A Empresa: Noções de Gestão - formei

Propaganda
Formação Modular
A Em presa:
Noções de G estão
C O M U N ID A D E E U R O P E IA
F un d o S o cia l E u rop e u
INSTITUTO DO EMPREGO
E FORMAÇÃO PROFISSIONAL
IEFP · ISQ
Colecção
Título
Suporte Didáctico
Coordenação Técnico-Pedagógica
Apoio Técnico-Pedagógico
Coordenação do Projecto
MODULFORM - Formação Modular
A Empresa: Noções de Gestão
Guia do Formando
IEFP - Instituto do Emprego e Formação Profissional
Departamento de Formação Profissional
Direcção de Serviços de Recursos Formativos
CENFIM - Centro de Formação Profissional da Indústria
Metalúrgica e Metalomecânica
ISQ - Instituto de Soldadura e Qualidade
Direcção de Formação
Autor
Lopes dos Santos
Capa
SAF - Sistemas Avançados de Formação, SA
Maquetagem e Fotocomposição
Revisão
Produção
Propriedade
1.ª Edição
Tiragem
Depósito Legal
ISBN
ISQ / José Artur Almeida
OMNIBUS, LDA
SAF - Sistemas Avançados de Formação
Instituto do Emprego e Formação Profissional
Av. José Malhoa, 11 1000 Lisboa
Portugal, Lisboa, Janeiro de 1998
200 Exemplares
127-665-98
972-732-479-7
Copyright, 1998
Todos os direitos reservados
IEFP
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma ou processo
sem o consentimento prévio, por escrito, do IEFP
M.S.03
Produção apoiada pelo Programa Operacional Formação Profissional e Emprego, co-financiado pelo
Estado Português, e pela União Europeia, através do FSE
Guia do Formando
IEFP · ISQ
Actividades / Avaliação
Bibliografia
Caso de estudo
ou exemplo
Destaque
Índice
Objectivos
Recurso a diapositivos
ou transparências
Recurso a software
Recurso a videograma
M.S.01 Sb.03
Resumo
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
Guia do Formando
IEFP · ISQ
Índice Geral
ÍNDICE GERAL
I - CONCEITOS E OBJECTIVOS
•
Conceito de empresa
I.1
•
Objectivos da empresa
I.1
•
Conceito de "gerir"
I.4
•
As relações da empresa
I.6
•
As fases de lançamento de uma empresa
I.10
•
Resumo
I.18
•
Actividades / Avaliação
I.19
II - ÁREA DE OPERAÇÕES
•
Operações
II.1
•
A sequência de actividade de negócios - SAN
II.4
•
Implicações da SAN
II.7
•
Conclusões
II.8
•
Resumo
II.9
•
Actividades / Avaliação
II.10
III - ÁREA COMERCIAL E MARKETING
Evolução histórica e conceito de marketing
III.2
•
A segmentação do mercado
III.2
M.S.03
•
A Empresa: Noções de Gestão
Guia do Formando
IG . 1
IEFP · ISQ
Índice Geral
•
Plano de marketing
•
O marketing-mix
III.10
•
Resumo
III.16
•
Actividades / Avaliação
III.17
III.7
IV - ÁREA DE CONTROLO E FINANCEIRA
•
A função contabilidade
IV.7
• A contabilidade geral
IV.2
• A contabilidade analítica
IV.2
Análise da situação financeira
IV.2
• Balanço
IV.2
• Conta de resultados
IV.2
• O mapa de tesouraria
IV.2
•
Resumo
IV.7
•
Actividades / Avaliação
IV.7
•
V - O FACTOR HUMANO DA EMPRESA
•
Os recursos humanos na empresa
V.2
•
Formas de organização e níveis motivacionais
V.3
• Os modelos mecanicistas
V.4
• Os modelos psicossociológicos
V.7
V.10
M.S.03
• Os modelos antropológicos
A Empresa: Noções de Gestão
Guia do Formando
IG . 2
IEFP · ISQ
Índice Geral
•
A ética na empresa
V.13
•
Resumo
V.15
•
Actividades / Avaliação
V.16
B.1
M.S.03
BIBLIOGRAFIA
A Empresa: Noções de Gestão
Guia do Formando
IG . 3
Conceitos e Objectivos
M.S.01 Sb.03 Ut.01
IEFP · ISQ
A Empresa: Noções de Gestão
Guia do Formando
IEFP · ISQ
Conceitos e Objectivos
OBJECTIVOS
No final desta unidade temática, o formando deverá estar apto a:
•
Identificar o conceito e os objectivos da empresa
•
Definir o conceito de "gerir"
•
Interpretar as relações internas e externas da empresa
•
Entender a empresa como uma unidade dinâmica
•
Identificar as fases constituintes do lançamento de uma empresa
M.S.01 Sb.03 Ut.01
TEMAS
•
A empresa - conceitos e objectivos
•
Gerir - conceitos e objectivos
•
A empresa e suas relações internas e com o meio envolvente
•
As fases de lançamento de uma empresa
•
Resumo
•
Actividades / Avaliação
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
Guia do Formando
I.1
IEFP · ISQ
Conceitos e Objectivos
O CONCEITO DE EMPRESA
A empresa é o resultado dum conjunto de recursos organizados, que actuando
no mercado fornece produtos e / ou serviços em troca duma retribuição
monetária, visando a criação de riqueza.
A Empresa é ainda uma Entidade com enquadramento Jurídico, Económico
e Social.
O Enquadramento jurídico define a forma de constituição e funcionamento do
ponto de vista legal.
O enquadramento económico garante que a Empresa cumpre os seus
objectivos de criação de riqueza.
O enquadramento social garante que a Empresa cumpre com os objectivos
de desenvolvimento da Sociedade em que se insere.
Compra dos recursos
$A
Conjunto de recursos
organizados
Venda do produto ou
serviços
$B
B - A = Criação de Riqueza
Figura I.1 - Criação de riqueza
O objectivo é que o capital "B" que entra na Empresa como resultado da
venda dos seus produtos ou serviços, seja superior ao capital "A" que a
Empresa dispende na obtenção dos recursos necessários à sua laboração.
OBJECTIVOS DA EMPRESA
O objectivo último das Empresas é:
M.S.01 Sb.03 Ut.01
Garantir a sua Continuidade através da Criação de Riqueza
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
I.2
IEFP · ISQ
Conceitos e Objectivos
Só as empresas que conseguem criar riqueza estão em condições de contribuir
para o desenvolvimento da sociedade, quer do ponto de vista ECONÓMICO
quer SOCIAL.
Objectivos económicos
Gerar uma quantidade de dinheiro, proveniente das receitas, superior ao
dinheiro necessário para pagar as despesas.
A aplicação desse diferencial - "lucro" , deverá:
• Garantir a sobrevivência das Empresas
• Ser investido no crescimento das Empresas
• Remunerar os accionistas
Objectivos sociais
A Empresa deverá contribuir para o desenvolvimento social e científico dos
seus colaboradores, do meio em que se insere e da sociedade em geral.
Deverá também contribuir para que seja garantida a estabilidade económica
e social da região em que se insere.
Naturalmente que deverá existir um equilíbrio na distribuição da riqueza criada,
contemplando os objectivos Económicos e Sociais.
Elevado
grau de cumprimento dos objectivos dos parceiros
(Performance social)
Sobrevivência Ameaçada
Zona de altas Performances
Médio
Bloqueios sociais
Enfraquecimento
grau de cumprimento dos objectivos da Direcção
(Performance económica)
Fraco
M.S.01 Sb.03 Ut.01
Fraco
Médio
Elevado
Fig. I.2 -
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
I.3
IEFP · ISQ
Conceitos e Objectivos
CONCEITO DE GERIR
A actividade de GERIR, (ter gerência sobre; administrar; dirigir; regular;
governar) tem aumentado de complexidade nos últimos anos à medida que:
• os recursos se tornam mais caros e escassos
• que os interesses em jogo se antagonizam
• que crescem as exigências de competitividade das Empresas.
O que é gerir?
Podemos definir a actividade de "gerir" como sendo a arte de:
• Optimizar os Recursos Disponíveis
• Compatibilizar os Interesses Divergentes
Optimização dos recursos
Podemos dizer que Gerir, é a arte de optimizar os recursos disponíveis:
• Capital
• Know- how
• Materiais
• Humanos
Matérias Primas
Know-how
Produtos acabados
Empresa
Capital
Capital
Transformação
Meios Físicos
M.S.01 Sb.03 Ut.01
Meios Humanos
Fig. I.3 -
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
I.4
IEFP · ISQ
Conceitos e Objectivos
Ao Gestor cabe a difícil tarefa de articular os recursos disponíveis de modo a
garantir que a sua aquisição e aplicação se faz de uma forma eficiente. Hoje
é dada particular atenção aos recursos humanos e aos recursos imateriais,
know-how, por serem recursos dificilmente copiaveis e por isso, constituírem
factores de diferenciação das Empresas.
Além disso, a grande variedade de fontes de acesso aos recursos, por exemplo
do capital e do know-how, conferem à actividade de gestão dos recursos uma
importância cada vez maior.
Meio
Envolvente
Mercado
Gestor
Detentores do
Capital
Colaboradores
Fig. I.4 - Compatibilização de interesses divergentes
Ao Gestor cabe a tarefa de harmonizar os interesses, missões e objectivos
dos diferentes intervenientes, no sentido de obter o melhor desempenho da
Empresa, quer do ponto de vista Económico quer Social.
Na sua actividade de gestão quer na perspectiva de optimização de recursos,
quer na compatibilização de interesses divergentes, o gestor deve ainda actuar
tendo em consideração, também a compatibilização entre:
Longo Prazo
Eficácia
Eficiência
Possível
Desejável
M.S.01 Sb.03 Ut.01
Curto Prazo
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
I.5
IEFP · ISQ
Conceitos e Objectivos
AS RELAÇÕES DA EMPRESA
A Empresa, sendo uma entidade dinâmica, desenvolve relações INTERNAS
entre os seus membros e EXTERNAS, com o meio envolvente.
A fim de que se possa garantir a eficácia da organização, que é a Empresa,
as relações terão de ter um enquadramento formal.
No entanto, nas organizações modernas, em que prevalece a definição de
objectivos colectivos, o trabalho em grupo, a polivalência e a flexibilidade, há
um peso cada vez maior das relações informais.
Também aqui, como em tudo na gestão, as empresas deverão conseguir o
equilíbrio adequado entre a rigidez do formal e a flexibilidade do informal.
Relações internas
Só por uma questão metodológica, se continua a fazer, como neste módulo,
uma análise sectorial da organização:
• Área de Operações
• Área Comercial, Marketing
• Área de Controlo e Financeira
• Área de Recursos Humanos
Na realidade as empresas devem ser vistas e geridas como um bloco
homogéneo em que as suas áreas constituintes não actuam individualmente,
mas interagem no sentido do objectivo comum que é a melhoria do
desempenho da empresa.
M.S.01 Sb.03 Ut.01
Por essa razão as relações internas assumem uma enorme importância,
procurando-se sempre que essas relações privilegiem os objectivos globais
das empresas, em deferimento dos objectivos de cada uma das suas áreas
constituintes.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
I.6
IEFP · ISQ
Conceitos e Objectivos
Mercado de Trabalho
Estado
Clientes
Fornecedores
Empresa
Mercado de Capitais
Concorrentes
Mercado
Paralelo
Entidades
Sociais / Política
Científicas / Culturais
Fig. I.5 - Relacções externas
A Empresa, tal como a família é uma Célula da Sociedade, e por isso para viver
tem de interagir com os outros elementos dessa Sociedade.
Das relações indicadas na Figura, podemos identificar o grupo das consideradas
tradicionais:
• Fornecedores
• Estado
• Mercado de Trabalho
• Clientes
• Mercado de Capitais
e o grupo das relações que ultimamente vêm assumindo uma importância
crescente
• Concorrentes
M.S.01 Sb.03 Ut.01
• Entidades Sociais / Políticas / Científicas / Culturais
• Mercado Paralelo
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
I.7
IEFP · ISQ
Conceitos e Objectivos
Mercado de capitais
Ao Mercado de Capitais, a Empresa recorre quer para a obtenção de
financiamentos, quer para a aplicação dos seus excedentes monetários.
O "Custo do Dinheiro" e a variedade dos instrumentos financeiros existentes
conferem a esta relação uma enorme importância.
Mercado de trabalho
Ao Mercado de Trabalho vai a Empresa recrutar os Recursos Humanos de
que necessita. Também aqui a Empresa dispõe de várias alternativas:
• Pessoal próprio; podendo optar-se por recrutar pessoal já experiente, ou
admitir pessoal sem experiência e formá-lo na Empresa. É normal a opção
que contemple estas duas situações.
• Utilizar a sub-contratação de empresas de cedência de pessoal. É uma
opção hoje bastante divulgada, pelas vantagens de transferir os custos de
pessoal de fixos para variáveis. Exige uma boa selecção da empresa sub-contratada e um bom sistema de controlo da empresa contratante.
Clientes
A relação fornecedor - cliente desenvolve-se em três fases distintas mas todas
elas importantes.
Pré-Venda
O fornecedor procura conhecer o mercado e criar-lhe expectativas.
Venda
É o acto físico da troca do produto pelo pagamento do valor acordado. O
preço nem sempre tem uma relação directa com o custo, sendo vulgar
definir o preço, como o valor que o cliente está disposto a pagar para
obter o produto ou serviço que pretende.
Pós-Venda
M.S.01 Sb.03 Ut.01
Assume cada vez maior importância a segurança oferecida ao cliente,
através de um serviço pós-venda eficaz.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
I.8
IEFP · ISQ
Conceitos e Objectivos
Fornecedores
Uma gestão eficiente, passa muito por uma política correcta de selecção de
fornecedores.
Destacamos alguns aspectos a ter em consideração:
• Nível de cooperação
• Nível de diversificação
• Garantia de continuidade no fornecimento
• Garantia de confidencialidade
Estado
Do Estado as Empresas têm de obter:
• Segurança
• Infra-estruturas
• Garantia de igualdade de tratamento face à lei
Para com o Estado as empresas devem cumprir as suas obrigações legais,
nomeadamente pelo pagamento dos seus impostos.
A gestão fiscal assume hoje uma enorme importância nos custos das
empresas, pelo que se justifica o recurso a especialistas.
Entidades sociais / políticas / científicas / culturais
A acção da empresa não pode ficar delimitada ao espaço físico que ocupa.
Á empresa cabe um papel importante no desenvolvimento da sociedade em
que se insere. As formas de isso ser conseguido diferem, sendo óbvio que
uma empresa inserida num meio rural, naturalmente desenvolverá
acções diversas duma situada num meio urbano.
M.S.01 Sb.03 Ut.01
Mercado paralelo
A existência do Mercado Paralelo é uma realidade que assume níveis de
importância diferentes quando se vive em épocas de crise, ou épocas de
crescimento.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
I.9
IEFP · ISQ
Conceitos e Objectivos
É por isso uma variável que as empresas têm de considerar nas suas
estratégias.
AS FASES DE LANÇAMENTO DE UMA EMPRESA
A constituição de uma empresa deverá ser alicerçada num PROJECTO e
numa VONTADE e determinação da sua concretização.
Só posteriormente deverá ser analisado o ENQUADRAMENTO JURÍDICO,
da Criação da Empresa.
Projecto de criação de uma empresa
Balanço pessoal
• Objectivos pessoais
• Motivações profundas e circunstanciais
• Competência
• Recursos
A ideia
•
Fontes de detecção de ideias
• Observação - do quotidiano, visita a feiras e exposições, etc.
• Contactos pessoais - fornecedores e clientes da empresa onde
trabalha e fontes de informação institucionais (ICEP, IAPMEI, IEFP,
Autarquias, etc.)
• Documentação - estatísticas, patentes, jornais e revistas
especializados, bases de dados, etc.
•
Desenvolvimento da Ideia
Aproximação da Ideia a um anteprojecto de empresa através de:
• Análise da envolvente sócio-económica - análise documental, estudo
M.S.01 Sb.03 Ut.01
de casos práticos, recurso a consultores, observação, etc.
• Enriquecimento da criatividade da ideia
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
I . 10
IEFP · ISQ
Conceitos e Objectivos
Pré-diagnóstico
Do Empresário
Pontos fortes e pontos fracos (situação actual e análise da envolvente social).
Do Projecto
Dificuldades e oportunidades relacionadas com:
• produto/mercado ou serviço/mercado;
• os meios;
• a legislação
Da futura empresa
• Interesse e oportunidade do projecto
• Áreas funcionais da Empresa
Estudo da envolvente externa
Conceito
• Conjunto de elementos que o empresário não pode matriciar nem controlar
(futuros clientes, fornecedores e empresas concorrentes).
Exploração da envolvente externa
• Deve ser orientada pelas seguintes atitudes: oportunidade, objectividade,
selectividade, curiosidade, abertura de espírito, rigor e preserverança.
Técnica de exploração da envolvente externa
• Pré-definição do projecto;
• Procura de resposta para as questões surgidas;
• Auscultação do sector de actividade;
• Obtenção de informação sobre a concorrência;
M.S.01 Sb.03 Ut.01
• Estudo da clientela potencial
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
I . 11
IEFP · ISQ
Conceitos e Objectivos
Estudo do Mercado (quantitativo e qualitativo)
• Procura - consumidores;
• Oferta - concorrência;
• Envolvente sectorial externa.
As informações recolhidas deverão permitir tomar decisões, com um mínimo
de risco, sobre:
• As características dos produtos ou dos serviços;
• A política de marketing a implementar.
Definição dos meios
Meios Financeiros
• Cálculo do montante do investimento;
• Cobertura financeira do investimento
Meios Humanos
• Sócios
• Recrutamento de pessoal
Meios Técnicos
• Equipamentos
• Instalações
• Material de transporte
Avaliação da rendibilidade
Dossier Financeiro
• Conta de Resultados previsionais
M.S.01 Sb.03 Ut.01
• Plano de financiamento
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
I . 12
IEFP · ISQ
Conceitos e Objectivos
• Orçamento previsional de tesouraria
• Balanço previsional
Constituição legal da empresa
Escolha da Estrutura Jurídica
• Sociedade, Empresário em Nome Individual ou Estabelecimento Individual
de Responsabilidade Limitada
Formalidades
• Definição do objecto social;
• Elaboração de Estudos;
• Escolha de firma ou denominação;
• Inscrição no R.N.P.C. (Registo Nacional de Pessoas Colectivas);
• Escritura Pública de Constituição;
• Registo Comercial.
Contexto legal económico e social
A passagem da ideia à empresa implica o contacto com múltiplos interlocutores
em diferentes áreas:
Informação
• Eurogabinetes;
• IAPMEI (Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas Industriais)
e GACE (Gabinete de Apoio à Criação de Empresas);
• Associações Empresariais;
• INE (Instituto Nacional de Estatística);
• Departamento de Estatística do Ministério do Emprego
Apoio tecnológico e de instalação
• Centros tecnológicos;
M.S.01 Sb.03 Ut.01
• Centros de Empresa e Inovação
• Centros de incubação
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
I . 13
IEFP · ISQ
Conceitos e Objectivos
• Ninhos de empresas
• Parques tecnológicos
Formação
• Centros de Formação de Gestão directa do IEFP e de gestão participada;
Financiamento
• Bancos;
• Sociedades de Capital de Risco;
• Sociedade de Leasing;
• Sociedade de Desenvolvimento Regional
Formalidades legais
• Registo Nacional de Pessoas Colectivas;
• Cartórios Notariais;
• Conservatória do Registo Comercial;
• Repartição de Finanças;
• Instituto de Desenvolvimento e Inspecção das Condições de Trabalho;
• Centros Regionais de Segurança Social.
Enquadramento jurídico
Escolha da forma jurídica
1. Sociedade por Quotas
Capital Social
Não pode ser inferior a 400 000$00, encontra-se dividido em quotas em que
cada uma deve ser, pelo menos, de 20 000$00 e divisível por 250$00. No
momento da constituição da sociedade deverá estar realizado, pelo menos,
50% do montante das entradas subscritas em dinheiro.
Responsabilidade
• A responsabilidade dos sócios encontra-se limitada ao capital social,
M.S.01 Sb.03 Ut.01
excepto quando o capital não se encontra integralmente realizado, caso
em que os sócios são solidariamente responsáveis por todas as entradas
convencionadas ao contrato social.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
I . 14
IEFP · ISQ
Conceitos e Objectivos
• Apenas o património da sociedade responde perante os credores.
Sócios
• O número mínimo de sócios é de 2.
2. Sociedade Anónima
Capital Social
• O capital social não pode ser inferior a 5 000 000$00 e está dividido em
acções (nominativas ou ao portador) de valor nominal que não poderá
todavia ser inferior a 1 000$00.
• No momento da constituição da sociedade têm de estar realizadas as
entradas em dinheiro correspondentes a 30% do capital social mínimo.
Responsabilidade
A responsabilidade de cada sócio é limitada ao valor das acções que
subscrevem, pelo que os credores sociais só se podem fazer pagar pelos
bens sociais.
Sócios
O número mínimo admitido é cinco (designados por accionistas).
3. Empresário em Nome Individual
Noção
É uma empresa titulada por um só indivíduo ou uma pessoa singular, que
afecta bens próprios à exploração da sua actividade económica.
Responsabilidade
O empresário em nome individual responde ilimitadamente, pelas dívidas
contraídas no exercício da sua actividade perante os seus credores, com
todos os bens que integram o seu património.
Constituição legal
1. Certificado de Admissibilidade da Firma
M.S.01 Sb.03 Ut.01
• Quando se inicia a elaboração dos estatutos deve-se, simultaneamente,
requerer ao Registo Nacional de Pessoas Colectivas (RNPC) o
certificado de admissibilidade da firma ou denominação.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
I . 15
IEFP · ISQ
Conceitos e Objectivos
• Encontra-se proibida a outorga de escrituras de constituição de pessoas
colectivas sem a apresentação, pelos interessados, do certificado emitido
pelo RNPC, comprovativo da admissibilidade da firma.
2. Inscrição do Ficheiro Central de Pessoas Colectivas
• Uma vez efectuada a inscrição, das pessoas colectivas, dos comerciantes
individuais etc., no ficheiro central de pessoas colectivas é emitido o
Cartão de Identificação que deverá conter a indicação do NIPC, do nome,
firma ou denominação social do domicílio ou sede, da caracterização
jurídica, da actividade principal, a data da constituição, etc.
• São oficiosamente inscritos no ficheiro central de pessoas colectivas,
as entidades sujeitas a registo comercial obrigatório mediante
comunicação da competente Conservatória do Registo Comercial.
3. Cartório Nacional
• Mediante a apresentação da Minuta dos Estatutos, do Certificado de
Admissibilidade da firma, do certificado do depósito efectuado em
qualquer Banco e dos Bilhetes de Identidade dos futuros sócios poderse-á outorgar, em Cartório Notarial à escolha, a Escritura Pública de
Constituição da Sociedade.
• Do contrato de qualquer tipo de sociedade deverão constar, entre outros:
• os nomes ou firmas de todos os sócios fundadores e outros dados de
identificação destes;
• o tipo de Sociedade;
• a firma da sociedade;
• o objecto da sociedade;
• a sede da sociedade;
• o capital social.
4. Repartição de Finanças
• É obrigatório para todas as pessoas singulares com rendimentos
sujeitos a imposto e para todas as pessoas colectivas e equiparadas,
inscreverem-se em qualquer Repartição de Finanças, para efeito de
atribuição de número fiscal de contribuinte;
• É obrigatória a menção do número fiscal dos contribuintes em todos os
M.S.01 Sb.03 Ut.01
requerimentos, petições, exposições, reclamações, impugnações,
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
I . 16
IEFP · ISQ
Conceitos e Objectivos
recursos, declarações e outros actos semelhantes apresentados à
Administração Pública.
5. Registo Comercial
Destina-se a dar publicidade à situação jurídica dos comerciantes individuais,
e das sociedades comerciais, tendo em vista a segurança do comércio jurídico.
A escolha da forma jurídica
Deve basear-se na análise dos seguintes factores:
• Complexidade e dimensão do empreendimento;
• Capacidade de contribuição financeira na sociedade;
• Vínculo de solidariedade e relações entre os parceiros.
Partindo destas condicionantes, se o empresário pretender exercer a sua
actividade em conjunto com outras pessoas, tem ao seu dispor quatro tipos
societários:
• Sociedade por quotas;
• Sociedade anónima;
• Sociedade em nome colectivo;
• Sociedade em comandita simples ou por acções.
Caso o empresário opte por desenvolver a empresa sozinho terá duas
alternativas:
• ser um Empresário em Nome Individual; ou
• constituir um Estabelecimento Individual de Responsabilidade Limitada - EIRL.
Neste a responsabilidade do empresário para com terceiros limita-se ao
património afecto ao estabelecimento.
M.S.01 Sb.03 Ut.01
O capital social mínimo é de 400 contos.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
I . 17
IEFP · ISQ
Conceitos e Objectivos
RESUMO
As Empresas têm como objectivo principal a garantia da sua continuidade
através da criação de riqueza.
A distribuição da riqueza deverá obedecer a critérios de ordem económica e
social.
GERIR, é a arte de compatibilizar interesses diferentes, e optimizar os
recursos.
A empresa, sendo uma entidade viva e dinâmica tem relações internas entre
as várias áreas constituintes e relações com o exterior.
• Concorrentes
•Clientes
• Estado
• Mercado de Trabalho
• Mercado de Fornecedores
•Forças Vivas da Sociedade Envolvente
• Mercado de Capitais
A empresa deve ser gerida como um todo, e só por uma questão metodológica
é analisada em áreas separadas.
M.S.01 Sb.03 Ut.01
A criação de uma Empresa deverá partir duma ideia e dum projecto
perfeitamente definidos, e escolher o enquadramento jurídico ajustado.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
I . 18
IEFP · ISQ
Conceitos e Objectivos
ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO
1. Indique os critérios que considera correctos, na distribuição da riqueza pelas
empresas
2. Defina o Conceito de Gerir
3. Diga de que forma a empresa se relaciona com:
• O Estado
M.S.01 Sb.03 Ut.01
• Mercado de Capitais
Componente Prática
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
I . 19
Área de Operações
M.S.01 Sb.03 Ut.02
IEFP · ISQ
A Empresa: Noções de Gestão
Guia do Formando
IEFP · ISQ
Área de Operações
OBJECTIVOS
No final desta unidade temática, o formando deverá estar apto a:
•
Identificar as componentes da SAN - Sequência de Actividades de Negócio
•
Identificar as diversas funções do “Projecto”: “Cadeia de Valor
Acrescentado” e Cadeia de Suporte.
TEMAS
Operações
•
A sequência de actividade de negócios - SAN
•
Implicações da SAN
•
Conclusões
•
Resumo
•
Actividades / Avaliação
M.S.01 Sb.03 Ut.02
•
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
Guia do Formando
II . 1
IEFP · ISQ
Área de Operações
OPERAÇÕES
1. Conceito de Operações
Ao referirmos o “processo nas empresas”, deveremos considerar o conceito
“operações” em vez de “produção”.
A razão prende-se com o facto de tanto as empresas de serviços como as
industriais possuírem um processo de operações, entendido como a
transformação dos recursos num elemento ou acções que proporciona um
serviço ao cliente, enquanto que as empresas industriais somente possuem
um processo de produção.
2. Propósito das Operações
O conceito de subsistência a longo prazo, objectivo fundamental da empresa,
está intimamente relacionado com a capacidade da mesma para ser a melhor
nalgum aspecto.
Este ponto de vista propõe-se tomar como propósito global da empresa, dentro
do qual se encaixa o das operações, o alcançar e manter uma vantagem
competitiva sustentável a longo prazo.
A definição anterior implica um certo critério de optimização, de ser o melhor,
mas deixando à empresa a oportunidade de escolher explicitamente o critério.
Ser o melhor não implica necessariamente ganhar mais dinheiro, mas que,
para certo sector do mercado a empresa seja considerada desta forma pelo
seu cliente. Além disso, ser o melhor é necessariamente um critério de
singularidade; ser o melhor em algo implica necessariamente ser diferente.
A responsabilidade das Operações, nesta visão, é a realização das actividades
que vão desde uma ideia até um cliente satisfeito. Esta abordagem aumenta
a responsabilidade das operações, mas integra elementos que devem tratarse de forma homogénea quando se pretende criar uma vantagem competitiva.
M.S.01 Sb.03 Ut.02
Finalmente, define-se a satisfação do cliente como o cumprimento do serviço
que este espera da empresa a curto, médio e longo prazo. Como”esperar”é
uma característica dificilmente observável, considera-se a noção de que a
empresa sabe que o cliente está satisfeito quando volta a comprar. Assim,
obter a satisfação do cliente converte-se num objectivo operativo: que este
volte a comprar. Estes três postulados básicos resumem-se na Figura II.1.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
II . 2
IEFP · ISQ
Área de Operações
Postulados fundamentais
As operações abarcam desde a ideia até ao cliente satisfeito.
Satisfação do cliente é proporcionar o serviço que este espera.
Um cliente está satisfeito quando volta a comprar.
Fig. II.1 - O Propósito das Operações na Empresa
3. Formas de Competir
Temos dito que a forma de ser o melhor fica ao critério da empresa. Portanto
deve haver várias formas de ser o melhor em cada sector. É possível tipificar
em cinco categorias a maior parte das variantes. Esta classificação foi
elaborada com o propósito de a utilizar e posteriormente decidir qual é a
melhor forma de estruturar as operações em cada caso. Desta maneira, se
uma empresa se pode identificar com uma determinada forma de ser a melhor,
de competir, poderá obter um diagnóstico e um plano de mudança orientativo
da sua actual estrutura das Operações.
As cinco formas fundamentais de competir apresentam-se na Figura II.2. O
diagrama coloca as formas de competir de acordo com a sua proximidade, de
forma que estejam próximas aquelas formas que se podem confundir na
prática. Ilustram-se as formas de competir tomando exemplos do sector de
restaurantes, caso típico de empresas de serviços.
Preço
Especialização
Flexibilidade
Inovação
Vinculação
M.S.01 Sb.03 Ut.02
Fig. II.2 – Formas de Competir
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
II . 3
IEFP · ISQ
Área de Operações
1. Competir por preço
Neste tipo de concorrência a empresa propõe-se ter uma relação preço/
prestação, óptima no seu mercado. Toda a operação está orientada para
conseguir um custo compatível com este propósito. Por exemplo, a maioria
dos restaurantes “self-service” operam nesta base.
2. Competir por especialização
A empresa oferece uma melhor linha de serviços, num pequeno segmento de
mercado, no qual trata de ser a única. Por exemplo, a Kentucky Fried Chicken
compete por esta forma, combinando isso com um baixo preço. Um restaurante
vegetariano com música de Bach, localizado numa grande cidade e sempre
cheio, é outro importante exemplo, ao não combinar a especialização com
um baixo preço.
3. Competir pela Inovação
A empresa esforça-se em criar, e dar ao cliente, o serviço mais inovador e
avançado do mercado. Também dentro dos restaurantes, certos
estabelecimentos, oferecem ao cliente as experiências mais interessantes
do seu “chef”. Neste caso, os resultados não são sempre convincentes e o
preço é alto, mas para quem quer a novidade ela está assegurada.
4. Competir na Vinculação
A empresa trata de estabelecer vínculos com o cliente de forma que este não
tenha dúvidas com o tipo de serviço que aquela lhe proporciona. Um
restaurante familiar, de “confiança”, compete desta maneira.
5. Competir pela Flexibilidade
A empresa oferece o melhor serviço individualizado à medida dos desejos do
cliente. Este pode especificar a configuração do serviço que deseja, dentro
de uma ampla gama, e a empresa trata de o proporcionar. A maioria dos
restaurantes competem desta forma. O cliente prepara o seu menu
escolhendo-o de uma ampla gama de responsabilidades. O cliente espera
tanto esta característica que afastar-se dela exige destacar-se noutra forma
de competir.
A sequência de actividades de negócio (SAN)
M.S.01 Sb.03 Ut.02
1. Definição das Actividades da SAN
Temos de dar agora um conteúdo explícito ao primeiro postulado da Figura
II.1. Isto consegue-se com a chamada sequência de actividades de negócio,
uma elaboração da cadeia de valor, explicitamente ajustada às operações. A
Figura II.3 apresenta a Sequência de Actividades de Negócio dividida em
três subcadeias: de projecto e especificação, de adição de valor e de serviço;
e em dez actividades que se descrevem a seguir.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
II . 4
IEFP · ISQ
Área de Operações
a) De projecto e especificação
1
2
3
Garantia da
Qualidade
I+D+D
Engenharia de
operações
b) De adição de valor
4
5
6
Logística
de entrada
Compras
7
Operações
Logística de saída
c) De serviço
8
9
Instalação
10
Suporte
Manutenção da satisfação
Fig. II.3 – A Sequência de Actividades de Negócio
As actividades da SAN constituem o conjunto de todas as actividades de
operações, ou seja o caminho desde a ideia até ao cliente satisfeito.
1. I+D+D – Investigação, Desenvolvimento e “Design”, sendo o “design”o
responsável pela “terceira letra”. A actividade é a concretização de uma
ideia num produto ou serviço operativo, incluindo os aspectos funcionais,
orgânicos, estéticos, e ergonómicos do mesmo.
2. Garantia da Qualidade
Conjunto de actividades orientadas para conseguir e garantir a qualidade,
manutenção, reparabilidade e fiabilidade do elemento (ou serviço) objecto
das operações.
3. Engenharia de Operações
Desenvolvimento do processo de operações, configuração de operações
que levem à obtenção do produto/serviço com as qualidades, quantidades
e custos adequados.
M.S.01 Sb.03 Ut.02
4. Aprovisionamento
Operações de aprovisionamento de recursos, não somente de materiais,
mas também de serviços e outros recursos.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
II . 5
IEFP · ISQ
Área de Operações
5. Logística de Entrada
Projecto e operação do sistema que assegure que os recursos necessários
estão disponíveis no lugar adequado, no tempo, quantidade e qualidade
necessários para a realização das operações.
6. Operações
O processo de transformação dos “inputs” em processos concluídos.
7. Logística de Saída
Idêntico à logística de entrada, mas referindo à necessidade de situar o
produto no lugar exigido pelo cliente para o uso do mesmo.
8. Instalação
Pôr em serviço, ao gosto do cliente, do produto ou serviço adquirido,
incluindo a formação do utilizador, implementação física, assessoramento
no uso, etc.
9. Suporte
Todo o conjunto de actividades de pós-venda, que garantam o
cumprimento da função do produto/serviço tal como se definiu no acto da
venda e durante a vida estimada (pelo cliente) do mesmo. Incluem-se as
actividades de cumprimento de garantias contratuais, reparação,
conservação, etc.
10. Manutenção da satisfação do Cliente
O conjunto de actividades não incluídas nas etapas anteriores, que fazem
com que o cliente considere a sua compra um êxito. Inclui as actividades
de actualização, adaptação a novos usos, e em geral de todos os aspectos
que completam e complementam o produto/serviço.
M.S.01 Sb.03 Ut.02
A adopção do SAN como definição do conteúdo das operações, tem
importantes implicações. Deve ser encarado como uma entidade total, onde
as actividades devem estar optimizadas para conseguir o máximo rendimento
da cadeia completa. Isto significa a adequação do todos os seus elos. O mais
débil será o responsável pelo fracasso das operações. Além disso, a adopção
da SAN tem como consequência lógica o que impropriamente se chamou
“qualidade total”. A actividade I+D+D, ao fazer parte de uma cadeia, deve ter
em conta o seu efeito sobre a actividade final, manutenção da satisfação, e
portanto deve operar na base de conseguir esta (qualidade do “design”). Além
disso, ao procurar conseguir-se continuadamente o serviço esperado é
evidente que a actividade de I+D+D deve incorporar o “design” tendo em
conta o custo, fiabilidade, reparabilidade, etc. do elemento projectado. Da
mesma forma, a obtenção da qualidade da conformidade está implicada pela
presença da actividade de produção ligada às da cadeia de serviço.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
II . 6
IEFP · ISQ
Área de Operações
IMPLICAÇÕES DA SAN
Vamos analisar agora, uma série de mensagens situando-as na sua justa
perspectiva.
1. O stock ideal é zero. É evidente que o “stock” é um investimento. Como
todo o investimento deve ter um objectivo. Se o objectivo é apenas de
precaução, sem contribuir para a competitividade da empresa, então é
disfuncional. Mas se a empresa não pode competir da forma desejada, por
exemplo, por excesso de tempo de trânsito, então o “stock”pode ser a única
forma, especialmente a curto prazo, de dar o serviço que corresponde à forma
de competir. Por outro lado, se as flutuações da procura são elevadas, nalgum
lugar da SAN haverá que as absorver. Se o “stock” não está na produção,
pode ser que esteja nalguma das logísticas, com o que a única coisa que se
fez foi deslocá-lo.
2. É imprescindível competir em qualidade. De acordo com o ponto de
vista exposto, não se compete em qualidade. A qualidade do projecto é
simplesmente uma forma parcial de ver o serviço completo que a empresa
deve dar ao seu cliente e fica implicada na existência da cadeia de “design”
dentro da SAN.
3. É preciso incorporar novas tecnologias às operações. Esta frase
pretende significar que a robótica, a informática, a electrónica, etc. devem
mudar a face das operações. Como vimos, a tendência será a utilização
crescente de ferramentas de processo do conhecimento, mas a maior ênfase
deve estar na criação de um contexto de aprendizagem para a SAN. A curto
prazo, a necessidade de uma tecnologia de suporte é dada pelas necessidades
associadas à forma de competir. Se se concorre por especialização , por
exemplo, será necessário manter no nível máximo as tecnologias próprias do
sector em que se opera. As tecnologias de suporte deverão incorporar-se
sempre que reforcem a nossa capacidade competitiva básica. Portanto, a
selecção de tecnologias é uma selecção de conhecimentos a desenvolver,
conhecimentos da maior importância se se encontram no núcleo competitivo
da empresa. Não se deve pensar em termos de grupos genéricos de
tecnologias. É preciso concentrar-se numa selecção minuciosa dos
conhecimentos a obter, desenvolver e manter, ao longo das SAN para competir
de forma eficaz.
M.S.01 Sb.03 Ut.02
4. Os sistemas de informação aumentarão a produtividade. Os sistemas
de informação, se não estão orientados para a melhoria, não permitem por si
só uma evolução da SAN. Além disso, os actuais sistemas de informação em
pacote são todos muito parecidos, quer dizer, não incorporam vantagem
competitiva diferencial, e estão pouco orientados tanto para a aprendizagem
como para a melhoria da SAN. É óbvio que a actividade de aprendizagem
ultrapassa os limites estreitos de um sistema de informação.
5. O segredo da competitividade é a redução do tempo de fabricação.
Tempo e “stocks são duas faces da mesma moeda. Portanto tudo o que
dissemos sobre os “stocks” aplica-se ao mesmo tempo. Mas o tempo de
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
II . 7
IEFP · ISQ
Área de Operações
produção adquire uma importância definitiva quando se compete por flexibilidade,
ou em menor grau, por inovação e vinculação. Em qualquer caso, é sempre um
factor de eficiência, mas a sua produtividade deve ser mutável segundo a forma
de competir. Este tempo, além disso, deve incluir todos os tempos de duração
da SAN e, concretamente, os da cadeia do “design”. A redução do tempo na
cadeia do “design” é de importância muito maior do que a do tempo de produção
quando se compete por inovação.
6. A linha de montagem está obsoleta. É preciso passar ao JIT (Just in
Time). Se a linha de montagem é entendida como um meio alienante de
produção, é certo que deveria ser desterrada. O seu principal defeito é, deste
ponto de vista, a sua falta de contribuição para a aprendizagem da empresa.
Por outro lado, a linha de montagem é um meio muito eficiente de produção.
Sem “stocks”, altamente especializada em poucos produtos, muito fácil de
controlar a qualidade, está na base das fábricas “focadas”. Combinada
adequadamente com processos de aprendizagem, pode manter as vantagens
da eficiência e conseguir aprendizagem e flexibilidade. Por exemplo as
disposições em U de algumas fábricas japonesas, disposições em que um
operário responde por muitas máquinas, são essencialmente linhas de
montagem nas quais as máquinas fazem o papel de componentes da linha,
passando o trabalho de umas para outras através do operário.
CONCLUSÕES
M.S.01 Sb.03 Ut.02
A competitividade perdida não se recupera através da aplicação de receitas
simplistas, menos ainda pelo abandono da actividade de operações. Sendo
um dos depositários mais importantes do conhecimento da empresa, qualquer
perspectiva que tenda, a longo prazo, a diminuir o seu “stock” de conhecimento
é prejudicial. A competitividade recupera-se, ou alcança-se, através de um
processo sistemático de melhoria. A definição progressiva da forma de
competir e a adequação da SAN à mesma, são o caminho mais importante
para este fim.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
II . 8
IEFP · ISQ
Área de Operações
RESUMO
Todas as empresas têm operações
As empresas industriais têm produção
A S.A.N. descreve as funções, que no seu conjunto constituem a actividade
do negócio.
•
Cadeia de Projecto
• Investigação
• Desenvolvimento
• Design
• Garantia da Qualidade
• Desenho do Processo
•
Cadeia de Valor Acrescentado
• Compras
• Logística de Entrada
• Produção
• Logística de Saída
•
Cadeia de Suporte
• Instalação
• Apoio no Local
M.S.01 Sb.03 Ut.02
• Manutenção da Satisfação
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
II . 9
IEFP · ISQ
Área de Operações
ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO
1. Enuncie as Componentes da S.A.N.
2. Defina as funções da Área “Compras”
M.S.01 Sb.03 Ut.02
3. Defina o Objectivo da Área “Manutenção da Satisfação”
Componente Prática
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
II . 10
Área Comercial e Marketing
M.S.03 Ut.03
IEFP · ISQ
A Empresa: Noções de Gestão
Guia do Formando
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
OBJECTIVOS
No final desta Unidade Temática, o formando deverá estar apto a:
• Perceber a evolução histórica das áreas Comercial e Marketing
• Identificar os critérios de segmentação do mercado
• Descrever as fases principais do Plano de Marketing
• Definir Marketing mix
TEMAS
• Evolução da Estratégia das Empresas
• A Função Comercial
• A Função Marketing
• Resumo
M.S.03 Ut.03
• Actividades / Avaliação
A Empresa: Noções de Gestão
Guia do Formando
III . 1
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
EVOLUÇÃO HISTÓRICA E CONCEITO DE MARKETING
A forma como a empresa tem orientado a sua forma de gestão, no
relacionamento com o mercado, tem evoluído ao longos dos tempos, desde a
prioridade para a produção até ao controlo pelo marketing.
Analisemos as condicionantes e características principais desta evolução.
1. Orientação para a produção
Até aos anos 30, a preocupação básica da empresa era produzir bem,
segundo os critérios internos definidos pela empresa.
A empresa definia o que queria e podia produzir, assumindo que o mercado
viria a comprar.
Esta época era caracterizada pelo excesso da procura em relação à oferta,
quer em termos de quantidade quer de diversidade. Isto é, o mercado ou
comprava o que lhe era oferecido, ou ficava sem alternativa.
1. Orientação para as vendas – Anos 60
Á medida que a oferta vai equilibrando a procura, que nasce a concorrência
e que o mercado começa a ter alternativas de escolha, verifica-se que se
pode aumentar a procura dos produtos pelo cliente, se desenvolveram acções
de promoção e se exercermos sobre o consumidor uma forte pressão no
sentido de combater a tendência para a resistência à compra do que não é
essencial.
Isto é, assume-se que não se pode deixar o cliente sozinho. Ele tem de ser
pressionado, pela nossa força de vendas, a comprar.
2. Orientação para o Marketing – Anos 70/80
Orienta-se do exterior para o interior.
Aqui a empresa já não produz o que quer mas sim aquilo que o mercado
determina.
O foco é o cliente.
Para isso há que analisar o mercado, detectar as suas necessidades reais,
criar outras necessidades, e levar toda a empresa a corresponder com os
produtos adequados.
M.S.03 Ut.03
Este conceito de marketing evoluiu no sentido do chamado marketing social,
que assenta também nas necessidades dos consumidores mas tem em
conta o resultado das actuais correntes de defesa do consumidor, da
qualidade de vida, leva o estudo e satisfação das necessidades até ao seu
enquadramento social, bem estar do consumidor, e o desenvolvimento a
médio e longo prazo da sociedade.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empresa: Noções de Gestão
III . 2
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
O marketing assim entendido, não é objecto da actividade de uma Direcção
Comercial, mas sim o conceito orientador de toda a actividade da empresa,
compreendendo todos os níveis da organização e todos os indivíduos.
O papel do Marketing no Mundo actual
O Marketing é tão fundamental que não pode ser considerado uma
função isolada... É a empresa na sua totalidade sob o ponto de
vista do resultado final, isto é do ponto de vista do cliente.
Peter Drucker
O MARKETING E:
A PROCURA SISTEMÁTICA DA SATISFAÇÃO DAS NECESSIDADES,
DESEJOS E ASPIRAÇÕES DE GRUPOS HUMANOS, ATRAVÉS DOS
PROCESSOS DE TROCA
NECESSIDADES
DESEJOS
ASPIRAÇÕES
VALOR
E
SATISFAÇÃO
PRODUTOS
TROCAS
E
TRANSACÇÕES
MERCADOS
E
VENDEDORES
A óptica do Marketing afirma que a chave para conseguir alcançar os objectivos
empresariais, consiste em determinar as necessidades e desejos do mercado,
e satisfazê-los de uma maneira mais eficaz e eficiente do que a concorrência.
Podemos pois resumir o contraste entre os conceitos de vendas e de marketing
Foco
Produtos
Meios
Objectivo
Vendas e
Promoção
Lucros através
do volume
de vendas
M.S.03 Ut.03
O CONCEITO DE VENDAS
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
III . 3
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
Foco
Meios
Necessidades
do cliente
Marketing
integrado
Necessidades
Lucros através da
satisfação do Cliente
O CONCEITO DE MARKETING
Vê-se assim que o ponto de partida para o estudo do marketing reside nas
necessidades e desejos humanos.
É esta necessidade que nos dá o conceito de PRODUTO
Tudo aquilo que é capaz de satisfazer um desejo ou uma necessidade
O marketing preocupa-se ainda com conceito de TROCA
Envolve sempre duas partes
Cada parte tem algo que pode ter valor para a outra
Cada parte é capaz de comunicar
Cada parte é livre de aceitar ou rejeitar a oferta
O conceito de troca leva ao conceito de MERCADO
• Na teoria económica
Lugar onde a procura e a oferta e um bem se encontram
• Em marketing
Conjunto de clientes actuais e potenciais de um dado produto
Níveis e componentes de mercado
N
1
1. POPULAÇÃO TOTAL EXISTENTE
2.1 MERCADO POTENCIAL DO PRODUTO
Í
2.2 NÃO UTILIZADORES ABSOLUTOS
2
V
E
3
3.1 MERCADO
ACTUAL DO
PRODUTO
3.1 NÃO
UTILIZADORES
DO PRODUTO
I
S
4.2 QUOTA
DE
MERCADO
DA
CONCORRÊNCIA
M.S.03 Ut.03
4
4.1 QUOTA
DE
MERCADO
DA
EMPRESA
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
III . 4
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
Para terminar, diremos que há evolução dos conceitos de:
Vendas ao Marketing
Quando
há:
Diminuição das vendas
Crescimento insuficiente
Aumento da concorrência
Diminuição das margens
Mudança nos hábitos dos consumidores
VENDAS
MARKETING
UMA EVOLUÇÃO IRRESISTÍVEL
A SEGMENTAÇÃO DO MERCADO
Sendo a concorrência cada vez mais forte e as exigências dos clientes cada
vez maiores e mais objectivas, torna-se ineficaz tratar todo o mercado de igual
modo.
Tomemos como exemplo a indústria automóvel.
Um Mercedes de luxo não se destina naturalmente aos mesmos clientes que
o Fiat punto. Os objectivos e as disponibilidades evidenciadas por um e outro
grupo de clientes são obviamente diferentes.
Percebe-se então que o mercado dos compradores de automóveis não é
homogéneo, isto é nesse mercado há grupos de clientes para automóveis de
luxo e grupo de clientes para automóveis económicos, e outros existirão para
automóveis desportivos, familiares, etc.
Então o que o marketing tem a fazer é ir analisar o mercado e identificar grupos
de compradores com características homogéneas, isto é, que possam ser
tratados pelo marketing de igual modo.
Podemos então definir:
• Segmentação de mercado
M.S.03 Ut.03
Como a agregação dos compradores em grupos homogéneos onde, a cada
grupo corresponde uma estratégia de marketing diferenciado.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
III . 5
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
Grupo
A
Conjunto dos
Compradores
Grupo
D
SEGMENTAÇÃO
Grupo
B
Grupo
C
Finalidade
• Isolar factores diferenciados, representativos de grupos de consumidores
• Ajudar a empresa a identificar os grupos de consumidores
• Proporcionar um conhecimento mais profundo dos grupos de
consumidores afim de elaborar uma estratégia correcta de aproximação
• Permitir obter informações importantes para os planos de marketing a
médio e longo prazo
Hipóteses em que se baseia a segmentação
• O consumo não é aleatório, logo podem-se identificar e isolar grupos
homogéneos de consumidores.
• É possível identificar os segmentos de mercado com maior potencial
para o nosso produto.
• A empresa quer “chegar” aos vários subgrupos.
Os critérios para a segmentação devem ser:
• Internamente homogéneos
• Identificáveis
• Acessíveis
M.S.03 Ut.03
• Possíveis de procurar
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
III . 6
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
Dimensões para a segmentação do mercado
Tipo I
Características pessoais
Tipo II
Factores de comportamento
do consumidor no mercado
O que o consumidor já fez
com produtos similares
• Definir os factores predominantes no comportamento
• Identificar e isolar os segmentos mais importantes
• Escolher o mais prometedor
• Concretizar as características dos subgrupos seleccionados
M.S.03 Ut.03
TIPO I: CARACTERÍSTICAS PESSOAIS DOS CONSUMIDORES
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
III . 7
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
M.S.03 Ut.03
TIPO II: FACTORES DE COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR NO
MERCADO
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
III . 8
IEFP · ISQ
Factor de
segmentação
Processo de
decisão
Área Comercial e Marketing
Variáveis observáveis
Hábitos de compra.
Hábitos de uso de meios
de comunicação.
Procura de informação
para um produto.
Sensibilidade:
- ao preço
- a locais de distribuição
- a ofertas de promoção
Comentários
Usando este factor o
mercado é segmentado em
consumidores sensíveis e
insensíveis ao preço, em
compradores por impulso ou
dispostos a procurar em
vários sítios (de intenção) e
outros segmentos que
caracterizam o
comportamento de mercado
de cada subgrupo. Deve
usar-se conjuntamente com
uma análise de
características do
consumidor para facilitar a
identificação dos
componentes de cada
subgrupo.
Os sete factores mencionados anteriormente podem, efectivamente ser
observados e quantificados quando se empreende uma análise de mercado
com vista à sua segmentação. Normalmente, a estrutura final dos diversos
segmentos apoiar-se-á sobretudo num ou em dois deles (um descreve as
características do segmento e o outro o seu comportamento de mercado) que
têm uma maior relação com a possível compra do produto/serviço. Os restantes
factores podem ser utilizados para reforçar e enriquecer os perfis de cada
segmento.
Análise de segmentação e aplicações
M.S.03 Ut.03
Embora cada análise tenha características próprias, podem enumerar-se alguns
passos que devem ser seguidos por ordem lógica depois de se decidir o uso da
segmentação.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
III . 9
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
Exemplos de perguntas que se podem formular
1. Definição do objectivo
e alcance da
segmentação
Quais são os nossos objectivos comerciais? (por exemplo aumento
da participação, procura genérica, reacção perante uma ameaça da
concorrência).
Procuramos segmentos novos ou simplesmente determinamos
como satisfazer melhor os já existentes?
Utilizaremos informação já existente ou queremos investir tempo e
dinheiro em mais investigação?
Até que nível de detalhe queremos analisar?
2. Análise da informação
disponível sobre o
mercado local
Quais são as características (dimensão, estrutura)?
Há diferenças básicas entre os utilizadores deste tipo de produtos e
não utilizadores ?
Existe algum factor que ajude a distingui-los?
Qual é a nossa actual situação competitiva? (por exemplo, líderes,
não estamos neste mercado, pequenos mas com consumidores
fiéis, etc.)
3. Elaboração de perfis
dos segmentos
Que factores distinguem mais claramente os grupos de
consumidores?
São realmente homogéneos os perfis de cada segmento? (tem
sentido lógico a descrição das características de consumo e de
comportamento para este grupo?
4. Avaliação da
segmentação
Quais as principais semelhanças e diferenças entre segmentos?
É conveniente aumentar ou diminuir o número de segmentos
identificados?
A que variáveis é mais sensível a segmentação efectuada?
(enquadramento concorrencial, crescimento de mercado, etc.)
5. Selecção dos
subgrupos objectivos
Que segmento constitui melhor oprotunidade comercial?
Que tácticas de preço, promoção e distribuição se ajustam melhor
às suas necessidades?
Há outros segmentos que possam reagir positivamente a uma
estratégia semelhante? (se há, devem ser todos unificados).
6. Elaboração da
estratégia comercial
para o referido
segmento objectivo
Que tipo de produto querem estes consumidores?
Que tácticas de preço, promoção e distribuição se ajustam melhor
às suas necessidades?
Há outros segmentos que possam reagir positivamente a uma
estratégia semelhante? (se há, devem ser todos unificados).
7. Análise final da
segmentação
Temos recursos apropriados para levar a cabo a estratégia?
Se mais tarde quisermos ampliar ou modificar os segmentos a que
nos dirigimos, contamos com uma estratégia suficientemente
flexível?
Se mais tarde quisermos alterar algum elemento da estratégia,
como afectaria a referida alteração o segmento a que nos
dirigimos?
tanto o segmento escolhido como o plano estratégico estão em
linha com os nossos objectivos e complementam os fortes pontos
da empresa?
M.S.03 Ut.03
Passos
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
III . 10
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
É necessário colocar estas e outras perguntas para delinear o valor da
segmentação na altura de tomar decisões; na medida em que relacionar
directamente o comportamento do consumidor e a estratégia comercial, a
segmentação ajudará a empresa a reduzir os riscos de dois modos: em primeiro
lugar, por proporcionar um perfil mais ou menos completo dos consumidores a
quem nos dirigimos, ajuda a elaborar estratégias comerciais mais á medida e
com maior impacto;
Em segundo lugar, e tão importante como o anterior, a análise de segmentação
é muito útil como instrumento de planeamento para identificar os segmentos
“abertos” e possíveis oportunidades de mercado.
Estratégias de cobertura dos mercados
Uma vez identificada a segmentação do mercado, a empresa deverá decidir da
melhor forma de cobrir o mercado, optando entre:
Marketing Indiferenciado
Programa de marketing e produtos desenhados para satisfazer a maioria dos
consumidores do mercado, dando ênfase aquilo que é comum nas pessoas
em detrimento do que é diferente.
Marketing Diferenciado
A empresa decide trabalhar em vários segmentos de mercado, usando,
programas de marketing e produtos, diferentes e adequados a cada segmento
de acordo com as suas características.
Marketing Concentrado
A empresa escolhe um segmento de mercado e decide concentrar a sua
actividade nesse segmento.
O PLANO DE MARKETING
Uma das características das actuais economias de mercado, é a sua capacidade
de produzir bens e serviços que excedem a procura do mercado.
Isto implica que para que as empresas possam sobreviver, têm de ser as
melhores perante o juiz supremo que é o cliente.
M.S.03 Ut.03
Deste modo, a preocupação com a satisfação contínua do cliente é o factor-chave que contribui para o sucesso a longo prazo das Empresas.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empresa: Noções de Gestão
III . 11
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
O Plano de Marketing assume neste processo de procura de satisfação do
cliente, uma importância estratégica enorme na gestão das oportunidades e
ameaças da concorrência.
Ao Plano de Marketing cabe:
• Equacionar a posição competitiva no passado e no presente;
• Identificar as melhores oportunidades e abordagens comerciais;
• Estabelecer os objectivos e as estratégias futuras para reforçar as
vantagens competitivas;
• Definir os meios, atribuir responsabilidades e prever os mecanismos de
avaliação dos resultados;
Tudo isto na perspectiva de maximizar a satisfação do cliente de uma forma
continuada e sustentada.
Articulação entre o plano estratégico da empresa e o plano
de marketing
O Plano Estratégico define as áreas de negócio, os meios afectados, os riscos
que a Empresa está disposta a assumir. e a taxa de rentabilidade desejada.
M.S.03 Ut.03
O Plano de Marketing situa-se numa posição central em relação aos diferentes
planos das áreas funcionais.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empresa: Noções de Gestão
III . 12
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
PLANO
ESTRATÉGICO
Plano de
Aprovisionamentos
Plano de
Investigação e
Desenvolvimento
Plano de Logística
Plano de Marketing
Satisfação das
necessidades dos
clientes
Plano de Recursos
Humanos
Plano
Financeiro
Plano da
Qualidade
Plano de
Produção
Para que o Plano de Marketing tenha sucesso, é fundamental que obedeça a
um conjunto de requisitos, nomeadamente:
• Políticas e objectivos claramente definidos;
• A informação deve estar disponível e ser correcta;
• O Plano deve ser flexível e ajustavel à conjuntura;
• Deve haver um forte empenhamento e motivação para a sua aplicação.
O Planeamento de Marketing deve ser enquadrado a dois níveis:
• Planeamento estratégico
Tem um horizonte temporal de 3 a 5 anos (embora deva ser revisto
anualmente) e tem um impacto profundo na orientação da Empresa:
Exemplos:
M.S.03 Ut.03
• Definição de novas estratégias de promoção;
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
III . 13
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
• Redefinição do tipo de embalagens;
• Alteração dos canais de distribuição.
• Planeamento táctico
Tem um horizonte temporal de 1 ano e resulta da aplicação das acções
definidas no planeamento estratégico:
Exemplos:
• Lançamento de uma campanha promocional;
• Ajustamento da embalagem;
• Alargamento da de distribuição
As fases do plano de Marketing
Análise da
minha
organização
Análise do
Consumidor
Estratégia de Marketing e
Plano Comercial
Análise da
Concorrência
Análise do
Mercado
M.S.03 Ut.03
Análise do
Contexto
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
III . 14
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
Análise da minha organização
• Objectivos quantitativos e qualitativos, e filosofia da empresa;
• Recursos de que dispomos;
• Limitações que podem afectar o nosso plano comercial;
• Pontos fortes actuais nas nossas estruturas;
• Pontos fracos ainda à espera de solução;
• Qual é o posicionamento actual da empresa;
• Como evoluiu a minha posição comercial perante a concorrência nos
últimos anos.
Análise do consumidor
• As suas dimensões e localização;
• As suas necessidades e motivações;
• O seu processo decisório (autónomo, através de prescritores, etc.)
• Os diferentes segmentos do mercado;
• A evolução de cada um deles;
• O grau de fidelidade do consumidor;
• A sua capacidade de compra e a sua possível evolução futura.
Análise da concorrência
• Os seus objectivos e filosofia;
• Os recursos de que dispõe;
• As limitações que se observam na sua organização;
• Pontos fortes das suas estruturas;
M.S.03 Ut.03
• Pontos fracos existentes;
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empresa: Noções de Gestão
III . 15
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
• Posicionamento actual;
• Quota de mercado estimada;
• Se existe uma efectiva diferenciação;
• Que modificações de prevêem na sua política actual.
Análise do mercado
• As suas dimensões e localização;
• As suas necessidades e motivações;
• O seu processo decisório;
• Os diferentes segmentos do mercado;
• A evolução de cada um deles;
• A nossa quota nos diferentes segmentos;
• O seu nível actual de saturação e amadurecimento.
Evolução esperada da procura devido a mudanças
• Nas necessidades;
• Nas motivações;
• No poder de compra;
• Nos mercados internacionais.
Análise do contexto
• Económico, Social e Político:
• Inflação;
• Desenvolvimento económico;
M.S.03 Ut.03
• Custo do dinheiro;
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empresa: Noções de Gestão
III . 16
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
• Poder de compra dos consumidores;
• Desemprego;
• Modas;
• Insegurança citadina;
• Exigências de qualidade de vida.
• EVOLUÇÕES DEMOGRÁFICAS ESTIMADAS PARA OS PRÓXIMOS
ANOS
• NORMAS GOVERNAMENTAIS E FISCAIS QUE POSSAM AFECTAR
OS MEUS PRODUTOS;
• TECNOLOGIAS:
• Actuais;
• Em desenvolvimento;
• A desenvolver.
E as suas possíveis incidências sobre a procura e a oferta.
Uma vez analisados todos estes pontos, poderemos definir a estratégia de
marketing e o plano comercial mais oportunos para tentar conseguir os
objectivos que a organização planeou.
A estratégia de Marketing e plano comercial
• A investigação comercial;
• Selecção do mercado;
• Política de produto;
• Política de preços;
• Política de distribuição;
• Política de promoção;
• Política de comunicação;
M.S.03 Ut.03
• Política de inovação.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empresa: Noções de Gestão
III . 17
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
A Investigação comercial
• Para ajudar a definir uma estratégia comercial;
• Para controlar os resultados da mesma;
• Para continuar / modificar / evoluir a mesma.
Tipos
• Mercado/produto;
• Concorrência;
• Consumidor;
• Cliente;
• etc.
Extensão
• Nacional;
• Regional;
• Local:
• etc.
Fontes
• Dados internos;
• Dados oficiais (estatísticas)
• Entrevistas;
• Publicações especializadas;
• Imprensa/Revistas;
• Guias;
M.S.03 Ut.03
• etc.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empresa: Noções de Gestão
III . 18
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
Consideramos que a criação de um bom banco de dados é imprescindível para
proporcionar aos departamentos comerciais da empresa a informação mais
oportuna com vista à necessária tomada de decisões.
Selecção de mercado posicionamento
• Objectivos empresariais;
• Pontes fortes/fracos da empresa;
• Recursos necessários para concorrer em cada segmento;
• Concorrência existente em cada segmento;
• Tendências da procura existente em cada segmento;
• Probabilidades de sucesso;
• etc.
Na prática, deveremos definir em que mercado queremos concorrer e com que
plano comercial pensamos fazê-lo.
Política de Produto;
Produto de Preços;
Política de distribuição;
Política de Promoção;
Política de Comunicação;
Publicidade;
Política de Inovação.
• Análise da tendência do mercado (cresce, estagna ou baixa)
• Avaliação das capacidades reais de absorção
• Definição do ciclo de vida do meu produto e/ou dos produtos da
concorrência
• Inovação em:
M.S.03 Ut.03
• Preço;
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empresa: Noções de Gestão
III . 19
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
• Produto;
• Distribuição;
• Promoção;
• Comunicação.
MARKETING MIX
Podemos definir Marketing mix, como o conjunto das actividades desenvolvidas
em relação às seguintes áreas:
• Produto - (Product)
• Preço - (Price)
• Distribuição - (Place)
• Comunicação - (Promotion)
Sendo vulgarmente conhecida pela estratégia dos 4 Ps, derivado dos seus
nomes em Inglês.
A interrelação destas áreas de actividade, implica que a alteração dos
parâmetros de uma delas, vai ter reflexos nas outras áreas, e isto tem de ser
tido em consideração pelo gestor de Marketing.
Assim podemos dizer que são os seguintes, os componentes da estratégia de
Marketing.
Estratégia de Marketing
O que vender
Preço
A que preço vender
Distribuição
Como fazer chegar ao cliente
Comunicação
Como dar a conhecer
M.S.03 Ut.03
Produto
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empresa: Noções de Gestão
III . 20
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
Produto
A variável Produto, assume uma posição nuclear na estratégia de Marketing.
De facto as outras variáveis são naturalmente condicionadas pelo produto.
Vamos analisar o ciclo de vida dos produtos e as suas diversas fases.
A - Arranque
B - Crescimento
C - Maturidade
D - Declínio
As principais características destas fases e os objectivos de Marketing em
cada uma delas.
Introdução
Crescimento
Maturidade
Declínio
Possibilidade de
crescimento
Incerto
Elevado
Estagnado
Nulo
Comportamento
das vendas
Diminutas e
imprevisíveis
Elevado
Maximização do
potencial
Redução
Comportamento
do lucro
Tendência
para prejuízo
Depende da
estratégia
Elevado
Diminuto e dependente do
controlo de custos
Acções da
concorrência
face ao produto
Acções
reduzidas
Intensidades das
acções
Forte concorrência
Reduzida
Objectivos de
marketing
Dar a
conhecer
Aumentar a
quota
Maximizar a posição
Promover a substituição
M.S.03 Ut.03
Fig. III.1 - Características das fases do ciclo de vida
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
III . 21
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
Gestão da gama de produtos
A gestão da gama de produtos - conjunto de produtos detidos pela empresa -,
constitui uma preocupação fundamental das empresas, e decompõe-se em
duas fases:
• Situação actual
• Tomada de decisões estratégicas
Para a análise da situaçã actual, pode recorrer-se ao modelo BCG, desenvolvido
pela Boston Consulting Group.
Este modelo, assenta no pressuposto, que os factores que influenciam as
vendas e a sua rentabilidade, são a quota de mercado relativo - relação entre as
vendas da empresa e as vendas do principal concorrente -, e a taxa de
crescimento do mercado.
M.S.03 Ut.03
A interligação destas duas variáveis permite construir a designada matriz BCG
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empresa: Noções de Gestão
III . 22
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
A caracterização das tipologias da matriz BCG aparece no quadro seguinte.
Tipologias
Características
Produtos dilemas
• São produtos comfraca posição no mercado, mas comtaxa de crescimento
superior à média. Tendencialmente, esta tipologia é ocupada por produtos
recém-chegados ao mercado ou produtos que perderamrecentemente o
estatuto de posição dominante. A gestão destes produtos implica dois
requisitos: recursos financeiros para assegurar o seu crescimento e
capacidade comercial para eliminar o diferencial face ao principal concorrente.
A evolução natural será a passagempara produtos estrelas (desejo) ou para
pesos mortos (a evitar).
Produtos estrelas
• Simbolizamprodutos comforte posição emmercados comgrande
dinamismo de crescimento. Pressupõema existência de recursos financeiros
para assegurar a continuidade de crescimento e combater a concorrência, que
presumivelmente será intensa. O grau de atractividade destes produtos é
incrementado quando conseguemgerar receitas suficientes para
contrabalançar os recursos financeiros afectos.
Produtos vacas leiteiras
• Representamprodutos comforte posição emmercados que estão a perder
dinamismo. Estes produtos são por excelência os grandes financiadores da
empresa. Tendencialmente apresentamuma estrutura de custos suavizada, o
que aumenta a sua capacidade de gerar riqueza.
• Estes produtos apresentambaixos níveis de atractividade visto possuírem
uma posição débil emmercados pouco atractivos. Os investimentos requeridos
Produtos pesos mortos
são mínimos. A capacidade de geraremlucro a curto prazo está dependente
sobretudo das quantidades vendidas.
Fig. III.2 - Características genéricas das tipologias da matriz BCG
Naturalmente que o objectivo estratégico do marketing é ter uma carteira de
produtos equilibrada, isto é:
Produtos dilema (fase de introdução do ciclo de vida) - Passar rapidamente
a produtos estrela, isto é, garantindo o crescimento de modo a aumentar a
quota de mercado, evitando a passagem a pesos mortos. Isto implica um elevado
esforço financeiro e comercial.
Produtos estrelas (fase do crescimento do ciclo de vida) - Aumentar a
quota de mercado. Implica esforço financeiro para continuar a crescer e resistir
aos ataques da concorrência. Deverão gerar receitas que equilibrem o esforço
financeiro. A sua evolução natural será para vacas leiteiras.
M.S.03 Ut.03
Vacas leiteiras (fase de maturidade do ciclo de vida) - Já estão fortemente
implantadas no mercado. Caracterizam-se por fluxos financeiros fortemente
positivos. deveremos prolongar ao máximo esta fase, retardando a passagem a
pesos mortos.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empresa: Noções de Gestão
III . 23
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
Pesos mortos (fase de declínio do ciclo de vida) - Devemos preparar a sua
substituição. Têm fluxos financeiros mais ou menos equilibrados, pois requerem
um baixo esforço financeiro, mas também geram poucas receitas.
Para a análise das opções estratégicas recorremos à matriz que relaciona a
novidade do produto com a novidade do mercado.
Verificamos que podemos aumentar a nossa penetração do mercado das
seguintes formas:
• Aprofundamento do mercado: mantemos os produtos e mercado,
mas procuramos novos clientes e/ou levamos os actuais clientes a
comprarem mais.
• Desenvolvimento do produto: consiste no lançamento de novos
produtos no mercado actual.
• Alargamento do mercado: colocação dos produtos actuais em novos
mercados.
• Diversificação: Colocação de novos produtos em novos mercados
Os diferentes produtos podem desempenhar funções estratégicas na gama de
produtos.
• Líderes - são os mais vendidos, e por isso os mais importantes da
empresa
• Imagem - garantem a imagem da empresa e chamam clientes.
• Sazonais - garantem a compensação em situações de sazonalidade,
absorvendo os custos fixos.
• Tácticos - para atacar a concorrência.
M.S.03 Ut.03
• Abrangentes - barram a entrada da concorrência.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empresa: Noções de Gestão
III . 24
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
Componentes da estratégia do produto
Componentes da estratégia de produto
Produto técnico
Características físicas
Marca
Identificação e diferenciação
Embalagem
Protecção e agressividade comercial
Serviço
Valor acrescentado
Produto físico
O objectivo é determinar as suas características básicas em função das
necessidades do segmento de mercado definido.
Essas características básicas são, nomeadamente:
• Dimensões
• Formas
• Materiais
• Cores
•Acabamentos
Marca
A marca é um activo importante da estratégia comercial da empresa, e actua
como factor de:
• Identificação
• Memorização
• Diferenciação
A marca pode estar ligada ao nome do fabricante, caso da Sony ou ao nome do
produto, caso da Skip.
M.S.03 Ut.03
A marca pode ter tanta força que se aplica mesmo em relação a outros produtos.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empresa: Noções de Gestão
III . 25
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
Muita gente diz; comprei umas "Levis" quando na realidade pode ter comprado
o mesmo tipo de vestuário mas de outra marca.
Embalagem
A embalagem pode desempenhar um papel muito importante na motivação de
compra, sendo vulgar acontecer que o custo da embalagem é superior ao custo
do produto - ex: perfumes.
Para além da sua função de conter o produto, a embalagem, enquanto
instrumento de Marketing, pode actuar como:
• Instrumento de venda
•
Lembrança permanente em casa
•
Identificação no local de venda
• Informação
•
Informações legais
•
Informações publicitárias
Serviço
Com a padronização dos atributos físicos do produto, o serviço constitui hoje
um factor de diferenciação, e valor acrescentado que o cliente aprecia e exige.
Os serviços prestados podem ser:
• Atendimento do cliente
• Informação/formação
• Garantias
• Pós-venda
• Sistemas de crédito
• Etc.
Preço
M.S.03 Ut.03
Durante muito tempo, o preço era determinado a partir da determinação dos
custos, aos quais se adicionava uma margem considerada adequada pela
empresa, isto é, o preço era determinado de dentro para fora, ou seja da empresa
para o mercado.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empresa: Noções de Gestão
III . 26
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
Com o aumento da concorrência, e a capacidade de escolha do mercado, o
preço é definido pelo mercado, competindo às empresas adaptarem as suas
estruturas operativas de modo a garantirem uma margem de lucro adequada.
No gráfico seguinte podemos identificar qual o valor da actividade (unidades
produzidas x preço unitário) que cobre os vários tipos de custos.
V.V. -
Volume de vendas
C.V. - Custos variáveis - Variam em função da actividade (ex: matérias primas,
comissões venda, etc.)
C.F.D. -Custos fixos directos - Não variam com a actividade mas podem ser
imputados directamente a um produto (ex: amortização dos
equipamentos)
C.F.I. - Custos fixos indirectos - Não variam com a actividade e não podem ser
imputados directamente a um produto (ex: custos administrativos /
/ gestão)
P.M. - Ponto morto - É o valor da actividade que cobre a totalidade dos custos
variáveis + fixos directos + fixos indirectos. Neste ponto a margem é
zero.
M.S.03 Ut.03
P.N.P. - Ponto de não produção - É o valor da actividade que cobre apenas os
custos directos fixos + variáveis. Abaixo deste valor de actividade temos
prejuízo. Entre este valor de actividade e o ponto morto, cobrimos parte
dos custos fixos indirectos. Em situações de carência de trabalho pode
valer a pena trabalhar nesta zona.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empresa: Noções de Gestão
III . 27
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
Vamos agora analisar quais os factores que podem condicionar a formação do
preço.
Factores Externos
Factores Internos
- Procura
- Custos
- Concorrência
- Objectivo do produto
- Situação económica
- Estratégia de Marketing
- Formas de distribuição
- Aspectos éticos
- Legislação
De notar que a relação dos consumidores com o preço, não é homogénea.
A sensibilidade do consumidor ao preço, pode depender dos seguintes factores.
• Necessidade de produto
• Montante da compra
• Imagem associada ao produto
• Existência de produtos de substituição
• Quem paga
Isto é, nem sempre o preço mais barato é sinónimo de preferência pelo
consumidor.
Contexto da subida do preço
Reacções previsíveis
• O produto tem muita procura
• Se não se compra já, há dificuldade em
encontrá-lo no mercado
• O produto tem grande valor e não era rentável
ao preço anterior
• Vamos comprar antes que aumente mais
• A empresa aproveitou-se da situação e fixou o
preço no máximo que o mercado podia tolerar
• Não vale o dinheiro pedido; não compramos
• O preço do produto vai continuar a aumentar
• O melhor é comprar o máximo possível
• O aumento é excessivo em relação à utilidade
ou aos produtos concorrentes
• Vamos deixar de comprar
M.S.03 Ut.03
Fig. III.3 - Reacções possíveis dos consumidores à subida de preço
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empresa: Noções de Gestão
III . 28
IEFP · ISQ
Contexto da subida do preço
Área Comercial e Marketing
Reacções previsíveis
• Oproduto vai ser embreve substituído por um
modelo mais moderno
• É melhor aguardar
• Oproduto temdefeitos e não se vende bem
• É melhor comprar
• A empresa temdificuldades financeiras e
provavelmente não está emcondições de
garantir a assistência pós-venda
• É melhor não comprar
• A qualidade baixou
• Rever a decisão de compra
• Opreço vai continuar a baixar
• Omelhor será esperar
• A baixa é temporária
• É melhor comprar já
• A redução de preço tornou o produto mais
competitivo
• É melhor comprar
Fig. III.4 - Reacções possíveis dos consumidores à descida de preço
Estratégia de preços para novos produtos
A estratégia de preços está relacionada com o ciclo de vida do produto. No
caso dos novos produtos, podemos considerar duas orientações opostas.
• Desnatação
• Penetração
• Desnatação - quando o objectivo é uma elevada rentabilidade a curto prazo:
pode ser utilizada esta orientação quando há:
•
Inovação significativa face à concorrência
•
Ignorância dos clientes por falta de informação e termos de comparação
•
Custos elevados, o que coloca o produto num segmento de mercado
levado.
• Penetração - quando o objectivo é desnvolver o mercado e conquistar a
liderança. Pode ser utilizada esta orientação quando há:
Produção elevada com grandes economias de escala e significativa
redução de custos
•
Intenção de desencorajar a concorrência deevido à utilização de margens
baixas.
•
Necessidade de conseguir um rápido crescimento da procura.
M.S.03 Ut.03
•
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empresa: Noções de Gestão
III . 29
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
Distribuição
A sua principal função é fazer a compatibilização entre as condições de produção
e de consumo, sabendo-se que:
Produção
Consumo
- Por produto
®
- Local determinado
®
- Tempo determinado
®
Distribuição
®
Multiproduto
®
Qualquer local
®
Qualquer momento
O conceito de distribuição tem evoluído duma actividade física de transporte
para uma actividade onde a prestação de serviços á cada vez mais relevante.
Distribuição Física
• transporte
• armazenagem
• garantia de condições de higiene e segurança
Serviços
• oferta comercial
• recolha e transmissão de informações
• venda
• pós-venda
• financeiros
A distribuição pode ser efectuada pelo próprio produtor
• distribuição directa
ou entregue a empresas especializadas, desugnados por canais de distribuição
M.S.03 Ut.03
• distribuição indirecta
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
III . 30
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
Vejamos alguns circuitos típicos de distribuição:
• O grossista compra em grandes quantidades, armazena e distribui pelos
retalhistas. Não tem vínculo exclusivo com o produtor.
• O agente ou representante, difere do grossista, por ter normalmente um
vínculo de exclusividade ao produtor.
• O instalador adquire os produtos ao grossista e instala em casa do
cliente (ex. aparelhos de ar condicionado).
As formas de distibuição referidas têm naturalmente vantagens e inconvenientes
Variáveis
Distribuição directa
Distribuição indirecta
Investimento
Mais elevado
Menor investimento logo
maior flexibilidade
Controlo
Maior controlo sobre
as vendas e serviço
Delegado nos distribuidores
Conhecimento
mercado
Conhecimento directo
O distribuidor conhece
melhor o mercado
Informação
Recolha directa no
terreno
O distribuidor afasta o
produtor do terreno
Franchising
M.S.03 Ut.03
Uma forma particular de distribuição hoje largamente adoptada é o franchising.
É um sistema contratual que constitui uma forma de colaboração entre uma
empresa - o franchisador e várias empresas - os franchisados, para explorar
um conceito de comercialização.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empresa: Noções de Gestão
III . 31
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
Neste contrato, o franchisador concede ao franchisado o direito de:
• Utilizar a sua marca
• Utilizar o seu Know-how
• Utilizar os produtos, serviços e tecnologias do franchisador.
Isto é feito mediante a negociação das contrapartidas financeiras a assumir
pelo franchisado.
Na sua essência, o contrato de franchising, liga uma entidade - o franchisador que domina o negócio, a outra entidade - o franchisado - que está disposto a
investir naquele negócio.
Estratégias de animação dos canais de distribuição
Sendo os canais de distribuição um elo fundamental no circuito que conduz o
produto do produtor ao consumidor, há que implementar estratégias que levem
a interessar o canal de distribuição, em aumentar o fluxo das vendas.
As estratégias adoptadas podem ser:
• Push
O produtor actua junto do agente distribuidor levando-o a aumentar as
encomendas.
Isto não vai de facto aumentar as vendas ao consumidor final. Normalmente
apenas serve para encher os armazéns do canal de distribuição.
No entanto o produtor conseguiu um aumento de receitas a curo-prazo, o que
pode resolver problemas pontuais de tesouraria (ex: subsídios de férias e Natal)
• Pull
O produtor actua directamente sobre o consumidor final, levando-o a aumentar
o consumo.
M.S.03 Ut.03
Esta estratégia visa o aumento real do consumo, e uma maior penetração no
mercado.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empresa: Noções de Gestão
III . 32
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
Comunicação
A grande diversiade da oferta disponível mostra-nos que não chega colocar no
mercado um bom produto, com preço competitivo e distribuído pelos canais
correctos.
É indispensável dar a conhecer o produto e evidenciar todas as suas qualidades
e factores de diferenciação.
A empresa deve conseguir comunicar isso aos diversos interlocutores
• Clientes
• Distribuidores
• Prescritores
• Poderes públicos
• Comunidade em geral
Essa comunicação pode ser feita através de:
• Publicidade - Forma de comunicação unilateral dirigida do anunciante,
procura agir ao nível das percepções e atitudes do cliente
• Promoção - Forma de comunicação, que visa estimular a compra,
reforçando a publicidade e a força de vendas.
• Força de vendas - Forma de comunicação bilateral estabelecida
presencialmente, no sentido de incentivar o cliente para a comprar.
• Relações públicas - Forma de comunicação da empresa com diversos
públicos visando a notoriedade, confiança e boa imagem.
Plano de Publicidade
• Definição de objectivos
Determinar a área de intervenção que se pretende atingir (ex: aumento
das vendas)
•
Quantificar (ex: aumentar as vendas 15%)
•
Identificar o horizonte temporal (ex: aumentar as vendas 5% no
próximo ano)
M.S.03 Ut.03
•
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empresa: Noções de Gestão
III . 33
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
P o s tu ra d o c lien te
O b je c tiv o p u b lic itá rio
A c çõ e s
- P o uca info rm a çã o
- D a r a co nhe ce r
- N o vo s ca na is d e
d istrib uiçã o
- A lte ra r a e m b a lag e m
- D a r info rm a çã o
- O co nsum id o r já te m
co nvicçõ e s fo rte s so b re
o p ro d uto ou e m p resa
- F a ze r g o sta r
- R e fo rça r co nvicçõ e s
- A lte ra r p e rce p çõ e s
- F o rne ce r ra zõ e s de
co m p ra
- P o sicio na r p ro d uto s
- A lte ra r, im a g e m ,
p re ço , se rviço
- O co nsum id o r e stá
co nve ncid o a co m p rar
- F a ze r a g ir
- P ro m o çõ e s
- R e duçã o d e p re ço s
- D e m o nstra r va nta g ens
Fig. III.4 - Objectivos publicitários em função da postura do cliente face ao produto
Definição dos alvos publicitários
• Consumidores actuais
•
Totalidade dos consumidores
•
Grupos específicos de consumidores
• Consumidores potenciais
•
Não conhecem o produto
•
Conhecem o produto, mas não compram
• Elementos no processo de decisão
•
Iniciadores
•
Influenciadores
•
Decisores
•
Utilizadores
• Distribuidores
•
Grossistas
•
Agentes
•
Retalhistas
• Prescritores
Influenciadores
•
Líderes de opinião
•
Especialistas
•
Comunicação social
M.S.03 Ut.03
•
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empresa: Noções de Gestão
III . 34
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
• Outras entidades
•
Entidades públicas
•
Movimentos de consumidores
•
Análise comparativa dos principais meios publicitários
Meios
Vantagens
Inconvenientes
Televisão
• Forte impacte audiovisual (som,
imagem, cor, movimento)
• Massificação
• Audiência larga e diversificada
Rádio
• Cobertura em massa
• Impacte unicamente auditivo
• Possibilidade de efeito de repetição
em períodos curtos de tempo
• Baixos custos de produção
Jornais
• Impacte imediato
• Útil para acções de reacção
• Dispersão geográfica
• Impacte exclusivamente visual
• Qualidade de impressão
• Leitura muito rápida, o que dificulta a
memorização
• Níveis de audiência (depende dos
suportes)
Revistas (incluindo
suplementos de
jornais)
• Possibilidade de seleccionar alvos
com maior precisão
• Possibilidade de obter várias
exposições com o mesmo anúncio
• Qualidade de impressão
• Impacte exclusivamente visual
• Níveis de audiência (depende dos
suportes)
Publicidade exterior
• Massifcação/repetição
• Pouco esforço para prender a
atenção
• Adequado para objectivos de "dar a
conhecer"
• Impacte exclusivamente visual
• Tempo de exposição dos receptores
• Agride o meio ambiente (posições
estáticas)
Cinema
• Disponibilidade do receptor
• Público muito restrito
• Hábitos de frequência
Postal (direct mail)
Telefone
(telemarketing)
• Permite seleccionar com precisão
os alvos
• Permite descrição mais profunda
das mensagens
• Personaliza contactos/mensagens
• Permite quantificar o retorno de
investimento
• Inexistência de impacte visual
(telefone)
• Necessidade de atractividade
gráfica e/ou sonora
• Dificuldade relativa na selecção de
alvos específicos
• Saturação publicitária
• Possibilidade de zapping
• Custos de produção e espaço
M.S.03 Ut.03
Fig. III.5 - Análise comparativa dos principais meios
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empresa: Noções de Gestão
III . 35
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
Plano de promoções
As campanhas promocionais, podem dirigir-se a 3 alvos.
• Consumidores
•
Actuais
•
Potenciais
• Distribuidores
•
Grossistas
•
Agentes
•
Retalhistas
• Prescritores
As campanhas promocionais podem ter as seguintes técnicas:
Vendas com prémios
Redução de preços
• Cupões de reembolso
• Atribuição de
prémios
• Oferta de produtos
• Cupões de desconto
imediato
• Brindes
• Vendas agrupadas
• Aproveitamento de
embalagens
• Leve X pague Y
• Prova de compra
(prémios diferidos)
Jogos
• Concursos de acesso
livre
- Sorteios por
numeração de
embalagem
- Sorteios por ordem de
chegada
- Outros
Amostras
• Entrega de amostras no
domicílio
• Inserção de amostras nos
media
• Demonstrações
• Degustações
• Retoma / compra de
produtos substituídos
• Concursos de acesso
condicionado
- Limite mínimo de
compra (sorteio)
- Composição de cabaz
de compras com vários
produtos
- Outros
Fig. III.6 - Técnicas promocionais (alguns exemplos possíveis)
Plano de relações públicas
M.S.03 Ut.03
Tem como factor denominante o facto de o objectivo não ser a obtenção de
benefícios a curto prazo, mas sim a obtenção de uma boa imagem a longo
prazo.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empresa: Noções de Gestão
III . 36
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
A execução do plano de relações públicas integra a execução das seguintes
etapas.
• Recolha de dados da empresa, mercado e concorrência
• Avaliação das características do meio envolvente
• Definição dos objectivos a alcançar
• Selecção dos públicos-alvo
• Construção de uma via de comunicação
• Definição da informação a transmitir
• Definição dos meios de transmissão
Os principais públicos alvo são.
• Colaboradores da empresa
• Parceiros
• Entidades e associações diversas
• Comunicação social
• Poder político
• Público em geral
Os principais objectivos a atingir são:
• Notoriedade
• Confiança
• Informar
• Estimular
• Credibilizar
Plano de força de vendas
É a venda que faz movimentar a actividade da empresa.
M.S.03 Ut.03
A venda constitui o "braço" do marketing, disputando, palmo a palmo no terreno,
a preferência dos clientes.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empresa: Noções de Gestão
III . 37
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
Embora a venda sem equipas de venda venha a aumentar (venda por catálogo,
direct mail, internet) continua a ser claramente predominante a venda através
das equipas de venda.
As principais fontes da força de vendas são:
• Prospecção do mercado
• Informar o cliente
• Recolher informações do cliente
• Serviço pós-venda
• Cobranças
A força de vendas pode estar estruturada por:
• Regiões
• Produtos
• Clientes
Definição dos objectivos e planeamento das actividades das vendas
• Direcção Geral; define o valor global das vendas
•
Por área de negócio
•
Linha de produtos
•
Timing de lançamento de novos produtos
•
Orçamento de marketing
• Direcção de vendas, acorda grandes objectivos com a Direcção Geral
•
Reparte objectivos pelos chefes de vendas
• Chefes de vendas, distribuem os objectivos pelas equipas de venda por:
Grupo de clientes
•
Produtos
•
Áreas de intervenção
M.S.03 Ut.03
•
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empresa: Noções de Gestão
III . 38
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
Qualificações dum bom vendedor
• O saber: conhecimentos sobre a empresa, os produtos, o mercado e
sobre as técnicas de vendas adequadas
• O saber-fazer: organização pessoal, gestão das prioridades e domínio
da aplicação das técnicas de venda
• O saber-estar: ter comportamentos e atitudes perante o cliente,
adequados a cada situação.
A remuneração das equipas de vendas
Um bom sistema de remuneração, deve contribuir para compatibilizar os
interesses das duas partes envolvidas; empresa e vendedores . Assim o sistema
de remuneração deve:
• Estimular os vendedores
• Ser facilmente exequível
• Desenvolver uma forte relação com os clientes
• Assegurar a continuidade da empresa
• Promover a venda dos produtos com maior margem
• Dar segurança aos vendedores
• Fixar os bons colaboradores à empresa
As modalidades mais comuns da política de remunerações dos vendedores
são:
• Remuneração totalmente variável em função do volume de vendas
• Remuneração fixa
• Remuneração mista, com uma componente fixa e outra variável com o
volume de vendas.
Hoje é vulgar, que as empresas, ao calcularem a remuneração variável, entrem
em conta com:
• Cobranças efectuadas, em vez de vendas efectuadas
M.S.03 Ut.03
• Custos da venda.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empresa: Noções de Gestão
III . 39
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
Terminamos esta breve análise aos chamados 4 Ps (Product, Price, Place,
Promotion). Recentemente alguns autores vêm juntando a estes 4 Ps, 1S
(Service) e 2Cs (Customer sensitivity, e Costumer Convenience) com o objectivo
de conferir a estratégia do marketing-mix uma maior atenção ao cliente:
• Serviço - Assistência pré e pós-venda e acompanhamento dos clientes
• Sensibilidade aos Consumidores - Atitude dos colaboradores, tratamento
dos clientes e resposta ás suas necessidades.
• Conveniência dos Consumidores - Disponibilidade para os clientes e
M.S.03 Ut.03
para a venda
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empresa: Noções de Gestão
III . 40
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
RESUMO
A evolução da era da produção para as vendas e finalmente para o Marketing,
resultou principalmente do aumento da oferta em relação à procura, e como
consequência dum maior sentido de exigência do mercado, o que levou as
empresas a terem de desenvolver técnicas que "levassem" os consumidores a
comprar os seus produtos.
A segmentação do mercado, que não se faz mas apenas se identifica, parte da
verificação que o mercado não é homogéneo, isto é, os consumidores não têm
todos as mesmas motivações de compra.
O objectivo da segmentação de grupos de consumidores com características
homogéneas, face aos nossos produtos, faz-se a fim de permitir a definição da
estratégia de Marketing mais adequada ao grupo identificado.
O plano de Marketing é o instrumento estratégico da empresa para a definição
da sua actividade num horizonte temporal determinado.
O plano de Marketing deve estabelecer a relação correcta, entre as
necessidades próprias ou criadas, do mercado e as capacidades da empresa
nas várias áreas.
Por isso, o plano de Marketing, implica a interrelação entre todos os
departamentos da empresa
• Comercial - prospecção de mercado e definição de produtos a fornecer
• Produção - tem de disponibilizar os meios físicos e tecnológicos
• Logística - garante o aprovisionamento dos recursos,matérias primas,
serviços, etc. e garante a forma de distribuição dos produtos acabados.
• Recursos Humanos - garante a existência das competências pessoais
necessárias à execução das actividades da empresa.
• Área financeira - tem de gerir os financiamentos e aplicações, no sentido
de disponibilizar o capital necessário à actividade da empresa.
O Marketing mix é o conjunto coerente de actividades desnvolvidas em relação
às seguintes áreas:
• Produto
• Preço
• Distribuição
M.S.03 Ut.03
• Comunicação
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empresa: Noções de Gestão
III . 41
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
M.S.03 Ut.03
A interrelação destas áreas de actividade implica, que a alteração dos parâmetros
de uma delas vai ter reflexos nas outras áreas, e isso tem de ser tido em
consideração pelo gestor do Marketing.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empresa: Noções de Gestão
III . 42
IEFP · ISQ
Área Comercial e Marketing
ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO
1. Descrever as razões que levaram à evolução das empresas, da produção
para o Marketing.
2. Indique as razões que levam à necessidade da segmentação do mercado
dê um exemplo de uma análise de segmentação do mercado para o sector
automóvel.
3. Descreva as fases principais da elaboração dum plano de Marketing, referindo
as áreas da empresa envolvidas.
M.S.03 Ut.03
4. Diga quais são os elementos intervinientes no Marketing mix. Descreva
com detalhe um deles.
Componente Prática
Guia do Formando
A Empresa: Noções de Gestão
III . 43
Área de Controlo e Financeira
M.S.01 Sb.03 Ut.04
IEFP · ISQ
A Empresa: Noções de Gestão
Guia do Formando
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
OBJECTIVOS
No final desta unidade temática, o formando deverá estar apto a:
•
Identificar as características da contabilidade geral
•
Identificar as noções de custos variáveis; fixos; directos e indirectos
•
Saber separar os fluxos monetários, económicos e financeiros
•
Ler e interpretar um balanço e uma conta de resultados
•
Analisar um mapa de tesouraria
•
Interpretar alguns rácios
M.S.01 Sb.03 Ut.04
TEMAS
•
Contabilidade oficial e analítica
•
A função financeira
•
Análise patrimonial, e dos resultados da empresa
•
Fluxos de tesouraria
•
Resumo
•
Actividades / Avaliação
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 1
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
A FUNÇÃO CONTABILIDADE
Iremos analisar os documentos contabilísticos, balanço e conta de resultados,
elementos fundamentais da contabilidade geral e financeira.
Vamos começar por enquadrar as funções contabilísticas e financeiras na
empresa.
Vê-se - Fig. IV.1 – que a função financeira vai ao mercado de capitais obter o
capital necessário (1) injectando na empresa (2) para o desenvolvimento da
sua actividade. O capital gerado por essa actividade (3) é devolvido à função
financeira que aplica parte no reembolso do capital devido ao mercado (4b) e
o restante (4a) é reinvestido na própria empresa.
1
ACTIVIDADE
2
REAL DA
EMPRESA
MERCADO
FUNÇÃO
FINANCEIRA
3
4a
4b
(1)
Capital obtido por emissão de acções, obrigações ou créditos bancários
(2)
Capital investido na actividade da empresa
(3)
Capital gerado pela actividade da empresa
DE
CAPITAIS
(4a) Capital reinvestido
(4b) Reembolso aos financiadores
Fig. IV.1 - Enquadramento da Função Financeira
Na Fig IV.2 – apresentamos o fluxo da empresa e a informação contabilística
correspondente.
A óptica financeira é tratada pela conta de resultados e pelo balanço
A óptica monetária é analisada nos mapas de tesouraria.
M.S.01 Sb.03 Ut.04
A óptica económica é tratada pela contabilidade analítica.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 2
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
ÓPTICA FINANCEIRA
(F. REAIS)
RECEITAS (B)
OPERAÇÕES EXTERNAS
PAGAMENTO (C)
ÓPTICA MONETÁRIA
(F. MON.)
RECEBIMENTO (D)
CONTABILIDADE FINANCEIRA, EXTERNA OU GERAL
CUSTOS (E)
OPERAÇÕES INTERNAS
ÓPTICA ECONÓMICA
(F.REAIS)
PROVEITOS (F)
CONTABILIDADE ANALÍTICA, INTERNA, DE CUSTOS OU DE
GESTÃO
A
MEIOS
FORNECEDORES
E
C
TRANSFORMAÇÃO
$
D
F
B
PRODUTOS
OPERAÇÕES INTERNAS
CLIENTES
OPERAÇÕES EXTERNAS
M.S.01 Sb.03 Ut.04
FLUXOS REAIS
FLUXOS MONETÁRIOS
Fig. IV.2 – Fluxo da empresa e informação contabilística
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 3
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
A contabilidade geral
A contabilidade regista e classifica as operações realizadas por uma unidade
económica no desenvolvimento da sua actividade e que implicam alterações
do seu património.
Património conjunto de valores sujeitos a uma gestão e afectos a um
determinado fim
Activo – Valores que se possui ou tem a receber
Classes de património
Passivo – Valores a pagar
= Situação líquida
= Património líquido
Valores do património
= Capital próprio
= Activo - Passivo
Permutativos
Valores patrimoniais
Modificativos
Equação fundamental da contabilidade
ACTIVO = PASSIVO + CAPITAL PRÓPRIO
(IV.1)
Limitações dos documentos contabilísticos
M.S.01 Sb.03 Ut.04
Não reflectem valores actuais, pois a contabilização segue, por via da regra,
o princípio do custo histórico.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 4
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
Necessidade de estimar, o valor de algumas contas:
Exemplos:
• Provisões para cobranças duvidosas
• Amortizações
Enquanto a depreciação do imobilizado é uma prática corrente, a sua
revalorização é normalmente ignorada (v.g. terrenos trespasses).
Muitas rubricas com valor financeiro estão omitidas no balanço por dificuldades
de valorização objectiva (Exemplo: o Activo Humano)
O Balanço
Neste capítulo descrever-se-á o balanço, assim como os critérios de
organização e valorização dos activos. Também se estudará os processos
de origem e aplicação de fundos.
O balanço é um processo contabilístico que reflecte a situação patrimonial da
empresa. Esta situação é composta pelos bens, créditos, débitos e capital
que a empresa apresenta num determinado momento. Os bens e os créditos
integram o activo do balanço. O capital e os débitos formam o passivo desse
mesmo balanço.
Activo
Passivo
B ens (de que a empresa dispõe)
+
Créditos (dívidas à empresa)
Débitos (o que a empresa deve)
+
Capital (investimentos dos proprietários)
Quadro IV. -
Doutro ponto de vista, o activo reflecte os investimentos efectuadas na
empresa, e o passivo é de onde saíram os fundos que financiaram esses
investimentos.
Activo
Passivo
Em que investiu a empresa?
De onde veio o financiamento?
M.S.01 Sb.03 Ut.04
Quadro IV. -
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 5
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
A figura IV.3 detalha um exemplo de um balanço.
Activo
Caixa
Clientes
Máquinas
Imóveis
Existências
Passivo
1
1
3
2
Total activo
600
000
400
000
000
Capital social
fornecedores
Credores a longo prazo
Reservas
Empréstimos bancários a curto prazo
8 000
Total passivo
4 000
2 000
500
500
1 000
8 000
Fig. IV.3 - Balanço da situação em 31 de Dezembro
Neste exemplo, podem-se observar as principais características do balanço:
• Está sempre mencionada uma determinada data
• Expressa-se em unidades monetárias
• O total do activo é sempre igual ao total do passivo
Organização do Balanço
O balanço costuma ser apresentado segundo determinados critérios de
organização. Assim, devem -se ordenar as parcelas do activo da menor para
a maior liquidez; e as do passivo da menor para a maior exigibilidade:
Activo
Da menor para a
maior liquidez
Imóveis
Caixa
Passivo
Da menor para a
maior exigibilidade
Capital
Fornecedores
Os imóveis são os activos menos líquidos e a caixa é o mais líquido do balanço.
No passivo, o menos exigível é o capital e as dívidas com os fornecedores
são as mais exigíveis.
M.S.01 Sb.03 Ut.04
Na figura IV.4 detalha-se o balanço da situação da figura 3 ordenado segundo
os critérios expostos:
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 6
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
Activo
Imóveis
Máquinas
Existências
Clientes
Caixa
Total activo
Passivo
3
1
2
1
000
400
000
000
600
Capital social
Reservas
Credores a longo prazo
Empréstimos bancários a curto prazo
Fornecedores
8 000
Total passivo
4 000
500
500
1 000
2 000
8 000
Figura IV.4 - Balanço da situação em 31 de Dezembro
Componentes do Balanço
Para que o balanço possa ser interpretado de forma rápida e clara é conveniente
agrupar as contas nos seguintes grupos:
• Activo fixo ou imobilizado: são os activos que terão de permanecer na
empresa mais de 12 meses. Divide-se em imobilizado corpóreo (terrenos,
edifícios, etc.), e o imobilizado incorpóreo (patentes, marcas, etc.) e gastos
amortizáveis ou seja gastos com a constituição da empresa.
• Activo circulante: São os activos que terão de permanecer na empresa
menos de 12 meses. Divide-se em existências, realizável e disponível:
• Existências: São constituídas por mercadorias,. produtos acabados,
produtos em fabrico, matérias primas, matérias auxiliares, matérias para
consumo, matérias para reposição, e embalagens.
•
Realizável: São todos os bens e débitos a curto prazo que não fazem
parte nem das existências, nem dos disponíveis. Exemplo: clientes,
devedores, cobranças, adiantamentos ao pessoal e adiantamentos a
fornecedores, etc.
•
Disponível: Caixa, contas correntes bancárias, etc.
Os grupos patrimoniais do passivo são:
• Capitais próprios (também denominados “recursos próprios”, “passivo
não exigível” ou “património liquido”: é a diferença entre o activo e todas
as dívidas da empresa. Inclui o capital, reservas, lucros não distribuídos e
os resultados de anos anteriores.
M.S.01 Sb.03 Ut.04
• Cobranças a longo prazo: Dívidas com vencimento superior a um ano.
• Cobranças a curto prazo: Dívidas com vencimento inferior a um ano.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 7
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
• Resultado do exercício: Quando o resultado do exercício está pendente de
distribuição, e for positivo, coloca-se em separado no passivo. Se for negativo,
coloca-se no activo.
Estes prazos que são válidos na generalidade, poderão variar segundo o
sector a que pertence a empresa. Por exemplo, para uma empresa de
construção civil, o curto prazo poderá ser de dois anos. Para uma empresa
concessionária de auto-estradas, o curto prazo poderia ser cinco anos.
No esquema seguinte resumem-se os grupos patrimoniais anteriores. Notese que no referido esquema se incluem os capitais permanentes que é a
soma dos capitais próprios, cobranças a longo prazo e cobranças a médio
prazo.
Activo
Passivo
Fixo
Circulante
Capitais próprios
Recursos permanentes
Existências
Cobranças a longo prazo
Realizável
Cobranças a curto prazo
Disponível
Lucro do ano
De acordo com os critérios anteriores, o balanço da figura IV.3 apresentarse-ia como poderá ser observado na figura IV.5.
Activo
Fixo
Passivo
4 000 Capitais próprios
Imóveis
3 000
Capital social
Máquinas
1 400
Reservas
Circulante
4 500
4 000
500
3 600 Cobrança a l.p.
Existências
2 000
Credores a l.p.
Realizável
1 000
Cobranças a c.p.
Disponível
600
Total activo
500
500
3 000
Empréstimos a c.p.
1 000
Credores
2 000
8 000 Total passivo
8 000
Fig. IV.5 - Balanço em 31 de Dezembro
M.S.01 Sb.03 Ut.04
Origem e aplicação de fundos
A origem e aplicação de fundo, também chamado quadro de financiamento ou
estado de proveniências e aplicações é um instrumento muito útil para analisar
um balanço.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 8
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
Elabora-se a partir de dois balanços de uma mesma empresa e consiste na
integração de todas as variações que se produziram no activo e no passivo.
Explica-se de seguida o processo de elaboração da origem e aplicação de
fundos como exemplo. Conhecendo dois balanços de uma mesma empresa
(fig.IV.6) calculam-se os aumentos e as diminuições produzidas entre os dois
balanços (fig. IV.7).
31-12-19XI
31-12-19XII
Activo
Passivo
Fixo
Existências
Realizável
Disponíveis
7 Não exigível
5 Exigível a l.p.
4 Exigível a c.p.
4
17
Activo
Passivo
10 Fixo
2 Existências
5 Realizável
Disponíveis
17 Não exigível
3 Exigível a l.p.
6 Exigível a c.p.
2
12
4
12
17
28
28
Fig. IV.6 - Balanços de 31-12 de 19XI e 19XII
Activo
Fixo
Passivo
10 Não exigível
2
Existências
1 Exigível a longo prazo
2
Realizável
2 Exigível a curto prazo
7
Disponível
-2
11
11
Fig. IV.5 - Aumentos e diminuições produzidas em 19X2
Note-se que as variações do activo são sempre iguais às variações do passivo.
Elabora-se, tomando nota do estado inicial e aplicação dos fundos, à esquerda;
e os aumentos do activo e diminuições do passivo (que são as aplicações
dos fundos), à direita os aumentos do passivo e as reduções do activo (que
são as origens dos fundos):
Origem
Activo
Passivo
Passivo
Activo
M.S.01 Sb.03 Ut.04
Aplicação
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 9
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
Com o exemplo que estamos a estudar, o estado da origem e a aplicação de
fundos será a que se observa na figura IV.8.
Aplicação
Fixo
Existências
Realizável
Origem
10 Não exigível
1 Exigível a l.p.
2 Exigível a c.p.
Disponível
13
2
2
2
2
13
Fig. IV.8 – Estado de origem e aplicação de fundos 19 x 2
Da situação anterior pode-se concluir que a empresa se investiu, relativamente
ao activo fixo, financiando-o, basicamente com dívidas a curto prazo, o que é
negativo. em princípio, o activo fixo deverá ser financiado com capitais próprios,
ou com empréstimos a longo prazo.
Este estado de origem e aplicação de fundos serve para ver em que se inverteu
como foi financiado. Desta forma, pode-se concluir se o seu crescimento e o
seu financiamento são ou não são equilibrados.
Exemplo IV. 1
O balanço da figura IV.9 é o de uma empresa papeleira. Note-se que o activo
inicia-se com o disponível e termina com o activo fixo. Simultaneamente, o
passivo está organizado da maior para a menor exigibilidade.
M.S.01 Sb.03 Ut.04
Seguidamente, explicam-se algumas das suas contas incluídas no balanço
do exemplo IV.1:
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 10
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
Activo
Activo circulante
4 412 187 170
Disponível
Caixa e bancos
42 520 253
42 520 253
Realizável
Investimento financeiro a curto prazo
Clientes
Outros devedores
Situações financeiras transitórias
Existências
2 438 386 678
74 010 000
1 920 414 955
82 375 513
361 586 210
1 931 280 239
Matérias primas e de consumo
Activo fixo
Imobilizado material
1 931 280 239
Imóveis e outras construções
máquinas, instalções e bens
Frota de transportes
Mobiliário, equipamento de escritório
e outro imobilizado
A deduzir: amortizações acumuladas
Terrenos
Construções
Obras em curso
Imobilizado financeiro
Acções em empresas do grupo
empréstimos à construção
Imobilizado incorpóreo
2 215 403 097
9 308 462 312
190 409 073
Amortização do incorpóreo
16 296 113 665
11 15 874 019
248 621 574
(3 324 728 973)
668 102 933
1 324 927 100
420 576 903
4 901 108 007
4889 162 331
11 945 676
243 131 639
243 13 639
To t al Ac t iv o
20 708 300 835
Fig. IV.9 - Balanço a 31 de Dezembro
Conta de resultados ou de operações ou de perdas e ganhos
(do período)
M.S.01 Sb.03 Ut.04
Conta do Balanço que, pelo seu significado especial, se apresenta
independentemente e que traduz a diferença entre os recursos que entram
na empresa como resultado das suas actividades ou operações (receitas) e
os recursos que saem como consequência das mesmas (gastos) ou
(despesas).
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 11
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
Resultado contabilístico do período = Receitas - Gastos
• Benefício (ou lucro)
• Perda (ou prejuízo)
Conta de resultados
Vendas
Menos: Custo merc. vend.
Margem Bruta
Menos: Gastos gerais
(Comerc. Admin.)
V$
CMVS$
MB$
GG$
Gastos Financeiros
J$
Amortizações
A$
Resultados antes impostos
Menos: impostos
Resultados líquidos
D i v i d en d o s
R es er v as
BAT$
T$
B(LIG)$
D$
R$
Amortização: Procedimento contabilístico que realiza a conversão gradual dos
activos imobilizados em gastos periódicos. Tem como objectivo manter a
capacidade operativa da empresa. Não é origem de fundos.
M.S.01 Sb.03 Ut.04
Resultados Líquidos = FGO – Amortizações
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 12
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
FORMAÇÃO DO RESULTADO LÍQUIDO
RESULTADOS
FINANCEIROS
RESULTADOS
OPERACIONAIS
RESULTADOS
CORRENTES
RESULTADOS
EXTRAORDINÁRIOS
RESULTADOS ANTES DE
IMPOSTOS
IMPOSTO SOBRE O RENDIMENTO
RESULTADOS LÍQUIDOS
DO EXERCÍCIO
Fig. IV. -
Exemplo: consideremos os seguintes custos e proveitos que uma empresa
teve durante o último período fiscal.
Custo dos materiais
50 000
Amortizações
10 000
Custos com o pessoal
15 000
Custos financeiros
2 000
Custos gerais
8 000
90 000
M.S.01 Sb.03 Ut.04
Vendas
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 13
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
A conta de percas e ganhos é a que se observa na figura IV.10.
Deve
Haver
Custo dos materiais
Amortizações
Custos com pessoal
Custos financeiros
Custos gerais
50
10
15
2
8
Total custos
Proveitos
85 000 Total proveitos
5 000
90 000
90 000
90 000
Total
000 Vendas
000
000
000
000
Total
90 000
Fig. IV.10 - Conta de percas e ganhos
Tipos de resultados
O resultado da gestão de uma empresa é a consequência de dois tipos de
actividades:
• As actividades normais da empresa, as que são próprias, que geram o
resultado de exploração e o resultado financeiro.
• As actividades extraordinárias da empresa, são as que se realizam
ocasionalmente, e geram o resultado extraordinário.
Deste modo, o resultado total da empresa é a soma dos dois resultados:
Resultado ordinário
Resultado de Resultado
Resultado
Resultado total = Exploração + Financeiro + Extraordinário
Ao resultado final também se chama “perdas e ganhos”.
M.S.01 Sb.03 Ut.04
Exemplo: a continuação, calculam-se as contas dos resultados de uma
empresa que facilita a seguinte informação, correspondente ao ano passado:
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 14
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
Resultados de exploração
Vendas
50 000
Custo de materiais
-30 000
Gastos com pessoal
-15 000
Resultado de exploração
(lucro)
+ 5 000
Resultados financeiros
Entradas financeiras
4 000
Custos financeiros
-3 000
Resultado financeiro
(lucro)
+1 000
Resultados Extraordinários
Entradas extraordinárias
12 000
Gastos extraordinários
-14 000
Resultado extraordinário
(percas)
-2 000
Da informação anterior conclui-se que esta empresa teve um resultado total
de 4 000 contos de lucro:
Resultado de Exploração
+5 000
Resultado Financeiro
+1 000
Resultado Extraordinário
-2 000
Resultado Total (lucro)
+4 000
A conta de resultados, ou de ganhos e percas seria a que aparece na Figura
IV.2.
Contabilidade analítica
M.S.01 Sb.03 Ut.04
Custeio
Conhecer o custo dos produtos que vende uma empresa é uma informação
imprescindível para poder tomar decisões básicas, como a fixação dos preços
de venda ou a eliminação de determinados produtos.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 15
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
Nesta unidade temática trataremos os temas mais relevantes que dizem respeito
a custos.
Contabilidade de Custos e Contabilidade Geral
A contabilidade geral tem como objectivo mais importante a obtenção do balanço
da situação e da conta de resultados reais, assim como controlar as transacções
da empresa com terceiros (bancos, clientes, fornecedores, etc.). Pelo contrário,
a contabilidade analítica, controla, basicamente a obtenção do custo de cada
artigo, assim como os custos de cada departamento.
Por outro lado, toda a empresa é obrigada por lei a ter em dia sua contabilidade
geral. Pelo contrário, a contabilidade de custeio é opcional apesar de ser
bastante útil.
De início, o resultado (ganhos e percas) que dá a imagem da contabilidade
geral há-de ser o mesmo que a contabilidade de custeio.
Não obstante, às vezes as duas contabilidades diferem nos critérios, e então
poderá existir alguma disparidade nos resultados. Isto é possível porque apesar
da contabilidade de custeio aplicar custos reais, a contabilidade geral está
sujeita a regras concretas – tais como leis fiscais – que por vezes deformam
o resultado. Por exemplo, a amortização de imobilizado que pode ser incluído
na contabilidade geral é quase sempre menor que a real que se contabiliza
como custeio.
Cálculo do preço de custo em empresas com um só produto
Nas empresas que produzem um só produto, o cálculo do preço de custo
simplifica-se muito. O preço do custo unitário dos produtos fabricados achase dividindo os custos totais do período pelo número de unidades produzidas:
Preço unitário =
Custos totais do período
Nº de unidades produzidas
Exemplo: Suponha que uma empresa que fabrica um único tipo de mesa, no
último mês produziu 200 mesas. Se os custos totais deste mês ascenderam
a 1 370 000 escudos, o custo unitário de uma mesa foi de:
M.S.01 Sb.03 Ut.04
Preço unitário =
1 370 000
= 6 850 escudos
200
Quando em determinado período se produzem um determinado número de
produtos acabados e outro número de produtos semi-acabados, devem-se
imputar a estes últimos os custos correspondentes.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 16
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
Para isso, deverá conhecer-se a forma de finalização destes produtos semi-acabados. Assim, nas unidades produzidas incluem-se os semi-acabados e
os produtos acabados.
Exemplo: Segundo o exemplo anterior, supõe-se agora que no mês seguinte,
os custos totais haviam ascendido a 1 520 000 escudos e produziram-se 180
mesas acabadas totalmente mais 60 mesas acabadas a 70%:
Unidades produzidas = 180 + 0,70 x 60 = 222 mesas
O preço de custo unitário das mesas acabadas será o seguinte:
1 520 000
= 6 847 escudos
222
As mesas semi-acabadas até ficarem terminadas em 70% teriam um custo
unitário de
6 847 x 0,70 = 4 793 escudos
Normalmente, as empresas produzem mais do que um produto. Por isso, o
cálculo dos custos é mais complexo.
Nos pontos seguintes iremos desenvolver aspectos a ter em conta para o
cálculo dos custos em empresas de multiprodutos.
Cálculo do Custo em Empresas Multiproduto
Classes de custos
Os custos de uma empresa podem ser classificados segundo diferentes
critérios. A seguir iremos resumir os principais tipos de classificação dos
custos:
M.S.01 Sb.03 Ut.04
Custos fixos e custos variáveis. Todos os custos da empresa podem dividirse segundo a sua relação com o volume de vendas. Os custos fixos são
aqueles que são independentes do volume de vendas. Por exemplo, são custos
fixos os salários do pessoal administrativo, o aluguer e todos os outros gastos
com a estrutura. Os custos variáveis são os que variam em proporção ao
volume de vendas. O consumo de materiais ou as comissões pagas aos
vendedores são exemplos de custos variáveis.
Existem custos de difícil classificação por terem uma parte fixa e outra variável.
Estes custos podem ser designados como semi-variáveis ou semi-fixos. Por
exemplo, o consumo de energia tem um componente fixo que aparece com o
mínimo que é cobrado pela Companhia de Electricidade, mesmo que o
consumo seja nulo. O componente variável do consumo de energia é em
função do valor pago por Kilovatio consumido.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 17
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
Custos directos e custos indirectos: Os custos da empresa também podem
dividir-se noutra classificação. Os custos directos são aqueles que podem
ser imputados directamente aos produtos que a empresa vende. Por exemplo
os materiais, a mão de obra directa, (os operários que trabalham directamente
com o produto) são custos directos. Por vezes os custos directos são custos
variáveis, mas isso não acontece sempre. Por exemplo a mão de obra directa
é um custo directo, mas não é um custo variável, pois mesmo que não se
produza nada este custo não poderá ser eliminado.
Os custos indirectos são os que podem ser imputados directamente aos
produtos. Por exemplo, o aluguer ou os juros pagos de uma prestação não
são directamente imputados aos produtos.
O sistema de custos directos (direct costing)
O sistema de custos directos atribui a cada produto os seus custos variáveis.
Com este sistema , pode obter-se o resultado por produto que é de grande
utilidade para analisar a margem bruta que gera cada produto.
Exemplo. Suponha-se uma empresa que no seu último período teve vendas
no valor de 1 500 mil contos (500 do produto A, 400 do produto B e 600 do
produto C), os preços unitários de venda tem sido 5 para A, 8 para B e 6 para
C. Os custos produzidos esquematizam-se da seguinte forma:
Custos variáveis
A
B
C
Total
400
500
200
1 100
Outros custos (fixos ou de estrututra)
450
Na figura IV.11detalha-se o resultado desta empresa:
Produtos
Vendas
Custos variáveis
(materiais, comissões, etc.)
Margem bruta
Custos fixos
A
B
C
Total
500
400
600
1 500
-400
-500
-200
-1 100
+100
-100
+400
+400
-450
Resultado
-50
M.S.01 Sb.03 Ut.04
Figura IV.11 - Resultado por produto em milhares de contos
Para calcular o custo unitário, é necessário conhecer-se o número de unidades
vendidas. De acordo com o direct costing, o valor do custo unitário calcula-se
da seguinte forma:
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 18
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
Custo unitário (direct costing) =
Custos variáveis do produto
Número de unidades vendidas do produto
Se no exemplo que estamos estudando, se tiverem vendido 100 unidades de
A, 50 de B, 100 de C, calcular-se-íam os preços de custo da seguinte forma:
Preço de custo unitário (direct costing)
400
=4
100
500
= 10
50
200
=2
100
Este sistema é útil para valorizar os stocks em curso e produtos acabados.
Também se utiliza para decidir a conveniência ou não de aceitar pedidos com
preço mais baixo. Assim, o preço mínimo de venda de um produto há-de ser
a soma dos custos variáreis unitários. A menos que não se esteja a utilizar
toda a capacidade produtiva da empresa, é conveniente aceitar pedidos que
cubram os custos variáveis e algo mais. No exemplo desenvolvido, o preço
de venda mínimo para cobrir os custos variáveis deveria ser de 4 para o
produto A, 10 para o B e 2, para o C.
O direct costing também pode utilizar-se para estudar a possível eliminação
de produtos. No exemplo da figura 1. pode-se analisar a margem que se
obtém com cada produto. Assim, mesmo, pode observar-se que se não
existisse o produto B, possivelmente o resultado seria positivo (+50). Com
esta informação, podem-se tomar decisões sobre a eliminação de certos
produtos e a incrementação de outros.
O SISTEMA DE CUSTOS TOTAIS (FULL COSTING)
Com este sistema, todos os custos são imputados directa ou indirectamente
aos produtos que vende a empresa.
O problema que este sistema apresenta é que requer uma selecção de critérios
fiáveis de imputação dos custos fixos. Os critérios de imputação mais utilizados
para repartir os custos fixos entre os diferentes produtos são o volume de
vendas ou o custo de mão de obra directa de cada produto.
M.S.01 Sb.03 Ut.04
A grande vantagem deste sistema é que facilita o preço de custo total e o
benefício de cada produto.
Suponha-se que no exemplo dado se imputam os custos fixos em proporção
com as unidades vendidas de cada produto.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 19
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
Se as unidades vendidas foram:
Produto A
Produto B
Produto C
100 unidades
50 unidades
100 unidades
Total
250 unidades
os custos fixos por unidade vendida ascenderiam a:
Custos fixos por unidade de medida =
Custos fixos
450
=
= 1,8
Total de unidades vendidas 250
Portanto ao produto A corresponderiam 180 de custos fixos (1,8 por 100
unidades). Ao produto B corresponderão 90 e ao produto C, 180. Na figura 12
detalha-se o resultado do exemplo desenvolvido.
A
B
C
Total
Vendas
- custos variáveis
500
-400
400
-500
600
-200
1 500
-1 100
Margem bruta
+100
-100
+400
+400
- Custos fixos
-180
-90
-180
-450
-80
-190
+220
-50
Resultados
Fig. IV.12 - Resultado por produto
Na Figura IV.12. pode-se comprovar que os produtos A e B são deficitários.
Entre o produto A e o produto B existe uma diferença importante, uma vez
que o primeiro tem uma margem bruta positiva (+100) e, portanto, contribui
para cobrir os custos fixos. O preço de custo total de cada artigo calcula-se
dividindo os custos totais do artigo (variável + fixo) pelo número de unidades
vendidas. No exemplo, os preços de custo totais seriam:
A
Preço de custo unitário total =
580
= 5,8
100
B
590
= 11,8
100
C
380
= 3,8
100
M.S.01 Sb.03 Ut.04
Nos produtos A e B originam percas já que os seus custos unitários (5,8 e
11,8 respectivamente) são maiores que os seus preços unitários de venda (5
e 8 respectivamente).
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 20
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
Exemplo IV. 2
Cálculo de custos de uma empresa uniproduto
Trata-se de calcular o preço de custo do pão a partir dos seguintes dados de
uma panificadora. Pressupõe-se que a panificadora produz apenas barras
médias e trabalham 24 dias por mês (semanas de seis dias cada uma).
Obtivemos já os seguintes dados:
Produção diária: 4.000 Kg/ dia
Pessoal: 9 empregados. Cada um representa um custo de 21 000$00 por
semana, mais 36% para a Segurança Social, e ainda 20% de horas extra.
Portanto o custo
semanal por empregado será de 32 760 escudos.
Transporte: Existem quatro furgões que trabalham 6 horas por dia.
Custando cada hora 1 150 escudos por furgão.
Energia: 6$00 por Kg de farinha.
Matéria prima: para 4.000 Kg consome-se o seguinte:
3 333 Kg de farinha
x 40 ESC/Kg
= 133 320
67 Kg de sal
x 18 ESC/Kg
=
1 206
2 m3 de água
x 18 ESC/Kg
=
36
133 Kg levedura
x 120 ESC/Kg
= 15 960
8 Kg aditivos
x 600 ESC/Kg
Total escudos
=
4 800
155 322
Gastos gerais: 320 000 escudos /mês
Produtos: a barra média tem 0,340 Kg de pão e vende-se a 49$00 cada
unidade
Dispondo dos dados anteriores, efectua o seguinte:
• Calcular o preço de custo unitário da barra média;
• Calcula o lucro unitário da barra média.
Solução:
• Cálculo dos custos totais por mês:
Matérias primas:
M.S.01 Sb.03 Ut.04
Por mês consumiram-se 155 322 escudos
multiplicando por 24 dias:
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
3 727 728
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 21
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
Pessoal:
Por mês gastaram-se: 32.760 escudos
multiplicado por 4 semanas e por 9 empregados 1 179 360
Transporte:
Gastam-se por mês 1.150 escudos multiplicando
por 6 horas por dia e por quatro furgões
662 400
Energia:
Consomem-se por mês 3.333 Kg de farinha
em 24 dias, ou seja, 79.992 Kg que multiplicando
por 6 escudos por Kg custam
479 952
Gastos gerais:
320 000
Total escudos
6 369 440
Cálculo do número de barras médias produzidas por mês:
4 000 Kg / dia x 24 dias
= 282 353 barras médias
0,340 Kg
Cálculo do custo unitário da barra média:
6 369 440 ESC
= 22,56 escudos
282 353 barras
Cálculo do lucro unitário da barra média:
Preço de venda unitário
49 escudos
Preço de custo unitário
22,56 escudos
Lucro unitário
26,44 escudos
Cálculo de custos de uma empresa multiproduto
Uma fábrica de móveis produz mesas e armários. Em relação à produção do
último mês, dispõe-se da seguinte informação:
M.S.01 Sb.03 Ut.04
Unidade produzidas
Mesas
100
Armários
200
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 22
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
Custos variáveis
Total
Madeira
Mão de obra
Transportes
Total
Mesas
Armários
800 000
1 000 000
400 000
400 000
600 000
200 000
400 000
400 000
200 000
2 200 000
1 200 000
1 000 000
Custos fixos
Encarregado
160 000
Luz, água
100 000
Custos gerais
740 000
Total
1 000 000
Os custos fixos repartem-se em proporção ao custo da mão de obra (60% para
mesas e 40% para armários).
Com base nos dados anteriores e aplicando o full costing, pode obter-se os
cálculo da figura IV.13.
Mesas
Armários
Total
Custos variáveis
Custos fixos
1 200 000
600 000
1 000 000
400 000
2 200 000
1 100 000
Custos totais (1)
1 800 000
1400 000
3 200 000
100
200
180 000
70 000
Unidades (2)
Custo unitário (1)/(2)
Portanto, o custo unitário de uma mesa é de 180 000 escudos e o de um
armário, é de 70 000escudos.
Figura IV.13 - Cálculo do Custo Unitário
M.S.01 Sb.03 Ut.04
ANÁLISE DA SITUAÇÃO FINANCEIRA
A análise dos estados financeiros encontra-se para obter um diagnóstico do
balancete e da conta de resultados da empresa. Este diagnóstico permite
detectar problemas que solucionados a tempo, garantam a viabilidade da
empresa.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 23
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
Estrutura financeira deficiente
Esta situação pode produzir-se quando a empresa tem um capital insuficiente.
Este déficite de capital vai acompanhado normalmente de uma das dívidas
excessivas que diminuem consideravelmente os lucros. Para solucionar este
problema, é necessário que os proprietários da empresa invistam mais capital.
O balancete também pode estar desequilibrado quando existe um excesso
de dívidas a curto prazo, então podem suspender-se os pagamentos.
Rentabilidade insuficiente
É provocada por vendas reduzidas, por preços de venda baixos ou gastos
excessivos.
Esta situação tem de resolver-se pois a empresa não pode chegar a ter
prejuízos.
Iremos ver como analisar:
• Balanço
• Conta de Resultados
Balanço
A análise do balanço, a que também se chama análise patrimonial, consiste
em fazer um diagnóstico da empresa a partir do estudo de um ou mais
balanços.
A análise patrimonial pode fazer-se com um balanço (análise patrimonial
estática) ou com vários balanços (análise patrimonial dinâmica), para ver a
evolução da empresa.
Análise de um só balanço (análise patrimonial estática)
A análise de um só balanço deve seguir as etapas seguintes:
• Cálculo de percentagens
• Estudo dos rácios
M.S.01 Sb.03 Ut.04
a) Cálculo de percentagens
O cálculo de percentagens consiste em dividir cada elemento do balanço
pelo total do activo. Assim, pode-se apreciar a importância de cada elemento
com respeito ao total do activo ou passivo.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 24
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
De seguida, proceder-se-á ao cálculo das percentagens do balanço da figura
IV.14.
Activo
Passivo
Imobilizado
Existências
Realizável
Disponível
495 Não Exigível
360 Eligível a médio prazo
180 Elegível a curto prazo
90
Total activo
1 125
405
270
450
Total passivo
1 125
Figura IV.14 - Balanço em valores absolutos
As percentagens calculam-se dividindo cada grupo de contas pelo total do
activo e multiplica-se por 100. Por exemplo, para o imobilizado achar-se-á:
495
x 100 = 44%
1 125
Para as existências:
360
x 100 = 32%
1 125
Para o não elegível:
460
x 100 = 36%
1 125
O balanço em percentagens será como se pode observar na figura IV.15.
Activo
Passivo
Montante
Imobilizado
Existências
Realizável
Disponível
495
360
180
90
1 125
Percentagem
Montante
44 Não Exigível
32 Eligível a médio prazo
16 Elegível a curto prazo
8
100%
Total passivo
Percentagem
405
270
450
36
24
40
1 125
100%
M.S.01 Sb.03 Ut.04
Figura IV.15 - Balanço em valores absolutos e em percentagens
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 25
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
Observe-se que as percentagens do activo e do passivo somam 100. Uma vez
calculadas as percentagens, já se podem obter algumas conclusões:
1. Tem de se comprovar que os componentes do activo circulante (ou seja,
existências, realizável e disponível) superam o exigível a curto prazo. Caso
contrário, a empresa poderia ter problemas de liquidez já que o activo circulante
representa todos os activos que hão de converter-se em dinheiro antes de
um ano e elegível a curto prazo reflicta todas as dívidas a pagar até um ano.
Para que não haja problemas de liquidez, o que se recebe antes de um ano
há-de ser maior do que aquilo que se irá pagar durante o mesmo espaço de
tempo.
No balanço anterior, o activo circulante (existências, realizável e disponível)
ascende a 630 (56%), e portanto supera o exigível a curto prazo que ascende
a 450 (49%). Pode-se afirmar que, em princípio esta empresa não há-de ter
problemas de liquidez antes de um ano.
O activo circulante deverá ser maior
Que o exigível a curto prazo
2. Em segundo lugar, deve-se analisar o peso das dívidas; o exigível não
deverá ser superior a 60% do passivo.
As dívidas, em geral não deverão superar
60% do passivo
No exemplo que se está estudando as dívidas representam 64% (soma do
exigível a médio prazo e do exigível a curto prazo) do passivo. Para isso, esta
empresa tem um excesso de dívidas, isto é o está descapitalizada. Quando
uma empresa tem um excesso de dívidas significa que está nas mãos dos
seus credores.
3. De seguida pode analisar-se a composição do activo e do passivo do
balanço. Assim, no balanço que estamos a estudar o activo compõe-se
principalmente por imobilizado e existências. O passivo é formado por exigíveis
a curto prazo e não exigíveis.
M.S.01 Sb.03 Ut.04
Em resumo, calculadas as percentagens podem-se fazer as seguintes
comparações: comparar o activo circulante com o exigível a curto prazo;
analisar o peso da dívida e estudar a composição do activo e do passivo:
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 26
IEFP · ISQ
Etapas da
análise em
percentagem
Área de Controlo e Financeira
Comparação entre
o activo circulante e
o exigível a curto prazo
Peso da dívida
Liquidez
Endividamento e descapitalização
Composição do activo
e do passivo
b) Estudo dos rácios
Um rácio é um quociente entre os valores elegíveis, de tal forma que tenha
um significado lógico para estudar a situação. O cálculo de rácios do balanço
permite completar o diagnóstico da empresa.
Aspectos a considerar no uso de rácios
Quantos rácios empregar ? Uma vez que existem uma centena de rácios é
conveniente fazer uma selecção dos mais interessantes para cada empresa
em concreto. As empresas não são todas iguais e, portanto os rácios a utilizar
variam em cada caso.
O diagnóstico de uma empresa deveria ser feito comparando os rácios de
outras empresas do mesmo sector económico, de semelhante dimensão e
da mesma zona geográfica.
Dado que na maioria dos países existem muitas empresas que não facultam
os seus dados contabilísticos reais, é difícil saber qual será o valor ideal de
rácios. Em Portugal, publicam-se periodicamente diversos estudos sobre os
valores médios por sectores dos rácios mais importantes. Por exemplo, podem
analisar-se os estudos realizados pelo Banco de Portugal, Dun & Bradstreet,
etc.
Para determinada empresa, outra via para ficar a conhecer o valor ideal dos
seus rácios será analisar a sua evolução ao longo de vários anos.
A seguir estudam-se alguns dos rácios mais interessantes:
Rácio de endividamento
O rácio de endividamento calcula-se dividindo o exigível total, ou seja todas
as dívidas , pelo passivo total.
M.S.01 Sb.03 Ut.04
Rácio de endividame nto =
Exigível Total
PassivoTotal
O valor deste rácio não deverá ser maior de 0,6.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 27
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
Maior que 0,6: excesso de dívidas
Igual a 0,6: correcto
Rácio de endividamento
Menos que 0,6: não há excesso de
dívidas. A empresa está capitalizada
Exemplo: O passivo total de uma empresa é de 50 000 000 e o exigível total
de 40 000 000. O rácio de endividamento será:
Rácio de endividame nto =
40 000 000
= 0,8
50 000 000
Portanto, esta empresa tem um excesso de dívidas.
Rácio do tipo da dívida
Assim como no rácio anterior indica que a empresa tem uma dívida grande
ou não, o rácio do tipo de dívida estuda a composição desta. Calcula-se
dividindo o exigível a curto prazo pelo exigível total:
Rácio do tipo de dívida =
Exigível a curto prazo
Exigível total
Quanto menor é o valor deste rácio melhor será o tipo de dívida da empresa.
A dívida a curto prazo considera-se de pior qualidade, já que terá de se
desenvolver antes que o exigível a médio e longo prazo.
Se o valor deste rácio é muito elevado, significa que a dívida que tem a empresa
é de baixa qualidade, já que predomina a dívida a curto prazo.
Exemplo: O exigível total de uma empresa é de 20 000 000 e o exigível a
curto prazo de 5 000 000. O rácio de tipo da dívida desta empresa será:
Rácio do tipo de dívida =
5 000 000
= 0,25
20 000 000
Da dívida total desta empresa apenas uma quarta parte deverá resolver-se a
curto prazo.
M.S.01 Sb.03 Ut.04
Rácio de Liquidez
O rácio de liquidez calcula-se dividindo o activo circulante pelo exigível a
curto prazo. O seu valor há-de ser superior a 1, já que em caso contrário a
empresa pode ter problemas de liquidez.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 28
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
Rácio de liquidez =
Activo circulante
Exigível a curto prazo
O valor ideal deste rácio costuma fixar-se entre 1,7 e 1,9.
Desta forma o activo circulante será muito maior que o exigível a curto prazo.
Exemplo: O activo circulante de uma empresa é de 18 000 000 e as dívidas a
curto prazo são de 10 000 000. O rácio de liquidez será:
Rácio de liquidez =
18 000 000
= 1,8
10 000 000
Portanto, a empresa encontra-se entre os limites aceitáveis do rácio de
liquidez.
Rácio de Prazo de cobrança
Calcula-se dividindo o saldo da conta de clientes no balancete pelo valor das
vendas anuais e todo se multiplica por 365 dias:
Rácio de prazo de cobrança =
Clientes
x 365
Vendas
Ao saldo de clientes há que juntar todos os elementos importantes que estão
pendentes de pagamento por parte dos clientes (montantes a cobrar,
montantes descontados e pendentes de se concretizarem ….)
O seu valor indica o número de dias que a empresa demora a cobrar, aos
seus clientes.
Quanto menor é o valor deste rácio melhor, pois desta forma a empresa cobrará
dos seus clientes.
Exemplo: Uma empresa tem um saldo de clientes de 32 850 000 e as vendas
totais seriam de 266 450 000. O rácio de prazo de cobrança será:
Rácio de prazo de cobrança =
32 850 000
x 365 = 45
266 450 000
Portanto, o prazo médio de cobrança será de 45 dias.
M.S.01 Sb.03 Ut.04
Rácio de prazo de pagamento
Calcula-se dividindo o saldo da conta de fornecedores pelo das compras anuais
e multiplicando por 365.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 29
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
Rácio de prazo de pagamento =
Fornecedores
x 365
Compras
O seu valor indica o número de dias que a empresa demora a pagar o que
deve aos seus fornecedores. Em princípio, quanto maior for o valor deste
rácio, melhor
Exemplo: As compras de uma empresa foram de 98 550 000 e o saldo de
fornecedores de 29 565 000. O rácio do prazo de pagamento será:
Rácio de prazo de pagamento =
29 565 000
x 365 = 109 ,5
98 550 000
Portanto, o prometido prazo de pagamento será de 109,5 dias.
Exemplo de uso dos rácios:
Na figura IV.16 relaciona-se um balancete donde se calcularam os rácios
explicados.
Activo
Passivo
Imobilizado
Existências
Clientes
Disponível
423 Capital
52 Elegível a curto prazo
600 Fornecedores
50
Total
1 125
405
252
468
Total
1 125
Figura IV.16 - Exemplo de balanço
Sabe-se também que as vendas anuais ascendem a 2 500 e as compras
anuais a 1 898.
O rácio de endividamento será igual a:
Endividame nto =
Exigível Total
720
=
= 0,64
Passivo Total 1 125
Dado que o valor do rácio é superior a 0,60 pode afirmar-se que esta empresa
tem um excesso de dívidas, e logo falta de capital.
M.S.01 Sb.03 Ut.04
O rácio de tipo da dívida será igual a:
Tipo de dívida =
Exigível a curto prazo 468
=
= 0,65
Exigível Total
720
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 30
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
O valor deste rácio indica que 65% de todas as dívidas são a curto prazo. O
rácio de liquidez será :
Activo circulante
702
=
= 1,5
Exigível a curto prazo 468
Liquidez =
O rácio de liquidez é inferior a 1,7, e portanto indica que a empresa não tem
uma situação de excelente liquidez. Não obstante a situação não seja
totalmente desfavorável, e ao ser este rácio superior a 1, indica que o activo
circulante é maior que o exigível a curto prazo.
O prazo de cobranças desta empresa será, supondo que a totalidade do
realizável corresponde a clientes:
Prazo de cobrança =
Cliente
600
x 365 =
x 365 = 87,6 dias
Vendas
2 500
Rácio
Valor
Endividamento
0,64
A empresa está muito endividada
Tipo de dívida
0,65
Os 65% da dívida
Liquidez
1,5
Significado
A empresa não está em boa situação
de liquidez
Prazo de cobranças
87,6 dias
Os clientes pagam à empresa quase a
três meses depois da venda
Prazo de pagamento
90 dias
A empresa paga aos seus credores a
90 dias depois da compra
O valor do rácio indica que esta empresa demora a cobrar 87,6 dias.
O rácio do prazo de pagamento calcula-se considerando que a totalidade do
exigível a curto prazo são fornecedores:
Prazo de pagamento =
Fornecedores
468
x 365 =
x 365 = 90 dias
Compras
1 898
Portanto, esta empresa paga ao seus fornecedores 90 dias depois de fazer a
compra.
M.S.01 Sb.03 Ut.04
Resumindo, (veja-se figura IV.12): a empresa analisada tem um balanço
desequilibrado deveria aumentar o capital e reduzir as dívidas a curto prazo.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 31
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
Conta de resultados
A análise económica consiste na análise da conta de resultados. As etapas
da análise económica podem ser as seguintes:
• cálculo de percentagens respeitante ao volume de vendas
• ponto de equilíbrio da empresa
Cálculo de Percentagens
Com o cálculo de percentagens pode-se apreciar o peso de cada conceito no
que diz respeito ao volume de vendas. Este método é mais utilizado para as
contas de exploração, pode-se comprovar a evolução que representam os
gastos, entradas e lucros ao longo do tempo.
As percentagens calculam-se dividindo o valor de cada rubrica pelas vendas
e o resultado multiplica-se por 100. Por fim, as contas de perdas e ganhos
expressam-se em percentagens sobre as vendas.
O quadro da figura 17 mostra o cálculo das percentagens das contas de perdas
e ganhos, correspondente aos anos de 19X1 e 19X2.
Da comparação das contas de perdas e ganhos da figura 20, pode-se concluir
o seguinte:
• As vendas aumentaram em valores absolutos em 300 e o lucro em 90,
passando de 8,5% das vendas a 12%
• Aumento do lucro líquido em % foi devido a um ligeiro aumento do
M.S.01 Sb.03 Ut.04
custo das vendas e o grande aumento dos impostos, a que já se
abateram os custos fixos (passam de 37,5% a 30%) e a descida das
cargas financeiras passam de 2,5% para 2%. Evidentemente que a
melhoria dos resultados foi devido, basicamente, à diminuição dos
custos fixos, ainda que, os valores absolutos se mantenham estáveis,
em percentagem baixam 7,5 pontos.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 32
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
19X1
19X2
Conceito
Valor
Vendas
- custo de vendas
= Margem bruta
- custos fixos
= Resultados antes de juros e
impostos
- custos financeiros
= Resultado antes dos
impostos
- impostos da empresa
Resultado líquido
%
Valor
%
1 200
-600
100
-50
1 500
-780
100
-52
600
-450
50
-37,5
720
-450
48
-30
150
-30
12,5
-2,5
270
-30
18
-2
120
-30
10
-2,5
240
-60
16
-4
90
8,5
180
12
Fig. IV.17- Análise das contas de ganhos e perdas dos anos 19X1 e 19X2
O Ponto de equilíbrio
Entende-se por ponto de equilíbrio, ponto morto ou limite de rentabilidade, o
valor de vendas em que a empresa não perde nem ganha, isto é, quando a
empresa cobre unicamente todos os seus custos.
Evidentemente que é muito importante para a empresa saber onde está o
seu ponto de equilíbrio, pois se não vender acima das despesas, a empresa
terá prejuízos, se vender acima do limite, terá lucros.
O ponto de equilíbrio pode exprimir-se em unidades de produto, por exemplo,
venda de um número determinado de televisores, ou em unidades monetárias,
por exemplo, venda de determinado valor. Quando a empresa tem um só
produto e o vende sempre ao mesmo preço, é indiferente expressar o ponto
de equilíbrio em unidades de produto ou em unidades monetárias. Pelo que
quando o caso não é este, será melhor expressar em unidades monetárias. É
assim que fazemos, pois é válido para qualquer dos casos.
Elementos que intervêm no cálculo do ponto de equilíbrio
Os conceitos que se manipulam e portanto se devem manter claros para
calcular o ponto de equilíbrio de uma empresa são:
M.S.01 Sb.03 Ut.04
Valores de vendas.
Custos fixos. São aqueles que se mantêm na empresa independentemente
daquilo que venda ou não venda e da quantidade que venda. Por exemplo, o
aluguer que paga pelo local que ocupa, terá que o pagar sempre;
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 33
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
independentemente da quantidade de produtos que venda ou não venda (venda
muito ou venda pouco).
Custos variáveis. São aqueles que estão em função das vendas. Por exemplo,
as comissões que paga a empresa aos vendedores serão em função do valor
daquilo que eles vendam. A matéria prima que se utiliza para fabricar
determinado produto será em função dos produtos que fabrica, etc.
Unidades vendidas. É a quantidade que se vende. Se se exprime em
unidades de produtos, será a quantidade de produtos vendidos. Se se expressa
em unidades monetárias. Coincidirá com o valor das vendas.
Cálculo do ponto de equilíbrio
Existe uma fórmula que nos permite calcular directamente o valor de deve
realizar a empresa para não perder nem ganhar, isto é, para calcular o ponto
de equilíbrio. A fórmula é a seguinte:
Ponto de equilíbrio =
Custos fixos
Custos variáveis
1Valor das vendas
Por exemplo: Uma empresa tem um valor de vendas na ordem dos 1.000, os
custos fixos são de 300 e os variáveis de 500. Então os custos fixos absorvem
30% do valor das vendas e os variáveis em 50%. O ponto de equilíbrio desta
empresa seria:
Ponto de equilíbrio =
300
300
=
= 600
500
0,5
11 000
Por isso esta empresa terá que fazer vendas, pelo menos, no valor de 600
para não ter lucros nem percas.
Isto pode comprovar-se facilmente seguindo o seguinte raciocínio:
Os gastos variáveis absorvem 50% das vendas. Por isso, ao vender pelo
valor de 600, os gastos variáveis serão de 300.
Os gastos fixos serão de 300, que adicionados aos 300 de gastos variáveis
serão 600; que é exactamente o que aparece na fórmula como ponto de
equilíbrio.
M.S.01 Sb.03 Ut.04
O ponto de equilíbrio pode-se calcular também graficamente, o que permitirá
ver esta situação mais claramente. Para isso, proceder-se-á da seguinte forma:
Em primeiro lugar, traça-se um eixo de coordenadas. O eixo vertical indica os
custos e o valor das vendas e o horizontal as unidades vendidas (veja-se
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 34
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
figura 18). No exemplo que usamos, trabalhando com unidades monetárias e
não com unidades de produto, os valores de ambos coincidem.
Valor das vendas
Custo das vendas
1 000
Vendas
1 000
900
800
600
500
400
300
200
Unidades
vendidas
100
0
100
200 300
400
500
600 700
800 900
1 000
Fig. IV.18 - Representação gráfica das vendas
• Seguidamente marca-se um ponto onde se interceptam o valor das vendas
e a quantidade vendida. No exemplo é onde se corta o número 1 000.
Depois traça-se uma linha desde este ponto até ao ponto de origem dos
eixos, como se pode ver na figura IV.18. Esta linha irá indicando o valor
das vendas para cada unidade vendida.
• Depois, marca-se um ponto sobre o eixo vertical até à altura dos custos
M.S.01 Sb.03 Ut.04
fixos e traça-se uma linha que parta desse ponto e siga paralelamente ao
eixo horizontal, tal como se pode observar na figura IV.19. Esta linha marca
os custos fixos e segue paralelamente à linha das unidades vendidas,
porque é independente da quantidade que se venda. Os custos são sempre
os mesmos.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 35
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
Valor das vendas
Custo das vendas
Vendas
1 000
1 000
900
800
600
500
400
Custos fixos
300
300
200
Unidades
vendidas
100
0
100
200 300
400
500
600 700
800 900
1 000
Fig. IV.19 - Representação gráfica das vendas e dos custos fixos
• Procederemos agora à indicação dos custos variáveis. Para isso, a 300 que
M.S.01 Sb.03 Ut.04
já tínhamos de custos fixos, vão ainda juntar-se, subindo pelo eixo vertical,
os 500 correspondentes aos custos variáveis. Assim, sobe-se pelo eixo
vertical até 800 (300+500) onde se marca um ponto, no sítio onde se cruza
com as unidades vendidas, as quais correspondem aos 500 de custo variável,
e cruzam-se com 1 000 do eixo horizontal. Traça-se a continuação de uma
linha que una este ponto com o ponto onde começam os custos variáveis
no eixo vertical. Pode ver-se na figura IV.20. Esta linha é a que vai indicando
o custo variável para cada unidade vendida.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 36
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
Valor das vendas
Custo das
vendas
1 000
Vendas
1 000
900
Custos variáveis
500
800
600
600
Ponto de
equilíbrio
500
400
300
Custos fixos
300
200
100
Unidades
vendidas
0
100
200 300
400
500
600 700
800 900
1 000
Fig. IV.20 – Representação gráfica das vendas, dos custos fixos e variáveis e o ponto de
equilíbrio da empresa
Note-se que a linha dos custos variáveis não parte do eixo das coordenadas,
mas do local onde terminam os custos fixos. Isto é lógico, pois os custos
variáveis vão-se juntando aos fixos, que se obtiveram quer se venda ou não
se venda.
Observe-se agora a figura. Notar-se-á que a linha dos custos variáveis e
alinha das vendas se cruzam. Pois bem, o ponto onde se cruzam ambas as
linhas será o ponto de equilíbrio. No exemplo que usámos para construir o
gráfico, traçando uma linha vertical imaginária até ao eixo horizontal (linha
ponteada), acha-se o valor das vendas correspondente ao ponto de equilíbrio:
600
Este gráfico oferece ainda informação complementar. Por exemplo, assinala
a altura que existe entre o ponto das vendas e dos custos variáveis, obtendose assim, o valor do lucro com as vendas realizadas. No exemplo, este lucro
foi de 200.
M.S.01 Sb.03 Ut.04
Pelo contrário, se as vendas subissem só a 900, o lucro obtido seria apenas
de 150. Comprova-se observando que existe entre a linha de custos e a de
vendas para 900 unidades vendidas.
Igualmente prolongando as linhas que indicam as vendas e os custos
variáveis, poder-se-ia ver o lucro obtido se tivesse havido vendas, por exemplo,
1 100, etc.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 37
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
Mapa de tesouraria
Além do Balanço e da conta de resultados, este é também um documento
obrigatório na análise financeira da empresa. Se o balanço nos dá a situação
patrimonial da empresa, e a conta de resultados nos mostra como o negócio
está a decorrer (com lucros e prejuízos). É o mapa de tesouraria que nos
mostra os fluxos monetários, isto é a relação entre os pagamentos e os
recebimentos e por consequência a situação de excedentes ou déficite de
tesouraria.
A empresa deve fazer um orçamento anual de tesouraria, com detalhe mensal,
afim de atempadamente prevenir os déficites de tesouraria, tomando as
medidas adequadas, nomeadamente pelo recurso ao crédito de curto prazo,
atrasando pagamentos a fornecedores ou tentando encurtar os prazos de
recebimento dos clientes.
Esse orçamento deve ser comparado mensalmente com a situação real, afim
de se identificarem os desvios e a sua origem.
M.S.01 Sb.03 Ut.04
No exemplo que se segue vamos preparar um orçamento de tesouraria.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 38
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
Caso de Estudo IV. 1
Elaboração de uma previsão de tesouraria
Uma empresa facultou a seguinte informação:
Balanço a 1 de Janeiro
Activo
Passivo
Maquinaria
2 000 Capital
1 500
Existências
1 000 Empréstimos
1 500
Clientes
500 Fornecedores
800
Caixa
800 Fazenda Pública
500
Total
4 300 Total
4 300
As vendas, que se cobram a 30 dias, serão de 600 mil escudos mensais de
Janeiro a Julho, e 700 mil escudos de Agosto a Dezembro.
Em Janeiro cobrar-se-ão as vendas de Dezembro do ano anterior, 500 mil
escudos, incluídas no balancete inicial.
As compras a fornecedores, que se pagam a 60 dias, serão de 450 mil escudos
todos os meses.
Em Janeiro e Fevereiro, pagar-se-ão 300 mil escudos e 500 mil escudos,
respectivamente, correspondentes a compras do ano anterior.
Mensalmente, pagam-se em dinheiro, 150 mil escudos por gastos gerais.
Em Abril, pagar-se-ão 500 mil escudos, que é a dívida existente com a Fazenda
Pública.
Em Junho, deverá devolver-se ao banco o empréstimo de 1.500 mil escudos
, incluído no balanço inicial.
Solução
M.S.01 Sb.03 Ut.04
A previsão de tesouraria elaborado a partir dos dados anteriores será a
seguinte:
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 39
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
Junho
Saldo inicial
+800
+850
+800
+800
+300
+300
Cobranças a clientes
+500
+600
+600
+600
+600
+600
-300
-150
-500
-150
-450
-150
-450
-150
-500
-450
-150
-450
-150
Pagamentos
Fornecedores
Gastos
Fazenda Pública
Empréstimos
Saldo final
Saldo inicial
Cobranças a clientes
Pagamentos
Fornecedores
Gastos
Fazenda Pública
Empréstimos
Saldo final
-1 500
+850
+800
+800
+300
+300
-1 200
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
-1 200
-1 200
-1 200
-1 100
-1 000
-900
+600
+600
+700
+700
+700
+700
-450
-150
-450
-150
-450
-150
-450
-150
-450
-150
-450
-150
-1 200
-1 200
+1 100
-1 000
-900
-800
Fig. IV.23 – Previsão de Tesouraria
M.S.01 Sb.03 Ut.04
Através do mapa de tesouraria da figura 23, pode-se ver que esta empresa terá
um grande déficite de liquidez a partir de Junho do próximo ano. Portanto, com
a antecedência possível, esta empresa deverá renegociar o empréstimo bancário,
antecipar as cobranças ou atrasar os pagamentos.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 40
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
RESUMO
• Consideramos o Balanço e Conta de Resultados como os elementos
fundamentais da contabilidade geral e financeiras.
• Definiu-se a equação fundamental da contabilidade
Activo = Passivo + Capital próprio
• Identificaram-se as principais constituintes do balanço, contas do activo,
capital próprio e contas do passivo.
• A conta de resultados, é uma conta que pelo significado especial, se
apresenta separadamente do Balanço e traça a diferença entre os proveitos
e os custos da empresa num dado período de tempo.
• A contabilidade analítica controla a obtenção do custo de cada produto, e
departamento, fazendo a imputação dos custos fixos e variáveis, directos
e indirectos, através de vários métodos, nomeadamente “direct costing” e
“full costing”.
• Na análise da situação financeira considerou-se a análise patrimonial
estática, através de cálculo de percentagens e estudo de rácios.
• Analisou-se a conta de resultados, numa óptica de cálculo de percentagens
e do ponto de equilíbrio da empresa.
• mapa de tesouraria é também um documento obrigatório na análise
financeira da empresa, devendo ser preparado para o ano seguinte, com
detalhe mensal, e ser comparado com a situação real.
• Permitirá também identificar déficites de tesouraria e tomar atempadamente
M.S.01 Sb.03 Ut.04
as medidas adequadas.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 41
IEFP · ISQ
Área de Controlo e Financeira
ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO
1. Consideremos o caso da empresa FRIGIMAX. Face aos elementos dados,
deverão construir os balanços e demonstração de resultados
correspondentes às várias fases descritas.
2. No final deve ser feita também a análise do fluxo de tesouraria.
FRIGIMAX (1)
Em 2 de Dezembro o Senhor Evaristo e o Senhor António constituíram a
“FRIGIMAX” com um capital social de 15 000 contos.
Com esse capital adquiriram uma pequena loja por 10.000 contos.
O objecto social da empresa é a comercialização de frigoríficos.
Simplificação: Não há IVA.
FRIGIMAX (2)
Em 6 de Dezembro, a “FRIGIMAX” adquiriu a pronto 50 frigoríficos a 40 contos.
FRIGIMAX (3)
A 7 de Dezembro adquiriu uma carrinha por 4 000 contos. Fez um pagamento
de 1 500 contos tendo aceitado uma letra a um ano de vista de 2 500 contos.
FRIGIMAX (4)
De 6 a 20 de Dezembro a FRIGIMAX já tinha vendido a crédito 40 frigoríficos
a 70 contos cada.
Nessa data adquiriram 50 frigoríficos a 50 contos, desta feita a crédito.
FRIGIMAX (5)
Até final de Dezembro venderam a pronto pagamento mais 20 frigoríficos a
70 contos.
FRIGIMAX (6)
M.S.01 Sb.03 Ut.04
Em 31 de Dezembro pagaram os salários. A folha de remunerações
apresentava sinteticamente:
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 42
IEFP · ISQ
Ordenados e salários brutos
Encargos sociais
Despesas com pessoal
Área de Controlo e Financeira
300 contos
90 contos
390 contos
Descontos efectuados ao pessoal
Salários líquidos
60 contos
240 contos
FRIGIMAX (7)
Regularizações
Amortizações
Bem do imobilizado
Taxa genérica
Edifício
Ligeiros e mistos
2%
20 %
Provisões
Clientes de cobrança duvidosa
6%
M.S.01 Sb.03 Ut.04
Impostos sobre lucros = 40 %
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
IV . 43
O Factor Humano da Empresa
M.S.01 Sb.03 Ut.05
IEFP · ISQ
A Empresa: Noções de Gestão
Guia do Formando
IEFP · ISQ
O Factor Humano da Empresa
OBJECTIVOS
No final desta Unidade Temática, o Formando deverá estar apto a:
•
Perceber a evolução do factor humano na empresa
•
Identificar os níveis de motivação
•
Relacionar as diferentes formas de organização, com os níveis
motivacionais
•
Identificar as questões da ética na empresa
M.S.01 Sb.03 Ut.05
TEMAS
•
A realidade humana da empresa
•
A motivação
•
Modelos organizacionais
•
A ética na empresa
•
Resumo
•
Actividades / Avaliação
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
Guia do Formando
V.1
IEFP · ISQ
O Factor Humano da Empresa
A EMPRESA COMO REALIDADE HUMANA
É do conhecimento geral que uma empresa é uma organização de pessoas,
ou seja, que é formada por pessoas que trabalham, cordenadas de algum
modo, para atingirem certas metas ou resultados. De facto, qualquer
organização humana não é mais do que isso: um conjunto de pessoas que
coordenam as suas acções para conseguir os objectivos que interessam a
todos, mesmo que esse interesse se possa dever a motivos muito diferentes.
Para que exista organização, não basta que exista um conjunto de pessoas;
nem sequer é suficiente que todas elas tenham um propósito comum. O que
é verdadeiramente decisivo é que essas pessoas se organizem - coordenem
as suas actividades - de modo que essa acção conjunta permita obter
resultados que, embora por razões diferentes, todas elas considerem que
lhes interessa alcançar.
Organização Formal e Organização Real
Chama-se organização formal a qualquer forma ou modo de coordenar acções
que possa ajudar a satisfazer necessidades. A organização real é a que
existe quando um conjunto concreto de pessoas aplica uma organização
formal.
A organização real inclui a organização formal mais todo esse conjunto de
interacções que se dão entre as pessoas que, logicamente, não estão
previstas - nem podem estar - pela organização formal. Esse conjunto de
interacções reais que se produzem no seio da organização real e que não
estão contempladas na organização formal podem denominar-se de várias
maneiras: organização informal, organização ou sistema espontâneo, sistema
não formalizado (ver fig. V.1).
ORGANIZAÇÃO REAL
=
ORGANIZAÇÃO
FORMAL
+
ORGANIZAÇÃO
INFORMAL
Figura V.1 - A organização real consta da organização formal e da organização informal
ou sistema espontâneo
M.S.01 Sb.03 Ut.05
Toda a pessoa que participa numa organização entrega alguma coisa e recebe
alguma coisa como consequência dessa participação (podem existir casos
em que apenas se entregue ou apenas se receba). O que uma pessoa concreta
entrega é determinado pelo sistema produtivo-distributivo; o que recebe é
determinado pelo sistema de incentivos.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
V.2
IEFP · ISQ
O Factor Humano da Empresa
O primeiro é o conjunto de regras a que têm de sujeitar-se as acções dos
indivíduos para conseguir o resultado que se espera alcançar através da
organização. O segundo é o conjunto de regras através das quais o resultado
é distribuído pelos membros da organização. O esquema que aparece na
fig. V.2 mostra graficamente o acabamos de explicar.
Acções
PESSOAS
Sistema
Produtivo
Distributivo
Organização
Ambiente
Necessidades
Sistema de
Incentivos
Fig V.2 - Participação das pessoas numa Organização
Na figura V.2 vê-se claramente porque é que, em muitos casos, se tende a
definir a organização como um meio de acção dos indivíduos sobre o ambiente,
para conseguir resultados que não seriam alcançáveis sem esse esforço
conjunto que coordena a organização.
FORMAS DE ORGANIZAÇÃO E NÍVEIS MOTIVACIONAIS
Praticamente todas as pessoas estão de acordo em que um indivíduo trabalha
para satisfazer as suas necessidades ou apetências. O desacordo começa a
aparecer no momento em que se tenta concretizar quais são essas apetências.
M.S.01 Sb.03 Ut.05
Se perguntarmos a qualquer pessoa porque é que trabalha numa empresa, a
sua resposta será provavelmente: “para ganhar dinheiro”. É claro que se a
fizermos reflectir um pouco mais, é possível que lhe façamos descobrir que o
que nos disse é verdade, mas não é toda a verdade.
Dar-se-á conta em seguida de que existem muitas outras coisas que a movem
a realizar o trabalho concreto que está a realizar, em vez dum outro diferente
que também poderia ter oportunidade de desempenhar. Provavelmente se
nos oferecessem um trabalho diferente do que agora temos, e no qual
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
V.3
IEFP · ISQ
O Factor Humano da Empresa
pudéssemos ganhar um pouco mais de dinheiro, muitos de nós não trocaríamos.
Talvez, em bastantes ocasiões, o único argumento para não mudar fosse: “mais
vale o mau conhecido que o bom por conhecer”, mas até uma argumentação
tão pouco sólida como esta já poria em relevo que não é só a remuneração que
nos mantém no nosso actual posto de trabalho.
Estas verdades tão triviais, tão de senso comum, não são nada fáceis de ter
em conta quando se teoriza, e por isso não é de estranhar que, ao longo de
muitos anos, se tenha prescindido delas ao formular teorias sobre o trabalho
humano na empresa.
Vamos realizar uma breve passagem pelas diferentes teorias existentes a
respeito deste tema.
Os modelos mecanicistas
Os primeiros cientistas que abordaram a análise do que as empresas devem
fazer, tenderam a pôr de lado a questão de como conseguir que as pessoas
estivessem motivadas para realizar o trabalho que as empresas lhes pediam;
quer dizer, tenderam a prescindir, nas suas análises, da questão de saber
quais as razões que levariam uma pessoa a decidir cooperar com uma
empresa em vez de decidir não o fazer.
Pareciam dar por assente que esta questão era tão trivial que não valia a
pena analisá-la explicitamente. A sua posição era parecida com a da
personagem da velha piada que, quando alguém lhe disse: “Realmente você
fez-me um grande favor, e não sei como agradecer”, lhe respondeu sem
hesitar: “Meu caro senhor, desde que os Fenícios inventaram o dinheiro,
ninguém inteligente tem dessas dúvidas sobre como; as dúvidas são sobre
quanto, e isso é muito mais fácil de negociar”. Temos assim um grande número
de trabalhos técnicos acerca das empresas e do seu funcionamento, que
procuram dar resposta às seguintes questões:
• Como definir o que cada um deve fazer na empresa para que esta
funcione o mais correctamente possível.
• Como conseguir que cada pessoa saiba exactamente o que se espera
que ela faça, garantindo, além disso, que seja capaz de o fazer.
• Como conseguir que cada pessoa queira efectivamente fazer o que se
M.S.01 Sb.03 Ut.05
lhe pede, partindo sempre do pressuposto que uma pessoa concreta
estará ou não disposta a fazê-lo, dependendo unicamente das coisas
que se lhe ofereçam em troca.
Dentro do modelo mecanicista da empresa, o problema da motivação das
pessoas é visto como o que se deve dar a uma pessoa (e quanto) para que se
decida a fazer um trabalho que a empresa lhe pede. É um problema sobre
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
V.4
IEFP · ISQ
O Factor Humano da Empresa
quais devem ser os incentivos e a sua quantia. Como dissemos já, no início o
problema trivializou-se: pensava-se, mais ou menos, que em termos práticos
o dinheiro é um motivador universal e que, portanto, o único tema que merecia
ser estudado a fundo e com um certo pormenor era quanto valeria a pena
pagar em troca de um determinado trabalho.
Surgem assim numerosos estudos sobre incentivos (entendidos unicamente
como retribuição) e sobre o modo de relacionar essa quantia com a produção
(trabalho requerido). Em seguida foi evidente que, em termos práticos, estes
elementos não bastavam para conseguir motivar as pessoas a alcançar os
níveis de produção que a empresa desejava.
Uma das anomalias que mais rapidamente atraíram a atenção dos
investigadores foi muitos trabalhadores renunciarem, e com não rara
frequência, a alcançar níveis mais elevados de retribuição, limitando-se a
produzir até certo ponto e não passando além dele, embora essas autolimitações da quantidade produzida os impedissem de atingir toda uma série
de incentivos económicos que teriam podido alcançar no caso de produzirem
mais.
A análise de todos estes fenómenos, e de muitos outros similares, está a
converter em certeza científica o facto de que, na prática, não se pode
prescindir na empresa de uma realidade que já conhecíamos bem pelo senso
comum: que o dinheiro não é um motivador universal, que as pessoas
procuram outras coisas, e que, pelo menos, é necessário aceitar que a tentativa
de as convencer a sacrificarem essas coisas a troco de dinheiro sairá tão
cara que de nenhum modo seria prático tentá-la.
Por este caminho iniciaram-se uma série de descobertas, desde a importância
das condições de trabalho até às atitudes dos chefes que o supervisionam,
passando pela influência do reconhecimento dos êxitos conseguidos pelo
trabalhador, etc.
Começa a compreender-se quando se focam os problemas com certo rigor
científico, uma concepção mais profunda do trabalhador e do trabalho na
empresa. Toma-se consciência da necessidade de ter em conta as dimensões
psicológicas de uma pessoa na altura de procurar que esteja motivada para
fazer o seu trabalho.
Nos estudos mais profundos a este respeito, em que se investigavam os
factores que influíam na produtividade e a sua relação com a satisfação e a
motivação dos trabalhadores, apareciam toda uma série factores influentes,
tanto na motivação como na satisfação que não eram devidos aos incentivos
- fossem de que tipo fossem - levados a cabo pela empresa.
M.S.01 Sb.03 Ut.05
O modelo mecanicista tem como paradigma as formas de gestão
implementadas por Frederic Taylor; Henry Fayor e Henry Ford.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
V.5
IEFP · ISQ
O Factor Humano da Empresa
Frederic Taylor (1856 – 1919)
Engenheiro americano, iniciou a sua actividade como operário. Publicou em
1911, o livro “Princípios da Gestão Científica”, onde explica os fundamentos
da sua teoria.
•
Racionalização do Trabalho
• Análise dos movimentos e operações de trabalho
• Exame crítico
• Decomposição dos movimentos
• Aplicação
• Sistemas de salários progressivos
• Organização da empresa
• 1º nível de chefia liberto do trabalho administrativo
• Dependência funcional múltipla
Podemos caracterizar ainda este sistema por:
• Gestão centralizada
• Hierarquia rígida
• Predomínio do trabalho sobre a pessoa
• Baixo poder reivindicativo dos trabalhadores
• Procura superior à oferta
• Predomínio da quantidade sobre a qualidade
• Distinção – pensantes / executantes
Henry Fayol (1841 – 1925)
Engenheiro francês, publicou em 1916, o seu livro “Administração Industrial e
Geral”.
Definiu as 5 funções essenciais da empresa subordinando-as à função
administrativa.
Essas funções são:
M.S.01 Sb.03 Ut.05
• Técnicas
• Comerciais
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
V.6
IEFP · ISQ
O Factor Humano da Empresa
• Financeiras
• Segurança
• Contabilidade
A função administrativa implica as acções de:
• Planear
• Organizar
• Comandar
• Coordenar
• Controlar
Henry Ford (1863 – 1947)
Fundador da Ford Motor Company, tinha como doutrina:
• Produção em massa
• Especialização dos operários
• Salários elevados
• Hierarquia e organização quase inexistentes
Os modelos psicossociológicos
Face à concepção mecanicista a que nos temos vindo a referir, aparece uma
concepção psicossociológica. A empresa tende a ser contemplada como um
organismo social, em que as pessoas participam para conseguir não só uns
incentivos que a empresa lhes oferece, mas também para satisfazerem outras
necessidades. Além disso, tem-se em conta que a satisfação de algumas
delas vai depender das interacções concretas com outras pessoas no seio
da própria empresa.
M.S.01 Sb.03 Ut.05
Em última análise, a motivação duma pessoa para desempenhar um trabalho
deixa de ser atribuída aos incentivos oferecidos pela empresa, como se estes
fossem a sua única causa. É certo que estes incentivos provocam uma certa
motivação, mas é igualmente certo que, ao realizar-se nesse trabalho, uma
pessoa pode encontrar outros factores que contribuam para determinar a sua
motivação para o desempenhar.
No fundo, e em termos práticos, abandona-se a concepção simplista própria
do mecanicismo, em que o problema de motivar uma pessoa se reduzia a
encontrar os incentivos (económicos ou extra-económicos) que era necessário
oferecer-lhe como estímulo para realizar o seu trabalho, para adoptar outra
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
V.7
IEFP · ISQ
O Factor Humano da Empresa
concepção em que se reconhece que conseguir que uma pessoa esteja motivada
depende de factores muito mais complexos que a oferta de incentivos. Alguns
desses factores foram identificados como resultantes das interacções sociais
que o próprio trabalho fazia surgir.
Esta maturidade na tomada de consciência na necessidade de investigar
profundamente sobre o ser humano, e sobre o que move a actuar, com o fim
de elaborar uma teoria autêntica – uma teoria capaz de melhorar a acção
prática nas empresas - , orientou uma multiplicidade de investigações.
A concepção de fundo já não é mecanicista, mas antes a que denominámos
de psicossociológica. Todas elas são investigações que estudam a empresa
como um organismo social, no qual se produzem e distribuem, naturalmente,
bens económicos, mas cuja realidade completa não pode ser captada nem
entendida se observarem apenas os processos que têm lugar no plano
económico.
A Teoria de MASLOW
Pelo que respeitam ao nosso tema - a motivação das pessoas para trabalhar
na Empresa -, começam a ter-se em conta os trabalhos de alguns cientistas,
principalmente do campo da psicologia, que investigaram as motivações
humanas em geral, normalmente sem se referirem especificamente ao mundo
da empresa. Talvez o de maior influência tenha sido Abraham H. Maslow e a
sua obra “Motivation and Personality”1. De facto a teoria de Maslow consta
de duas partes:
1. Estabelece uma hierarquia das necessidades humanas
2. Postula um dinamismo pelo qual aparecem as motivações para
satisfazer aquelas necessidades.
Relativamente às necessidades, classifica-as em cinco tipos:
Fisiológicas: Alimento, descanso, protecção contra os elementos da natureza,
etc.
De Segurança: Protecção contra possíveis privações e perigos.
Sociais: Dar e receber afecto, sentir-se aceite pelos outros, etc.
Auto-estima: Respeito próprio (confiança em si mesmo, competência
profissional, conhecimentos, etc.) e estima das qualidades próprias por parte
dos outros.
M.S.01 Sb.03 Ut.05
Auto-realização: Conseguir o desenvolvimento e utilização de todas as
potencialidades que a pessoa tem.
Quanto ao dinamismo, através do qual surgem as motivações para satisfazer
essas necessidades, a teoria de Maslow postula que a motivação para
satisfazer uma necessidades de tipo superior só aparece e só é operativa
quando estão satisfeitas necessidades do tipo inferior. Assim, por exemplo,
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
V.8
IEFP · ISQ
O Factor Humano da Empresa
uma pessoa estará motivada para procurar a satisfação das suas necessidades
de segurança quando tiver razoavelmente satisfeitas as fisiológicas; do mesmo
modo, procurará satisfazer as necessidades de auto-realização quando tiver
satisfeitas as quatro anteriores, etc.
Na realidade, a teoria de Maslow constitui mais um quadro de ajuda à
observação (e à descrição do que se observa) do que uma teoria em sentido
estrito. Devido a isso, os tipos de necessidades que utiliza não são mais do
que uma série de categorias que classificam todo o conjunto de realidades
que parecem mover a acção humana.
Têm a vantagem de ser muito abertas, e nesse sentido ajudam a escapar às
simplificações fáceis que tendem a reduzir os motivos das acções humanas
à procura de objectivos demasiado estreitos (dinheiro, comodidade, admiração,
etc.); dada a sua riqueza descritiva, tendem a chamar a atenção para a
multiplicidade e riqueza de fins que os homens perseguem ao actuar.
No que se refere ao dinamismo postulado para explicar o aparecimento da
motivação que actua numa pessoa, o modelo Maslow é ainda débil. Está
claro que em muitos casos, as pessoas se movem para satisfazer
necessidades de tipo superior, com motivações tão fortes que as levam a
aceitar qualquer sacrifício para as satisfazer, em condições de quase absoluta
insatisfação de outras necessidades inferiores. Costuma acontecer
precisamente no caso das pessoas que todos admiramos, pessoas que
costumam chamar a atenção pela enorme qualidade humana que transparece
da sua actuação.
Em honra da verdade, deve dizer-se que Maslow estava muito consciente
das limitações da sua abordagem: sempre sustentou que a sua tentativa de
teoria era especialmente útil como um quadro para futuras investigações. Os
exageros na sua aplicação foram devidos a todos os que a simplificaram,
com o fim de darem um certo suporte às técnicas que procuravam desenvolver
com fins práticos imediatos.
A Teoria de Herzberg
A obra de Maslow move-se no âmbito geral da psicologia individual, sem
referência específica à empresa. Nos finais dos anos 50 e durante os anos
60, Frederick Herzberg realizou as suas investigações e formulou a sua teoria
(chamada frequentemente “higiene-motivação”) acerca dos motivos que
influem no trabalho das pessoas nas empresas.
M.S.01 Sb.03 Ut.05
Em muitos aspectos, a teoria de Maslow já que propõe dois tipos de factores
influentes na motivação: os factores de higiene e os factores motivadores
propriamente ditos, incluindo neles os factores que afectam a satisfação das
necessidades de hierarquia inferior - os higiénicos - e os factores que afectam
as de hierarquia superior - os motivadores.
Assim, entre os factores de higiene, Herzberg inclui: salário, supervisão
técnica, condições de trabalho, regulamentações e modo de funcionar da
empresa, relações pessoais com os supervisores, etc.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
V.9
IEFP · ISQ
O Factor Humano da Empresa
Entre os factores motivadores aparecem elementos como: possibilidades de
sucesso pessoal, reconhecimento dos sucessos, natureza da própria tarefa,
responsabilidade, possibilidades de promoção, etc.
Os trabalhos de Elton Mayo
Procurou-se estudar os efeitos na motivação dos trabalhadores, e consequente
aumento de produtividade, quando estes eram levados a participar nas
decisões da vida da empresa.
O trabalho mais clássico deste tipo, o levado a cabo por Elton Mayo e Fritz
Roethlisberger na fábrica de Hathorne da Western Electric Company (ao longo
duma série de anos nos finais da década de 20 e no princípio da de 30), teve
quatro fases diferentes. Os investigadores começaram por se centrar quase
exclusivamente no tema da produtividade dos trabalhadores; mais adiante
impôs-se-lhe a necessidade de analisar a sua motivação. Chegaram, assim,
à conclusão de que a produtividade, a satisfação e a motivação estavam
estritamente relacionadas entre si, que era preciso contemplá-las
conjuntamente, mas que as suas relações estavam longe de ser fáceis de
compreender e de explicar 1.
Para o nosso propósito é importante realçar que, no que se refere à motivação,
as experiências de Hawthorne deixaram bem claro que havia estímulos, que
afectavam bastante a satisfação dos trabalhadores e a sua motivação para
trabalhar, que não provinham da própria empresa, quer dizer que não eram
parte dos incentivos que a empresa manejava.
Esses estímulos têm origem na situação social que se cria por ocasião das
actividades requeridas para o desempenho do próprio trabalho. Surgem em
consequência das interacções dos trabalhadores entre si mesmos, sem que
a empresa possa «controlar, senão muito limitadamente, esses factores
motivadores. Essa «falta de possibilidades de controlo» manifesta-se
inicialmente nos casos, por sua vez muito frequentes, em que os citados
estímulos sociais motivam os trabalhadores em sentido contrário ao tentado
pela empresa (através dos incentivos que ela directamente administra. É o
que acontece, por exemplo, quando numa fábrica há grupos de operários que
têm normas fixando o nível de produção aceitável para os membros do grupo,
exercendo represálias dos tipos mais variados quando alguns dos operários
excede esse nível de produção.
Os modelos antropológicos
M.S.01 Sb.03 Ut.05
Segundo as ideias de McGregor, a motivação é produzida pela procura de
consequências extrínsecas à acção do indivíduo (incentivos que “alguma outra
pessoa” atribuía a acção), ou pela procura de consequências intrínsecas à
acção (isto é, derivadas da própria realização dessa acção).
Pode-se conceber a acção humana como um processo de interacção (acçãoreacção) com um ambiente que, geralmente, também será humano, isto é,
formado por uma ou outras pessoas. O esquema mínimo para conceptualizar
essa interacção é o indicado na figura V.3.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
V . 10
IEFP · ISQ
O Factor Humano da Empresa
Agente activo
Agente reactivo
Fig. V.3 -
Há três tipos de motivação para a acção pessoal:
Motivação extrínseca: Aspectos da realidade que determinam a obtenção de
satisfações que se produzem pelas interacções.
Motivação intrínseca: Aspectos da realidade que determinam a obtenção de
aprendizagens por quem decide.
Motivação transcendente: Aspectos da realidade que determinam a obtenção
de aprendizagens das outras pessoas com quem se interage.
É evidente que a obtenção da própria aprendizagem é um poderoso motivo
impulsionador das acções humanas. Pode, contudo, ser um tanto estranha a
inclusão da aprendizagem de outras pessoas como possível motivo
impulsionador da acção.
É claro que não nos faltam experiências da presença desses motivos na
acção humana. Não é raro o caso de pessoas que dedicam, generosamente,
os seus esforços a ajudar outras. Inclusivamente, para um observador sagaz,
não é difícil encontrar, na base da maioria das decisões humanas, rastos da
presença desse tipo de motivação a que chamamos transcendentes.
Provavelmente, o egoísmo puro é tão raro como o altruísmo puro. Algum
obscuro instinto nos fez ver, acertadamente, a impossibilidade de relações
estáveis entre os seres humanos se se prescindir totalmente das
consequências que as acções próprias têm para as outras pessoas.
M.S.01 Sb.03 Ut.05
Nas empresas, é amplamente reconhecida a importância prática da existência
de um certo grau de motivações transcendentes em todos aqueles que tomam
decisões. Se tomarmos, por exemplo, o caso de um bom vendedor, verificamos
que, ao realizar uma qualquer venda, estará, talvez, a procurar ganhar algum
dinheiro (motivação extrínseca)e, provavelmente, a procurar também uma
nova oportunidade para continuar a aprender e a afirmar os seus dotes
profissionais (motivação intrínseca). Mas, se é um bom vendedor, também
pensará no serviço ao cliente, em que está ajudando a resolver um problema
que esse cliente tem (motivação transcendente).
É sabido que a pior coisa que pode acontecer a uma equipa de vendedores
com qualidade é perderem a confiança no produto que vendem, chegarem a
pensar que esse produto não é adequado e que, no fundo, o cliente faria
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
V . 11
IEFP · ISQ
O Factor Humano da Empresa
melhor se fosse comprar um produto concorrente. Costuma de falar-se então
de problemas de moral na equipa de vendas, de falta de motivação e de
coisas semelhantes. Grande parte dessa frustração, contudo, não é mais do
que a insatisfação devida à falta de obtenção de motivos a que chamámos
transcendentes. Sabermos que aquilo que fazemos é útil - que é algo que os
outros podem apreciar e que, de certo modo, lhes é necessário - constitui um
factor motivador nada desprezível. Todos esses impulsos têm origem nos
motivos transcendentes.
Os tipos de necessidades
Encontramos, pois, três tipos de resultados indissoluvelmente ligados a uma
acção: extrínsecos, intrínsecos e transcendentes. O impulso motivador de
uma pessoa reage em maior ou menor medida, dependendo da qualidade
motivacional dessa pessoa, perante cada um deles.
Esses três tipos de resultados - esses três componentes do valor de uma
acção - apontam para a satisfação de diferentes tipos de necessidades do
ser humano: materiais, cognitivas e afectivas. Vamos descrevê-las
sucintamente:
Necessidades materiais: São todas aquelas que se satisfazem partindo de
fora do sujeito, através da interacção dos sentidos com o mundo físico que
nos rodeia. Significam, em última análise, a posse de coisas ou a possibilidade
de estabelecer relações sensíveis com coisas. A satisfação destas
necessidades está ligada àquilo a que normalmente damos o nome de
sensações de prazer (e à sua insatisfação, sensações de dor).
Necessidades cognitivas: São aquelas que estão ligadas às capacidades
que as pessoas têm de fazer coisas, de conseguir o que querem. Satisfazemse na medida em que a pessoa se vai sentindo capaz de controlar a realidade
que a rodeia, se vai sentindo capaz de realizar mais coisas. Essa satisfação
depende, portanto, da medida em que, através de aprendizagem oportuna,
uma pessoa desenvolve aquilo a que chamaremos o seu conhecimento
operativo, quer dizer, o conjunto das suas aptidões para manejar o que a
rodeia. a sensação de poder, e, em certa medida, a sensação de segurança
correspondem a estados psicológicos que dependem da satisfação destas
necessidades.
M.S.01 Sb.03 Ut.05
Necessidades Afectivas: São as ligadas à obtenção de relações adequadas
com outras pessoas, à certeza de que não somos indiferentes para os outros,
de que nos estimam como pessoas, de que nos apreciam tal como somos,
por sermos quem somos (e não por termos estas ou aquelas qualidades ou
porque lhes somos úteis.
Os conflitos motivacionais: Na altura de tomar uma decisão, o ser humano
depara muitas vezes com o que se denomina conflito motivacional, ou seja,
há acções que lhe são mais atractivas doutro ponto de vista. Destes conflitos
os mais importantes são os chamados conflitos intermotivacionais. Neste tipo
de conflitos acontece que uma acção é muito atractiva, por exemplo, pelos
motivos extrínsecos, enquanto outra acção é muito atractiva por outros motivos,
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
V . 12
IEFP · ISQ
O Factor Humano da Empresa
e a pessoa tem de escolher uma destas acções. Desde o garoto que está a
pensar se há-de ir brincar e dar um desgosto à mãe que espera que ele fique
em casa a estudar, até ao vendedor que está indeciso em fechar um negócio
lucrativo porque no fundo sabe que está a enganar o cliente, poderíamos
ilustrar de mil modos este conflito.
Pois bem, a resolução dos conflitos intermotivacionais é que vai configurando
a qualidade motivacional duma pessoa. Isto é, se uma pessoa não dá valor
aos motivos transcendentes quando toma decisões, cada vez lhe irá sendo
mais difícil tê-los em conta. Dito de outro modo: o seu impulso espontâneo
será cada vez menos sensível a este tipo de motivações.
A ÉTICA NA EMPRESA
A missão dos negociantes é fazer negócio, e mais nada.
Isto pautou a actividade dos gestores e empresários durante muitos anos.
As teses economicistas, em que valia tudo desde que se conseguisse lucros,
fizeram lei neste século.
A ética, as pessoas e os valores sociais eram normalmente delegados para
segundo plano.
A partir da década de 80, gerou-se um movimento com origem nos Estados
Unidos no sentido de humanizar as empresas. Este movimento teve origem
em denúncias de situações de abuso do poder ocorridas nalgumas empresas.
Existem hoje, e não param de se multiplicar, inúmeros grupos de defesa das
minorias que pressionam no sentido de as empresas interiorizarem os
conceitos de ética nas suas relações.
A empresa passou a ser vista, sobretudo nos países anglo saxónicos, como
um centro de relações – com empregados, clientes, fornecedores, comunidade
local, estado e meio ambiente – cujos direitos e interesse não devem ser
ignorados.
Todo este movimento foi acompanhado pela introdução nos curriculos das
escolas de negócios, de uma nova disciplina - a ética.
Por outro lado, cada vez há mais empresas a criarem os seus códigos de
ética.
M.S.01 Sb.03 Ut.05
Costuma-se considerar quatro áreas de relacionamento nas empresas, em
que os conceitos de ética são importantes:
• Relações da empresa com os seus trabalhadores
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
V . 13
IEFP · ISQ
O Factor Humano da Empresa
É a forma como por exemplo, a empresa reage às crises económicas,
nomeadamente quais os efeitos que elas provocam no número de
despedimentos.
•
Relação da empresa com os seus clientes, nomeadamente nas suas
políticas de preços e de marketing.
Devem as empresas multinacionais vender nos países subdesenvolvidos
produtos proibidos nos países desenvolvidos ? Devem investir em Países
com governos corruptos, e que violam os direitos humanos ?
•
Relações das empresas com os concorrentes engloba a prática de
oligopólios, na fixação de preços, e abuso do poder perante os clientes,
ou fornecedores.
•
Relações da empresa com o meio envolvente
M.S.01 Sb.03 Ut.05
Surge aqui o conceito de responsabilidade social da empresa, ou seja, a
forma como a empresa gere o impacto da sua actividade sobre o meio
ambiente, participa no fomento e patrocínio de actividades culturais e
humanitárias para proveito da comunidade
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
V . 14
IEFP · ISQ
O Factor Humano da Empresa
RESUMO
A organização real das empresas é composta pela organização formal e
informal.
As pessoas relacionam-se com a empresa através de um sistema produtivo,
distributivo, e do sistema de incentivos.
Os modelos mecanicistas, apoiam-se na motivação extrínseca.
Os modelos psicossociológicos apoiam-se na motivação intrínseca.
Os modelos antropológicos vão buscar as suas raízes à motivação
transcendente.
M.S.01 Sb.03 Ut.05
A partir da década de 80 a ética passou a ser tida em consideração nas
empresa, nas suas relações com os trabalhadores, com os clientes com os
concorrentes e com o meio ambiente.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
V . 15
IEFP · ISQ
O Factor Humano da Empresa
ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO
1. Defina as características do modelo de organização mecanicista
2. Indique algumas figuras que caracterizaram a aplicação desse modelo
3. Identifique algumas razões que levaram à contestação do modelo Taylorista
4. Caracterize o modelo psicossociológico
M.S.01 Sb.03 Ut.05
5. Refira as áreas de relacionamento das empresas onde a aplicação dos
conceitos são importantes.
Componente Prática
Guia do Formando
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
V . 16
IEFP · ISQ
Bibliografia
BIBLIOGRAFIA
"Automação Industrial" - Vol II - Edições Técnicas do ISQ - Instituto de Soldadura
e Qualidade - 1993
BRADBURY, Samuel "Powder Mettalurgy Equipment Manual", Metal Powder
Industries Federation, 1986
BROWN, G.T., P.K. Jones, "Experimental and Practical Aspects of the Powder
Forging Process", International Journal of Powder Metallurgy, 1976
"Compendium on Metal Injection Molding" I, II, Metal Powder Industries
Federation, 1987, 1989
DOWSON, G. Adam Hilger, Powder Metallurgy, "The Process and its
Products", 1990
GEDARMO, Black and Kohser, Materials and Processing in Manufacturing - Maxwell MacMilan Editions
GERMAN, Randal "Powder Injection Molding", Metal Powder Industries
Federation, 1990
GOETZEL, C.G., "Treatise on Powder Metallurgy", The Colonial Press Inc.,
1949
GONZALEZ, Juan, O Controlo Numérico e a Programação Manual de
Máquinas - Ferramentas - Urmo, S.A. Ediciones
HAUSNER, H.H. "Handbook of Powder Metallurgy", Chemical Publishing
Co.Inc., 1973
HEARLEY, M., Principles of Automatic Control - 3ª edição - Ed. Hodden and
Stugton, 1975
HEINE, R e; C.R. Lopes Jr; P.C. Rosenthal - "Principles of Metal Casting",
McGraw-Hill
HIRSCHORN,J.S. "Introduction to Powder Metallurgy", The Colonial Press,
Inc., 1969
INOYAI, K., K. Gotoh e K. Higashitani, "Powder Metallurgy Handbook", Marcel
Decker Inc., 1991
M.S.01 Sb.03 An.01
KALPAKJIAN, Serope "Manufacturing Processes for Engineering Materials",
Addison - Welsley Publishing Company, 1984
KIEFFER, R. e W. Hotp, "Fer et Aciers Frittés", Dunod, 1951
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
Guia do Formando
B.1
IEFP · ISQ
Bibliografia
KONINCK, J. e D. Gutter, "Manual do Ferramenteiro", Editora Mestre Jou, 1971
KOREN, Yoram, Computer Control of Manufacturing Systems - McGraw Hill
International
KUHN, H. e B. Ferguson, "Powder Forging" , Metal Powder Industries
Federation, 1990
LANGE, Kurt, "Handbook of Metal Forging", McGraw-Hill, 1985
LANGE, Kurt and Helmut Stenger, "Extrusion - Processes, Machinery, Tooling",
American Society for Metals, 1981
"Metals Handbook", V.5, 8ª ed., 1970
"Metals Handbook", Vol 5, Forming, American Society for Metals, 1982
"Metals Handbook", Vol. 7, Powder Metallurgy, ASM International, 1984
NIEBEL, B.W.; A.B. Draper; R.A. Wysk - "Modern Manufacturing Process
Engineering"
"Powder Metallurgy Design Manual", Metal Powder Industries Federation, 1989
RENNACK, E.H. "Strenghtening Effect of Copper On Infiltrated Sintered Iron
Parts - Progress in Powder Metallurgy", Metal Powder Industries Federation,
1961
RODRIGUES, Jorge M.C. "Forjamento - Processos Avançados de
Enformação", Curso de Produção Mecânica FSE
RODRIGUES, Jorge M.C. e Rui M.S.O. Baptista, "Máquinas Ferramentas 1ª Parte", Curso de produção Mecânica FSE
SANTOS, J.F. Oliveira; L. Quintino; R.M.Miranda - "Processamento de
Materiais por Feixe de Electrões Laser e Jacto de Água" - Edições Técnicas
do ISQ - Instituto de Soldadura e Qualidade
SCHEY, John A. "Introduction to Manufacturing Processes", MacGraw-Hill,
1987
WAKIL, Sherif "Processes and Design for Manufacturing", Prentice-Hall
International, 1989
M.S.01 Sb.03 An.01
WILFRIED, Konig, "Fertgungsverfahren Band 4, Massivumformung", VDI
Verlag, 1983
A Empr
esa: Noções de Gestão
Empresa:
Guia do Formando
B.2
Download