Zumbido e bruxismo costumam estar associados Em recente artigo do renomado periódico cientifico Arquivos Internacionais de Otorrinolaringologia são abordados os sinais e sintomas associados à otalgia (dor nos ouvidos) nos pacientes portadores de disfunção craniofacial, também conhecida como disfunção craniomandibular ou temporomandibular. Segundo Gerson I. Köhler, membro especialista da ABOR – Associação Brasileira de Ortodontia e Ortopedia Facial, filiada internacionalmente à World Federation of Orthodontists – WFO – USA – estas questões – otalgia e disfunção craniofacial – são pertinentes a um só tempo tanto a Medicina quanto à Odontologia e vem sendo estudadas há quase um século. O médico otorrinolaringogista James Costen identificou a síndrome que reunia sinais e sintomas tanto provenientes dos ouvidos quando das ATMs (articulações temporomandibulares – que ligam a mandíbula ao crânio, bem ao lado dos ouvidos) e seus anexos neuromusculares. Juarez Köhler, membro associado da Köhler Ortofacial/Ortodontia e Ortopedia Facial, informa que esta síndrome ficou conhecida com o nome do próprio médico (Síndrome de Costen) e faz parte – com as atualizações científicas que se somaram mais recentemente às explicações do quadro clínico - tanto da atividade de médicos otorrinolaringologistas quanto de odontologistas que tratam a disfuncionalidade craniofacial em seus sinais e sintomas desconfortantes e em suas associações com doenças de outras especialidades médicas. Para Gerson I. Köhler os sintomas mais frequentemente associados – a um só tempo – com a otalgia e a disfunção craniofacial são: percepção de sons articulares (ruídos percebidos nas ATMs em movimentos da boca), plenitude auricular (sensação de ouvidos tapados, semelhante a quando se desce a serra rumo ao litoral), tonturas e/ou vertigens e o sempre preocupante zumbido. Segundo o entender dos especialistas, a disfuncionalidade craniofacial (DCF) (também conhecida como disfunção temporomandibular (DTM) não costuma ser uma entidade nosológica única, constituindo-se por ser um conjunto de doenças que podem afetar não apenas as articulações temporomandibulares (as conhecidas ATMs), mas também as áreas externas – adjacentes ou não – às mesmas. E como existe a proximidade anatômica das ATMs e ouvidos – estão situadas anatomicamente praticamente juntas, uma ao lado da outra – muitos pacientes queixam-se de sintomas auditivos associados à dor e disfunção das ATMs e seus anexos neuromusculares (a musculatura que movimenta a mandíbula, que dá ação às funções da boca) sob várias formas: ruídos (geralmente estalos), crepitação (quanto ocorre atrito entre as partes das articulações, algo semelhante ao som de ‘pisar na areia molhada’ ou ‘amassar papel celofane’) e – entre outras - dificuldades em movimentos da boca (tanto para abrir quanto para fechar). Estes sinais e sintomas, que podem apresentar-se junto com outros que ‘parecem’ ser dos ouvidos, podem ainda irradiar-se para várias áreas da cabeça e do pescoço, tais como a região das têmporas, a região occipital (na parte de trás do crânio, próxima à nuca), frontal (testa), cervical (pescoço) e pré-auricular (região imediatamente antes do canal auditivo). Para Juarez Köhler, as queixas percebidas nos ouvidos – nesta síndrome – podem ser expressas pelo paciente como otalgia (dor de ouvido), plenitude nos ouvidos (sensação de tamponamento), tonturas ou vertigens, sensação de perda ou diminuição de audição e o tão temível zumbido. A partir dos estudos do médico James Costen, informa Gerson I. Köhler, muitas outras hipóteses tem surgido – associando estudos médicos e odontológicos - para trazer novas explicações sobre a correlação entre o que vem dos ouvidos propriamente e o que vem das ATMs mas que parecem repercutir nos ouvidos. Segundo os autores do artigo científico citado no início deste texto, tem surgido inúmeras hipóteses mais modernas para explicar a correlação entre os sintomas auditivos e as alterações craniomandibulares. O que se pode dizer, informam ainda os especialistas da Köhler Ortofacial, é que o predomínio de zumbidos em pacientes portadores de disfunção craniofacial (craniomandibular) é relevante e fica percentualmente acima de 80%, o que é muito significativo. Explica o especialista Juarez Köhler – pelas pesquisas atualizadas sobre o assunto – que o predomínio de zumbidos em pacientes portadores de disfunção craniofacial costuma – ainda estar associado a questões morfológicas e disfuncionais da oclusão e desoclusão dos dentes e à própria ação excessiva da musculatura que movimenta boca. Sabe-se que quando a oclusão dentária (o encaixa entre os dentes superiores e inferiores) está inadequada (alterada), isto faz com que os côndilos mandibulares articulem foram de suas posições normais, podendo comprimir – ou estirar – principalmente a parte posterior do menisco (disco articular) destas articulações e as sensações de zumbido, tamponamento dos ouvidos e sons articulares podem ser originadas. Não é ainda uma premissa definitivada, mas já se pode afirmar – com base nos estudos científicos otoneurológicos e artrológicos craniomandibulares – que as disfunções craniofaciais costumam apresentar-se – frequentemente – associadas a sintomas otológicos (dos ouvidos, das orelhas internas), necessitando, para sua minimização e/ou eliminação, de acompanhamento e tratamento muitas vezes interdisciplinar (multiprofissional médico-odontológico). Informam os especialistas Gerson e Juarez Köhler que, se você se enquadra como sofredor dos sinais e sintomas aqui descritos –zumbido, tamponamento nos ouvidos, tonturas e ruídos articulares nas ATMs – você está precisando, com a urgência necessária, de uma avaliação otoneurológica que, a critério destes médicos, pode precisar da complementação avaliatória de um especialista da área de disfuncionalidade craniofacial/temporomandibular. Então, se você – assim como um percentual significativo da população adulta – tem seu bem-estar alterado por causa destes sintomas , não espere mais, programe uma consulta com um especialista de sua confiança. Sua futura qualidade de vida e seu bem-estar cotidiano vão agradecer, e muito, por esta sua providência. Fontes: - Sinais e Sintomas Associados à Otalgia na Disfunção Temporomandibular, Arquivos Internacionais de Otorrinolaringologia, 2007, out/dez. Palavras-chave: abrangência terapêutica ortodôntica - tensão muscular facial – somatossensorialidade