cacique guarani Mário Karai declarou que, se não

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03234 Terça-feira 7
DIÁRIO DO SENADO FEDERAL
cacique guarani Mário Karai declarou que, se não há
espaço para semear, não há espaço para produzir alimentos, saúde, educação, habitação para um povo”.
Nós, brasileiros, negros, brancos, índios, habitantes deste País, não somos estrangeiros; somos filhos deste chão e temos que buscar no passado essa
trajetória de luta, de amor pela terra, de respeito às
pessoas, de pátria, de reviver a pacha mama, a terra
mãe. Queremos um Brasil para os brasileiros, a fim de
encontrarmos soluções para os grandes problemas
– e são muitos.
Sr. Presidente, diz a lenda que Sepé Tiaraju chorou rios de lágrimas. O grande líder sentou-se com as
mãos na testa e começou a chorar. Durante o dia e
a noite inteira esteve chorando. Chorou tanto e tanto
que a terra foi se ensopando com as suas lágrimas.
E foi se encharcando, cada vez mais e mais, até que
suas lágrimas viraram água e começaram a correr. Em
princípio um filete, depois uma sanga e, quando o sol
despontou, já se transformara num rio de águas cristalinas e puras. E os índios beberam e se deliciaram.
Ganharam força com a água, com a terra, com as florestas. E logo todos notaram que tudo estava mudado.
O campo virou floresta verdejante. Os pássaros vieram
cantar. E Sepé levantou-se altivo e exclamou: “Chere-
Fevereiro de 2006
ça i apacui... Chereça i apacui...” Rio das lágrimas que
verti... Rio das lágrimas que verti.
Sr. Presidente, termino dizendo um viva à nação
indígena, um viva ao Brasil, um viva a este encontro:
Assembléia Continental dos Povos Indígenas.
São Gabriel está de parabéns. O Rio Grande do
Sul está de parabéns. O mundo, Sr. Presidente, está
olhando para São Gabriel.
Quando falamos em genocídio, quem não se
lembra daquele cometido não somente no Brasil, mas
em inúmeras partes do mundo contra os índios? Por
isso, é o momento de reflexão, de valorização de todos aqueles que são discriminados, índios, negros e
mesmo brancos que são jogados na sarjeta e marginalizados. Esse é um grande debate da justiça, da
igualdade, da liberdade.
Viva, Sr. Presidente, a nação indígena.
Tenho certeza de que o encontro de São Gabriel
será um grande encontro. De lá sairão decisões que
vão iluminar a caminhada daqueles que querem, efetivamente, construir um mundo em que todos tenham
direito iguais.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB – PI)
– Sobre a mesa, requerimento que passo a ler.
É lido o seguinte:
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