Fuente:http://www.pfl.org.br/conheca_pfl/conteudos_programaticos.pdf (Consulta:09/15/2006) REFUNDAÇÃO DO PARTIDO DA FRENTE LIBERAL COMPROMISSOS PROGRAMÁTICOS 1 2 AGENDA DA MUDANÇA E O REPOSICIONAMENTO DO PFL Há vinte anos o PFL foi criado em sintonia com o sentimento do povo brasileiro pela democracia. Hoje, o Partido renasce sintonizado com a agenda de mudança requerida pela sociedade. Uma mudança real e democrática, alicerçada em princípios éticos, na competência e em idéias capazes de oferecer aos brasileiros uma vida melhor. Tanto na origem como na legitimação da ação partidária, a história do partido esteve e deve continuar associada ao compromisso da mudança. Não basta, todavia, que a história e os compromissos com a mudança tenham sido a marca da trajetória partidária. É necessário que a imagem do partido assim deva ser percebida pela opinião pública. A imagem de um partido é o elemento fundamental no seu processo de comunicação com a sociedade. É ela que, de certa forma, inspira expectativas e termina por agir como um filtro que influencia as percepções do que é noticiado sobre o partido, resultando de uma combinação de esperança e experiências. Essa imagem decorre, basicamente, da percepção pela sociedade de dois elementos: o ideário da legenda e a práxis dos seus membros que, associados, inspiram os compromissos programáticos, democraticamente assumidos, e a ação transformadora, efetivamente praticada. A sintonia com o desejo de mudança na sociedade brasileira e a imagem dela decorrente exige o reposicionamento do PFL que significa um processo natural e necessário de atualização do nosso ideário e a conseqüente renovação do compromisso original de mudança dentro do quadro democrático e frente aos novos desafios da sociedade brasileira. Mais ainda, é dar consistência e assegurar visibilidade a um partido focado na valorização da cidadania, formado por um quadro político competente e, desta forma, qualificado para oferecer ao país soluções modernas, capazes de promover a mudança social, o desenvolvimento econômico e oportunidades para as pessoas o que permitirá o Brasil realizar suas potencialidades, crescer harmonicamente, gerar empregos e garantir bem-estar aos cidadãos. Dentro do espectro ideológico, o PFL se posiciona ao centro do espaço político, com visão e prática reformistas, distante tanto do conservadorismo imobilista quanto da demagogia populista, ambos de vocação autoritária. A atuação do PFL, no governo ou na oposi3 ção, é pautada pelo respeito à ética, pela observância aos preceitos da economia de mercado e pela crença na capacidade empreendedora da livre iniciativa com base em sólidos compromissos de responsabilidade social e ambiental. Modernizar o Estado a fim de colocá-lo a serviço do cidadão, por um lado, e ampliar os horizontes dos indivíduos, O PFL está distante do sobretudo os menos favorecidos, através da conservadorismo garantia dos direitos básicos imobilista e da e da oferta justa de demagogia populista oportunidades, por outro, são os pólos que devem orientar a ação partidária. Neste sentido, refundação, reposicionamento do PFL e atualização do ideário são processos permanentes e indissociáveis que fortalecem o partido numa perspectiva orientada não só para enfrentar a luta eleitoral mas, sobretudo, para assumir as responsabilidades decorrentes do jogo democrático. Com este objetivo, e tendo por base O Manifesto e Programa do PFL – Partido da Frente Liberal de 24 de Janeiro de 1985, data da fundação do Partido, o Partido da Frente Liberal oferece ao debate público dois documentos: A Refundação do PFL: Compromissos Programáticos; Uma Plataforma de Mudança Democrática, que buscam atualizar o ideário do partido e apresentar propostas capazes de responder aos desafios do mundo contemporâneo e às expectativas do povo brasileiro. Para chegarmos aos documentos que serão debatidos e terão suas redações finais aprovadas no nosso Congresso de Refundação, o PFL partiu de dois pontos convergentes. Por um lado, pediu ao Professor Antonio Lavareda, um dos melhores especialistas na avaliação do que “pensam os brasileiros”, para sondar as expectativas da sociedade. Noutra vertente, reuniu notáveis acadêmicos e consultores, como o economista Cláudio Adilson Gonçales, o sociólogo (especialista em relações trabalhistas) José Pastore, o tributarista Everardo Maciel, o Dr. Raul Velloso, o mais profundo analista das contas públicas brasileiras, o ex-Presidente do Banco Central Gustavo Loyola e os professores universitários Carlos Eduardo Gonçalves e Claudio Toledo Neto e lhes propusemos uma única questão: o que fazer – na atual realidade brasileira – para dar mais felicidade aos brasileiros? Finalmente, a partir desse precioso material, foi a vez de Gustavo Krause, grande intérprete ideológico do Partido e inspirado formulador, produzir uma síntese, sob a responsabilidade do PFL. A todos que até aqui colaboraram, nossos profundos agradecimentos. Jorge Bornhausen 4 O RITMO DAS MUDANÇAS A refundação do Partido, além de ser um imperativo da sintonia com o desejo de mudança da sociedade brasileira, é, também, uma exigência do ritmo com que ocorrem as transformações no mundo contemporâneo. Diferente de todas as épocas, o ritmo das mudanças já não obedece às “ondas longas” da evolução histórica. Opera ciclos de profundas transformações em ondas quase instantâneas. O impacto é de tal ordem que altera a noção tradicional de tempo, espaço e faz emergir uma nova face da cidadania: a cidadania global que pode ser beneficiária das oportunidades ou vítima dos riscos oferecidos por este processo que marca o nosso tempo. Na base das transformações, estão os A refundação do PFL é avanços espetaculares da uma exigência do ritmo ciência e da tecnologia, avanços tão rápidos que com que ocorrem as mudam quadros de refetransformações no rência, modos de produção, mundo contemporâneo estilos de vida, crenças e convicções, de maneira a produzir sensação, senão de vazio, pelo menos de insegurança quanto à eficácia das instituições. Desta forma, o impacto das transformações afeta a economia, a sociedade, a política, e impõe o desafio de permanente atualização das instituições de modo que elas não venham padecer de precoce obsolescência na tarefa de assegurar o adequado funcionamento da convivência social. Neste sentido, é importante constatar que a própria democracia representativa sofre um certo desprestígio junto à opinião pública quanto à capacidade de responder à demanda dos eleitores. A desconfiança em relação à eficácia da democracia exige um esforço redobrado por parte daqueles que acreditam que o regime democrático é gênero de primeira necessidade na construção das nações desenvolvidas. Paralelamente, universaliza-se o apreço aos valores que informam a democracia, entre eles, a liberdade, o respeito à pessoa humana e a ética da inclusão que compreende, entre outras 5 dimensões, a ecoética, um compromisso do nosso tempo pela vida entre as gerações presentes e futuras. Não há – é importante salientar – qualquer contradição insuperável entre a ampliação da consciência universal em relação aos valores democráticos que são permanentes e a desilusão com o funcionamento de um tipo de democracia que é contingente. Neste quadro, os partidos políticos – pilares da estrutura representativa como canal de expressão de idéias e instrumento de luta pelo poder – têm um papel fundamental a ser desem-penhado. Advém, daí, o duplo desafio que se põe diante do Partido da Frente Liberal: o de assumir valores de modo a alicerçar idéias e construir princípios; o de agir, empunhando bandeiras que representem anseios sociais e demandas dos eleitores quando da luta pelo poder e resultem em compromissos e propostas factíveis, quando do exercício do poder. Neste sentido, a refundação do Partido da Frente Liberal não só confirma o percurso do Partido em cuja origem está a luta pela democracia e pela justiça social, como aponta na direção do futuro em cujo destino venham a se inscrever as marcas de um Partido moderno e capaz de responder ao desafio das mudanças requeridas pela sociedade brasileira. Dentro da doutrina liberal, o PFL assume o desafio de defender princípios e desenvolver ações de forte conteúdo social 6 UM PARTIDO DE IDÉIAS E AÇÃO MODERNIZADORAS No documento, Manifesto e Programa do PFL, que certifica o nascimento do Partido, em momento de graves incertezas e riscos para a nascente democracia brasileira, está escrito: “A hora da reconstrução da democracia deve ser a hora do reencontro e da conciliação, indispensáveis à solução das grandes dificuldades que nos afligem. Não há porque reviver antagonismos que as novas realidades se incumbiram de superar”. A partir de então, o Partido da Frente Liberal tem sido, ao longo da história, um partido de visão e, sobretudo, de antevisão. Tanto a visão – dada pela capacidade de perceber o clamor das ruas e as demandas sociais –, quanto a antevisão – dada pela capacidade de enxergar as imagens do futuro –, estiveram presentes no conteúdo programático e na ação política do partido. Diante da tentação da demagogia populista, o Partido não hesitou em seguir a coerência das convicções ainda que pagasse o preço das incompreensões. Assim, ao celebrar a Aliança Um partido de Democrática, o Partido deu suporte à visão e, transição, como vem dando ao processo sobretudo, de de consolidação da democracia e da construção da cidadania brasileira; ao antevisão concretizar a coligação “União, Trabalho e Progresso” que governou o país, o Partido contribuiu não apenas com programas de trabalho para os dois períodos do governo Fernando Henrique Cardoso, como também desempenhou um papel decisivo na governabilidade e na implantação de reformas fundamentais para a modernização nacional. De fato, uma avaliação equilibrada da história recente registra grandes avanços na modernização do país. Em todos, estão as marcas do Partido da Frente Liberal, seja na robusta democracia brasileira, ainda que necessitando de aperfeiçoamento institucional e aprofundamento cultural; seja na estabilidade econômica, no controle da inflação, na ação reguladora do Estado, ainda que subsistam vulnerabilidades a um processo sustentado de crescimento; seja na melhoria de indicadores sociais, ainda que persistam graves desigualdades sociais. Estes avanços integram-se às múltiplas faces, simultaneamente, 7 assumidas pelo PFL na condição de partido da democracia e da cidadania; na contribuição para a estabilidade institucional e econômica; na vocação de partido das reformas; no compromisso de partido da igualdade de oportunidades, como combatente da pobreza e da miséria; no papel de partido da modernização das instituições brasileiras. A formulação teórica e a proposta programática não faltaram à atuação partidária, dando rumo ao discurso, consistência à ação e coerência entre a reflexão e a prática política. Toda elaboração programática, ao longo da existência do Partido, obedeceu e continuará obedecendo a enunciado-síntese que afirma: “a liberdade por princípio, a igualdade de oportunidades por fim e a participação como base da ação política”. Deste modo, a refundação, o reposicionamento, a atualização do ideário e das propostas programáticas existentes, como processos articulados e integrados, assumem três significados: o da reiteração do compromisso do Partido de atuar como guardião dos avanços conquistados frente à incapacidade política de eventuais detentores do poder; o de renovação do compromisso com a modernização da sociedade brasileira, adotando posições que, além de sentido histórico, representem os anseios da maioria do nosso povo; e o de reafirmação da crença de que governar bem é um inescapável valor. Para tanto, a ação política do partido refundado, atrelada a compromissos programáticos e a uma plataforma de mudança tem como visão estratégica promover um processo de desenvolvimento como conquista e expansão da liberdade. A liberdade por princípio, a igualdade de oportunidades por fim e a participação como base da ação política 8 COMPROMISSOS PROGRAMÁTICOS A viabilidade nacional depende de três pilares: democracia, justiça social e prosperidade econômica Os compromissos programáticos do Partido da Frente Liberal têm como fundamento e objetivo compatibilizar o ideal do desenvolvimento no seu mais amplo significado com liberdade nas suas múltiplas dimensões, assegurada pela democracia. Trata-se de um desafio contemporâneo e um objetivo estratégico. Olhando a trajetória do PIB per capita do Brasil, tomando-se com base o ano de 1969, os números dizem: de 1969/1984 a taxa média de crescimento foi de 3,93%; de 1984/2003 a taxa média de crescimento foi de 0,94%. Os números revelam: o Brasil experimentou crescimento expressivo sem democracia e baixo crescimento com democracia. Conclusão: a maioria do povo brasileiro não viveu a experiência de combinar crescimento econômico sustentado com plenitude democrática, ressalvado o final da década de 50. A história, portanto, ratifica a contemporaneidade do desafio. De outra parte, a análise comparativa do desempenho de crescimento com países de renda per capita similar coloca o Brasil em situação de desvantagem. O mais grave é que o percurso do desempenho econômico produziu um fenômeno de proporções alarmantes, comum aos diferentes períodos governamentais: o fenômeno da exclusão social que se vincula a um dos mais elevados índices internacionais de desigualdade de renda. O quadro dramático da desigualdade, portanto, reforça o objetivo estratégico de combinar a sustentabilidade do desenvolvimento com o regime democrático e a inclusão social. Assim, o que se persegue com visão estratégica é garantir um futuro viável para o País e para os brasileiros, viabilidade que se assenta em três pilares que conferem solidez sistêmica a uma nação: instituições democráticas consistentes e funcionais, equidade social e prosperidade econômica. 9 Importante reconhecer, no entanto, que a construção destes pilares esbarra em persistentes obstáculos estruturais que configuram o triângulo do atraso, tendo por seus vértices um país injusto, estado máximo e cidadão mínimo. Para enfrentá-los, um amplo consenso indica que o primeiro passo é promover o crescimento sustentado da nossa economia. De fato, o crescimento sustentado e, portanto, duradouro, altera radicalmente a tendência da última década em que se sucederam curtos períodos de crescimento interrompidos por bruscas retrações. Na raiz deste processo, converge o diagnóstico: a fragilidade dos fundamentos macroeconômicos. Só que construir fundamentos macroeconômicos sólidos é uma tarefa de dimensão política na medida que depende da qualidade das instituições sobre as quais se assenta o O triângulo do atraso funcionamento da inviabiliza o País: injustiça sociedade. social, Estado máximo e Portanto, ao propor cidadão mínimo medidas tendentes a promover o crescimento econômico sustentado, o Partido da Frente Liberal entende que, de um lado, é preciso identificar a situação real da cidadania brasileira, motor e beneficiária da prosperidade e, de outra parte, dar seguimento às reformas modernizadoras do País. Com efeito, descontado o numeroso contingente de subcidadãos, as pessoas que conseguem atingir o status político de cidadão são, na maioria, pobres, portadores de uma educação de baixa qualidade e vítimas de um Estado que é disforme, pesado, autoritário para complicar a vida da cidadania, omisso e fraco para proteger o cidadão que trabalha e produz. Ora, a soma desses fatores – a desigualdade social, o baixo nível educacional e um Estado ineficiente – torna o País menos produtivo, afetando gravemente a mola propulsora do crescimento sustentado que é a elevação da produtividade total dos fatores de produção. Para enfrentar estes obstáculos, o Partido da Frente Liberal assume cinco compromissos programáticos que configuram as bases para a construção de um projeto de mudança: - Aprofundar a democracia brasileira com instituições fortes e segurança jurídica. - Promover a economia do emprego e do empreendimento. 10 - Combater a pobreza:um compromisso político e um imperativo ético. - Reformar o Estado, com vistas a robustecer seu caráter democrático e republicano. - Promover a inserção competitiva e responsável do Brasil no mundo globalizado. O funcionamento da economia depende da qualidade das instituições que regulam o funcionamento da sociedade 11 12 DEMOCRACIA, INSTITUIÇÕES FORTES E SEGURANÇA JURÍDICA Este é um compromisso histórico que certifica o nascimento do Partido. É uma tarefa permanente a ser executada em duas vertentes: reagir A democracia não é luxo fortemente às tentações de países ricos. É preciso autoritárias de eventuais reagir fortemente às detentores do poder; tentações autoritárias aperfeiçoar o arcabouço institucional, lutando pela implementação das reformas política, judiciária, econômica e do Estado, em especial pelo aperfei-çoamento do papel e das funções das Agências Reguladoras, e pela construção da autonomia operacional do Banco Central. Com efeito, a expe-riência demonstra que regras boas e estáveis, proporcionadas pela de-mocracia, criam o ambiente indispensável de segurança, estabilidade e previsi-bilidade que elimina “os custos de transação”, resultantes da incerteza. Ou seja, sem a garantia de respeito aos contratos, de eficácia das leis, de proteção ao direito de propriedade e de funcionalidade da democracia representativa, não há como vingar qualquer modelo de crescimento econômico sustentado. A democracia não é um luxo dos países ricos; é uma necessidade básica para que os países emergentes, como o Brasil, atinjam a condição de nação desenvolvida. 13 14 COMBATER A POBREZA: COMPROMISSO POLÍTICO E IMPERATIVO ÉTICO Brasil, um país injusto, é uma constatação consensual. A constatação dispensa a eloqüência das estatísticas. Basta que se enxergue a estética da miséria e da pobreza absoluta nos endereços de sempre: as periferias urbanas e o mundo rural concentrado no Norte e no Nordeste do Brasil. E o que é mais grave: a tecnologia da produção gerou uma riqueza portentosa; a engenharia política não respondeu ao desafio da justa repartição de riqueza gerada. De outra parte, houve extraordinário progresso no campo político: o Brasil é, hoje, uma democracia; houve avanços significativos na gestão macroeconômica: o Brasil tem superado a corrosão inflacionária, construiu a cultura da estabilidade e vem apropriando seus efeitos benéficos. O PFL defende a ampliação do acesso de todos à oportunidade de prosperar No entanto, persiste o abismo da desigualdade social. A dimensão do problema é de tal ordem que pode comprometer a solidez da construção democrática. A dimensão do problema é de tal natureza que agride a consciência social da nação brasileira. Desta forma, para o PFL, o combate à desigualdade e à miséria é um compromisso político na medida que inclua os cidadãos no conjunto dos benefícios trazidos pelo progresso; é um imperativo ético na medida que amplie e torne acessível para todos a oportunidade de prosperar. Neste sentido, o binômio educação e emprego, ratificado na atualização programática de 1995, tem se constituído para o PFL na prioridade das prioridades no combate à pobreza e na garantia de uma vida digna para o cidadão brasileiro. 15 16 REFORMAR O ESTADO BRASILEIRO: ESTADO DEMOCRÁTICO E REPUBLICANO Este é um tema recorrente na agenda das reformas. Recorrente e polêmico. O viés ideológico associado às raízes históricas da formação do Estado brasileiro afeta a racionalidade do debate. São colocados em confronto dilemas, na verdade, falsos dilemas que contrapõem Estado Mínimo vs Estado Máximo, Privatização vs Estatização, Burocracia eficiente vs Burocracia ineficiente. Os verdadeiros Por um Estado democrático dilemas que se colocam e republicano que forme a diante das propostas burocracia cidadã reformadoras no sentido de redefinir papel e a atribuições do Estado são aquelas que põem frente a frente Estado Autoritário vs Estado Democrático, Estado Patrimonialista vs Estado Republicano, Burocracia ineficiente vs Burocracia cidadã. Como se pode observar, o processo de reforma com estas características atinge a essência do Estado. Trata-se de uma reinstituição do Estado. Adotar este rumo, com firmeza de propósito e ousadia programática, repõe a racionalidade no debate e silencia o vozerio do jargão que reduz a importância e a complexidade da questão às etiquetas de “neoliberal” e “Estado mínimo”. Logo, não há fórmulas mágicas. Não se reconstrói, reforma ou mesmo se reinstitui o Estado brasileiro senão enfrentando de forma ampla e persistente suas múltiplas faces Anacrônicas. Diferente do Estado Autoritário, o Estado Democrático não esmaga, serve à cidadania, é permeável às suas demandas e se submete ao estatuto legal vigente; diferente do Estado Patrimonialista, o Estado Republicano é o guardião do interesse público não se deixando capturar pelos interesses privados e corporativos; diferente da burocracia ineficiente que atormenta o cidadão e é a incubadora da corrupção, a burocracia cidadã é o mecanismo gerencial que dá efetividade ao papel a ser exercido pelo Estado Democrático e Republicano. 17 Com esta configuração, o gigantismo ineficiente cede lugar a uma instituição forte no desempenho de suas atribuições, com uma presença leve na vida das pessoas e capaz de responder às demandas dos cidadãos. Neste sentido, o Partido da Frente Liberal advoga um Estado que (a) deve ser forte e eficiente no provimento e manutenção de regras, instituições boas, estáveis e funcionais, evitando, desta forma, a discricionariedade e a incerteza; (b) deve assumir funções corretivas nas brechas e falhas do mercado em situações de concentração excessiva da atividade econômica, evitando, como regra,interferir nas decisões dos agentes econômicos, em especial, nas decisões relativas a investimentos; (c) deve assumir a responsabilidade de investir em setores não atraentes para atividade privada e interferir em atividades que gerem custos e prejuízos para a sociedade; (e) prover a sociedade de bens públicos de qualidade. O Estado liberal deve assumir funções corretivas em situações de concentração excessiva da atividade econômica 18 PROMOVER A ECONOMIA DO EMPREGO E DO EMPREENDIMENTO O Partido da Frente Liberal defende, por princípio, a economia de mercado. É um princípio mas não é um dogma que justifique o absolutismo do conceito. O adequado funcionamento da economia de mercado depende de regras boas, estáveis, instituições sólidas, atores capacitados que corrijam as distorções e assegurem a competição equilibrada Para tanto, o compromisso programático do PFL defende reformas num sentido mais amplo, articuladas com as reformas de natureza econômica de modo a gerar empregos e estimular a capacidade empreendedora do cidadão brasileiro. No campo econômico, a urgência e prioridade das reformas atendem pelo nome de emprego. A economia de No campo político, mercado não é um institucional e das políticas dogma: é um sociais públicas, a urgência e princípio que a prioridade atendem ao depende de regras imperativo ético de assegurar a igualdade de oportunidades boas e estáveis e a justa repartição dos benefícios do progresso para todos os brasileiros. No cenário da economia internacional, a urgência e a prioridade é tornar o Brasil um país competitivo e capaz de enfrentar os riscos e aproveitar as oportunidades decorrentes do fenômeno da globalização dos mercados. A despeito dos avanços registrados nos últimos anos, o Brasil se encontra em situação desvantajosa quando feita uma análise comparativa com países em estágio de desenvolvimento ou de potencialidades assemelhadas, tomando-se como base algumas variáveis-chave para o crescimento sustentado. É o que ocorre, por exemplo, com o grau de abertura da nossa economia e as tarifas médias de importação: o Brasil é um país de baixo grau de abertura e altas tarifas médias de importação. Em matéria trabalhista, a nossa legislação revela um anacronismo chocante na medida que onera em 103,4% o salário do trabalhador por força de uma proteção compulsória que, na prática, contribui 19 significativamente para jogar na informalidade 60% dos trabalhadores brasileiros. Dado o pequeno espaço negocial, a litigiosidade das relações trabalhistas produz cerca de dois milhões de processos por ano contra setenta mil na França, setenta e cinco mil nos Estados Unidos e duas mil e quinhentas no Japão. Por outro lado, o tamanho do Estado brasileiro, quando medido pela carga tributária ou pelo montante da despesa em relação ao PIB, coloca o nosso País no grupo seleto dos ricos e dá margem a uma conclusão paradoxal: o Brasil tributa e gasta como rico e vive como pobre. Em matéria de crédito, instrumento que a evidência empírica comprova como uma das causas do crescimento sustentado, o Brasil com um volume de 34,7% do PIB dispõe de fatia de recursos para financiar e impulsionar a economia em níveis inferiores aos da Namíbia (46,3%), do Uruguai (51,2%), da Bolívia (54,2%), do Chile (63,7%) e da China (125,4%). Parte dos fatores de atrofia da disponibilidade de crédito – a instabilidade macroeconômica, a insegurança jurídica, a pesada burocracia e, sobretudo, o deslocamento da poupança privada para títulos que financiam a o desequilíbrio das contas públicas – ultrapassam as diretrizes de uma política específica de crédito e se inserem num processo mais amplo de reformas. Com efeito, o Partido da Frente Liberal entende que enfrentar esta conjunção de fatores, impeditiva da expansão econômica, é uma tarefa complexa cujo cumprimento exige visão estratégica e consistência programática que tem dado suporte e rumo à ação político-partidária. O Brasil é um paradoxo: tributa e gasta como rico e vive como pobre 20 INSERÇÃO INTERNACIONAL RESPONSÁVEL: BRASIL COMPETITIVO E SOLIDÁRIO O PFL tem consciência dos múltiplos desafios do mundo globalizado e o que isto significa para um país em desenvolvimento como é o caso do Brasil. Oportunidades e riscos caminham de mãos dadas. As oportunidades não são produtos do acaso: as oportunidades são criadas. E a capacidade de criar oportunidades é o que vai determinar a relevância dos países numa economia cada vez mais interdependente e exigente. Caso contrário, o destino é a periferia do mundo. O Brasil tem potencialidades e chances de assumir um papel relevante desde que as políticas públicas, em especial as políticas econômica e externa busquem, de um lado incrementar a produtividade total dos fatores de produção e, de outro, estreitar relações com parceiros es-tratégicos. É desta combinação de políticas que o Brasil promoverá uma inserção competitiva na medida que concorrerá no mercado internacional aprovei-tando suas A capacidade de criar vantagens. oportunidades Será responsável desde que as relações internacionais estejam a salvo de preconceitos políticos e idiossincrasias ideológicas. determina a relevância dos países no mercado global O PFL defende amplo diálogo seja na direção sul/sul, seja na direção sul/norte. No entanto, é preciso não perder de vista a importância dos blocos regionais e o seu significado para a expansão da economia brasileira no mercado internacional. O Brasil é um país de economia de baixo grau de abertura e de altas tarifas médias de importação. O PFL defende o crescimento equilibrado das exportações e das importações para atender à necessidade de ampliar o grau de abertura da economia. 21 De outra parte, o PFL confere importância fundamental ao valor da solidariedade e da cooperação entre os povos como a base de uma convivência harmônica e pacífica da comunidade internacional. É preciso não perder de vista a importância dos blocos regionais 22 Comissão Executiva Nacional do PFL Presidente: Senador JORGE BORNHAUSEN Vice-Presidente: Prefeito CESAR MAIA Vice-Presidente: Senador JOSÉ JORGE Vice-Presidente: Senador JOSÉ AGRIPINO Vice-Presidente: Senador EDISON LOBÃO Secretário-Geral: Senador CÉSAR BORGES 1º Secretário: Vice-Prefeito GILBERTO KASSAB 2º Secretário: Deputado PAUDERNEY AVELINO 1º Tesoureiro: SAULO QUEIROZ 2º Tesoureiro: Deputado Federal JOSÉ CARLOS MACHADO Membros: Deputado JOSÉ CARLOS ALELUIA Deputado ROBERTO BRANT Deputado EDUARDO SCIARRA Deputado CARLOS MELLES Deputado LUIZ CARLOS SANTOS Senador PAULO OCTÁVIO Deputado JOSÉ ROBERTO ARRUDA Deputado JOSÉ THOMAZ NONÔ Senador DEMÓSTENES TORRES Deputado AROLDE DE OLIVEIRA Membros Natos: Senador MARCO MACIEL HUGO NAPOLEÃO Senador EFRAIM MORAIS Deputada KÁTIA ABREU - Presidente do PFL Mulher Deputado VILMAR ROCHA - Presidente do ITN RICARDO BALDINO - Presidente do PFL Trabalhista JOÃO ROMA - Presidente do PFL Jovem FRANCELINO PEREIRA Líderes: Senador JOSÉ AGRIPINO - Senado Deputado RODRIGO MAIA- Câmara 23 Anotações 24