Formação de professores na capital mato-grossense

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Formação de professores na capital mato-grossense: primeiros
movimentos
Bruna Camila Both
Unesp, Rio Claro/SP
[email protected]
Ivete Maria Baraldi
Unesp, Bauru/SP
[email protected]
Comunicação Oral
Pesquisa finalizada
Resumo
Neste artigo apresentamos um recorte da nossa pesquisa de mestrado, na qual
abordamos a formação de professores de Matemática em Cuiabá entre as décadas
de 1960-1980. O recorte aqui disposto tem por objetivo retratar duas oportunidades
observadas de formação que os professores de Matemática tinham antes de ser
disponibilizada uma formação em nível superior no estado, sendo elas: a Escola
Normal e a Campanha de Aperfeiçoamento do Ensino Secundário (Cades). Para a
constituição da pesquisa, como metodologia, nos valemos da História Oral, que por
meio de narrativas e de fontes escritas permitiu a elaboração deste.
Palavras-chave: Cuiabá; Escola Normal; Campanha de Aperfeiçoamento e Difusão
do Ensino Secundário.
Introdução
A formação de professores em Cuiabá foi um processo tardio, tendo iniciado
em torno de meados do século XIX, com o estabelecimento da Escola Normal na
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cidade. Desde então, caminhou a passos lentos, aparecendo uma Campanha para
formar professores apenas na década de 1960.
Ainda são poucas as pesquisas que enfocam essa vertente da formação de
professores em Cuiabá, dentre estas a maioria direcionam-se à Escola Normal e seu
funcionamento. Assim, a nossa dissertação, Both (2014), vem somar as que tratam
desta temática, enfocando, de modo especial, a formação matemática de
professores.
Nela apresentamos a nossa versão histórica para esse movimento e neste
artigo disponibilizamos um dos aspectos nela abordado, o movimento inicial para
essa formação.
Metodologia
Para desenvolvermos nossa pesquisa de mestrado e, consequentemente, o
artigo que aqui tratamos, nos valemos da metodologia da História Oral, com a qual
constituímos fontes por meio da realização de entrevistas com pessoas envolvidas
com o tema de estudo, narrativas historiográficas que, em conjunto com as fontes
escritas que conseguimos localizar, nos permitiram a constituição desta versão
histórica.
A metodologia da História Oral, não se pauta apenas em procedimentos,
embora se valha de alguns deles, mas é acima de tudo movimento, processo,
“entremeada por reflexões, sistematizações, aproveitamentos e abandonos: uma
antropofagia” (GARNICA, 2013, p. 35).
Dentre os procedimentos seguidos estão a realização de entrevistas, suas
transcrições (passagem literal do oral para o escrito) e as textualizações
(reorganização temporal ou temática da transcrição, nesse momento são supridos
alguns vícios de linguagem e acrescentadas notas de rodapé que possam “somar”
ao que está sendo dito); realizados essas etapas,
são assinadas as cartas de
cessão, que permitem ao pesquisador o uso deste material. Por fim é realizada a
análise de todo o produzido ou levantado, de modo a constituir as impressões do
pesquisador e da literatura acerca do estudado. Ainda, permitindo que se consolide
uma versão para a história que está sendo contada.
Resultados e Discussão
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Até meados da década de 1960, era muito frequente as moças, ao darem
continuidade aos seus estudos, cursarem a Escola Normal, se tornando, assim,
professoras.
A Escola Normal em Cuiabá teve seus primeiros movimentos para instalação
em 1838, quando foi enviado, de Cuiabá, um professor, Joaquim de Almeida
Louzada, para que se capacitasse em Niterói e retornasse à Cuiabá e assumisse a
Escola Normal que estava para ser criada. No entanto, sendo o estado muito
carente de profissionais com formação em todas as áreas, ao retornar, Joaquim
acabou por assumir uma secretaria e não a Escola como era o esperado. Apesar de
não contar com profissionais formados, instalou-se em 1840 iniciando seus trabalhos
dois anos mais tarde (AMORIM; FERREIRA, 2014).
Até o ano de 1910 a Escola foi fechada e reaberta por diversas vezes, sendo
a partir deste ano consolidada, de fato, com a chegada de dois professores,
Leowergildo de Mello e Gustavo Kuhlmann, formados em Escolas Normais de São
Paulo. Com a chegada deles adequou-se o modelo utilizado em São Paulo à
realidade cuiabana (SIMIÃO, 2006; XAVIER; SÁ, 2008; CAVALCANTE; OLIVEIRA,
2006).
A Escola Normal se manteve como a principal formadora de professores em
Cuiabá até 1960, pois embora devesse atender apenas aos professores do que hoje
chamamos de Ensino Fundamental I, acabava, pela falta de outras opções,
capacitando profissionais que atendiam aos diferentes níveis.
Nesse ano, instalou-se na capital a Campanha de Aperfeiçoamento e Difusão
do Ensino Secundário (Cades), a qual foi um importante meio para a difusão dos
ideais da época, principalmente relacionado “à formação de professores e uma
maneira dos docentes se aperfeiçoarem, discutirem e formalizarem sua prática, num
momento em que era raro em nosso país um lócus para tal exercício” (BARALDI;
GAERTNER, 2013, p.13, grifo das autoras).
Os cursos oferecidos pela Cades ocorriam no período de férias, normalmente
nos meses de janeiro e fevereiro; concluídas as aulas, os alunos realizavam uma
avaliação, o exame de suficiência, e, se aprovados, recebiam uma carteirinha, uma
autorização para que pudessem lecionar tanto para o Ginásio quanto para o
Secundário (Ensinos Fundamental II e Médio, respectivamente, nos dias de hoje).
A Cades atendia as diferentes áreas de ensino, entre elas Matemática. Em
Cuiabá era muito conceituada, tanto que uma das depoentes , entrevistada na
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referida pesquisa, nos conta que ao chegar formada em licenciatura na capital,
solicitaram a ela que a cursasse, para que assim estivesse apta a lecionar. Nessa
cidade se manteve em funcionamento até 1970, quando encerrou suas atividades.
Dentre os dados que conseguimos localizar foram essas as principais
responsáveis pela formação de professores em Cuiabá até 1966, ano em que se
instalou o Instituto de Ciências e Letras de Cuiabá, que passou a oferecer
licenciaturas.
Considerações finais
Assim, podemos dizer que a formação de professores em Mato Grosso, de
modo especial em sua capital, foi um processo tardio, tendo seu início apenas em
meados do século XIX, por meio da Escola Normal, porém ainda de modo incipiente.
Outra característica que podemos destacar é a da carência e urgência.
Carência, pois os professores, mesmo sem ter habilitação para as modalidades de
Ginásio e Secundário, quando formados pela Escola Normal, acabavam tendo que
nelas atuar. E a de urgência caracterizada pela implantação da Cades, uma
campanha para formar, suprimir a falta de professores, em locais em que a
formação superior ainda não havia chegado. Cabe destacar ainda que, embora
fosse emergencial, em Cuiabá ela se manteve por dez anos.
Aqui, mesmo que sucintamente, buscamos disponibilizar alguns aspectos que
pudemos levantar em nossa dissertação acerca dos primeiros movimentos para
formar professores na capital mato-grossense.
Referências
AMORIM, R. P de; FERREIRA, M. S. O Estado e o ensino normal em Mato Grosso
nos anos 1960. In: Congresso Luso Brasileiro da História da Educação. Colubhe, 10,
2014, Paraná. Anais... Curitiba – PR, 2014, p.1-15.
BARALDI, I. M.; GAERTNER, R. Textos e contextos: um esboço da CADES na
história da educação (matemática). Blumenau, SC: Edifurb, 2013.
BOTH, B. C. Sobre a formação de professores de matemática em Cuiabá – MT
(1960-1980). 2014. 402f. Dissertação (Mestrado em Educação Matemática) -
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Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, Rio
Claro, 2014.
CAVALCANTE, L. G.; OLIVEIRA, R. T. C. de. História e política: O Processo de
implantação da escola normal em Campo Grande. In: Seminário Internacional:
Fronteiras Étnico-Culturais e Fronteiras da Exclusão - Práticas Educativas Num
Contexto Intercultural (CD-ROM), 2, 2006, Mato Grosso do Sul. Anais... Campo
Grande - MS, 2006. p.1-16.
GARNICA, A. V. M. Cartografias contemporâneas: mapa e mapeamento como
metáforas para a pesquisa sobre a formação de professores de Matemática.
Alexandria- Revista de Educação em Ciências e Tecnologia. Florianópolis, v. 6, n.1,
p. 35 – 60, 2013.
SIMIÃO, R. A. V. O Processo de profissionalização docente em Mato Grosso (19301960). In: SÁ, N. P.; SIQUEIRA, E. M. (Org.). Coletânea Educação e Memória.
Cuiabá: EdUFMT, 2006, v.4.
XAVIER, A. P. da S.; SÁ, N. P. A Escola normal de Mato Grosso no século XIX.
Revista Série-Estudos - UCDB. Campo Grande, v.25, [s. n.] p. 123-132, jan./jun.
2008. Disponível em <www.serie-estudos.ucdb.br/index.php/serieestudos/article/view/245/216>. Acesso em: 22 mar. 14.
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