PICME/IME/USP COMBINATÓRIA NOTAS - 2011 (SEMESTRE 1) YOSHIHARU KOHAYAKAWA, MIGUEL ABADI E GUILHERME MOTA (IME/USP) 1. Conjuntos equiláteros 12/04/2011 x, y ∈ R d , Dados dois vetores como kx − ykp , denimos a distância `p p ∈ {1, 2, ∞}) entre tais vetores (para onde kx − yk1 = kx − yk2 = Pd i=1 P |xi − yi |; d i=1 (xi − yi )2 1/2 ; kx − yk∞ = max1≤i≤d |xi − yi |. Dados pi ∈ R d , as distâncias Seja mente, para kpi − pj kp i ∈ {1, 2, . . . , n}, são iguais para todo par np (d) = max{n : n2 (2) = 3. dizemos que o conjunto existe um conjunto {pi , pj } {p1 , p2 , . . . , pn } n2 (d) se i 6= j . onde p-equilátero xi ∈ Rd , O seguinte lema dá o valor de p-equilátero é para um i ∈ {1, . . . , n}}. para Clara- d ≥ 1. Lema 1. Dado d ≥ 1, temos n2 (d) = d + 1. Demonstração. que é Para mostrar que 2-equilátero. da coordenada i, Sabendo que n2 (d) ≥ d+1 basta exibirmos um conjunto com d+1 vetores em Rd ei ∈ Rd que possui valor 1, é o vetor com 0 em todas as coordenadas, com exceção observamos que o conjunto dos vetores {ei : 1 ≤ i ≤ d + 1} d é 2-equilátero e não é difícil ver que tal conjunto de vetores está contido em R . Deixe-nos mostrar agora que pi ∈ R d , com para a matriz de Gram que i ∈ {1, . . . , n + 1}. G = (gi,j )ni,j=1 , G = (In + Jn )/2, coordenadas iguais a lado, G = PTP, n2 (d) ≤ d + 1. onde 1. onde In com Seja (pi )n+1 i=1 Suponha s.p.g. gi,j = hpi , pj i é a matriz identidade Portanto, a matriz P = [p1 | . . . |pn ]d×n . um conjunto 2-equilátero de vetores, pn+1 = 0 kpi k2 = 1. Considere que para todo n×n e Jn e i, j ∈ {1, . . . , n}. é a matriz n×n G tem posto cheio, isto é, posto(G) = n. Assim, posto(G) ≤ d, com todas as Mas, por outro donde concluímos que n+1 resultado está provado, pois isto mostra que o conjunto (pi )i=1 possui no máximo Notas por Guilherme Mota Assim, temos n≤d e o d + 1 vetores. Observe que o cubo elementos x e y {0, 1}d é um conjunto ∞-equilátero `∞ deste conjunto possuem distância que existe algum conjunto ∞-equilátero com mais de com igual a 2d 1. 2d Portanto, junto {e1 , −e1 , e2 , −e2 , . . . , ed , −ed } equilátero de tamanho se tal conjunto é 2d Mas será Por simplicidade, a partir 2d 2d − 1. Observe que o con- n1 (d) ≥ 2d. é equilátero, logo, muito tempo não se soube um limite superior melhor que n1 (d) = O(d log d). `1 . 1-equilátero. há muito tempo que não existem conjuntos equiláteros com mais de mostraram que n∞ (d) ≥ 2d . elementos? (veja exercício 1.1.1). No restante desta seção iremos focar nossa atenção na distância de agora, dizemos que um conjunto é elementos, pois quaisquer dois É conjecturado elementos, porém, durante Em 2003, Alon e Pudlák [1] Mostaremos aqui uma prova simples de que n1 (d) = O(d4 ), mas antes deixe-nos enunciar alguns lemas que serão utilizados na prova deste resultado. Lema 2 (Lema da imersão aproximada). Para todos d, q ∈ N, existe uma função fd,q : [0, 1]d → Rdq tal que, para quaisquer x, y ∈ [0, 1]d , temos 1 kfd,q (x) − fd,q (y)k22 − kx − yk1 ≤ 2d . q q Demonstração. ção f1,q iguais a Provamos inicialmente o resultado para tal que as primeiras 0. Seja d > 1. para todo Lema 3 Temos que Para x, y ∈ bqxc coordenadas de f1,q (x) d = 1. Para são iguais a 1 x ∈ [0, 1], e as considere a fun- q − bqxc restantes são kf1,q (x) − f1,q (y)k22 = |bxqc − byqc| = qkx − yk1 ± 2. fd,q (x) = (f1,q (x1 ), . . . , f1,q (xd )) ∈ Rdq . Desta P kfd,q (x) − fd,q (y)k22 = di=1 (|xi − yi |q ± 2) = kx − yk1 q ± 2d. x = (xi )di=1 , Rd , temos (Lema do posto). fazemos forma, Seja A = [ai,j ]n×n uma matriz não nula real e simétrica. Então P ( ni=1 aii )2 P posto(A) ≥ n 2 . i,j=1 aij Demonstração. ais Se λ1 , . . . , λn ∈ R. A uma matriz não nula Ademais, se posto(A) n×n = r, real e simétrica, então possui então existem exatamente r n autovalores re- autovalores não nulos. λ1 , . . . , λr 6= 0 e λr+1 , . . . , λn = 0. Pela desigualdade de Pr P Pr Pr Pr r 2 2 2 2 2 CauchySchwarz (( i=1 xi yi ) ≤ ( i=1 xi )( i=1 yi )), temos que i=1 λi ≥ 1/r( i=1 λi ) , isto é, Sem perda de generalidade, suponha que Pr P λi )2 ( ni=1 λi )2 i=1 Pn r ≥ Pr 2 = 2 . i=1 λi i=1 λi ( 2 Dada uma matriz A, é sabido que a soma dos autovalores de a soma dos quadrados dos autovalores de A A é igual ao traço de é igual ao traço da matriz A2 . A Pn ( i=1 aii ) e Assim, temos que P ( ni=1 aii )2 r ≥ Pn 2 . i,j=1 aij O seguinte corolário é facilmente deduzido do Lema 3. Corolário 4. Seja A = [ai,j ]n×n uma matriz não nula real e simétrica com aii = 1 para todo i ∈ [n] √ e |aij | ≤ 1/ n para todo i 6= j . Então Lema 5 posto(A) ≥ n/2. (Lema sobre conjuntos quase equiláteros). temos Sejam p1 , . . . , pn ∈ Rd tais que, para todo i 6= j , 1 kpi − pj k22 − 1 ≤ √ . n Então n ≤ 2(d + 2). Demonstração. Seja A = [ai,j ]n×n com o corolário nos dizem que posto(A) Para tanto, considere, para todo para por x ∈ Rd . ≥ n/2. i ∈ [n], Assim, temos que (fi (p1 ), . . . , fi (pn )) ∈ Rn . aij = 1 − kpi − pj k2 . A hipótese do lema juntamente com Vamos agora limitar superiormente o posto de a função aij = fi (pj ). fi : Rd → R Portanto, a tal que i-ésima A. fi (x) = 1 − kx − pi k2 linha da matriz A é dada Mas fi (x) = 1 − kx − pi k2 = 1 − hx − pi , x − pi i = 1 − hx − xi − hpi − pi i + 2(x1 pi 1 + . . . + xd pi d ) = 1 − kxk22 − kpi k22 + 2(x1 pi 1 + . . . + xd pi d ). Portanto, é fácil ver que cada função constante 1, as funções x 7→ possui dimensão no máximo kxk22 e as d + 2. Estes dois fatos nos dizem que d fi é uma combinação linear de funções x 7→ xk ). Logo, posto(A) d+2 funções (a função Assim, o espaço gerado pelas funções ≤ d + 2. Mas sabemos que posto(A) n ≤ 2(d + 2). fi ≥ n/2. Teorema 6. Para todo d ≥ 1, temos n1 (d) < 100d4 . Demonstração. Por contradição, suponha que exista um conjunto equilátero em elementos. Sem perda de generalidade, suponha que um dos 3 n Rd elementos é o ponto com n = 100d4 (1/2, . . . , 1/2) e que a distância entre quaisquer dois pontos é contido em 1/2. Assim, o conjunto destes [0, 1]d . Aplicando o Lema 2 com q = 40d3 , sabemos que existe uma função 1 kfd,q (x) − fd,q (y)k22 − q Isto é, n pontos está totalmente 2d − q/2 ≤ kfd,q (x) − fd,q (y)k22 ≤ 2d + q/2. fd,q tal que 1 2d ≤ . 2 q Aplicando uma escala de fator p q/2, obtemos um conjunto tal que o quadrado da distância Euclidiana entre quaisquer dois pontos está entre e 1 + 4d/q mas (note que √ 4d/q = 1/10d2 = 1/ n). 2(dq + 2) = 2(40d4 + 2) < 100d4 , Aplicando o Lema 5, temos uma contradição com a escolha de 1 − 4d/q n ≤ 2(dq + 2), n. Para mais detalhes sobre este resultado e sobre outras interessantes aplicações de álgebra linear, veja [4]. 1.1. Problemas e exercícios. Todos estão convidados a trabalhar no seguinte exercício. 1. Encontre um bom limite superior para n∞ (d). 4 2. Duas distâncias / Cobrindo hipercubos 19/04/2011 Primeiramente, consideramos o problema de encontrar a máxima quantidade de pontos que podem existem em Rd , d ≥ 2, tal que as distâncias entre quaisquer dois pontos têm no máximo dois valores diferentes. Dado d ≥ 2, se existem denimos dizemos que o conjunto a, b ∈ R tais que m(2, d) = max{n : p1 , p2 , . . . , pn ∈ Rd kpi − pj k2 = a ou é um kpi − pj k2 = b existe um conjunto de tamanho n conjunto com duas distâncias para todo i 6= j . Ademais, com duas distâncias}. Claramente, os vértices de um pentágono regular formam um conjunto de cinco pontos com duas distâncias. Isto mostra que m(2, 2) ≥ 5. Mas será que existe um conjunto com duas distâncias que tenha mais que 5 elementos? (veja exercício 2.1.1). Considere os (nas posições i e d 2 j ). pontos pij (1 ≤ i < j ≤ d) {0, 1}d que contém exatamente dois 1's Claramente, o conjunto de tais pontos é um conjunto com duas distâncias, pois só é possível que existam as distâncias Pd 2 √ e 2. Porém, este conjunto está contido no hiper- = 2. Desta forma, o conjunto está contido em Rd−1 . Portanto, acabamos de mostrar m(2, d) ≥ d+1 = d(d + 1)/2. O seguinte teorema mostra que o fator quadrático em tal limite 2 plano que em i=1 xi inferior é o melhor possível. Teorema 7. Seja d ≥ 1. Então m(2, d) ≤ (d2 + 5d + 4)/2. Demonstração. Tome n pontos p1 , . . . , pn ∈ Rd duas distâncias, digamos, que a, b ∈ R. e suponha que tais pontos formem um conjunto com Para cada fi (x) = (kx − pi k2 − a2 )(kx − pi k2 − b2 ) i ∈ {1, . . . , n}, para todo 0= n X Pn αi fi (pj ) = αj fj (pj ) = αj a2 b2 , donde concluímos que αj = 0. 5 Rd i=1 αi fi i=1 fi : Rd → R tal f1 , . . . , fn são x ∈ Rd . Considere o espaço vetorial de todas as funções de linearmente independentes. De fato, suponha que denimos a função em = 0. R. Observe que Assim, para qualquer j, temos Seja x = (xk )dk=1 e pi = (pi k )dk=1 . Veja que d X (xk − pi k )2 − a2 fi (x) = ! i=1 = X d X ! (xk − pi k )2 − b2 i=1 αS XS , S onde a última soma é sobre todos os multiconjuntos S ⊂ [d] tais que |S| ≤ 4 2 Desta forma, temos que fi está contido em um espaço de dimensão 1 + d + d temos n ≤ 1 + d + d2 + d3 + d4 , e + d3 XS = Q k∈S xk . + d4 . Portanto, mas não é este o valor que queremos encontrar. Para encontrar o limite que desejamos, vamos fazer uma análise mais cuidadosa. No que segue, considere X= fi (x) = Pd 2 i=1 xj , d X Pi = Pd 2 i=1 pi j , ! Ai = Pi − a2 d X (xk − pi k )2 − a2 Bi = Pi − b2 . = X − d X (xk − pi k )2 − b2 2pi j xj + Ai X − j=1 = X 2 − 4X d X Temos que ! i=1 i=1 d X 2pi j xj + Bi j=1 p i j xj + 4 j=1 Portanto, os pontos e fi (1 ≤ i ≤ n) d X 2 pi j xj + (Ai + Bi ) X − 2 d X pi j xj + Ai Bi . j=1 j=1 pertencem ao espaço gerado por X 2, xk X, k = 1, . . . , d, x2k , k = 1, . . . , d, xk x` , 1 ≤ k < ` ≤ d, xk , k = 1, . . . , d, 1. Assim, os pontos estão contidos em um espaço de dimensão Desta forma, n ≤ (d2 + 5d + 4)/2, uma vez que os fi0 s 1 + 3d + d 2 + 1 = (d2 + 5d + 4)/2. são linearmente independentes. Vamos considerar agora o problema de cobrir hipercubos utilizando hiperplanos. {0, 1}d \ {0} Considere d-dimensional unitário. Observe que todos os pontos estão Pd d contidos nos hiperplanos Wk = {x = (xi )1 : i=1 xi = k}, para k ∈ {1, . . . , d}. Portanto, acabamos os pontos do hipercubo 6 0) de um hiperplano d-dimensional utilizando d de ver que é possível cobrir os vértices (sem o ponto hiperplanos. Dizemos que os hiperplanos que {0, 1}d \ {0} ⊂ af(d) SN H1 , . . . , HN AF -cobrem {0, 1}d = min{N : H1 , . . . , HN existem hiperplanos SN k=1 Hk e, além disso, temos que AF-cobrem {0, 1}d }. ≤ d. O seguinte teorema mostra que, de {0, 1}d . Sem perda de generalidade, vamos = d. Teorema 8. Seja d ≥ 1. Então Demonstração. considerar Seja 0∈ / k=1 Hk . Desta forma, denimos Pelo que foi discutido anteriormente, sabemos que af(d) fato, af(d) se V Suponha que af(d) = d. H1 , . . . , HN Hi = {x = (xk )d1 : hai , xi = 1} AF-cobrem para o espaço vetorial das funções de ai ∈ Rd . {0, 1}d nos reais. Considere a função N d Y Y f (x) = (1 − hai , xi) − (1 − xj ). (1) i=1 Claramente, f dene um elemento de polinômio nas variáveis para x ∈ {0, 1}d , j=1 x1 , . . . , xd . V, a saber, o elemento 0 ∈ V. Suponha agora, por contradição, que Por outro lado, N < d. f é um Então, por (1), temos que x1 . . . xd = (2) X αS XS , S onde a soma é sobre todos os multiconjuntos Note que, em plo: {0, 1}d , x1 2 x2 4 x4 = x1 x2 x4 temos em xS = xŜ , {0, 1}4 ). S ⊂ [d] onde tais que Ŝ que P S∈[d] αS XS temos que XS (S ⊂ [d]) αT = 0. i∈ / S0 , então =0 XS = Q k∈S Portanto, por (2), temos que o polinômio são linearmente independentes em e suponha que e S0 é tal que XS V, αS0 6= 0 Assim, se substituirmos (em (2)), xk . é o conjunto dos elementos em combinação linear de monômios multilineares (i.e., da forma var que |S| < d xi = 1 para um conjunto S x1 . . . xd S ). (exemé uma Vamos pro- uma contradição. Para tal, suponha mas, para todo sempre que T ⊂ S0 i ∈ S0 e com T 6= S0 , xi = 0 sempre 0 = αS0 . Estes resultados sobre cobertura de hipercubos podem ser vistos em [2]. 2.1. Problemas e exercícios. Todos estão convidados a trabalhar nos seguintes exercícios. 7 1. Decida se m(2, 2) ≥ 6. 2. Prove que a cota damente. (d2 + 5d + 4)/2 vale para conjuntos que denem duas distâncias aproxima- Note que é necessário denir precisamente o que vem a ser conjuntos com duas distâncias aproximadamente. 3. Estude m(s, d) = max{n : existem m(s, d) ≥ d+2 inicialmente mostre que 4. Prove que m(2, d) ≤ 2 n pontos em d+1 s . . 8 Rd denindo s distâncias}. Como sugestão, 3. Problema da agulha de Kakeya 26/04/2011 O problema de Kakeya consiste em determinar a menor área de uma região no plano em que podemos girar uma agulha em 360 graus. dizemos que um conjunto X é um Considerando uma agulha de comprimento unitário, conjunto de Kakeya se X contém um segmento de comprimento 1 em todas as direções (i.e., para qualquer direção que considerarmos, a agulha cabe em tal conjunto). Um pesquisador chamado Besicovitch deu uma construção engenhosa de um conjunto de Kakeya com medida nula [3]. Daremos aqui uma ideia de como é possível construir um conjunto de Kakeya com medida arbitrariamente pequena. altura h ∈ [0, 1) procedimento: triângulos e um inteiro dividimos T2 , . . . , Tk (3, h)-corte T k ≥ 2. em k Considere um triângulo Denimos um T de altura 1 e considere uma (k, h)-corte de T com translação o seguinte triângulos menores, todos com mesma base, transladamos os de modo que os k triângulos se sobrepõem na altura h. Um exemplo de um com translação pode ser visto na Figura 1. T1 T2 T3 1 h 0 Figura 1. (3, h)-corte com translação. Aplicando estes cortes repetidas vezes, em alturas diferentes, podemos obter conjuntos de Kakeya com medida arbitrariamente pequena. Seja graus no ângulo do topo. Aplicamos um m um inteiro grande e (m, 1/m)-corte em T, mm um triângulo com 90 então aplicamos um em todos os triângulos resultantes e assim por diante até aplicarmos um procedimento gera T (m, 2/m)-corte (m, (m − 1)/m)-corte. triângulos, de modo que denotamos a união destes triângulos por Tal Bm . É possível mostrar que, em qualquer altura, o tamanho da interseção entre os triângulos é no máximo 1/m. Precisamos agora dar uma ideia de como é possível girar a agulha utilizando o conjunto Bm . Para esta tarefa, aumentamos o conjunto através da criação de certos corredores que são extensões dos triângulos. 9 Figura 2. Corredores para movimentação da agulha em Bm . Podemos mover a agulha (de uma marca azul para outra na Figura 2) para baixo pelo corredor vermelho, rotacioná-la e subir até a base do outro triângulo, rotacioná-la novamente, e, enm, levála a este triângulo. Desde que façamos a agulha seguir por uma distância sucientemente grande pelo corredor, as rotações irão gerar uma área arbitrariamente pequena. Consideremos agora o problema de Kakeya no contexto nito (ao invés de Fn , onde existe F é um corpo nito). Dizemos que a∈S tal que contém direção u, dizemos que a + tu ∈ S com S ⊂ Fn u ∈ Fn é um e para todo u 6= 0 S ⊂ Rn contém direção u, 0 ≤ t ≤ 1. se existe conjunto de Kakeya a∈S em Fn Portanto, em tal que se S com Fn , a + tu ∈ S Rn , vamos considerar u ∈ Rn e kuk = 1 um subconjunto para todo contém toda direção t ∈ F. se S ⊂ Fn Com isso, u ∈ {Fn \ {0}}. Teorema 9. Seja F um corpo com q elementos. Todo conjunto de Kakeya em Fn possui pelo menos q+n−1 n elementos. Note que, para 1/n! de Fn , n desde que q grande, conjuntos de Kakeya em Fn são q+n−1 = (q + n − 1)n /n! ≥ q n /n! = |Fn |/n!. n xo e uma proporção pelo menos Os lemas 10 e 11 serão úteis na prova do Teorema 9. Lema 10. Sejam a1 , a2 , . . . , an ∈ Fn com N < d+n n . Então existe polinômio p = p(x1 , . . . , xn ) 6= 0 com coecientes em F de grau no máximo d tal que p(ai ) = 0 para i ∈ {1, . . . , n}. Demonstração. p(x1 , . . . , xn ) = Um polinômio de grau no máximo P α1 +...+αn ≤d (cα1 ,...,αn xα1 d em . . . xαn ), onde 10 x1 , . . . , xn αi ≥ 0 e pode ser escrito na forma cα1 ,...,αn ∈ F. O número de d+n n . Para cada i, temos uma equação linear envolvendo os ter d+n 0. Desde que temos N < d+n equações e indeterminadas n n monômios na expressão acima é mos cα1 ,...,αn cα1 ,...,αn , dada por p(ai ) = existe uma solução não nula. Lema 11. [Teorema de SchwartzZippel] Seja K um corpo e S ⊂ K nito. Para todo polinômio não nulo p = p(x1 , . . . , xn ) com coecientes em K , temos que, se escolhermos (s1 , . . . , sm ) ∈ S m uniformemente ao acaso, então Pr(p(s1 , . . . , sm ) = 0) ≤ d , |S| onde d é o grau do polinômio p. Demonstração. no máximo d Suponha Utilizamos indução em m. Se m = 1, basta lembrar que p(x) ∈ K[x] d de grau tem raízes. m > 1 e considere o resultado válido para valores menores de m. podemos escrever o polinômio p Ajustando a notação, da seguinte forma. p(x1 , . . . , xm ) = k X pi (x1 , . . . , xm−1 )xim , i=0 com pi (x1 , . . . , xm−1 ) Seja R ⊂ Sm não nulo. com R = {r = (r1 , . . . , rm ) ∈ S m : p(r) = 0}. R1 = {r ∈ R : pk (r1 , . . . , rm−1 ) = 0} e R2 = R \ R 1 . que temos a hipótese indutiva e sabemos que o grau de (r1 , . . . , rm−1 ), temos no máximo k escolhas para rm |R1 | ≤ ((d − k)|S|m−2 )|S|, Então pk Considere agora o conjunto é no máximo se queremos r ∈ R2 . desde d − k. Ademais, xado Assim, |R2 | ≤ k|S|m−1 . |R| = |R1 | + |R2 | ≤ d|S|m−1 . Portanto, Demonstração do Teorema 9. Fixe S conjunto |S| = N < q+n−1 . Usando Lema 10, xamos n de Kakeya em polinômio Fn . p 6= 0 Suponha com S = {a1 , . . . , an } p(ai ) = 0 para todo i e e grau d ≤ q − 1. Fixe f (t) u ∈ Fn \ {0}. o polinômio em Como f (b) = 0 coeciente de dado por para todo a ∈ Fn f (t) = p(a + tu). b ∈ F, f td em f (t) é zero. é a assim chamada u ∈ Fn . t Temos que existe de p. |R| ≤ d|F|n−1 ≤ (q − 1)q n−1 < q n , zeros. Portanto, p(u), onde p(u) = Claramente, Mas, pelo Lema 11 aplicado com p(a + tu) = 0 Sabemos que o grau de q > q−1 possui Tal coeciente é parte homogênea tal que S = F, uma contradição. 11 p(x) 6≡ 0. temos que se P para todo f (t) t ∈ F. é no máximo f (t) ≡ 0. q − 1. Em particular, o α1 α1 +...+αn =d Cα1 ,...,αn x1 Temos assim, Seja p(u) = 0 . . . xαnn para todo R = {r ∈ Fn : p(r) = 0}, então Referências Equilateral sets in l , Geom. Funct. Anal. 13 (2003), no. 3, 467482. [2] N. Alon and Z. Füredi, Covering the cube by ane hyperplanes, European J. Combin. 14 (1993), no. 2, 7983. [3] A. S. Besicovitch, On Kakeya's problem and a similar one, Math. Z. 27 (1928), no. 1, 312320. [4] J. Matou²ek, Thirty-three miniatures, Student Mathematical Library, vol. 53, American Mathematical Society, [1] N. Alon and P. Pudlák, n p Providence, RI, 2010, Mathematical and algorithmic applications of linear algebra. 12