Assim como os animais, as plantas também podem desenvolver

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A pressão dos herbívoros sobre suas
plantas hospedeiras só pode ser estimada
através de estudos específicos das alteraçÕes causadas. Quando a reprodução
sexual é afetada pela herbivoria,
por
exemplo, os impactos negativos podem
ser detectados
em características
re-
Assim como os animais, as plantas
produtivas como a produção, o peso e o
também podem desenvolver tumores.
tamanho de flores, sementes ou frutos e
Pesquisa realizada por IVONEIDE M.
a taxa de germinação das sementes.
SILVA, GIOVANNA I. ANDRADE e
Em estudo recente, verificamos
os
G. WILSON FERNANDEs, do Laboratório
impactos causados por uma galha cau-
de Ecologia Evolutiva de Herbívoros
linar em assa-peixe ( Vernonia polyan-
Tropicais, da Universidade Federal de
tbes), induzida por uma mosca da famí-
Minas Gerais, verificou os impactos de
lia Tephritidae
tumores induzidos por uma mosca
(figura 1).
sobre a planta assa-peixe, comum em
todo o território
(Tomoplagia
n.tdolpbv
O assa-peixe, planta invasora larga-
brasileiro.
mente encontrada no Brasil, é uma das
pragas mais frequentes e temidas, porque tende
a dominar
inutilizando-as.
as pastagens,
Entretanto, além de sua
importância medicinal para o tratamento de doenças respiratórias e urínárias, é
bastante
conhecida
como
excelente
melífera.
O período de maior abundância anual
da galha de assa-peixe ocorre entre os
meses de setembro a dezembro,
e o
ciclo de larva a adulto do inseto galhador é de 45-60 dias. A fêmea põe os ovos
nos tecidos
indiferenciados
do ápice
dos ramos e, após a eclosão, as larvas
Figura 1. Assa-peixe
rudo/f}hi.
( Vernoniapolyanthes) apresentando
galha do Tephritideo
Tomop/agia
?O
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130 plantas. Além disso, para analisar o
efeito
da galha
na viabilidade
sementes,
foram
colocadas
das
pesadas
e
para germinar
50
sementes de 45 plantas'
A arquitetura da planta
hospedeira
foi
consideravelmente
afetada pela formação
e manutenção da galha.
Figura 2. Esquema
do ciclo de vida
de 7: rudo/phi
em assa-peixe.
,--
Verificou -se um aumento do
número de ramificações laterais
produzidas
I
I
pelos ramos atacados,
dando origem a um maior número de
inflorescências.
d
Quanto às sementes, a consequência da ação da galha foi uma redução no
peso e na porcentagem de germinação
(figura 3), o que diminuiu
a viabilidade
das sementes, principalmente
daquelas
localizadas após a galha. Essa perda no
potencial
reprodutivo
poderia ser atri-
buída a um redirecionamento
para a
galha de recul:SOS necessários
à re-
produção da planta, fenômeno já observado em plantas da região temperada.
Diversos autores têm estudado
desenvolvem-se
às custas do conteúdo
os
galha pára de crescer. Logo após o
impactos causados pelas galhas em suas
período pupal (15-20 dias) dá-se a eclo-
plantas. Por exemplo Sacchi e colabora-
Com o crescimento das larvas, ocorre
são dos adultos, que reiniciam o ciclo
dores, em 1988, demonstraram que galhas
uma expansão dos tecidos do caule ao
(figura 2).
Para verificar o impacto da galha na
salgueiro reduzem significativamente
bóide, mostrada na figura 1. Ao final do
arquitetura de 11:Polyantbes, comparou-
produção de sementes. Em um estudo
desenvolvimento,
das células desses tecidos.
seu redor, originando
uma galha glo-
caulinares
causadas
por
vespas
em
a
as larvas escavam um
se o número de ramificações laterais pre-
mais recente, Femandes e colaborado-
orifício para a saída do inseto adulto e,
sentes nos ramos galhados com o número
res também observaram uma redução na
em seguida, empupam.
produzido
produção
Nessa fase a
por ramos não-galhados em
de sementes e frutos e um
declínio na taxa de crescimento da plan.
RAMO
CALHADO
RAMO
NÃO.GALHADO
ta Mirabilis
linearls (Nyctaginaceae) de-
pois de atacada.
As alterações causadas por galhas
NJ? de
ramificações
7.31 +1- 0.45
5.55 +1- 0.68
são fatores revelantes no crescimento e
na história de vida da planta hospedeira.
Peso das sementes
13.98 +1- 1.0
15.46
+1-
1,1
mg
Uma evidência desse pontencial é o uso
de galhas no cQntrole do crescimento
Taxa de germinação
28,4%
33.8%
populacional
de ervas daninhas terres-
tres e aquáticas. Os insetos galhadores são parasitas e, em geral, diminuem
Figura 3. Comparação
das médias obtidas para número de ramificações,
peso de
sementes e taxa de germinação de ramos galhados e não-galhados de ~ po(yantes.
30
a performance
de suas plantas
hos-
pedeiras.
VOL.18/N' 108 CI~NCIA HOJE
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