provável doença de Alzheimer. Hospital Universitário Walter Cantídio, 2005. Idade < 20 20-39 40-59 60-79 Não informaram Total Freqüência 2 10 42 18 2 74 % 2,7 13,5 56,8 24,3 2,7 100 Em relação ao estado civil dos cuidadores, 40 (54,1%) eram casados ou viviam em união estável. Vinte e nove (39,2%) eram solteiros, três (4,1%) eram separados e dois (2,7%) eram viúvos (TABELA 3). TABELA 3 – Estado Civil dos cuidadores principais dos portadores de alterações comportamentais, diagnosticados com provável doença de Alzheimer. Hospital Universitário Walter Cantídio, 2005. Estado civil Casado Separado Viúvo Solteiro Total Freqüência 40 3 2 29 74 % 54,1 4,1 2,7 39,2 100 A maioria dos cuidadores (89,2%) era membro da família destacando-se filhos(as) quase 60% dos cuidadores e os cônjuges (16,3%). Quase noventa por cento dos cuidadores eram do sexo feminino (TABELA 4). TABELA 4 – Relação de parentesco entre o cuidador principal e o portador de alterações comportamentais, diagnosticado com doença de Alzheimer. Hospital Universitário Walter Cantídio, 2005. Parentesco Filha Outro familiar Freqüência 39 10 % 52,7 13,5 27 Esposa Não era familiar Filho Marido Total 9 8 5 3 74 12,2 10,8 6,8 4,1 100 TABELA 5 – Distribuição dos cuidadores, segundo o período de tempo que o cuidador assumiu o cuidado com o paciente diagnosticado com provável doença de Alzheimer. Hospital Universitário Walter Cantídio, 2005. Tempo de cuidado < 1 ano ≥ 1 ano < 3 anos ≥ 3 anos < 10 anos ≥ 10 anos Não informou Total Freqüência 10 31 28 4 1 74 % 13,5 41,8 37,8 5,4 1,3 100 Apesar de trinta e três (44,6%) dos cuidadores viverem em domicílio multigeracional e vinte e oito (37,8%), em domicílio bigeracional, vinte e nove (39,2% ) cuidadores realizavam sozinhos o cuidado com o paciente, dividindo-se entre o cuidado e outras atividades ( TABELA 6). TABELA 6 – Distribuição conforme o tipo de domicílio dos pacientes portadores de alterações comportamentais, diagnosticados com provável doença de Alzheimer. Hospital Universitário Walter Cantídio , 2005. Tipo de domicilio Unigeracional Bigeracional Multigeracional Total Freqüência 13 28 33 74 % 17,6 37,8 44,6 100 Quase quarenta por cento dos cuidadores exerciam sozinhos a tarefa de cuidar do paciente. Vinte e sete cuidadores (36,5%) recebiam ajuda em atividades como alimentar, vestir, dar os medicamentos, levar o paciente ao médico, entre outras atividades. Em pouco mais de 35% dos casos havia profissional contratado para ajudar 28 com o cuidado: sendo quinze contando com cuidadores leigos (informais) e onze entrevistados contando com profissionais da área de saúde. (TABELA 7). TABELA 7 – Tipos de ajuda que o cuidador referiu receber durante o cuidado do paciente portador de alterações comportamentais, diagnosticado com provável doença de Alzheimer. Hospital Universitário Walter Cantídio, 2005. Tipo de ajuda Instrumental Financeira Cuidador informal Profissional de saúde Não recebe ajuda Freqüência 27 21 15 11 29 % 36,5 28,4 20,3 14,9 39,2 Foi identificada a utilização de métodos não farmacológicos no controle ou prevenção de alterações de comportamento por 39 (52,7%) dos cuidadores entrevistados (TABELA 8). TABELA 8 – Uso de estratégias não farmacológicas pelos cuidadores em pacientes com provável doença de Alzheimer do Hospital Universitário Walter Cantídio que apresentam alterações de comportamento.2005. Estratégias não farmacológicas Sim Não Total Freqüência 39 35 74 % 52,7 47,3 100 A procura espontânea foi a principal forma de buscar estratégias não farmacológicas no cuidado com as alterações de comportamento dos pacientes. Médicos e outros profissionais de saúde foram citados por 22 e 33 cuidadores, respectivamente, mostrando que a equipe de saúde tem papel relevante na orientação dos cuidadores (TABELA 9). TABELA 9 – Fonte de informação para uso de estratégias não farmacológicas no cuidado das alterações comportamentais utilizadas pelos cuidadores dos pacientes com Doença de Alzheimer provável do Hospital Universitário Walter Cantídio no ano 2005. Fonte Freqüência % 29 Procura espontânea Profissional de Saúde não-médico Médico Televisão Familiar Leituras (livros, revistas, manuais) Palestras Internet Filmes 34 33 22 18 13 12 12 2 1 45,9 44,7 29,7 24,3 17,6 16,2 16,2 2,7 1,3 As estratégias não farmacológicas mais utilizadas pelos cuidadores foram: conversar com o paciente 17, retirá-lo do ambiente estressor 7, Acarinhar 5, distraí-lo com atividades simples 5, Desviar sua atenção 5, rezar 3, ligar a televisão 2 . Duas pessoas modificaram a alimentação, reduzindo o café. Amornar a água do banho foi estratégia referida por três cuidadoras. As alterações comportamentais foram diversas sendo que os sintomas noturnos, apatia, ansiedade e delírios foram avaliados como sendo os de maior gravidade. As alterações comportamentais relacionadas com estresse grave ou extremo dos cuidadores foram ansiedade, depressão, apatia e delírios (TABELA 10 e 11). A euforia dos pacientes afetou minimamente 82,3% dos cuidadores. Foi muitas vezes considerada mudança positiva. O delírio, quando presente, foi relacionado com a intensidade do estresse pelo cuidador em 38,1% dos casos. TABELA 10 – Freqüência e intensidade das alterações comportamentais dos pacientes portadores de provável doença de Alzheimer, segundo Inventário Neuropsiquiátrico. Hospital Universitário Walter Cantídio, 2005. Alteração do comportamento Depressão Apatia Ansiedade Noturnos Alimentares Alucinação Agressividade Labilidade Delírio Desinibição Motora Euforia Intensidade das alterações Freqüência % Leve % Moderada % Grave % 59 57 54 51 50 44 44 44 42 36 36 17 77,0 75,7 71,6 67,6 66,2 59,5 59,5 59,5 56,8 48,6 48,6 23,0 24 14 10 13 13 16 15 11 5 11 14 7 32,4 18,9 13,5 17,6 17,6 21,6 14,9 14,9 6,8 14,9 18,9 9,5 19 23 25 14 19 11 18 15 18 12 8 8 25,6 31,8 37,7 18,9 25,6 14,8 24,3 20,2 24,3 16,2 18,8 18,8 16 20 19 24 18 17 11 18 19 13 14 2 21,6 27 25,6 32,4 24,3 23 14,9 24,3 25,6 17,6 18,9 2,7 30 Submetidos a Escala de Zarit- The Zarit Burden Interview (Zarit, Reever, & Back-Peterson, 1980), a maioria dos cuidadores 40 (54%) apresentava estresse leve a moderado. Vinte e um (28,4%) apresentavam estresse mínimo, 12 (16,2%) apresentavam estresse moderado a grave e apenas uma cuidadora, que na época planejava a institucionalização do seu pai, apresentava estresse grave (TABELA 12 e 13 e 14). Cinqüenta e um (65%) dos cuidadores consideraram que o paciente não pedia ajuda desnecessariamente ou o fazia raramente. A maioria dos cuidadores negou sentir raiva ou tensão perto do idoso. Não sentiam embaraço com seu comportamento ou desconfortáveis em ter o idoso por perto, na presença de amigos. Vinte e cinco cuidadores (33,8%) consideraram o dinheiro insuficiente para todas as despesas. TABELA 11 – Alterações comportamentais do idoso com diagnóstico de provável doença de Alzheimer e, a intensidade do estresse que o cuidador refere sentir e atribui às alterações comportamentais do paciente, segundo Inventário Neuropsiquiátrico. Hospital Universitário Walter Cantídio, 2005. Alteração do comportamento Freqüência % Intensidade do estresse Mínimo ou Leve a moderado inexistente % Depressão Alimentares Apatia Ansiedade Noturnos Alucinação Agressividade Labilidade Delírio Desinibição Motora Euforia 59 50 57 54 51 44 44 44 42 36 36 17 77,0 66,2 75,7 71,6 67,6 59,5 59,5 59,5 56,8 48,6 48,6 23,0 17 25 24 19 23 21 14 11 16 19 19 14 28,8 50 35 35,2 45,1 47,7 31,8 25 38,1 52,7 52,7 82,3 % 25 12 17 17 12 11 20 25 10 8 8 2 42,4 24,0 29,8 50,0 23,5 25,0 45,5 56,8 23,8 22,3 22,3 11,76 Grave ou extremo % 17 13 16 18 16 12 10 4 16 9 9 1 28,8 26 28 33,3 31,7 27,2 27,7 9,1 38,1 25 25 5,8 Trinta e nove cuidadores 52,7% referiram que sempre ou freqüentemente sentem ter menos tempo para si por conta do cuidado com o paciente. Mesmo assim, 50 cuidadores 67,6% não desejariam que seu trabalho fosse realizado por outra pessoa. 31 Cinqüenta e um cuidadores (68,9%) referiram que nunca ou raramente se sentiam inseguros com o que fazer e 26 cuidadores (35,%) sentem sempre ou freqüentemente medo do futuro. TABELA 12 – Avaliação da intensidade do estresse dos cuidadores dos pacientes com diagnóstico provável de doença de Alzheimer e que apresentavam alterações comportamentais, segundo as médias dos escores da Escala de Zarit -The Zarit Burden Interview. Estresse do cuidador Mínimo Leve a moderado Moderado a grave Grave Freqüência 21 40 12 1 % 28,4 54,0 16,2 1,4 Cum 28,4 82,4 98,6 100 TABELA 13 – Escala de Zarit aplicada aos cuidadores de pacientes com diagnóstico de provável doença de Alzheimer, acompanhados no ambulatório especializado do Centro de Atenção ao idoso – Hospital Walter Cantídio – Universidade Federal do Ceará. 2005. Freqüência das respostas Nunca Pergunta Raro às vezes Freqüente ou sempre Idoso solicita ajuda desnecessária Cuidador tem menos tempo Estresse para conciliar outras tarefas Embaraço pelo comportamento dele Sente raiva perto dele Teve relacionamentos afetados Medo do futuro Sente que ele depende de você Sente-se tenso perto dele Saúde sofreu por cuidar dele Falta privacidade Vida social prejudicada Acha que é o único que depende de você Dinheiro insuficiente para despesas Incapaz de cuidar por mais tempo Perdeu o controle de sua vida? Deseja que outro assuma o cuidado Sente-se inseguro com o que fazer Sente que deveria fazer mais Sente que deveria fazer melhor É uma carga cuidar do paciente Freq. % Freq. % Freq. % Freq. % 40 13 17 40 54 47 22 4 48 33 36 57 28 28 47 47 50 45 26 25 48 54,1 17,1 23 54,1 72,9 63,5 29,7 5,4 64,9 44,6 48,6 77 37,8 37,8 63,5 63,5 67,6 60,8 35,1 33,8 64,9 11 7 12 10 8 8 6 6 8 10 13 7 6 6 8 7 7 6 6 9 11 14,9 9,5 16,2 13,5 10,8 10,8 8,1 8,1 10,8 13,5 17,6 9,5 8,1 8,1 10,8 6,5 6,5 8,1 8,1 12,2 14,9 5 15 21 17 12 7 20 7 9 14 7 8 12 15 6 11 7 14 16 16 8 6,8 20,3 28,4 23 16,2 9,5 27 9,5 12,2 18,9 9,5 10,8 16,2 20,3 8,1 14,9 6,5 18,9 21,6 21,6 10,8 18 39 28 7 – 12 26 57 9 17 18 2 28 25 5 9 10 9 26 24 7 24,3 52,7 37,8 6,5 – 16,2 35,1 77 12,2 23, 24,3 2,8 37,8 33,8 6,8 12,2 13,5 12,2 35,1 33,4 6,5 A maioria dos entrevistados considerou ter menos tempo para si, por conta do cuidado. Para 77% dos cuidadores o idoso depende do seu cuidado. Em 37,8% dos 32 casos era estressante tentar conciliar o cuidado com outras responsabilidades. Apesar disto, apenas 6,5% consideraram uma este trabalho uma carga. Sentimentos negativos não eram despertados com a proximidade do idoso, ou surgiam raramente. Setenta e sete por cento dos cuidadores consideravam o dinheiro insuficiente para cuidar do idoso e de outras despesas. Apenas 13,5% dos cuidadores referiram desejo freqüente de que outra pessoa assumisse o cuidado com os pacientes. 33 6 DISCUSSÃO As entrevistas foram realizadas na sala de espera nos dias da consulta, quando em condições ideais, fazê-lo no domicílio dos cuidadores permitiria estudo observacional das condições em que é realizado o cuidado. Foi utilizado o Inventário Neuropsiquiátrico e a Escala de Avaliação do Estresse do cuidador, ambas as escalas validadas são amplamente utilizadas na investigação das alterações comportamentais e da sobrecarga dos cuidadores (GARRIDO; MENEZES, 2004). Escalas de cores foram apresentadas aos cuidadores para que fizessem a avaliação da intensidade do seu estresse; mesmo assim, algumas pessoas tiveram dificuldade para fazer esta avaliação. As mulheres constituíram a maioria dos pacientes selecionados (75,7%). Sessenta e dois pacientes (82,5%) tinham entre 70 e 89 anos de idade, o que está de acordo com a maior prevalência da doença no gênero feminino (MACHADO, 2006). Em 22 (29,7%) prontuários não havia registro da realização do mini-exame do estado mental e 18 (24,3%) obtiveram 10 ou menos pontos. Uma explicação para a subnotificação do resultado dos testes é que estes pacientes estariam em estados avançados da doença e não seriam capazes de realizar a avaliação cognitiva. No entanto, esta informação não foi expressamente registrada nos prontuários examinados. Estudo realizado em ambulatório de neuropsiquiatria do Rio de Janeiro que atende pacientes portadores de demência apresentou 42,9% dos pacientes com demência leve e 40% dos pacientes em estágios moderados da doença (VEGA; MARINHO; ENGELHARDT; LAKS, 2007). Como ambos os trabalhos foram realizados com pacientes acompanhados em ambulatório, parece sugerir que pacientes, em estágios mais avançados e com maior comprometimento da capacidade funcional, tenham sido excluídos da amostra pela dificuldade de chegarem até estes serviços. No entanto, deveríamos considerar o viés da amostra, uma vez que as alterações de comportamento são mais prevalentes em estágio moderado da doença (MACHADO, 2006). A idade dos cuidadores variou entre 18 e 79 anos. Quarenta e duas (58,3%) tinham entre 40 e 59 anos. Trinta e nove (52,7%) eram filhas, nove (12,2%) eram esposas. Quanto ao estado civil dos cuidadores, 40 (54,1%) deles eram casados ou 34 viviam em união estável. Trinta e um (42,5%) indivíduos assumiram o cuidado num perído de mais de um e menos de três anos. 28 (38,4%) cuidavam do há mais de três anos e menos de 10 anos. A maior parte dos cuidadores é constituída, portanto, de mulheres em idade madura, casadas ou solteiras, filhas dos pacientes e que exercem o cuidado entre 1 e 10 anos. Estes dados mostram conformidade com a literatura, onde o cuidador é descrito como do gênero feminino, de meia-idade, filhas ou esposas (GARRIDO; MENEZES, 2004). Entretanto, observou-se diferença significativa com relação ao estudo de Garrido e Menezes (2004) no que diz respeito à participação dos cônjuges e dos filhos no cuidado do idoso, uma vez que em nosso serviço a maior parte dos cuidadores eram filhos e 33 (44,6%) famílias viviam em domicílio multigeracional. A literatura aponta maior participação dos filhos nas famílias nordestinas, em comparação com o sudeste do país, o que foi observado ao confrontar estudos epidemiológicos realizados com idosos da comunidade em São Paulo e em Fortaleza, onde, na capital cearense, 68,9% dos idosos recebiam algum tipo de ajuda, superando os 46,3% encontrados na cidade de São Paulo. Quando a ajuda era instrumental, segundo 46,6% dos idosos de Fortaleza, residentes na comunidade ela provinha de um filho adulto, o que em São Paulo só ocorreu em 26,4% dos idosos (SAAD, 1999 apud NERI; SOMMERHALDER, 2002). O exercício do cuidado pode levar anos e o cuidador que hoje está na meiaidade logo envelhecerá. Existem dados conflitantes na literatura sobre a relação do estresse do cuidador e o tempo de cuidado. A elaboração de mecanismos de adaptação com o passar do tempo reduziria a sobrecarga do cuidador ao longo de sua experiência (GARRIDO, MENEZES, 2004). No entanto, o cuidador elaboraria imagem pouco favorável da velhice. A cristalização de idéias negativas pode dificultar a elaboração destes mecanismos de defesa dificultando a realização das tarefas e comprometendo a concepção de seu próprio futuro (PACHECO, 2004). Vinte e nove (39,2% ) cuidadores realizavam sozinhos o cuidado com o paciente, apesar de trinta e três (44,6%) a amostra residir em domicílio multigeracional. O tipo mais freqüente foi a ajuda instrumental, 27 (36,5%), seguida de ajuda financeira 21 (28,4%). Apenas 15 cuidadores (20,3%) contavam com a ajuda de um cuidador informal e onze (14,9%) recebiam ajuda de um profissional de saúde. 35 Em estudo realizado no Departamento de Medicina Preventiva da USP, numa amostra de 49 cuidadores entrevistados (40,9%) assumiam sozinhos os cuidados com os pacientes (GARRIDO; MENEZES, 2004) Foi identificada a utilização de métodos não farmacológicos no controle ou prevenção de alterações de comportamento pela maioria (52,7%) dos cuidadores entrevistados. Trinta e quatro (45,9%) cuidadores utilizaram a procura espontânea daquelas estratégias que, na vivência do cuidado evitavam ou melhoravam as alterações comportamentais. Estes dados reforçam a informação de que o cuidador realiza um trabalho solitário no cuidado com o paciente portador de provável doença de Alzheimer. Não confrontar, dar atenção e carinho, fazer companhia ao idoso, enfim, oferecer-lhe um ambiente seguro parece ser a maneira mais eficiente de lidar com as alterações de comportamento. As alterações comportamentais mais freqüentemente referidas pelos cuidadores foram: depressão 57 (77%), apatia 56 (75,7%), ansiedade 53 (71,6%) e sintomas noturnos 50 (67,6%). Pacientes dementados acompanhados ambulatorialmente em São Paulo e no Rio de Janeiro apresentaram a apatia (76,5|%) e (53,3%), respectivamente, como a alteração comportamental mais prevalente. Em ambos os estudos, depressão e ansiedade encontravam-se entre as alterações mais prevalentes (VEGA; MARINHO; ENGELHARDT; LAKS, 2007) As alterações comportamentais mais freqüentemente apresentadas foram: depressão 77%, apatia 75,7% ansiedade 71,6% e sintomas noturnos 67,6%. As alterações de comportamento mais freqüentemente relacionadas com estresse grave dos cuidadores foram: ansiedade, depressão, apatia e delírios. Em estudos na comunidade, há freqüência de até 60% de sintomas neuropsiquiátricos associados a demências. Estas alterações podem prejudicar o estado cognitivo e funcional, aumentando a incapacidade dos pacientes (VEGA; MARINHO; ENGELHARDT; LAKS, 2007). 36 A maioria dos cuidadores não considerou que o paciente solicitava ajuda desnecessariamente (65%). Negaram também sentimentos de raiva (72,9%), tensão (64,9%) ou vergonha (54,1%) pelo comportamento do idoso. Vinte e cinco cuidadores (33,8%) consideraram o dinheiro insuficiente para todas as despesas, o que pode explicar a dificuldade de contratar pessoas para ajudar nestas tarefas. Estes achados estão em conformidade com os achados de Garrido e Menezes (2004), onde mais da metade sentia que os pacientes não pediam ajuda desnecessariamente, raramente sentiam vergonha de seu comportamento ou tensão com a sua presença e 48,9% consideraram o dinheiro insuficiente para cuidar do paciente. Mesmo enfrentando o cuidado sem rede se suporte adequada, a maior parte dos cuidadores parece estar segura de suas atividades e não deseja que outra pessoa assuma esta tarefa. Não raro encontramos pessoas que referiam satisfação em cuidar. Existem algumas limitações que não permitem extrapolar estes resultados para todos os cuidadores de pacientes dementados. Estes pacientes são atendidos em serviço especializado de atendimento secundário em hospital universitário que dispõe de equipe interdisciplinar e palestras direcionadas aos cuidadores. Estas famílias já estavam cientes do diagnóstico e foram orientadas pela equipe de saúde que estes comportamentos faziam parte da doença. Grande parte dos cuidadores é constituída de filhos, diferentemente do que ocorre no sudeste do país, como descrito anteriormente. Os idosos representam quase um quarto dos cuidadores entrevistados. Setenta e dois por cento dos cuidadores apresentam algum grau de estresse. É provável que as relações de cuidado sejam mais conflituosas em famílias que desconheçam a doença e que não tenham o acompanhamento necessário. Mais da metade dos cuidadores utiliza estratégias não farmacológicas orientadas por profissionais de saúde, o que aponta a necessidade de desenvolver ações educativas voltada aos cuidadores. Avaliações periódicas dos cuidadores, orientação e o desenvolvimento de ações preventivas poderiam facilitar o trabalho dos cuidadores, melhorando a qualidade de vida do paciente e de seus familiares. 37 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERTOLUCCI, P. H. F. et.al. Mini-Exame do estado mental em uma população geral. Impacto da escolaridade. Aquivos de Neuropsiquiatria, v. 52, n.1, 1994 BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n o 843, de 31 de outubro de 2002. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília. CALDAS, C. P. Cuidado familiar: a importância da família na atenção à saúde do idoso. In: SALDANHA, A.L; CALDAS, C,P (Orgs.) 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In: BOTTINO, C. M.; LAKS, J. ; BLAY, S.L. Demência e Transtornos Cognitivos em Idosos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. p.315312 40 VEGA, U; MARINHO, V; ENGELHARDT, E; LAKS, Sintomas neuropsiquiátricos nas demências: relato preliminar de uma avaliação prospectiva em um ambulatório do Brasil. Arquivos de Neuropsiquiatria, v.65 n. 2B, 2007. WORLD HEALTH ORGANIZATION 2007. Alzheimer’s Disease: The Brain Killer. Mental Health and Substance Abuse: Facts and figures. South-East Asia, 2007. ZARIT, S. H., REEVER, K. E., Bach-Peterson J. Relatives of the impaired elderly correlates of feelings of burden. Gerontologist, v. 20, p. 649-655, 1980. ZARIT, S.H..; ZARIT, J.M. The memory and behavior problems checklist 1987R and the burden interview (technical report). University Park (PA): Pennsylvania State University; 1987. 41 APÊNDICE 42 APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Prezado(a) Sr(a): Eu,Rosina Ribeiro Gabriele., RG. nº 91002006111.SSP-CE, estou realizando uma pesquisa para conclusão do Curso de Especialização em Geriatria da Escola de Saúde Pública do Ceará: O ESTRESSE DOS CUIDADORES E AS ALTERAÇÕES COMPORTAMENTAIS DOS PACIENTES COM DOENÇA DE ALZHEIMER. Solicito sua colaboração para responder a um questionário e permitir que sejam retiradas fotografias. Os dados obtidos serão apresentados junto à comunidade acadêmica, respeitando a sua identidade. Informo ainda, que: Este trabalho tem o objetivo de avaliar o estresse dos cuidadores dos pacientes portadores de Doença de Alzheimer. Para tanto, o senhor(a) responderá a um questionário de múltipla escolha. Dados como os testes de memória e a avaliação da dependência, realizados de rotina nas consultas do paciente, serão obtidos do prontuário. Você tem liberdade para aceitar ou não a participação nesta pesquisa; Seu nome nem qualquer informação que possa identificá-lo serão divulgados; Mesmo tendo aceitado participar, se por qualquer motivo, durante o andamento da pesquisa, resolver desistir, tem toda a liberdade para retirar sua participação; Sua colaboração e participação poderão trazer benefícios para o desenvolvimento das pesquisas científicas e para a melhoria da assistência nesta Instituição; Esta pesquisa não apresenta riscos aos participantes; Não haverá nenhum ônus pra você; A qualquer momento poderá ter acesso aos dados desta pesquisa. Estarei disponível para qualquer outro esclarecimento à AVENIDA ENGENHEIRO LEAL LIMAVERDE, 850 TELEFONE (85) 32783306 Qualquer dúvida em relação à pesquisa você ainda poderá ligar para o Comitê de Ética em Pesquisa, telefone: 32888338. Gostaria muito de poder contar com a sua cooperação, a qual desde já agradeço. Atenciosamente, _________________________________ ROSINA RIBEIRO GABRIELE Curso de Especialização em Geriatria Escola de Saúde Pública do Ceará Eu, _____________________________________________, RG.__________________ CPF______________________ declaro que tomei conhecimento do estudo citado acima, compreendi seus objetivos, concordo em participar da pesquisa e declaro que não me oponho à participação na entrevista, nem à retirada de fotografias. Fortaleza,... de .........................de .................... ___________________________ Participante do estudo _______________________ Pessoa que obteve o termo 43 __________________________ Testemunha APÊNDICE B – Questionário de Avaliação do Estresse do Cuidador QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DO ESTRESSE DO CUIDADOR E ALTERAÇÕES COMPORTAMENTAIS NO PACIENTE COM DOENÇA DE ALZHEIMER I. IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE Nome: 1.Data 2.Prontuário 3.Idade 4.Sexo 1. M 2. F 5.Mini Exame do Estado Mental 6.Escala de Katz 7.Estado Civil 1. casado 2. separado 3.viúvo 4. solteiro II. IDENTIFICAÇÃO DO CUIDADOR __/__/__ Nome: 1.Idade 2.Sexo 1. M 2. F 3.Estado Civil 1. casado 2. separado 3.viúvo 4. solteiro 4. Tempo cuidando do paciente (EM MESES) 5. Domicílio 1. Unigeracional 2. Bigeracional 3. Multigeracional 6.Parentesco 1. esposa 2. marido 3. filha 4.filho 5. outro familiar 6.outro 7.Recebe ajuda no cuidado com o paciente? 1. Sim 2. Não 8. Tipo de ajuda 1. Financeira 2. Instrumental 3. Informal paga 4. Formal 5. Outra 9.NA III. INVENTÁRIO NEUROPSIQUIÁTRICO RELAÇÃO ENTRE ALTERAÇÕES COMPORTAMENTAIS DO PACIENTE E O ESTRESSE DO CUIDADOR (A)SIM para sintomas apresentados no último mês. Caso contrário: NÃO (B)Nível de SEVERIDADE dos sintomas (Como afeta o paciente) 1= leve (Perceptível, sem mudança significativa) 2= moderada (significativa, mas não, drástica) 3= severa (muito acentuada ou drástica) (C)SOBRECARGA experimentada pelo cuidador por causa do sintoma (Como afeta o cuidador) 0= Não afeta 1= Raramente (sem problemas para lidar com isso) 2= Algumas vezes (geralmente é fácil de lidar) 3= Freqüentemente (nem sempre fácil de lidar) 4= Sempre (difícil de lidar) 44 A B C 1.DELÍRIOS (O paciente acredita que outros o estão roubando ou tramando algo contra ele? ) 1. SIM 2. NÃO GRAVIDADE: 1 2 3 ESTRESSE: 0 1 2 3 4 2.ALUCINAÇÕES (Ele(a) age como se ouvisse vozes?Age como se visse coisas ou pessoas que não estão ali?) 1. SIM 2. NÃO GRAVIDADE: 1 2 3 ESTRESSE: 0 1 2 3 4 3.AGITAÇÃO/AGRESSIVIDADE (O paciente é resistente ou intolerante a ajuda de outros?) 1. SIM 2. NÃO GRAVIDADE: 1 2 3 ESTRESSE: 0 1 2 3 4 4.DEPRESSÃO/ DISTIMIA Ele(a) age como se estivesse triste ou chora com facilidade? 1. SIM 2. NÃO GRAVIDADE: 1 2 3 ESTRESSE: 0 1 2 3 4 5.ANSIEDADE Ele(a) se aborrece quando se separa de você ? Tem sinais de nervosismo? É tenso ou incapaz de relaxar? 1. SIM 2. NÃO GRAVIDADE: 1 2 3 ESTRESSE: 0 1 2 3 4 6.ELAÇÃO/EUFORIA Ele(a) parece bem demais ou excessivamente feliz? 1. SIM 2. NÃO GRAVIDADE: 1 2 3 7.APATIA ESTRESSE: 0 1 2 3 4 Ele(a) parece menos interessado em suas INDIFERENÇA atividades ou nas atividades e planos dos outros? 1. SIM 2. NÃO GRAVIDADE: 1 2 3 ESTRESSE: 0 1 2 3 4 8.DESINIBIÇÃO Ele(a) parece agir impulsivamente? Ex: fala com estranhos como se os conhecesse ou diz coisas que podem magoar as pessoas? 1. SIM 2. NÃO GRAVIDADE: 1 2 3 ESTRESSE: 0 1 2 3 4 9.IRRITABILIDADE/ Ele(a) é impaciente/irritado? Não tolera atrasos ou LABILIDADE espera em atividades planejadas? 1. SIM 2. NÃO GRAVIDADE: 1 2 3 ESTRESSE: 0 1 2 3 4 10.DISTÚRBIO MOTOR Faz atividades repetitivas como andar em círculos, teclando, enrolando ou outros movimentos repetitivos 1. SIM 2. NÃO GRAVIDADE: 1 2 3 ESTRESSE: 0 1 2 3 4 11.COMPORTAMENTOS Ele(a) acorda durante a noite, levanta demasiado NOTURNOS dia? 1. SIM 2. NÃO cedo ou cochila excessivamente durante o GRAVIDADE: 1 2 3 ESTRESSE: 0 1 2 3 4 12.ALIMENTAÇÃO Tem perdido/ganhado peso ou mudado seu gosto pela E APETITE comida? 1. SIM 2. NÃO GRAVIDADE: 1 2 3 ESTRESSE: 0 1 2 3 4 IV. O QUE É FEITO PARA CONTORNAR AS ALTERAÇÕES DO COMPORTAMENTO DO PACIENTE? ( Aqui o entrevistador tentará identificar o uso de medidas não farmacológicas no controle as AC por parte do cuidador) 45 Foi identificado o uso de medida não farmacológica? 1. SIM 2. NÃO V. FONTE DE INFORMAÇÃO DO CUIDADOR Orientou o uso destas medidas 1. SIM 2. NÃO 99. NA 1.Iniciativa própria 2. Familiar 3. Palestras 4. Enfermeiro 5. Fisioterapeuta 6.Terapeuta ocupacional 7. Médico 8. Nutricionista 9. Psicólogo 10. Televisão 11.Outro_____________ VI. ESCALA DE AVALIAÇÃO DO ESTRESSE DO CUIDADOR 1. Nunca 2. Raro 3. Algumas vezes 4. Freqüente 5. Quase Nunca 1. O Sr(a) sente S* pede mais ajuda do que ele(a) necessita? 2. O Sr(a) sente que por causa do tempo que o Sr(a) gasta com S. o Sr(a) não tem tempo suficiente para si mesmo? 3. O Sr(a) se sente estressado(a) entre cuidar de S e suas outras responsabilidades com a família e o trabalho? 4. O Sr(a) se sente envergonhado com o comportamento de S? 5. O Sr(a) se sente irritado quando S está por perto? 6. O Sr(a) sente que S afeta negativamente seus relacionamentos com outros membros da família ou amigos? 7. O Sr(a) sente receio pelo futuro de S? 8. O Sr(a) sente que S depende do Sr(a)? 9. O Sr(a) se sente tenso quando S está por perto? 10. O Sr(a) sente que sua saúde foi afetada por causa do seu envolvimento com S? 11. O Sr(a) sente que não tem tanta privacidade quanto gostaria, por causa de S? 12. O Sr(a) sente que sua vida social foi prejudicada por causa de S? 13. O Sr(a) não se sente à vontade de ter visitas em casa por causa de S? 14. O Sr(a) sente que S espera que o Sr(a) cuide dele(a) como se o Sr(a) fosse a única pessoa de quem ele(a) pode depender? 15. O Sr(a) sente que não tem dinheiro suficiente para cuidar de S. somando-se as suas outras despesas? 16. O Sr(a) sente que será incapaz de cuidar de S por muito tempo? 17. O Sr(a) sente que perdeu o controle da sua vida desde a doença de S? 18. O Sr(a) gostaria de simplesmente deixar que outra pessoa cuidasse de S? 19. O Sr(a) se sente em dúvida sobre o que fazer por S? 20. O Sr(a) sente que deveria estar fazendo mais por S? 21. O Sr(a) sente que poderia cuidar melhor de S? 22. De uma maneira geral, quanto o Sr(a) se sente sobrecarregado(a) por cuidar de S?** *substituir S pelo nome da pessoa cuidada 46 ** neste item as respostas são: nem um pouco =0, um pouco =1 moderadamente =2, muito grave=3, extremamente grave =4 TOTAL DE ESCORES _______ 0 a 20: Estresse mínimo ou nenhum estresse 21 a 40: Estresse Leve a moderado 41 a 60: Estresse Moderado a Grave 61 a 88: Estresse grave 47 ANEXO 48 ANEXO A – Mini-Exame do Estado Mental Mini-Exame do Estado Mental de Folstein (BERTOLUCCI et.al.,1994). 1. Orientação Temporal (5 pontos: dê um ponto para cada ítem): Ano Mês Dia do mês Dia da semana Hora aproximada 2. Orientação Espacial (5 pontos: dê um ponto para cada ítem): Local específico (aposento ou setor) Instituição (local, residência) Estado Cidade Bairro ou nome de rua próxima 3. Registro (3 pontos): Repetir: VASO, CARRO, TIJOLO. 4. Atenção e Cálculo (5 pontos): 100 – 7 = 93 – 7 = 86 – 7 = 79 – 7 = 72 – 7 = 65 5. Memória de Evocação (3 pontos): Recordar as 3 palavras 6. Nomear dois objetos (2 pontos): Relógio e caneta 7. Repetir (1 ponto): “NEM AQUI, NEM ALI, NEM LÁ” 8. Comando de estágios (3 pontos): “Apanhe esta folha de papel com a mão direita, dobre-a ao meio e coloque-a no chão” 9. Escrever uma frase completa (1 ponto ) 10. Copiar diagrama (1 ponto ) 11. Ler e executar (1 ponto ) FRASE _________________________________________________ Interpretação Ponto de corte (analfabetos: 13; 1 a 7 anos de estudo: 24; ≥8 anos de estudo: 26). 49 ANEXO B – Escala de Avaliação Funcional Escala de Atividades Básicas de Vida Diária - Katz Atividade Independente Não recebe ajuda ou recebe ajuda para uma Banho Sim Não parte do corpo Pega as roupas veste-se sem qualquer ajuda, Vestir-se exceto amarrar os sapatos Vai ao banheiro, usa o banheiro, veste-se e Higiene pessoal retorna sem qualquer ajuda (pode usar andador ou bengala) Consegue deitar na cama, sentar na cadeira e Transferência levantar sem ajuda (pode usar andador ou Continência bengala) Controla plenamente urina e fezes Come sem ajuda (exceto para cortar a carne e Alimentação Sim = 1 passar a manteiga no pão) Não = 0 Interpretação O escore total é o somatório de respostas “sim”. Total de 6 pontos significa independência para AVD; 4 pontos, dependência parcial; 2 pontos, dependência importante. Modificado de Katz S, Downs TD, Cash HR et al. Gerontologist, 1970; 10:20-30. ANEXO C – INVENTÁRIO NEUROPSIQUIÁTRICO INVENTÁRIO NEUROPSIQUIÁTRICO (NPI – CUMMINGS et. al., 1994) 50 RELAÇÃO ENTRE ALTERAÇÕES COMPORTAMENTAIS DO PACIENTE E O ESTRESSE DO CUIDADOR (A)SIM para sintomas apresentados no último mês. Caso contrário: NÃO (B)Nível de SEVERIDADE dos sintomas (Como afeta o paciente) 1= leve (Perceptível, sem mudança significativa) 2= moderada (significativa, mas não, drástica) 3= severa (muito acentuada ou drástica) (C)SOBRECARGA experimentada pelo cuidador por causa do sintoma (Como afeta o cuidador) 0= Não afeta 1= Raramente (sem problemas para lidar com isso) 2= Algumas vezes (geralmente é fácil de lidar) 3= Freqüentemente (nem sempre fácil de lidar) 4= Sempre (difícil de lidar) A 1.DELÍRIOS (O paciente acredita que outros o estão roubando ou tramando algo contra ele? ) 1.. SIM 2. NÃO GRAVIDADE: 1 2 3 ESTRESSE: 0 1 2 3 4 2.ALUCINAÇÕES (Ele(a) age como se ouvisse vozes?Age como se visse coisas ou pessoas que não estão ali?) 1. SIM 2. NÃO GRAVIDADE: 1 2 3 ESTRESSE: 0 1 2 3 4 3.AGITAÇÃO/AGRESSIVIDADE (O paciente é resistente ou intolerante a ajuda de outros?) 1. SIM 2. NÃO GRAVIDADE: 1 2 3 ESTRESSE: 0 1 2 3 4 4.DEPRESSÃO/ DISTIMIA Ele(a) age como se estivesse triste ou chora com facilidade? 1. SIM 2. NÃO GRAVIDADE: 1 2 3 ESTRESSE: 0 1 2 3 4 5.ANSIEDADE Ele(a) se aborrece quando se separa de você ? Tem sinais de nervosismo? É tenso ou incapaz de relaxar? 1. SIM 2. NÃO GRAVIDADE: 1 2 3 ESTRESSE: 0 1 2 3 4 6.ELAÇÃO/EUFORIA Ele(a) parece bem demais ou excessivamente feliz? 1. SIM 2. NÃO 7.APATIA INDIFERENÇA GRAVIDADE: 1 2 3 ESTRESSE: 0 1 2 3 4 Ele(a) parece menos interessado em suas atividades ou nas atividades e planos dos outros? 1. SIM 2. NÃO GRAVIDADE: 1 2 3 ESTRESSE: 0 1 2 3 4 8.DESINIBIÇÃO Ele(a) parece agir impulsivamente? Ex: fala com estranhos como se os conhecesse ou diz coisas que podem magoar as pessoas? 1. SIM 2. NÃO GRAVIDADE: 1 2 3 ESTRESSE: 0 1 2 3 4 B C 51 9.IRRITABILIDADE/ LABILIDADE Ele(a) é impaciente/irritado? Não tolera atrasos ou espera em atividades planejadas? 1. SIM 2. NÃO GRAVIDADE: 1 2 3 ESTRESSE: 0 1 2 3 4 10.DISTÚRBIO MOTOR Faz atividades repetitivas como andar em círculos, teclando, enrolando ou outros movimentos repetitivos1. SIM 2. NÃO GRAVIDADE: 1 2 3 11.COMPORTAMENTOS ESTRESSE: 0 1 2 3 4 Ele(a) acorda durante a noite, levanta demasiado NOTURNOS dia? 1. SIM 2. NÃO cedo ou cochila excessivamente durante o GRAVIDADE: 1 2 3 ESTRESSE: 0 1 2 3 4 12.ALIMENTAÇÃO Tem perdido/ganhado peso ou mudado seu gosto pela E APETITE comida? 1. SIM 2. NÃO GRAVIDADE: 1 2 3 ESTRESSE: 0 1 2 3 4 ANEXO D – ESCALA DE AVALIAÇÃO DO ESTRESSE DO CUIDADOR 52 VERSÃO BRASILEIRA DA ESCALA DE ZARIT PARA AVALIAÇÃO DO ESTRESSE DO CUIDADOR (SCAZUFCA, 2002). 0. Nunca 1. Raro 2. Algumas vezes 3. Freqüente 4. Quase Nunca 1. O Sr(a) sente S* pede mais ajuda do que ele(a) necessita? 2. O Sr(a) sente que por causa do tempo que o Sr(a) gasta com S. o Sr(a) não tem tempo suficiente para si mesmo? 3. O Sr(a) se sente estressado(a) entre cuidar de S e suas outras responsabilidades com a família e o trabalho? 4. O Sr(a) se sente envergonhado com o comportamento de S? 5. O Sr(a) se sente irritado quando S está por perto? 6. O Sr(a) sente que S afeta negativamente seus relacionamentos com outros membros da família ou amigos? 7. O Sr(a) sente receio pelo futuro de S? 8. O Sr(a) sente que S depende do Sr(a)? 9. O Sr(a) se sente tenso quando S está por perto? 11. O Sr(a) sente que sua saúde foi afetada por causa do seu envolvimento com S? 11. O Sr(a) sente que não tem tanta privacidade quanto gostaria, por causa de S? 12. O Sr(a) sente que sua vida social foi prejudicada por causa de S? 13. O Sr(a) não se sente à vontade de ter visitas em casa por causa de S? 14. O Sr(a) sente que S espera que o Sr(a) cuide dele(a) como se o Sr(a) fosse a única pessoa de quem ele(a) pode depender? 15. O Sr(a) sente que não tem dinheiro suficiente para cuidar de S. somando-se as suas outras despesas? 16. O Sr(a) sente que será incapaz de cuidar de S por muito tempo? 18. O Sr(a) sente que perdeu o controle da sua vida desde a doença de S? 18. O Sr(a) gostaria de simplesmente deixar que outra pessoa cuidasse de S? 19. O Sr(a) se sente em dúvida sobre o que fazer por S? 20. O Sr(a) sente que deveria estar fazendo mais por S? 21. O Sr(a) sente que poderia cuidar melhor de S? 22. De uma maneira geral, quanto o Sr(a) se sente sobrecarregado(a) por cuidar de S?** *substituir S pelo nome da pessoa cuidada ** neste item as respostas são: nem um pouco =0, um pouco =1 moderadamente =2, muito grave=3, extremamente grave =4 0 a 20: Estresse mínimo ou nenhum estresse 21 a 40: Estresse Leve a moderado 41 a 60: Estresse Moderado a Grave 61 a 88: Estresse grave TOTAL DE ESCORES _______