CAPÍTULO V Para que possamos prosseguir com mais segurança

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CAPÍTULO V
Para que possamos prosseguir com mais segurança no nosso tema, será de grande
conveniência analisarmos mais detalhadamente alguns outros testemunhos cristãos dos três
primeiros séculos sobre o caráter sacrificial da missa.
1. Inácio de Antioquia (Século I).
Temos em primeiro lugar as cartas de Santo Inácio de Antioquia. Foi o segundo sucessor de
São Pedro Apóstolo como bispo de Antioquia, de onde Pedro havia sido bispo antes de seguir
para Roma. Entre suas cartas temos uma dirigida e Policarpo, bispo de Esmirna, o qual havia
sido discípulo de São João Evangelista. A correspondência atesta o grau de amizade que houve
entre o discípulo de São Pedro e o de São João. No início da carta de Inácio a Policarpo,
encontramos esta afirmação de Inácio:
"Eu me rejubilo por ter sido julgado digno de contemplar o teu rosto puro, gozo este que
gostaria de perpetuar em Deus. Acelera o teu passo, e exorta os outros para que se salvem:
fala a cada qual no estilo de Deus, não te agrades apenas dos bons discípulos, mas procura
antes com doçura os contaminados. Procura a todos, um por um".
PG. 5
Após o martírio de Inácio, Policarpo escreveu outra carta aos Filipenses, elogiando a doutrina
contida nas cartas de Inácio:
"Remeto-lhes, conforme pedistes, as cartas de Inácio, tanto as que nos mandou como outras
que tínhamos conosco. Vão presas a esta carta. Podeis tirar das mesmas grande proveito, pois
estão cheias de fé, de paciência, e dessa perfeita edificação que leva a Nosso Senhor".
PG 5, 1016
Tratam-se, pois, de documentos de figuras importantes do cristianismo primitivo, que haviam
conhecido pessoalmente aos apóstolos, e que gozavam de merecida fama de santidade, tendo
ambos dado a vida como mártires pela sua fé.
No fim do século I Santo Inácio foi aprisionado na Síria e levado a Roma para ser jogado aos
leões no Coliseu. Foi nesta viagem que escreveu as sete cartas que temos dele, endereçadas a
seis Igrejas da época e uma última a São Policarpo.
Na carta à Igreja de Filadélfia escreve Inácio o seguinte:
"Esforçai-vos por usar de uma só Eucaristia, pois uma só é a carne de Nosso Senhor Jesus
Cristo e um só é o cálice para a união com seu sangue, um só o altar, assim como um só o
bispo junto com o presbitério e com os diáconos meus conservos".
PG 5, 700
A importância desta passagem está em que, juntamente com a Eucaristia, Santo Inácio
menciona "um só altar", reconhecendo com isto o caráter sacrificial da Eucaristia, porque um
altar é o local em que se oferecem sacrifícios, e não uma simples mesa.
Na carta aos Esmirnenses, Inácio afirma que o pão eucarístico não é apenas símbolo do corpo
de Cristo, mas o próprio corpo de Cristo:
"Os docetas",
diz Santo Inácio,
"se abstém da Eucaristia e da oração porque não reconhecem que a Eucaristia é a carne de
Nosso Salvador Jesus Cristo, a que padeceu por nossos pecados, e que o Pai, em sua bondade,
ressuscitou".
PG 5, 713
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