A.1.1 - Astronomia O Observatório Astronômico a Olho Nu do câmpus de Araras da UFSCar João T. de Carvalho Neto1* 1. Professor do Depto. de Ciências da Natureza, Matemática e Educação, UFSCar, Araras/SP; *[email protected] Palavras Chave: Ensino de astronomia, Astronomia observacional, Educação não formal. Introdução O Centro de Ciências Agrárias (CCA) da UFSCar, câmpus Araras, vem desenvolvendo, desde 2009, diversas ações de ensino e divulgação de astronomia. Dentre elas, a de maior alcance social tem sido o evento Jornada das Estrelas que já recebeu mais de cinco mil visitantes, principalmente das escolas públicas da região. Com o objetivo de agregar ainda mais valor a essas atividades, desenvolvemos o Observatório a Olho Nu do CCAUFSCar. O seu planejamento e construção foram baseados na experiência acumulada nesses últimos seis anos, em que participamos de dois editais PROEXT-MEC e editais internos da UFSCar, resultando no desenvolvimento de palestras em escolas e espaços públicos, cursos para professores, sessões de observação do céu com telescópios, entre outros. A partir disso, delineamos os princípios norteadores para implementação do Observatório: (i) divulgar conhecimentos e apoiar os projetos de extensão em astronomia, (ii) agregar uma área de convívio educativa ao câmpus, (iii) enriquecer as edificações do câmpus com expressões científicas e culturais e (iv) mostrar a relação do ciclo das estações com as origens históricas das ciências agrárias. Resultados e Discussão O local escolhido para a construção do Observatório foi próximo à região central do câmpus, onde estão localizadas a maior parte das salas de aulas e salas de professores, sendo também próximo à consagrada área de observação com telescópios do evento Jornada das Estrelas. Com isso, o espaço do Observatório torna-se mais acessível e integrado ao câmpus. Ainda assim, as edificações do entorno não comprometem gravemente as observações, pois estão permeadas por áreas agrícolas e são térreas em sua maioria. Das experiências anteriores com os projetos de extensão em astronomia, percebemos a necessidade de criar um ambiente em que fundamentos da astronomia observacional pudessem ser explorados para além da simples apreciação dos objetos celestes com telescópios, fortalecendo um espaço não formal de aprendizagem. Concebemos, portanto, uma praça circular com 14 m de diâmetro em que foram dispostas 8 placas de concreto posicionadas nas direções dos solstícios, equinócios e pontos cardeais sul e norte. Essa configuração nos permite explorar diversos aspectos da variação anual da posição solar e a ocorrência das estações. Além dos alinhamentos proporcionados por configurações desse tipo - tão belamente explorados por construções megalíticas como Stonehenge, Callanish, etc procuramos agregar informação às placas, criando três círculos de conhecimentos: o círculo das estações, dos astrônomos e dos planetas. Essas informações orientam os visitantes motivando-os à explorar e contextualizar aspectos históricos e observacionais da astronomia. Particularmente, o círculo dos planetas contém os oito principais planetas do Sistema Solar representados em uma escala tal que o Sol possui o diâmetro de 80 cm. O posicionamento dos planetas nessa escala está indicado em um mapa do câmpus. Dessa forma, a praça do Observatório agrega também a função de um guia de visitação da universidade, tendo como motivação a exploração do Sistema Solar. Em especial, as placas sul e norte possuem estruturas metálicas em seus topos. Na placa sul há uma mira apontando para o polo celeste sul, rodeada por uma grade disposta radialmente na forma de um transferidor, que permite a observação e quantificação da rotação das estrelas circumpolares sul e a relação desse movimento com a rotação da Terra. A estrutura sobre a placa norte é um grande ponteiro, cuja sombra projeta-se sobre um calendário e relógio solares pintados no solo do Observatório. Concebemos, também, dois globos de 75 cm de diâmetro que estão posicionados no lado sul do Observatório: um contendo o mapa da abóboda celeste e outro o mapa terrestre. Ambas as esferas estão alinhadas paralelamente ao eixo da Terra, reproduzindo em tempo real o posicionamento do Sol e dos principais astros em relação a todo o planeta; além do posicionamento da eclíptica, do plano galático, entre outras informações. Essas ferramentas auxiliam a exploração dos conteúdos contidos no tema Terra e Universo nos PCN e Universo, Terra e Vida nos PCN+. Por fim, vale ressaltar que a construção do Observatório a Olho Nu foi fruto de um trabalho de pesquisa multidisciplinar que envolveu desde estudos de aspectos históricos da astronomia até o estudo e implementação de métodos matemáticos e computacionais para a projeção dos globos terrestre e celeste, relógio solar e orientação das placas. Tivemos principal inspiração no observatório Uranidrome da Middle Tennessee State University – EUA e no Observatório Astronômico da USP de São Carlos. Conclusões A partir da experiência com projetos de extensão em ensino e divulgação de astronomia, estabelecemos os princípios norteadores para a construção e uso do Observatório a Olho Nu. Complementando essa experiência com estudos de iniciativas similares no Brasil e exterior chegamos a uma proposta que agora encontra-se concretizada e resumidamente descrita neste trabalho. Apesar de inaugurado no começo deste ano de 2015, já tivemos as primeiras experiências positivas com a visitação dos alunos do cursinho comunitário UFSCurso e dos participantes do XXXVIII Congresso Paulista de Fitopatologia. A expectativa é de contínuo aprimoramento em função das experiências trocadas com os visitantes. Agradecimentos Ao Centro de Ciências Agrárias (CCA-UFSCar) e aos professores, técnicos e estudantes colaboradores dos projetos de extensão em astronomia. 67ª Reunião Anual da SBPC