Claudiney José de Souza 14 de fevereiro de 2012. Silvio Seno Chibeni (orientador) Título: Hume e o Naturalismo Epistemológico: Aspectos Cético e Positivos de sua Teoria da Crença Resumo: A adoção do modelo da ciência da natureza física, para a elaboração de sua ciência da natureza humana, exige de Hume uma quase completa redefinição de velhos conceitos epistemológicos e uma revisão de teorias e concepções tradicionalmente aceitas em filosofia. Neste trabalho, procuraremos avaliar este empreendimento a partir do estudo de sua teoria das crenças, destacando duas grandes concepções sobre a atitude do autor, a cética (Reid, Green, Russell) e a naturalista (Kemp Smith, Goodman), quase sempre vistas como radicalmente diferentes e incompatíveis. Veremos que, no século XX, o debate sobre a epistemologia humeana continua estimulador: John Wright, Galen Strawson e Edward Craig são exemplos de uma tendência a conciliar as duas interpretações para uma melhor compreensão de sua epistemologia. Tendo examinado algumas das principais contribuições desse debate, nos posicionamos em defesa da idéia de que o projeto de Hume pode ser visto como uma forma de naturalismo epistemológico. Seu naturalismo não restringe a filosofia a mera extensão do fazer científico, mas preserva o caráter normativo desse empreendimento (Louis Loeb, Michael Costa, entre outros). A base para a defesa dessa concepção estaria em sua reavaliação do estatuto epistemológico do conceito de crença. O tema central de nosso trabalho será a maneira como Hume procura conciliar naturalismo e normatividade em sua teoria da crença, antecipando propostas como o confiabilismo de Alvin Goldman.