Consumo Consciente: a Atitude do Cliente perante o Comportamento Sócio-Ambiental Empresarial Autoria: Maria José da Silva Fabi, Cléria Donizete da Silva Lourenço, Sabrina Soares da Silva Resumo Embora durante muito tempo os problemas sócio-ambientais tenham sido preocupação apenas para o Estado e ambientalistas, hoje, essas questões vêm sendo intensamente debatidas por diferentes atores. Não apenas a divulgação, como também a maior conscientização e sentimento de proximidade com esses problemas, levam empresas e consumidores a se preocupar cada vez mais com o assunto e a rever as práticas tradicionais de consumo, dando espaço a novos conceitos, como “consumo consciente”, “consumo verde” e “consumo sustentável”. Nesse contexto, o consumo desenfreado tem sido alvo de críticas devido ao fato de o aumento da produção e da oferta não estarem alinhados com os problemas sociais e ambientais. Diante disso, algumas empresas têm buscado desenvolver estratégias sócioambientalmente responsáveis e incentivar o consumo consciente. Embora existam exemplos de práticas de cunho ambientais e sociais por parte das empresas brasileiras, ainda é comum ouvir reclamações de consumidores afirmando que o mercado não oferece muitas oportunidades para práticas de consumo consciente. Contudo, questiona-se: quando o mercado oferece tais opções, como o consumidor se comporta? Como ele vê seu papel enquanto consumidor e cidadão diante dos atuais problemas sócio-ambientais? À luz dessas indagações, foi desenvolvido um projeto de pesquisa cujo objetivo é compreender a atitude dos clientes perante as empresas que adotam posturas sócio-ambientalmente responsáveis, oferecendo oportunidades para o consumo consciente. Neste artigo, são apresentados os resultados da primeira etapa da pesquisa que compreendeu o estudo de apenas uma empresa. Como o projeto está em fase de desenvolvimento, os resultados aqui apresentados são parciais e preliminares e serão aprofundados em etapas posteriores. Nesta etapa, foi realizado um estudo de caso, com 28 entrevistas pessoais com clientes de uma empresa localizada no Sul de Minas Gerais. Trata-se de uma empresa que atua no setor de entretenimento, trabalhando com locação de filmes. Ela se destaca como objeto de estudo devido à sua postura empresarial de trabalhar somente com filmes originais evitando, assim, a pirataria, ainda comum nesse segmento, e por adotar a embalagem retornável, que ajuda a diminuir a utilização de sacolas plásticas prejudiciais ao meio ambiente. Como resultados, identificaram-se diferentes comportamentos dos consumidores diante dos problemas sócio-ambientais, que foram descritos a partir de três grupos identificados: clientes conscientes, clientes indiferentes e clientes desinformados. Se, por um lado, há clientes realmente preocupados com questões sócio-ambientais, por outro, há um grupo mais numeroso que não vê tais questões como parte de sua vida cotidiana. Conforme pôde ser observado, a falta de informação e, consequentemente, de envolvimento dos clientes e funcionários, podem ser prejudiciais aos objetivos da empresa. Constatou-se que, embora o conhecimento dos problemas sócioambientais, por parte dos consumidores, possa ser visto com um indicador da possibilidade de consumo consciente, não significa, necessariamente, que eles valorizem as ações das empresas ou que optem pelo consumo consciente. 1 1 Introdução Embora durante muito tempo os problemas sócio-ambientais tenham sido preocupação apenas para o Estado e ambientalistas, hoje, essas questões vêm sendo intensamente debatidas por diferentes atores. Não apenas a divulgação, como também a maior conscientização e sentimento de proximidade com esses problemas, levam empresas e consumidores a se preocupar cada vez mais com o assunto e a rever as práticas tradicionais de consumo, dando espaço a novos conceitos, como “consumo consciente” (AKATU, 2008; ALESSIO, 2004; DALMORO et al., 2009; NEVES, 2002), “consumo verde” (LAYRARGUES, 1998; RUSCHEINSKY, 2007; TAVARES JR., 2007; ZILIOTTO, 2003) e “consumo sustentável” (CARNEIRO, 2007; CORTEZ; ORTIGOZA, 2003; LOUREIRO et al., 2002; SANTOS; SALES, 2006). Embora não haja ainda um consenso sobre o que caracteriza essas novas formas de consumo, para fins desta pesquisa, considerou-se que o consumo consciente é aquele que pressupões um envolvimento da empresa com a preservação ambiental e outras práticas de responsabilidade social, mas que também depende das escolhas individuais. Aproxima-se, então ao conceito de “consumo verde”, apontado por Saha e Darnton (2005), que refere-se não apenas ao respeito ao meio ambiente, mas também a práticas éticas de comercialização e práticas justas de comércio. O discurso do Akatu (2008) sobre o consumo consciente ressalta que este pode ser praticado no dia-a-dia, por meio de dois movimentos principais: o primeiro seria ligado a gestos simples, que levem em conta os impactos da compra, uso ou descarte de produtos ou serviços; e o segundo seria marcado pela escolha das empresas onde serão adquiridos estes bens ou serviços, sempre em função do seu compromisso com o desenvolvimento sócioambiental. Assim, considera-se que o consumo consciente depende da ação mútua das empresas, cuja ação causa os maiores danos ambientais e sociais atuais e pode agir visando reduzir tais impactos, e os consumidores, que têm o papel de cobrar essas ações das empresas, principalmente através de suas escolhas de consumo. Assim, a maior importância atribuída aos aspectos sócio-ambiental pelos consumidores e pela sociedade em geral, além das pressões governamentais, legais e competitivas, tornou a sustentabilidade sócio-ambiental uma preocupação dos profissionais de marketing, que passam a adotar uma postura que busca equilibrar os interesses econômicos das empresas e seus acionistas e as preocupações sociais e ambientais da sociedade. Entretanto, embora existam vários exemplos de práticas ambientais ou de cunho social por parte das empresas brasileiras, ainda é comum ouvir reclamações de consumidores afirmando que o mercado não oferece muitas oportunidades para as práticas de consumo consciente. Contudo, questiona-se: quando o mercado oferece tais opções, como o consumidor se comporta? Como ele vê seu papel enquanto consumidor e cidadão diante dos atuais problemas sociais e ambientais? À luz dessas indagações, foi desenvolvido um projeto de pesquisa cujo objetivo é compreender a atitude dos clientes perante as empresas que adotam posturas sócioambientalmente responsáveis, oferecendo oportunidades para o consumo consciente. Contudo, neste artigo, em específico, são apresentados os resultados da primeira etapa da pesquisa que compreendeu o estudo de apenas uma empresa. Como o projeto ainda está em fase de desenvolvimento, os resultados aqui apresentados são parciais e preliminares e serão aprofundados em etapas posteriores. A empresa pesquisada atua no setor de entretenimento, trabalhando com locação de filmes. Ela se destaca como objeto de estudo devido à sua postura empresarial de trabalhar somente com filmes originais evitando, assim, a pirataria, ainda comum neste segmento, e por adotar a embalagem retornável, que ajuda a diminuir a utilização de sacolas plásticas, prejudiciais ao meio ambiente. Embora sejam medidas simples – a primeira, na verdade, uma 2 imposição legal, e a segunda, uma pequena mudança para evitar a geração desnecessária de resíduos – elas são um primeiro passo da empresa na busca de uma atuação sustentável. Conforme constatado por Gonçalves-Dias (2008), poucos estudos sobre comportamento do consumidor e meio ambiente foram realizados no contexto brasileiro. Este trabalho busca, então, contribuir na avaliação dos impactos das estratégias de posicionamento sócio-ambientalmente responsável, percebidos pela empresa e pelos consumidores. Para tanto, ele está estruturado da seguinte forma: após esta introdução, apresenta-se o referencial teórico tratando de temas como marketing, sustentabilidade e consumo consciente. Em seguida são especificados os procedimentos metodológicos e o caso pesquisado. Na sequência, são demonstrados os resultados do estudo e, por fim, são apresentadas as considerações finais. 2. Referencial teórico Com a maior conscientização por parte dos consumidores e da sociedade em geral, as preocupações sócio-ambientais passam a estar presentes também no dia-a-dia dos profissionais de marketing, que procuram adotar uma postura responsável como forma de responder a essas novas demandas e como um diferencial dos produtos de suas empresas. Isto, no entanto, representa uma tarefa desafiadora, pois implica em grandes mudanças na empresa, na busca de uma atuação mais sustentável. Porém, ainda assim, não há muita clareza sobre a resposta que tais mudanças podem gerar na visão que os consumidores possuem da empresa. 2.1 O Marketing e a sustentabilidade A sociedade contemporânea na maior parte do tempo está empregando seus esforços e suas energias no ato de produzir e consumir cada vez mais. Esta sociedade do consumo, e o materialismo que a fundamenta, revela o consumo desenfreado como elemento central e articulador nas relações sociais (KOZINETS; HANDELMAN, 1998). Porém, o consumo na forma como é exercido hoje, juntamente com o tamanho da população, tem sido apontado como uma das principais causas dos problemas ambientais enfrentados atualmente (DIETZ et al., 2007). Apesar de Fisk (1974) ter introduzido uma importante abordagem para analisar, de maneira abrangente, a disciplina de marketing frente à crise ecológica, nas décadas seguintes, pouco se avançou sobre as questões sócio-ambientais na literatura de marketing. O posicionamento das pessoas que atuam na área de marketing, em uma época em que a sustentabilidade se tornou um princípio central, norteador da conduta humana, é de reflexão sobre suas ações. Isto tem conduzido a disciplina de marketing à busca de respostas à reivindicação da sociedade e a analise dos impactos das ações mercadológicas sobre o meio ambiente (FISK, 1974; FISK et al., 1978; SHETH; SISODIA, 2005) e sobre a sociedade. Os profissionais de marketing têm buscado novos focos, além das transações comerciais, o que contribui para que o ato da compra não ocupe mais o papel central. O estudo das responsabilidades do marketing desenvolveu-se em resposta ao “falso convencimento” dos profissionais de marketing de que suas ações são inevitavelmente boas aos consumidores. Nessa visão, no processo de troca, os profissionais de marketing produziriam lucro razoável, os consumidores receberiam o produto que desejam e todos ficariam felizes (CARRIGAN; ATTALLA, 2001). Porém, tanto críticas ambientais quanto críticas sociais são direcionadas ao marketing, por sua forma de conduzir o consumo e os efeitos de suas ações sobre a sociedade, principalmente no que tange ao meio ambiente. Assim, coloca-se o desafio de criar teorias que incorporem adequadamente as questões que envolvem o relacionamento entre o marketing e a sociedade. Para Sheth et al. (1988), não há como concordar com a assertiva de Levitt (1958) que apregoa que o marketing não deve ser o responsável pela sociedade. Para eles, o marketing dever unir forças com consumidores e governos e, com eles, formar uma 3 nova visão de responsabilidade do marketing para com a sociedade e da sociedade para com o marketing. Segundo Kotler (1998), este novo posicionamento, que envolve pensar em longo prazo, faz com que profissionais de marketing busquem equilibrar três fatores, ao definirem sua política de mercado: os lucros da empresa, os desejos do consumidor e os interesses da sociedade. Este equilíbrio é necessário diante da complexidade do mercado, onde os interesses e ações das empresas se alinham aos interesses dos consumidores. Portanto, mesmo os ativistas reconhecem que querer transformar o mundo exclusivamente a partir do consumo pode ser ingênuo e perigoso. Mas, pretender transformá-lo sem tocar no consumo torna-se ilusório e irreal (PORRO, 2007). Há movimentos de resistência ao consumo em diversas partes do mundo que incluem desde os movimentos anticonsumo mais radicais, como aqueles que promovem o boicote a determinadas empresas e/ou marcas, até aqueles considerados mais brandos, que procuram repensar o consumo de forma consciente e sustentável (BARROS; COSTA, 2008). No contexto brasileiro pode ser identificada a presença de formas mais brandas de resistência ao consumo por meio de discursos que não enfatizam o fim do consumo em si, mas proferem formas mais consensuais baseadas nos conceitos de consumo consciente e consumo sustentável. Esses movimentos, tanto nacional como internacionais, possuem em comum a idéia de promover a reflexão acerca do consumo e de seus impactos ambientais diretos e indiretos e como este pode ser exercido de forma sustentável. A sustentabilidade tem se tornado hoje o mainstream não somente na política ambiental internacional (REDCLIFT, 2005), mas nas mais diversas áreas de conhecimento e tem sido cobrada nas mais diversas ações humanas. A idéia da sustentabilidade emergiu, com maior destaque, na década de 80, buscando explorar o relacionamento entre o desenvolvimento e o ambiente. Apesar de existirem hoje mais de cem definições para esse termo (HOLMBERG; SANDBROOK, 1992), a mais utilizada é a apresentada pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1991), que apresenta o desenvolvimento sustentável como “aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades” (CMMAD, 1991, p. 46). Essa definição, presente no relatório “Our Common Future” (Nosso Futuro Comum), também conhecido como Relatório Brundtland, foi um importante marco para as discussões envolvendo a sustentabilidade. Porém, por sua amplitude e aparente simplicidade que obscurecem suas complexidades e contradições, tem recebido diversas críticas (MARTINS, 2006), embora se reconheça sua importância no reconhecimento de se considerar não apenas as necessidades das gerações atuais, como também as das gerações futuras. Esse conceito não elabora o que se entende por necessidades e desejos humanos (BANERJEE, 2003; KIRKBY et al., 1995; REDCLIFT, 1987), mas deixa claro que o nível de exploração dos recursos naturais e da emissão de resíduos no ambiente não deve superar sua capacidade de absorção, visto que isso comprometeria sua disponibilidade para as gerações futuras, o que tem relação direta com os níveis e tipos de consumo atuais. Acelerar os processos bio-geo-ecológicos, em função da crescente velocidade humana de consumo, representa insustentabilidade e, portanto, a questão reside em encontrar meios de evitar a escassez e o esgotamento dos recursos naturais (FERREIRA, 2007). Assim, pressupondo-se o comportamento humano como um dos principais motivos de deterioração ambiental, o entendimento das inter-relações do indivíduo com seu ambiente precisam ser melhores elucidadas (GILL et al. 1986; PORTILHO, 2005; OSKAMP, 2000;), sendo particularmente importante os impactos da ação humana resultantes do atual padrão de consumo. Muitos pesquisadores defendem a idéia de que as atitudes que se centram unicamente nos interesse humanos de consumo acompanham o crescimento dessa crise e uma 4 resposta ética a ela seria buscar atitudes mais sustentáveis (CALLICOTT; NELSON, 2003; REES, 2003; TAYLOR, 1989; WHITE, 1967). Também na área de marketing as atitudes sustentáveis têm sido valorizadas e a questão do consumo vem sendo tratada sob a ótica da sustentabilidade, valorizando o consumo consciente. 2.2 Consumo consciente De acordo com Barros e Costa (2008), o tema “consumo consciente” tem sido alvo de grandes confusões em termos de definição. Consumo consciente, consumo ético, consumo verde, consumo sustentável, são apenas algumas das terminologias encontradas. Autores como Saha e Darnton (2005) apontam que hoje o consumo “verde” refere-se não mais apenas ao respeito ao meio ambiente. O escopo das preocupações “verdes” referir-se-ia, também à produção de produtos seguros, fornecimento de serviços confiáveis e de alta qualidade, práticas éticas de comercialização e administração, contribuições à sociedade, investimento social, assistência social e direitos, saúde e segurança, condições de emprego e trabalho e práticas justas de comércio, práticas de marketing e comunicação responsáveis, relacionamento com stakeholders, códigos de conduta, transparência, entre outras. Barros e Costa (2008) salientam que ainda não há um consenso sobre o que é consumo consciente. Segundo as autoras o “dono/autor” de tal definição no Brasil é o próprio Instituto Akatu, uma organização formada por empresas. Na análise dos discursos organizacionais acerca do consumo consciente, elas apontam uma questão interessante acerca deste conceito: da forma como ele vem sendo trabalhado, fica a impressão de que o consumidor é o principal agente responsável pelo consumo consciente. Neste caso, os impactos da produção não são vistos como maiores causadores de danos, fazendo com que o discurso de consumo consciente se distancie da prática, o que pode levar a um desvio do foco principal do problema. O discurso do Akatu (2008), com relação ao consumo consciente, pode ser encontrado no site eletrônico da Instituição, que o descreve a partir de dez princípios norteadores: 1. Planeje suas compras (não seja impulsivo nas suas compras); 2. Avalie o impacto do seu consumo (leve em consideração o meio ambiente e a sociedade); 3. Consuma apenas o necessário (reflita sobre suas reais necessidades e procure viver com menos); 4. Reutilize produtos e embalagens (não compre outra vez o que você pode consertar, transformar e reutilizar); 5. Separe o seu lixo; 6. Use crédito conscientemente; 7. Conheça e valorize as práticas de responsabilidade social das empresas (não olhe apenas preço e qualidade e valorize as empresas em função de sua responsabilidade para com os funcionários, a sociedade e o meio ambiente); 8. Não compre produtos piratas ou contrabandeados; 9. Contribua para a melhoria de produtos e serviços; e 10. Divulgue o consumo consciente. Conforme discutem Barros e Costa (2008), a argumentação na construção do conceito de consumo consciente, no discurso do Akatu, é clara e segue uma lógica bastante precisa. Primeiro, é apresentada a situação de crise ambiental: o consumo humano já supera em 25% a capacidade de renovação dos recursos naturais no planeta e, se não forem alterados os atuais padrões de produção e consumo, em menos de 50 anos será necessários dois plantes Terras para atender as demandas por água, energia e alimento. Segundo, a situação é definida como inquestionável e taxativa: a vida no planeta Terra, inclusive a humana, pode ser dificultada 5 por essa situação e a melhor maneira de alterá-la é através de mudanças nos padrões de consumo. Essa argumentação justifica a construção do conceito de consumo consciente, segundo o qual todo consumo causa impactos positivos ou negativos na economia, na sociedade e no ambiente. Assim, considera-se que o consumidor é quem mais concentra poder e deve exercêlo por meio da consciência do seu ato de consumir, que envolve a escolha do que comprar, de quem comprar e a maneira de usar e descartar o que não serve mais. Ele deve, então, buscar maximizar os impactos positivos causados pelo seu ato e minimizar os negativos. Por último, como argumentação conclusiva, o Akatu (2008) ressalta que o consumo consciente pode ser praticado no dia-a-dia, por meio de dois movimentos: (a) gestos simples que levem em conta os impactos da compra, uso ou descarte de produtos ou serviços; e ou (b) pela escolha das empresas onde serão adquiridos estes bens ou serviços, sempre em função do seu compromisso com o desenvolvimento sócio-ambiental. Assim, considera-se o papel dos consumidores como central na busca de maior sustentabilidade sócio-ambiental, podendo influenciar as próprias empresas a adotarem práticas mais sustentáveis. A sociedade passa a ter um papel importante na sensibilização, integração e conscientização sobre o ambiente, devendo promover ações e propor soluções aos problemas ambientais. Em todo o mundo, começa a ocorrer tais mudanças, fazendo com que as pessoas se comprometam mais e passem a incorporar atitudes pró-ambientais (COELHO et al., 2006; KILBOURNE; POLONSKY, 2005; STERN; DIETZ, 1994; VASKE; DONNELLY, 1999;). Por um lado, constatam-se comportamentos na busca da preservação ambiental e, por outro, protestos contra ações predatórias. Cidadãos conscientes começam a mudar seus hábitos de consumo ao repensar suas reais necessidades, escolhendo as empresas e marcas dos produtos por critérios ligados à sustentabilidade sócio-ambiental, além de agir sobre governos para que se crie um novo marco legal que induza o desenvolvimento de processos industriais menos poluentes, materiais e energia alternativos, conduzindo a sociedade a uma nova realidade. Nesse contexto, o consumo consciente, pode ser definido como sendo o ato ou decisão de compra ou uso de serviços, de bens industriais ou naturais, praticado por um individuo levando em conta o equilíbrio entre sua satisfação pessoal, as possibilidades ambientais e os efeitos sociais de sua decisão. Ou seja, não deve ser confundido com “não consumo”, mas sim com uma reflexão abrangente do ato de consumir (AKATU, 2007). A prática do consumo consciente ressalta uma necessidade de mudanças de padrões de produção e consumo na direção de produtos que sejam concebidos para satisfazer as necessidades dos consumidores, com respeito à preservação ambiental e o interesse social. Na concepção de Ottman (1994), o consumidor verde, ou ecologicamente consciente, é definido como aquele indivíduo que busca consumir apenas produtos que causem o menor ou nenhum dano ao meio ambiente. Assim, ele “buscam conscientemente produzir, através do seu comportamento de consumo, um efeito nulo ou favorável sobre o meio ambiente e à sociedade como um todo” (LAGES; NETO, 2002, p. 2). Porém, a mudança deve ocorrer nas atitudes individuais, que precedem o ato do consumo. Conforme Sheth et al. (2001) as atitudes precedem e levam ao comportamento, ou seja, são predisposições apreendidas, respostas, conscientes ou não, a uma situação. As atitudes se formam com base em experiências e informações e, segundo Rodrigues et al. (1999), predispõem os indivíduos a uma ação coerente com as cognições e afetos relativos a determinado objeto. Contudo, as atitudes associadas ao consumo são de difícil mudança, principalmente quando se percebe que a alteração não reflete em uma melhora geral e significativa e que o esforço não é compartilhado por outros consumidores. Além disso, como o padrão de consumo de nações desenvolvidas se encontra disseminado como ideal e, nesses locais, a demanda por recursos naturais praticamente dobrou nos últimos 45 anos (SHULTZ, 2002), é 6 comum que outros países queiram atingir tal padrão. Porém, segundo Lima e Vieira (2008), se todos os habitantes do planeta tivessem o estilo de vida dos americanos, seriam necessários quatro planetas Terra e meio para suprir suas necessidades. A mudança exige, então, sensibilização e mobilização social, para as quais os meios de comunicação são fundamentais, por mobilizarem a atitude, a ética e a ação dos consumidores. A ética, conforme afirmam Cavalcanti e Mata (2002) implica no entendimento do que deve ser considerado socialmente correto e justo. Tais ações, segundo Pettit (1991), se relacionam com o que é bom ou tem valor e com o que os indivíduos deveriam fazer para que suas ações sejam boas ou tenham valor. Assim, uma atitude pode ser tida como boa, ou certa, quando se busca a ética em suas consequências, ou quando o indivíduo busca fazer a coisa certa em dado momento e local, da maneira certa, sob certas circunstâncias (HOLLY, 2006). Assim, ao se analisar a ética de determinada ação, como o consumo, que impacta no meio ambiente deve-se tanto considerá-la do ponto de vista dos fins – mais associadas aos interesses presentes, quanto do ponto de vista dos meios – que considera também o interesse das gerações futuras. Considerar conjuntamente esses dois interesses dá origem à ética da sustentabilidade, que, segundo Gladwin et al. (1995), pressupõe que as ações da geração presente não devem causar prejuízo para as futuras gerações. Como o comportamento ético irá depender também das possibilidades para que tal ação se concretize, apenas na medida em que os consumidores disporem de mais informações confiáveis, novas tecnologias e infra-estruturas que facilitem a produção e o consumo com responsabilidade ambiental, essas atitudes poderão ser incorporadas ao seu estilo de vida (GONZAGA, 2005). Vale, contudo, ressaltar que a responsabilidade dos indivíduos em relação ao meio ambiente, enquanto consumidor, depende também da sua educação, que fornece subsídios para a formação de critérios para escolha, e da cultura, que influencia o contexto maior, onde as relações se estabelecem. Assim, a opção por consumir produtos mais sustentáveis não irá depender apenas da existência dessas opções, mas também de características individuais, embora a ausência de alternativas não possibilite o exercício da escolha. Assim, forma-se um ciclo que pode tanto levar a mudanças como permanecer estagnado: o interesse dos indivíduos em exercer ações sustentáveis, como o consumo consciente, leva as empresas a oferecem tais opções e a existência de opções mais sustentáveis pode levar o consumidor a conhecê-la e optar por elas; mas, por outro lado, o desinteresse do consumidor em conhecer ou procurar por opções mais sustentáveis pode levar as empresas a deixar de oferecer tais opções ou a limitar tal oferta, tornado essas opções pouco acessíveis ou desinteressantes ao consumidor. A produção e consumo de produtos sustentáveis hoje ainda envolve grandes dificuldades, pois representam um grande rompimento com o sistema de valores dominante que não tem a preocupação sócio-ambiental como uma das prioridades individuais (SCHELLENBERGER; NORDHAUS, 2004). Contudo, mudanças podem ocorrer, sendo o surgimento do marketing verde uma delas. Embora ele se insira dentro do paradigma social dominante, que requer modelos de produção e consumo que têm como objetivos essenciais o crescimento econômico, são certamente um esforço positivo que busca valorizar as preocupações ambientais (KILBOURNE, 2004). 3 Procedimentos metodológicos Este trabalho é de natureza qualitativa proporcionando, segundo Godoy (1995), uma melhor compreensão dos fenômenos nos contextos em que ocorrem e do qual fazem parte. O método utilizado foi o estudo de caso. Segundo Yin (2001), o estudo de caso tem se tornado a estratégia mais utilizada quando os pesquisadores procuram responder questões do tipo “como” e “por que”. Nesse sentido, essa abordagem se justifica, uma vez que este estudo 7 buscou compreender as atitudes dos clientes diante de uma empresa que oferece oportunidades para o consumo consciente. Dentre as técnicas de amostragem, utilizou-se a amostragem não-probabilística por conveniência, de modo que, segundo Rea e Parker (2002), os entrevistados fossem selecionados com base na sua presumida semelhança com a população útil e na sua disponibilidade imediata. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas pessoais e o instrumento utilizado foi o questionário semi-estruturado, no qual as questões foram abertas e padronizadas e as respostas ficaram a critério dos entrevistados. Na primeira etapa da pesquisa cujos resultados foram utilizados para desenvolver este artigo, foram realizadas 28 entrevistas, com indivíduos com idades entre 20 e 45 anos, das classes sociais A, B e C, todos residente em uma cidade do Sul de Minas de Gerais. Dos entrevistados, 16 eram do sexo feminino e 12 do sexo masculino, A coleta de dados foi feita no período de dezembro de 2008 a janeiro de 2009. As entrevistas foram individuais, gravadas e, posteriormente, transcritas para a realização das análises. Os dados foram tratados por meio de uma análise de conteúdo, levada a efeito com uso da técnica de categorização e, mais especificamente, da análise temática, seguindo as orientações de Bardin (2008), o que possibilitou desenvolver categorias analíticas para a interpretação dos resultados. 3.1 Descrição do caso A vídeo-locadora analisada, cujo nome fictício adotado neste estudo foi Sétima Arte, é uma empresa de pequeno porte localizada em uma cidade do Sul de Minas Gerais, com aproximadamente 28.000 habitantes. A empresa foi criada em 2006, sendo gerenciada desde então por seu proprietário. A Sétima Arte é uma empresa que atua no setor de entretenimento, trabalhando com locação de filmes. Esta empresa foi escolhida como objeto de estudo devido à sua filosofia empresarial, de trabalhar somente com filmes originais, evitando assim a pirataria, ainda comum neste segmento, e por adotar a embalagem retornável, que ajuda a diminuir a utilização de sacolas plásticas, prejudiciais ao meio ambiente. Assim, a empresa adotou tais medidas, segundo ela, como um compromisso sócio-ambiental. A decisão de trabalhar somente com DVDs originais foi adotada como um diferencial competitivo frente aos seus concorrentes, uma vez que as outras vídeo-locadoras existentes na cidade trabalhavam com DVDs pirateados, e como uma iniciativa que poderia levar os clientes a refletirem sobre seu papel como cidadãos. A utilização de sacolas retornáveis foi vista como uma alternativa para evitar a produção de resíduos, a partir do descarte das sacolas de plástico utilizadas pelos clientes para transportarem os DVDs. A empresa busca defender a idéia de que as pequenas cidades e empresas também devem assumir responsabilidades sócio-ambientais. A postura adotada quanto aos filmes pirateados e as sacolas de plástico são tomadas como pequenas contribuições da empresa. Representa, contudo, uma iniciativa que pode levar os clientes à reflexão sobre a consciência sócio-ambiental. 4 Resultados e discussões A partir da busca de se compreender a atitude dos clientes perante uma empresa que oferece oportunidade para o consumo consciente, com preocupações sócio-ambientais, os dados foram analisados e os resultados possibilitaram o desenvolvimento de três categorias analíticas: clientes conscientes, clientes indiferentes e clientes desinformados. Dois critérios foram utilizados para a composição das categorias: clientes que preferem DVDs originais a DVDs piratas e clientes que aderiram ao uso de sacolas retornáveis. As categorias desenvolvidas servirão de base para compreender a atitude dos clientes, diante da possibilidade de exercer o consumo consciente. 8 4.1 Clientes conscientes A primeira categoria é composta por um grupo de nove clientes que podem ser classificados como clientes conscientes. Ao serem questionados quanto à diferença em locarem um DVD original ou um pirateado, eles responderam que procuram locar sempre os originais. O motivo principal por esta atitude é a não-contribuição com a pirataria e, consequentemente, com a criminalidade, segundo relato dos entrevistados. A melhor qualidade dos DVDs originais apareceu como o segundo motivo para a sua locação. Alguns entrevistados pertencentes a esta categoria também salientaram que a locação de DVDs pirateados acaba por contribuir com o desemprego de trabalhadores ligados à indústria do entretenimento. Por isso, eles se declararam dispostos a pagarem mais caro pela locação de um DVD original por entender que estão tendo um comportamento ético e socialmente responsável. Quando indagados sobre a atitude da empresa de adotar a postura de não comercializar DVDs pirateados, eles fizeram elogios à mesma e salientaram a necessidade de mais iniciativas nesse sentido, por outras empresas. Eles relataram também que este é o principal motivo para eles serem clientes dessa empresa e não de outra. Este grupo de clientes também afirma que no caso de não estar disponível o DVD que eles desejam assistir naquele dia, eles optam por aguardar outra ocasião, mas não procuram outra locadora que trabalhe com DVDs pirateados. Esta atitude acaba por configurar uma atitude de fidelidade para com a empresa pesquisada e, portanto, a estratégia de trabalhar apenas com DVDs originais acaba por se constituir um diferencial competitivo. Quanto à utilização de sacolas retornáveis, os clientes enquadrados nesta categoria são aqueles que sempre retornam com a sacola oferecida pela empresa. Foram, portanto, considerados adeptos da redução na geração de resíduos. Eles explicam tal comportamento a partir da preocupação com o ambiente e por acreditarem que, ao retornarem com a sacola, estão contribuindo com a diminuição do lixo e, conseqüentemente, os danos que ele pode causar à natureza. Isto demonstra que eles têm consciência dos problemas ambientais e que acreditam ser esse o papel a desempenhar, enquanto cidadãos e clientes responsáveis. Alguns relatos evidenciam a preocupação deste grupo de consumidores com os problemas ambientais, conforme segue: “ acho muito boa iniciativa, porque é uma sacola a menos no meio ambiente. Embora seja uma prática simples, já é um pouquinho que estamos fazendo né...” (entrevistada 4) “ é bom... se ninguém fizer nada, o mundo vai acabar em plástico né... tem que acabar com o plástico mesmo...” (entrevistado 3) Alguns clientes classificados nesta categoria – clientes conscientes – relatam que pequenas atitudes são importantes no sentido em que “cada um fazer a sua parte”. Alguns acreditam que as pessoas precisam enxergar o problema ambiental como mais próximo à sua realidade e consideram a iniciativa da empresa um ponto de partida para a conscientização. A concepção desse grupo de clientes está de acordo com a colocação de Sheth et al. (2001), que afirma que as atitudes precedem e produzem o comportamento, ou seja, nessa situação, eles acreditam que essa ação é favorável ao meio ambiente, o que os incentiva a ter esse comportamento. Nesse sentido, percebeu-se que a iniciativa da empresa gerou uma resposta favorável e consistente, ou seja, uma atitude positiva que poderá levá-los ao desenvolvimento de atitudes que influenciem suas decisões de compra e consumo em outras situações. Como destacou Gonzaga (2005): na medida em que os consumidores dispõem de maior acesso a informações confiáveis, a novas tecnologias e a infra-estruturas que facilitem o consumo com responsabilidade ambiental, atitudes ambientalistas vão sendo incorporadas ao seu estilo de 9 vida. Mesmo que tais comportamentos não representem, em um primeiro momento, um rompimento com padrões de consumo predominantes na sociedade atual, podem indicar sinais de uma mudança significativa na forma como as pessoas enxergam os problemas ambientais e como elas se sentem responsáveis pelos danos ao ambiente e pela efetiva redução desses impactos. 4.2 Clientes indiferentes A segunda categoria é composta por um grupo de catorze clientes que podem ser classificados como clientes indiferentes. Este grupo representa os clientes que possuem uma visão bastante antagônica em relação ao grupo anterior. Ao serem questionados quanto à diferença em locarem um DVD original e um pirateado, eles não souberam identificar. Para eles, o único problema é quando o DVD pirateado não pode ser reproduzido no seu aparelho conforme relato abaixo. “eu prefiro o DVD original porque meu aparelho não roda DVD pirata, por isso acho a atitude desta locadora muito boa...” (entrevistado 28) “ah... sem dúvida, os originais têm maior qualidade, roda bem no meu aparelho e não corro o risco de parar o filme na metade, entende?” (entrevistado 27) “olha, eu pagaria mais sim por um filme original porque não tenho como assistir no meu aparelho um DVD pirata, no meu aparelho não roda...” (entrevistado 23) Os entrevistados pertencentes a este grupo afirmam que são clientes da Sétima Arte porque ela dispõe de uma maior variedade de DVDs, os lançamentos chegam primeiro, entre outros motivos semelhantes. Observa-se, portanto, que eles não estão preocupados com a pirataria, com a criminalidade, ou com o desemprego, como demonstrou os consumidores pertencentes à categoria anterior. O diferencial que eles enxergam na empresa pesquisada está relacionado às características do serviço prestado em si e não a outros diferenciais relacionados à responsabilidade sócio-ambiental. Este grupo de clientes reconhece que a qualidade dos DVDs originais é melhor, afirmam que preferem os originais, mas não estão dispostos a pagarem mais por eles. Assim, eles admitem que também freqüentam outras locadoras quando os DVDs que eles desejam assistir estão disponíveis apenas nelas. Assim, não há fidelidade à empresa, uma vez que eles podem vir a locar DVDs em outras locadoras, motivados por fatores como preços e disponibilidade do DVD de interesse. Quando indagados sobre a atitude da empresa, de adotar uma postura contra a pirataria, eles afirmam ser uma boa atitude, porém, demonstram certa indiferença quanto à posição da empresa. Isso reflete que, apesar de conhecerem a importância da nãocomercialização de produtos pirateados, eles não se sentem responsáveis por essa atividade ilegal, mesmo incentivado-a diretamente, com o aluguel de DVDs que não sejam originais. Quanto à utilização de sacolas retornáveis, os clientes enquadrados nesta categoria são aqueles que quase sempre esquecem de devolver a sacola retornável e, se a empresa solicita, eles reclamam. Estes clientes, portanto, embora não se mostrem contrários às práticas da empresa, não se comprometem com elas. Eles não retornam com a sacola e não vêem problema algum nisso, por não conseguirem associar suas ações à conservação ambiental e por não se sentirem responsáveis pelos danos ambientais causados pelos recursos explorados ou pelos resíduos gerados. Essa indiferença se dá pela maior importância que os indivíduos dão à análise puramente econômica das situações (analisando unicamente qual aluguel de DVD é mais barato, por exemplo), indiferente da postura sócio-ambiental da organização. Quando indagado sobre o seu papel, enquanto consumidor e cidadão, um entrevistado declara que “não adianta um só fazer a sua parte” (Entrevistado 9). Evidencia-se, portanto, 10 uma atitude contrária à dos entrevistados da categoria anterior. Isto demonstra que eles têm consciência dos problemas ambientais, mas não conseguem se identificar como causadores desses problemas ou como agentes necessários na redução do impacto humano sobre o ambiente. Observa-se, portanto, a dificuldade de relacionar suas ações individuais aos problemas sócio-ambientais enfrentados atualmente. Alguns relatos evidenciam a atitude de indiferença de alguns clientes: “não tenho muito tempo para me preocupar em fazer alguma coisa agora, depois eu penso nisso. Sei que deveria, mas, por enquanto, não faço nada... está complicada esta questão de poluição, mas é difícil fazer alguma coisa... “ (entrevistado 9) “... ah... já tem muitas pessoas trabalhando nisso né... está na moda [risos]. Será que não é um pouco de drama não...?” (entrevistado 16) Este grupo de clientes também pode ser classificado como consumidores “carona”. Segundo Portilho (2005), na clássica estratégia do carona, cada indivíduo tende a considerar que se várias pessoas já participam, não há razão para que outra venha a participar também, uma vez que sua contribuição marginal será irrelevante. Assim, cada indivíduo justifica sua inação através do comportamento de outros indivíduos, dissociando a ação coletiva das ações individuais. Alguns entrevistados, como no relato anterior chegam a questionar a existência do problema. Eles tendem a ser mais preocupados com as questões ambientais quando estas os afetam pessoalmente, resultados que se alinham também com os achados de Cuperschmid e Tavares (2001). Segundo estes autores, os consumidores precisam se conscientizar que também fazem parte do ambiente e, consequentemente, também vão sofrer os reflexos de suas ações sobre o mesmo. Julga-se importante destacar que cada consumidor entrevistado produziu diversas associações (diretas e indiretas) que deram origem a diferentes percepções a respeito da iniciativa da empresa quanto à utilização de embalagens retornáveis. Respostas diversas evidenciam que os consumidores associaram a iniciativa da empresa muito mais aos aspectos econômicos do que às questões ambientais. Quando questionados sob a iniciativa da empresa em adotar a utilização de sacolas retornáveis, foi interessante a divergência das respostas, conforme relatos a seguir: “a empresa economiza mais, né... porque não precisa comprar tantas sacolas...” (entrevistado 18) “ah... é bom para lembrar os clientes de devolver o filme... porque, às vezes, quando a gente vê a sacola, a gente lembra né...” (entrevistado 07) “acho que é uma propaganda para empresa, não é mesmo...? O nome da empresa é divulgado nas sacolas, né?” (entrevistada 23) “ah... acho que é um diferencial da empresa... ninguém aqui nunca pensou nisso, né? É uma inovação, porque assim eles utilizam sempre as mesmas sacolas... (entrevistada 07) “ah... para mim não faz diferença, não. Até nem gosto disso porque tenho que me preocupar em achar esta sacola na hora de sair e acabo que pego qualquer que estiver na frente... acho isso uma besteira... tem que acabar... não sou eu que vai acabar com o plástico” (entrevistada 15) Os clientes pertencentes a este grupo não interpretam a iniciativa da empresa como uma iniciativa de responsabilidade ambiental, mas, sim, fruto de uma decisão envolvendo aspectos unicamente econômicos e mercadológicos. Não se pretende negar que a decisão de utilizar sacolas retornáveis pode ter sido influenciada também por essas razões, porém, ainda assim, deve-se reconhecer o impacto dessa decisão na quantidade de resíduos gerados pela atividade da empresa, o que não é percebido no discurso desses clientes. 11 Eles também demonstram não se sentirem responsáveis pelo descarte do plástico no ambiente, como se os problemas ambientais causados pelo acúmulo de resíduos fossem distante da realidade vivenciada por eles. Essa característica reforça a indiferença com relação às questões sócio-ambientais como característica marcante neste grupo. Nas duas categorias anteriores ficaram evidentes dois grupos antagônicos de consumidores: o primeiro, que tem consciência dos problemas ambientais, que valoriza iniciativas sócio-ambientalmente responsáveis por parte das empresas e que julga ter um papel a cumprir enquanto cliente e cidadão; e aquele que, mesmo tendo consciência dos problemas sócio-ambientais, não valorizam ou não identificam as iniciativas da empresa como ações desse tipo e julgam que não têm relação com esses problemas ou algum papel a desempenhar, enquanto cliente e cidadão. Contudo, os resultados da pesquisa evidenciaram um outro grupo de clientes que não pode ser enquadrado nessas categorias, por não apresentar características semelhantes às desses dois grupos. Por isso, esta terceira categoria foi definida como “consumidores desinformados”. 4.3 Consumidores desinformados Esta última categoria é composta por um grupo de cinco clientes. Ele foi classificado como clientes desinformados por não conhecerem as iniciativas da empresa, mesmo que dispusessem de informações sobre questões sócio-ambientais. Essa categoria foi formada a partir da constatação de que, no decorrer das entrevistas, alguns consumidores não conheciam as iniciativas da empresa, ou seja, não sabiam que a empresa trabalha somente com DVDs originais e também alegaram que nunca utilizaram a sacola retornável. A existência desse grupo evidenciou que a empresa não ofereceu informações suficientes para que os clientes se envolvessem na causa sócio-ambiental defendida pela empresa. Observou-se que, na empresa, não existem cartazes, avisos ou solicitações de colaboração que pudessem informar sobre a importância do retorno da sacola. Segundo o proprietário da empresa, de cada quatro sacolas que saem da empresa, apenas uma retorna à empresa e, em algumas vezes, de maneira inadequada para a reutilização. Como não há envolvimento dos funcionários com a causa, eles não cobram dos clientes e, muitas vezes, esquecem de utilizar a sacola retornável, acabando por fornecer a sacola plástica comum. Alguns relatos demonstram a falta de informação aos clientes: “esta empresa contribui com as causas ambientais? como? só agora [no momento da entrevista] que estou sabendo, ninguém aqui me falou nada” (entrevistado 8) “... mas eles [empresa] precisam divulgar mais esta questão...” (entrevistado 12) “acredito que falta divulgar mais, precisa ser uma prática coletiva... estou sabendo agora [no momento da entrevista] a finalidade de retornar com estas sacolas... ninguém havia me dito nada...” (entrevistada 14) Este grupo ilustra como uma estratégia da empresa, que pode ser considerada adequada em seus propósitos, pode ser prejudicada pela falta de divulgação aos seus clientes. Observou-se que o proprietário da Sétima Arte, embora tenha planejado, desde a fundação da empresa, em 2006, adotar uma filosofia empresarial de trabalhar somente com DVDs originais, evitando a pirataria, e adotar a embalagem retornável, que ajuda a diminuir a utilização do plástico, acabou por não adotar uma estratégia que contribuísse com a divulgação de suas propostas e a conscientização dos consumidores que frequentam sua empresa. Assim como muitos clientes não compreenderam a iniciativa da empresa, principalmente no que diz respeito à utilização de sacolas retornáveis, os próprios funcionários da empresa não foram preparados para prestar esclarecimentos suficientes aos 12 seus clientes. A filosofia empresarial pareceu ser apenas do proprietário, não sendo compartilhadas pelos seus colaboradores e clientes. Assim, os funcionários acabavam por não colaborar com a proposta da empresa, o que se refletia na dificuldade dos clientes em se habituar às práticas da empresa. Vale, contudo, ressaltar que a responsabilidade dos indivíduos em relação ao ambiente, enquanto consumidores, depende dos conhecimentos por eles compartilhados quanto às questões sócio-ambientais. Assim, para que haja maior conscientização, é necessário que o consumidor tenha acesso à informação, para que possa optar por produtos de empresas comprometidas com causas sócio-ambientais. Porém, mesmo que o indivíduo manifeste tais preocupações, como não conhecem a iniciativa da empresa, não devem ser classificado como consciente ou indiferente. Assim, ressalta-se a importância em se definir estratégias de comunicação, para que se minimize a lacuna entre os objetivos desejados a partir da adoção das práticas que favorecem o consumo consciente e os resultados obtidos. 5 Considerações finais Este estudo teve por objetivo compreender a atitude dos clientes perante uma empresa que adota uma postura sócio-ambiental responsável oferecendo oportunidades para o consumo consciente. Observou-se que houve divergência na atitude dos consumidores entrevistados. Se, por um lado, há aqueles realmente preocupados com questões sócioambientais, por outro, há um grupo mais numeroso que não vê tais questões como parte de sua vida cotidiana. Acredita-se que este quadro pode, no entanto, ser revertido, se houver, por parte das empresas, melhores estratégias no sentido de envolver mais os atores envolvidos, principalmente funcionários e consumidores. Conforme pôde ser observado, a falta de informação e, consequentemente, de envolvimento de clientes e funcionários, podem ser prejudiciais aos objetivos da empresa. Constatou-se que, embora ações com propósitos sócio-ambientais possam ser vistas como um diferencial competitivo para as empresas, pode também fazer com que os consumidores desenvolvam resistências, principalmente quando não são acompanhadas de informações adequadas, que visem modificar atitudes pré-existentes. Contudo, constatou-se que, embora o conhecimento dos problemas sócio-ambientais, por parte dos consumidores, possa ser visto com um indicador da possibilidade de consumo consciente, não significa, necessariamente, que eles valorizem as ações das empresas ou que optem pelo consumo consciente. Evidencia-se, portanto, a necessidade de mais estudos que auxiliem na compreensão dos fatores que determinam o comportamento de consumo consciente. Cabe lembrar, segundo Barros e Costa (2008), da diferença entre o que é responsabilidade da empresa e o que é responsabilidade do consumidor. Em muitos momentos, observa-se uma tendência em se atribuir maiores responsabilidades aos consumidores e, por isso, sugere-se que cabe a eles mudarem sua postura e adotar um comportamento sócio-ambientalmente responsável. Contudo, essa visão pode ser problemática. Não se pode desonerar o setor produtivo da sua responsabilidade, uma vez que é ele quem utiliza, de forma mais abundante e direta, os recursos ambientais. Se estes agridem o ambiente, cabe também às empresas a responsabilidade por essas ações, e não apenas àqueles que estão no final da cadeia produtiva – os consumidores. Contudo, isso não elimina a responsabilidade do consumidor, que precisa buscar maximizar os impactos positivos e minimizar os negativos de seu consumo, ainda que se perceba grande dificuldade na articulação de ações coletivas que estimulem os indivíduos a consumirem com responsabilidade e os consumidores, quando cientes de seu papel, reclamem da falta de oportunidade para praticar o consumo consciente. Mas, hoje, pode-se dizer que já se avançou muito, uma vez que não se pode considerar que parte relevante dos consumidores desconhece os muitos problemas sócio-ambientais. E a necessária urgência na busca de 13 soluções para tais problemas pode representar um impulso a mais na hora de tomar decisões de consumo. Acredita-se que o consumo consciente é um tema complexo, que pode ser melhor estudado e compreendido por meio da pesquisa interdisciplinar, conforme propôs GonçalvesDias (2008). Para esta autora, o marketing tem buscado auxílio em disciplinas como sociologia, antropologia e psicologia, o que pode contribuir para o avanço dos estudos de comportamento de consumo e sua relação com o ambiente. Assim, muito ainda se pode avançar dentro dessa linha de pesquisa. Quanto às limitações do estudo, destaca-se o número reduzido de entrevistados, o fato de se ter analisado, por enquanto, apenas uma empresa e se ter escolhido um contexto muito específico: empresa de pequeno porte em uma cidade do interior. Contudo, deve-se considerar a necessidade da realização de pesquisas em contextos diferentes dos usuais – com grandes empresas atuando em grandes centros urbanos – especialmente quando se trata de um tema relativamente novo, como é o caso do consumo consciente. Contudo, concorda-se com o proprietário da empresa pesquisada quando ele diz que as pequenas cidades e pequenas empresas também devem adotar práticas sócio-ambientalmente responsáveis. Sugere-se para pesquisas futuras, estudar o tema “consumo consciente” considerando, além de um número maior de empresas, variáveis demográficas como renda e escolaridade, por exemplo. Embora não tenha sido objetivo deste estudo investigar as diferenças de comportamento de clientes com base nestas variáveis, ficou evidente, em diversos momentos da pesquisa, que estas são extremamente relevantes para analisar o comportamento dos clientes, podendo acrescentar importantes contribuições na compreensão desse tema. 6 Referências Bibliográficas AKATU. 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