Componente Curricular: EDUCAÇÃO RELIGIOSA Série: 1ª – ENSINO MÉDIO Conteúdos – Exame Final Campanha da fraternidade; Relacionamento interpessoal; Realidade social; Solidariedade humana; Práticas de espiritualidade. Somos todos diferentes; Ajuda ao outro; A fé; Qualidade de vida; Projeto de vida; Religiosidade; Estudos bíblicos. Exercícios – Exame Final 1. Campanha da Fraternidade 2016: “Casa comum, nossa responsabilidade” “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Amós 5,24). A CF deste ano é ecumênica, ou seja, não está voltada só para os católicos e sim aberto aos que tem fé cristã. E, durante os 40 dias de quaresma foram debatidos os problemas ligados ao lema da campanha. Neste período e ao longo do ano, a igreja quer chamar a atenção das pessoas e das autoridades para as violações à natureza, a falta de saneamento básico que tem gerado muitos problemas, como a poluição dos rios, a contaminação do solo, etc. Essa casa comum que está sendo ameaçada, é o nosso planta e, em meio a essa situação, a população sofre com a falta de água potável, falta de saneamento e coleta de lixo e assim a população fica a exposição de doenças. Mas o que é saneamento básico? É um conjunto de cuidados que se tem com a água, o esgoto e o lixo... cuidados fundamentais na manutenção da saúde e do bem-estar da população. A falta de saneamento básico leva a contaminação de várias doenças e também vai matando a natureza, por isso devemos cuidar e lutar para que haja uma mudança. Vivendo em um ambiente saudável, nos desenvolvemos e aprendemos mais e temos uma qualidade de vida bem melhor. Afinal, Deus criou tudo perfeito para que pudéssemos ter uma vida abundante. a) Qual é o tema da C.F.? b) Qual é o lema da C.F.? c) Por que dizemos que a C.F. é ecumênica? d) O que compõe o saneamento básico de uma cidade? e) Cite 3 (três) ações que você pode fazer para contribuir com o meio ambiente? f) Crie um cartaz que sensibilize a todos sobre a necessidade de um planeta melhor. 2. Relacione a charge abaixo, com a frase e diga o que elas têm em comum. Que mensagem elas comunicam? (Mínimo de 5 linhas) “Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las.” (Voltaire) 3. Leia o texto abaixo e responsa as questões de I a III. A busca da felicidade Pesquisas desvendam os mecanismos do prazer e da felicidade. Como esse novo conhecimento pode melhorar sua vida? (Barbara Axt) A busca da felicidade é o combustível que move a humanidade – é ela que nos força a estudar, trabalhar, ter fé, construir casas, realizar coisas, juntar dinheiro, gastar dinheiro, fazer amigos, brigar, casar, separar, ter filhos e depois protegê-los. Ela nos convence de que cada uma dessas conquistas é a coisa mais importante do mundo e nos dá disposição para lutar por elas. Mas tudo isso é ilusão. A cada vitória surge uma nova necessidade. Felicidade é uma cenoura pendurada numa vara de pescar amarrada no nosso corpo. Às vezes, com muito esforço, conseguimos dar uma mordidinha. Mas a cenoura continua lá adiante, apetitosa, nos empurrando para frente. Portanto, felicidade é um truque. (www.super.abril.com.br/cultura/busca-da-felicidade. Acesso: 7.2.14) I. O que a autora conclui sobre aquilo que ela diz a respeito da felicidade? (A) A busca da felicidade é o combustível que move a humanidade a ser egoísta. (B) É ela que nos força a estudar, trabalhar e ter mais problemas. (C) É a coisa mais importante do mundo e nos dá disposição para fugir das alegrias momentâneas. (D) Felicidade é um truque. II. A busca da felicidade, segundo as ideias do texto: (A) desmotiva e não define as nossas expectativas de vida. (B) é a motivação maior para lutarmos por aquilo que desejamos. (C) é um problema para as grandes conquistas de qualquer ser humano. (D) pode promover grandes frustrações às pessoas que não são vitoriosas nas suas buscas. III. O texto nos faz refletir sobre a felicidade como (A) algo completo e finito. (B) momentos desprezíveis. (C) algumas conquistas, no entanto, ressalta que sempre haverá novas necessidades. (D) trabalhar, estudar e ter fé no transcendente. 4. De acordo com o conceito de liberdade e responsabilidade, marque a alternativa CORRETA. (A) Liberdade é fazer somente o correto e responsabilidade é ser útil. (B) Liberdade é o mesmo que limitação e responsabilidade é arcar com o prejuízo dos erros. (C) Liberdade é o ato de se expressar, poder ir e vir e responsabilidade é assumir as consequências de suas atitudes. (D) Liberdade é fazer bullying pela internet e responsabilidade é não revidar. 5. Relacione as frases das letras A e B com as frases abaixo: (A) O bom uso da liberdade. ( ) nos prejudica. ( ) nos torna responsáveis. ( ) nos torna escravo dos vícios. (B) O mau uso da liberdade. ( ) nos faz crescer. ( ) nos traz infelicidade. ( ) pode nos afastar do convívio em sociedade. 6. Coloque V para verdadeiro e F para falso nas sentenças abaixo. ( ) Sou responsável quando deixo os outros fazerem o trabalho que era para eu fazer. ( ) Quem não assume suas responsabilidades degrada-se como pessoa. ( ) Podemos praticar o mal porque somos livres e devemos fazê-lo. ( ) A responsabilidade se desenvolve aos poucos no ser humano. ( ) A liberdade, ao lado da Inteligência, é uma característica que nos engrandece extraordinariamente. ( ) Sou responsável quando devolvo em tempo o que tomei emprestado. ( ) A liberdade é exclusiva para animais. 7. Leia as frases abaixo e marque C (correto) e E (errado) pensando no que vimos nos trabalhos apresentados pelos colegas (Campanha da Fraternidade) e no que devemos fazer para viver bem em grupo: ( ) Estudar em um local sujo e não fazer nada em relação a isso. ( ) Você está passando em frente a uma quadra de futebol e uma bola foi arremessada por cima do muro em sua direção, você pega a bola e a arremessa de volta à quadra. ( ) Estar no terminal de ônibus, ver alguém precisando de uma informação e não oferecer ajuda. ( ) Rir do meu colega que caiu no chão e não fazer nada para ajudar. ( ) Viver discutindo, brigando, não respeitando os semelhantes. ( ) Agir de maneira integra, correta, respeitando a todos. ( ) Praticar atos violentos, ofender idosos. ( ) Respeitar meus colegas enquanto apresentam seus trabalhos. 8. Leia com atenção: Minha máquina de escrever. Apxsar dx minha máquina dx xscrxvxr sxr um modxlo antigo, funciona bxm, com xxcxssão dx uma txcla. Há quarxnta x duas txclas qux funcionam bxm, mxnos uma x isto faz uma difxrxça muito grandx. Ás vxzxs parxcx qux mxu grupo x como minha máquina dx xscrxvxr são iguais, qux nxm todos os mxmbros xstão dxsxmpxnhando suas funçõxs como dxvxriam. Vocx dirá: Afinal sx sou apxnas uma pxça sxm xxprxssão x sxm dúvida não farxi difxrxnça à comunidadx. Xntrxtanto, uma organização para podxr progrxdir xficixntxmxntx prxcisa da participação ativa dx todos os sxus componxntxs. Na próxima vxz qux vocx pxnsar qux não prxcisam dx vocx, lxmbrx-sx da minha vxlha máquina dx xscrxvxr x diga a si próprio: "Xu sou uma pxça muito importantx no grupo x mxus sxrviços são muito nxcxssários." O defeito foi sanado. Agora a leitura é fácil, a mensagem é clara e positiva. Sinta a diferença de uma SIMPLES TECLA: Identifique-se, integre-se, aja em prol de sua comunidade, de seu grupo e seja mais FELIZ E REALIZADO. a) Por que um homem Só não é ninguém? b) O que você entendeu por “trabalho em equipe”? c) Você está cumprindo sua tarefa na escola e em casa? Como? 9. (ENEM 2013. Questão 25 – Azul) A charce abaixo revela uma critica aos meios de comunicação, em especial a internet, porque (a) questiona a integração das pessoas nas redes virtuais de relacionamento. (b) considera as relações sociais como menos importantes que as virtuais. (c) enaltece a pretensão do homem de estar em todos os lugares ao mesmo tempo. (d) descreve com precisão as sociedades humanas no mundo globalizado. (e) concebe a rede de computadores como o espaço mais eficaz para a construção de relações sociais. 10. (ENEM 2004. Questão 19 – Amarela) Leia e observe a tirinha: A conversa entre Mafalda e seus amigos: (a) Revela a real dificuldade de entendimento entre posições que pareciam concordar. (b) Desvaloriza a diversidade social e cultural e a capacidade de entendimento e respeito. (c) Expressa o predomínio de uma forma de pensar e o entendimento entre posições divergentes. (d) Ilustra o entendimento e respeito entre as pessoas a partir do debate de ideias. (e) Mostra a preponderância do ponto de vista masculino nas discussões políticas para superar divergências. 11. (ENEM 2005. Questão 56 – Amarela) Leia estes textos: A tirinha e a canção apresentam uma reflexão sobre o futuro da humanidade. É correto concluir que os dois textos: (a) Afirmam que o homem é capaz de alcançar a paz. (b) Concordam que o desarmamento é inatingível. (c) Julgam que o sonho é um objetivo invencível. (d) Tem visões diferentes sobre um possível mundo melhor. (e) Transmitem uma mensagem de otimismo sobre a paz. VIOLÊNCIA, INIMIGA DA FELICIDADE Do útero materno ao fim da vida, as pessoas sofrem ao ser tratadas com indiferença, rejeição e, sobretudo, violência. Isso significa que nascemos para ser aceitos, acolhidos e amados pelos outros, e não o contrário. A violência se manifesta em muitos graus e de muitas maneiras. Ela vai de um olhar, de um tom de voz, de uma frase ou de um gesto até a eliminação do outro. A violência sempre esteve presente na história da humanidade, mas atualmente ela vem atingindo níveis insuportáveis. Vivemos em constante medo: medo de assalto, roubo, bala perdida ou a nós dirigida. Até as escolas tornaram-se palco da violência. Hoje, mais do que nunca, viver é perigoso, como disse o escritor Guimarães Rosa. Pior que o medo constante é o sentimento de que os direitos fundamentais não estão sendo respeitados, como o alimento, a saúde, a moradia e a educação. Calcula-se que a cada dia 100 mil pessoas morrem de fome ou em virtude de suas consequências. Nem as crianças estão isentas: a cada sete segundos uma criança morre de fome no mundo. A violência armada cresceu 130% em vinte anos. A maioria das vítimas são jovens de 15 a 24 anos. Na última década, mais de cem conflitos armados eclodiram em setenta diferentes locais do mundo. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, mais de 27 milhões de pessoas foram mortas em guerras. Aliás, o século XX é considerado o mais violento da história. Nosso país é um dos lugares mais injustos e violento do mundo. Os brasileiros correspondem a 3% da população mundial e são responsáveis por 11% de todas as mortes violentas anuais do planeta. O Brasil é também um dos campeões em concentração de renda: os 10% mais pobres sobrevivem com apenas 1% da renda nacional (dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, 2004). Tanta injustiça resulta numa violência que atinge a todos, incluindo os ricos, que já não conseguem se proteger, apesar dos meios de que dispõem. O que fazer? A paz pintada por crianças. É isso mesmo! As crianças estão certas. É preciso que cada um faça sua parte, aquilo que pode. A violência não acabará por si mesma. Felizmente, há milhões de pessoas empenhadas pela paz. Há hoje inúmeros movimentos dedicados à erradicação da violência. A solidariedade previne a violência. Uma sociedade solidária devolve aos excluídos cidadania e condições de vida digna. Numa sociedade solidária, o processo de construção de uma cultura de paz passa pelo reconhecimento dos direitos de todos, pelo cuidado com os grupos mais débeis, pela superação da fome e da miséria, pela correta administração dos bens públicos e honesta administração da injustiça, pela conservação da integridade do meio ambiente, por relações internacionais justas. Uma classe política solidária trabalha pela elaboração de leis que promovam o bem comum de toda a sociedade. (CAMPANHA DA FRATERNIDADE – 2005. Ecumênica. São Paulo: Salesiana/ São Leopoldo (RS): Sinodal, p 57. Nº 96.) 12. Martin Luther king, um dos maiores pacifistas do mundo dizia: “O que me preocupa não é o grito dos violentos, mas o silêncio dos bons.” a) Você concorda com que diante da injustiça é melhor calar para não complicar? Explique. b) Em uma frase apenas, Martin Luther King deu a receita para combater a violência. Qual é essa receita? c) Todos dias nas propagandas de TV, revistas, jornais, redes sociais vemos e/ou ouvimos falar de entidades que recebem denúncias sobre diversos tipos de crimes e guardam sigilo sobre o denunciante? Cite 2 (duas): 13. Que fatores podem gerar a violência? (a) A educação de qualidade da família, imprescindível ao desenvolvimento do ser humano. (b) O sucesso e o comprometimento com o trabalho. (c) A harmonia e a paz entre os seres humanos. (d) O desemprego, a desigualdade social, ausência de valores religiosos, entre outros. 14. Sabendo que a solidariedade previne a violência e que uma sociedade solidária devolve aos excluídos cidadania e condições de vida digna, leia as afirmativas abaixo e assinale V (verdadeiro) ou F (falsa) para as frases que indicam o que uma sociedade solidária necessita: ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ) Agravamento da fome e da miséria. ) Conservação dos meios que prejudicam o meio ambiente. ) De um cultura de paz, passando pelo reconhecimento dos direitos de todos. ) Relações internacionais injustas. ) Relações internacionais justas. ) Cuidado com os grupos mais débeis. ) Conservação da integridade do meio ambiente. ) De um cultura de desrespeito, passando pelo desconhecimento dos direitos de todos. ) Superação da fome e da miséria. ) Correta administração dos bens públicos e honesta administração da injustiça. 15. O ambiente harmonioso e pacífico entre os colegas na escola é dever de todos e de cada um. Pare, pense e elabore um pequeno texto (de 10 e 15 linhas) que respondam as perguntas abaixo: Há em sua turma apelidos ofensivos e preconceituosos? Há exclusão de colegas nas atividades grupais? Ocorrem comentários ofensivos sobre a aparência física? Há formação de “panelinhas”? Acontecem brincadeiras de mau gosto, causando constrangimento? Qual é sua atitude diante disso? Você participa? Cala e consente? 16. (ENEM 2011 - QUESTÃO 27) Um volume imenso de pesquisas tem sido produzido para tentar avaliar os efeitos dos programas de televisão. A maioria desses estudos diz respeito às crianças – o que é bastante compreensível pela quantidade de tempo que elas passam em frente ao aparelho e pelas possíveis implicações desse comportamento para a socialização. Dois dos tópicos mais pesquisados são o impacto da televisão no âmbito do crime e da violência e a natureza das notícias exibidas na televisão. (GIDDENS, A. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005.) O texto indica que existe uma significativa produção científica sobre os impactos socioculturais da televisão na vida do ser humano. E as crianças, em particular, são as mais vulneráveis a essas influências, porque (a) apreendem modelos de sociedade pautados na observância das leis. (b) codificam informações transmitidas nos programas infantis por meio da observação. (c) adquirem conhecimentos variados que incentivam o processo de interação social. (d) interiorizam padrões de comportamento e papéis sociais com menor visão crítica. (e) observam formas de convivência social baseadas na tolerância e no respeito. 17. Como vimos em aula a palavra SAGRADO tem sua origem no latim e está ligada a religiosidade. Pode ser traduzido como algo que tem extrema importância e respeito por quem a pratica ou visualiza. SAGRADO pode ser um objeto, um lugar, uma pessoa ou até mesmo um animal, sendo assim, responda: a) O que é sagrado para você? b) Dê 2 (dois) exemplos de ELEMENTOS sagrados: c) Dê 2 (dois) exemplos de LUGARES sagrados: d) Dê 2 (dois) exemplos de ANIMAIS sagrados: DIVERSIDADE E A EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS: REFLEXÕES E POSSIBILIDADES PARA UMA EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA NA ESCOLA CONTEMPORÂNEA Tanise Müller Ramos Gládis Elise Pereira da Silva Kaercher O presente texto propõe-se a analisar a presença do racismo na escola, através de práticas pedagógicas implicadas com a questão da diversidade e das relações étnico-raciais na educação contemporânea. Dedica atenção especial ao preconceito contra negros/as, abordando as possibilidades para uma educação antirracista, a partir da inclusão da história e cultura africana e afro-brasileira na sala de aula. As reflexões aqui contidas afirmam que uma educação antirracista é possível, necessária e urgente, constituindo-se como um dos grandes desafios da escola contemporânea. [...] A partir de problemas étnico-raciais surgidos nas salas de aula, narrados por professores ou presenciados por nós, fomos desafiadas a pensar teorias e artefatos culturais que possam dar a nós, professores/as, ferramentas para a construção de uma ação pedagógica antirracista posicionada e propositiva. Postulamos, pois, em defesa da construção de práticas pedagógicas sensíveis à diversidade étnico-racial, enfatizando a proposta de constituição de uma educação antirracista. 1. Somos todos racistas: racismo como uma construção cultural A afirmação trazida pelo título apresentado pretende iniciar uma provocação: a de que nossa cultura e, portanto, os artefatos, narrativas e práticas que nos rodeiam apresentam conteúdo racista. Somos racistas, pois, porque construímos uma cultura racista, que atribui diferenças éticas, intelectuais e morais às pessoas, de acordo com as suas diferenças de fenótipo (cor, cabelo, traços faciais). Somos, todos nós, educados para produzirmos, em alguma medida, o racismo, através das narrativas que nos cercam (frases racistas, piadas e apelidos jocosos, ditos populares) e também através das atitudes racistas (comportamentos de excluir, discriminar ou marcar negativamente outras pessoas em função de suas características). O que queremos provocar com isso é que o racismo, em outras palavras, é ensinado e aprendido em nossa cultura, por meio de narrativas e práticas construídas e veiculadas. Também através do silêncio, nas imagens mostradas ou escondidas, somos educados para sermos racistas: nas salas de aula não há livros com heróis ou princesas negras; não há outdoors mostrando negros em posições de destaque; quando a TV convida algum profissional importante para falar de algum assunto – desde futebol até as eleições presidenciais – esse alguém sempre é branco. Por outro lado, se vamos mostrar a fome no mundo, os tiroteios nas favelas, as brigas nos estádios de futebol ou qualquer outra coisa ruim, mostraremos negros. Essas representações culturais, que se fortalecem como padrões, vão ensinando a todos nós, negros e brancos, a sermos racistas: a associarmos o negro a referenciais de não protagonismo, de não beleza, de não capacidade. Quando falamos em racismo, estamos nos referindo a uma prática discriminatória que se pauta na noção de raça, na ideia de que poderíamos agrupar as pessoas ao redor de atributos fenotípicos (a cor da pele, o tipo de cabelo, a espessura dos lábios, o tamanho da testa, o formato do nariz etc.) e associar valores éticos e morais a esses atributos. Dessa noção advém a ideia de que pessoas negras seriam, naturalmente, menos capazes, menos confiáveis, teriam o cabelo feio ou ruim etc. Portanto, o racismo é produto de uma cultura (no caso, a cultura brasileira) e está inserido nas práticas presentes na totalidade das instituições – escolas, famílias, religiões – atingindo as múltiplas diversidades étnico-raciais. A escola, então, é também uma das instituições sociais de construção e veiculação do racismo. Se a escola está inserida na cultura, nada mais esperável do que ver, dentro dela, cenas de racismo, cenas nas quais brancos reproduzem os valores que foram ensinados a ter em relação aos negros, e cenas nas quais os negros reproduzem a submissão ao preconceito e à humilhação de que são vítimas. Pode, então, a escola fazer de outro modo? Há espaço para romper esse círculo de violência – às vezes física, às vezes simbólica – e ensinar a todos com respeito? Pensamos que sim, o que nos leva a afirmar a necessidade de se repensar as práticas e narrativas construídas no interior da escola, defendendo a construção de uma educação das relações étnico-raciais como um desafio para a escola contemporânea, pois supõe a produção de artefatos capazes de visibilizar a diversidade no espaço escolar, produzindo a inclusão efetiva do aluno negro nessa instituição. Para tanto, julgamos necessário afirmar que a construção de práticas pedagógicas antirracistas requer, antes de qualquer coisa, o entendimento de que é preciso reconstruir a cultura escolar em seus repertórios (materiais, conteúdos, objetivos, atividades), a fim de produzir nos alunos outras formas de ver, ler e significar o mundo que os cerca. Isso, no entanto, precisa ser pensado em função da cultura mais ampla da qual a escola faz parte, o que nos traz a demanda atual, como professores/as, de considerar os elementos circulantes na mídia, nas artes, nas pedagogias contemporâneas, dentre outros, os quais precisam ser levados em conta ao se pensar as possibilidades para uma educação antirracista. 2. O racismo nas minúcias: atenção para as soluções mágicas Diante dos desafios que se colocam à escola contemporânea, no que diz respeito à necessidade de construção de uma educação antirracista, é preciso que os professores reconheçam a dimensão política de sua prática pedagógica. Em outras palavras, é preciso ter uma postura política clara diante do racismo e precisamos afirmar que o professor deve “tomar partido” diante das cenas racistas que presencia. O que propomos é que as situações de racismo presenciadas, na escola e fora dela, se tornem o foco de um trabalho pedagógico, planejado e intencional. O professor precisa enfrentar o racismo de forma política, produzindo posicionamentos que contraponham as práticas racistas já naturalizadas na sociedade. Precisamos reconhecer que a escola é também um espaço social onde o racismo é veiculado e produzido, onde até mesmo as crianças da mais tenra idade constituem-se como vítimas ou agressoras. As cenas racistas se empilham no cotidiano das escolas, desde suas minúcias, como quando alunos e professores passam por serventes e auxiliares de limpeza sem dizer bom dia (e ninguém nota) ou quando os alunos se chamam de “negão”, “macaco”, “negrãozinho” e ninguém acha problemático. Passaremos a narrar/comentar algumas cenas, para poder refletir sobre elas. O temor da raça (a cor como algo que se “pega”) Uma das cenas mais comuns nas escolas é a aversão que as crianças têm em tocar os colegas de pele negra (e quanto mais escura a cor da pele, pior). Essa aversão se expressa de diferentes modos – não dar as mãos nas brincadeiras, não abraçar, não dançar junto, não sentar junto no mesmo grupo, não compartilhar objetos ou materiais. Está embutida, nesse comportamento, a noção de que a cor pode ser “passada” para a pessoa, juntamente com os adjetivos atribuídos à pessoa negra (feiura, incapacidade, sujeira, etc.). Sabendo que ter a pele escura não é bom, as crianças temem tornarem-se, elas próprias, vítimas da discriminação que perpetuam. Se escurecerem, serão isoladas, não serão aceitas, não terão afago e carinho, serão consideradas feias, incapazes e sujas. Está presente, aqui, também a ideia de que há uma essência negra (a cor da pele, o cabelo): a ideia de que negro é quem negro parece (mestiços, pardos, mulatos etc.), ou seja, quanto mais claros, menos vistos como negros. Há uma essencialização da cor. Parece assustador, mas os educadores que estão lendo este texto sabem bem o que estamos afirmando, pois já presenciaram essas cenas. Vamos ver alguns relatos, para percebermos onde e como isso acontece. Cena1: Em uma turma de Jardim B as crianças encenam “A Branca de Neve”. Duas meninas disputam a fantasia de Branca de Neve: uma negra e a outra branca. As meninas chegam à agressão física. A professora aparta a briga dizendo para a menina negra “Tenha dó Fulana, Branca de Neve não dá”. A menina negra chora. Cena2: Em uma turma de terceiro ano dos anos iniciais do Ensino Fundamental, a professora disse aos alunos que iria contar uma história sobre duas meninas bem diferentes. A professora solicitou aos alunos que imaginassem como eram essas duas meninas. Os alunos, então, disseram que uma era negra e outra era branca. Relativo à branca, falaram: “bonita”, “loirinha”, “inteligente”, “estudiosa”, enquanto nomearam a menina negra de “feia”, “burra”, “suja”, “porca”. A professora relatou que foi bem difícil de problematizar essas atribuições feitas pelos alunos a respeito de cada personagem. Nestas cenas, a essencialização se expressa na cor da pele: quem poderia ser Branca de Neve se não uma menina branca? Quem seria a personagem “feia”, “burra” e “suja”, se não a negra? Ao redor da pele se constroem atributos como capacidade e inteligência, os quais são naturalizados no cotidiano, precisando, pois, ser contrapostos com outros referenciais, em que o negro seria reposicionado de modo afirmativo (como protagonista, herói, modelo de beleza e inteligência). Racismo implica em sofrimento Parece estarrecedor constatar que as pessoas fingem ignorar que o racismo provoca sofrimento: quem é alvo de atitudes racistas se sente diminuído, tem sua autoimagem atacada e, o que é mais preocupante, pode terminar por realmente achar que é/sabe aquilo que dizem. Vejamos mais algumas cenas: Cena 1: A menina sendo negra e obesa sofria muitas discriminações e não aceitação por parte de alguns colegas, pois estes não queriam sentar junto dela na mesma mesa; não queriam dar-lhe as mãos e, principalmente, não a deixavam brincar ou fazer alguma atividade em grupo. A criança ficava sempre isolada ou tentando agradar para ser reconhecida pelos colegas. Procurava sempre ser muito prestativa com todos. Na época da Festa Junina em que as crianças juntavam-se aos pares para dançar, os meninos não queriam dançar com ela. (Grifo nosso) Cena 2: Um menino negro do 7º ano do Ensino Fundamental procurou a orientadora da escola para relatar que vinha sendo ofendido de “batuqueiro” e “feiticeiro” por seus colegas, em função de frequentar casas de religião de matriz africana junto com seus pais. O aluno chorou e disse para a orientadora que, daquele dia em diante, passaria a negar e a esconder sua religião diante dos colegas, a fim de não ser mais agredido. Sempre que ocorre uma situação de racismo, estamos lidando com o sofrimento e com a autoestima de quem é discriminado e de quem discrimina: não podemos, como educadoras, deixar de nos posicionar politicamente. Se alguém é racista, é porque teve negadas as chances de ser educado de outro modo. Ao professor/a e à escola, assim, caberá esse papel. O racismo não se limita ao discurso Contemporaneamente, temos assistido cada vez mais aos episódios de violência escolar retratados pela mídia. Casos de bullying vêm ganhando destaque, onde a TV e mais recentemente a Internet têm divulgado de modo instantâneo atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (bully ou "valentão") ou grupo de indivíduos, com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz(es) de se defender. Tais situações vêm fomentando, assim, a proliferação de estudos nas diferentes áreas, os quais tematizam a violência envolvendo alunos e professores. É fato inegável que o racismo nas escolas não se limitou ao discurso: ele se traduziu, muitas vezes, em atos agressivos que colocaram (e ainda colocam) em risco a integridade dos alunos. Vejamos mais dois relatos: Cena 1: Seus colegas maltratavam-na diariamente por ela ter a pele negra. Na aula de matemática, a menina foi ao banheiro, quando voltou, um de seus colegas colocou o pé para que ela caísse. Todos riram com o desequilíbrio da menina. Cena 2: Durante o recreio, uma menina negra do 3º ano queria entrar em uma brincadeira de pega-pega, juntamente com outras crianças de idades variadas. Aqueles que já estavam brincando não permitiram que a menina entrasse no jogo. Ela reagiu gritando que queria participar, quando os demais começaram a menosprezá-la e rir dela, referindo-se à sua cor e à sua condição social (tratava-se de uma criança com recursos econômicos limitados). A cor da menina acabou tornando-se o centro do conflito. Comumente, em episódios como os que foram relatados antes, os professores buscam, nas páginas de livros infantis ou em filmes, histórias que mostrem a aceitação de personagens negros. Desenvolvem projetos sobre as diferentes raças, trazem convidados negros para darem depoimentos e consideram que, encerrado o projeto, a situação está resolvida. Ou seja, consideram que não acontecerão mais cenas racistas. Deixam-se levar por uma solução mágica: a ideia de que, em uma atividade, realizada quando aconteceu algum episódio racista, será resolvido o racismo dos sujeitos ou do grupo em questão. Nós, educadores, deveríamos pensar que, em Educação, não existem saídas mágicas: nenhum processo educativo é mágico, rápido, isolado, indolor. Para educar de um modo antirracista, é preciso investimento de tempo e dinheiro (ler sobre o tema, fazer cursos de formação, preparar materiais didático-pedagógicos inclusivos na perspectiva étnico-racial, tais como jogos, livros, brinquedos etc.), ter vontade política (assumir perante a comunidade escolar que há racismo na instituição, que ele provoca sofrimento presente e futuro uma vez que, se as crianças não forem educadas de um modo antirracista, continuarão a ser racistas e a promoverem e serem vítimas de sofrimento) e, sobretudo, aceitar que essa tarefa deve ser alvo de um compromisso de toda a escola e da comunidade escolar (professores, pais e alunos devem estar conscientes de que precisarão fazer um grande esforço para transformar as relações raciais). Todas essas se constituem como demandas para o professor e para a escola contemporânea, pois implicam na construção de uma educação antirracista, em que as pessoas serão educadas de modo a posicionarem-se contrariamente às práticas, discursos e padrões racistas naturalizados nos diferentes espaços sociais. 3. Suas reflexões sobre o texto Primeiramente, precisamos compreender que a construção de uma visibilidade positiva das diferentes raças se dá na ação pedagógica: ela é o pressuposto mais importante na superação do racismo. Existem, contudo, algumas reflexões que precisam ser feitas. A primeira delas diz respeito ao fato de que é preciso educar todas as raças para a valorização da raça negra, bem como das demais raças; mais que isso, é preciso impregnar as salas/escolas/vida de representações positivas da negritude. Em outras palavras, estamos implicados na construção de uma educação das/nas relações étnico-raciais, o que envolve as pessoas de diferentes pertencimentos étnicos, raciais, religiosos, culturais, sociais, familiares, geracionais, etc. Outro dado importante é compreender que o respeito à diferença é um pressuposto para uma educação antirracista: a diferença não é um problema a ser superado (na busca de igualdade), mas uma virtude. A diferença é positiva, constitui a maior riqueza de nossa realidade escolar. Todavia, a diferença não deve implicar desigualdade: o problema é quando passamos a hierarquizar diferenças e promover desigualdades. É preciso, também, que se construa uma ambiência multirracial: brinquedos, livros, filmes, imagens “publicitárias” etc. devem representar as diferentes raças. Assim, é importante que a escola promova projetos pedagógicos e ações pedagógicas, voltados para a valorização e conhecimento da raça negra, ou seja, voltados à criação de uma visibilidade afirmativa do negro na escola. Isso implica na construção de uma ambiência escolar capaz de visibilizar a diversidade em sua perspectiva étnico-racial, dentre as quais está o negro e a história e cultura africana e afro-brasileira. 18. A partir da leitura do texto base, vamos refletir e problematizar sobre o racismo, uma das realidades sociais vividas em nossos dias. Para tanto: a. Assista o curta-metragem “Vista Minha Pele”, disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=LWBodKwuHCM b. Produza um pequeno texto (10 a 15 linhas) analisando as situações de racismo presentes no curta-metragem, que dizem respeito ao racismo vivido pelo negro, porém na pele de uma personagem branca. c. Escolha UM artefato que será analisado: uma revista, um filme, uma reportagem de jornal, uma propaganda, etc. Identifique, no material, quais personagens negros aparecem. Pense em como eles aparecem, como estão vestidos, como são descritos, quais coisas são ditas sobre eles, que profissões desempenham, como são suas famílias etc. d. Agora, faça o mesmo exercício em relação aos personagens brancos. Escolha UM artefato que será analisado: uma revista, um filme, uma reportagem de jornal, uma propaganda, etc. Identifique, no material, quais personagens negros aparecem. Pense em como eles aparecem, como estão vestidos, como são descritos, quais coisas são ditas sobre eles, que profissões desempenham, como são suas famílias etc. e. No Brasil, um país miscigenado, é possível afirmar que exista racismo? Escreva um pequeno texto (10 a 15 linhas) respondendo a pergunta, dando exemplos, citando eventos vividos por você, etc. Te espero no 2º ano! Profª Paula Schaedler