ID: 41489192 27-04-2012 Tiragem: 17000 Pág: 32 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 22,30 x 32,18 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 4 DIOGO SERRAS LOPES, DIRETOR DE INVESTIMENTOS DO BANCO BEST, AFIRMA “É muito difícil que não um novo pacote de finan Portugal poderá não conseguir evitar um segundo financiamento da “troika”, de acordo com o diretor de investimento do Banco Best, Diogo Serras Lopes. “É muito difícil encontrar um cenário para Portugal em que não seja necessário um novo pacote de financiamento. O impacto negativo das medidas de corte de despesa na economia está claramente a ser superior ao esperado (basta ver a taxa de desemprego, por exemplo) e, como tal, a redução dos níveis de dívida pública deverá demorar mais tempo do que o previsto no atual programa de assistência”, avisa Serras Lopes, em entrevista à “Vida Económica”. “Qualquer carteira de investimento deve ser composta por diversas classes de ativos e com um horizonte de investimento de longo prazo”, avisa o diretor de investimentos do Banco Best. AQUILES PINTO [email protected] Vida Económica – O investidor português parece-lhe estar mais conservador nos investimentos do que no passado? Diogo Serras Lopes – É visível um maior interesse em produtos de taxa de juro, como depósitos a prazo e obrigações, o que é explicado pela necessidade de parte da banca em reduzir o seu rácio de transformação (crédito/depósitos), levando a uma subida significativa das taxas de juro oferecidas nos depósitos a prazo. Por outro lado, os receios face ao aumento da dívida pública portuguesa fizeram também com que os juros oferecidos no mercado obrigacionista atingissem níveis mais altos. De uma forma geral, o investidor português tem um perfil mais conservador do que a média europeia, bem como um nível de literacia financeira mais baixo e não creio que essas características se tenham alterado de forma significativa. VE – Que influência terá nos mercados a esperada recessão na Europa e o fraco crescimento nos Estados Unidos? DSL – Creio que, nesta fase, depois das correções a que assistimos nestas semanas, o mercado já desconta um cenário de recessão moderada na Europa e um nível de crescimento fraco nos EUA. A materialização desse cenário não deverá ter, assim, uma influência significativa. VE – O que aconselha aos investidores em termos de decisões, tendo em conta a pouca capacidade de decisão dos líderes europeus? DSL – O futuro da União Europeia e da Zona Euro continua a ser, efetivamente, o grande tema em cima da mesa. As medidas ex- traordinárias do BCE no final do ano passado deram algum alívio de curto prazo, mas não resolveram nenhum dos desequilíbrios fundamentais da Zona Euro. E os passos dados entretanto, nomeadamente o pacto orçamental, vão em grande parte no sentido contrário do que deviam ir, ou seja, a aplicação de uma mesma regra a todos os países é o contrário de uma necessária maior coordenação económica. Creio que, à medida que se for tornando claro que a receita atual é contraproducente, através de um pior comportamento das diversas economias, será mais fácil aos países da Zona Euro encontrar uma solução que efetivamente reforce o conceito de solidariedade europeia, sem a qual a União terá pouco futuro. Os investidores devem, acima de tudo, manter-se bem diversificados, não estando expostos apenas a um país, uma classe de ativos, uma moeda ou um cenário de mercado. ID: 41489192 27-04-2012 Tiragem: 17000 Pág: 33 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 17,48 x 31,45 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 2 de 4 seja necessário ciamento” Nova imagem alinhada com posicionamento O Best operou uma mudança de imagem. Segundo Diogo Serras Lopes, o processo de “rebranding” veio permitir alinhar a imagem que o banco tinha desde a fundação, em 2001, ao posicionamento que, de facto, tem em 2012. “Hoje, o Best é um banco universal, sólido e inovador, com ambição mundial, o que está bem patente na sua assinatura ‘Personal Investments Worldwide’”, explica à “Vida Económica” o diretor de investimento do banco. A renovação da imagem vai ser comunicada pelo Banco Best através de uma campanha nos meios de comunicação social, que vai, de acordo com o entrevistado, permitir aumentar a notoriedade do banco, aumentado o número de clientes e reforçando o envolvimento financeiro dos atuais. “A campanha assenta sobre o tema ‘UP’ que relaciona o UPscale da imagem e o UPgrade da VE – Neste cenário, fundos e obrigações são mais aconselháveis do que ações? DSL – Qualquer carteira de investimento deve ser composta por diversas classes de ativos e com um horizonte de investimento de longo prazo, dependendo a percentagem do objetivo e perfil de risco considerado. Num cenário de redução de risco, ações tenderão a ter uma performance muito superior a obrigações, e considero ser esse o cenário mais provável. Agora, como disse anteriormente, penso também que os próximos meses se deverão manter consideravelmente voláteis em termos de comportamento dos mercados financeiros. VE – Em relação a Portugal, apostaria mais na versão internacional de que vai ser necessário novo acordo com a “troika” ou na versão do Governo de que as coisas estão a correr como planeado? DSL – É muito difícil encontrar um cenário para Portugal em que não seja necessário um novo pacote de financiamento. O impacto negativo das medidas de corte de despesa na economia está claramente a ser superior ao esperado (basta ver a taxa de desemprego, por exemplo) e, como tal, a redução dos níveis de dívida pública deverá demorar mais tempo do que o previsto no atual programa de assistência. As declarações governamentais inserem-se, em minha opinião, mais numa estratégia política de manter a pressão para que as reformas oferta com a exclusividade dos clientes, incluindo um sorteio de uma viagem ao Dubai e um depósito a prazo com condições especiais”, explica Serras Lopes. (Veja mais sobre o tema na página 34). pretendidas avancem do que numa análise objetiva da realidade atual, que estará também dependente da conjuntura internacional. “Ano de crescimento para o Best” VE – Quando poderá o país voltar aos mercados? DSL – 2011 foi um ano de crescimento significativo para o Banco Best, quer em termos de número de clientes, quer no respetivo envolvimento em produtos de investimento, facto que se consubstanciou no reforço da liderança na distribuição de fundos de investimento estrangeiros, com 30,4% de quota de mercado, e na liderança na transação de derivados online, com 26% de quota de mercados em 2011. O facto de termos uma oferta muito completa e diversificada em termos de classes de ativos, setores, moedas e geografias permite aos nossos clientes encontrarem sempre as soluções mais adequadas ao seu perfil e objetivo de investimento, evitando assim que fossemos afetados de forma significativa pela conjuntura sentida pela restante banca nacional. DSL – Creio que não passa de um exercício de futurologia apontar uma data precisa. O regresso de Portugal aos mercados de dívida depende também muito da evolução da resposta europeia a esta crise. Com os dados atuais, parece cada vez mais difícil o regresso na data prevista inicialmente (setembro 2013). De qualquer forma, penso também que o apoio internacional a Portugal, isto é, a concessão de um segundo pacote de ajuda, quando for necessário, não deverá ser algo difícil de obter caso sejamos capazes de cumprir o memorando de entendimento. VE – A banca portuguesa está preparada para cenários mais drásticos, como afiançado nas apresentações de resultados? DSL – A banca portuguesa tem sabido responder de forma clara aos desafios colocados pela situação nacional e internacional. Para além dos reforços de capital já anunciados, existe, para os bancos que não consigam reforçar capital através de meios privados, uma linha específica no plano de assistência internacional. Os níveis adequados de capitalização, e os respetivos planos para a sua concretização, foram, aliás, já entregues às autoridades regulatórias. VE – Como foi 2011 para o Banco Best? VE – Quais as perspetivas globais para 2012? DSL – Esperamos mais um ano de crescimento, embora seja expectável que os mercados financeiros se mantenham voláteis durante 2012. O contexto reforça a importância da diversificação e de uma alocação de ativos ajustada a cada perfil, situação na qual pensamos que a abrangência da nossa oferta e independência, dada a lógica de arquitetura aberta, se tornam particularmente relevantes. ID: 41489192 27-04-2012 Mercados 32 É muito difícil que não seja necessário novo pacote de financiamento Tiragem: 17000 Pág: 2 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 4,57 x 5,78 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 3 de 4 ID: 41489192 27-04-2012 Tiragem: 17000 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 8,50 x 2,89 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 4 de 4 DIOGO SERRAS LOPES “É muito difícil não ser necessário novo pacote de ajuda” Págs. 32 e 33