Selos raros: hobby ou investimento alternativo?

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Valor Online - SP
14/05/2013 - 00:00
Selos raros: hobby ou investimento alternativo?
Sérgio Tauhata
{{{cred:Divulgação}}}
{{{leg:Raridades: no alto, com inscrição "one penny", o Penny Black, de 1840. Ao lado, o Tyrian
Plum, de 1910. E, acima, o Sweet Briar, de 1976}}}
Quando o governo britânico criou o primeiro selo postal do mundo, em 1840, dificilmente seu
idealizador, Rowland Hill, poderia imaginar que havia inventado também um futuro ativo para
investimentos. O pioneiro Penny Black, como foi batizado, faz parte hoje de um grupo de
estampas cobiçadas por colecionadores. É um mercado que movimenta mais de US$ 10
bilhões por ano no mundo. Por aqui, no entanto, os selos são mais vistos como um hobby.
De olho no crescente interesse em investimentos no exterior pelos brasileiros, um dos
principais operadores do mercado de selos raros, a casa inglesa Stanley Gibbons, iniciou
operações no Brasil na segunda-feira. "Queremos apresentar o potencial desse tipo de ativo
como opção de diversificação aos investidores do país", afirma o diretor de investimentos da
Stanley Gibbons, Keith Heddle.
Entre os argumentos, Heddle utiliza um que vai direto ao ponto: o retorno médio anual em dez
anos do GB250 Rare Stamp Index, que representa uma carteira teórica de 250 selos raros
ingleses, situa-se em 13,9%. Outro índice, o GB30, em quatro décadas, rendeu 10,8% ao ano,
em média. Vale aqui, porém, a tradicional ressalva que desempenho passado não garante o
retorno futuro.
Nesta semana, a equipe da Stanley Gibbons faz uma maratona de reuniões com potenciais
investidores - gestoras independentes de fortunas e de recursos para fundos - em São Paulo,
Rio de Janeiro, Recife e Porto Alegre. "Em uma primeira fase, vamos oferecer aos brasileiros a
possibilidade de investir diretamente em selos", diz Heddle.
De acordo com ele, a proposta inicial é de que os clientes apliquem em carteiras de estampas,
selecionadas e gerenciadas pela casa inglesa sob medida para cada investidor. A partir do
segundo semestre, entretanto, a Stanley Gibbons planeja estabelecer um fundo com lastro em
selos raros britânicos. "Esta é uma classe de ativos com perfil 'buy and hold' [estratégia de
longo prazo], mas sem a volatilidade de outros mercados, como títulos e ações." Para Heddle,
uma carteira de selos é tipicamente um investimento de, em média, três a cinco anos de
maturação. "É possível resgatar parte do portfólio em um prazo médio de três meses. Mas essa
não é a melhor estratégia para esse tipo de ativo", diz.
O diretor da Stanley Gibbons diz que os selos se valorizam à medida que ficam mais raros.
Segundo ele, a liquidez dos negócios tem aumentado graças a plataformas digitais, que
conectam os diferentes mercados mundo afora, o que contribui também para elevar retorno
potencial do investimento.
A operadora de selos, fundada em 1856, mantém um acervo de mais de 3 milhões de
estampas. Desde 2003, administra cerca de 90 milhões de libras (US$ 138 milhões) em
portfólios de investidores de todo o mundo.
Embora o foco, dentro de uma fase inicial, sejam gestoras independentes, Heddle ressalta que
esse tipo de investimento é acessível a qualquer interessado, inclusive pessoas físicas, com
recursos a partir de 10 mil libras (US$ 15,3 mil ou cerca de R$ 30 mil). "É um tipo de ativo em
que os portfólios podem ser montados de acordo com o perfil de cada investidor."
O mercado mundial registra negociações de todos os portes. O selo mais caro já
comercializado foi o sueco Treskilling Yellow, vendido em 2010, em um leilão, por 1,6 milhão
de libras (cerca de US$ 2,4 milhões). O caso, no entanto, é uma exceção. Outros itens têm sido
cotados em patamares mais baixos, como o Tyrian Plum, de 1910, com valor estimado de 110
mil libras (US$ 168 mil) e o Sweet Briar, de 1976, com pequeno erro que o torna mais raro - há
apenas três no mundo -, avaliado em 300 mil libras (US$ 460 mil).
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