CAP 006A Alta hospitalar visão de um grupo

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Alta hospitalar
ALTA HOSPITALAR: VISÃO DE UM
GRUPO DE ENFERMEIRAS
HOSPITAL DISCHARGE: THE VIEW OF A NURSING GROUP
Adriana Pellegrini dos Santos Pereira*
Marcela Mario Tessarini**
Maria Helena Pinto***
Viviane Decicera Colombo de Oliveira****
RESUMO: O abreviado tempo de internação tem aumentado a preocupação com a alta hospitalar do
paciente. O objetivo deste estudo foi compreender o processo de alta na perspectiva de um grupo de
enfermeiras. Trata-se de um estudo com abordagem qualitativa. Os dados foram obtidos por meio de
entrevistas semi-estruturadas, com 23 enfermeiras de unidades de internação de um hospital de ensino,
do oeste do Estado de São Paulo, realizadas em 2004. Os dados foram analisados segundo o conteúdo
dos relatos. No contexto em estudo, foi possível apreender que o médico é o responsável pela orientação
do paciente para a alta, e as atividades das enfermeiras se restringem a confirmar as orientações já
fornecidas pelo médico e registrar a saída do paciente. Tais constatações alertam para a necessidade de
uma revisão do ensino, processo de trabalho e gerenciamento da assistência de enfermagem sobre o
planejamento da alta do paciente como uma das etapas da sistematização da assistência de enfermagem.
Palavras-chave: Alta hospitalar; enfermagem; planejamento da alta; cuidado de enfermagem.
ABSTRACT
ABSTRACT:: Reduced hospitalization time have increased concerns about patients' discharge from
hospital. This qualitative study aimed to understand the discharge process from the perspective of a
group of nurses. Data were obtained through semistructured interviews with 23 nurses who worked at
hospitalization units in a teaching hospital in the west of São Paulo, Brazil, in 2004. Data were analyzed
according to the contents of the reports. In the study context, we could apprehend that the physician is
responsible for discharging the patient, and that nurses' activities are restricted to confirming the physician's
orientations and registering the patient's exit. These observations highlight the need to review teaching,
the work process and nursing care management with respect to the planning of patients' discharge, as
one of the steps in nursing care systematization.
Keywords: Hospital discharge; nursing; patient discharge; nursing care.
INTRODUÇÃO
O alto custo das hospitalizações tem abre-
viado o tempo de internação e o planejamento da
alta do paciente tem sido uma das principais preocupações para assegurar a continuidade do tratamento e evitar a reinternação.
Estudos têm apontado que a reinternação
acontece pelo despreparo do cliente ou família
sobre os cuidados a serem desenvolvidos no domicílio, como a dificuldade na administração de
medicamentos, mudanças no estilo de vida,
autocuidado com estomias e enfrentamento com
alterações da auto-imagem. A alta precoce exige
planejamento apropriado para o indivíduo e sua
condição socioeconômica1-3.
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Existem muitas divergências entre a literatura e a prática da assistência de enfermagem
para a alta hospitalar do cliente. Os enfermeiros
enfrentam dificuldades; nem sempre ficam sabendo sobre a alta; algumas vezes tomam conhecimento da mesma no momento em que o cliente
está saindo ou depois que já deixou o hospital.
As suas atividades são limitadas a confirmar as
instruções fornecidas pelo médico e a realizar uma
anotação no prontuário, constituída de horário e
condições físicas em que o cliente está deixando
o hospital.
Assim, este estudo teve o objetivo de compreender o processo de alta hospitalar na pers-
Pereira APS, Tessarini MM, Pinto MH, Oliveira VDC
pectiva de um grupo de enfermeiras de um hospital escola, com a finalidade de obter subsídios para
melhorar a assistência prestada ao cliente.
MARCO CONCEITUAL
O plano da alta é uma forma organizada de
expressar as atividades determinadas pelas condições específicas de cada paciente; deve ser elaborado com a participação de todos os profissionais
que atuam diretamente com o cliente, a partir da
existência de um prognóstico diante do tratamento adotado e uma previsão de alta, que é determinada pelo médico. Estudos têm mostrado que o
ideal é que o planejamento da alta seja iniciado
logo após a admissão do cliente ou mesmo antes da
internação, em nível ambulatorial, com a identificação das suas necessidades reais ou potenciais4.
O planejamento da alta é uma atividade
interdisciplinar que tem o enfermeiro como o responsável para fazer o elo entre os profissionais,
visando o bem-estar e os recursos necessários para
garantir a segurança do cuidado do cliente em
casa. Para desempenhar o papel de coordenador
do processo de alta, é importante que o enfermeiro entenda a importância e a complexidade da
colaboração entre os profissionais, pois, para trabalhar de forma interdisciplinar na área da saúde, é necessária competência, compromisso e cooperação5.
Um roteiro de planejamento de alta do cliente, constituído de atividades de ensino, informações necessárias à manutenção da saúde e serviços disponíveis na comunidade, pode ser utilizado com a finalidade de facilitar a transição do
cliente para o domicílio e em condições para uma
vida mais independente6. Um resumo conciso e
instrutivo sobre as informações fornecidas deve
ser preparado pela equipe de saúde e entregue ao
cliente/membro da família ou ao enfermeiro da
unidade básica de saúde na ocasião da alta hospitalar7. Essas atividades podem evitar dificuldades enfrentadas pelo cliente/família sobre o cuidado no domicílio, diminuir o custo do cuidado
médico e reduzir o número de reinternação2.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo, com abor-
dagem qualitativa, tendo em vista que a compreensão do processo da alta hospitalar envolve relacionamento e experiências das enfermeiras agre-
gadas a suas crenças, sentimentos, rituais, significados, atitudes, motivações, comportamentos e
ações8.
O estudo foi desenvolvido nas unidades de
internação de um hospital de ensino do interior do
oeste paulista. A instituição apresenta um formulário/resumo de alta, que é preenchido pelo médico e anexado ao prontuário do paciente. Nesse
formulário é documentado o diagnóstico médico
na admissão, evolução, medicações e condições do
cliente no momento da alta; não faz qualquer referência sobre as orientações fornecidas ao cliente/família ou a capacidade destes para desempenhar as habilidades para o cuidado da saúde.
Participaram do estudo 23 enfermeiras que
trabalhavam no período diurno nas unidades de
internação clínica e cirúrgica conveniadas ao Sistema Único de Saúde (SUS), no mês de maio de
2004, que manifestaram, após convite, o desejo
de participar da pesquisa. Foram excluídas da
pesquisa duas enfermeiras que estavam em gozo
de férias e licença de saúde.
Vale ressaltar que todas as entrevistadas
eram do sexo feminino, com idade entre 24 e 37
anos; a maioria (70%) fez o curso de graduação
em enfermagem em instituições de ensino da região, local do estudo. O tempo de formação variou de dois a 17 anos, com 40% das enfermeiras
com menos de seis anos de formação profissional.
O tempo de serviço na instituição em estudo variou de 5 meses a 26 anos.
A coleta dos dados foi realizada por meio de
uma entrevista semi-estruturada e observações
realizadas no próprio setor de trabalho e a análise
de prontuários para complementar as informações.
As entrevistas foram gravadas, tiveram a duração
de 20 a 30 minutos e foram norteadas pelas questões: O que significa a alta do paciente para você?
Qual é a sua responsabilidade como enfermeira
na alta de um paciente? Quais as dificuldades
encontradas para o planejamento da alta?
Este estudo foi previamente aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de
Medicina de São José do Rio Preto e o termo de
consentimento livre e informado, incluindo a autorização para a gravação, foi assinado pela participante antes da entrevista, conforme dita a Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde.
Para a análise dos dados, optou-se pela utilização do método de análise de conteúdo de
Bardin9. Dessa forma, os relatos foram transcritos
na integra, organizados em forma de narrativas e
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Alta hospitalar
agrupados em cinco categorias: a importância da
orientação para a alta hospitalar; as atividades
do enfermeiro relacionadas à alta do paciente; o
registro das orientações fornecidas aos pacientes;
as dificuldades no planejamento da alta do paciente; e as sugestões para melhorar o planejamento da alta.
RESULTADOS
E
DISCUSSÃO
P
ara melhor compreensão das categorias
apresentadas sobre o processo da alta no contexto em estudo, é importante destacar que o hospital é de porte especial, de nível quaternário; atende clientes de convênios privados e do SUS. Cada
unidade tem uma supervisora da enfermagem e
duas enfermeiras assistenciais. Existe educação
permanente para a enfermagem que é coordenada por uma enfermeira que proghrama, juntamente
com as supervisoras, os cursos/ treinamentos para o
pessoal da enfermagem, mensalmente. A implantação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é um assunto abordado ainda em fase
inicial.
A importância da orientação para a alta
hospitalar
Observa-se pelos relatos que há valorização
das orientações para a alta, mas existe uma lacuna entre o conceito e a operacionalização do plano de alta; não há troca de informações ou acompanhamento adequado da enfermagem com relação à evolução do paciente; o médico planeja o
tratamento e orienta o paciente sem a participação efetiva do enfermeiro.
[...] A orientação é muito importante porque, se não
ficar bem claro para o paciente, o tratamento vai ser
perdido, e pode acontecer reinternações. (E6)
O preparo do cliente para a alta hospitalar
deve ser iniciado a partir do primeiro contato com
o enfermeiro, com tempo hábil para articular as
preferências do cliente ou de familiares com as
informações e os recursos necessários para o seu
retorno ao domicílio4, assim como os sistemas de
apoio comunitário que devem ser coordenados
para habilitar o cliente e a família a enfrentarem
o estresse e as mudanças do estado de saúde.
Estudos10,11 ainda afirmam que o desenvolvimento de um plano com resultados mutuamente estabelecidos e a comunicação continua entre o cliente e os profissionais são essenciais para um planejamento de alta bem sucedido.
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A implementação do plano de alta é mais
um meio de que o enfermeiro dispõe para aplicar
os seus conhecimentos técnico-científicos na assistência à pessoa, assim como definir o seu papel
na equipe de saúde. As visitas diárias do enfermeiro e a avaliação sistemática das condições do
cliente é um dos caminhos para o acompanhamento efetivo da evolução de sua saúde e o preparo do cliente para a alta hospitalar11.
As orientações realizadas no momento em
que o cliente está saindo de alta, devido à ansiedade de ir para casa, pode fazer com que os mesmos ignorem as responsabilidades e assumam os
cuidados automaticamente, sem questionamentos
ou dúvidas, o que compromete a continuidade
do tratamento.
As atividades do enfermeiro relacionadas à alta do paciente
Conforme os relatos, as atividades da enfermeira com relação à alta hospitalar são realizadas
de maneira distinta e independente, com ênfase
nos cuidados, entendidos por ela, como mais difíceis para o cliente realizar em casa:
A gente vai fazer toda a orientação para o cuidado com
a sonda em casa. (E2)
[...] se é traqueostomizado, a orientação é para a
traqueostomia, basicamente é isso. (E15)
[...] a gente confirma o que o médico já falou. (E21).
Um outro estudo12 sobre a avaliação do cuidado
de enfermagem e os níveis de satisfação de pacientes
e seus cuidadores concluiu que os cuidados físicos foram vistos como os mais importantes depois do cumprimento das prescrições médicas, o que confirma a
valorização do médico pelos clientes.
A orientação para a alta voltada somente para
os cuidados físicos, sem valorizar o ser que está doente
e as implicações que esta doença pode ter na vida da
pessoa e de sua família, pode influenciar diretamente
no autocuidado fora do hospital. Essa preocupação é
o que preconiza o cuidado humanizado que visa
atitudes, habilidades e sensibilidade na comunicação verbal e não verbal, o saber ouvir, saber o
que e quando falar, compartilhar idéias, decisões
e significados13:236.
Em uma pesquisa3 realizada com um grupo de
mulheres mastectomizadas também foi observado que
as instruções para a alta eram limitadas e eram feitas
pelo médico. Com esse resultado, a autora fez um alerta à equipe de enfermagem, enfatizando que o preparo da cliente para o processo de reabilitação deve ser
Pereira APS, Tessarini MM, Pinto MH, Oliveira VDC
iniciado desde a fase do diagnóstico médico e implica
atividade educativa, a qual é caracterizada
conceitualmente como uma ação de informação e de
proteção para o cliente, que visa à compreensão sobre o que foi ensinado. Em outro estudo14, é ressaltado
que a informação, por si só, com avaliação inadequada não garante mudança de comportamento e não
assegura a compreensão do cliente ou família sobre o
autocuidado.
A orientação para a alta é considerada uma atividade da enfermeira quando o médico não está presente.
O médico, algumas vezes, deixa a receita na nossa mão
e a gente vai lá falar da alta.(E1)
[...] aí faz a orientação sobre a medicação e o
retorno.(E19)
O relato deixa evidente que não há interação
entre os profissionais para estabelecer os objetivos a serem alcançados com o tratamento/cuidado do cliente. Assim, o foco de atenção do cuidado não é o cliente, sujeito que deve participar
deste cuidado, com o qual é necessária a interação
dos profissionais de forma sensível, para satisfazer
efetivamente as suas necessidades e planejar a
alta. Para isso, é preciso uma avaliação das necessidades do cliente que não é feita de forma
simplista, direcionada apenas para necessidades
físicas e individuais, mas considerando por todos
os profissionais da saúde os aspectos emocionais,
financeiros e o ambiente familiar13.
As enfermeiras entrevistadas reconhecem
que a orientação para a alta não acontece de forma sistemática. A alta está organizada de forma
rotineira e as atividades da enfermagem giram em
torno da decisão da alta médica, sem a participação ativa do enfermeiro que aguarda a comunicação da alta pelo médico para se possível iniciar
a orientação dos clientes.
Esses resultados vêm ao encontro dos que foram encontrados em um estudo15 sobre o perfil das
reinternações de idosos e a percepção da enfermagem sobre a organização da alta hospitalar.
Observou-se um relato isolado de uma enfermeira que demonstrou não entender o preparo
para a alta hospitalar como uma de suas funções,
o que chama a atenção para a necessidade de
rever os conceitos de sua profissão inclusive seu
comportamento subserviente:
Não há plano de alta, quem faz as orientações nesta
unidade são os médicos, e já que é assim, quem sou eu
para questionar. (E7)
Para os clientes que necessitam aprender o
autocuidado, as orientações são dadas pela enfermeira com antecedência ao dia da alta, após o comunicado verbal do médico sobre a possibilidade de alta:
Quando o médico avisa que o paciente precisa de uma
equipe multidisciplinar a gente começa a preparar 2,3
dias antes da alta, a gente chama a nutricionista, psicóloga/ serviço social,[...] ou se ele é dependente de oxigênio, por exemplo, a gente precisa entrar em contato com
a família para estar providenciando. (E13)
Nota-se que não há discussão entre os profissionais de saúde sobre a resolução de problemas voltados para a satisfação das necessidades
do cliente no domicílio, ou para a compreensão
da realidade vivida por ele, seja no aspecto familiar, social, cultural e/ou biológico16.
Esse é um dos desafios que a enfermagem
enfrenta desde os anos 70, em busca de uma visão mais integralizadora, um sentimento de complexidade, por meio da interdisciplinaridade, o
que requer um novo olhar para a formação desses
profissionais, serviços, usuários e gestores17.
Os registro das orientações fornecidas aos
pacientes
O registro das atividades é considerado de
grande importância para que todos os profissionais da saúde tenham acesso às ocorrências, evitando repetições de informações, o que as tornam
cansativas para o cliente, e facilita a continuidade do cuidado. Os relatos apontam que não há
anotação detalhada sobre os aspectos orientados
ao cliente/família na alta hospitalar:
A gente documenta que foi dada orientação para alta,
de maneira geral. (E4)
[...] não anotamos o que foi falado
especificamente.(E9)
A gente procura fazer uma carta para que ele leve a
uma Unidade Básica de Saúde mais próxima, para a
realização de curativos se for preciso, mas não anota
no prontuário[...]. (E20)
Na análise de prontuários, observou-se que
os registros informam apenas a presença ou não de
acompanhante e a entrega da receita médica.
Um estudo descritivo sobre readmissões de idosos descreveu que os registros no momento da alta hospitalar, constituídos de resumos sobre as condições do
idoso e conduta médica, eram realizados e assinados
pelo médico responsável pela alta, enquanto que os
registros referentes às instruções eram elaborados, na
maioria das vezes, por acadêmicos de enfermagem15.
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Alta hospitalar
A finalidade das informações contidas no prontuário inclui a comunicação entre os membros da
equipe de saúde, a contabilidade financeira, a educação, o histórico da saúde do cliente, a pesquisa e
a auditoria; é um documento legal, e o mais eficaz
testemunho a favor do hospital e do profissional,
portanto, deve conter registros que correspondem à
verdade dos fatos, de forma clara e objetiva.
As sugestões para melhorar o planejamento da alta do paciente.
As sugestões apresentadas pelas enfermeiras
são coerentes com as dificuldades expressas. Para
as enfermeiras, seria mais fácil se os médicos avisassem da alta com antecedência; e se as orientações fossem dadas por escrito.
[...] acho que seria legal a gente ter impressos próprios,
uma coisa rápida para só estar entregando ao paciente
de alta. (E17)
As dificuldades no planejamento da alta
do paciente
A maioria das enfermeiras relatou como dificuldade a falta de tempo e o fato de ficar sabendo da alta na hora em que o cliente está saindo
do hospital:
[...] às vezes a gente não sabe que o paciente está de
alta, você passa no quarto e o paciente não está mais
lá[...]. (E18)
[...] não tem tempo e nem pessoal para ficar anotando.
(E23)
Isso demonstra uma comunicação ineficaz
entre o enfermeiro e o médico, na qual o mais prejudicado é o cliente. Talvez o problema mais evidente seja o fato de a enfermeira não acompanhar
ou participar efetivamente da visita médica ao cliente e não fazer uma evolução adequada. Fatos
que influenciam na qualidade da assistência.
Um outro estudo de observação sistematizada18, em uma unidade de internação, evidenciou
que apenas 1% dos enfermeiros acompanha a visita médica e que a maior parte de suas atividades
era administrativa, o que pode explicar a tendência de o enfermeiro deixar de realizar as atividades
voltadas para o gerenciamento da assistência. Existe
a necessidade de maior entrosamento entre a equipe de enfermagem e médica.
A negligencia dessas atividades, o número
reduzido de informações fornecidas por escrito ao
cliente, o período curto de tempo para a orientação e a não utilização de estratégias que confirmem o entendimento do paciente sobre as orientações fornecidas podem contribuir para a não
adesão ao tratamento no domicílio19.
Em um estudo descritivo20, sobre o preparo
do cliente com prótese total de quadril, foram
encontrados os mesmos resultados. A recomendação dada pelo autor foi treinar uma enfermeira
para assegurar as necessidades de educação do cliente e implementar programas de assistência de
enfermagem continuada para a sistematização do
ensino do cliente enquanto estiver hospitalizado.
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Tais relatos geram certa preocupação, pois os
folhetos explicativos não substituem a função ou o
papel da enfermeira, não excluem a interação cliente-enfermeira no processo de ensino-aprendizagem. O rigoroso processo de ensino se iguala ao
processo de comunicação19. A informação escrita
pode ajudar reforçando a informação verbal dada;
pode servir como lembrança, como referência futura, como estímulo para questões e prevenção da
má compreensão sobre o diagnóstico e tratamento.
A responsabilidade do enfermeiro é ensinar os
clientes e suas famílias a partir da uma avaliação inicial de enfermagem, para determinar cuidadosamente o que os clientes precisam saber e a hora conveniente de ensinar, com avaliação da aprendizagem após
o ensino, evitando surpresas no momento da alta.
CONCLUSÃO
N
o contexto em estudo, foi possível apreender que cada enfermeira se comporta de forma
particular na orientação para a alta e, quando
esta acontece, é realizada de forma técnica e rotineira, sem interação entre os profissionais envolvidos na assistência. Tais constatações alertam
para a necessidade de uma revisão do processo
de trabalho, gerenciamento da assistência de enfermagem e o planejamento da alta, a partir do
ensino da enfermagem.
O planejamento da alta deve ser considerado mais uma etapa importante da sistematização
da assistência de enfermagem que direciona o
plano e a implementação das ações, no decorrer
do período entre a admissão e a alta hospitalar,
com a finalidade de prever a continuidade do
cuidado ao cliente no domicílio.
Este artigo permitiu refletir sobre as responsabilidades e a atuação do enfermeiro no planejamento da alta, que somente se efetivará com mudanças
de atitude profissional, como membro participante
da equipe multidisciplinar.
Pereira APS, Tessarini MM, Pinto MH, Oliveira VDC
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ALTA HOSPITALARIA: VISIÓN DE UN GRUPO DE ENFERMERAS
RESUMEN: El abreviado tiempo de internación ha aumentado la preocupación con el alta hospitalaria
del paciente. La finalidad de este estudio fue comprender el proceso de alta bajo la perspectiva de un
grupo de enfermeras. Se trata de un estudio con enfoque cualitativo. Los datos fueron obtenidos mediante entrevistas semiestructuradas, con 23 enfermeras de unidades de internación de un hospital de
enseñanza del oeste del Estado de São Paulo, Brasil, en 2004, y analizados según el contenido de los
relatos. En el contexto estudiado, fue posible aprehender que el médico es el responsable por la orientación
del paciente para el alta, y que las actividades de las enfermeras se restringen a confirmar las orientaciones
ya fornecidas por el médico y registrar la salida del paciente. Tales constataciones alertan para la necesidad
de una revisión de la enseñanza, del proceso de trabajo y de la gestión de la atención de enfermería sobre
la planificación de alta del paciente como una de las etapas de la sistematización de la atención de
enfermería.
Palabras Clave: Alta hospitalaria; enfermería; alta del paciente; atención de enfermería.
Recebido em: 04.09.2006
Aprovado em: 10.12.2006
Notas
*
Docente. Departamento de Enfermagem Geral -FAMERP. Rua Duarte Pacheco, 1400, cs 100 - São José do Rio Preto - Estado de São Paulo
- Cep: 15085-140. Fone: 17- 32272501. e-mail: [email protected]
**
Acadêmica da 4ª. série do Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto - FAMERP.
***
Docente. Departamento de Enfermagem Geral - FAMERP
****
Docente. Departamento de Enfermagem Geral -FAMERP
R Enferm UERJ, Rio de Janeiro, 2007 jan/mar; 15(1):40-5.
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