CULTURA DE CUIABÁ: PROVOCAÇÃO PARA APRENDIZAGENS SIGNIFICATIVAS EM EJA DAL’MASO, Eunice Maria1 - CEJA Grupo de Trabalho – Educação - Arte e Movimento Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo O presente texto relata uma experiência pedagógica cujo desafio era inserir às aulas de Arte conteúdos que pudessem ser agregados aos conhecimentos do censo comum arraigados no cotidiano social dos alunos. A partir da visitação a alguns monumentos históricos culturais onde pudemos explorar os conteúdos e contemplar o eixo principal do Complexo Temático a ser desenvolvido durante o trimestre intitulado “Cultura de Cuiabá”. Objetivando uma aprendizagem significativa que transcendesse os conhecimentos sociais que fazem parte da vivencia cultural como a culinária, a dança, a música, buscando atingir aspectos da cultura artística universal sem cair na repetição de “fazeres artísticos” desvinculados da realidade do aluno, respeitando assim a autonomia dos sujeitos jovens e adultos nos processos de aprender e de se apropriar do mundo, do fazer, do conhecer e do agir, como apregoa um dos princípios da Educação de Jovens e Adultos. Esta proposta pedagógica foi desenvolvida no CEJA – Centro de Educação de Jovens e Adultos Profº Antônio Cesário Neto, na cidade de Cuiabá/MT, no período noturno, em cinco turmas do Ensino Médio, modalidade EJA, durante o primeiro trimestre do ano de 2011. Os resultados foram positivos, pois se constatou por meio de relatos orais e escritos a descoberta da sua própria cidade com toda riqueza patrimonial e cultural nela contida e o aluno fazendo parte deste contexto sem o saber. A avaliação evidenciou que o aprendizado foi estimulante e repleto de significados e que o olhar pode ser transformado pelo conhecimento ampliando as formas de inserção no mundo e de visão deste mesmo mundo pela Arte. Palavras-chave: EJA. Ensino da Arte. Aprendizagem Introdução Por entender a arte como uma dimensão de conhecimento humano que não pode ser negado no âmbito escolar, que venho no decorrer da minha docência procurando opções didático-metodológicas para que se efetive uma aprendizagem realmente significativa para os 1 Mestre em Educação pela UFMT – Universidade Federal do Estado de Mato Grosso, Professora de Arte do CEJA - Centro de Educação de Jovens e Adultos Professor Antonio Cesário de Cuiabá/MT. E-mail: [email protected]. 26499 alunos, principalmente para os que estão em escolaridade defasada, como é o caso da modalidade de Educação de Jovens e Adultos, no ensino de Arte. Entendendo como processo para a aprendizagem significativa uma prática pedagógica que vá além de abordagens técnicas e descontextualizadas que o ensino da Arte não se deve atentar apenas para a formação escolar quanto ao processo criativo, mas ampliar a visão de mundo possibilitando a tomada de consciência do sujeito como parte integrante da cultura que está inserido e de outras também. Ensinar Arte, segundo Duarte (1995, p.11) significa ir “além da ciência e dos limites das estruturas da língua falada e escrita”. Para tanto, o aprendizado em Arte deve ser estimulante e repleto de significados para que o aprendizado seja agradável priviligiando a interação do aluno com cada conteúdo proposto, permitindo a vivência e a experimentação propiciando uma aprendizagem prazerosa. E, objetivando uma aprendizagem prazerosa que enfatizasse as formas plurais de cidadania e considerando que os processos pedagógicos inovadores, não estão centrados em como ensinar, mas como o aluno aprende e se apropria do saber mais significativo e duradouro possível, que o recurso metodológico para a socialização do conhecimento como verificação de aprendizagem, foi a roda de conversa. A roda, que pela sua forma circular simboliza a unidade, favoreceu um espaço seguro para a aprendizagem substituindo atitudes de competição por atitudes cooperativas, oportunizando a interação e a socialização do conhecimento. “A primeira formação do período étnico foi sem dúvida a organização circular, colocando-se homens e mulheres sem ordem pré-concebida até fechar a roda.” (OSSONA 1988, p. 44). Esta experiência pedagógica foi fundamentada dentro de uma concepção pós-moderna do ensino/aprendizagem em arte referendada nas orientações curriculares atuais que considera a arte em sua totalidade enquanto conhecimento, construção e expressão. Portanto, a arte como objeto de conhecimento significativo. Arte & EJA O ensino de jovens e adultos começou a delimitar seu lugar a partir da década de 30 e tornou-se o grande desafio para o poder público quanto à erradicação do analfabetismo no país. Desde então, essa modalidade foi inserida dentro das políticas educacionais com diversas denominações até chegar aos dias de hoje como Educação de Jovens e Adultos (EJA). 26500 Seu público, que em comum traz consigo as histórias de fracasso escolar e a idade defasada, se depara com dificuldades não só na aprendizagem como também no relacionamento com os colegas. De um lado, os adultos, que esperam encontrar a escola nos moldes antigos, fazendo observações e cobranças quanto às atitudes indisciplinares dos jovens e a postura do professor frente a estes comportamentos. Do outro lado, os jovens num ritmo acelerado e insatisfeitos com os poucos atrativos que a escola pode oferecer, tornando propícias as divergências com algumas situações antagônicas em sala de aula. Diante de uma constatação da realidade local, a partir de um diagnóstico que evidenciava algumas dificuldades como a não permanência dos alunos, a prática de um currículo fragmentado que não atendia às especificidades dos seus sujeitos (MATO GROSSO, 2012) e a fragmentação espacial por conta das diferentes modalidades ofertadas como os Exames Supletivos de Ensino Fundamental e Médio, Programa Integrado à Educação Profissional na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (Proeja) modalidades estas que não atendiam as necessidades dos sujeitos da EJA, que no ano de 2008 a Secretaria de Educação do Estado de Mato Grosso elabora uma proposta para confrontar e suplantar esses problemas diagnosticados. A partir dessas constatações e com base em discussões com os sujeitos envolvidos, cria-se os CEJAs – Centro de Educação de Jovens e Adultos. Os CEJAs – espaços de referencia para estudantes jovens e adultos foram aprovados pelo Decreto Estadual nº 1123 de 2008, Art.4º, em que admite a oferta do modo de atendimento Presencial por Área de Conhecimento e Fase ou Por Disciplina. Criados sob uma perspectiva dialógica, os CEJAs oferecem condições mais adequadas às exigências de atendimento aos estudantes da EJA. Sua estrutura apresenta várias formas de atendimento, favorecendo várias possibilidades de acompanhamento e intervenção pedagógica como atendimento individualizado em plantões de professores, oficinas pedagógicas e aulas culturais e com uma carga horária que atende de forma igualitária todas as disciplinas da área. Atualmente, o Estado possui vinte e quatro (24) Centros de Educação de Jovens e Adultos. Igualmente como a EJA, o Ensino da Arte passou por mudanças tanto em suas denominações como em suas metodologias herdadas pelas concepções pedagógicas que vigoraram no campo político/educacional do país; tradicional, tecnicista e escolanovista que ora priorizavam a cópia ora a técnica e/ou a expressividade. 26501 Entre as últimas nomenclaturas dadas ao ensino da Arte estão a Educação Artística que fazia parte da área de Comunicação e Expressão que se tornou obrigatória através da Lei 5692/71 e sob a denominação de Arte, fazendo parte da área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias após a promulgação da nova LDBEN 9.394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Após a promulgação da nova LDBN é criado os PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais, documento este incitando novas buscas por uma educação em Arte de qualidade e mais abrangente, tendo como referencia a Abordagem Triangular sistematizada por Ana Mae Barbosa. Se os novos tempos faz surgir um novo modelo de sociedade, novas formas de educação devem estar atreladas a esses novos tempos. Assim, nascida fora do espaço escolar nos idos dos anos 80 dentro do Museu de Arte Contemporânea de São Paulo – MAC - esta proposta metodológica defende um currículo interligando o fazer artístico, a história da Arte e a análise da obra de arte que pela articulação desses três eixos faz um entrelaçamento entre Arte e Educação promovendo o diálogo com a contemporaneidade, abrindo espaços a novas experiências pedagógicas visando a produção de novos saberes a partir da historicidade que articulam os diferentes momentos da prática social/política/econômica e artística de um determinado espaço geográfico, seja universal ou local. O conhecimento na roda A roda de conversa está formada e a curiosidade aliada ao nervosismo por parte dos alunos aumenta. Avaliação? Como uma avaliação em círculo? E o chiriri2 estava formado. Assim, dá-se o início de uma averiguação de aprendizagem trimestral, a partir de uma roda de conversa. Esta roda de conversa caracterizou-se pela disposição das carteiras em circulo em que os saberes de cada aluno foram se confirmando a cada participação individual. Dúvidas, certezas e curiosidades ao mesmo tempo foram jogadas na roda, e a cada participação a certeza do objetivo atingido: aprendizagem significativa. Porém, antes de continuar com esse relato retrocedemos ao período inicial das atividades do ano letivo para entendermos as razões deste texto e dos relatos a seguir. A estrutura curricular nos CEJAs é específica. Diferentemente do ensino regular que o ano letivo é constituído de quatro bimestres, nos Cejas são três trimestres sendo divididas as áreas do conhecimento em Linguagens, Humanas e Exatas para cada trimestre sendo que o 2 Expressão do linguajar cuiabano que significa pequeno, nesse caso, pequena conversa. 26502 aluno conclui por trimestre uma área e os conteúdos são determinados pela escolha do Complexo Temático. Durante o ano letivo são trabalhados três complexos temáticos e normalmente o primeiro trimestre é dedicado a Cultura para culminar com as comemorações do aniversário da cidade. O tema do projeto proposto para o trimestre foi intitulado “Cultura de Cuiabá” e ao ser apresentado, o cerne do questionamento foi como inserir às aulas de Arte conteúdos que pudessem ser agregados aos específicos da área, somando aos conhecimentos dos quais já fazem parte da vivência cultural local como a culinária, as danças, a música, e não cair na repetição de “fazeres artísticos” que são habituais nas aulas de Arte. Esperando resultados positivos quanto à aprendizagem, a busca pelo entendimento do termo “cultura” foi a motivação inicial para que a idéia fosse lançada aos alunos. Porém, certos da dificuldade de um conceito conclusivo sobre a palavra devido a amplitude de conceitos que é atribuído ao termo, que segundo Eagleton (p. 51, 2003), “seu significado antropológico abrange tudo, desde estilos de penteado e hábitos de bebida até como dirigir a palavra ao primo em segundo grau de seu marido”, o desenho do projeto começa ser delineado traço por traço, colorido, rabiscado, cantado a cada percurso histórico da cultura cuiabana, inserido nos pontilhados períodos da história. E assim, para manter a motivação inicial até o ápice final do projeto encerrando com as demonstrações culturais no “Rasqueja”3 a obra pedagógica foi preparada com muito cuidado a cada linha a ser desenhada no percurso cultural e histórico de Cuiabá. Porém, para dar continuidade à composição pedagógica, volta-se ao questionamento inicial. Como fazê-lo e inserir ao tema dos bens culturais locais outros conhecimentos que pudessem ser ampliados para os bens culturais universais? E, partindo da concepção de um ensino de Arte atual, referendado pelos documentos oficiais das políticas educacionais que preconizam a contextualização, a apreciação e o fazer artístico e segundo outras orientações curriculares que constitui o ensino de Arte não apenas como área de conhecimento com seus conteúdos próprios, mas como instrumento de construção e produção de saberes, que é desenhado com linhas firmes a partir do percurso histórico pela Igreja Nossa Senhora do Rosário, conhecida popularmente pela Igreja de São Benedito, pela grande devoção em honra ao Santo, cuja imagem se destaca na lateral da Igreja pelo seu porte escultural. 3 Mistura dos vocábulos Rasqueado e Ceja. Festa agendada no calendário escolar do Ceja – Centro de Educação de Jovens e Adultos “ Prof. Antônio Cesário Neto”. 26503 A Igreja Nossa Senhora do Rosário é um dos marcos de fundação da cidade de Cuiabá, tendo sido construída em arquitetura de terra em torno de 1730, próximo às margens do córrego da Prainha em cujas águas o explorador, desbravador Miguel Sutil descobriu as minas de ouro que impulsionariam a colonização da região. Sua fachada, de grande simplicidade, é típica da arquitetura colonial brasileira e esconde a decoração barroca rococó nos altares do interior, com rica talha dourada e prateada, única com esses detalhes no país. Construída inicialmente com a técnica da taipa de pilão, passou por várias reformas, incluindo uma que transformou sua fachada em neogótica, entre as décadas de 1920 e 1980, quando foi reformada e a arquitetura colonial resgatada. Tombada em 1975 pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional, em 1987 pela Fundação Cultural de Mato Grosso e incluída no perímetro tombado do Centro Histórico de Cuiabá em 1993, é palco da Festa de São Benedito, a mais longa festa religiosa do Estado. Curiosidades a parte ao falarmos do estilo arquitetônico da Igreja – Colonial Brasileiro, porém com decoração interna barroca-rococó, com talhas douradas e colunas retorcidas, mesclando-se com as cores verde e rosa, típicas do estilo rococó e um forte azul contrastando-se com o dourado, este caracterizando o estilo barroco. Surpresas e dificuldades para pronunciar palavras até então não habituais ao vocabulário dos alunos como barrocorococó. Assim, as origens desses dois estilos artísticos, surgidos na Europa, nos séculos XVII e XVIII, concebidos como expressões artísticas universais, adentram a sala de aula, para se incorporarem ao conhecimento das expressões artísticas locais. E, a partir do patrimônio artístico local se buscou a história da arte nacional, universal, pois o barroco brasileiro não deixou de ser mencionado pelas características próprias criadas no Estado de Minas Gerais, estado de maior influência deste movimento artístico, tanto na música como na arquitetura e na escultura. Chafariz do Mundéu. Quanto conhecimento a partir dele! - Onde professora? Nunca passei por ele! A curiosidade mesclada com espanto e a negação era por não identificar um chafariz nos moldes tradicionais, onde jorra água colorida ou não por todos os lados. Essa era a resposta quando indagados se conheciam ou já tinham visto o Chafariz do Mundéu. A construção dessa fonte de água teve inicio em 1871 e até 1910 o Chafariz forneceu água à população do bairro e do centro da cidade. Após o período colonial, isto é, após a 26504 escravidão, foi implantado em Cuiabá um serviço de abastecimento hidráulico de água e a sociedade deixou de utilizar o Chafariz do Mundéu. E ele esteve lá o tempo todo em uma das avenidas mais movimentadas no centro da cidade e parecia invisível aos olhos daqueles que descobriam agora mais um patrimônio histórico de Cuiabá que guarda os aspectos culturais e históricos do povo cuiabano que sobreviveu por longos anos através da água por ele fornecida. A história daqueles idos foi rememorada. Primeiramente todo o contexto histórico local para posteriori ir à busca na história universal das origens do Neoclassicismo, estilo arquitetônico do nosso Chafariz do Mundéu! O retrocesso, porém, na história foi maior, pois ao conceituar e caracterizar o estilo neoclassicista, a arte clássica teve que ser citada ressaltando a importância não apenas dos aspectos artísticos que o neoclassicismo se inspirou, mas também dos ideais políticos das civilizações greco-romana; a democracia e a república. E a viola de cocho? Esta não poderia ficar fora das aulas sendo uma das expressões máxima da cultural musical de Cuiabá! Um instrumento musical de cordas que pelas semelhanças estruturais com o alaúde árabe não faziam parte do repertório de informações sobre o instrumento tão conhecido da cultura local bem como o significado da qual foi nomeada “viola de cocho”. Cocho, por ser confeccionada em tronco de madeira inteiriço imitando um cocho, objeto lavrado em um tronco maciço de árvore usado para colocar alimentos para animais na zona rural. Assim, o tronco é esculpido no formato de uma viola e escavado na parte que corresponde à caixa de ressonância. Atualmente, a viola não faz parte somente dos grupos folclóricos da região, faz parte também do corpo instrumental da Orquestra do Estado do Mato Grosso e quando convidada, na Orquestra Sinfônica da Universidade Federal do Mato Grosso, com participação especial valorizando os compositores da terra que pelo conjunto harmônico de suas composições, são considerados eruditos. Este foi um exemplo do imbricamento do folclórico e do erudito a ser destacado junto aos alunos. A pausa obrigatória para as reflexões avaliativas quanto à aprendizagem do trimestre foram causas de surpresas agradáveis pela maturidade que foi sendo adquirida ao se compor a obra prima do conhecimento. Para os alunos a metodologia aplicada para essa averiguação – a roda de conversa - situando o aluno no processo avaliativo; para a professora, por meio da 26505 avaliação, situar o estudante em seu processo de aprendizagem respondendo satisfatoriamente ao trabalho realizado. Para finalizar, enfatizando o valor da autoavaliação em que os alunos foram protagonistas nesse processo, registrou-se o relato escrito sobre a importância das aulas de Arte para os alunos: Muito aprendi sobre as aulas de arte de Cuiabá, até então não sabia nada (H. - 3º FA). Gostei das aulas de Arte porque aprendi, tive mais conhecimento. Como eu passava todos os dias na Praça Bispo Dom José e não tinha conhecimento! Eu agora passo, paro já olho com outro olho. Para mim o conhecimento é tudo (M.S.M. - 3º FA). A aluna se referiu ao Chafariz do Mundéu, que está localizado na referida Praça. É muito interessante saber também um pouco das histórias, culturas e costumes de outros povos que moravam em outros países, outras regiões, como vivem e como viveram essas pessoas em determinada época, o que tem de diferente e em comum com a gente que moramos em outro país e em outros tempos. Valeu a pena, nossa... como valeu. É muito, muito importante essa matéria. Deixa a gente mais culta, mais bem informada. Conhecimento nunca é demais (M.R.A. - 3º FA). Para mim valeu ter aprendido sobre esses temas pois o conhecimento é muito importante principalmente quando ele faz parte da cidade onde você vive (L. M. A. 3º FA). E outros relatos se seguiram sobre a importância dos temas abordados sobre os elementos constituintes da cultura de Cuiabá: Porque só assim que eu pude entender como é importante conhecer o lugar onde moramos e também as culturas (L. A. L. - 2º MG). Agora tenho a convicção que a Arte é o estudo viajante que nos leva no passado e nos faz conhecer as histórias e acabar com a nossa curiosidade (A. S. F. - 2º MG). Para mim foi muito mais que válido com tudo isso que aprendi, não só com o tema da praça, mas também com os outros. Agora vou passar a ler mais sobre as histórias da nossa Cuiabá. Tem muitas coisas que ainda não sei sobre ela (J. G. S. - 2º MG). Eu achei muito importante este 1º trimestre as aulas de Arte que foi muito comentada sobre a cultura cuiabana, o Rasqueja. Os costumes, para mim foi muito importante porque eu não conhecia e também não gostava da cultura cuiabana e neste ano a professora falou bastante sobre a c cultura e isso me fez olhar com outros olhos. Estou adorando e quero me envolver mais para poder falar para minha família meus filhos que são cuiabanos. Quero amar a cidade que eu moro e a cultura também (L. S. R. P.- 1º MG). 26506 Todos os temas abordados foram muito interessantes para mim, como já disse são informações que eu ainda não tinha e hoje posso falar, contar para outras pessoas um pouco do que aprendi (L. R. A. – 1º MG). E concordando com as palavras de Penna (2003, p. 21), que “não basta falar sobre a arte ou acumular informações a seu respeito”, mas que é preciso que a aula propicie experiências vivenciadas, que aulas extraclasses foram realizadas para que alunos pudessem dar início à imersão na cultura da qual fazem parte e se sentissem atraídos para essa imersão. Reflexões Finais Considerando que o marco referencial de reflexão e produção de saberes é o próprio cotidiano escolar, a escola deve assumir o papel de ser um dos principais meios de acesso aos bens culturais para os alunos. Nos relatos como: “eu agora passo, paro já olho com outro olhar”; “Agora tenho a convicção que a Arte é o estudo viajante que nos leva no passado e nos faz conhecer as histórias” são evidências que o aprendizado foi estimulante e repleto de significados e que o olhar e o gosto podem ser transformados pelo conhecimento. Quanto mais se conhece mais se aprecia. Novas realidades foram estabelecidas, novas formas de inserção no mundo e de visão deste mesmo mundo foram ampliadas; novos paralelos foram estabelecidos entre o conhecimento local e universal. Mundos e povos inimagináveis foram se conectando por meio dos temas. Desde a antiguidade, perpassando pelos séculos XVII e XVIII, pela escravidão no Brasil ao visualizar uma gravura dos escravos enchendo as talhas de água no Chafariz do Mundéu até a atualidade, onde pelo mesmo local escravos andavam descalços, atualmente há o progresso e as consequências deste mesmo progresso como a poluição de todos os tipos: sonora, visual e ambiental. O ensino da Arte é a porta de entrada para que o mergulho no universo dos conhecimentos artísticos e estéticos seja iniciado e que esses conhecimentos contribuam para o desenvolvimento pessoal e formativo de uma identidade cultural tendo em visto os resultados positivos de aprendizagem a partir do projeto “Cultura de Cuiabá” em que se administraram os conteúdos na perspectiva de uma concepção contemporânea da disciplina, segundo a qual a Arte é concebida como sensível, perceptiva e cognitiva e que seu aprendizado seja um exercício imprescindível para a satisfação do papel social junto a 26507 comunidade do jovem/adulto aluno, permitindo que o indivíduo tome consciência do seu papel de sujeito atuante na sociedade. A arte é importante na escola, principalmente porque é importante fora dela, mas ela precisa ser descoberta, ou melhor, desvelada por meio do conhecimento. REFERÊNCIAS DUARTE JÚNIOR, João Francisco. Fundamentos estéticos da educação. São Paulo: Papirus, 1995. EAGLETON, Terry. A idéia de cultura. Trad. Sandra Castello Branco. São Paulo, Ed. UNESP, 2005. MATO GROSSO. Secretaria de Estado de Educação. Orientações curriculares: diversidades educacionais. Cuiabá: Gráfica Print, 2012. OSSONA, Paulina. A educação pela dança. 4ª ed. São Paulo: Summus Editorial, 1998. PENNA, Maura (coord.). O dito e o não dito. Política educacional e arte no ensino médio. João Pessoa: Manufatura, 2003.